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Fabricio Leal de Oliveira Adauto Lucio Cardoso Heloisa Soares de Moura Costa Carlos Bernardo Vainer Orgénizadores Uy | RIO DE JANEIRO E BELO HORIZONTE LETRQ@PITAL Copyright© Fabricio Leal de Oliveira, Adauto Lucio Cardoso, Heloisa Soares de Moura Costa e Carlos Bernardo Vainer (Organizadores), 2012 ‘Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/1998. Nenhuma parte deste livro, sem a autorizacao prévia por escrito das organizadores, poder ser reproduzida ou transmitida, sejam quais forem os meios empregados. Eprror Joao Baptista Pinto Capa Flavia de Sousa Araiijo PRojETO GRAPICO | DIAGRAMAGRO Rian Nareizo Mariano Revisio Rita Lappi (CIP-BRASIL. CATALOGACAO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RI Gi79 Grandes projetos metropolitanos : Rio de Janeiro e Belo Horizonte / Fabricio Leal de Oliveira (org) [etal]. - Rio de Janeito : Letra Capital, 2012, 5362p. 523m Inclu bibliografia ISBN 978-85-7785-136-2 1. Planejamento urbano - Rio de Janeiro (RJ). 2, Planejamento urbano - Belo Horizonte (MG). 3. Politica urbana ~ Rio de Janeiro (R)) 4. Politica urbana - Belo Horizonte (MG). I. Oliveira Fabricio Leal de 124447. (DD: 711.40981531 DU: 711.4(815.31) 28.02.12 07.03.12 933503 INSTITUTO DE PesQUISA £ PLANEJAMENTO URBANO & Rucronat - IPPUR/UERJ “Av. Pedro Calmon, 550, sala 537, 5° andar - Ilha do Fundao Cop 21941901 ~ Rio de Janeiro, RJ ‘Tel/Fax (55) 21-2598 -1828 www.ippur.ufi.be Lerra Capita EDITORA ‘Telefax: (21) 3553-2236 / 2215-3781 ‘wwnwletracapital.com.br te come. UFMIG das economias de planejamento centralizado” - e de algumas profecias nio realizadas ~“O aparentemente irreversivel declinio da supremacia americana, ao lado da 1. Esse texto tem como base 0s relatérios da pesquisa “Grandes Projetos Urbanos: 0 que se pode aprender com a experiéncia brasileira”, especialmente o relat6rio final, sntese da pesquisa, elaborada por seu coordenador, Carlos Vainer. Foram incluidas, também, observagdes e andlises de t6picos da pesquisa (Estudo Comparativo e Survey) elaborados por Fabricio Leal de Oliveira e Pedro Novais, eoutraszeferéncias eatualizagbes produidas para este livro, A pesquisa, realizada entre 2005 ¢ 2006 ~ com recursos do Lincoln Institute of Land Policy e coordenagao do Laboratério Estado, Trabalho, Territério e Natureza, do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ETTERN/IPPUR/UFR)) ~ contou com a participasao de diversas tuniversidades e instituigdes brasileiras. A discusstio metodolégica envolveu professores € pesquisadores da UFRJ, UFF, USP, UNICAMP, UNESP, UFV, UFBA ¢ IPARDES: Carlos Vainer, Alberto de Oliveira, Ana Fernandes, Fabricio Leal de Oliveira, Fernanda Sanchez, Glauco Bienenstein, Mariana Fix, Rosa Moura e Pedro de Novais Lima Junior. >. Professor Titular do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPUR/UFRJ). Coordenador do Laboratério Estado, Trabalho, Territério e Natureza - ETTERN/IPPUR/UFRJ ¢ Pesquisador I do CNPq. 3, Professor Adjunto do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano ¢ Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPUR/UFRJ). Pesquisador do Laboratério Estado, Trabalho, Territério ¢ Natureza - ETTERN/IPPUR/UFR). 4, Professor Adjunto do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano ¢ Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPUR/UFR)). Pesquisador do Laboratorio Estado, Trabalho, Territorio e Natureza - ETTERN/IPPUR/UFR). Notas metodolégicas sobre a andlise de grandes projetos igualmente irreversivel ascensdo do Japao, e da relativa melhoria de posigao da Europa Ocidental no concerto mundial” -, uma profissdo de fé: “O re- conhecimento do mercado como 0 mecanismo menos irracional para alocar recursos escassos” (CASTELLS, 1990, p. 4)*. Abstraido o brilho conhecido do palestrante, no essencial, nada que j4ndo houvesse sido dito por muitos outros autores. Mas, desta feita, quem fazia tais afirmagées era 0 mesmo autor, melhor seria dizer a mesma au- toridade que, anos antes, porta-voz autorizado da mais ortodoxa corrente do estruturalismo marxista francés, havia produzido alentada e pretensio- sa crftica da Sociologia Urbana de Chicago e do planejamento urbano de modo geral. O reconhecimento das virtudes do mercado capitalista vinha do mesmo tedrico que, nos anos 70, denunciava a questdo urbana como cortina de fumaga que obscurecia 0 que estava em jogo nas cidades: a re- produgio da forca de trabalho (CASTELLS, 1973)°. Se no se pode dizer que este foi um turning point para a histéria da disciplina do planejamento, © fato é que o ator e suas circunstancias conferiram a esta palestra um caré- ter simbdlico: expressdo de que um novo pensamento urbano e uma nova concepao de planejamento, que se delineavam desde 0 inicio dos anos 80, pareciam aptos a unificar esquerda e direita, ex-marxistas e liberais sob 0 constrangimento dos novos tempos. Nos anos seguintes, Castells e outros vao elaborar e reelaborar mui- tos dos pressupostos deste novo pensamento, que enraizava suas premissas ¢ ideias basicas em outras tantas praticas e momentos simbédlicos. Pode-se mesmo afirmar que a literatura sugere quase tantos momentos de ruptura quantos so os autores, criticos ou apologistas. Para uns, tudo comegou com La Défense, em Paris; para outros, a génese estaria em Baltimore, no Battery | Park ou nas Docas de Londres; ndo poucos tomam Barcelona como espaco- 5. Traducio livre de “The world has changed: can planning change?”|...] “The historical failure <...> of centrally planned economies” [...] “The seemingly irreversible decline of American supremacy, with the equaly seemingly irreversible ascent of Japan, and the relative improvement of the position of Western Europe in the world concert” [...]'the recognition of the market as the least irrational mechanism to allocate scarce resources” 6. Castells vai renegar de maneira inequivoca suas criticas & sociologia urbana dos anos 70 no trabalho que produziu com Jordi Borja para a II Conferéncia das Nagdes Unidas sobre Assentamentos Humanos ~ Habitat II: “<...> la ciudad, tanto en la tradicién de la sociologia urbana como en la conciencia de los ciudadanos en todo el mundo, implica un sistema especifico de relaciones sociales, de cultura y, sobretodo, de instituciones politicas de autogobierno” (BORJA; CASTELLS, 1997, p. 13) 2 Carlos Vainer | Fabricio Leal de Oliveira | Pedro de Novais Lima Junior -tempo de consagracao dos novos modos de planejar e fazer cidades. Nao é relevante arbitrar essa disputa em torno a pioneirismos, mesmo porque cada um destes eventos marcantes trouxe sua contribuicdo para a constituicio e consolidagao das concepgdes de cidade e modelos de planejamento urbano que se tornariam largamente hegemOnicos, inclusive na América Latina. Especialmente a partir dos anos 90, manuais de gestio municipal, ro- teiros de planejamento estratégico de cidades e orientagGes para projetos urbanos propdem a promocio do crescimento econdmico e da competi- tividade, assim como 0 envolvimento do setor privado, em substituicao as praticas urban{sticas de dominio exclusivo do Estado: ages normativas, eventualmente distributivas e participativas. Pode-se dizer que nos anos 90, inclusive no Brasil, o Master Project tomou o lugar do Master Plan, que prevalecera nas décadas anteriores. Apesar de o Estatuto da Cidade (Lei Federal n° 10.257/2001) ter reacendido as expectativas em torno dos pla- nos diretores ao concentrar na sua regulamentagaio municipal um conjun- to de possibilidades de intervengao ptiblica na dinamica urbana capazes de ampliar o acesso 4 moradia e 4 cidade, como mostra pesquisa recente de Ambito nacional (OLIVEIRA, 2011), em poucos lugares do Brasil os novos planos diretores implicaram alteragao significativa nas praticas das admi- nistragdes publicas, geralmente comprometidas com estratégias de pro- mogao das cidades e de ampliagao das suas condi¢gdes de competitividade para atracao de investimentos e empregos. A producao literdria sobre grandes projetos urbanos, seja ela prescri- tiva ou descritiva, apologética ou critica, indica a consolidacao de novas praticas de decisdo e intervengio na cidade. A mudanga foi, assim, assu- mida por uns como inexordvel (ASCHER, 2001) e criticadas por outros (MOULAERT; RODRIGUEZ; SWYNGEDOUW, 2003). De fato, o embate entre apologistas ou criticos, ao expressar divergéncias em torno de pontos comuns, contribui para demonstrar o movimento pelo qual, j4 ha algum tempo, vem passando o planejamento urbano contemporaneo. Certamente nao faltaram propostas de combinagao entre atribu- tos dos modelos de planejamento em disputa, assim como hé cidades em que se tem experimentado um mix de praticas. Lungo, por exemplo, pergunta se “em lugar da dicotomia entre partir do projeto urbano para construir cidade ou o inverso, nao é melhor argumentar que se trata de utilizar os dois caminhos de maneira simultanea” (LUNGO, 2004, p.27). B Notas metodolégicas sobre a andlise de grandes projetos Otimismo que a experiéncia, pelo menos a brasileira, nao justifica, pois ali onde modelos e praticas coexistem, a convivéncia tem sido sempre tensa e 0 equilibrio tem se mostrado impossivel. O que releva destacar € que os grandes projetos urbanos constituem, por assim dizer, a face prética, concreta, da adogio das concepgdes com- petitivas, market oriented e market friendly, que sao a marca nao apenas do modelo de planejamento estratégico de cidades, mas das praticas con- cretas de muitas administracées publicas municipais estaduais no Brasil. Isto tem consequéncias e impde opgées metodoldgicas para todos os gue, particularmente no Brasil, e na América Latina de maneira geral, se propéem a examinar os resultados de décadas de politicas ¢ intervengdes urbanas conduzidas a luz da reforma do Estado e sob a égide das politicas mactoeconémicas de reajuste estrutural. Sea reflexao critica pode focalizar centralmente conceitos, retricas e representagGes acerca do que ée do que deve ser a cidade, o exame das consequéncias praticas deste modelo tem que focalizar centralmente a performance dos grandes projetos urbanos. O esforco realizado por Moulaert, Rodriguez e Swyngedouw (2003) para embasar a discussao tedrico-conceitual em estudos empiricos de cidades européias apontou para uma diregdo promissora, mas seus conceitos e evidéncias empiricas nem sempre sao pertinentes para as realidades das cidades latino-americanas e, em particular brasileiras’. Este © ponto de partida e sentido dos estudos que deram origem @ pesquisa Grandes projetos urbanos: 0 que se pode aprender com a experiéncia brasileira, campo de producao da grade analitica que tem servido como uma das referéncias para uma série de estudos e pesquisas sobre grandes projetos urbanos no Brasil e, em especial, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte: um olhar, antes empirico que tedrico, para as praticas antes que para os conceitos. Para comegar, contudo, é preciso delimitar 0 que se entende por grande projeto urbano, pois a literatura especializada oferece uma longa e variegada lista de definigdes. Nao é raro que o mesmo autor, conforme 0 contexto, opere com conceitos distintos e designagoes variadas. Sem pre- tender uma revisdo exaustiva, caberia assinalar que, apesar de intimeras 7.0 risca é que os criticos dos modelos reproduzam 0 comportamento mimético de seus Gefensores: adotar de maneira imediata e pouco reflexiva a produgio gerada em outros contextos urbanos intelectuais. 8. Ver nota L. 4 Carlos Vainer | Fabricio Leal de Oliveira | Pedro de Novais Lima Junior divergéncias e nuances conceituais, 0 fato € que os autores se reconhecem e sabem exatamente do que esto falando, como sabem que estao falando de uma e mesma familia de intervengdes urbanas. ‘A maioria dos autores destaca 0 tamanho ou um outro indicador de porte da intervencao. Altshuler e Luberoff (2003) optam por definir como indicador sintético do tamanho o volume de investimento — gran- des projetos, para os autores, seriam aqueles que custariam pelo menos US$ 250 milhoes’, Smolka (2004), por outro lado, enfatiza o volume ou tamanho da intervengio, mas para destacar uma qualidade especifica: 6 por serem operacées de larga escala e por envolverem volumosos re- cursos e extensas superficies que as grandes intervengOes urbanas con- seguem afetar 0 fatores que determinam o gradiente de rendas fundia- rias que, via de regra, para os empreendedores e proprietérios pequenos e médios, sio externalidades que pesam sobre sua atividade e sobre as quais nao tém condigoes de interferir (SMOLKA, 2004) . Assim como 0s grandes projetos tendem a promover rupturas na di- namica imobilidria e na formaco dos precos fundiarios, as formas de en- volvimento estatal na sua formula¢o, operagao ou gestio também sofrem descontinuidade. A intervengao do Estado vai muito além de uma partici- pacio financeira e é decisiva ao produzir excegdes ou rentincias fiscais ou urbanisticas que oferecem ao grande projeto um espago legal formatado segundo suas necessidades. E aqui, talvez, em que mais se explicita a fle- xibilidade, elemento central dos novos modelos de planejamento. Assim, pela sua propria natureza e dindmica, os grandes projetos urbanos supdem edependem do que se poderia chamar de urbanismo ad hoc: o Estado atua menos como regulador e representante dos interesses coletivos da cidade e mais como “facilitador” do projeto (LUNGO, 2004, p. 44). Criticos e proponentes dos grandes projetos também convergem ao identificarem entre seus atributos especificos 0 fato de promoverem e dependerem de modalidades de articulacao entre as escalas locais, na- Gonal e internacional. Finalmente, os grandes projetos aparecem tam- bem, na literatura, como grandes investimentos politicos e simbélicos. ‘Aseu modo, expressam e coagulam coalizées politicas e seus projetos de

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