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UNIVERSIDADE BO ESTADO DO RIO DE JANEIRO | ® — eensamense ga ad | Gontemporaéneo Reitora | Nilegs Freire Vice-ritor Celso Pereira de Sé Pierre Bourdieu ab Entrevistado por | F | ey Maria Andréa Loyola DITOR DA UNIVERSIDADE DOESTADO DO RIO DE JANEIRO j Conselho Baitorial 4 | ‘onso Carlos Marques dos Santos | j Bon Lages Lima | vo Barbieri (Presidente) José Augusto Messias | Leandro Konder dP ald Rio de Janeiro } 2002 turas ¢ atitudes na contramio dos interesses dominan tes, também contribuiu para desencadear ume contro~ vvérsia acerca de quais seriam os limites dessa modali- dade de intervengio, De resto, convém no esquecer, nio se conhece, em toda a histria intelectual contem- pordnea, qualquer cientista social importante que nao tenha, ao mesmo tempo, assumido uma posture police ccombativa, quase sempre buscando atuar nos planos da vida intelectual e do sistema politico, Isso ocorreu tan to Id fora como aqui: basta invocar os nomes de Caio Prado, Florestan Fernandes ou Antonio Candido. No Brasil, também possumos a tradigfo de combater nes- sas duas ftentes complementares. Sorte nossa, Bourdieu e a sociologia Maria Andrée Loyola A profissio de sociétogo Os caminhos que © sociélogo deve seguir para construir uma ciéncia do social constituem 0 ob- jeto de um dos trabalhos do inicio da carreira de Bourdieu, escrito em parceria com Jean-Claude Passeron ¢ Jean-Claude Chamborédon: A profissao de socidlogo — preliminares epistemoldgicas (1967) Caminhos reafirmados com o amadurecimento de quem os seguiu a risea até seu iltimo curso, ministrado em 2001 no College de France: Science de la-Science et reflexivité [Citncis da ciéncia ¢ reflexividade} A profisstia de sociélogo & considerado por ‘guns um prolongamento da obra metodolégica de Durkheim, na medida em que advoga que os fatos so- ciais devem set construidos para se tornarem objetos dda sociologia. Nesse livro, Bourdieu recusa uma das Jnumeras antinomias das ci€ncias sociais contra as quais se insurgiu: 0 divércio entre teoria © pesquisa empitica. Para Bourdieu, teoria e pesquisa devem estar permanentemente relacionadas entre si e a um projeto intelectual, ow seja, « uma proposta de explicar ou de fica do mundo social ‘compreender uma parte espet Segundo ele, um dos principais problemas da teoria so- cial contemporinea advém de uma concepyio do traba- Iho cientfico que separa, reifica e compartimentaliza em cespecialidades distintas os momentos de um mesmo pro- cesso de consttugio do objeto sociol6gico, o que favo- rece a “audécia sem rigor” da filosofia social e 0 “tigor sem imaginagio” do erpirismo. Teorias’ Sobre 0 social ‘do si necessatiamente teorias sociol6gicas, mas tio- comente aquelas que respeitam os principios do conhe- cimento sociolégico do social; isto é, que utilizam si- rmultaneamente pensamento teérico sobre 0 social ¢ ané- lise de um corpo sistemético de dados construidos (ob- servagho direta, entevistas, questionérios, arquivos etc). © primeiro obstéculo a ultrapassar num novo trabalho € aquele das palavras, das categorias que pré- constroem © mundo social © so esquecidas ou se fa- 4 zem esquecer pela evidéncia. © socislogo deve Ietar contra suas prenogdes e, sobretudo, conta ae evidéne cis de consiugho social de reaidade, Para Bourdieu, < impossivel dssociar a construgio do objeto dos ins trumentos de construgio do objeto-e de sia criticn, B o que ele chama de tora reflexive, que pressupde ume reflexdo do sujito sobre si mesmo, mas que requer também “ume exploragdosistematica das categrias de pensamento impensadas que delimitam o pensivel © predeterminam 0 pensamento,guiando a realizagto pré- tice de pesquisa” (Bourdieu, 1982) ‘A rupura com as percepe6es comuns coloce o sociéloga om posigio de trazer 8 luz, como diris Marx, a6 relagdes objtivas que homens e mulheres estabelecem necessariamente para produzir sua exis- tencia social. Essas relagdes, na conceituagio de Bourdieu, formam um sistema de estratégias de repro- dlugdo, 04 seqiénciasobjetvamenteordenadas ¢ oren- tadas de prtieas que todo grupo deve produrir para se reproduzir enguanto grupo, que nos permitem pensar cm sun unidade os fenémenos objtivamente ligados aque as diferentes citncias do homem apreendom de odo disperso. O lugar atibuido 8 rligito e& pote, a escolha do eBnjuge, o nimero de fithos, «rela 0 corpo so pritcas diferentes, mas, do ponto de vista de ama teoria unittia do social, so comuns, na medida em que visim defender 0 estatuto socal do indviduo no grupo e do pe6prio grupo ao qual ele petence. Essas estragiasformam um sistema sui generis que s6 pode ser peteebido enquanto tal se colocamos em rslegfo 0s dominios da vide social que slo normalmente tatados pelas ciGncias separadamente ee partir de métodos distintos 6 As ferramentas do sociélogo Bourdieu empresiou também do ‘marxismo a nop de eapital como relagdo sociale idéia de que 8 posse do capita! econdmico contre, aos que © pos. fuem, poder sobre os desprovidos. Mas ele estende essa nolo & outzas formas de riqueza,criando eoncetos somo o de capil cultural, que designa uma relago privilege com a cultura eruita ea cultura escolar de

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