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‘TEXTO Consultoria geral Florestan Fernandes Coordennsao editorial ‘Maria Carolina de Araujo ‘Tradugio Elizabeth Preparasiio dos Tosé Roberto Miney ARTE Coordenasio ‘Antnio do Amaral Rocha Arte-final René Etiene Ardany palor a ae iter Pete te ‘2 Reese a ISBN 85 08 01511 9 End. Telegrético “Bom SUMARIO INTRODUGAO Uma nova visdo da antropologia 7 {por Eunice Ribeiro Durham) TEXTOS DE B. MALINOWSKI 1. Introdugao: 0 assunto, 0 método e o objetivo desta investigagio ea Argonautsof tho Western Pacific) 2. A lei e a ordem primitivas 5 (Grime and custom’ In savage society) 3. A economia primitiva dos ithéus trobriandeses 7 (Antigo do 1921 publicado om The Economic Journal &, Aspectos essenciais da instituigéo Kula 35 (Argonauts...) 5-0 significado do. Kula 107 Crgonauts ©. Grengas @ a Tativos sobre a procriago e a 117 ie! 143 8. O papel domitonavida = SOS—~S~S~«SD ‘So. tera tod theory of culture) INDICE ANALITICO E ONOMASTICO 189 me AW 0 “esforgo totalmente incompativel com os interesses pragméticos da cultural nativa, (0 tratados como 2 primitiva ocu tudados a partir do que par no papel © nfo a partir do que realmente sio na vida. Tal defi torna impossivel esclarecer a natureza do mito e impede uma cla satisfatéria dos contos folcléricos. Na verdade, discordar das definigdes de lenda e de conto de subseqlientemente pelos autores em Notes and queries i Mas, acima de tudo, esse ponto de vista 6 de campo eficis i compilagao das nari 9, A TEORIA FUNCIONAL * lagdes contextuais do que no texto, & mi ‘anotar uma histéria do que observar os difusos e complexos pelos quais ela penetra na vida, ou do que estudar sua fungio pela observagio das vastas realidades socioculturais nas quais ela penotra, E por essa razo que temos tantos textos ¢ conhecemos tio pouco sobre a yerdadeira natureza do mito. Embriologia e obstetricia ‘Como um método, 0 funcionalismo é to antigo quanto as primeiras demonstragdes de interesse pelas culturas estranhas ¢, por isso mesmo, consideradas selvagens © bérbaras, nfo importando se tal interesse ten existente de doutrina, método ismo; e, mesmo assim, no meu artigo original sobre o tema, re a nada menos do que vinte e sete predecessores. Dessa mancira, talvez. tenha agido como obstetra € 10 do mais novo rebento na confusdo antropolégica de escolas e 170 Do modo como tem aparecido em todas as abordagens gicas, o funcionalismo preocupa-se com a clara compreens de um empreendimento ‘econémico ou de esses fatos podem ser tratados através da inducao de ma sbalho de campo e€ como um mmparative, seja cle de ‘mente almeje chegar Quando E. B. Tyl investigava 0 que modo, Sumner, em rormas de compor- de idade, sociedades secretas © associ relaglo desses grupos com a estrutura da comunidade — cada uma dessas contribuigdes ¢ todas em seu con- junto so funcionais, investigagéo de campo britzhofer, Sahagun ow Dapper séo também funcionais, na medida em que contém uma apreciagio nfo apenas de fatos isolados, mas de funcionais devem ser incorporados a qualquer an Teo do fendmeno cultural tanto quanto competentes sobre o trabalho de campo. Cont ida que ito de benevoléncia indiscriminada culminando em um . istem, na antropologia, ionais, Um exemplo é © investigador de campo que 86 se preocupa com o exético ou pintu- m1 resco. Um outro caso é 0 do evolucionista que desenvolve uma teoria sobre a origem do casamento e da familia mas nfo se preocupa em A selegéo de um iando a anélise funcional gica. Do mesmo modo, Gribner, empreendendo uma isa e pueril, a fim de estabelecer os fundamentos daquilo que considerava um difusionismo em escal mundial irrefutivel, yr criar uma abordagem antifuncional cuja imbecilidade é “de um objeto, a8 quais no esto relacionadas com seus usos e propésitos. Segue-se daf que, para Gribner, s6 slo metodologicamente relevantes aquelas. caracte- risticas que se mostrarem culturalmente irrelevantes. ‘Além disso, 0 mesmo lui & conceito de complexo de 5 nao-relacionados entre si, De tifica, Cor em um ti secamente relacionados entre si. u Axiomas gerais do funcionalismo ia de campo, bem importantes do jonstra a validade dos seguintes comportamento humano organi axiomas: A) A cultura 6 essencialmente, um aparato instrumental; através. dela © homem € colocado em posicio dé melhor tratar os problemas coneretos especificos que enfrenta em seu ambiente, no decurso da satisfago de suas necessidades. B) £ um sistema de objetos, atividades eens al fem torno de tarefas importantes e vitais, em instituigdes como a © cla, a comunidade local, a tribo e as equipes organizadas de dades pi ‘educacionais © de cooperagio econdmica, ponio de 6 com relagio 20 controle social, economi ©, também, modos de © proceso cultural, observado em qualquer uma de festagées cone rial da cultura pode- ou entfo um objeto pertencente a 8 bens de consumo, as circunsténcias quanto a forma do objeto so determinadas pelo seu uso, Fungo ¢ forma sio relacionadas. Essa relagio leva-nos imediatamente a0 elemento humano, pois 0 artefato deve ser comido, usado, ov, entio, destrufdo; ou, 20 coatrério, le € produzido para ser manipulado como uma ferramenta. A base social é sempre um homem ou um grupo manipulendo seus implementos em uma atividade técnica, econdmica; usando conjuntamente uma casa, consumindo a comida que produziram ou apanharam e prepararam, De fato, nenhum item singular da cultura material pode ser entendido or seferéncia a um ‘nico individuo, pois onde nfo ha cooperacio, l, que consiste na continuidade da tradigao. O individuo tem que desenvolver sua habilidade pessoal e obter 0 conheci- ‘mento correspondente de um membro da comunidade jé familiarizado com habilidades, técnica e informaco; e também tem que receber ou herdar seu equi i que se comportam umas em relagto as ido e que 0 fazem, invariavelmente, tendo por referéncia algam 173 aspecto do ambiente culturalmente definido e algum entendimento sobre © modo como 05 tens fo trocados, os objetos manipulados © os “um tipo conereto de comportamento, caracteristico de qualquer relagio social. Do mesmo modo que 0 fisico ou 0 quimico observam 0 movimento dos corpos, as reagdes dat idancas no campo eletromagnético, registrando rente tipico da ma- éri igadot de campo também lida com € registra seus cfinones ou padrdes, sobte 0 comportamento dos © padronizados. Jé ai rigidamente, como oco mnjugais e da paternidade obviamente é 0 processo de reprodugio, Em qualquer cultura, a forma 6 © modo pelo qual esse processo ocorre © que difere quanto A técnica ie » a medida em que as trés imensGes da realidade cultural participam de cada etapa do processo, Um filme silencioso conteria apenas uma parte da documentacio, ou ‘no implemento sacramental adicional indispensével para o investigador de campo. Qual ¢ a relagao entre forma ¢ fungio no si derdssemos apenas a realidade fonética de uma palavra, ou qualquer outra caracteristica puremente convencional de um simbolo material 174 ‘como © gesto, poderia parecer que o elo entre forma ¢ funk relacdo entre forma e func&o aqui cional. O simbolo é 0 estimulo condi no comportamento apenas através do processo de condicions ‘Mas em cada etapa do trabalho de campo esse processo deve cons! uma parte i ortanto, ndo é uma palavra arrancada de fado ou um implemento colocado em ‘um museu, pois cada um desses itens estudado dinamicamente revela-se desempenhando o papel de um catalisador das atividades humanas, como um estimulo que libera respostas em um reflexo encadeado, em de emogéo ou em um processo cerebral. Na forma de uma ‘mente, 0 comportamento em resposta & ordem, o comportamento social coordenado e provocado pelo estimulo convencional. Como o caréter dindmico do estimulo repousa na resposta, a palavra “fogs em um pedaco de nada, Nao € uma que no podemos retalhar, isolando objetos da cultura material, socio~ Jogia pura ou linguagem como um sistema contido em si mesmo. m A defini¢ao de funcio Esta andlise nos permitiré definir 0 concsito de fungi de mancira a. E I6gico que temos que abordé-lo através dos conceitos comportamento determinado técnica, legal ou ritualmente, conduz 08 _ 175 seres humanos satisagio de alguma necessidade. Frutas ¢ raizes sio colhidas, 0 peixe 6 pescado, os animais sio cacados ou apanhados ém ‘armadilhas, © gado 6 ordenhado ou abatido a fim de garantir a matéria- -prima da despensa humana € cozides para serem posto: refeigao individual im as partes desse processo, caga, no iniferesse ou ganfncia 108 impulsos de generosidade ‘todos analisados com referéncia ao eixo prin- egral de todos os processos que constiem dade biolégice ps "Se nos voltarmos para uma outra atividade — a produgio © manu- tengdo do fogo —, uma vez. mais poderemes relaciont-lo aos seus usos a fos © na _manutengdo da temperatura ~“Tome-se, por exemy construgio feita de troncos ou ramos, de peles de animais, de neve 1 que_todos esses context do parentesco € sucessivamente riqueza simb6lica” tam- ser estudados no contexto dos sistemas de troca, producao © consumo. Eo mesmo deveria ser feito com relagio 20 estudo de uuma f6rmula magica ou um gesto, que nfo devem ser arrancados de seu contexto, mas relacionados a sua fungio. Vv Abordagem preliminar do fancionalismo es ensinamentos nfo s6 da experiéacia em pesquisa de campo como também das investigacdes te6rico-comparativas terminam, inevitavelmente, por conduzit antropélogo A. coneepcio de_que os fenémenos culturais so relacionadés. Os lagos entre um objeto © os “weres humanos que fazeim uso dele, entre a técnica individus fedade legal, assim como a economia da produgio, a relagio Se o funcionalismo fosse apenas “ as alifudes econdmicas como inter- ligadas", a reconhecer que esses aspectos sao parte da estrutura ‘social ismo cientifico do qual tem sido fregtientemente, Nio hé dévidas de que, na ciéncia, devemos {solar tanto quanto estabelecer relagdes. Se nfo pudesSe mostrar alguns 7 isolados ou unidades que contém limites naturais para a coordenagio €. correlagio, o funcionalismo nos levaria a um at de objetos i -relacionan gue tais isolados naturais Imente existem ¢ que devem constituir 2 fundamentagio de qualquer anélise cultural profunda. iplexo cultural ou complexo le elementos.que nao est86 e fato, o isolado funcional ¢. fado como um agrupamento social defi- ‘universalmente para todos os tipos de concreto,.isto é pode nido, Tem uma estr isolados; e € um vi apenas enumerar ‘mente 0 seu contom da cultura em_seus egais, econdmicos, ou aquel 20 conhecimento_p: ou deseavolvido e & religito, se.ndo fosse capaz de analigar e, p definir cada um deles e relacioni-los com as necessidades biol6gicas do_ org mais definida e concreta aquilo que observado. Como veremos, ituicdes.humanas. — delas — esto relacionadas a necessidades © a necessidades derivadas, ov. seja, cult fica_sempre a satistagio de uma necessidade do mais simples ato de comer ao desempenho sacramental if que" tomar a comunhao rela- ciona-se com todo um sistema de crengas, determinado pela necessidade cultural de estar em harmonia com 0 Deus vivo. jente acontece e que pode ser igo_pode ser_obtida v Os isolados Jegitimos da andlise cultural 10 _que_se fomarmos qualquer trago da cultura material ou qualquer modo padronizado de serd possivel colocé-lo dentro de 2s_organizados de atividade humana. Assim, se por ‘acaso © leitor estiver frente a um grupo de nativos que esta obtendo fogo por friceio, tal ato poderé estar sendo exccutado para acend uum fogo de uso doméstico, para cozinhar, aquecer ou produzit a pri- meira chama da lareira. De qualquer modo, 0 fogo assim obtido seria parte integrante da instituigéo doméstica; mas poderia também ser uma fogueira de acampamento — de uma cagada, pescaria ou expedica0 comercial organizada. Poderia também ser uma brincadeira de criangas Enquanto processo meramente tecnolégico, a obtencio do fogo tem também sua tradigdo de conhecimento, habilidades ¢, em muitos casos, de cooperacio organizada, Se féssemos estudé-lo, seja como um desem- penho manual, serido num processo de continuidade tradicional, terfamos que referi-io também a um grupo organizado de pessoas, rela- cionado com a transmissao desse tipo de atividade. Um instrumento também tem um propésito, uma técnica e pode sempre ser referido a0 grupo organizado — familia, clé ou tribo — dentro do qual a técnica é cultivada e incorporada’em um conjunto de regras téenicas. Uma palavra, ou tipos de palavras, como os termos de parentesco, as expresses socioldgicas usadas para designar posigdo, autoridade © procedimentos legais, certamente também possuem sua ‘matriz de organizacio, de equipamento material e de propésitos wil sem os quais nenhum grupo se organiza, Féssemos tomar qualquer ‘costume, isto é, qualquer forma padronizada de comportamento, fosse cla uma habilidade, uma modalidade fsica — comer, dormir, transporte ou jogo — ou outra qualque licamente, uma atitude so a um sistema organi “mencionar qualquer possa ser colocada em uma ou outra instituiglo, embora haja objetos que pertencem a diversas instituigbes, desempenhando uma parte espe- cifica em cada uma delas. Em qualquer dos casos, ela pertence iades, Desafio quem quer que seja a idade, simbolo ou tipo de organizagio que néo vw A estrutura de uma instituigio Para ser bem concreto, deixem-me primeiro sugerir que é possivel claborar uma lista de tipos; assim, por exemplo, a familis, um grupo de parentesco extenso, um cli ou uma metade constituem um. tipo. Estdo todos relacionados com os modos de reprodugio humana constitui- 179 dos legalizados, O regulamento constitucional ou estatuto corresponde sempre a um desejo, um conjunto de motivos, um propésito comum. Esta incorporado na tradi¢ao ou garantido pela autoridade tradicional. No casamento, o regulamento — isto 6, o corpo de regras constitucionais — consiste nas leis do casamento e da descendéncia, estas duas estando intimamente relacionadas, Todos os princfpios pelos quais se define a legitimidade da prole, a constituicdo da familia, ou seja, o grupo diretamente envolvido na reprodugao estabelecendo as normas especi- ficas da cooperagio — tudo isso constitui o estatuto da familia. O ‘estatuto varia de uma comunidade a outra, mas é parte do conhecimento que deve ser obtido através do trabatho de campo e que define a instituigio doméstica em cada cultura, Independentemente de tal sistema icionais, devemos ainda conhecer sto é 05 membros do grupo, a fonte da autoridade © a definigéo de fungdes dentro do grupo de residéncia, As regras especificas, tecnol6gicas e legais, econémicas e relativas as tarefas ‘quotidianas so outros fatores constitutives que devem ser estudados pelo pesquisador de campo. Contudo, a vida familiar centraliza-se no lar; € determinada fisica- mente pelo tipo de habitacéo, 0 conjunto de instrumentos domésticos, (© mobiliério, bem como pelos objetos sagrados associados com qualquer culto magico on religioso praticado pelos residentes como um grupo. Temos até aqui, por conseguinte, elementos como: estatutos, pessoal, norma de cooperacdo e conduta, base material. Reunidos esses dados,, temos ainda que obter uma descrigaoTtalmenté concreta da vida dentro da casa, abrangendo sua variagio sazonal, sua rotina diuma e notuma ¢, também, levar em consideracéo os desvios reais das normas. Em uma comunidade onde, além da famitia no sentido mais estrito, existam também um ou mais tipos de grupos de parentesco extenso, @ andlise de campo ¢ @ teoria, otientadas no mesmo sentido, mostratdo que esses grupos tm também. seu estatuto na lei costumeira de um ‘grupo de residéncia extenso. Tém suas regras de reciprocidade entre os ‘membros-componentes, abrangem um circulo maior de pessoas e um substrato matei alojamentos espacialmente contiguos, cerca cole- tiva, fogo simb6lico comum, construgies principais e secundérias, também certos objetos de uso comum, contrapondo-se Aqueles que pertencem as familias componentes. © estatuto do cla € dado pela mitologia de um_ancestral.comum, e pela énfase unilateral na filiagho a um grupo de parentesco extenso. todas as partes do mundo encontramos também agrupamentos municipais. Seja estudando uma horda némade ou um grupo local de 180 Ges mito\égicas © religiosas, além das estritamente legais. Por conse- Buinte, o estatuto inclui desde a definigao dos direitos individuais até a tipo foi refabricado como farsa, na doutrina do Blut und Boden [Sangue € Solo] do nazismo moderno. grupo local tem também seu pessoal, com uma autoridade central mais ou menos desenvolvida, com diferenciagdes ou rei w parciais sobre a apropriacao individual da terra e sobre as fungao comunal, isto é servigos prestados ¢ privilégios reclamados. As fegras minuciosas relativas & posse da terra, as normas costumei dos empreendimentos comunais, a definigéo dos movimentos sazonais, especialmente as que dizem respeito as reuniGes ocasionais da munici- Palidade como um todo, constituem as regras que definem 0 aspecto normativo dessa instituieso. O territério, as construgées, os bens de utilidade piblica, como 0s caminhos, as nascentes, os canais navepdveis, constituem o substrato material desse grupo. O principio territorial pode servir como base para unidades maiores ou provinciais, nas quais se unem diversas municipalidades. Aqui, também, sugito que o investigador de campo investigue a existéncia de um estatuto tradicional, ou seja, os antecedentes hist6ricos © a raison déire de tal agrupamento. Deveria descrever seu pessoal, a lei costumeira que governa as atividades con- juntas desse grupo local ou regional, 0 modo como controla seu terri- t6rio ¢ sua riqueza ¢ os instrumentos de sua cooperagio, sejam estes ferramentas, objetos cerimoniais ou simbolos. Obviamente, a tribo & inogréfica. Proponho |. A tribo, enquanto suporte icada, consiste em um grupo de pessoas que 181 ttm a mesma tradigdo, a mesma lei de costumes ¢ as mesmas técnicas, lade tribal, pois uma tradicéo comum tos, de costumes © crengas, s6 pode ser itamente por pessoas que usam a mesma lingua. As ativi- dades cooperativas, no sentido amplo do termo, também 86 sa possiveis entre pessoas que podem comunicar-se entre si através da linguagem. Uma tribo-nagio — como proponho que se chame essa instituicao 6 necessariamente, politicamente organizada. A organizacdo ica implica sempre uma autoridade central com poder para admi- nistrar seus interesses, isto é, coordenar as atividades dos grupos compo- neates: © quando dizemos poder, pressupomos 0 uso da forca, tanto fisica quanto spiritual, Sugiro que a tribo, nesse segundo sentido, de -ou_tribo-estado, nao ¢ idéntica A tribo-nagao, com 0s resultados da andlise do Prof. Lowie em seu livro sobre a origem do Estado, de que os agrupamentos politicos esto ausentes_dasculturas_mais_primitivas jé submetidas & observacéo etnogréfica. Contudo, os agrupamentos culturais estio 14, (© estatuto da tribo-nacio pode sempre ser encontrado naquelas tradig6es que se referem as origens de um dado povo e que definem suas aquisigées culturais em termos da atuagao de ancestrais. herdicos. Também séo importantes as lendas hist6ricas, as tradigdes geneal6gicas © as explicagbes histéricas usadas para estabelecer as diferencas entre essa cultura e a dos vizinhos. Por outro lado, o estatuto da tribo-estado, ni-escrito, mas nunca ausente, € 0 da constituigéo da autoridade, do poder, do prestigio © da chefia. A questo do pessoal em um grupo caltural seria abordada através dos problemas da austneia dela, do prestigio, dos grupos etérios que permeiam a cultura ©, também, obviamente, através de sua subdivisio regional. Quando a subdiviséo regional acusa sensiveis diferencas na cultura ¢ na linguagem, podemos estar enfrentando o dilema de saber se estamos tratando com diversas tribos-nagdes ou com uma federa¢io, no sentido cultural de subdivisées culturais auténomas. Nao hé dificuldade para se perceber © que 6 relative ao pessoal em uma tribo-estado. Obvi i questdes sobre a autoridade cent quanto sobre métodos de policiamento e forga militar. Aqui também entrariam as 20 substrato material, a nacionalidade pode ser definida apenas em 192 termos do cardter diferencial desse substrato, na medida em que ele s ra uma cultura de todas as outras. Na tribo-estado, comporiam 0 gua © territ6rio politicamente controlado, os instrumentos de defesa e de agressio, tanto quanto a riqueza publica acumulada e usada em comum para fins de controle politico, militar ¢ administrativo. ‘Seguindo-se uma linha de investigago divorciada do principio ter- Titorial, poderfamos colocar em nossa lista de instituigdes quaisquer agrupamentos de sexo e idade organizados e cristalizados. Obviamente, ‘do poderiamos incluir aqui instituigées como a familia, onde os sexos Se complementam © cooperam entre si, mas incluirfamos instituigdes como os assim chamados agrupamentos totémicos por sexo, diferentes sTupos etérios © os acampamenios de iniciaclo, organizados para homens e mulheres, respectivamente. Quando temos um sistema de grupos etérios que so refere apenas aos homens da comunidade, podemos dizer que como prineipios diferenciais © sio Duvido que alguém possa encon- as normas € 0 aparato inas, como sociedades secre- lteiros e outras semelhantes, podem ser inclufdas sem dificuldade no conceito de instituigo. Devemos nos lembrar que tais agrupamentos também possuem seus estatutos legais e mitol6gicos, © que tal fato implica uma defini¢ao de seu pessoal e de suas normas de comportamento ¢ que cada um deles possui um acervo material, um lugar de reunides, alguma riqueza, alguns’rituais especificos e aparato instrumental, ‘Um grande grupo de instituigdes poderia ser inclufdo em uma ampla classe que poderiamos denominar de ocupacional ou profissional. Diver 80s_aspectos da cultura, isto é diversos_tipas_de~atividades, “como educacdo, economia, administracad da lei, desempenho mégico-e-vene- racdo religiosa podem ou no estar incorporados_em_instituighes espe. cificas. Nesse ponto, a teoria funcional néo pode. prescindir do principio cyolucionista. Pois nfo ha dividas de que, no curso do desenvolvimento frumano, as necessidades de organizagao econémica, de educagéo, de Servicos legais ou mégicos vém sendo satisfeitas, cada vez mais, por sistemas especializados de atividades. Cada grupo de especialistas tomna- -se mais mais intimamente organizado em uma profissfo. Assim ‘mesmo, a descoberta do tipo mais antigo de grupos ocupacionais € um tema fascinante, nfo s6 para o estudante ‘mas da evoluco, mas também para o investigador de campo e para 0 Gstudants que fez trabalhos comparativos. Poucos antropélogos discor~ dariam da afirmago de que na magia na religiio, ou mesmo em, 183 certas habilidades técnicas e em certos tipos de empreendimento econd- mico, vemos grupos organizados em aco, cada um com seu estatulo nal, isto é a definigéo de como e porque esto qu cooperar;. cada um dos quais com alguma forma dk ca ica ou mistica na divisio de fungdes; cada um com suas normas de comportamento e, também, por certo, manipulando © aparato espe- cffico envolvido. va 0 conceito de fungio_ Proponho que 0 conceito de func pode ¢ deve ser ajustado & nossa andlise institucional. A fungao da familia é'0 fomecimento de cidados para a comiimidade. Através do contrato de casamento, a ima que deve ser alimentada, iniciada nos tarde equipada com bens materias, aproptiado. A combinagéo da convi- apenas em termos de sexo mas paternidade — com a lei da tgio com todas as suas conse- 108 a delinigao integral dessa instituigio. extensa em termos de uma exploragio mais efetiva dos recursos comunais, do fortalecimento do controle legal iplinada da comunidade e, em aumentada, ou seja, ia produz uma prole | rudimentos da educagio emai tanto quanto com status trib véncia moralmente aprovada — funcio do cla igBes, atravessando os grupos de vizinhanga €-fornecendo unt novo Brincfpio quanto a protegio legal, a reciprocidade econémi ciclo das. atividades~magico-re soma-se Aqueles de lagos pesso: permitindo uma troca pessoal de ampla do que seria possivel em uma de vizinhanga, A fungéo da municipalidade revela-se na organizagio dos servigos piblicos e na exploragio conjunta dos recursos territoriais, na medida em que esta tem que ser desenvolvida através da cooperaco, mas dentro dos limites das disponibilidades do dis-a-dia, Dentro da tribo, as divisées organizadas segundo 0 sexo, tanto quanto 0s grupos eldrios, servem 408 interesses diferenciais dos grupos renner | | 184 ‘humanos, definidos fisicamente, Se tentarmos entender as condigées pri- implica, respectivamente, certas vantagens que uma comunidade na qual capacitada para explorar ss potencialidades © 0 tipo fados por cada grupo € recompensas em termos de status e poder. Pouco hi para ser fa fungi de cada grupo profissional. Cada um deles det termos de servicos especificos e recompensas adequadas. Novamente aqui, 0 antropélogo que inclui os selvagens atuais em seu interesse pelos povos primitivos pode ver que as forcas que operam na combi- nesses e buscam as recompensas tradicionais so efetivamente tanto no caso do espirito conservador do primitive como ‘na tendéncia competitiva da nossa atual sociedade revolucionéria. supérfluo, de diferenciacao interna. Seré que poderiam: falar om uma necessidade Iegitima de tal diferenciagio, especialmente lade nem sempre existe? Porque nem todas as comu- , assim mesmo, vivem muito bem sem eles. ostaria de esclarecer que néo Antes oper gue um son Drinefpio poderia ser dtl para a. determinagéo ifuséo cultural. Assim, proponho conceito de ialmente como um artificio heuristico em relagéo a vor A teoria das necessidades Q conceito de fungéo, porém, recebe o seu mais forte apoio de fe temperatura, ide, vento © contra o impacto dircto das forces do tempo, seguranga coatra ani axioma_na_ciéncia,da_cul implica 0 uso de artefatos a de uma necessidade corporal. Se comegarmos com uma consideragio evolucionista, podemos mostrar que to logo a anatomia humana é suplementada p. uma coberta, 0 uso de ar satisfaz.uma_necessidade lece necessidades derivadas. © organismo_ani pelo uso de uum abrigo, permanente ou temporério, pelo uso do fogo, para protecio ou aquecimento, de roupas elementos do ambiente, da a @ da cooperacio que pode ‘bens nao apenas 1ovos tipos de que passa da alimentacio obtida diretamente do cont para a comida colhida, preservada ¢ ‘momento em que 0 processo econémico, Assim que a em convivéncia permanente cago das eriancas conduz & coabitagéo permanente, impdem-se novas conidigSes, cada uma delas to necesséria para a preservagéo do grupo ) quanto qualquer fase do processo bioldgico. em si mesma, produz novas necessidade econdmicas, legais © mesmo mixicas, religiosas on luma vez que a reproducio da espécie humana no ocorre’p acasalamento, mas esté relacionada a necessidade de cuidados da cidadania, ela impoe ou seja, necessidades que s sgulamentagio do’ namoro, Sticas. As condigées mini méncias do tempo sio si . A necessidade “de seguranca eos tanto dentro da GE quanto no aglomerado humano como um todo, levando, também, a organizacdo dos grupos de vizinhanga Se enumerarmos rapidamente os ivos derivados, impostos pela satisfagio cultural das necessidades cas, veremos que a cons- {ante renovagio do equipamento material § uma necessidade pare a gual © sistema econdmico de uma tribo ¢ a resposta. A cooperagdo implica normas sancionadas pela de, pela forca fisica ou pelo contiato social, cuja resposta é dada pelos diversos sistemas de contiole, primitivos ou desenvolvidos. A renovacio do pessoal em qu {igo componente, ou do grupo cultural no seu todo, implica, no apenas reproducao, mas também sistemas educacionais. A organizagto a forca e da compulsio como base para a autoridade ¢ a defosa reise ciona-se funcionalmente com a organizagio politica em cad; ®, também, posteriormente, com agrupamentos especficos, qu nimos como unidades politicas ou protétipos do Estado politico. Avangando_um_pouco_mais,_penso_que_devemos admitir que_a ssfo-da.caltura, desde os. seus primSrdios, através de prinefios -pressos.simbolicamente, foi uma-necessidade, © conhecimento, arcialmente incorporado nas habilidades manuais, mas também formu, Jado e centrado sobre eertos prinelpios © definigées referentes 0. pro- cesso tecnol6gico materi, também tem uma causalidade pragmética ou instrumental primeva, um fator que no poderia estar ausente nem ‘mesmo das mais antigas manifestagdes culturais. Em minha opinigo, ‘Commissariat, no original, (N. da.) trans 187 io_podem. ser interpretadas funcionalmente como os complenienios indispensiveis dos sistemas de pensamenta'e de tradicao | Puramente empftica e racional. O uso da linguagem, permitindo’ Tellexio sobre © passado, que & caracteristica de. todo’ pensamento tico, deve ter, desde muito cedo, chamado a atengdo dos seres manos para a incerteza de seus prognésticos puramente intelect 4 magia e 9 “A superagio das falhas no conhecimento humano e o reconhecimento ‘das grandes lacunas existentes na avaliacéo do destino e da sorte levaram 8 homens & afirmago da existéncia de forcas sobrenat ‘mente, vivéncia apés a morte € uma das hipSteses Femotas, relacionada, talvez, a profundos anseios bioldgicos do orga nismo, mas certamente contribuindo para a estabilidade dos grupos € para a percepeio de que os esforgos humanos no sio tio ‘ados como pretende a experiéncia puramente racional. As idéias que, de um lado, afirmam que o homem pode controlar alguns elementos do caso e, de outro, implicam ser a natureza por si mesma uma iva as atividades humanas, contém os is como o da ie da 40 funcional da arte, da recreagaio © das ceriménias pablicas deve fazer referéncia as reacdes diretamente fisteas lo. organismo.20.ritmo,-20.som, a cor, a linha e a forma, bem coms as suas combinagdes. Deve também relacionar as artes decorativas Ae habllidades manuais e & perfeicio da tecnologia, ligando-as ao misticismo migico € religioso. 1x Conclusées Deverd estar claro para todos que encaro tudo isso como um simples ensaio de um esquema, Precisamos ainda de uma resposta completa e conereta &.questio de poderem ou nao ot fendmenos callie, tais_ser-estudados_enquanto integrados em isolados naturais de ativi: dlades organizadas. Penso que 0 conceito de tomo definido de suaestrutura, com uma lista completa de seus principais tipos, fomece a melhor resposta & questio, A teoria das necessidades e suas derivagbes per 103 uma andlise, -efinitvamente mais funcional da relagdo entre 0: determinismos biol6- Bico, fisiolégico e cultural. Nao estou certo de que as minhas breves indieagbes sobre qual 6 a fungio de cada tipo de institicéo sejam iris, tais como as econdmicas, legais, educacionais, cientificas, magicas e religiosas, ao sistema de necessidades biolégicas, derivadas ¢ A teoria funcional, tal como apresentada neste trabalho, pretende set_o prérequisito para o trabalho de campo ¢ para a andlise compa- rativa de fenémenos em diversas culturas. Fcapaz de produzir uma afte concreta da cultura através das ins! pesquisador dé campo munido de aremos que Ihe serdo steis, ta fo cultural nem @ reconstrugdo do pasado em termos apenas insiste em que, a menos ais tanto quanto & funcdo, como, tésticos, como o5.de Morgan, Bachofen ou Engels, ou para abordagens ‘fragmentadas de itens_jsolados, como os de Frazer, Briffault e mesmo se 0 estudante da distribuicéo cultural fizer um Ievantamento de similaridades ficticias ou irreais, seu trabalho estaré perdido. Desse modo, o_funcionalismo_insiste ivamente em que possui validade fundamental como anélise pri jinar da cultura © que foriecé a0 antropSlogo os tnicos critérios vélidos de identificagio cultural. INDICE ANALITICO E ONOMASTICO concepcio ¢ vitgindade, 128 Cambridge Schoo! of Anthropolosy, 26 vy, Escola de Cantridoe economia, das ragas primitivas, 68, 87, comportament 88, 99 comunismo, 50,

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