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Modernidade, hiperestimuls € o inicio do sensacionalismo popular Ben Singer Das muitas ideias que se sobrepdem relacionadas ao tetine “modernidade” (e doixando de lado o grande niimero de significados adjacentes denotadas por “miodernismo”), talver trés tenham dominado o pensamento contemporinco, ‘Como um conceite moral € politico, a modérnidadé sugere o "desamparo. ‘lenigieot de com mando pes-eapredon pos sail oe dal dled ay irre, valores Esto Sujeitos wo questionamento. Come um conceite cognitiva, a modernidade aponta paca 0 surgimento da sacionalidade instrumental como amoldura intelectual por meio da qual a mundo © percebido ¢ construldo, ‘quantidade de mudangas tecnolégicas ¢ sociais que tamaram forma nos tihi- mos dois séculos ¢ alcangaram um volume critico perta do fim do sécule 7% industrializagio, urbanizagio © crescimento populacional ripisoss proi- fecagio de novas tecnologias @ mains da transporte sigaragge do capitalise avansade; explosio de uma cultura de consumo de massa ¢ assim par diaate, O interesse recente pelas teorias socials de Georg Simmel, Sierfried Kracauer e Wallet Benjamin deixou claro que tambéin estanios lidanida com turn quarta seandedefinigio de modernidatle, Esses tedvicos centrocam-sc no que podemos shamar de uma concepgie restroidigiea da modernidade, Bles afirmavam que & modernidade também tem que ser entendida como um registso da experién- ia subjetiva fundamentaimente distinto, caracterizido pelos choques fisioas © perceptives do ambiente urbano madera. Em certo sentido, esse argument & 98 96 ~~ Amodemidade, em resumo, foi coneebida co ‘um desdobramento da concep¢to socioecandmnica dit modernidade; no entan- to mais do que simplesmente apontar para o alcance das mudangas tecnolligi- cas, demogrifices # econdmicas do capitalisino avancado, Simmel, Kracanez © “Benjamin enfatizaram os modos pelos quais essas mudangas transformarant _ « estrutura do experitncia, A: modernidade implica | fenomenal - especificamente urbano ~ gif ¢ra marcadamente mals rapido, catia, fragmen- tade ¢ desorientador de que ns fases anteriores da caltura hamana. Em meio A turbuléncia sem precedentes do tréfegn, berulho, puindis, sinais de trinsito, imultiddes que se acotovelam, vitrines e animcios da cidade grande, 0 indevidae deftomtou-se com uma nova intensidade de estininlacdo sensorial. A:metrépole sujeltou o individua a um bombosdeio de impresses, choques ¢ subressaitos. Q ritmo de vide tarabém se torriou mals frendtico,acelerado pelas novas formas de transporte tipidn, pelos horéries prementes da capitalism modernd & ioe pela dade sempre acelerada da linha de maint um bombardeio de estimulos. Como afirmou Simmel em sex ensaia de vgo3,"A metrépoke ea vida mental” (um texto crucial para Kracaver ¢ Benjamin), a modernidade envolveu uma®intensificagio da estimulagio nervosd’.A modernidade trans. forman as furelamerttos fsiolégicos e psicoldgicas da experiéneia subjetive: O ripide ageuramenta de ieaagens em muudanga, a descontiniidade aceatunda uoalcance de um simples olhar ¢» improvistilldade de impressbes impetwosas: essas slo as condigOes psicolégicas.criadas pela metropole, A cada criaar de rua, com o ritme ¢ # multiplicidade da vida econdmica, ocupseiona! ¢ social a cidade cria um contraste profundo com n cidade pequene ea vida rutal em relagSo aos fondamentns sensoriais da vida psiquica* ‘As cidades, é elaro, sempre foram mavimentadss, mus nunca haviam sido tio movimentadas quanto se tornaram logo antes da virada de século, © siibite ‘aumento da populagie urbana (que nos Estados Unidas mais do que quadra- plicou entre 1870 € 1910), intensificagio da atividade comercin, « proliferagio dos sinaise a nova densidade e complenidade do trimsito das ras (em particular coma grande expansio dos bondes elétricos na década de igo) tornaram a ‘dade um amblente muito mais sbarrotado,caéticae estimulante do quejaraais hhavia sido no passado ifg.ga]? Basta assistir a imagens dos primeitos filmes de "atualidades” de Manhattan, Berllm, Londres ou Paris ~ sem mencioner eldades -menores.como Lyon, na Erangt, 04 Harrisbtirg, na Pensilvinia = para se cortven- ‘cer da afirmagio de Siimel como uma sintese,se nia de todos o¢ aspectos da experitnicia moderna, pelo menos de wstsa parte significativa dela! 32 gf Aver ue e 23" Street, Nowa York cerca de won. Para contextualizaras concepgtes da modernidade em Kracauer e Bena: min, @ preciso olhar para as perfodos anterior ¢ posterior a0 das fortiialagaes ‘Fe sitas ideias. De um lado, est claro que suas concepeaes da modernida- ide uniecipara muito 9 que os tebtiens contemporanens descr" 6°82, come ‘a condigde da pés-inodernidade, Uma definisto de pis-modernidade que nfatiza suas “urgercias, intensidades, SObresaTge SERS Gesorientagao, see daa imagen ox sobeepbe mula conoepsto HesFT59= SROUEETIARGE sela-a sobreposicso completa ou nko (ieaal 3 “Por outro lado, nos surpreendemod em sfatar o quanto Kracauer e Benjamin estavam tocande em um discurso jé difundido sobre 0 choque vr snndarnidade, Cbservadores socials das ddcedas proximas 62 virada do doula fxararn-se aa Klela de que modernidade! havin caulsad fo. ragical nha estimillaciio nervosa e no risco conporal, Esse preneupagio pode Jer encontrada emi cada género ¢ classe de representagio social ~ de ensains ae revista acndemicana-manifestosessxcos (comes Mariner = Leger), passande por comentarios Teigos (como as discusses ubiquas sobre neutas- vei) cartuas na inprenca ustcada (tanto ent revistas clrmices 9° Pack, Pune, Judge e Life quanto ema jornais sensacionalistas populares como World eJournal de Nova York)? “A descrigho da vida urbanaifeita por Henzy ‘Adams em 1905 éra pica desse amplo discerso sobre o& cdviravoltas sensoriais da modernidade: eneassgrravar sui [do botrern saodemo) pulses <0 aemesiova7s como 50 ele * pes cegurando um azame eletrizado [fedoras dias 2 Natureea vielentamente revaltada cousava supostos ecidentes cam entire destruighe de propriedades¢ vidas, cenquante nkidamente rin do homctn, qut gers © damava e estremecia impoteaite, mas nina por umn dnico instante podia para AS estradas de ferro-sozinhas apres vreramax da carn da guia ob suze casas de fog devstrem + vrai ede tt que tect orn que um earameno neva! (Um neva-iorquino sdepto do movimento de “reforma soci¢l” chama~ do Michael Davis cunbow um termo apropriido ~ e surpreendentemente ne moda ~ para descrever o nova ambiente metropeliiano {assim como os divertimentos sensacionais que ele eultivava, camo discuto adiante) a modernidade, declarou em 1910s era definidapelo“bipetestimawla “Ta immprensa instrads oferece um registro particularmente rico da fixaio sth culturs nosataques sencoriais da modernidade, Revistas comicss¢ jormais sensacionalistas observaram de perte 0 ans. do ambiente moderne com tm alarmismo distopico que, em graus varidvels, caracterizou muito do discurso —— 346 "Um toringotranuilo em Landres:ouo du do descam sc Punch. 886. 100 by “Citade de Nova York Ela vole a pena?’tif 1908. do perfode sabre a vida a a aay gem de assddio comercial como. uri tipo de eelimuo terrivele agressivo g-33) Outros. retratand aglomeradosrepletosecaéticos de pedestre, loses infensidede (cinquenta anns & Frente) a sugestio de Denjatiln ae que ‘med com ‘medo, pulaa-e horror ertin ax emogbes que a multdio da clade gronds despertave raged ses shorn RO TS fistragio de 1909 fe, intitulada “Cidade de Nova Yor‘e: Bla Vale a Penat’, represen- ton a metrdpole como uma investida violentae frenstica de choques sensoriais {flg. 3.5} Sua combinagao de milltiplas ‘perspectivas espaco-temporais em um 3.6 “Broadway passado © presente’ life, 1900, ‘campo visual (nico ¢ instantdneo (alguns anos antes do eubisma) transmite « intensidade ea ftagmentagio das percepSes da experigncia urbana? Diversas ilostrecses trataram expecificamente da trensformagio puin: sente da experiénicia de um estado pié-moderno de equilibrio-e estabilidade Para uma erise moderna de-descamposture e choque, Um cartum de 1900 1a Life lntitulado “Broadway ~ Passado ¢ Presente”, por exemplo, contraston uma cena pastaril com ums visio de um bonde sprorimando-se rapida mente de pedestres apavorados (fig. 3.6]. Ao fundo, paingls anunciam am jomnal sensactonalista chamado Whirl e exibic6es dominicais de filmes de i 191 3:1 "Cavalo estragatha janela de bonde® NewYork World tgp boxe. 4 serenidade da vida do "selvagem” no passado-acentuou a selvageria ‘presente metropalitand. & colisio entre duas ordens de expe. Ifig. 3-7]. Essas figuras com) losidade da vida ma cidade moderna ¢ também simbolizavam os tipos de choques e sobressaltas nervososaos quais a individio estava sujeito no now SSEa utah ThE MAH OF A CHORE ga, 34 “Norastra de-wm tends tif i8y5, © ‘ema distopico dominante na virada do séeulo destacava os terrores do trinsto da cidade grande, em especia! com zelagto nas viscos do bond etrica let 38.3 310. Una pletora de imagens representando torrentes de pedestees ferdas,pilhes de “inocentes massacrados”e figuras de esqueletos repozijados Pettomificando a morte enfocaram os haves perigodée atabiente urbano tec-, nologisado. Jornais sensacionalistas tisk um plea Particular por ima- Shs de "instartineos” de mortes de pedestres. Essa fixacto restakava a ideia de uma esfera publica radicalmente alterada, efinida Pele acaso, pelo perigo ¢ por impressdes chocantes mais do flue pet qualquer concepsio tradicional de 103 THE STANDARD Lament Sa 44 "O honor do brooklyn! The Standard, s895- No texto afiacin se lé“G carro de bond. implacavel acrescentou outea vitima 4 sua lista de lnccentes massactados e continua sem controle, Milhares dé cidadias protestaram @ uma imprensa unida ataeow, sem resultsda, o manoptiio impitdesa da bende, Ate o prefeito esta fraco ® sem apoio. 194 Amortandatte continua. © quee Breakin fad, _ANOTH ER TROLLEY Ich i a Se a | a fi 4 i] exer z : ae 106 seguranga, continuidade ¢ destino autocontrolado. A morte:nao natural, desne- cessirio dizer, também havie sido uma fonte de medo nos tempos pré-modernas (em particular com relagSo a desastres epid@micas e naturais ¢ a falta de alinser tos), mas a violencia, o eaniter repentino ¢ aleatdria, (e, em certo sentido, a publi cidade humilhante) da morte acidental na mettépole parecer ter intensificada € focalizada esse medo, © espectra de Isaac Bartle penetrou a consciéneia moder- na.Como informou um artigo de 18p4 no Newark Daily Advertiser: Ieaas Bartle, um cidade procminente de New Brunswick, foi morte instanta- neamente na estagle da rua do mercada da Ferrovia Pensllvania nesta mani. Seu corpo fol tho terrivelmente matilado que os restos mottais tiverum que ser recolhidos com uma pé e levados eiibora em uma cesta [...] Ele foi reduzido uma massa icrechnhécivel debalxo das sodas de uma locomativa de carga pesada. A locomotiva golpeou Mr. Bartle por tis €.0 arrastou diversos metros a longo do trilho, mutilande set corpe de wm modo horrivel. Praticamente cada essa foi quebrado, a carne feita em pedacos e distribulda 20 longo da ti- tho,e.0 corpo fol tio completamente dilaccrade queas moedasea faca no bolso. das daleas foram entortadas ou quebradas,¢ 0 alte de cheques, a carteira © os papéis foram despedagados,." Nao ha divida de que descrigdes como essa foram motivadas em grande parte pelo fato de que 6 sensacionalismo grotesco vendia jornais. Mas elas eram mais do que simples manifestagSes de curtosidade mérbida e oportunismo ecandmico, Em sua atengao meticulosa aos detalhes corporais da morte aci- dental, a noticia sobre Isaac Bartle parece comunicar uma hiperconsciéncia ‘especificamente histérica da vulnerabilidade fisica no ambiente moderna." O cacs da cidade instilow na vida um flanco nervoso, ume sensagio palpavel de expasicdo ao perigo, Como mencionou o editor de Qutlook em 1900, "O espectador nao esta exeessivainente teceoso, mas ele confessa que nesses dias de afobagio quase sempre fica um pouco nervose nas ruas da cidade com reeeio de que alguma coisa possa acontecer a alguém" A cidade anoderna parece ter transformado a experiencia subjetiva néo apenas quan- to ao seu impacto visual ¢ auditive, mas também quanto as suas tensdes viscerais e suas cargas de ansiedade. A experiéncia moderna envolveu am acionamento constante dos atos reflexos e impulsos nervosos que fluiam pelo corpo “tomo a energia de uma bateria’s al como deseseven Benjamin £ significative que ilustragdes de acidentes quase sempre tenham emprega- do um esquema de representagao particular: elas eram obrigadas, claro, a mostrar a vitima no instante do choque mais intenso, pouco antes da morte, ‘mas junto com isso elas quase sempre mostravain wm espectador assustado, assistindo a tudo horrorizado, seu cargo retesado num ato reflexo, Essas ius. tagdes, dese moda, enfatizaram n3o somente o¢ perigas da vida na cidade srande, mas tambem seus choques mervasos sem trégua ‘0 medo popular des perigos do bonde acabou por amainar. Vé-se uma diminuigio desse tems na imprenisa sensacionalista pot volta de 1903 #1904, ‘Mas justamente quando © ptiblico: parecia estar se acastumando com o trd- fego do bonde, um outro perigo ~ o automdvel — seguit: o mesmo caminho @ assur uma posisgo equivalente como o tema central da imaginago dis- ‘Spica da modernidade: A ilustragio de 1913, "Quando motoristas sem habi- Iaagdo estdo & solta’, entre muitas outras, retratou um estado de enisas no qual, como abservou Henjamin, “movet-se pela trifego envelve o individuo gm ums série de choques e colisdes" fig su). (De fato, essa imagem critica 4 todemidade em duas frentes: de mado eviderite, ela denuncla 0s perigas ¢ sobressaltos do trafego: de modo: implicito, estigmatiza o aumento da pre- senga das mulheres na esfera publica. A ilustragio apresenta uina imagem que logo se tornaria wim esteredtipo, da mulher como motorista ruim,e aa mesmo tempo, ao representar somente pedestres fesininas, expressa uma adverténcia paternalista comum sobre a vulnerabilidade das mulheres desa- companhadas na cidade grande.) ‘Além dos perigos do, tréfego, jrés outros temas que impregnitam os jor ais da virada do sfculo Mee ‘Exagio popular nas novos: ‘Petigos davida moderna. G priieiro veiratava mortex de traballadores taut Jades por miguinas de Mbrica, Pade-te terumabos idela dese temaem alguns Poucos exemplos de titulos e subtitulos do Newark Daily Advertiser exn tho4: “Arremessado para a morte instantinea: compe ¢ preso em rapidas eorreias gita- Nbrias ¢ esmagada contra o teto a cada vols" e “Morte tetivel de um gari: sua ‘abega fol quase arrancada pos uma méguina de varree”™ Essa stengéo agugada morte acidental @ impressionente no local de trabalho, como as histérias de ‘more no tréisita, situous tecnolagia moderna como urna aineaca monstruosa Aaiida 20 corpo Bla enfatizou um dimensio arriseada da vida moderna que, ‘lo por ecaso, fi vivida de modo mais agudo pela clase trabaiiadora, que cons- tituld 4 principal piblice leitor da imprensa sensacionalista, ‘Quizo tema que também focalizon a experjtncia moderna da classe traba- thadota concentrow.se em uma ampla variedade de mortes relacionadas aos #iscoa das moradias populares = de ataques brutais de vizinhos enlouquecidas a morte’ que envolviem nosas Ficetas da acquitetura das habitagées papu- 6 [fig. 342]. Historias dé joznal nesse género algumas vezes ressaltavam a impressio de que perigos incontrolaveis, quase cobrenaturais, escondiam-se & 197 108 gat “Quando motocistas-sern habilitgio esto snita’ Cartooms.7a13. no por toda parte no- ambiente urbano. Uma noticia, por exenplo, descrevia a morte egonizante de uma menininha,cnjo crinio havia sido perfurado per | uma vara de ferro enferrujado. O relato registrava:"De onde a vara surgiu ou \f como teve forga suficiente para ferir é um mistério. A crianga estava brincan- do no quintal quando a vara, propelida por uma forga invisivel, forcou carni- ho no meio dos gathos de uma cercjcira, penetrando o crinio da menin ‘A-menininha morteu em grande agonia esta manhi No ambiente maderao,, morte podta cair do eu, inexplicavelmente. allizras também preocupavam os jornais sensaciona- lista: Tniefalmente, esse género pode parecer a mals “puramente” sensicio- nalista (isto ¢, tendo pouco a ver com as ansiedades da vida moderna). Mas, em miuitos aspectos, casas ilustragSes sobrepunham-se &s outras. Todas as mortes par queda, exceto por suicidio, eram acidentes de teaballioc por y=proletésio Ate mesmo os suicidios podem ser interpretados come come 20 dendineias imp tas de i ca (como ag flustragdes que mosiravam um homem precipitando-se ie om edificio contra os trithos de wm trem que se aproximava). Algumas dessas quedas também ressaltavam a tirania do acaso no ambiente maderno ¢ 03 perigos fartuitos da vida nas habitagdes populares. Um exenplo tipico é una imagem de um menininho prestes a morter, esmagado por pintores cainda de um andaime que se quebrara [fig.3.13}* atos da modernidade urbana na ieuprensa ilustrad.a parecein fhatuar joderna de uma época mais tranguila, de wm lado, * ma fascinagdo bdsica pelo horrivel, pelo grotesco e pelo extremo, de outro. As imagens da impresa ilustrada eram, paradoxalmente, ima forma de criti- ca social e, a9 mesmo tempo, uma forma de sensacionalismo comercializado, uma parte do fenémeno do hiperestimulo moderno que as imagens criticavam. Nesses dois aspectos, a imprensa ilustrada empregava linguagem bombastica. Isso nao surpreende, uma ver que a imprensa tinha um dhvio interesse comer- cial em retratar 0 mundo com um tom dréstico. Afinal; clamor publico ¢ emo- gies fortes, e nfo o realismo catidiano rotineiro, vendiam jornais. ‘Masas imagens na imprensa ilustrada apresentam interesse histdrico nao apenas como instincias de discurso ~ exemplas de um conjunto particular de posturas retdricas criticas ou comerciais em rela¢to a0 munde moderno--, mas também como sugestdes de uma condigio de pressio cultural que enval- ve 0 inicio da modernidade urbana. A preocupasio da imprensa ilustrada com os riscos cotidianos refletia as ansiedades de uma sociedade que ainda nz niko havia se adaptado por completo a modernidade urbana. Haviamos tido cem anos para nos acostumar 4 vida moderna. Mas na virada do século a metropole ainda era percebida como opressiva,estrana ¢ traunsitica A modernidade transformou a estrutiira néo apenas da experiencia did- ria fortuita, mas também da experiéricia programada, orquestrada, A medida que 6 ambiente urbano ficava cada vez mais initenso, o mesmo beorria com as sensagbes dos entretenimentos comerciais. Perto da virada do século, uma grande quantidade de diversées aumentou muito a énfase dada ao espeti- culo, ao sensacionalismo e surpresa. Em uma escala mais modesta, esses elementos sempre haviam feito parte das divers6es valtadas para plateias pro- letérias, mas a nova prevaléncis e poder da sensacio imediata e emocionante éefiniram uma era fundamentalmente diferente no entretentmenta popular, ‘A modernidade inaugurou um comércio de choques sensoriais. O “suspense” surgi como a tOnica da diversi moderna. © suspense assumiu muitas formas, Por volta de 1895, cama vimas, 05 jornais sensacionalistas comegaram a encher suas paginas com iistragoes de ‘alto impacto envolvendo qualquer coisa estranha, sérdida ou chocante. Apés a inauguragao, em 1895, do pargue de diversdes de Coney Island, outros par- _ques especializacios em vistas exdticas, espetdculos de desastres passeios mecinicos emocionantes logo proliferaram-se em todo o pais. Essas con- -centragbes de sensagio visual e cinética resumiram uma intensidade distin tamente moderna do estitiulo fabricado” O vaudeville) que também surgiv como um grande divertimento popular nos anos de 1880, tarnou-se a sintese da nova tendéncia para atracSes curtas, fortes e satucadas de emocio, com sua série aleatéria de atns prodigiosns, comédias-pastelig, misicas, dangas, cachorros adestrados, jutadoras c coisas do género. Espetdculos burleseo: dosos e "museus meladraméticos" (abrigando curiosidades diversas, shows extravegantes €, vez por outra, dramalhdes sangrentos ¢ violentos) também adquiriram maior proeminéncia na virada do séeulo, assim como uma varie- dade de exibi¢bes mecinicas andaciosas, como “Redemoinho da Morte’ ¢ °O Globo da Morte’ nes quis um carro dava uma cambalhota ne ar depois de descer uma rampa de doze metros fig. 34], Os editores da Scientific American, que em 1905 langaram um olhar perplexo go crescente campo dos niimeras perigosos com automdveis, resumiram coxi competéncia o abjetivo essencial de todas essas formas de sensacionalismo popular:"O principio eandntor das inventores desses atos é dar ans nossos nervas um chogit mais intensa do que jamais fol experimentado até aqui" A “sensacionaliz: imento comercial fo} particularmente promunciada no melodrama teatral. Erquanto 0 melodrama vitoriano havia 214 Scent enean 195 Notestorequintads "0 Rederoinh da Mest utn aparate com nome bastante apropriado que matay urn execetante ¢ no-quil Um auitdendvel d& lima cambolhata ne ar aintes de tocargschao’ 14 enfatizado o patélico e a oratitia moralizante de vitimas inocentes & sets ‘hetbis, set cangénere de fim de século tornou-se virtualmente sindnimo de agio violenta, acrataciis expetéculos envolvendo catdstrafe ¢ risco fisica, “Cenas de sensacao” como edificios em chamas, explasoes ¢ naufrigios haviam, sido um ingrediente do melodrama teatral pelo menos desde o inicio dos anos sa80, mas a partir de 1890 tornaram-se mais ¢ mais realistas, amhiciosos ¢ surpreendentes. E enquanto os primeiros melodramas talves tivessett apenas um climax espeiacular,0 melodrama da virad no espirito do melodrama ‘observou 0 eritico inglés Archibald Haddon em 1905,"O elemeiito Iramano simples ¢ expansivo nfo mals encant® Dramas de vingem, nos diate hoje, ido sto propriamente montados a menes que cada cena seja um grito, cada titula, um bepro" Desmond MacCarthy, escrevendo alguns anos mais tarde no New Statesman, relterou essa percepcio:"O desen- volvimento do melodrama moderno tem se afastado dos altos sentimentos morais ¢ caminhado na diregde-de catdstrofes ¢ de engenhosas situagées de susgperise. Arengas nobees nto sto mals essenciais [..].O mecanismo [efeitos espetacolares) quase expulsou-a moralidade” A peca Bertha, the Sewing Machine Girl, de 1906, de Theadore Kramer, foi o exemplo tipica do novo paradigma do melodrarina: ela ineluia unsa corrida de quatro sentidos entee dots nutomveis, uma locomotiva ¢ uma bicicleta,¢ também urna corrida de bbareo a motor, carros de bombeiros apressando-se na direpio de um edificio em chanyas, varias cenas de tortura e um climax feito de um ciclone no qual 0 vilio fora morte por um raio." Em Edna, the Pretty Typewriter, um melodra- ma de 1907, de Owen Davie, a herofna saltou do telhado de-um edificio para 0 topa de um trem elevado em movimente, Qutra cena descrevia uma corrida entee autondvels reais colocados em um mainho antigo enquanto um imen- 0 pangrania ao fund movia-se rapidamente na diregle oposta, A heroina sequestrada saltava das garras do villa para 0 carro do herdi, que nese ponto, forgada além de seus limites, explodia. inicio do cinema ctminou com esta tendéncia de sensogoes vives ‘loot, por ekemmplo,ne inicio do “enema de atragSes” (para usar eter de Tom Gunning para os filmes centrados no espeticulo, antes do surgimento da interac narrativa, por volta de 1908) ¢ nos vigorosos melodramas de auspense como 08 thrillers de Griffith, produrides pela Biograph em 1998 & 1909 (The Patal Hour, An Awful Moment, The Lonely Villa, entre outros). Os filmes seriados do inicio da déeada de 10, como The Perils of Pauline e The Exploits of Elaine, aperfeicoaram, todas as foritas de petigo fico espeti- ule tersecional crm explosoes, colisées, engenhocas de tortuta, encenagdes elaboradas de lutas, perseguicdes e resgutes no Ultimo minuto. Nao é¢ de Surpreender que a vanguarda modernista, atraida pela intensidade das emo- shes da todemidade, tenha se apossado deisas séties,¢ do cinema em geral, » come um enblema da descontinuidade e da velocidade modeenas, Marinett & Sultos futuristas celebraram a agitagao do cinema como uma “thistura de objetos ¢realidade reunidos sleatoriamente” Para o% sureealistas franceses, Séries sensacionalistas “marcaram uma época” ao “onunciar as reviravoltas ddo novo miindo’ ses autores reconieceram a macenda inodernidade tama Be [Sttetido gensacionalista do cing feuileton (*rimes, patidas, fendmenes, nada menos do que a poesia da tassa poca") quaintn na poder do cinema cotno velculo pata transmitir velocidade, simultaneidade, superabundancia . Vinal e chaque vitceral (como Eisenstein, Vertov e outros cineastas/tedricoe iriam ern breve reelaborar),* Para Kracauer, Benjamin e seus muitos prececeasores, essa ampla esca- ada do divertimento sensaciomalists Tol claramente uum|sinal dog tempos: o Sefisacionalisma ers a conirapartida estética dis trans formagées fadicais do espaga, do tempoe datndtsttia. io evitar uma explicagio mais estritamente Socieeconémica,* eles conceberam, a comercializagao do “suspense” como. tum feflexo e um sintoma (assim.camo ura agente out catalisador) da made, nidade neuroldgica, A intensidade crescente dos entcetenimentos Populares, ‘atgumentaram, corresponcleu 4 nove estrutura da vida didria, Krseauer, cscrevenda em 1936,argumentau que os divertimentas baseades)| na“distragio® ~ isto &e fortes impresses desconectedas, atropeladas. inten- 3 onto um reflexo da anarquie descontrolada do feconhece’, observou, “ne pura exteriotidade, Sua rOptia Fealidade ¢ revelada na sequeéncia fragmentala de espléndidas imptes- 8605 [...]. Os cspetéculas que visam a distiagae sio compastos da mesina com) bingeto de dados extesiores que caractetiza © mundo das tnasies urhanee™™ ‘Astitica da exctagto superficial eda estimulacéo sensorial, afitmom Kracaner, 6 a6 Teeldo de experiéncia urbana ¢ tecnoldgica, Be jamin siderow esse conceito uma déeada mais ta dois de seus ensaios: um de 1936 sobre a Obra de arte e outro de 1939 sobre Baudelai re."O cinema! afirmou, “Corresponde & mudangas profundas no aperelho apereeptivo ~ mudiangas que sie €xpetimentads emi uma escala individual, pelo homem ha rua, no tnd. fego'da cidade grande e, em uma escala histérica, por qualguer cidadia dos diasde hoje? > rita répido do cinema ¢.sua-fragmentagtoandiovisual de tho impacto constituiram um paralelo aos ehogu ¢intensidades sensoriais us da vida moderna:“Em um filme, a petcepgio na forma de choques fot estabe- lecida come um principio formal. Aquilo que determina 0 ritmo-de produce em uma esteira rolante €a base do ritmo de recepeio no cinema ‘Embora Kracauere-Benjamin possam ter exptessada esta ligago entre sen- cacionalismo popular e modernidade urbana com multe aculdade, esta iden jd era bastante familiar. Por exemplo, um critico alec chamiado Hermann Kienal declarou em uma coluna de jornal em ign que os filmes exam a principal expressio da nova experiéneia metrapolitana.“A psicologia do triunfo do cine- ma’, proclarnou,"¢a psicologia metropolitana.A alma metropolitana, aquela salmva sempre atormentada, curiosa e desancorda, deslocando-se de impressko fugae em impressdo fugaz, é com rouita razko a alma cinemato gree" Em ‘uma veia similar, mas menos enaltecedora, Michael Dav's igou a estétiea do vaudeville ao hiperestimulo urbano. O ucudeville, Jamentou, era sintomatico da “excitagda da cidade e da desintegregia mental inducida pelo stile caleidos- chpica da vida de Nova York’. Em seu espeticula vivido, deserticulado e fugar. o veudavile espethava"a experiéncia proporcionada por sms passeio de bonde ou par qualquer dia ative de uma cidade abarrotadi’.”* Esse argumento tam- bémn avangou no discurso academico, Em um ensaiode spit na American Jour mal of Sociology, Howard Woolston (professar do City College de Nova York) enfitizot a conexdo entre a experiéncia moderna e 0 apetite pelos “choques intensos" no entretenimento. Ao catalogar uma série de barulhos da cidade € situagdes com multidées, Woolston observon que FAK nvida wrbana ¢mareada por sua estimulagho- acentuada [, profundamente @ sistema nervoso, © resultado natural ‘Facvasigmo crescente. A corrente agitada na qual ‘homens ficam iinersos pro- dog individin’s alerias, ativos, prontos para buscar novas satisfagtes. A recreate dos moradores da cidade & talvez 0 indice mais fiel de suas reaghes caracteristi- cos. O dlivertimento mais popular dar grandes cides hoje é fornecide pet taver- nas, sales Ge canga,tentro de variedades exibighés de imagens ¢m mento. CGoney Teland, com cuas"cachoeiras”e “solavancos%“accobacins aéreas da marte” "balan os circulares’.“apacelhos que facem cbcegae, peep shows, bares e mara vilhas gastrondmicas diversas, ¢ a estagio de lazer favorita de milhares de jovens nove-lorquinos, Hi “alguma éoise econtecendo a cada minute" [.]. Tade isso ten de. estimuilar umaatengio esgoteda, por meio de uma sucessio dz choques curios ccinténsos que reavivam o organi¢ma eansado para atividades renavadas." Bases afirmaghes sobre urna conexto entre sentacionalismo e moderssidade nd incorperaram diversas hipdteses, cabjacentes ¢ ‘sobreposiag acerca dos meca- anisms psicalégicns pelos quais 6 hiperestimulo moderne s¢ trenspas para 4 extética do entretenimemo popular, Kracauer, Benjamin ¢ seis piédeces- ‘sores parecem todos ter abragado uma nogio da mutabilidade di sensagdo e da percepeéo humanas. A modernidade, sugeritam, estimulave um tipo de Fenovagao-do aparclhio sensorial do individua, A metrOpole e a esteira rolan- te, excteveu Benjamin, sujeitaram “os sentidos humanos a um tipo complexo- de treinatento’: O organismo mudou de marcha, por assim diter, sincroni- zando-se ao mundo sceleradla, Esse condicionamento acabou por gerar uma “necessidade nova e urgente de estimulos’, uma vex que somente passatempos estinyulantes padiam correspon der as encraias nervosas de ura aparelho sen- stiio calibrado para a vida moderns.” Kracauer foi além nessa discusstio sobre a necessidade de estimulos. O sen- sacionalismo, afirmon, funcionou coma uma resposta corspensatéria a0 imento da experiéncia na inodernidade. DistragSes e excitagbes ofe- Teciamt itm escape niomentineo da "tensio formal [..] da empresa’, do frene etédio sem sent 0 irabaiho alienado na fébrica moderna e no escrt6rio burocratizade.® Simmel produziu um argumento simnilar jem 1896; em um ehstio sobre 2 Exposi¢ie Comercial de Berlim, observou:*Psrece que apessoa moderna quer compensar a uhilateralidade ¢ 2 uniformida le produzidas nay Givisiode trabalho com o crescente agrupamento de impres Bes heeglueal / pela mudanga cada vex mais apredsada c variada nas emogiies’" A divida de ‘Kracauet com Simmel (e talver cot um discurso jornalist 20 mals amplo}* std evidente aqui, mas Kracauer fot mais sensivel & ironia inerente an argu- Mento: para comesar, as excliagbes compensatérias do entretenimenta popu lar reproduaiom 9 préprio registro do hiperestimulo que viclavaa experiéncia mioderna.O trabatho alienaco ¢ a experigncia urbana “requerem compensacio” « Kracaver afirmou, "mas essa necessidade s6 pode ser articulada em termos da ‘mesma esfera superficial que impds a cardncia ld no inicio do ptocesso (..] A forma de enteetenimento necessariamente corresponde & da empresa’ Ossensacionalisio popular compensou ea0 mesmo tempo iimitou aestrutara frestica, desarticulada da vida modersa. As tentativas de compreender o sensacionalismo popular coma um sin- toma da vida moderna também ocasionaram uma crenga difndida sobre as consequéncias fsioldgicas da superestimulacto nervosa, Simmel, junto com diversos médicos especial: izadns em neurastenia (ou Snervasismo modern a"), iad as insistia que o estimulo sensorial excessivo com aquele associado as pressdes da vida urbana tinha 0 efeito. indameiital de exaurir ou incapecitar os-sen-" Uidns, A ideia era de gite os nervos hamanos eram sujeltados ao despaste fisico ¢ tornavam-se mals fracos, lentos e progressivemente men fou vyeis quando expostos a multos estimulos. “Nervas superexcitados e esgota- » doe criaram win modo de pereepGi0 “Tatigada” ov “blasé” que imaginava 0 mun “em um tom uniformemente insfpide e cinzento’." Sensagdes cada ‘ver mais fortes eram necessizias para penetrar as sentidos atenuados, para formar uma impressdo ¢ redespertar uma percep¢ao,* O sensacionalismo popular aparememente encaixava-s¢ nesse padrio. A demanda por excitar (aes intensificava-se A medida que a percepcio blasé exigia impressbes cada z {vet mais intensas, Siinmel earacterizou.a Exposicto Comercial de Berlim, de 4896, como uma manifestagio da necessidade, por parte do morador cansado tin cidade, de excitacSes cada vex mais vividas.” No mesmo ano, Maksim Gorki situou o cinema precisamente nesse ciclo inflacianitio de amorteci: mentos sensoriais € superestimulagio compensatdria. Suz descrigao original da primeira exibigae de imagens em movimento (pelos irmios Lumiére em Paris) comunicava o que paréce ter sido Uinta retériea j& camum sobre os perigos neurolégicos da “sede pelo estranhoe pelo nove” Felo menas mais uma hip6tese tentou explicar os mecanismos psicelépi- cos par detris da *necessidade nava ¢ urgente de estimulos’, Benjamin adap tou uma te0ria expe # Freud,em Aiém do principio do prazer, referente & funglo da ansiedade como uma defesa adaptativa contra 0 choque trau- guerra da Primeira Guerra Mun- dial, Freud. cbservou que 0 colapso soldados para 08 quiais 0 acontect Mas aqueles qu :preparado an ie nele, ensilanco-o mentalmentetepet acastumands-se a ele em pequenas doses Gonitroladas, fifo Sobreram grandes perturbagbes, Nese contexto, acreditava Freud antiedade era autoprotetora, Uma ver quco individue pedia defender-se contr o potencial traumatizani- te do choqud. "Quanto mais peontamente 2 consciéncia registra os choques’, escreven, “menos provayelmente cles terio um efeite traumético’* Benja- __ min aplicou essa ipotese & enperiéncia do cinema: os choques desse veicalo, PE cageriu, fancionavam como um tipo de preparagia on imunlzagio contra os ee ee en GRoguer do ambiente moderno,"A aceltacto dos chaques’, argumentave, "é facilitada pelo treinamento em enfrentar os estimulos"O cinema € a forma ae dearte que acompanha a anieaea creicente & vide que honiem mademno tem Ks _que enfrentar, & neceseidade do Hiomett de se expor aos efetos do chaque é z, yer 8 ‘seu ajustamento aos perigas que o ameacam’* G cinema, supés Benjamin, fornecia um treinamento em lidar com os estimulos do mundo moderne. Em sua amplitude ¢ diversidade, esses discursos em toro do sujeito da 8 modernidade — tanto as inumendveis representacdes da choque urbano quanto as tentativas de miltiplos niveis para entender o sensacionalisma popular como tim simtoma do hiperestinulo meerno — revelam ma fixagdo erftica, um sen« Ludo de urgéncia ansiosa em documentar ¢ disscear uma transformasiio social terrivel. No centro dessa fixago esté o fato de que observadores importantes de modernidade sentiram 0 “choque do niowa!” em primeira nido, Bles vivian em tra cultura que ainda nao havia se ajustado totalmente as transformaghes repentinas da experitncia. O milénio pré-maderno rio havia ainda se transfor: ‘mado em um conceito abstrato peculiar; era ainda uma meméria vital © tangivel, Que acentuava constantemenite a novidade eo trauma do munda modero. Orte- ly Gast descreveu com propriedade essa situacdo."O ritmo da vida moderna, avelocidade com a qual as caisasse mover hoe, forga e energia com que tudo & feito angustisan o homem de compleigao arcaica, c essa angtstia 6a medida do desequilibrio entre suas pulsacdes e as pulsagies do tempo’® A fixaedo critica na modernidede e no sensacionalismo fesslia, se nio a angistia, pelo menos a ansietade ce uma geragto que podia alnda sentir tal desequilforio, Notas 1 Seors Simmel “The Metopells and Mental Le erm Kurt H. Well edilogy of Georg ‘Simmel, Nova York, Free Press, i960, p. 410, * A Bopulacio urbana dos Estes Unidas mats do que qundruplicau entre 3870 e i9,de mena de 20 alles para mals de 42 milhdes. Em outeat palaveassa popalacao urba- a praticametie duplicou de aman a cada vnte anos entze 1880 ¢ 1900, por cxemplin, alow de 14 suilhécs para 0 milhoat. Os guilémectras de trlthes de hendes etricos na ‘epiie de Atltico Norte aumentaram e 2.953, em 1896, para 1017s, em 1963, Nos Ena. das Unides eome urn todo, a cobertura frees aumentou 2786 necser aapn de 18.069 para 3Goas quiimetrs ce tila (US. Bureau ofthe Censs,.9B0 Cenex of the Poptsion, ‘Weshlngton,D.Cz Government Printing Offi, ito, tabela 3: US Bareat ofthe Gennes ‘Speticl Reports Sime and Electric Railay, Washington, D.Ca90.. 34), 3 Uns box compilacta odo imagens de arquivo de filmes de Manhattan por voltae 1900 Pade scr encontrada no episbdlo ste da série da ons Heritage: Cslizalion and the lens asa aérc esti dlsponivel em video emi muitasbiblintecas piblicas dos Estados Unidos, Alists dc oxibisio da conferdncia "Cinema Terns 106 realleada sob cs eusplcios da pom fos een Nova York em 1994, dnclué diversas cenae de rua do jrérioda de i8pé-igea doe Drinciptis arquives de fitne da Europa c Estaros Unies, 4 Mike Eeathetstone,"Theaties of Gansurer Cults’ em Coveney Cuan did Pedtinadérs ‘iton Lon dre: Saye Puttestons, 1931, p-24 [Cutan de consumo ¢ piccmaderniems, Sho Paulo: Studio Nobel, 9], § Um Semple de ensaio acadtinico ¢“The shat Mat of Mind de Howard BL Woolston, tan The Americar fosrnal of Sociotogy.v. rn. spp. scaei4, an. gia. Stephen Kern afer, ce uma pesquisa estimate o ecttiea de lioratura contemportinea ¢ dleeursos arthticos sobre velosidads fropmentactn © maderohlade (cerna os moalfeiescubsta efit]

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