OBRAS DE TERRA - Notas de Aulas - 2sem15 Estas notas representam um lembrete dos principais tépicos discutides em sala de aula, Para o estudo aprofundado, deve-se utilizar a bibliogratia recomendada pela disciplina. Assim como o concreto € 0 aco sao os principais materiais que constituem as estruturas de concreto, ou © aco € o principal constituinte das estruturas metélicas, as obras de terra sto ‘aquelas em que « terra é 0 principal material de construgéo. Ao contrdrio do que possa parecer, & primeira vista, estas edificagées esto entre as de maior relevancia na engenharia civil, tanto em importancia quanto em quantidade, Dentre elas, esto as represas, as estradas e os aeroportos Os aeroportos ¢ as estradas, sejam redovias ou ferrovias, via de regra, sd construidos Principalmente com terra. A sub base, a base ¢ 0 pavimento, seja asfalto, concreto ou trilhos, geralmente sdo obras de pequeno volume se comparadas & terraplenagem, Além disso, quando hd um colapso em obras desse tipo, geralmente este acorre na obra de terra, ou seja, 0 colapso € devido a alguma ruptura importante no macico terroso M4, ainda, ume ampla variedade de edificacdes empresaricis construidas, quase sempre, sobre terreplenos, ou seja, que dependem diretamente da estabilidade da obra de terra Hidroelétrica de Itaipd. Disponivel em: Apesar de conter grandes obras de conereto, tais como casa de forca e vertedoures nas sings hidroelétricas, instolagses de captacéo e recalque para estacées de tratamento de gua ou Para irrigagdo, as represas séo constituidas bdsica e essencialmente de terra, como ilustra, esquematicamente, a figura a seguir.Disponivel em: http://www itaipu qov.br/energia/barragem: acesso em 16/08/2015. © processo de producto de qualquer edificacdo se inicia pela compreenstio do releve do terreno, geralmente representado por um levantamento topografico. A consideracdo das trés cimensées, comprimento, largura e altura, da superficie do terreno, bem como das suas vias de acesso, € indispensével para a elaboragde des projetos. A Figura a seguir, por exemplo, representa o levantamento planialtimétrico de um lote onde serd instalade uma indistria e, para isso, serd necesséria uma terraplenagem. ua rte 9080 passe pubes ‘ eS he 4978 966 ~ 100.00 A ‘cota de nivel de acabamento do macigo de terra resultante seré definida em funcio da cota do piso definida pelo projeto arquiteténico, que deve levar em consideracdo diversos fatores, entre os quais, os acessos e.a visibilidade do edificioObservando o levantamento, verifica-se que o ponto mais alto do passeio piiblico esté na cota 103,72 m, na extremidade direita do alinhamento da rue trés. Para visualizar o relevo com mals rigor técnico, € importante desenhor cortes mostrando o perfil natural do terreno (PNT), como o corte A-A tragado na figura a seguir. 108.00 103.00 wm Se 10100 rr = 0000S — 93.00 ee 978 os % h Empregando o mesmo procedimento é possivel tragar mais cortes, como os cortes 8-8, €-C € D-D, representados nas figuras a seguir. 10400 {030 ‘oe SS tatoo = 100.00 —_ Nr __ 99.00 _ 3000 Se 300 corte 8-8 12400 to Bie. ‘B39 ast 101,00 1.00 ie ont 00 Oo woo Bo Ro oa Corte c-c ee Corte D-D A partir da definicdo da cota de piso da edificactio é possivel determiner 0 volume do. ‘movimento de terra a realizar, Pode ser necessério trazer terra de fora do lote para realizar @ terraplenagem, em linguagem técnica, serd necessério um empréstimo de terra. Se ocorrer 0 contrario, isto é se sobrar terra a ser levada para fora do lote, serd necessdrio um bota foraSempre que hé a necessidade de um bota fora, a legislacio exige que a disposigtio deste Material excedente seja controlada ¢ realizeda em local adequad, Nos centros urbanos jé hd locais licenciades para recebe o material, que fornecem os devides certificados da sus correta Aisposigie, O bota fora, em obras de maior porte, esté entre os mais importantes aspectos do Estudo de Impacto Ambiental e do Relatério de Impacto no Meio Ambiente (ELA/RIMA) Quando hé a necessidade de empréstimo de terra, a primeira providéncia é encontrar a yazida mais préxima da obra, Jazida é a denominago técnica de uma drea de onde é possivel retirer solo com as caracteristicas necessérias e em quantidade suficiente para realizar obra Ge Terra pretendida. A aprovagdo da jazida é verificada antes de iniciar a terraplenagem, por meio de ensaios com amostras do seu solo. Suponde que 0 arquiteto tenha definide 0 nivel do piso do edificio na cota 102,00, por exemplo, para ficar acima do nivel da esquina e de boa parte de ambas ruas, serd necessario Trazer terra de fora para realizar a terraplenagem. O volume necessério pode ser estimado lancando-se os aterros em cortes semelhantes aos jé elaborados, ilustrados a seguir. 10400 10300 10200 10100 10000 3900 5800 3700 Corte A-A 10400 10390 102.00 10100 feo. 99.00, 3600 3700 1040 103000 _put k — S 102095 ee cE = to100 = 5 — 19090 Ere 93.00 z —— 5800 Corte c-€ wee Corte D-D Exercicios de aplicagdo: 1) Estimar o volume de uma faixa do macico de aterro, com largura de 20 m em torno do corte C-C, sendo 10 ma sua esquerda e 10 m d direita. 2) Estimar o valor da tensiio de compressio que esta faixa de aterro exercerd sobre 0 solo natural, considerando que a compactagao especificada deve resultar numa densidade de, pelo menos, 1,70 tf/m?, Solugées: 1) Observado os cortes A-A ¢ B-B, verifica-se que, sem aumentar muito as imprecisdes, a faixa em tonne do corte C-C poderia ser substituida por um retangulo cuja altura é cerca de 10 cm menor do que a altura do aterro na segdo do corte C-C.10400 103.00 1000, 1000 102,00 = — aes a 0100 —~ 100.90 om 9900 98.00 Ey Corte AA 104,00 103,00 102.00 101,00 9900 38,00 S700 Corte 8-8 Observado o corte C-C, verifica-se que a segio de aterro prevista poderia ser substituida pela Figura de um trapézio, indicada em vermelho na figura a seguir. 104.00 103,00 |, 102,00 10100 100,00 99.00 98.00 97,00 4610 Corte C-¢ As dimensdes seriam, aproximadamente: ~ base maior, a da esquerda, com extensto aproximada bi = 4,40 m. ~ base menor, a da direita, com extenséo aproximada bz = 2,10 m, ~ altura equivalente & media da extensio da faixa, cerca de h = 46,10 m, A valor da drea desta figura seré aproximadamente, A = (4,40 + 2.10) m x 46,10 m= 150 m2 2 Sendo a largura da faixa de aterro |= 20 m,o seu volume aproximado seré, V= 150m? x 20 m= 2) O peso deste volume de terra, compactado até obter uma densidade minima de 1,70 tf/m, seria cerca de: 3.000 m'x 1,70 tf/m*. = 5.100 tf. Utes. @ questdo pede a pressdo exercida pelo macico sobre o sole natural do terreno, ndo 0 peso de macicgo. A presto seré proporcional ao peso do volume de terra colocado sobre uma cerns Grea e, portanto, vai variar de um ponto pare outro. Préximo ao muro de arrimo, por exemplo, a tensdo de compressiio serd da ordem de P= 4.4 m° x 170 tf/m? = 7.5 tf/m? 1,0 m* Prdximo ao do talude frontal, seré da ordem de: P= 2,0 m? x 1,70 tf/m? = 3,5 tf/m’, 1,0 m*Contudo, cinda mais importante do que a estimativa das tensées, dos volumes de corte ¢ de aterro, é observar a magnitude dos novos macicos e as contencées necessérias. Préximo ao corte C-C, 0 aterro ter mais de 4m de altura, nao sé provocando grande elevacdo de tensées ‘no subsolo, com também necessitaré de uma parede de contencdo de grandes proporcies. ESTABILIDADE DOS MACICOS DE TERRA A estabilidade de um macico terroso depende, basicamente, da composicdo da terra que © constitui, da mesma forma que a estabilidade de uma estrutura de concreto armado depende da constituicdo do concreto e do aco nela empregados. Desta forma, o ponto de partide para uma obra de terra é o adequado conhecimento dos diversos tipos de solos, das suas caracteristicas, propriedades e comportamento, Tratando-se de uma represa, por exemplo, a principal caracteristica do macico terroso deverd ser a baixa Permecbilidade. Os solos indicades devem ser aqueles constituidos de particulas sdlidas mais finas, com elevada coestio, ou seja, solos argilosos, Jé para drenagem, por exemplo, em que a caracteristica esperada é uma permeabilidade elevada, os solos indicados stio os pouco coesivos, constituidos de particulas sélidas maiores, ou seja, os solos arenosos. Para cada obra de terra, portanto, é indispensével conhecer: ~ a8 caracteristicas geolégicas dos componentes do subsolo local + 98 caracteristicas geolégicas dos componentes do solo a ser utilizado, ~ a influéncia da dgua sobre tais componentes ‘A Mecénica dos Solos e das Rochas estuda o comportamento dos diversos tipos de solos € de rochas, em fungio de alteracées em seu estado de tensdes, criando métodos cientificos Para subsidiar projetos de engenharia, nas questées de obras de terra, de fundacdes e de contengées, Porém, as correlacdes empiricas desenvolvidas por esta ciéncia ndo devem ser assumidas com o mesmo grau de certeza, por exemplo, das férmulas Quimica ou da Fisica cldssica, “O Fendmeno da Mecanica dos Solos tem que ser conhecido em sua totalidade geolégica, fisica ¢ téenica; surge ai a Geotécnica, que combina uma Geologia, mais observada do ponto de vista fisico, e uma Mecénica dos Solos, mais ligada aos problemas geolégicos” (Milton Vargas) A capacidade de suporte de um terreno, por exemplo, é determinada pela resisténcia ao cisalhamento dos solos que constituem as diversas camadas do seu perfil geolégico. Mas, devido ds variagées das composigées dos subsolos, a determinacéo do valor dessa resisténcia torna-se um dos mais complexos problemas da engenharia (HAEFELT, apud CAPUTO, 2012). Em primeiro lugar, é preciso compreender que os solos ndo siio como os demais materiais de construsdo, tais como 0 concreto, 0 a¢o, o aluminio ou mesmo a madeira, cujas resisténcias e comportamentos sdo bem conhecidos e calculdveis.Os soles niéo sto materiais sélidos. Os solos sdo materiais constituidos de componentes que se apresentam em trés diferentes estades fisicos, lustrades na figura a seguir: ~ _componentes sélides, que sto minisculas particulas de origem mineral ou orginica, > componentes liquides, em geral dgua, ~ componentes gasosos, principalmente ar e vapor d'égua, A proporgao entre as quantidades destas trés fases, que se altera continuamente, é 0 fator que mais condiciona o comportamento des solos. A compreensdo desse comportamento & ‘¥40 importante quanto a definicdo dos seus indices fisicos e das férmulas e métodos de edlculo. E mais importante prever 0 comportamento de um solo coesivo apés uma escavaciio ou um eterro, do que determinar o valor exato da sua coeséo, em laboratério, com 0 ensaio de uma amostra em condigées similares as de campo, como ilustra a foto a seguir. Da mesma forma, é mais importante considerar corretamente o comportamento de um Sele arenoso, em fungdo de um rebaixamento do respectivo lencol freétice, da que determinar com exatidéo o seu coeficiente de permeabilidade. A resisténcia de um solo ao cisalhamento depende basicamente da coesdo ¢ do atrito entre as suas particulas sélidas. A coesiio de um sole ocorre pela ligacio eletrolitica entre as particulas sélidas, através do menisco de dgua que se forma nas superficies de contato entre elas. a Fase gasosa Fase sélide a — Fase liquide Menisco de dua igog0 eletrolitica)Quanto maior a drea de contato entre duas particulas, maior é 0 menisco e a intensidade da ligacdo entre elas. De maneira bem simples, os solos coesivos sao aqueles cujas particulas sélidas esto mais fortemente grudadas umas as outras. Nos solos arenosos, cujas particulas tém formato granular e grandes dimensdes, é baixa a coesto. A superficie de contato entre duas particulas de areia é pequena em comparacdo com @ sua superficie e o seu volume total. Desta forma, 0 menisco de dgua que se forma é pequeno €.a ligacdo entre ambas é fraca em comparagdo com o peso das particulas. Areias: meniscos d'équa pequenos ligacdo fraca (Atrito interno) Nos solos argilosos, por outro lado, as particulas sélidas tém formato lamelar, ou seja, semelhante a minisculas almofadas, além de dimensies muito menores. Assim, a superficie de contato entre tals particulas é grande em relagiio & superficie e ao volume das particulas. O mmenisco de dgua também é grande e a ligaciio eletrolitica bastante forte em comparagio com 0s pesos das particulas, Por isso a coesdo é elevada nos solos argilosos Argilas: meniscos d'égua grandes ligagéo forte (Coesdo) Para lembrar destes conceites na prética da engenharia, pode ser bem util recorrer as hossas memérias da infancia. Quando brincévamos com barro (solo argiloso) era fécil moldar qualquer coisa, Quanto ‘menos sentiamos as particulas sélidas (particulas minisculas e lamelares), ou seja, quanto mais macio era.o barro, mais fécil para moldar o que quiséssemes, pois a massa de solo permanecia grudada (coestio), E, depois de secas, aquelas pequenas esculturas nao perdiam a forma, Em solos argilesos podiamos cavar buracos para fazer campos para jogar bolirhas de gude, Com uma adequada inclinagao dos taludes dos boxes, aqueles campinhos se tornavam Pequenas obras de engenheria, estdveis e permanentes, No entanto, isto no era possivel em solos arenosas. Sabiamos, por intuigdo, que toda intervengio em solo arenoso era provisdria e instével, cinda que, dependendo do seu teor de umidade, apresentasse alguma coestio. Para fazer castelinhos de areia era necessério mother bastante o material, para que as sues particulas grudassem umn pouco umas &s outras. Mas i sabjames que, @ medida que o calor do sol fosse retirando a sua umidade, as particulas se desprendiam e a edificacdo se desfazia, Isso se alguma pequena marola ndo chegasse antes ¢ carreasse parte do material, fazendo a obra entrar em colapsoHavia ainda um outro tipo de barro, também fécil de moldar mas néo tio macio, quando bem espremido, A medida em que ia secando, baixando o teor de umidade, a pega moldada ia se esfarelando. Os campos de bolinha de gude, nesse tipo de solo, precisavam de mais consertos, ois os taludes dos boxes se desfaziam com frequéncia. Eram os solos siltosos, com particulas solidas quase tao pequenas quanto as das argilas, mas de formato de granular, como de areias Porém, todo esse conhecimento, empirico e intuitivo, parece se perder apés a infncia.. Apesar do amplo conhecimento jé adquirido a respeito dos terrenos litordneos, e apesar dos indmeros estudos geotécnicos realizados para a elaboracdo de projetos de maior porte, certos acidentes, como o ilustrado na foto a seguir, ainda sdo considerados como imprevistos uy = : = ek! an! Creatas Gattuso geenreeresrromncie Eieciincormictay. Seanumae Otpe Saemnuceanes Sccbaionsenarmen wamenreapaniee contort Fonte: jornal 0 Estado de S. Paulo Hd uma ampla variedade de ensaios e testes que podem ser aplicados para se investigar @ constituigdo dos subsolos, pois a abrangéncia e a profundidade do conhecimento devem ser Proporcionais co porte e & importancia de cada obra AS perguntas iniciais, ao pensar em estudos preliminares, devem ser do tipo, trata-se de uma represa para uma usina hidrelétrica ou para um pequeno acude? Trata-se de uma ponte, de um viaduto, ou de uma passarela para pedestres? ‘Trata-se de uma pequena casa popular ou de um conjunto de prédios de muitos pavimentos? Para pequenas edificacées, pode ser suficiente distinguir solos arenosos, solos siltosos ou solos argilesos, minerais ou orgénicos, obter-se uma nocto razoével da sua capacidade de Suporte © detectar a presenca e a profundidade do lencol fredtico, Nestes casos, o meio mais simples de investigacdo é a denominada Andlise Visual Téctil. 9Andlise Visual Téctil Uma Anélise Visual Téctil busca apenas reconhecer es camadas do subsolo do terreno, Gs Sues espessuras, 0s tipes de solo que as constituem e 9 nivel do lencol fredtico. Esta andlise deve Ser realizada por engenheiro com certa experiéncia, uilizando amostres que podem ser obtidas, por exemplo, por meio de uma escavaciio com um trado manual Para obres de maior porte, séo necessérios ensaios cuja complexidade aumenta conforme a complexidade da obra, Standard Penetration Test (SPT), O mais bésico dos ensaios disponiveis, e também o mais utilizado no Brasil e no mundo, é 0 Stondard Penetration Test (SPT), ou Sondagem de Simples Reconhecimento com SPT. segundo a NBR 06484 - 2001. Apesar da simplicidade dos equipamentos e do seu processo de execucdo, 9s pardmetros obtides so internacionalmente reconhecidos e aceitos para a determinagéo da constituicdo ¢ da capacidade de suporte das camadas do subsolo Um cilindro, com massa padrenizada, cai sobre um tubo de 2", Sempre da mesma distancia, também padronizada. A energia empregada em todos os golpes 1assa padrenizada também é constante. = Fav (tura padronizada E= mgh = “2 A quantidade de golpes (pacotes de energia) necessdria para 0 tubo penetrar os tiltimos 30 em de cada metro de profundidade do fure é 0 nimero SPT. Este nimero fornece uma boa ‘indicagdo quantitativa a respeito da resisténcia do solo. 10Um relatério bem elaborado deve conter, pelo menos, as seguintes informacées: Lent ificazaio do Furo - SP ON Dive | Protundidade ~ : em relogio Classificagto do Material égua SS"TB RN | ao fur 101,62 14 J ‘Aterro de entubho (Abu, preu per er) 109,41 a 100_} NA. Aterro de silte argiloso (mammal escobhido) 2 | 98.52 4 aes oe | 4 Argile orgdnica, muito mole. cinza escure 98,34 = 6 sf Argila siltosa, pouco arenosa. mole cmza 94,16 14 “| sosvar Areia fina. siltosa, poueo compacta cinza 19 4 Fonte: © autor A especificacdo da quantidade e « localizagio dos furos de sondagem é da competéncia do engenheiro encarregado de elaborar 0 projete. Sdo necessérios pelo menos trés furas nis alinhados e com disténcias de 15 a 30 m entre si. A localizagéi dos furos deve ser indicada em uma planta, de preferéncia numa cépia do levantamento tepografico, como representada na figura a seguir, mas também pode ser sobre um croquis, desde que seja clara e inequivoca.O ideal € adotar a mesma Referéncia de Nivel do levantamento topogrdfico, desde que SeJa num ponto que pessa ser preservedo ae longo da obra, como uma cabeca guia ou um piquete num dos cantos da testada do terreno. Denominar esta referéncia como RN = 100,00 m, em vez de utilizar o nivel de mar ou 0 0,00 m, permite trabalhar apenas com ndmeros positives, 0 ‘ue facilita o tracado das camadas do subsolo ¢ da edificagiie no perfil geolégico do terreno Com 0s resultados dispostos sob a mesina régua, relativa a RN, como 0s relatérios dos fares préxites ao corte C-C, representados esquematicamente a seguir, é possivelimaginar a ‘Sequéncia das camadas de solo que constituem este terreno, [SeeDARD PENETRATION TEST S7_ [STANDARD PENETRATION TEST. 54_ | STaNDARD PENETRATION TEST. SP SPT |Pref, classifcagdo de Mater ni ‘esi eae do Matera Pret | Clssfcag do Material Area sites. poco Site argos, marron overmshade so _| flo [anceps nner | fl “ee Sait arena | enone pe pmoonea ae Talepactaien fos] “mermems® | E) 3) “ateoseoaa }—temitienerede _ | cee Arca aii Aneraecensce Y=) ave de ace a Desta forma, 0 terrapleno ¢ o perfil do subsolo, no corte C-C do terreno em estudo, podem ser representados pela figura a seguir, 102,00 101,00 100,00 99.00 98.00 97,00 96,00 92,00 __cinza escura 100 Seal Aerecte de Rocha = Corte C-C Fica claro que o perfil geotécnico do subsolo ni é constituide de camadas horizontais e uniformes, mas apresentam tanto relevo quanto a superficie do terrenoAs solucses para questées de obras de terra sempre sto complexas e, portanto, sempre. exigem mais 0 raciocinio do engenheiro do que a simples aplicacéo de férmulas e tabelas A compactagéo do aterro é a parte mais previsivel e controldvel destas obras. Escolhida a Jazida de onde serd feito o empréstimo, realizados os ensaios para definir « faixa de umidade ideal para a compactagio, executam-se as camadas de aterro, verificado-se a densidade obtida a cada camada. A parte complexa é 0 adensamento das camadas subjacentes do subsole, que ocorreré independente da qualidade do aterro. De um lado, porque a espessura de cada camada nunca é Uniforme, As regides de maior espessura sofrerto maior adensamento, De outro lado, a carga aplicada sobre o perfil natural do terreno também no é uma carga uniformemente distribuida, Ne regido do corte C-C, do exemplo em estudo, a carga devida ao novo macigo de terra 44 foi estimada em cerca de 7,5 tf/m’, nas proximidades do arrimo, e em cerca de 3,5 tf/m® nas proximidades da frente do lote, No subsolo, a camada sujeita ao maior adensamento é a de argila engdnica muito mole, com elevada espessura onde a sobrecarga é mais elevade, mas que vai se reduzido até desaparecer, a medida que a sobrecarga também se reduz, Sendo assim, mesmo com a melhor qualidade possivel na compactagdo do aterro, seré inevitével que o adensamento desta camada de argila orginica dé origem a elevades recalques diferenciais no macico terroso. DEFORMACGES DEVIDAS A SOBRECARGAS VERTICAIS As sobrecargas verticais sobre um terreno, devidas a aterrosea fundagées diretas de edificacdes, cousam deformacées cu movimentos. Quando o terreno niéo dispde de suficiente confinamento lateral, isto é, arrimo ou qualquer tipo de contencdo, ocorrem os deslocamentos Quando hd confinamento lateral, ecorre apenas deformaciio, ou seja, adensamento, também conhecido como recalque. Adensamento é ume redugdo da espessura de uma comada de solo, devida & expulsiio da fase liquida dos vazios, causada pela acomodacéio, lenta e natural, das particulas solids. Os solos arenosos sofrem deformagies mais ropidamente. © tempo de deformacdo dos Seles argilosos é mais lento e é tanto maior quanto maior for o seu grau de saturacdo O edleulo de tals deformacdes, ou seja, as estimativas de recalque e a sua evolucdo ao longo do tempo, séo feitos a partir dos estudos de compressibilidade e adensamento dos soles As suas premissas bésicas so ~ A presséo aplicada numa camada de solo é aplicada na sua fase liquide, ~ As particulas sélidas nao se deformam, ~ © que diminui é o indice de vazios dessa camada de soloindice de Vazios (€) = Volume de vazios Volume da fase sélida Como a camada € confinada lateralmente, a sectio horizontal se mantém constante ¢ a varlagdo do indice de vazios implica apenas na variagio da espessura da camada, Esta variacéo € diretamente proporcional & variacao do indice de vazios (Ae), & espessura da camada (h) e 'nversamente proporcional ao indice de vazios inicial (i), ou Seja, antes da sobrecarga A férmula geral do recalque é: Ah= Ae xh t+ei Os Indices de Vazios, inicial e final, sto determinados em laboratério. O tempo que uma camada de sole compressivel levaré para atingir razodvel estabilidade, a pratica considerado 0 recalque total, pode ser estimado a partir do tempo que uma amostra, sob as mesmas condi¢des de carregamento, leva para atingir 0 mesmo grau de adensamento, A relacdo entre o tempo necessdrio para a camada e para a amostra serd: te = he? onde: te = intervelo de tempo para adensar a camada ta ha® ta = intervalo de tempo para adensar a amostra he = espessura da camada ha = espessura da amostra Exemplo de aplicagdo: Para analisar as diferencas de recalques em diferentes pontos do terrapleno em estudo, foram realizados 2 ensaios de compressdo axial com confinamento lateral, em amostras indeformadas da camada de argila orgénica do subsolo, com 20 em de altura, Os resultados obtidos foram: - indice de vazios antes do ensaio, €i = 1. 234 ~ indice de vazios apds 0 ensaio sob uma tensdo de compressdo de 6,8 tf/m’, &f = atingindo razodvel estabilidade depois de cerca de 19 horas e 30 minutos indice de vazios apés 0 ensaio sob uma tensdo de compressio de 5,1 tf/m’, €f = 1,112, atinginde razodvel estabilidade depois de cerca de 17 horas ¢ 15 minutos, 987, Na regido do corte C-C, a sobrecarga de 6,8 tf/m? corresponde a um ponto situado a cerca de 10m do arrimo, Neste ponto, a camada de argila orgénica tem cerca de 4,20 m de espessura O recalque nesse ponto pode ser estimado por: (1.234 - 0.987) x 420 em = 46 cm 1+1234 O intervalo de tempo para atingir esse recalque pode ser estimado por te = he*® ou te = 420° x 19,5 = 8,599.5 h = 358 dias = quase 1 ano, ta ha* 20°da sobrecarga de 5,1 tf/m* corresponde a um ponto situado a cerca de 30 m do arrimo, Neste ponto, a camada de argila orgénica tem cerca de 1,60 m de espessura, O recalque nesse ponto pode ser estimado por: Ah = Ag xh = (1,234 - 1,112) x 160 em = 9 cm 1+ei 141,234 O intervalo de tempo para atingir esse recalque pode ser estimado por te = he® ou te = 160% x 17,25 = 1.104 h = 46 dias ta ha® 20° Exercicios: Ammostras de um solo argiloso, com 10cm de altura, foram submetidas a ensaio de compresstio axial com confinamento lateral, com tenséo de 120 kN/m*, O adensamento destas amostras foi considerado estével apés 13 horas e meia, em média, com indice de vazios da ordem de 0,911. Neste terreno serd construido um edificio com fundacées diretas, cujas tensées aplicadas no solo também giram em torno de 120 kN/m*, A sondagem do subsolo indica que, sob as sapatas Para os pilares centrais, a camada do solo ensaiado tem espessura da ordem de 14 m, mas, sob alguns dos pilares periféricos, a espessura chega a ter apenas 8 m de espessura, Considerando que, antes dos ensaios, 0 indice de vazios deste solo era 0,963, determinar: ~ Qmaior valor eo tempo de recalque para os pilares centrais. Resp.: 37cm em 30 anos, © menor valor € tempo de recalque para os pilares periféricos. Resp.: 21cm em 10 anos, 2) 05 pilares do poco de elevadores e caixa de escadas de um grande edificio sero suportados or um radier com 12 m de comprimento por 10 m de largura, construido sobre um solo arenoso. A carga total, permanentes mais acidentais, deste conjunto serd da ordem de 36.000 kN, Sob esta camada de solo arenoso muito compacto, hé uma camada de argila rija, com cerca de 16 m de espessura, de onde foi retirada uma amostra de 20 cm de altura, para realizar um ensaio de adensamento, O indice de vazios da amostra indeformada era 0,852. O ensaio levou 4 horas e 10 minutos para atingir razodvel estabilidade, com um indice de vazios 0,816. Determinars ~ O valor estimado pare o recalque total deste radier. Resp. 31cm, ~ O tempo esperado pare o recalque total deste radier Resp: 3 anos ~ O valor da tensiio de compressdo aplicada sobre a amostra, Resp.: 300 kN/m* ~ A drea da sapata para um pilar periférico com carga de 2.400 KN, Resp: 8m’. 3) Para a rampa de acesso a uma ponte serd executado um aterre sobre uma camada de solo arenoso de aproximadamente 6 a 7m de espessura, As sondagens do subsolo indicam que, sob esta, hd uma camada de argila orgénica muito mole, sobre uma camada de argila siltosa muito rija ¢ alteracdo de recha. Amostras da camada de argila orgGnica, cuja espessura varia entre 30 m, na juncéio com a ponte, e 10 m, a 120 m dessa jun¢do, foram submetidas a ensaios de compressiio axial, O adensamento das amostras de 10 cm de altura, cujo indice de vazios era 1,357, com uma tensdo equivalente da parte mais alta do aterro, levou cerca de 26 horas pare ctingir razodvel estabilidade, com indice de vazios 1,258. Para uma tenstio equivalente a parte mais baixa do aterro, a razodvel estabilidade ocorreu em 21 horas, com indice de vazio 1,321 Nestas condicées, determinar:~ O valor esperado para 0 recalque do aterro na juncdo com a ponte. ~ O valor esperado para o recalque a 120 m de distancia, ~ 0 tempo estimado para o maior recalque. ~ O tempo estimado para © menor recalque. ~ Sugerir uma solugdo para © degrau que surge na pista de rolamento, Resp. Resp. Resp. Resp. 126 em, 15cm, 267 anos, 24 anos. entre o aterro a ponte.