Está en la página 1de 10
A ANALISE URBANA NA OBRA DE MILTON SANTOS' Maria Encarnagao Beltrao SPOSITO’ Esse texto tem como objetivo apresentar um painel de parte da obra dle Milton Santos’. Sua extens4o nfo nos permitiria uma analise de todo seu eonjunto, pois para diferentes especializagdes do conhecimento no interior da Geografia esse autor apresentou contribuigdes significativas, além daquelas mais profundas de natureza tedrico-metodoldégica, e outras cujo carater amplo ¢ inovador permite um didlogo proficuo entre esse intelectual © outros que constréem seu pensamento a partir de outras matrizes disciplinares. Isto posto, esse texto sera estruturado a partir de dois recortes. O primeiro define a parte da obra que sera objeto de nossa diseussiio, qual soja o conjunto das publicagdes voltadas 4 compreensao das dinimicas e processos que se relacionam 4 analise urbana. O segundo recorte decorre de nosso interesse em verticalizar essa analise, 0 que poderia ser feito a partir de diferentes relacdes, enfoques e abordagens. Tomaremos como referéncia a forma como esse autor enfoca a \rbanizagio ¢ as cidades, a partir das articulagdes entre a cidade ¢ o urbano, © global c o local, para a compreensdo da cidade como lugar ou como Nipares. ' De forma preliminar, parte das idéias que apresentamos nesse texto foram expostas ti Mesa Redonda “A cidade, o urbano ¢ o lugar”, que se realizou sob a eoordenagdo do Prof. Paul Claval, durante o Evento Internacional “O mundo do widadiio - Um cidadio do mundo”, ocorrido na Unversidade de Sao Paulo, em Homenagem ao Prof. Milton Santos (outubro de 1996, Sao Paulo, SP). " Gedgrafa, Professora do Departamento de Geografia e membro do grupo de peaquisa “Produgdo do espaco e redefinigdes regionais” - GAsPERR da Faculdade ile Ciéncias © Tecnologia da Universidade Estadual Paulista - UNESP, Campus de Vrosidente Prudente - Estado de Sao Paulo. * © Professor Doutor Milton Almeida dos Santos aposentou-se como professor {itular do Departamento de Geografia da Universidade de Sao Paulo - USP. Continua a participar ativamente da vida universitaria brasileira, quer através de seu papel como docente ¢ oricntador na Pos-Graduagdo em Geografia dessa mesma wnidade universitéria, quer através de sua produgdo cicntifica publicada com fogularidade, quer através de suas conferéncias em diferentes eventos cientificos macionais ¢ internacionais. Foi professor em outras universidades brasileiras, bem como na Prang tados Unidos, Canada, Peru, Venezuela e Ts as O texto sera estruturado, considerando-se seqiiencialmente esses dois recortes, com a intengao de que o primeiro possa se constituir como um painel, a partir do qual o segundo se desenvolva. Inicialmente, apresentaremos as publicagdes do autor, tomando-se como ponto de partida uma periodizagao de sua produgdo cientifica, com vistas 4 sua caracteriza¢io. Em seguida, com base na sua produgdo mais recente, a abordagem proposta sera objeto de tratamento mais directo. Devemos, contudo, frisar que analisar as articulagdes, contradigdes e relagées entre urbanizacdo e cidades, a partir das publicagdes de Milton Santos, abre um amplo aréo de abordagens, uma série de conexdes possiveis, ¢ sobretudo, multiplas potencialidades para a reflexdo tcdrico- metodoldgica. Assim sendo, sem chegarmos a uma anilise exaustiva de sua bibliografia, a partir da qual o tema proposto poderia ser enfocado, apresentaremos alguns cixos de abordagem, os quais consideramos os mais instigantes, para o debate proposto. 1. Os textos produzidos A analise da obra de um autor poderia ser feita por diferentes caminhos. Estudar os programas de ensino produzidos ¢ praticados por um professor, avaliar suas oricntagdcs cicntificas, consubstanciadas em dissertagdes, teses ¢ outros trabalhos cientificos defendidos, ou mesmo acompanhar a seqiiéncia de suas palestras, conferéncias ¢ participagdes em mesas redondas e outras formas de debate de idéias, sio caminhos plausiveis ¢ interessantes para essa analise*, Optamos pela observagdo de suas publicagSes, pois os textos talvez sejam, ainda, a forma mais completa ¢ universal de divulgagao ¢ debate de idéias. A seqiiéncia dessas publicagdes permite-nos verificar uma relativa identidade entre as mesmas, tomando-se como referéncia trés periodos, os quais nio devem ser considerados rigidamente, mas apenas como balizas que podem facilitar a apreensao do conjunto dessas publicagées, a partir de contextos profissionais ¢ de amadurecimento intelectual diferentes. Entre 1948 ¢ 1963, 0 que poderiamos considerar como uma primeira fase da produgdo cientifica de Milton Santos, foram publicados “ Para conhecer o conjunto da obra de Milton Santos, incluso suas publicagdes, ver seu curriculum vitae publicado ao final dos seguintes livros: Souza (1996) e Carlos (1996). Os referidos livros tém sua citagao bibliogrifica completa no final deste texto. dez livros, dentre os quais quatro tém como objeto imediato de trabalho tematicas que interessam ao campo da Geografia Urbana. Além desses, mais uma quinzena de textos foram publicados relacionados ao mesmo campo de conhecimento, como artigos em revistas cientificas brasileiras ¢ francesas ou como textos que compuseram outras edigdes. Essas publicagdes foram marcadas por uma capacidade analitica ja muito abrangente para um jovem intelectual, pois o fato urbano foi enfocado em duas escalas, a da cidade e aquela da rede urbana. A escala do espago interno das cidades foi a mais relevante, por exemplo, no livro “O centro da cidade de Salvador” (1959); mas também pareceu em textos como: - “Ubaitaba, estudo de geografia urbana” (1954), ~ “Uma definigao da cidade de Salvador” (1958), - “Quelques problémes gcographiques du centre de la ville de Salvador” (1959), - “Uma definigao da cidade de Salvador” (1960), - “O porto ¢ a cidade de Salvador” (1963)°, dentre outros. Enfocando a cidade em suas relagdes com espacos mais amplos, algumas publicagdes podem ser destacadas: - “A cidade de Jequié ¢ sua fegido” (1957), - “A cidade como centro de regido” (1959), - “A rede urbana do Rec6ncavo” (1959). A observagao dos titulos citados ja permite dimensionar a intensidade ¢ a diversidade da produgdo cientifica, mesmo se enfocando apenas a parcela que interessa a andlisc urbana. Além da produgdio de textos yoltadas a duas escalas de abordagem, consideramos trés outras marcas significativas nessa fase do trabalho de Milton Santos. ‘A preocupagao em contribuir para o estudo de cidades ou regides do estado da Bahia, onde nasceu ¢ iniciou sua vida académica, j4 revelava tim compromisso social com a compreensio de seu espago e de seu tempo. Além das pesquisas intercssando mais diretamente a escala interna da cidade ou aquelas voltadas ao estudo de escalas mais amplas, é de sc observar, como uma marca desse periodo de sua produgao cientifica, a Preocupagao em articular esses dois niveis de abordagem, de forma a contribuir para um focalizacao mais integrada das diferentes escalas do fito urbano. Para ilustrar esse aspecto, destacamos 0 texto: - “O papel Metropolitano da cidade de Salvador” (1956). Mas, talvez, scja a ultima marca a ser citada, como relevante para earacterizar essa fase da produgao do autor, a que maior destaque merega, Pela sua importancia, ¢ porque ja evidenciava o que seria a principal * As referéncias completas dessas ¢ de outras publicages esto na integra, no final esse artigo 27 caracteristica de seus trabalhos de geografia urbana da fase seguinte. Referimo-nos 4 sua iniciativa de produzir uma leitura do fato urbano, em paises subdesenvolvidos, capaz de incorporar a andlise as especificidades dessa realidade. Ao invés de apenas importar as matrizes teOricas e metodologicas ja consagradas nos “paises centrais”, Milton Santos comeg¢ava a contribuir para a consolidagao de uma Icitura geografica do Terceiro Mundo. Para nds, 0 texto precursor dessa tendéncia, foi o artigo “Quelques problémes des grandes villes dans les pays sous-développés” (1961). O periodo em que Milton Santos residiu ¢ trabalhou fora do Brasil pode ser considerado como uma segunda fase de sua produgio cientifica. Entre 1964 ¢ 1977, publicou nove livros (Brasil, Franga, Espanha e Canada), dos quais seis deles contribuiram de forma singular para a andlise urbana. Mais de quarenta outras publicagdes de textos e versdes desses textos para outras linguas representam a contribuigdo do autor, nessa fase, para a compreensdo do fato urbano. Scu interesse em compreender a realidade dos paises subdesenvolvidos consolidou-se nesse periodo. O distanciamento do Brasil, a possibilidade de trabalhar cm diferentes paises ¢ 0 compromisso com a construgao de uma Geografia, a partir do Terceiro Mundo, permitiram que a preocupagao, que ja se cvidenciava na fase anterior, ganhasse agora uma dimensao maior. O livro, que interessando A andlise urbana, marcou o inicio desse periodo de sua produgdo cientifica foi “A cidade nos paises subdescnvolvidos” (1965). O autor passou a contribuir para uma compreensao do processo de estruturagdo interna das cidades e das relagdes dessas cidades com outros espagos, em paises subdesenvolvidos, nao mais, apenas, tomando como referéncia a realidade brasileira. Outros livros indicam o interesse de Milton Santos em contribuir para essa compreensio: - “Aspects de la géografphie et de l'économie urbaine des pays sous-développés” (1969), - “Dix essais sur les villes des pays sous-développés” (1970), - “Geografia y economia en los paises subdesarrolados” (1973). Na mesma diregdo foram escritos os textos: - Le réle des capitales dans la modernisation des pays sous-développés” (1966), - “Les modéles d’élaboration des réseaux urbains dans les pays sous-développés” (1968), - “Las ciudades incompletas de los paises subdesarollados” (1972), - “Urban crisis or Epiphenomenon?” (1973), - “Economic development and urbanization in underdeveloped countries: 28 the two-flow systems of the urban economy and their spatial implications” (1973) Mesmo em textos, cujo trago principal foi a reflexdo teorico- metodolégica no campo da Geografia, Milton Santos dedicou parte do livro io da dimensao urbana da realidade, como em “Le métier du seographe en pays sous-développés” (1971). O autor contribuiu de forma significativa para a produgdo de um ‘reabougo tedrico-metodologico capaz de permitir uma Icitura universal dos processos ¢ dinamicas que caracterizam a produgo e estruturagado das eidades ¢ das redes urbanas cm paiscs subdescnvolvidos. mas apresentou. também, analises que interessaram, particularmente, 4 compreensao desses processos e dindmicas nas cidades de Lima, Guadalajara, Brasilia, Salvador © em paises como a Costa do Marfim. Brasil, Argélia, Madagascar Venezuela. A 6nfase de analise das relagdes entre economia ec estruturagado dos espagos urbanos também deve ser destacada como uma das marcas da produgo do autor nessa fase. A publicagdo que sintotiza de forma exemplar essa tendéncia é “L ‘espace partagé” (1975). Nessa obra 0 autor apresenta de forma completa sua teoria dos dois circuitos da economia urbana em paises subdesenvolvidos, teoria essa que ja sc delineava cm textos anteriores como: “Matériaux pour | étude de Lemploi urbain dans le pays sous-développés” (1968), -onomie pauvre des villes des pays sous-développés” (1971), “Los dos circuitos de fa economia urbana de los pa ubdesarrolados ” (1972). O retorno ao Brasil ao final dos anos 70 pode ser tomado como referéncia para a demarcagado de uma terceira fase, em que as preocupagdes leorico-metodologicas ganharam uma dimensdo ainda maior. O autor contribuiu de forma significativa ndo apenas para a compreensio da realidade contemporanea, mas, sobretudo, para a construgdo de uma teoria do espago. Nesse periodo sua produgao algou-lhe a freqiiente interlocugao com os cientistas sociais ¢ intelectuais de outros campos de conhecimento, contribuindo para o debate de novos paradigmas. O peso teérico, ¢ sob certos aspectos epistemologico de suas publicagdes revela-se nado apenas pelo que ja destacamos, mas também pelo grande nimero de textos produzidos ¢ pela amplitude das tematicas ¢ reflexdes neles presentes. Inimeros livros ¢ artigos foram publicados nesse periodo. Embora a analisc urbana nao tenha sido tomada como objeto central de reflexao, uma obra de referéncia pode ser destacada para marcar o inicio dessa nova fase: “Por uma Geografia nova” (1978). As bases tedricas, que marcaram esse periodo, estado explicitadas nesse livro, de tal sorte que conccitos, que foram retomados em outras publicagées ¢, por vezes, discutidos vis-a-vis a questo urbana, foram nesse texto originalmente trabalhados. A opgao pela produgao de uma tcoria do espago sao significou, no entanto, que a analisc urbana, quer na escala do processo de urbanizagao, quer na escala do espago urbano, ndo tenha merecido atengado. Muitas publicagdes foram dedicadas a essa analise: “A urbanizagao desigual” (1980), “Manual de Geografia Urbana” (1981)', “Ensaios sobre a urbanizaciio —_latino-americana” (1982), “Metropole —_corporativa fragmentada: o caso de Sao Paulo” (1990). ~A urbanizagao brasileira” (1993), “Por uma cconomia politica da cidade” (1994) *. Além dessas publicagdes sob a forma de livros, outras tratam diretamente da tematica: uma dezena de textos foram publicados em obras coletivos. ¢ mais trés dezenas foram produzidos como artigos ou divulgados em publicagdcs de eventos cicntificos, dentre os quais podemos destacar: “Modernité, milien tecnico-scientifique et urbanisation au Brésil” (1991), “S@o Paulo: un centre @ la péripherie” (1992). “Tendéncias da urbanizago brasileira no fim do século XX” (1994), “La citté del Terzo Mondo” (1994), ® Nao fosse pelo proprio tcor da discussio presente nesse livro, cle pode scr lembrado pelo fato de que ter sido gestado a partir das discussdes que autor manteve com seus alunos das Universidades de Dar-es-Salaam (Tanzania), Central (Venezuela) ¢ Columbia (Estados Unidos). entre 1974 ¢ 1977. anos anteriores ao seu retorno ao Brasil Tomando-se como referéncia 0 processo de aprofundamento tcérico- metodolégico, esse livro poderia ser considerado extemporinco. pois apresenta uma abordagem do fato urbano mais identificada com os cnfoques expressos nos textos do autor publicados nos anos 60. A preocupagio cm produzir uma leitura das cidades dos paiscs subdescnvolvidos da a tonica desse texto, retomando. sob muitos pontos de vista, o que foi apresentado em “A cidade nos paises subdesenvolvidos” (1965). A condigdo de se constituir um manual, se por um lado permite 0 acesso a uma ampla caracterizagao da dindmica da urbanizacio c da estruturagao das cidades nesses paises, no permitiu. por outro lado. a apresentago de uma reflexdo de carter todrico. trago esse que consideramos 0 mais marcante do periodo em analise ® Outros livros desse periodo. os quais nado foram dedicados especificamente 4 andlise urbana, apresentam uma contribuigdéo a essa leitura: “Pobreza urbana” (1978), “Economia espacial: criticas c alternativas” (1978). “O trabalho do gedgrafo no Terceiro Mundo” (1978), “Espago ¢ sociedade” (1979). “Espago ¢ método” (1985), “Metamorfoses do espago habitado” (1988), “Técnica, espago, tempo: globalizagao ¢ meio técnico-cientifico informacional” (1994), 30 © peso da discussiio tedrica que marca essa fase pode ser avaliado, ainda, pelo grande nimero de conceitos claborados c/ou rediscutidos pelo autor As determinagées decorrentes da intensificagdo das relagdes entre a ordem mundial ¢ a ordem local, expressas também nas diferentes escalas das formagdes socioespaciais, fazem com que grande parte desse debate tome a dimensdo urbana da realidade contemporanea como central, ¢ nessa jwedida interessam diretamente compreensio das relagées entre o proceso de urbanizagao ¢ as cidades Destacamos a importéncia da discussdo ¢ reflexdo acerca dos eonceitos de: fixos ¢ fluxos, horizontalidades ¢ verticalidades. consumo produtivo © consumo consuntivo, espago banal c espago racional, fuposidade, meio técnico-cientifico-informacional ¢ meio tecnogeografico. objeto geografico, tecnoesfera ¢ psicoesfera, sistemas de agdcs ¢ sistemas de objctos. Se tomamos a publicagdo do livro “Por uma Geografia nova” como referéncia que marca o inicio de uma fase dedicada a reflexdo tedrico- epistemolégica c a claboragao ¢ amadurecimento de conccitos. ¢ necessario indicar uma outra, que se constitui como sintese dessa reflexdo, qual seja ‘A natureza do espago. Técnica ¢ tempo. Razio e cmogao” (1996). Nesse livro o autor clabora, de forma aprofundada, a discussao de muitos dos conccitos apresentados em outros textos. ¢ contribui de forma singular para 4 comprecnsao dos nexos entre processos ¢ formas produzidas, de tal sorte que a andlisc urbana nele pode se apoiar, sc néo a restringimos a compreensio de dindmicas citadinas Para que 0 Ieitor possa apreender 0 cscopo dessa publicagao, as palavras do proprio autor sdo oportunas: “Nosso desejo explicito & a produgao de um sistema de idéias que seja, ao mesmo tempo, um ponto de partida para a apresentagao de um sistema descritivo e de um sistema interpretative da geografia.” (Santos, 1996, p. 16) Essa breve analise do conjunto das publicagdes de Milton Santos pode, como ja advertimos, constituir-sc como um paincl. a partir do qual aprescntarcmos as claboragées que sc seguem, sobretudo, tomando como referéncia sua produgéo mais recente. 31 2. A cidade e 0 urbano A telagdo ¢, por outro lado, a disting’o entre cidade ¢ urbano’, constitui-se como fio condutor para a analise do processo de urbanizagao. visto que essa discussdo enscja a necessidade de compreensio da cidade no mundo contemporaneo. a partir de novas relagdes entre tempo ¢ espago. dadas pela reciprocidade atual entre cssas duas dimensdes da existéncia social. A compreensdo das mudangas espago-temporais ¢ fundamental ¢ possivel, pois: divisoes sucessivas de trabalho ensejam uma determinada disposigdo dos objetos geograficos, dando-lhes a cada momento, um valor novo. ‘oda andlise urbana, para ser vilida, deve apoiar-se em categorias que levem em conta, ao mesmo tempo, a generalidade das situagdes e a especificidade do caso que se deseja abordar. Julgamos que um instrumento adequado pode ser obtido através, de um lado, do estudo das fungdes urbanas ¢ sua redistribuigdo, em um dado momento, como resultado da divisdo social do trabalho e da divisdo territorial do trabalho e. de outro lado, do reconhecimento das condigdes preexistentes, que incluem o espago construido. "As condigdes preexistentes, herancas de situagdes passadas, sdo formas, isto é resultam de divisoes do trabalho pretéritas. As novas divisées do trabalho vao. sucessivamente redistribuindo fungdes de toda ordem sobre o lerritorio. mudando as combinagées que caracterizam cada lugar e exigindo um novo arranjo espacial." (Santos, 1994a, p. 125- 126) (grifo nosso). Pclo menos, duas idéias podem ser aqui desenvolvidas, tomando como referéncia a citagdo acima c 0 conjunto da obra de Milton Santos ° Para Milton Santos é fundamental 0 estabelecimento da distingao entre o urbano ¢ a cidade: “O urbano é frequentemente o abstrato. o geral, o cxterno. A cidade é 0 particular, 0 concreto, o interno. Nao ha que confundir. Por isso. na realidade. ha historias do urbano e historias da cidade. (...) O conjunto das duas historias nos daria a teoria da urbanizacdo. a teoria da cidade. a histria das idcologias urbanas. a hist6ria das mentalidades urbanas, a historia das teorias” (Santos. 1994, p. 69-70). 32 Em primciro lugar, destacamos a preocupagdo com a necessidade de apreenséo das generalidades ¢ das especificidades como uma idéia recorrente ¢ central. Em segundo lugar, a idéia do espago construido como expressio de herangas passadas combinadas as exigéncias contemporaneas coloca em discussao a forma ¢ 0 tempo. Ao discutir as rclagdes entre a forma c o tempo, Milton Santos aponta para a necessidade de retomarmos a preocupagao, que a geografia urbana ja teve, com a historia da cidade, ¢ portanto, com o urbanismo. Para ele, a elaboragao da historia urbana trabalha com as idéias de forma ¢ tempo, idéias cssas importantes, visto que: “Nos conjuntos que o presente nos oferece, a configuragdo territorial, apresentada ou ndo em forma de paisagem, é a soma de pedagos de realizagdes atuais e de realizages do passado” (Santos, 1994, p. 69). A partir dessa perspectiva. a questdo Ievantada é, segundo o autor, a do problema metodolégico que se nos coloca, 0 de “...empiricizar e precisar 0 tempo...””, se queremos relaciona-lo as formas. essas sim, mais passiveis de uma apreensao empirica Assim, a distingdo entre cidade ¢ urbano, ndo apenas ¢ necessaria. como contribui para a reflexdo acerca desse problema metodolégico. O wutor frisa que, enquanto o urbano é mais abstrato, a cidade ¢ concreta. Se © urbano & gral, designa os papéis desempenhados pela cidade c na cidade 4 partir da divisao de trabalho. Sc a cidade ¢ particular, a sua compreensao jiissa pela historia de scus usos de solo, de sua circulagdo. Apenas o onjunto das historias do urbano ¢ das histérias da cidade levam a teoria da tirbanizagdo. A generalidade das situagées expressa-se através das historias io urbano e as especificidades dos casos. aparecem através das historias da cidade, combinando em diferentes escalas o tempo ¢ as formas (Santos. 1094b) Dessa mancira, a compreensio da condigao de espago-tempo da cidade, permite ir além das formas produzidas, pois o autor destaca que: "A historia de uma dada cidade se produz através do urbano que ela incorpora ou deixa de incorporar..." (Santos, 1994b, pW. Ou seja, ndo ha possibilidade de compreensao da cidade. sem sua insergdo no processo de urbanizagdo, ¢ esse processo por sua vez nado ‘apenas se desenvolve em fungao de amplas transformagées de miltiplas dimensdes. mas também em fungdo da forma como os espagos urbanos esto organizados nas cidades ¢ como expressam cm suas formas o tempo em suas diferentes escalas. Discutindo a articulagdo entre urbanizagdo e cidade. o autor qualifica esta cm sua relagdo com 0 processo mais amplo, ao afirmar: “A cidade é um grande meio de produgdo material e imaterial. lugar de consumo, no de comunicagéo. Por isso 0 entendimento do processo global de produgdo nado se contenta com a mera economia politica, nem se basta com a Economia Politica da Urbanizagdo, exigindo uma Economia Politica da Cidade.” (Santos, 1994a, p. 118). Assim, para ele, ¢ através das conex6es entre a Economia Politica da Urbanizagao c a Economia Politica da Cidade. que podemos perceber as conexées entre o local ¢ o mundial, ¢ realizarmos a apreensdo simultanca da cspecificidade c das gencralidades a que esto submetidas nossa socicdade, mais do que nunca no momento atual O autor destaca que cnquanto a primeira permite a consideragao da divisdo social ¢ territorial do trabalho, na cscala da superficie de um pais, a segunda permite a compreensdo da forma como a cidade se organiza em cada momento, tanto em fungao da produgao como dos diferentes atores da vida urbana. Assim compreendida, a Economia Politica da Urbanizagdo nao suficiente em um momento historico em que é fundamental a compreensao do processo global de produgo, enquanto uma Economia Politica da Cidade permite captar as especificidades do lugar ¢ suas determinagdes mais amplas, através da concretude da cidade, ¢ das formas como scus espagos se organizam (Santos. 1994a. p. 118 ¢ seguintes). A construgo de uma metodologia para a andlise urbana pressupde, portanto, a Icitura dessas conexées. A compreensio de uma escala da dimensio urbana da realidade contemporinea - a do processo da urbanizagdo - nado pode se realizar sem a consideragdo de outra escala - a das cidades - nas quais a materializagao do processo permite a aprecnsao das especificidades c a verificagdo das gencralidades. Da mesma forma as singularidades da dindmica de estruturagdo do cspago urbano de cada cidade nao podem ser trabalhadas, metodologicamente. se as articulagdes com os niveis mais amplos de determinagées nao forem consideradas. 34 3. O local ¢ 0 global Através da cidade, podemos apreender mais diretamente a relagado entre o global e o local. Milton Santos chama atengiio para o fato de que é na cidade que a nogio de sociedade global ganha concretude, porque ai o mundo se move mais rapidamente. E justamente nas cidades onde se expressam, de forma mais nitida. os contornos da globalizacdo. E nelas, ¢ sobretudo nas maiores, onde se evidenciam dimensées globais ¢ locais de espago ¢ tempo: “Ha, hoje, um relogio mundial, fruto do progresso técnico mas 0 Tempo Mundo é abstrato. “Temos, sem ditvida, um tempo universal, tempo despdtico, instrumento de medida hegem6nico que comanda o tempo dos outros. Esse tempo despotico é responsdvel por temporalidades hierarquicas, conflitantes, mas convergentes. Nesse sentido todos os tempos sGo globais, mas ndo ha um tempo mundial. “O espago se globaliza, mas ndo é mundial como um todo sendo como metafora. Todos os lugares sdo mundiais mas néio hé um espago mundial. Quem se globaliza, mesmo, sto as pessoas e os lugares" (Santos, 1993, p.16). ‘A globalizago, como processo que se define nesse Periodo Técnico-Cientifico, permite que sc fundam c confundam as dimensoes de tempo ¢ cspago. e esse "fendmeno" é mais expressivo nas grandes cidades. segundo o autor, onde os objctos geograficos resultam mais da racionalidade, da intencionalidade, da informatizago, da aceleragdo das comunicagoes ¢ das transformagées. pois: “A*mundializagao multiplica o nimero de vetores e, na verdade, aumenta as distdncias entre instituigdes e entre pessoas. Ubiquidade, aldeia global. instantaneidade séio, para o homem comum, apenas uma fabula. Para o homem comum, o Mundo, mundo concreto, imediato, é a Cidade, sobretudo a Metropole. 6) cidade é 0 lugar em que 0 Mundo se move mais; ¢ os homens também.” (Santos, 1994b, p. 82-3) Podemos, assim, compreender a cidade como sintese. mas uma intese contraditéria entre o local ¢ 0 global: 35 "O acontecer global da-se seletivamente, de modo impar, ainda que sempre comandado pela totalidade, e é isso 0 que nos leva imperativamente a necessidade de atentar para a historia conereta do hoje, da comunidade humana, sua atualidade, nao importa o lugar particular onde 0 novo se mostre. "A teorizacdo depende de um esforco de generalizagdo e um esforco de individualizagdo. A generalizagao nos dé a listagem das possibilidades; a individualizagdo nos indica como, em cada lugar, algumas dessas possibilidades se combinam" (Santos, 1988, p. 58) (grifo nosso). A partir dessa concepgao a relacdo entre a cidade ¢ 0 urbano volta a tona, a partir de diferentes escalas, que ndo sio apenas espaciais, mas também de tempo Milton Santos ressalta nado apenas que a cidade expressa a articulagdo entre o local ¢ global, ¢ aqui a apreensao de diferentes escalas espago-temporais emerge como condigéo para a construgdo de uma metodologia para a analise urbana, mas também compreende a cidade, cla propria, como: ".. ao mesmo tempo, uma regido e um lugar. porque ela é uma totalidade, e suas partes dispdem de um movimento combinado, segundo uma lei propria, que & a lei do organismo urbano, com o qual se confunde. Na verdade, ha leis que se sucedem, denotando 0 tempo que passa e mudando as denominagoes desse verdadeiro espaco-tempo que ¢é a cidade." (Santos, 1994b, p. 71) A questao da escala aparece, assim, a partir de. pelo menos, duas perspectivas: a das cidades de diferentes dimensdes que desempenham diferentes papéis, c a partir das quais sc articulam diferentes escalas espaciais (continuas ou descontinuas): ¢ a da relagdo entre o mundial c o local, que enseja a abordagem da escala como tempo, ¢ nao apenas como espago. O reconhecimento da importancia de compreensao das articulagdes entre essas duas escalas de enfoque das transformagdes contemporancas nao significa, contudo, que o autor nao considere outras escalas. Para cle a compreenso dessas articulagdcs pressupde a valorizagio de cstudos regionais: “Quanto mais os lugares se mundializam, mais se tornam singulares e especificos, isto é. tinicos. “FE neste contexto que o estudo regional assume importante papel nos dias atuais, com a finalidade de compreender ‘maneiras de um mesmo modo de produgdo se reproduzir em distintas regides do Globo. dadas suas especificidades. (...) “Nao basta compreender teoricamente o que se passa no mundo, temos que ter nossa aten¢Go também voltada para as diferentes geografizagdes das varidveis inerentes a nova maneira de produzir. (..) Hoje, a regido, o regional, a regionalizagao tém de ser assim entendidos" (Santos, 1988. p. 46-7). A preocupagéo com a analise que exige a articulagdo entre diferentes escalas de abordagem esta presente na produgdo cientifica de Milton Santos antes mesmo que a pontencializagao do processo de wlobalizagao tivesse colocado na pauta de analise das ciéncias sociais, de um forma geral, o interesse pela compreensao dessas conexées"" 4. A cidade como lugar(es) A cidade, como expressao material da urbanizagao. sintetiza sua condigao de lugar, como o espago do acontecer. ¢ expressa o global, como ponto de articulagio de uma rede que organiza os interesses das corporagdes Esses interesses viabilizam-se através da modernizagdo que cria. sobretudo nas cidades maiores. as condigdes (equipamentos, normas. Icis) para a ago das grandes cmpresas. Novamente. a rclagdo entre o global ¢ o local evidencia-se. pois mesmo a cidade organizando-se para atender os interesses das grandes corporagécs. cla se constitui enquanto espacializagao que expressa a temporalizagdo pratica, ou seja o tempo de cotidiano compartilhado, ¢ sob essa otica a cidade ¢ também o lugar do acontecer'': "Na segunda metade da década de 70. 0 autor ja chamava atengao para a importancia da consideragdo da categoria Formagdo Econémica ¢ Social para a constituigado de uma teoria do espaco. de tal sorte que propunha a discussio da categoria Formagdo Econémica. Social c Espacial (Santos. 1977. p.82-83). distinguindo-a de Modo de Produgao. mas mostrando a articulagao entre esses dois niveis de Icitura tedrica. ' Milton Santos define o /ugar como ~... a extensdo do acontecer homogénco ou do acontecer solidario ¢ que se caracteriza por dois géneros de constituig¢do: um ¢ a propria configuracdo territorial: outra ¢ a norma. a organizagdo, os regimes de regulagao. (...) E pelo lugar que revemos 0 mundo c ajustamos nossa interpretacao, a7 "O tempo do cotidiano compartithado é um plural, 0 tempo dentro do tempo. Hoje isso néo é apenas o fato da cidade, mas também do campo. "..) Ora. 0 acontecer ¢ balizado pelo lugar. ¢ nesse sentido é que se pode dizer que o tempo é determinado pelo espago, "”..) ..por meio do lugar e do cotidiano. 0 tempo e 0 espago. que contém a variedade das coisas e das agoes, também incluem a multiplicidade infinita de perspectivas. Basta desconsiderar 0 espago como simples materialidade. isto é 0 dominio da necessidade, mas como teatro obrigatorio da agdo, ou seja, 0 dominio da liberdade. "A vida ndo é um produto da Técnica mas da Politica, a agdo que dé sentido & matertalidade" (Santos, 1993a, p. 21). Esse enfoque, permite-nos ver a cidade (¢ 0 campo) como sintese contraditoria entre o global ¢ o local. O conflito sc acentua. visto que ha um espago local, que ¢ o da vida, ¢ um espaco global, que o autor definiu como “habitado” por um processo racionalizador, cujas estratégias ¢ agdes tem origem distantc, mas que chegam aos lugares através de objetos e normas Para esse autor, temos. entéo, uma ordem global ¢ outra local. A global quer impor uma racionalidade aos lugares. que respondem ao mundo segundo sua prépria racionalidade. Enquanto a primeira ordem atua através de um conjunto esparso de objetos regidos por essa racionalidade tnica, a segunda ordem refere-se a um conjunto de objctos contiguos. reunidos pelo territorio ¢ enquanto territorio, o que significa que "a razdo universal é organizacional, a razao local é orgdnica.” Assim, a cidade pode scr vista nao apenas como espacgo da globalizagéo, mas como lugar, onde ha a possibilidade da humanizago ¢ da solidariedade'*. A ordem global organiza-se em rede. mas 0 espago pois nele 0 rec6ndito. 0 permanente. o real triunfam. afinal. sobre 0 movimento. 0 passageiro, 0 imposto de fora.” (Santos, 1993, p. 20). Para conhecer seus conceitos de acontecer homdlogo, acontecer complementar ¢ acontecer hicrarquico ver: Santos (1994¢ ¢ 1996). ‘* Milton Santos assim se refere ao acontecer na grande cidade atual: “A forga é dos “Ientos" ¢ ndo dos que detém a velocidade clogiada por um Virilio em delirio na esteira de Valéry sonhador. Quem, na cidade. tem mobilidade - ¢ pode percorré-la ¢ esquadrinha-la - acaba por ver pouco da Cidade c do Mundo. Sua comunhdo com as imagens. frequentemente pré-fabricadas, é a sua perdig’io. Scu conforto, que nao desejam perder, vem exatamente do convivio com essas imagens. Os homens “lentos”. por scu turno, para quem essas imagens sio miragens. no podem, por 38, banal & de todos. As redes so apenas uma parte do espago v 0 espago de aly “Ay redes constituem uma realidade nova que, de alguma maneira, justifica a expressdo verticalidade. Mas além das redes, antes das redes, apesar das redes, depois das redes, com as redes, hé 0 espago banal, 0 espago de todos, todo 0 espago, porque as redes constituem apenas uma parte do espago e 0 espago de alguns” (Santos, 1994c, p.16) Assim, para Milton Santos. 0 territério, hoje. é, ao mesmo tempo. constituido por lugares contiguos c de lugares cm rede, nao sendo possivel separar os lugares que formam as redes daqueles que formam o espaco banal. Para o autor, é¢ fundamental a compreensdo das conexdes que ha entre a ordem global ¢ ordem local: “A ordem global busca impor. a todo os lugares, uma tinica racionalidade. Eos lugares respondem ao Mundo segundo os diversos modos de sua propria racionalidade. “A ordem global serve-se de uma populagéo esparsa de objetos regidos por essa lei unica que os constitui em sistema. A ordem local é associada a uma populagdo contigua de objetos, reunidos pelo territério e como terrilério, regidos pela interagao. C) “A ordem global e a ordem local constituem duas situagdes opostas, ainda que em cada uma se verifiquem aspectos da outra. A razdo universal é organizacional, a razao local é orgdnica. No primeiro caso, prima a informagao que, alids, ¢ sinénimo de organizagéo. No segundo caso, prima a comunicagao” (Santos, 1996, p. 272) Trazendo essas reflexdes para o dmbito dos cspagos urbanos contemporincos poderiamos afirmar que a cidade no é um lugar, na medida em que se constitui enquanto espago plural. que se define por multiplos papéis, onde o acontecer se da cm diferentes nivcis c os fluxos e estabelecem em miltiplas escalas espago-temporais. A cidade sdo muitos lugares. A humanizagao pode se dar, porque a territorialidade produzida pelas diferentes ordens, define-se por uma contiguidade, estabelecida no espago de vida. do acontecer, que permite a muito tempo, estar om fase com esse imaginirio perverso ¢ acabam descobrindo as fabulagdes.” (Santos. 1994, p. 84) 39 proximidade. que permite a solidaricdade. ¢ que prima pela possibilidade da comunicagiio ¢ nao apenas pela presenga da informagao. pois como sintetiza o proprio autor: “... por meio do lugar e do cotidiano, 0 tempo e¢ 0 espago, que contém a variedade das coisas e das agdes, também incluem a multiplicidade infinita de perspectivas. Basta desconsiderar o expago como simples materialidade, isto é 0 dominio da necessidade, mas como teatro obrigatorio da ago. ou seja. 0 dominio da liberdade” (Santos, 1993a, p.21). Referéncias bibliograficas CARLOS, Ana Fani Alessandri. Ensaios de Geografia contempordnea - Milton Santos: obra revisitada. S30 Paulo: Hucitec, 1996. SANTOS, Milton. Ubaitaba: estudo de Geografia Urbana. Salvador: Imprensa Oficial, 1954 O papel metropolitano da cidade de Salvador. Salvador: Grafica Americana. 1956. A cidade de Jequié ¢ sua regio. Revista Brasileira de Geografia Rio de Janciro, ano XVIII n.1, jan. mar. 1957. p. 71-112. Uma definigdo da cidade de Salvador. Revista Brasileira dos Municipios. Rio de Janciro. ano XI. 1958. __. A cidade como centro de regido. Salvador: Imprensa Oficial. 1959. .A rede urbana do Recéncavo. Salvador: Imprensa Oficial. 1959. —___. O centro da cidade de Salvador. Salvador: Livraria Progresso Editora, 1959. _. Quelques problémes géographiques du centre de la ville de Salvador. 1 ‘Information Géographique. Paris. n.3, 1959 . Uma definigdo da cidade de Salvador. Colegdo Estudos Batanos. Salvador: Imprensa Oficial. n.1. 1960. p. 121-142 Quelques problemes des grandes villes dans les pays sous- développés. Revue de Géographie de Lyon. Lyon, vol. XXXVI n.3. 1961, p. 197-218. O porto ¢ a cidade de Salvador. Revista do 50° aniversdrio do Porto de Salvador. Salvador. 1963 Le réle des capitales dans la modernisation des pays sous- développés. Civilisations. Bruxclas. vol. XVI. n.1. 1966, p. 101-108 A cidade nos paises subdesenvolvidos. Rio de Janeiro: Civilizagao Brasilcira, 1965 40. Aspects de la géographie et de l'économie urbaine des pays sous- développés. Paris: Centre de Documentation Universitaire. 1967 (2 fase.) Matériaux pour létude de Vemploi urbain dans le pays sous- déeveloppés. Bordeaux: Maison des Sciences de Homme, 1968. Les modéles d°élaboration des réseaux urbains dans les pays sous- développés. Bulletin de la Société Géographique de Liege. Liege, 4éme année. n.4, dec. 1968, p.11-21 Dix essais sur les villes des pay 1970. Le métier du géographe en pays sous-développés. Paris: Orphys, 1971. _. L*économie pauvre des villes des pays sous-développés. Les Cahiers d'Outre Mer. Bordeaux, tome XXIV, n.94, 1971, p. 105-122. ___. Las ciudades incompletas de los paises subdesarrolados. In: La ciudad y la region el desarrollo. Caracas: Comission de Administracién Publica, 1972, p. 239-252 ____. Los dos circuitos de la economia urbana de los paises subdesrrolados. La ciudad y la region para el desarrollo. Comission Publica de Venezuela, J.Funes ed., 1972. p.67-99. ____. Geografia y economia urbanas en los. pais Barcclona: Oikos-tau, 1973. ____. Urban crisis or epiphenomenon? Proceedings or the International Population Conference. Liége, 1973, p. 287-291 Economic development and urbanization in underdeveloped countries: the two flow systems of the urban economy and their spatial implications. Urbanization and the development process. New York: The Free Press, 1973. ___. L'espace partagé. Paris: Editions Libraries Techniques. 1975 Lima, the periphery at the pole. In: ROSS, H.. GAPPERT. G. (ed.). @ social economy of cities. Beverly Hills: Urban Affairs Annual Review, Sage Publications, 1975. P. 335-360. Sociedade e espago: A Formagao Social como teoria e como método, Boletim Paulista de Geografia. S40 Paulo: AGB, n.54, 1977. p. 81-99. Socitey and space: Social Formation as theory and methode. Antipode. vol.9, 1.1, 1977, p. 3-13. Por uma Geografia nova. Sao Paulo: Hucitec, EDUSP. 1978. ___. O trabatho do gedgrafo no Terceiro Mundo. S30 Paulo: Hucitee, 1978. sous-céveloppés. Paris: Orphys, s subdesarrolados. 4 . Pobreza urbana. Sao Paulo: Hucitec, UFPE, 1978 . Economia espacial: criticas e alternativas. So Paulo: Sao Paulo: Hucitec, 1978. Espaco e sociedade. Petropolis: Vozes, 1979. . A urbanizagdo desigual. Petropolis: Vozes, 1980. Manual de Geografia Urbana. Sao Paulo: Hucitec, 1981 Ensaios sobre a urbanizagao latino-americana. Sao Paulo: Hucitec, 1982. Espago e método. Sao Paulo: Nobel. 1985 - Metamorfoses do espago habitado. Sao Paulo: Hucitec, 1988. _____. Metrépole corporativa fragmentada: 0 caso de Sao Paulo. Sao Paulo: Nobel, 1990. “Modemité, milicu tecnico-scientifique et urbanisation au Brésil”. "In: YAMADA, Mutsuo (coord.). Urbanization in Latin America its characteristics and issues. Japan: The University of Tsukuba, 1991. ___... “Sa Paulo, un centre la périphérie”. In; DURAND, M.F., ~~ LEVY, J., RATAILLE, D. Le monde. espaces et systémes. Paris: Presses de la Fondation Nationale de Sacicnces Politiques ct Dalloz. 1992. A urbanizagao brasileira. Sao Paulo: Hucitec, 1993 ‘A accleragao contemporanca: tempo mundo ¢ espago mundo.” In: ~~ SANTOS, Milton et al. Mim do século e globalizagdo (Colegio O Novo Mapa do Mundo). Sao Paulo: Hucitec ce ANPUR, 1993a. . “Tendéncias da urbanizagao brasileira no fim do século XX™. In: CARLOS, A. F. (org.). Os caminhos da reflexdo sobre a cidade e o urbano, Sao Paulo: EDUSP. 1994. “La citta del Terzo Mondo”. In: L uomo sulla Terra (vol 3 - Le citta). Mildo: Instituto Gcografico de Agostini, 1994. Por uma economia politica da cidade. Sio Paulo, Hucitec, 1994a. Técnica, espago, tempo: globalizagdo e meio técnico-cientifico informacional. S40 Paulo: Hucitec. 1994b “O retorno do territorio”. In: SANTOS, Milton. SOUZA, M. Adélia, SILVEIRA, M. Laura. Territério. Globalizagdo e fragmentagao. Sao Paulo: Hucitec, ANPUR. 1994¢. . A natureza do espago. Técnica e tempo. Razdo e emogiio. Si0 Paulo: Hucitec, 1996. SOUZA, Maria Adélia Aparecida de (coord.). O mundo do cidadao, wm cidad@o do mundo. Sao Paulo: Hucitec, 1996. 42

También podría gustarte