Está en la página 1de 15
@ _ PORTALCOMUNICACAD.COM Ligdes do portal ISSN 2014-0576 Sobre um géneto de ficco televisiva: soap opera, culébron e telenovelas Autoria Isabel Ferin Cunha LLeenelada em Hstéria pola Facugade de Lotas do Lisboa (1974), Masta (1964) © Deutra (1987) em Cléncias da Comunieagao pola Universidade de Sto Pao, Brat © Pés-Doutorada om Franga (CNS, 196%), Fol professora da Univorsiiage de S80 Paul 'e 7983 a 1981 da Universidade Caldioa de Lisboa, 1982-2002. € akan Profeseora Assoc-ada da Univers dade de Colm, 10 vice-presidents do Cenito de investgago Media e Jomalsmo (2004-2008) e tem coordenado alguns pojetos aprovados pela Fundagao Ciénela » TecnologaPortige. Coordonau Go 2003 2 2007 uma equpa de snvesigagae. que deserwolw com 0.20000 do MO Comiséarado para a Imgragdo © Mnoras Etricas (ACIME) 0 Proslo Meda, Imigrardo e Minoras Etnicas. Coordera desde 2008 a secgdo portuguesa do pojlointemacional Observatrio de Fiegdo ero-Amorcano. inlogra 9 posto heluséo © Palparso Digtal desenvolvso pol Universidade Nova de Lio, Unversidade do Porto» Universidade de Austin no Texas /EUA (2009-20%1), A suas dreas de nloresse $80 ‘ndlso 60s Moda (prensa o Tolovsdo), Publics, Auéncias © Rcopede, Flegdo Telovsiva(Telonovoas © Séres) © Comuricagso Pali, Contatido ostract brodupto 1.As soap oporas 1.1.8 8009 08 anos otenta 1.2. As 9080 a5 teclogis datas 2.08 estudos sobre as soap operas 2,1, fs soap © 08 estos feminislae 2.2, Esudos sobre audincias« ecepe0 das Soap operas 8.08 desdobramertos Latino-Americanos das soap operas americanas 3.1. Aidesidads de um género de ego 3.2. telenovela na América Latina 3.3, Eads sobre 2 telenovelas latino-americaras 4. Konia das telenovelas brasliras 44. As primetras telenovelas 42. 0s anos de coneoiarso 5.08 estudos cobre a telenovela brastora 5.4. Estudos intemacionas 52. Os estos resized ro Bras Conelusso Biblograta Aastract [Neste artigo pretende-se apresentar alguns trabalhos académicos de matriz predominantemente angio ‘saxénica, nomeadamente aqueles que sao considerados referéncias todricas dentro dos estudos feministas. Em sequida procura-se tragar 0 percurso do soap opera em diregao 4 América Latina, ainda sob a forma de radionovela @ perceber como género se tornou conhecido ¢ fo! adaptad nos diversos paises, adguirindo uma identidade prépria cunhada através do termo telenovela. [..] Inrao04 Neste arigo pretende-se apresertar alguns vababos académicas de mabiz predominanlemente anglo-saxdrica, nomeadamente aqueles que so considerados roferéncia twéricas dentro dos estudos feministas. Em soguida procura-se tagar o percurso do soap opera om iregdo & América Latina, ainda sob a forma de radionovela e perceber como o génera se tomou conhecido foi adaptado nos diversos palses, adquirindo uma idertdage propria cunhada através do termo telenovela Ressalta-se neste contexte 0 papel de Cuba, como contro pionsiro de radiocfusdo, desemolvimento de especialstas © guioristas om radionavelas © o papel que tiveram, apbs a revoligéo cubana, no desenvolvimento do género em paises como a Argentina e o México, Tal coma nos palses anglo-saxtnicos, a produgdo, amisséo @ reco¢ao das telonovelas deu origem a rumerosos estudos académicos nos iversos paises latino-americanos. Assim procura-se tragar um quadro destos estudos, erfaizardo as caractersticas adauirdas pelo nero am diversas palsos © comparando-as entre s Impossivel falar de uma idertidade da telenovela latino-americana, pls elas apresentam Lagos caracteristicos muito fortos fom cada pals. As tnicas caracteristcas comuns a essa produydo é que alas tim um grande sucesso de public @ Corfiguram um espago muito aspectico na programagao de todos os palses da América Latina (Fadul, 1883: 8) Por dime, aborda-ce a telenovela brasileira. A énfase na telenovela brasil deve-se ao recorbecimento, nacional eintermacional, da otiginalldade e excelércia do género (Staubhaar, 1984: Melo, 1888, Tirta, 1997). Multos aulores consideram que a telenovela brasileira 6 um produo da culura brasileira que se distanciou das herancas nore.ameriaras e lalino-americanas adqurindo uma densidade cinematogriica © expressando conteidos que ofereceram, e oferecem, as classes trabalhadoras modelos de quotidiano e de mudanga social Desa os anos 30 que a soap opera, um produto de ficedo seriada apresentada diariamente, esteve presente nas radios not americaras. O termo soap advim dos palrocinadores americanos deste programa, as empresas de detergente Procter and Gamble, lenquanto pera constitu uma rferdncia is obras musicals ao género melodramatco “operiico” das soaps (Kilborn, 1992-26) As soap aleangaram na radio grandes audiéncias até ao fal da I Guerra Mundial e 6 foram paulanamerte desaparacenda quando a televis8o superou este meio nas preferéncias das audiéncias, nos finals da dacada do 0. ‘A soap fo, primeiramente, um género de iegdo desemvalvide com vista a fidelzar as audiéncias as emissoras e, posteriormente, wlilzado como forma de fomenlar a corflanca das donas de casa em determinados produlos de consumo doméstico. Os proprietirios das ridios © 08 programadores procuraram vender aos anunciantes a ideia que as danas de casa, uma vez que deservolwssem uma relacdo de corfianga com os responsdveis pela oferta de entvetenimenta,estariam mais abertas a sugesties de consumo, detergentes e ouvos produtos anurciados pela mesma emissora, 0 formato do programa fol deserwolido ro serio de integra varios elementos presertes ra tradigdo Iiteriria ocidertal — fohotins Iterrios seriados nos jomais e revislas, novelas para senhoras e raparigas — que comorovadamente, desde o século XVINXD ja Unam tdo um bom acohimento unto dos pablicas femininas (Klbom. 1982:28). 0 foco «as soap fo, sompre, os conflitas familares @ problemas mavimoria\s, os apelos emocionals, bom como as diicudades experienciadas or muhores independentes © determinadas a fazor 0 sou caminho no mundo masculino (Cantor ¢ Pingroe, 1983: 21). Um outo fator recorrente neste género fecionalo|otratamento melodramaiico destes assuntos @ a adogao de uma forma seraizada de apresertagao (len, 1985: 140-150; Cantor e Pingree, 1983: 20-22). Para Chistine Geraghyy (1991) a soap opera, au seriago conti (continuous sera, & um género de fogao orgarizado com base na passagem do tempo, nas narrativas ngas e das relagdes ere personagens. AS conversasirformais, 0s mores e as coscuvihices sao estratégias eficazes pata a marutengao deste género de seriakade que emvolve varias tramas e nicleos de personagens ao longo de anos, preservando a estabildade das naratvas mas fazerdo sufcentes mudancas, para manter a atengao e a expeciativa das audiéncias, {A concego de soap esta ariculads com a percego de never-ending story (Kilbom, 1992:36), uma obra aberta, com diversas hipoteses {de enredos que se desemiolve ao longo de anos e acompanha as audiéncias por gerapdes, O perindo de exibipao, tanto na radio como 1a lelevisto, foi sompre os cias de semana ao fm da tarde. A passagem das soap operas da radio para a tlevisao levartou dificudades. (s sponsors vera medo dos custos mais aos necessarios & produydo no novo meio de comunicago e desconfianga na capacidade da televisdo caplar a atengdo des donas de casa. No enianio, a8 soap emits na récio, © as primelres que foram produzides para a televisto, tveram em comum 0 facto de serem transmitides diariamente (5 episédios por semana), serem produzidas a0 vivo & sirecionarem-se para as doras de casa. Por exemplo, uma das soap americanas mais famosas, The Guicing Light comegou em 1987, ‘come ridio novela, erie 1952 © 1956 foi emiida simutansamerte na radio © natelevisdo, até que se fx0U, definfvamenta, no formato televisivo (Klbom, 1992: 25; Lopez-Pumarej, 1987: 70-72) (Telvisio" 50395) AA soap opera toleisva define-se ainda por és caracteristicas: ahora ea fequncia da emisséo, a economia da sua constugso © 0 tpo Ge ausiéncia que atrai. Por defini¢do @ soap opera é um programa diario emtido diversas vezes por semana, com custos de produgao baratos, comparados aos custos do prime-time, © atta sobrotudo audiéncias adults femirinas. Os erredos das soap opera S80 fundamentalmente povoadas por nessoas da classe média e méia alla, € conslante o recurso a enredos sociaise familares complexas © @ relagdes emacionais o interpessoais inincadas, onde a expectatva de sucesso @ fracasso, quar emocional quar econdmico, cia luna constanlo tensdo @ faschio. O eslalulo social das audiéncias 6, na generaidade, mulo mais modesto que o exbido pelas personagens, Sendo que os problemas que erfrentam so comuns para todos (dinhsiro, sexo, sate, competdo social, dooncas ‘mentais, dragas,dlcool) mas apresentados de forma mais concentrada @ intensiva do que realmente vvenciam no quotidiano. Cama 08 feepectadores passaram, a partir de um certo momento, a reconhecer as formas e as estalégias de fidelzagdo ullzadas nas soap ‘operas, 08 produlores (esertores gulonstas) incarporaram camo desaflo supreender as audiéneias, sem perder a coeréncia co desenvolvimento do erredo, ‘A aposta das emissoras com estes programas de fiogdo 6 alinglr ebvados indices de ratings and shares durante o daytime e criar sinergias com a programagdo do prime-ime, Henderson (2007: 42-43) refere que a flosofia de produgdo pode lferr em cada soap, mas todas partiiam o compromisso de agradar simukaneamerte as audiéneias, patrocinadores o arunciantes, pois & esta unanimidade que gora cinhwio. Fol gragas as soap e as suas audiéncias que muitos canals pertencentos a grupos privados alcangam prestgio © 0 reconhecimento do grande pdbico, angariando para os acirisias e para esse mesmo piblo uma imagem de sucesso. Por outo lado, as soap operas sto rolaivamento baratas, podem inclir publcidade (product placement, ser exporiadas e gerar o sucesso de ours programas a pari da parcipagao de personagens ¢ atores. Nos palses anglo-saxdricas as soap tomaram-se programas a tarde, enquanto © prime-time fcau resenado aos notclrios @ outros programas de fo¢do, nomeadamento @ séres. Nos Estados Unidos @ localzagio das soap operas no perdo da tarde deve-se & Coniogao que © primo-time deve cancorter com as produydes de Holywood, aprasantando génerosficcionals dramaicos com historias ‘mais curtas © maior dindmica ne deserwohimenio das narratvas (Cantor, 1980.31) Estas produpbes exibidas no prime-time acabaram Por irtegrar elementos das soap e elementos dos fimes produzidos em Holhwood, coniibuirdo para o nascimento de génerosficcionais hibridos. Estas produrées sao na gereralidade mais caras,produzidas em blocos por lemporada e emitides por episédios ura ou dues \vezes por semana. Oe inlervalos que medeiam a exibieao entre as temporada permitem alleragtas nas personagens © nes enredos, dstnindo a impressio de thao @ proporcionardo uma ideia de renovacd (Kilborn, 1992: 20-30) Em meados dos anos 80, as soap americanas internacionalzaram-se saam dos estos © dos cendrios doméstioos, adquiram novas Caractersticas, ao incorporarem lecrologiasutlizadas no cinema tais como, grandes planos flmados em cenavios exteriores ervolvendo ‘agdes continuadas e complexas (Kilborn, 1992). A inleracionalizagao de soaps como Dallas [1] © Dinasia [2] fl planeada, segundo Lopez-Pumarejo (1987:125-134), dentro de um context poltico @ econémico espectico: A Era Reagan. Ito sigrifica, quo ha um conjurto de elementos narratives e técnicos que lraram partide da sensiblidade pollica e econdmica da década de oiterta, nomeadamerte © sugimerio de um neo-conservadorismo étco, um neo-nacionalsmo americano @ as expeciatvas de ressurgimerto do seltmade man como madelo de exportacéo global (Lopez-Pumarejo, 1987:126). Para este autor o modelo americano de self made man apresentado nas Soap operas @ exportado para o mundo, incorpora 0 ideal republicaro da Era Regan dominada pelos negacios milonaris, a exbicso fespetacuae da riquoza a ranaformagio das empresas americanas em conglomerados inlersacionals. Um auto fator para o sucesso imemacioral destas soap americaras foi 0 strgimerto de um sislema inlerpublictavio mundial, proporcionado pela comunicacao de masea qlobalzada, que nivelou © amakjamou no mesmo Jet set as Aguas do mundo pollico © do espeticuo, corferindoshes estrelatopresigioipoder. 'Na Gra-Bretanha os anos oiterta também sA0 considerados a "era de ouro" das soap opera, o que resuta da conjugagio de dois fatores: Publiidade e ipo de audiéncias (Henderson, 2007: 16).0s anunciantes iderdiicaram este programa vespertino como sendo o mais, Apelavo para as aucléncas femininas dos 18 aos 35 anos e imvestiram na publicidade massivaments, proporcionando grandes lcros 88 ‘emissoras e permitindo-hes investi neste género e em ouros corsiderados "mais nabres"e drecionados ao prime-time, [1] Dallas ¢ uma soap opera americana, emitisa no canal CBS do 1978 8 199%, com 14 tomporadas © 257 eplssios Oenredo eet localmda no Terme narra a histia de familias poderosaé com interes na exloragto de pedis » gado. Foi Vatuada para diversas inguase via wm cerca de 80 pasos (bor, 1852), {21 Dynasty 6 ura soap opera americana, emda no canal ABC de Janeiro de 1981 @ Mao de 1989, em9 temporadas © 220 episbdios. © enredo ests Tocalzado om Danvero nara a hstvia do una fanila podsrosa, dscuinds as suas praicas nos nogécos © as suas vidas pessoas. Tomas com> No século 20\Ie na era cial o apelo das soap operajé no é 0 mesmo dos anos 80. Apesar de hoje em dia serem impenséveis shares SemePianios a0s obtdos em 1886, aquando da exibi¢do do episodio do dia de Natal da soap opera EastEnders — quo obiove 30 milhées de espectadores — esto génoro de ficedo soriada continua a marter audidncias elevadas (Horderson, 2007-12-18). As soap ‘opera contibuem ainda de forma inequkoca para os lucros dos carais emissores o em alguns contexts, come no Outono de 2001 em Inolaterra, 0 aumento da presenca das soap operas no total da programacdo teve como fnaidade expicia a dsputa de audiéncias ene canais. No entao, é preciso considerarqve a indistria das soap emvolve hoje, nfo s6 a producto, como a venda de hstérias e atores para outros meios de comunicagSo (revists, ras, radio, ouros programas de televisdo) e outros suportes (tere). Nesta perspetive a Soap, € também um produto em fase de migragéo para o digital, o que se verifica facilmente quardo se constata que 0 Google © 0 ‘Youtube aprosertam miles de chamadas relaivas a este género de fsa. ‘Muitos autores consideram que as soap operas 86 se tomaram um objeto de estuso a part da entrada das muiheres na academia, em meades da década de setenta. Chart Brunsdon (The feminist, the housevil and the soap opera) no lwo The feminist, the houseusfe and the soap opera (2000) raca um quadro do persamento crtico britirica« femirista amaricarn sobre talewsto, ere os anos de 1975 fe 1986, tendo como especial enfoque 0 género soap opera. O objeivo foi entender os estudos realzados nese poriodo 0, simutaneamerto, 0 estatuio cuttral aibuido 2 soap opera, um produlo desprestigiado pola acadomia @ pelos iniolectuais, muto ‘preciado pelas mulheres donas de casa e com valor economico comprovas para os canais emissores. ‘Segunda a autora os primeiros estudos cultrais que abordaram a televisso pracuraram compreendar 0 impacto deste meio ra palica @ ra Vida da classe tabalhadora, 20 mesmo tempo que rellatiam sabre as vansformagtes do espaga pdbico e pvado (ex. Hoggart 1958; CCaughie, 1980; Laing, 1986). A maioria dos autores que escreveram sobre os produlos de culua de massa, ene o final da década de 50 € 0 inkio da década de 80, debrucaram-se sobre o cinema. Mesmo o Media Group do Cente for Contemporary Cultural Studies (CCCS) que reitu crticamerte sobre a cutura de massas, na década de 70, ndo apresertou tabalhos sobre a ozo. ‘As obras que inicialmente se dedicaram a analisar a televsdo fizoram apenas curtas menpbes as séries, como por exemplo Raymond Wilians (Television techrology and cultural form) no Iwo Televsion (1874), onde disserta sobre o significado destas novas formas televisivas © a sua relagdo com os ritnos © as experiéncias do quotiano (1974:55-56), Fisk e Hartley na obra Reading the television (1978:106) (Reading Teiews‘n) roferem, também, a soap opera Coronation Steat [3], tendo como foco as interacgbvs entre classes. [3] Coronation Stes & uma soap epera inglesa exbida no prime-time anbionada nos subibles de Manchester. Fol produzd hnlemente pol [Granada Televsion,alialmonte ITV Stasis e ove iio or 1960, mantendo-se ainda om exo, 2.1. AS SOAP € 0S ESTUDOS FEMI Nos fnais da década de seterta, inio da década de oitenta, surgem 0s primeiros artigos de mulheres, nomeadamerte de Carol Lopate (1977), Tania Madlesk (1978), Dorothy Hobson (1980) (Soap aera - Pagina xv) Mater (1982) e en Ang (1985) (Watching Dallas: soap ‘pera and the meloctamaic imagination) e contiburam para legiimaro objeto de estudo soap opera, como um género deriro da cultura popular. Os estulos sobre soap correspordem deste modo 80 inicio dos estudos ‘eministas nos EUA e na Gra-Bretarha, quando 0 feminismo passou a ter uma existéncia académica, sendo que se verifca um deslocamento em simultane das mulheres e dos estudos. sobre as soap operas para a academia, por volta de 1975 (Brursdon, 2000: 4) ) (The feminist, he housewife, ard te soap oper=) Para perceber esta relagdo entre 0 feminismo © soap Hobson (2003'5) entrevistou algumas das femiristas que concretizaram os primeicos trabalhos e procurou mapear este campo de estuos, relacionanda 0 éxta deste género com a muslarca de paredigma ce Ssenigo piblco para una visd0 de mercado. Hobson ressala ainda quo a expansio deste género, primsiro nas radios @ dopois nas lelovisdes, es ascociado ao desemomento da sociedade de coneumo @ a0 aumento da publcidade nas cociedades ocidentais. Ao lragar e percrso académico destes trababos reere 0 inloresse continuado dos imesiigadores pelos efeitos nas audiéncas femininas, romeadamente nos rabslhos realizados por Katze Lazarsfeld sobre as radionowelas (Hobson, 2003: 24). Salita, também, o vabalho de Jen Ang (1985) sobre a recep¢ao de Dallas na Holanda atibundo-he um papel pionsira num conjuo de oulrostrabalhos sobre © papal das soap na vida quotidiana das muhores @ na constalacao que ficedo e fantasia contrbuom para tomar a ida presente mais agradavel ‘upelo menos mais wwe (Ang, 1985:135), Hobson considera que os principals estudos vieram dos EUA, sobretudo os realizados por Robert Allen (1985, 1992 e 1995), Mary Ellen Brown (1990, 1994) e David Buckingham (1987). Robert Allen tragou a natureza global do género e discutlu a sua imporancia para as Auciéncias, assiralando 0 desdém esttico com que este género era tralado ra academia (Hobson, 2003:24). Mary Ellen Brown (1990, 1994) mostrou a importdncia das soap opera no daserwoWimenio do discurso das mulheres e como os conietdes foram uilzados nas suas vidas. David Buckingham (1987) (Pic secrets: Easierders ard is audience) no estude de recepgda com base em grupos de iscussdo sobre EastEnders conclu que as auciénelas lém tendéncia a priviegiar acontecimentos que surgem nas soap (Hobson, 2003:25}, Liebes e Katz (1989) que reflaram sobre a recepcao globalizada da soap opera Dallas procuraram idertificar as diferencas cuturais nas formas de recepedo nos dversos palses onde essa soap foi vsualizada. Sénia Livingstone (1990) deservohou uma abordagem psicolégica &s soap tendo como objetivo compreender © emvalvimenlo psicolégico causado polas porsonagens nos lespectadores. Em 1991 Christine Geragtty no texto Women and soap opera: a study of prime time soaps aralisa este género numa perspelva estaica e desenvole uma teoria do género tendo como co a imporlincia destes programas para as muheres na perspativa, do prazar e da forma. Esta dima autora explora ainda a represeniagdo das familas e das comunidades, bem como as quostoes relacionadas com sexo, raga e classe, assinalando que no inicio da década de noverta hi a introdugdo de assunios considerados masculins nas soap (Hobson: 2008:25-26). Numa étca etnogrtica om Television, Etwicity and Culural Change, Marle Gilespie (1996) (Television, eticity, and cultal change) ‘exalora o papel da tolvisdo, principalmerte da soap austalana Neighvouss [4], na Lansformagdo e reforgo de Idenidades entre 0s Jovens do Purjab om Londres. Ela constala a faciidade com que as audiéncias se mover entre os enredos das soap e a vida quotidiana ‘© como aquoles constiuem facies que faciltam a abordagem de determinados temas. Blumenthal em Women and Soap Opera: a Cultural Femirist Perspective (1987) (Wornon an soap opera’ a cultural feminist perspective) |ustiioao seuinteresse pelo tema referndo que tseems lke soap operas have Deen a part of my life and the Ives of my women familyand friends (1997'5), A parir desta decaragao pretende entender como este género consi uma forma de culwra das mulheres, tal coma 0s romances ¢ novelas femininos, parindo da hipdtese que as soap séo, simutaneamente, uma proposta tansformatva e instrumento de aqusi¢ao de poder (empowerment) das muberes. Com este objetivo e com estas hipoleses define uma metodolog'a designada gender- cortext perspective (1997'5-6) ariculada em tomo de tés componeries: a iterpretagao académica das soap, a compreensao das ‘mulheres que assistem as soap e a percegao do cortexto socal onde se inserem as muhores que assistem 4s soap, (0s estutos foministas que abordam as soap operas podem ser classiticados em dois grandes momentos: um primelro momento situaco ra década de 70, onde s80 critcados os modelos de mulheres apreseniados nestes produtos de fcso por nao comresporderem & realidade das mulheres no quotisiano @reprodizrem o modslo patrarcal da sociedade; ros anos 80, esta crtica esmorece @ 0 foco dos esludos passa a estar nas audiéncias © nas apropriagbes dilerenciadas dos conieidos. Como refere Brunsdon (2000: 19-20) 0 epteto womens's genres fol progressivamente ulzado desde os meados da década de 80 para refer uma rea interisciptinar de estuos sobre os Media, que val da produpao & recepgao. Nesta area incliense os estidos jé referidos, sobre romances, revistas dirigidos a muheres, raparigas e homens, as pesquisas sobre soap operas, filmes e melodramas, bem como, numa conce¢ao mais alargada, os abalhos sobre moda, make-Up, cozrha, costa © outros aspetos da cultira dos Medi Felatvos a homens @ mulheres. Brunsdon (2000-21-22) insere-se na 2" vaga de estudos feministas, aneriormerte nomeada, que no seu entender, coincide com uma mutanga de atiude e valdagdo do papel das aucléncias como consumidoras abvas de produios culuras, serdo porisso valorizada a female agency (a agéo ferinia), isto €a capacicade das muheres determinarem as suas escohas e aces quotidianas No levantamenlo das primeiras publicaeSes faminstas sabre os produtos de culura de massa para muberes Brunsdon refere os trabathos sobre 0 romance ficional(McRobbeie and McCabe 1981; Modlaski, 1982: Radford, 1986, Radway, 1984; H. Taylor, 1989), 0s melodrama (Cook, 1983; Giedhil, 1987, Kaplan, 1983), as rewstas de mulheres (Winship, 1987, Hermas, 1993), 0s lias de quadtinhos dracionados para raparigas historias de colégio (McRobbie, 1991) e evidentemerte os estudos sobre as soap operas (Brunsdon, 2000:28). Entre testes estuos satonta os que so debveram sobre a representago das mulheres, nomeadamerte aqueles que inventararam os papeis, isponteis para as muhares e o ipo de muheres que melhor se inlogravam neles (Cantor e Pingree, 1983). Ao mesmo tempo corrobora a Symbolic amilation of women (1978:10) nos Media, referenciada por Gayo Tuchman (Tuchman, 1978: 10 citada por Brunsdon, 2000: 28), assinalando que a excegdo a esta regra esta nas soap, onde as mulheres Se encortram em maioria e desempenham papéis mais, relevartes. Uma outa quesido discutda a parr destas investigagbes ‘ola relagdo ertre género ¢ apropriacdo dos corteidos dos Media Para alguns autores género constitu o ‘ator determinarte, uma categoria priv, para a apropriagao dos sentidos dos Media am geral fedas soap em paricular. Para ouras autores, o génera, bem como classe, so apenas duas enre muitas ouras vaiaveis, que perrilem 1 compreensio das formas de apropriagdo dos cortoddos. [4] Noihours 6 uma soap opera austrakana iniada em 1995 e ainda em exbigse. Fol ambien nos subirbies de Nalbourneo exbida nicaimente ho canal Savon Network, onde posterarantacomprada plo canal rival Netk Tan o expotada para vats palses,raraasment para glares p DAS SOAP OPERAS IMuitos auores debrugam-se sobre os cortelos © as auiéncias das soap mais pelo que elas significa no mundo femirino © na Sociedade que pelo que elas so. O interesse fo rio 66 perceber os temas e personagens mals recorrertes, como a sus evoluydo ao longo dos anos de emissao ¢ em cada novo produto. Por ou lado, 0s estudos sobre as audiénclas procuraram a partr de metodologias qualtatvas como inquértes, entevistas, sess6es de grupo © pesquisa elnografica, compreender 0 papel deste género telvisivo nos quotidianos domésticas das mulheres’ ¢ das raparigas. © objetivo destes estidos certrou-se fundamentalmenls ra observagao ttrografica sobre The real worl of women watching (Brunsdon, 2000:20) e apreender as formas de apropriaggo dos corteidas ca televiedo no conunto de usos @ consumes domésticos dos meios de comuricagao (Mork Silverstone, 1991; Moores, 1993). ‘Ainda segundo Brursdon (2000:22) 08 estudes sobre audiéncia @ recepgio das soap, numa perspetva femirista, devem ser lenquadrados dertro de um contexte maior The tum to audience, que consist ra reabillacdo dos estudos sobre a recepctio dos Media © f cutura popular nos finals dos anos saterta © década de oltenta, com base em duas tradigées distinlas: os estudos sobre usos © graiicagbes © os estudos cuttras. Eni estes estudos esto os de Ang (1989, 1991), Cuan (1981), Morley (1988), Schroder (1887) © Comer (1988). kKitbor (1992) (Foievision soaps) considera que o prazer nas telenovelas advim do ervoMmento © da pariipagao num mundo, simutaneamente préximo @ lorginguo, povoado de companheiros (as personagens amigas eirimigas) que vwem quotcianos dramsticos fe estmulanies. Se por um lado este erwohimerto pode-se tomar um elemento de escapismo e fantasia, por outro pode-se tomar uma dindmica de relexdo sobre comportamertos e situagées, novas e complexas Um dos outros prazores decorre da especuiagdo que estes procuzes proporcionam acerca do nak Quom matou? De quem & flho(a)? Sera que casa com o grande amor? Vai ser casigado(a) ao premado (a)? Nesta perspetiva este género ficional promove a ‘especulagdo sobre o desenvolvimento do envedo, sondo que em cada episédio ha uma promessa de resolueao das quostées pendertes Esia ostratigia narratva proporciona uma inoratvdade préxima dos jogos de adivinhagae. Um dos principals prazoros dos ‘spectadores 6 confrontar as suas compeléncias sobre as soap com aspectos tals como enrado © motvagbes das personagens. Outro 408 interesses dos espectadores 6 confronar-se com as possibildades de desenvolvimento da histria, enquarto os criadores das soap jogam com as difereies possibidades de narratva, Estes dramas fecionals promovem, ainda, um conjnto de assuntos capazes de {erarinteragGes socias @ roca de pontos de vista entre membros da auriéncia, sobretudo entre as muheres e donas de casa (Kilborn, 1982:77). DespopRAWENTOS LaTNo-AWERICANOS A telenovela 6, por exceléncia, um género fccional da América Latina, que desde os fnais da década de cinquenta adquiriy uma Idortidade propria, ndependentemente dos dversos matzes presertes em cada pa‘s.O género & produzido em numerosos paises latino americanos, onde recebe o nome de culébron (Argentina, Mésico, Peri e Venueziela). Nom sempre esteve clara a diferenga enre soap opera e cuébron que se passard aqui a designar telenovela, cuando for reerida nos aiferertes paises da América Latina, No inilo dos estudos eobre as telenovelas latno-ameicanas, na medida em que se considerava © ‘género herdeiro da soap opera, eram sobretudo aportadas as semelhangas que uriam esias formas eeriadas de feel. As dferencas sugiram a medida que 0 género telenovela se consolidou nestos paises © se desenvolveram estudos auttnomos da tradicSo angio saxdnica. Assim por exemple, LopezPumarejo (1887) e Tomas Tufts (in Fadul, 1998: 81-101) ndo estabelocem diferencas entre soap opera ¢ ielenovela, embora associem o primeira terme aos pales anglo-saxdrices © segundo aos lalino-americanos. Apesar de Uilzarem 0s temas como sinénimos 0 enquadramenio que fazem demonsiam que identficam especificidades na telenovela relatvamente as soap operas. Assim Lopez-Pumarejo escrew: ‘Telenovela es el término acurado en America Latina para la wrsiéniberoamericana del soap opera de USA. Es deci, la adaptacién de la radionovela a la television. El orginalmerte peyorativo término en inglés, ef cual igual vale para radio y telenovela, deja claro que so Vata de un pretexte para presenta reltoradamente un especiico Upo de publicidad (Lopez- Pumarejo, 1987: 63). Enguanto Tufle salonta 0 for audiéncias @ entelerimento, admirando-se com @ quantidade de telenovelas consumidas (e produzidas) pordia ‘Telenovelas, The Latin American soap aperas, ae the most seen enlerainmert programs in LaliAmetican, People watch up to 94 lelenovelas a day. (Tulle (in Fadul, 1999: 85) Bitereyet © Meers num artigo sobre o debate inlemacional sobre as telenovelas © um possiel contrastxa do género na Europa, corsideram as telenovelas un commercial ition programs inspired by US soap models, spiced up wih Third World decorum (Bitoroyst © Moers, 2000: 395). Estes aulores salertam que a estutura da tebvisa Latino-Americana & americana e que a indistia de telenovela & Igualnente nore-americana, Saleniam que a adaptagio do género aos paises laina-americanes, incindo no Brasil, demonstra come © Imperiaisme extere pode ser substituico pelo inleria, apesar de estes programas terem destonade defrivamente nestes paises a produgdo dos EUA, Reis © Lopes (2002:401-402) consideram que hi semelhancas entre as soap operas # as telenovelas, sendo estas ttmas a adaptagao do modelo na América Latina, sobretude em Cuba, Brasil e no México. Ambos os géneros se dirigiem a plblices eminertomerte femininos © doméstcos e se desenvolem a parr de erredos povoados de invigas e incidentes. Segundo estes autores a estutura fexema de uma telenovela obedece aos condiclonamentos sociocuturals e as solctagdes econdmicas (publeidade, ete) que a cemelvom, {As semelhancas entre a soap opera e a telenovela siuamse, ilo, no facto de consttukem produtos de entveterimento sustertads pela publicidade (principalmente detergentes e produtos para o lr) e angariadores de grandes auléncias. Para além destes fatores, tém em ‘comum a produgéo industial, a serialdade narraiva, isto & a sequéncia de episbdios distribuidos no tempo orgarizados em tomo de un ‘enredo, caracersticas textuais semelhantes (0 texto obedece a formaldades © constrangimertos pré-definides) ¢ a inguagem coloquial [As soap @ as telenovelas sao ainda um género que tem em comuum o romance e a estraura familar, independentemerte dos estlos rarrativos de que se possa cercar (Melo, 1988). 2. A TeNOVELA Na AMeaICA LAT ‘A idertidade do género telonowia fl-se constinindo a partr de meados dos anos $0, a parr da introdugdo da televisdo comercial nos pales da América Latra. Muitos autores latino-americanos atibuem as origens da telerowla ao romance-folhotim do século XOX, mas ‘admitem que apesar de existr uma contnuidade, ha também rutras © descortinuidades, as quais passam polo tea 0 circa, as radionowlas ¢ as soap operas americanas (Ortiz. Borll, Ramos, 1991:11). 0 modelo de televisto comercial adoptado nos paises latino americanos permiiu também o desenvolvimento das telenovelas, como ancora de fnanciamento dos canais. Um auto fator fol a ‘emergéncia de um mercado de consumo, que apesar das caractorsticas proprias de cada pais, tove como objetiw massiicaro acoso a ‘eterminados produtos domésticos, tals como detergentes de higiene pessoal, Por outro lado, a conjugacdo entre a expansao das rovas tecnologiasligadas a televisdo (lelecomunicagbes e regislo de Imagem, como os vdeo tapes) e o crescimento do mercado de ‘consumo criaram as condigées ideais para o surgimerto das telenovelas. riz (Ortiz, Borel, Ramos, 1991:22-30) considera que para melhor se conhecer a infunca das soap opera americana nas telenovelas & recessario reconstur 0 percurso da radionovela latno-americana, sobretudo em Cuba, A radionovela & para alguns avtores uma imengae cubana, herdoira de experéncias anteriores como 0 radio teatro © as hstérias seriadas, O desemohimento precoce deste ‘género om Havana, por volta de 1935, teria como explcagao o facto das empresas nore-americanas terem patrocinada o surgimerto de lm sistema de radiodifusdo, que abrangja toda a tha, que favoreceu @ compra de aparelhos recetores. A proximidade de Cuba 20s Estados Unidos, nomeadamente a Miami, fez com que se importassem os modelos de produc @ fnanciamento raciotéricos, 0s quais. floresceram e se adaptaram ao crescimerto econémico da tha. Neste contexo as fabricas cubanas de detergertes © sabdes adotaram ‘as mesmas estratégias de publicidade norle-americanas acabando por ser compradas, nos anos tila, pelas gigaries Colgate-Palmolve « Procter and Gamble. 0 resultado deste processo foi a consoldagao de uma rede de radiodituséo @ a emergéncia de profssionais, extremamenie especiaizados. Havana emerge assim como um pélo de produséo que durarte muitos anos exporta artistas, directores de racio © Sobretudolibretos de radionovela para toda a América Latina. (Oriz, Borel, Ramos, 1991:23) Fadu (1993:8) considera que no era possi elatvamente as décadas de 70 @ 80, falar de uma idertidade tnica relatvamerte as telenovelas latino-americana, mas no entanlo obsena que apresertavam tragos em camum, tais como preencher as grelhas ce programagao do primesime’e caplar grandes audiéncias. Numa perspelva de caraclerizagao do gérero em alguns paises latino lamericaros Mazioti (in Fadu, 1993: 25-32) atibui as telenovelas mexicanas um grande pendor melodramatic barroco: as brasleiras a rmutiplicacdo das intigas secundérias © das histérias danto das historias, portuadas pelo roalismo; as colombiaras uma propensdo & ‘combinagdo de irona,reaismo @ assures pollicos; enquarto as argerinas e as venezuelanas demorstravam uma oralidade priméria & Uma propensio & daciamagdo de textos, que Mazotlalibu a fata de recirsos ecandmicas etécricos. Geddes-Goncales (in Fadl, 1993: 47-60) faz um estudo sobre as telenovelas peruanas erire 1958-"988, concli que integram muitos elementos das telenovelas brasleiras ‘mas abordam temas peruanos fundadas na etricidade, dreltos de integragdo e seguranca nacanal Steimberg {in Véron e Escudero Chawel, 1997: 17-28) considera que as telenovelas argertinas passaram por és fases: um momento, fundador caracterizado pela componerte relérica e melodramalica © a temdlica narrativafolhlinesca: una segunda elapa em que prevalece 0 verosinl social, com ambieniagdes e personagers represeriativas das diferengas sociais. A ilma fase & descita como esielsticamente posmodema, onde se misturam estibs narratvos e se mulipicam as séries narratvas em paralel e as personagens, sobrotudo as muheres, adquirem novos papdis. TUDOS SOBRE AS TELENOVELAS LTNO- Nola-se deste modo que as telenovelas adquirem na América Latina uma identidade propria, que independertemerte das particularidades nacionais de cada pass, fundamertam um género aulénomo da soap opera americana. Martr-Barbero (in Lopes, 2004: 41) erfaiza esta perspetva assinalando que a telenovela Se corvertou em um corfliuoso mas fecundo terreno de redetinigdas paltico- culurais. Por auto lado, as telenovelas, tal como as soap deram origem a um carjunto de estudos académicos desde a década do 70. Escudoro (in Verén @ Escudero Chawwel, 1997:10-13) periadiza estes estudos om trés décadas, a década de 70, a década de 800 a écada de 90. A primeira década foi caracterizada por estudos que procuraram assinalar a emargéncia do género @ marcar 0 teriléio teérieo de um objeto cual com estat proprio. Enre os rabalhos nomeados asta 0 de Reclor (1975) sobre o campo de estudos ca telenovela; o de Tibueg (1975) sobre a telenovela brasileira © o de Varén (1978) sobre a especicidads do génerofccional A década de 80 desenvolou estudos de matiz socioligica que se debrugaram sobre os mercados e formas de produro, pubicos © audiéneias, rmuitas vezes de forma comparaliva, Escudero astinala neste cartexto os tabalhos de Sodré (1984), Tavola (1984) © Borel (1989) sobre 0 Brasil, de Martin-Barboro (1987) na Colémbia, de Teresa Quiroz no Pera de Gonzélez ro México. Na década de noverta, a autora considera que ¢ difll sistematizar todos os estudos realizados e as terdércias tedricas que Incorporam, no entanlo eaferta o tabalho comparative ergarizade por Fadul (1993), bom como ouvos estudas sobre as mudangas regisladas nas telenovelas brasieras © venezuelanas. Como se sabe a circlagdo de produtos de fegao entre os paises ltino-americanos data das radlonovelas dos anos tina @ mantove-se alé a atvalidade, No entarto as telenovelas e outros produios de fogdo, como o cinoma mexicano e as tolenovelas brasileias, migraram para Espanta e Portugal desde os meados do século passado, respelivamente nos anos cingueniae setonta. Estas migragtes fccionas, fundadas nalinqua ¢ om elementos de proximidade cual, undamentaram recentemente a criagao do Observatério bero-Americano do Ficg40 Telovsiva (OBITEL) [5] . Nos aruarios organizados pelo OBITEL desde 2005 ¢ porcethl que a fdo para televisto, romeadamente as telenovelas, continua sendo um fator decisiv na produgdo de audiovisual nos paises latino-americanos, mas também ‘om Espanha © em Portugal, tendo um peso econdmico nacional ¢ internacional. A fog constitul um dos suportes mais sdldos da indastria audiovisual nacional, promovendo a criagdo de pequenas empresas e empregando milhares de profissionais especializados em cada um dos paises. Os estos sisteméticos realizados pelo OBITEL tm comprovado a circularidade e adaptagao de formatos entre pales bero-Americanos, bem como a emergéncia de um mercado exportador. € igualmente no 4mbito desta indistia que se tm ‘experimertado novas tecnologias, formatos e conteidos com resultados capazes de bater, no mercado global, 0s produzidos nos palses anglo-saxsnicos,principalmente nos Estados Unidos da América (Lopes 6 Vines, org 2007: 17-23). © observattio bsroamarisara de Fogo Telveva | Opsanatoro eroamariano de Ficosn Televva (Obl fl undado em 2005 eelabora {slovisdo om dversos paises da América Latina (las como Argentina, Brac, Chip, Colémbs, Néico, Urvgual. Veneaisla) © a Penincula Iberca,Portugel © span! 4, Ibevipnoe Drs "ELENOVELAS BANSLEHY ‘A infuarcia latino-americana chega, como fol arteriormenla dito, através da radionovela introduzda na década de 30 0 que posteriormente se expandiu a medida que o sistema radiolérice brasileiro adquidu uma dimenséo comercial, com © aumento da publicdade das empresas mulinacionais. Como refere Oniz (Ortz, Borell, Ramos, 1991.27) (Jelonovela.nstéria © produeo) estas agéncias de publicidade (Gress}-Lever e Colgate-Palmolive)tnham uma estutura de ridio quo hes permit produzire distbur os sous corteidos para toda a América Latina. As primoiras exporiéncias com a telavsdo iriciam-se 1950 om Sao Paulo, seguindo-se o Rio co Janeiro, sendo que um ano depots tim inicio as prmeiras tentatvas de produrdo de dramas fccionais para telewséo, mulo inspirados ras soap operas americanas, nas radionovels lalino-americanas @ no lealo, As primeiras produgées Untam 15 a 20 episédios, Uilzavam sempre os mesmos alores e condrios 08 guides eram muito semehantes (Straubahaar, 1384), Nesse periodo as emissées rido eram dlévias, muitos aloces vinham da rédlo @ do teato, 08 guides eram ainda adaptagées do radionoveas ou literatura mundial @ a TV Tupi constiuia © modelo da televsdo brasileira. A mudanca de paradigma na produrdoindustial a telerowla dé-se ra década de sessenia com a Industializagdo do Brasil, a emergéncia de um mercado intema e o aumento exponencial de tolevisores. A industralizagto tem, ainda, como consequincias o desenvolvimento tecnolégico e a integragdo do tentorio brasileiro wa sats, assim como o surgimento de redes de teloviso, como a TV Excobior © a TV Globo, derio do um modelo comercial americano, Por outo lado, as novas tecnologias de registo, como 0 video tape, vio assegurar uma programagao mals barata edinamica e programas de televisdo,principalmente da fecdo seriada, PRIVEIAS TREN {A piimelra telenovela didia, 2-5499 ocupado, (1 Excelsior - "25499 Ocipado", @ 1* novela) eurge em 1963, ra TV Excelsior (Ore, Borel, Ramos, 1991:58).No eniario, durante a década de 60, © génere encortra-se om fase de experimentacao: 0 ndmero de capiuos © © tamanho dos mesmos variam constantemenie; os nicleos de personagens nao tim um padro; os estlos dos ervedas sao tesiados © 0s hotdros sto alealrios na greha de programacdo. ‘Straubahaar (1964) aponta a telenovela Beto Rockler (1968) (Beto Rocileler- TV Tupl - 1968) produaida pela TV Tupi, como o marco fundador do produto de massa telenovela brasileira, referindo que a trama consinida em tomo de Belo, um classico malandro do Rio, Incorporou 0 estoredtipos brasileios e proporcionou uma refexio sobre a realidade nacioral. A parir da emissao desta telenovela, diminui a adaptagao de material avindo da América Latina, dos EUA e dos nicleos de cacao das agéncias de publcidade e sugiram 0 conteicos, tamas e personagens nacionais. Guiorstas como Janete Clair, Dias Gomes e Dariel Fiho tomaram-se corhecidos 20 Carem eneedos @ personagers que exprossavam realdades proximas a muitos brailiros. Para se compreender a expansao da telenovela no Brasil convém reterr 0 papel da Rede Globo de tlevisto, A Globo nasce na década ‘6 50 com a concessao de um canal a0 grupo Roberto Marinno, um empresario com mliples interesses na imprensa © na radio, Seterior, erie outras. empresas, do jormal O Globo e da Radio Globo. O grupo mantém entre 1962 e 1971 relagGes financeiras e ce assisténcia técnica com 0s americanos da Times Ic. que permitiva transferencia de modelos de orgarizagao comercials eo treino 46 profissionais om formstos direcionados para grandes audiéncias (Staubahaar,1984). Em simutneo a diragao da Globo inicia 8 compra de pequenos canals regionais de televisa0, como a TV Paulista e as redes de Curioa e porto Alegre, que vao permit & temissora chegar @ ura parcela signicativa da populac3o com maior poder de consumo. A corrda as emissoras regionais decors até rmeados dos anos 80, entre a Globo © a Tupi, Sendo que a primeira consegue cobrir cerca de 98% por cenlo do teriério em 1988 & ating 80 mites de tslespectadores (Melo, 1987) (As (lerovlas da Globo. produs4o e exnoriagSo} | consolidagao da telenovela como programa de sucesso da cutwra de massa brasileira faz-se enlao neste cortexo, sendo que run primeiro momento a Globo investi na indistria de telenovela e, em simukineo, com a produpto de outros programas de cura de massa, nomeadamente shows de auditio © programas musicals. A partr da década de 70 a TV Globo passa a ter horérios fos, estiptiar 0s temas e 08 estos de telenovelas mais adaptados aos horsrios @ aos publicos-aho, ao mesmo tempo so padronizados 0s. Captus, os intervabs publiitirios e a duragao da telenovela, Assim, como rofere Alencar (2002:30-81) 0 horério das 19 horas estapelecou-se com as comédias de costumes, drgindo-se aos publicos mais jovons; o horéro das 20 horas especiaizau-se om tomas, rirais urbanos e 0 das 22hora, fora da algada ca censura, exis tramas adutas, A emissora ofereceu, também, exchisividads aos escitores guioristas, atores e produtores e recompensouros com bors saléros, permitindoshes atlemar as suas atvdades televisivas com stuages no teatro, no cinema e na publcidade. Por outro lado, como refere Oz, @ Globo vai agir em conformidade com as polticas do Estado brasileiro, na altura diigido por uma citadura mitar, que Sveram come preocupagao a modemizacao da socledade, a nacionalzagéo da culura e uma certaIdeia de qualdade (Oriz, Borel, Ramos, 1991-85-86). A partir da década de 80 a Globo, com o encerramerto da TV Tupi, partiha as audincias de telenovelas com outos canals: a TV Culture que emia adaptagdes Iteréias de curta duracdo; a Manchete que obteve grandes Gaitos nacionais com adaptagdes © a SBT, importadora de telenovelas mexicanas. Surge, também uma nova geragao de aulores ¢ diretores que incorporam © modelo globo de Drodurdo @ se especialzam om doterminados estos. Associado a este padido ests o investimonio na criagao da Central Gobo do Produpio na construgdo de uma cidade cesogréfica (PROJAC para a produgio @ gravagio de telenovelas, no Rio de Janciro) NOVELAS -conas marcantes|(1973-2005). | procugao de telenovelas passou a estar cordicionada por pesquisas de mercado e avallagao de tendéncias de comportamento 0 que fs aproximou das agendas sociais. Todos estes falores consoldaram definitvamente a Globo como camped das audiéncias e fez com que a sua produgéo se inferacionalizasse com grande sucesso, (LINHA DO TEMPO DAS NOVELAS DA TV GLOBO. [Nao 6 objetivo nesta fase do trabalho fazer um levantamento exaustvo dos estiuios brasiliros sobre as telenovelas, mas indica aguas linhas de forga que desde a década de seterta informam estes trabalos, Neste sertido saliertam-se os abalhos intemacionals; a complagSo, regio & descr de ttulos produzidos ao longo das décadas, bem como a criagao de ume bibiografia anotada sobre a produgao académica sobre telenovelas, Em seguds, referem-se os vabalhos pioneires realizados por académicos brasileros que ‘marcaram os estudos neste campo, tanto na perspetiva da produao, como do conteido © da recep. Uma das primeiras observagbes pronde-se com a atengae concedia por pesquisadores estangoires @ produao, corto 0 missa0 estes programas no Brasil Os trabahos de Stravbahaar (1984), Matelart e Mattear (1989) (O carnaval cas imagens a fepaora TV) e Tufte (1983; 2000) (Living with th rubbin queen: telenovelas, cule ancl modem.) 880 representatives deste iceresse. O primelro presenta uma perspeciva sociaeconémica ao annlisar 0 percurso da televisto no Brasil a pari da infubncia norte-americana @ do cortext latino-americano, O mesmo autor debruga-se sobre a industria televisva, ancorada nas telenovelas da Rede Globo, @ a sua fexpansao para mercados intemaciorais, nomeadamente europeus e asiaticos. Matislart e Mattelart,enfatizam a industialzagao dos processos de produgdo das telenovelas e ressalando a relagdo entre a cutura popular @ a cultura de massa que operou, Os autores enfocam, também, as estatégias de produgao da Rede Globo, o papel da emogao © 0 impacto deste género no quotidiano das populagdes nao s6 no Brasilmas também em Cuba ena China, Thomas Tute publica varios textos sobre a fcpto brasileira, centrando-se ra andliso da telenovela Raina da Sucata de Sibio de Abrou, exbida na Glibo em 1990. 0 autor procura caracterzar 0 género relatvamente a congénereslatino-americaros @ norte-americanos @ cerira-se no levaniamento de contetdos de cultura popular brasileira. No estudo de 2000 esbosa um quadro dos estudos sobre a telenovela, discute as questoes relaivas & pesquisa etrogratica e foca 0s grandes temas e contents sociais de receps0(bairos,favelas,interiores de apartamertos e casas) da telenovela Raita da Sucata, As telenovelas brasibiras foram, ainda, matéria de estudo para ottos autores prncipalmente na perspetva de expanse de mercados © e fuxos infomacionais. Alguns destes ostudos inserem-se ro debate sobre o Imperialismo na comunicagao @ na informaga0, que se iniciou na década de oitenta, apds a publcagao do relatério MacBride em 1980. Ene estes trabalhos esto os dos autores ja citados Mattelare Mattelar sobre o desequllrio dos fhxos de informagao © comuricagao entre o hemisfrio Nore ¢ o hemistéro Su; os estudos 4e Bitereyst e Moers sobre as assimetias no mercado teleisivo e a ascenséo de paises exporiadores no hemistério SU e os trabalnos de Sinclaire Reeves sobre a hegemoria e imperialism dos corteidos e da informagao rorte-americana, Uma segunda vertente de rabahos sobre a fcpo seriada e as telenovelas em especial iriciada na década de oitenia, tem como objetivo 8 compilagao, registo ¢ andlise ndo s6 dos produtos fccionals como os estudos sobre estes programas. Ismael Fernandes publica em 1982, a primeira ecigao da Womora ca Tolenowln Brasil'ra, que foi reeditada e atuaizada até 1997, O objetivo desta publicagao que sistomatiza os programas de foga0 emitdos em todos os carais brasleros de televisAo 6 apresentar crondlogicamente os verbetes dos tidos exiidos, o horario de emissao, as temsticas principals, os estos, assim como aficha terica de todos os interverientes, desde os irectores © guoristas aos actores, passando pelas ambientapses 6 thas sonores. ‘Anamaria Fadul, professors e investigadora da Escola de Comunicagoes @ Artes (ECA) da Universidade de Sao Paulo (USP), em corjurto com outros imestigadores, desenohe desde os anos oiterta um trabalho de compilagso, registo e andlse de ‘rabatnos produzidos sobre telenovela. Estes regislos sao regularmerie divulgados na Revisia de Comuricacéo & Educacao publicada pela ECAJUSP e enconitamse também & cisposigao no Centro de Pesquisa de Telenovela desta instiigio urivesitaa. objetivo & isponibitzar nao s6 a bibliografa brasileira sobre @ telenovela, mas também a biblografa infemacional que inci obras em varias lnguas, como 0 alemao, o esparho, 0 tranc8s ¢ 0 inglés (Fadul e Mora‘, 1993:169).O periodo de pesquisa das referércias situn-se nos anos 60 # tem tide continuagdo até & alualidade, embore, come refere as autoras & a partir do sucesso das telenovelas da Globo, na sécada de 80 que aumentam as obras de orgem académica ATV Globo, através do Projeto Meméria das Orgarizagdes Globo, orgarizou um primsio vole do Diciondro da TV Globo, em 2003, {que compiiou os programas de Dramaturgia e Erireterimento, com uma secgdo dedicada &s telenovelas. Os ttulos dos verbelesinciar se em 1965, com lus6es Perdidas, exibida na TV Paulista, um canal que na altura inka sido comprado por Roberto Marino, proprietrio da Rede Globo. O Almanaque TV’ Globo, orgarizado por Marcel Soulo Maior@ editado em 2006, 6 um outro trabalho produrido pela fequina de Meméria da Globo que tem coma abjecva recensear a hstéria das produgSes, nameadamente da fioga seriada, Os estos brasileios sobre telenovela inciaram-se na década de 70 (Marques de Melo @ Micel), mas adquirem grande visibidade nos anos 80. part deste momenio poder-s identifica Us linhas de investigar3o. Uma primeira lina, onde se inserem os tabalhos sobre a origem do género @ evoluedo histérica da telenovela, bem como os primérdios da produgdo; uma segunda inna de pesquisa tom como preocipagdo central a dramalurga, as narralivas os discursos e 08 carteddos; a terceirae uma linha de pesausa prilegia as questoes tetrogréticas © de recepedo. Como so refer inicialmento nao se pretondo fazar uma apresertagdo exaustva destes estos académicos ‘mas sim assinalar alguns daqueles que contiburam para a cansaldacdo no Brasil deste campo de estudos. No primeiro conunte de pesauisas sittam-se os vabalhos, de Masia Rita Khel (1880, 1987), dentro de uma perspetva crtica sobre 0 papel da telenovela na roprodugao de estoreétpos culurais © na aceltagdo corformisia das desigualdades socials; o trabalho de Marques de Melo (1987) sobre as caractersticas de produpdo e pioneismo na exoortagao deste género; a obra de Ortz, Borel © Ramos (1988) que se centou na antocedentes da telenovia, principalmente na radionovela © nas suas herangas norte-americanas © latno-americanas, com destaque para o papel de Cuba, na diwugagdo e aprofundamento do género na América Latina, © mesmo trabalho analisa os primérdios da telenovela brasileira efoca a produgdo industiale cultwal tendo em conta o significado econémico e as avciéncia, Nos itimos anos a TV Globo tem apoiado direta ou indretamente algumas pesquisas, entre estas enconra-se a de Mazo Alencar, que ‘8m 2002 publicou um trabalho, profusamente ihistado e documertado, sobre as origens, produgio e personagens das telenovelas brasileira, No segundo conjunto de estudos inserem-se os trabalhos sobre dramaturgia,narratva ¢ ciscursos, Ene estes referem-se o de Samira Youssef Campacel (1987), onde se esboga a defini e sistematizagao do género recorrendo ao depoimerto da guionisia Janete Clair © 8 andlse da telenovela O Asto, exbida ene 1977 © 1978, A autora procura ainda descrever a estratégias naratvas apelidadas co ganchos, ou pequenes clmax, que funcionam come marketing do imaginario (Campadell, 1987: 44), ¢ tém como objetive manter 0 Imtoresso das audioncias. Muitos outros estudos podoriam sor citados, como os de Arur da Tavola, sobre a anaiise do conteido @ construgio da personagem ras telenovelas; a obra de Renala Palotini que foca a dramaturgia ra loleviso, com espacial incidéncia na festrutura da tolenovela @ nas formas narratvas de constuir os episédios: as andises da narraiva e do discurso de Baccega e Cristina Costa que facam os conieikos estéticos @ étcos da telenovela, Comsém ainda frisar a pesquisa de Joel Zito Aratjo (2000), sobre a presenca/eusércia do negro na ficqae teleisiva brasileira, com particular énfase na telenovela. O autor fez uma exploracéo histrica sobre 5 personagens atrbuidas aos nogros © aos actores negros desde a década de 50 até @ alualdade, acontuano a discrminagao © 0 raciemo que a eleislo, através das telenovelas, eforgau na sociedade brasileira 0s estudos sobre recepeae integram a tercelra Inha de pesquisa sobre telenovelas. Um dos trabalhos mais importartes @ o de Ondina Fache Leal, A Leitira Social da Novela ss Oit, pubicado em 1986, que observa como dols grupos sociais distinios, perencertes 8s asses populares ea dasses dominaries, se apropriam das mensagens veicuadas pelas telenovelas. Muitos outos trabalhos sobre a recopgio das tolonowlas se seguram, tendo como referdncias tedricos pesquisas intemacionais @ nacionais brasiiras. Erire estes convim refer a pesquisa desomolida por Lopes, Boroli © Rocha, Vivendo com a Tolonovela, (2002:39) (Viverdo com a telenowea: mediagdes, recepeao, tleiccionalidade - Pagina 5) que procwou integrar ro rabalho de campo & Perspetva integradora e compreensiva da recepsa0, a partir do conoeito de mediages 6o pesquisador Martin Barbero. A pesquisa que femolveu 0 acompantamenio diio de 4famllas, de estalos sociaisdistitos, durante a omissto da telenovela A Indomada, exbida em 1987. A pesquisa de campo ariculou-se em lomo de quatro mediagSes: 0 quotidiana familar, a subjectiidade, 0 género ficional e a \deotdenica (Lopes, Borel e Rocha, 2002:50} (Abortura Novela A Indomada 1997). Um outro trabalho sobre a recepgtio é o de Heloka Buarque de Aimelda, sobre Telenovela, Consumo e Género (2008), um dos pouces trabalhos que reivncicainseri-se nos estudos de género, Sublinha-se este objetivo pelo facto das pesquisas arteriores sobre as telenovelas inciirem sobre audigncias femininas, mas néo se assurirem nem manifestarem uma ascendéncia tebrca fundada nos festudos feministas, tal como acontoceu com as pesqutsas congéreres anglo-saxGnicos. Nao sendo um estudo sobre a recopcdo dos Conteudos pelas muheres e homens, a pesquisa foca os processos de ineragdo e apropriagao das mensagens,incindo os estmus da publicidade em diregao a0 constr. Para terminar,fisa-se que muitas outas pesquisas — mestrados, douloramertos, argos cierificos em revistas ¢ liwos — foram realzadas, néo s6 dent das linhas atvas erunciadas mas sobre temas especifcos, iis como a reigiosidade, a famiia, a pollica, a ‘educagae,o trabalho ea mulher (Afonso, 2005). Para além destes e outros temas, surgiram obras sobre elementos da produgao, como a tha sonora (Righn, 2004) ¢08 censiros efguriros (Meméria Globo, 2008) CConvém ainda refer que es gBneros soap o a telenovela contaminaram toda a produgso de fue nas televieSes. Como refere Henderson (2007:14) Tho soap opera as a continuous serial has became less easily defined as it has inflated othor genres. A soapisaton ou telenovelizagao de todos os programas, dos notciarios ao entretonimento, tomou-se um padra0 tolaisivo de rarratva que para muitos ‘autores se eizciona com a necessidade de produzir em massa ¢ a baios cusios Como escreve Croeber (2004: 15-20) se a soap opera di sinal de um certo esgotamerto, néo fe divida que 0 género tem sofido uma Complaxa hibridacio, que se expressa em formas seriadas, tis como o Sex.and the Cily@ as séries poiciais © de medicos.A hibridago douse também, segundo Henderson (2007) em direccao a Really Tv infuenciando programas como Big Brother, Surwivers, tha das Tertagées, Qunia das Celebridades e outros, s pesquisadores brasilcros também tém feito observagoes semelhartes relaivaments & hegemonia das telenovelas, Borel Prioli (2000) numa obra intiuada A Deusa ferda: por que @ Rede Globo ndo é mais @ camped absolla das audiéncias, discatom a ciminuigo os indices de audiénca, prncipalmenta das telenowias, neste canal e avancam com explcacées. Ente estas salleniam-se a concorrencia entre emissoras, a televisdo paga e a segmentaao do mercado, bem como as ransformagaes econdmicas e a invencia {das novas tecnologias (Borel e Proll, 2000: 15). 0s pesquisadores anglo-saxénicos e ltino-americanos esto em sirtoria sobre o papel das novas tecnologia e da convergéncia digital ras mudangas de comportamentos dos espaciadores face a televise, Eles salentam a emergéncia de formas de interatvidace promovidas quer pelas emissoras, por exomplo os sites dedicados 4s telenovelas, quar pelos espectadores, como por exemplo 0s blogues de fs. Referem ainda que a sobrevivncia dos génaras soap @ telenovela passam por formas aprofundadas de interagao, romeadamenie pela partcipagio dos espectadores no desemvohimento das tramas, nos testemunhos em dito, como os que finalizavam 0s episddios da Ielenovela Viver a Vida (Visoos ‘or (slerowla Viver a Vide). Outras estratégias passam também pela rmigragdo dos géneros para outros supartes, romeadamenle para o Youtube, telemévels © ads, entrardo néo $4 nos consumos dos mais. jovers, mas também oferacenda parcerias para o desdabramenio de corlaidos. Como assinala Jerkins (2009) as esatégias das ‘empresas devem ser plirais na abordagem dos pibicos e nas lanatvas de manter a sua lealdade assegurando-hes um contetdo que reficta mais plenamerte os seus iteresses, crando um espago onde postam fazer as sas coninbuigGes criavas e reconhacenda os melhores tabahwos que emergiram (Jenkins, 2008: 234), Bsus [AFONSO, Lucia Helena RincOn (2005). magens de Milher @ Trabalho na Telenovela Brasileira (1999-2001). Sao Paulo: Arita Garibaldi Goidria: Ec. da Universidade Catolca de Goias ALENCAR, Mauro (2002) A Holiwood brasilira: Panorama da telenovela no Brasil Rio de Janeiro: SENAC Rio, ALLEN, Robert C. (1994). To be continued...soap opera around the world. London: Routledge. ALMEIDA, Helosa Buarque (2003). Telenovela, consumo e génera. Sao Paulo: EDUSC. ANG, bn (1985), Watching Dalas: Soap Opera and The Melodramatic Imagination. London: Methuen ANG, lon (1991), Desperately Seeking the Audience. London: Rowledge. ANG, bn (1996). Living Room Wars: Rethinking media audionces fora postmodem world London: Routledge, ARAULO, Joel Zo (2000). A Negagao do Brasil: 0 negro na telenovela brasileira, S80 Paulo: Serac. BACCEGA, Maria Aparocida (2000). Aproximagbes a telenovela: os encortros de ressignifcagdo. In Conferdrcia Portugal © Brasi outa ws6es e ouras imagers. Lisboa: SPA, BLTEREYST, Dariol & MEERS, Philippe (2000), The lerationa telenovela debate and the conta-low argument a reappraisal. Media, Culture & Society, n? 22. London Sage, p. 394-413, BLUMENTHAL, Daniele (1997), Women and Soap Opera: a Cultural Feminist Perspective. London: Praeger. BORELLI, Sia (1996). Aopdo, suspense, emopdo: Literatura e cultura de massa no Brasil. Sao Paulo: EDUC. BORELLI, Sia (org.) (1984). Géneros fccionas, produpso e cotdiano na cultura popular de massa. S40 Paulo: intercom. BORELLI, Siva & PRIOLL|, Gabriel (org) (2000). A Deusa Ferida: Por que a rede Globo néo é mais a camped absolia de audiéneias. ‘S80 Paulb: Summus Editorial 'BRUNDSON, Chariote (1981). Crossroads: Notes on Soap Operas. Screen, vl. 22, °4, 9. 32-7 BRUNDSON, Charlotte (2000), The feminist, the housewife and the soap opera. Oxford: Oxford: University Press CCAMPADELL Samira Yussef(1985).A telenovela. So Paulo: Atca (CANTOR, Muriel G. (1980). Prime-Time Television: Cortent and Control. London: Sage. CANTOR, Murol Ge PNGREE, Suzanne (1983). The Soap Opera. London: Sage. CASSATA, Mary & SKILL, Thomas (1983) Life on daytime telovsion: tuning in American serial drama, New Jersey: Ablox COSTA, Cristina (2000). A NMlésima segunda Noite: da narrativa mtica & telenovela , andlse Annablume, stética © soclobigica. Sao Pauo: CREEBER, Glen (2001) Taking our personal Ives seriously: ntmacy, continty and memory in telowsion drama serial. Media, Culture & Society, n° 23, London: Sage, p. 439-456. CREEBER, Glon (2004), The serial television London: British Film htt, (CREEBER, Glen (2008), Th television Gere Book. London: British Film htt FADUL, Anamatia (ed) (1883). Serial Fiction in TV: The Latin American telenovelas, So Paulo: School of Communication and Arts, University of Sao Paulo FERNANDES, lsmall(1997), Meméria da telenovela brasileira 4 ed. Sdo Paul: Brasilense GERAGHTY, Christine (1981). Women and soap opera: a study of prime-tme soaps. Cambridge: Poly Press. GRIPSRUD, Jostein (1998). The Dynasty years: Holywood television and Critical media studies. London: Routledge. HARRINGTON, C. Lee & BIELBY, Derise (1995). Soap fans: pursuing pleasure and making meaning in everyéay life. Philadelphia: Temple University, HENDERSON, Lesley (2007) Social issues inteleisionftion. Edrburgh Edinburgh Uriveraty Press HOBSON, Dorothy (2003). Soap Opera, Cambridge: Polly Press/Blackwal LIRNKINS, Horry (2008) Culza da Comergéncla. So Paulo: Aleph KILBORN, Richard (1982), Telesion Soaps, London: 7. Batsord Li. KHEL, Masa Rita (1987). Tes ensaios sobre a telnovela in Um pais no ar. Sao Paul: Brasionse. KHEL, Maria Rita (1980). As novelas, novelinhas, novelbes: mile uma noites para as mules. I Anos 70-Tolevisdo, Rio de Janeiro: Gratica Europa, LEAL, Ondina Fachol (1986). Loita social da Novela das Oi Pettopois: Ed. Vozes. LIEBES, Tamara & KATZ, Elihu (1880), The Export of Meaning: Cross-Cultral Readings of Dalas. New York: Oxford University Press. LOBO, Narciso (2000). Fiogo e Polica: o Brasil nas minsséries. Manaus: Ed. Vale. LOPES, Maria Inmacolata Vassalo de ¢ VILCHES, Lorenzo (org) (2007), Cuturas y mercados de la cci6n televisiva en Iberoamérica ‘Arunri OBITEL 2007, Barcelona: Gecisa. LOPES, Maria Inmacolata Vassalo de © VLCHES, Lorenzo (g.) (2008), Mercados Globais,histtrias nacionais: Anustrio bite! 2008, Rio de Janeiro: Gobo Universidade. LOPES, Maria Immacolata Vassalo de (og. (2004). Telenovelainteracionalizago ¢ tercutwaldade. So Paulo: Ed. Loyola LOPEZ PUMAREJO, Tomas (1987). Apronimaciones @ la telerovela. Macid: Catedra MARTIN-BARSERO, Jesus (1997). Dos meios as MediacSes: Comuricagao, Cultura ¢ Hegemoria. Rio de Jansi: Ed. UFR Mat |ART, Armand & MATTLELART, Michéle (1989). camaval das imagens: a ficglo na TV. So Paulo: Brasiliese. MELO, José Marques de (1988). As telenovelas da Globo: produgo e exportagéo. So Paula: Summus. MICELL Sérgio (1972). A noite da madrinha, Sdo Paul: Perspective. MODLESKt Tania (1982), Loving witha Vengeance: Mass-Produced Fantasies for Women. Hamden: The Shoesting Pras. MORLEY, David (1986). Family Television: Cubuzal Power and Domestic Leisure, London: ComediaRoutedge, MORLEY, David & SILVERSTONE, Roger (1990), Domestic Communications: Technologies and Meanings. Madia, Culture & Society, vol2, n°, London: Sage, p. 31-5. O'DONNELL, Hugh (1988). Good Times, Bad Times: soap operas and society in Westem Europe, London Leicester University Press. (OROZCO GOMES, Gullermo & LOPES, Maria Immacolata V. de (org.) (2008). Ficgdo televsiva na lbero-América: Narrativas, fermatos & publicidad, Anuitio 2008, Rio de Janoito: Globo Universidade, ORTH, Renato, BORELLL Slva, RAMOS, José Mario O. (eds) (1989). Tolonovel,Histiria Produ. Sao Paulo: Ee Brasilonse. PALLOTIN, Renata (1998). Dramatugia de Televsdo, Sao Paulo: Ed Modoma. REIS, Carlos & LOPES, Ana Cristina (2002). Dleconéro de Naratologa, 70d. Coimbra: Amina, RIGHIN, RafaelRoso (2004). A Trha Sonora da Telerovela Braslbira. Sao Paulo: Paulnas SCHRODER, Kim C. (1987), The Pleasure of Dynasty: The Weekly Reconstruction of Sel-Confidence. ht DRUMOND, Philipe & PATERSON, Richard (eds) Televsion and its Audience, London: British Fim hsttte ‘SOUTO MAIOR, Marco! (2006). Almanaque TV Globo. S20 Paulo: Gobo. 'STRAUBHAAR, Joseph D. (1984). Brazilian television. The Dectine of American Inluence. Commurication Research, vol. 11,r°2, London Sage, p. 221-240, TAVOLA, Artur da (1996).A Telenovela Braslsras: istria andlse e corteido. So Paulo: Globo. TUCHMAN, Gaye, DANIELS, Arlene Kaplan, BENET, James (eds.) (1978). Hearth and Home: images of Women inthe mass Media. New York: Onford University Press ‘TUFTE, Thomas (2000). Living withthe rubbish queen: Telenovelas, Culture and Moderity in Braz. Lon: Liton Press, TV GLOBO (2003). Dicionirio da TV Globo: Programas de Dramatugia & Eniretenimento. 1° vol Rio de Jansiro: Jorge Zahar Editora, VERON, Eliseu, ESCUDERO CHAUVEL, Luctécia (comp.) (1997). Telenovela ficcién Popular y Mutaciones Cultizales. Barcelona: Ged VINK, Nico (1888). The Telenovela and Emancipation. Amsterdam: Royal Tropicalinstitte WOOD, Helen (2008), Taking wit telbvisior: women, ak shows and modem sel refexvily. Urbana: University of linois Pross. ‘gnaldspunete oF Mepspertalemunieacion.comi Portal da Comunicagio InCom-UAB: 0 portal dos studos de comunicagio, 2001-2013, Itt oo Comune acs (rear Fait N. Carus UAB. 08163 Cad Fe o39) seh ad Sr [Fan (38) at lal Vals (Saco) 2198 | poral at

También podría gustarte