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A RAZHO POS-OCIDENTAL A CRISE DO OCIDENTALISNO E A ENERGENCIA! DO PENSAWENTO LMINAR sistem colonial/modeeno, dominado paises e poténcias coloniais europeias Meu objetivo neste capitulo é estabelecer 0 diflogo entre ‘© pensimento liminae ¢ a pés-colonialidade através da dlife- renga colonial. Anthony Appiah perguntou, hi varios snos, se 0 "pds" na expressao “pés-colonial” era o mesmo que em “pos-madesno” (Appiah, 1991). Minha resposta associa-se 40 sistema mundial colonial/moderno que u tra geral deste livro. Hay consequénecia, a primeira exposta ‘Cdbwva; *p6s" significa o mesmo, tanto em pés-modemo como fem pés-colonil, ja que sto dots lados da mesma moed, da resins configuraglo geoistérca. A propria idéia de um “pos testi entricheiadla na logica do lado "moderno” do imaginsio, ja que a“modemidade” foi concebida em termos de progsesso, {de cronologia e da superagio de um estigio anterior. Nesse sentido, 0 "pés" anexado a colonialidade segue a mesma Togies, Outro desenvolvimento da pés-colonilidade, usado ‘com pouea feequéncia, mas mesmo assim muito importante, referee a “novas formas” dle colonialidade. Esse uso seq 1 l6ica da modemidade/colonialidade. P6s-colonialidade, esse sentido, nlo significa que a colonialidade terminou (lo mesmo modo que pos-modernidade tampouco significa iss), mas sim que se reorganiza em seus alicerces (a modernidade/ colonialidade). The Empire, de Michael Hardt e Antonio Negri, seria ui novo nome dado & ordem mundial (p6s-Ymoderna/ colonial, "Alem", a0 invés de “pés", por outro lado, oferece a conotago espacial que sublinka o aspecto da colonialidade no inves do de modernidade. Essa ¢talvez a raza0 pela qual Enrique Dussel ¢ Fernando Coronil, cujos pensamentos cenraizam-se em historias locas de modernidades colonia, preferem salem” a “ps”, "Além do eurocentrismo” e~Além do ‘cidentalismo” s30 0s titulos de seus actigos, ttulos que sus- tentam 0 peso de uma posigao ideoldgica e politica (Dussel, 19984; Coronil, 1996). Dussel (11993) 1995) também prefere “transmodemidade" a “pés-moderidade”. Ramon Grosfosvel, uum socidlogo de Porto Rico que trabalha nes Estados Unidos, ‘fereceu uma interpretaglo semelhante, comparando os usos dda categoria “tempo-espago™ no pensimento sociolbgico & tecondmico a partir do “interior” do imaginsrio do sistema ‘mundial e seu uso por sociologos e economists pensando 4 pastr de sua "periferia”. Teorias do desenvolvimento friginadas no centro “em geral Supeem uma estrutura espago tempo eterna, Pelo contririo, a maior pate das teorias que cemergem da periferisupdem uma estutura espago-iemporal episilica-geopolitca” (Grosfoguel, 19974: 535). Mas mo € 36 iso, A diferenga colonia revela outras dimensoes do ‘Complexo exspagovtempo para além di epistenologia ocidental, como notou Vine Deloria. Sua observaga0 poderia encontea? tea icil em todas as comunidades amerindias na America do Sul — wma das principais di as religioes amerindias & aquela Tempo e lugares, entice uma histéri relembeada ¢ um lugar sagrado” (1999; 118) “Também quero disinguir entre “pds-colonialidade’, de um lado, €“pés-ocidentalismo",“p6s-colonalismo” e “pSs-orien- talismo", ov seus correspordlentes “além’, de outro lado, © {que essas expresses tém em comum & a diferenca colonial fem todas as suas historcidades espacias no mundo colonial modemo, Falandlo em pés-colonialidade refiro-me geralmente 1 todas as diversas modalidades de discurso eritico sobre © imagindrio do sistema mondial colenial/modero ¢ da colo- lidade do poder. A p6s-modemnidade, como jf mencione thio ue separou da ps-colonialidade; em ver diso, sua rego deslocouse ligeiranente, i que muslaram as formas de colo- naismo, Por outro kxdo, com cada um dos diferentes -smos", fefiro-me & particularidade dos discursos eriticos no interior de historias locals especificas. Por exemplo, 0 pés-ocidentalismo ‘esti entranhado na histéra Leal das Américas Retamar, [1974 1995; Gruzinski, 1988; Dussel, [1998] 1995; Coromil, 1996); 0 _pos-colonialismo tem sido usido poe eriticos eulturaisimersos| tas histGras locals da Comunidade Brinica e do colonialism britnico (Hasker, Hulme e Iversen, 1994; Adam e Tifin, 19905 Chambers © Curt, 1996); e 20 Talar em pés-orientalismo refiro-me a ertica do poder em e a parti de histrias locais| ‘do que € atualmente o “Oriente Médio" (Said, 1978; Behdad, 1994; Lowe, 1991). No entanto, nio estou postulando a pos colonialidade como um signficante vazio, eapaz de conter & facomodar os restantes. A pés-colonialidade esti entranhaca fem cada histéria local e, mais que um significante vazio, & ima ligagao entre teclas elas. E 0 eanectvo, em outs pala {que pode insert a diversidade das bistias loais num projto ‘deslocando 0 universalism abstrato de UMA hiscria local, onde se criow e Imaginow 6 sistema mundial coloniat/modemo (exploro essa idéia mais fndo no final do Capitulo 1V). Em suma, a diversilidade’ emerge como lum projeto universal que apresentarei mais detalhadlamente ‘no Capitulo V Fenso que wma das pincipais contbulges do nico em torno da pés-colonialidack lente, lem da ertea do eurocentrsmo do ocdentalism, fol recolocar a proporsio ene as localizagdes gevistreas e 2 Produgto de conherimento, © imagine do sstema mundi Colonial/modero stow a prodgao de conhecimento: ma Europa. As verses inca do ocientalismo, com o deseo brimento do Novo undo, a verso posterior do ones, com a ascensio da Franga © Gra-Bretanha i hegemonia mundi ‘i : ser end que heranga grecovomana, No proprio ato de deserever © contccinesto "on ont amerindion ou oneal cles ram destacidos da grande tradigao greco-romana qe forneceu as bases da epistemologia ¢ hermenéutic 2 Imaginow-se a "modemidade” como o lar da epistemolo papel central que as eiéncas sos passim deserpenat pos a Segunda Guerra Mundial fot paallo a configuragao dos etudos de eae estenden a geopoliica da producao de ‘onhecimenios ao Aikintico Nore. Paadonlimeme, ou fl ‘no séclo 16 um objeto colonial de desegio (as Amerie) tommouise no sceulo 20 uma loclizagao peciarica central parva producto de conhecimentos, Ese cit €o fundamen histérico da mato parte dos dilogos sob o réulo de pow modernidade, como discuto mais'2 fund neste capitulo Assim, a poxmodemidade € tanto um discus ere sobre 4 presungio do imapinirio da “moderidade> quano una aracerizacio do presente hisrico em que & ponsvel tal discurso. Em contrast, a ps-colonialtdade te seus equiva Jentes)€ tanto um discurs erica que traz para 0 primeito plano 0 lado colonial da “sistema mundial moderna” & Colonalidade do poder embutila na propria modleridade, quanto um dscurso que ates a propor ene locas Boots Wricos Cou iti Ines) a produto de eonhcimentos 0 pelos esa fo cua pt ads aaa ty’ 136 | © reordenamento da geopolitica do conhecimento mani fest-se em dus ditegdes diferentes mas complementares: 1. eritica da subaltemizag3o a perspectiva dos saberes subalternos (por exemplo, Dussel, 1996): € 2. a emergéncia do pensamento liminar(conforme foi des- crto no capitulo anterion) como uma nova modalidade episte moligica na intersegdo da tradigio ocklental ea diversidade ‘de categoras suprimils sob o ocidentalismo (como afirmacio a tradigio greco-romana enquanto 0 locus de enunciagao thos séculos 16 € 17), 0 orientalismo (como objetifieacio do locus do enunciado enquanto“alteridade")¢ estudes de rea (Como objetifcagia do "Terceito Mundo” enquanto produtor de culturas, mas nio de saber) sats das direcdes estabelecem o principal acabouco histérico ‘de minha argumentaga0 20 longo do livro, como i diseuti no Capitulo I (© OCIDENTALISMO NO HORIZONTE COLONIAL DA MODERNIDADE, Hi se observou que pés-colonial é uma expresso ambigua, as vezes perigoss, outms vezes confusa, ¢ em geral imitada & ‘empregada inconscientemente (McClintock, 1992; Sho! 1992; Radhakrishnan, 1993; Disik, 1994). E ambigua quando uusada para se referir a situagdes s6cio-histGricas ligadas| A expansio colonial e a descolonizagio através do tempo ‘edo espaco. Por exemplo, a Argélia, os EUA do século 19 ¢ © Brasil do séeulo 19 s20 todos citados como paises pés- Coloniais, © perigo aparece quando o termo "pos" & usado ‘como uma direglo teGrica a mais ¢ se torna uma tendéncia ‘dominante contra as priticascontrvias adotadas por "gente de car, “intelectuais do Terceiro Mundo" ou "grupos éinicos™ no interior da academia, confuss quando "hibride2", mestizaje mntvelugar’ © expressdes equivalentes tomam-se objeto de reflexio © critica de teorias ps-colonias, pois Sugesem uma descontinuidade eatre a eonfigurardo colontal do objet sujeto de estudo © a pasigdo pus-colonial do locus de ‘Zagio. A pés-coloniaidade € empregada inconscientemente femergéncla (por quando ieolada das coniighes dea cexemplo, como substiuto pant “lteratura da Commonwealth’, «em alguns casos, € como tepresentante da "literatura do ‘Terceiro Mundo", em outros). Assim, 4 pés-colonialidade ou © pés-colonial toman-se problemiticos quando aplicaos 4 priticas culturais dos séculos 19 ou 20-na América Latina © ccidentalismo, e mio © colonalismo, foi a principal preo ‘cupagio, primeir, da coroa esprnhola e dos letrados durante 68 séculos 16 € 17, e, segundo, do Estado e dos inteletuais durante o periodo da construgio de nagoes, que defini © proprio mesmo da América Latina em sua difereaga em relaga0, A Europa e ao Ocidente. Diversamente América tornouse “filha” e *herdeiea” da Europa durante 0 século 18. Porisso, o pés-ocidentalismo di uma melhor idéia do discurso crtco da América Latina sobre o colonialismo, A empolgante expressio de José Marti, “Nuestra América, esumiv o debate entre 6s jnielectuais latino-americanos do século 19, no momento em que o Muminismo europeu, que ‘spirou tanto os revolucionsrios ela independéncit quanto fos subseqdentes construtores de nagdes, estava sendo subs. tituide pelo medo de um nov colonialisino do Nome durante 4 segunda meiade do século 19. Os tes legados colonia, espanhol/ portugues, franco/briiinica eo dos Estados Unidos, foram claramente deserios, uns trinta anos depois de Jose ‘Marti em Cuba, por José Caslos Maristegui no Peru, que via no sistema escolar peruano uma “herencsa colonial” espunhola, © “influencia francesa y norteamericana",embora a distinca0 de Maristegul entre “heranca” ¢ “influencia® (o passado © 0 Dresente)seja baseadla no historcismo linear da moderidade que oculta, mesmo agora, no final do século 20, a coexistent sincrOnica de duas herangas colonais diferentes. A Revoluglo Cubana trouxe uma nova perspectiva a historia da Amétiex Latina € inspirou Femdnde2 Retamar em Cuba (seguindo os ppassos de Martie Maritegui) a escrever sua pea eandinien, "Nuestra América y Oceidente” na qual introduriu a paves chave pés-ocidentalismo (Fernindex Retanar, [19741 1995, Mignolo, 1996a, 1996b). Eu sugerira que, apesar das difculdades que implicam os temos pds-colonial —e 0 menos familar pos-ocilentalism — ro deveriamos esquecer que ambos os discursos contrbuem Para uma mudinga na produgio tedrica e intelectual, que descrevi como “gnose lininar,ligada a “subalternidale” “razio subalterna”, Nio & tanto a condigao histérica pés colorial que deve reter nossa arengi, mas 0s Jot péscoloniais de enuinciagio como formagio discursiva emergente e como foo de aniculigio da raconalidade subakemna. Neste ciptulo, pproponho que a trinsformagao mais fundamental do espaco intelectual no final do século 20 esti ocorrendo devido configuracio da pensamento efitico subalterno, tanto como pritiea de oposigio na esfera pablica quanto uma trinsfor- Iago te6ricae epistemologica na academia (Prakash, 1994). Nese contexto, julgo empolgante a descri¢io das teorias ppés-colonias feta por Ella Shohat, & qual acrescencaret 0 Pés-ocidentalismo como sede de enunciagao € as “razdes Subalternas” como variagoes: Tao coma “tenia scorn Pricro/Tereio Mundo", o “power aca cana sm monet par a de ti mapeamento dae lager de poder ene “colotzidor/ ‘lloniatr "sent petena” retvamentebinarsie, x0 ‘Sesive. Tai seaculagds sugerem um dincuro mas na Sal, que pete movie, dias ec. A ‘Squind, indo ale comentando um cero movimento ile icetal ~~ eftcn ancolona terceo-mundiea~ ap snes de france um certo ponto na histria —o colonialist; pols fal “ncocolontsmo ses una for menos pasa Se tae e'htusgio don pates neoclonizadon, © umm medaidade de “ngshument pollteamente al vs (Sout 1982: 108). Apes de ons a ambigidades do tro snalsad por shan la subline um sapecto inporsnte da prateas teins comemporiness ada como polos ft pdr ser amps pars englobar toa 2 fl Sie sobre a divert como proto universal ver Cap tule Vie VID, Conseqventemet soir que 230 sal ita ens cone um comp do de pts tcdrcs emergindo dose respondendo aoe lepados colonials na imersegt0 histéria euro-americana moderna. Nao chego to ponto Je comentar ou eneiar 0 poveolonlal como am ovo paradigm, mas wjo-o como pate de um outro maior, formmnioa pr ¢ pam ain da dips ea geopo- Fics doconiedimens, cobutdienovemwlorde Sea prt € pant além dos legados coloniais; a pastir © para além das Uivisoes de géneroe prescrigdes sexuais; ea partir e part além dos confit raciais. Assim, a gnose liminar € uma anseio de Uultrapassar a subalteridade ¢ um elemento para a construe. dle formas subalternas de pensie, Dessa maneira, 0 "pos" em ppos-colonial & significativamente diferente dle Outron 2px fm esticas culturais contemporineas. Sugerinci posterioemtente {ue hi dus formas fundamentas de critcar a mexlemnidade: lima a partir das historias e legados colons (pos-coloni lismo, pés-ocidentalismo e pés-oFientalismo) e & ovtra, pos: ‘modems, a partir dos limites das nara histor cident Gomeces com referencias as preocupagaes de Shohat & MeClintock com a pés-colonialidade” em rato de suas publi: ‘eagdes no mundo anglofono, Mas esses temas ¥ao além dos imetesses académicos e politicos nonte-americanos. Nos Andes, as forcas atuas dos legadlos coloniais tém slo uma suposigie Constante © um ponto de partiéa pra compreender a volencts foculta © aber na area (Rivera Cusicingui, 1993). Assim, 0 termo “colonialism interno” (em ver de “pas-além-ocients lismo") pode ser preferivel a esses temnos mais em moxla no meio académico nortemericano (ver Capitulo TV para maiones detalhes), Farei uma pausa para explicar em que sentide compreendo a pos-colonialidade, Primeiro, estou limitande, inha compreensao de *colonialisma” a consituicio geopo- ltica e geoistoriea da moderndade da Furopa Ocidental concepeio de Hegel) em sua dupla face: a configuragio kecondimica e politica do mundo moderne bem como 6 espago intelectual (da filosofia& religito, da histriaaniiga i cine sociais modemas) que justificam tal configuracio, A raze subaltera abre o contramoderno como umn espago de conto. vérsia desde © proprio inicio da expansio ocidental (por cexemplo, a Nueva crénica y buen goblerno de Wanan Puma dle Ayala terminada 20 redor de 1615), possibilitnclo contestar © espaco intelectual da modemidace'e a inserigio de um fordem mundial onde se inscreviam, como entidades naturais, © Ocidente € 0 Oriente, © mesmo e a outro, o civilizado € © baitharo (ver Capitulo VID. Desde mais ou menos 1500, 0 rocesso de consolidacio da Europa Ocidental como entidade eocultural (Morin, 1987; Fontana, 1994) eoincidiv com 8, Vlagens transatlintieas © 9 expansio dos impérion capanhol « pomtugués. Atul, a Espanha (ou Castel) e Portugal foram, “durante o século 16 ea primeira metade do século 17, 0“coragao ‘da Europa’, pars tomar emprestada uma expressio que Hegel velo a usar para a Inglaterra, Franga ea Alemanha proximo 20 Inicio do século 19. Limito minha compreensio das situagde condicdes pés-coloniais a qualquer configuracie sociols ‘erica emergindo de povos que obtiveram a independéneia 0 temancipacio dos poderes coloniais e imperiais ocidentais (como a Europa até 1915 oU 0s EUA a pani do iniio do século 20). Aqui, condicio pés-colonal é sindnimo de neacolonial, © processo de se construir a nacio apés a independéncia colons! © neaeolonialisme € 0 contesio polio € ceonbanico rho qual se encenou o “colonialismo interno” (Stavenhagen, 1990). Em lugar disso, a azo subaltema precede € coexiste com as siuuagdes/condlgdes pés-colonials/neocoloniais. ‘Uma das primeiras dificuldades que encontramos nesse ‘mapa de legados coloniais e weorzacio subaltema & que os Estidos Unidos no sto facilmente aceitos como um pais pds-colonial/aeocolonial e, conseqdentemente, como um fealidade que se poderia explicar por melo das teorias pés-coloniais GShohst, 1992; MeClinvock, 1992 86-87). A Uificuldade surge nao apenas devido as diferengas entee os legados coloniais nos Estados Unidos e, digamos, na Jamaica, mas também porque a pds-coloniaidade (nto en termos de situagio ou condigao como de produto discursiva e teériea) tende a ser associada sobretudo aos paises e experiéncias do ‘Terceiro Mundo, As vezes parece que *p6s-colonial” veio subs- tituir “Tereeizo Mundo” desde o fim da Guerra Fria. Em ‘uteas ocasides, 0 “pé-colonial’ € igualada a descolonizacio dos paises sob 0 controle do Império Brtinico, Parece ser fato que, embora os Estados Unidos nao tenham © mesmo tipo de legados coloniais que o Peru au a Indonésia, so, nfo obstante, uma conseqincia do colonialismo europeu apenas mais um pais europeu em si mesmo. Devido lideranga americina na continuidade da expassio ocidental (08 criticos pés-modernos, mais que os pas-coloniais, se associariam mais facilmente & histéria dos EUA, Pode-se dizer que a histéria colonial dos EUA explica worias pés- modernas como as formuladas por Fredric Jameson (Jameson, 1991), onde o espaco de contestagio vem das herangas do capitalismo © ado dos legados do colonialismo. Nesse contexto, poder-seiaficilmente reler a ji clissca discussio entre Jameson e Ahmad (Jameson, 1986, 1987; alamad, 1987) Como notov Dirlik, a teorizacio pés-calonial nos EUA tencontiou seu lugar na academia entre intlectuals emigrados do Tereeiro Mundo John, 1996). Mas é claro que a teoria ps-colonial ndo ¢ una invengto de intelectual do Tercera Mundo migeando para os EUA ¢ rdo deveria ser limitada a esse encrave. Por outro lado, nto hi mada errado no fato de aque intelectuais migrantes do Terceiro Mundo se sentra & vontade no espago da pés-colonialidade, Aquilo para que os imelectuais € académicos do Terceiro Mundo nos Estados Unidos (e eu sou um deles) contribuiram foi o marketing da pés-colonalidade entre uma série de teorias disponiveis © um espectro de possbldades "ps". Por outo lado, os estudos afrowamericanos nos Estados Unidos, cuja emer paralela is teorlas pés-moderas e pés-colonias, enratzam-se profundamente na dispora alrcana, e, conserientement na historia do colonialismo ¢ da eseravidio (Eze, 19978, 1997). Ditlik tem raz20 se interpretamos seu dito como a “marketizagao" da teoria pés-colonial no interior do mundo acalémico americano. Seu argumenta perde credibilidade quando consideramos, por exemplo, Swart Halle Paul Gilroy na Inglaterra, ov avangamos além do meio académica nore americano ¢ levamos a sério 0 dito de Ruth Frankenberg de que, nos Estados Unidos, a questio nto & o pés-colonial (como o ¢, por exemplo, para a Inglatecra ea india), mas 08 direitos civis (Frankenberg. e Mani, 1993). Neste sentido, 0 conceito de direitos civis no foi usado para reivindicar uma identiade e, simlarmente, os dios esis nos Estados Unidos terlo mais semelhancas com as situagies pérlitadura no Cone Sul: nenhum deles ¢ o lécus de formacio de subjetivi- dade e jdentidade, embora ambos sejam extremamente steis para se compreender 0 panorama politica nos Estados Unidos e no Cone Sul, contempor’ineo com o movimento de descolo nizagao na Asia, Africa e Caribe. Mais ama vez, o resultado final € a razio subaltesna na distribuigio geopolitica do conhe rings coloniais e as historias eriicas locais, isto €, a presenga constante da colonialidade do poder no mundo colonial/ moderno, hoje convertida em colonislidade global imento que poderia ser explieada plas h A mao subaltena, ou como queitam chamécla, nue @ & nutrids por uma pritea tedrica estimulada por movimentos| de descolonizacio apis a Segunda Guerra Mundial, que em Seu inicio tinha poucos ver com empreendimentos academicos (Césaie, Amilcar Cabral, Fanon) e tinha em seu cengo a questio| ‘da raga, Se o pensimento marxista pode ser desesito como tendo a classe em seu ceme, a teoria pés-colonial pode ser deseria como tendo-o na raga. Dois dos ts maiores genocidios fda modernidde (9 dhdspora amerindia € aficana na inicio {49 periodo modern; 0 Holocausto fechando a modemidade feuropéia ea erise dt missio civlizadora) estdo, em mew fentendimento, na eiiz das histérias colonials e imperiais — © que significa dizer, na raiz da propria consttuicao da modernidade, A raza0 subaltemna € aquilo que surge como resposta & necessicade de repensar © reconceitualizar as historias naradas e a concelualzagio apresentada para dividir ‘© mundo entre regides € povos crstios e pagios,eivilizados f bisbaros, modemos ¢ pré-modernos e desenvolvides € subdesenvolvides, todos cles projetos globais mapeando diferenga colonial Eniretanto, se for necessrio mats um exemplo da historia intelectual norte-americana para conceber a ps-modernidade ‘como complementar riz subalterna, pode-se k © argumento de Cornel West (1989) sobre a aversao nomte- Americana & filosofia como uma genealogia do pragmatism, Awravés da leitura de Emerson, Pierce, Royce, Dewey, Du Bois, James e Rony (entre outros), West sugere convin centemenie que a aversio norte-americana 3 flosofia€ prec samente o resultado de um filosofar fora de lugar — ot seja, de se peaticar uma fellexio filosofica cujos fundamentos 920 se embasavam nas necessidades de colonizadores dissidentes, {que invadiram uma regido para fazer dela o seu la, mas nas de paises coloniais. Assim, quando West afirma que "0 pragmatismo [plrofético emesge num momento particular na historia da civilizacio norte-atlintica — 0 momento és-modernidade” — ele especifica ademais que “a pos- imodernidade pode ser compreendida 3 luz de t&s processos histéricos fundamentals 1. O fim di era européla (1492-1915) que dizimou a auto: confianca da Europa e provocot a autoertica. De acordo com ‘West, "esse descentramento monumental da Europa proxizit refledes intelectuais exemplares, como a desmistificagio da hhegemonia cultural européia, a destuigao das tradigoes meta- fisias ocidentais © a desconstrucio dos sistemas filossficos nnone-atlinticos". Note-se aqui o parilelo entre « cronologia de Comel West ¢ 0 esquema do sistema munclal molerno, 2. emergtncia dos Estados Unisos como poténeis sundial liar e econsmica,oferecendo diversas na arena politica e ma produto cukural 3. 0 “primeiro estagio da descolonizagio do Tereeito Mundo” levado a cabo pela independéncia politica na Asia e 1a Alica (West, 1993: 9-11, Note-se ana que os 8s processos histéricos fundamen apontados por West para a compreensio da pés-moderni dade poderiam também ser invacados para a compreensio ‘da pés-colonialidade. Jogando com 2s palavras, poderiamos dizer que a pos-modernilade é o discurso da contramoder- hidade emergindo dos centros metropolitanos e caldnias {como as que deram origem aos Estads Unidos e & Australia Getter colonies), enquanto a pés-colonialidade € o discurso da contri-modemidade emergindo das coldnias de deep settlers (por exemplo, a Angélia, a lndka, 0 Quénia, «Jamaica, 4 Indonésia, a Bolivia, a Guatemala), onde a colonialidade do poder persist com uma brutaldade particular Note-se também, que se levarmos em conta a descolonizaglo apos 1945 (o que essencialmente relacions a descolonizagio com © Império Britinico © as colGnias alemas ¢ Frncesas), entio 4 América Latina do séeulo 19 (por exemplo, a América lusa € hispinica) nto seria considerada como tm processo inicial de descolonizagao e seu stats como um conjunto de paises do Terceiro Mundo nao seria faciImente aceito, Essa € outa sz pela qual a questio pés-colonial aa América Latina $6 recentemente comegou a ser discutida em circulos aeade ‘micos nos Estados Unidos e € ainda em grande parte igno= rica nos paises latino-americanos, enquanto a modermilade © pos-modemidade ji dispoem de ampla bibliognifia na América Latina, particularmente nos paises com grande popu: lagio de ascendéneis européia (por exempla, o Brasil © 0 * Tomo empresa Meco (1992 8649) a diag ene “eter Cone SuD). No entanto, como veremos, na América Latina a teoria da dependéncia e a filosofia da liberagao foram as respostasesiicas 8 diferenea colonial desde 0 final das anos 60 (ver Capitulo MD. (© mapa apresentado por West sugere uma diviso tripartite dos legalos coloniais: setter colonies (come foram a8 col6nias ‘que hoje canstituem os Estidos Unidos e a Australia, deep- setler colontes (como a Argelia, 0 Peru, a india, Quénia ete.) 0 colonialismo/imperialismo sem ocupacio territorial, apd 1945, Assim, Cornel West aflema que *no é por acidente que © praginatismo nort-americano vem novamente d superficie dla vida intelectwal norte-atlintiea 20 pF (© tipico apelo do pragmatismo norte-americano em nosso ‘momento pas-modemno € sua despudorada afetacio moral & seu inequivoco impulso aperfeigoador" (1989: 4). A Enfase na pés-modernidade (em vez da pés-colonialidade), numa cex-coldnia que se tornou uma poréneia mundial, ajuda 2 ‘compreender a atengo que a pés-movdemidade ver recebendo tna América Latina, particulamente em paises da costa cont rental at mos A Europa e distantes da costa do Pacifico © de densas populagdes amerindias. O fato de esstarmos comegando a ver anigos misturando a pos-colonia lidade e a Amériea Latina parece derivar do fato de que a ‘pos-colonlalade tornou-se um topico importante de discussi0 fem cfrcilos académicos, na prépria ex-colbnia que se tornou ‘uma poténeia mundi, embora nem sempre se faga a distinga0 ‘ete emergéncia € 08 usos tanto da pos-modemidade quanto {da pos-colonialidade, nem se avaliem suas consequncias ‘Quando Dirlk, por exemplo,afiema ostensiva e provocado: Famente que “o pér-colonial comeca quand os intelectis| do Terceiro Mundo ji chegim 3 academia do Primeito Mundo” (irik, 1994: 329), dois temas patalelos deveriam ser abor dados: quando © onde comeca o pés-moderno? A resposta, de acordo com a afiamacio de Disk, seria: quando inelectuais ‘meiropolitanose orkunlos de setler colonies enquadram como “pés-modemas” as mudangas dristicas na légiea do capita lismo tardio Jameson), na condicio do conhecimento nas sociedaces mais altamente teenol6gieas (Lyotard), ou na cont- rnuacio da eritiea da modernidade na metafsica ocidental ‘Vatimo). Por outro lado, deveriamos poder distinguir entee lworias pos-colonials coma uma mercadaria académica (di ‘mesma forma que as teoras pés-modemas foram e estio send mercantlizadas) da feortzagdo pas-clontal, qu incluidas na rzto subalterna e na gnose liminar: um processo, de pensamento que os que vivem sob a dominacio colonial precisim empreender para negociar suts vidas e sua condicio subaltera. A teorizacto pés-colonial pode ter mercaclo académico com a chegada aos Estados Unidos de intelectuais do Terceiro Mundo, mas certamente mdo “eomecou"| A teorizacio pés-colonial, enquanto agio especifica «la razto subsltern, coexiste com 6 prepsio colonialism como uma eaminfada € um esforgo continuos em direglo & autonomia 2 libertagio em todas as esferas da vida, da economia A religito, da lingua 4 edueagio, das memrias 2 orem nacial. Nao se restringe 4 academia, e muito menos A aea ‘emia norte-americana! RESPOSTAS VINDAS DAS MARGENS EXTERNAS DO OCIDENTE, Voltemos, pois, 4 “questio pés-ocidental” na América Latina. Se direcionarmos o olhar para as colénias em paises latino-amerieanos com grande populagio indligena, poderemos idenccar,apés a Revolugo Russ, um interesse por assuntos que seriam hoje idensificados como discursos pos-colonials coexistinds com condigdes neocoloniais. Nesse sentido, ppodemos achar diferentes manifestagbes: intelecuais come José Carlos Mariitegui no Pert (ao redor de 1920) ¢ Enrique Dusel na Argentina (a partir dos anos 70), bem come fikisofos como Leopoldo Zea e Edmundo O'Gorman (dle 1960 até 0 momento) no México. Em 1958, Zea publicou America en fa bistoria, onde 0 “ocidentalismo” ocupava o centro de suas preocupacies. A problemitica de Zea enraizava-se numa petsistente tidicio etre os intelectus hispano-americanos desde 0 século 19: 2 conflituosa relaglo com a Europa e, mais a0 final do séeulo 19, com os EUA — em outras palavras, com o ocidentalismo, Zea retratou tanto a Espana quanto 2 Réssia coma marginals ‘em relagdo ao Ocidente. Dois capitulos initulam-se signi- Ficativamente “Espana al margen de accident” © "Rusia al margen de occidente’, Pode-se dedurie que as coldnias do tipo das que constituiram o Pent e a Algéria em situagies neocoloniais na América Latina tém alguumas semelhancas com a transformacio da Russia na Uniio Soviewiea, embora quase um século tena passado entre a descolonizagao da América Latina e a Revolugio Russa. Uma semelhanga dia apontada por Zea origina-se da modernidade marginal da spanha e da Rissia durante os séculos 18 € 19. Ha, entre tanto, enormes diferencas, resultantes, em primeiro lugar, a Epoct diferente na qual ocorreu cada processo histérico. Ea segundo lugar, devido 0 fito de que, na América Latina a descolonizaeto ocorreu em antigas coldnias espanholas © portuguesas,algumas interagindo com culturasindigenas (poe exemplo, of Andes (Bolivia, Peru, Equador, Colombia, a Mesoamésica IMéxico, Guatemalal) © outtas lidando com a eseravidio como migragdes forcadas, enquanto a Revolucio Russa ocorrew no priprio comcao do imperio, Tanto a Espankt como a RUssia tnham uma relagao semelhante com "euro centrismo",e Zea dedica um capitulo de seu livro mais recente (Zea, 1988) a essas relagdes. Ble as situa na fundagio e mas onsequeneits finais das conceituagoes cartesianas © hege- ianas da *razio", bem como no hegelianismo invertido de Macs e Engels como utopia socialista concretizando-se nao fa Europa, mas em suas fronteis. Por razoes que logo escreverel, as herangas histéricas e suas implementagdes revoluciondrias na Unido Sovidtica nto se ligam, entretanto, as herancas coloniais © a0 pensamento pés-colonial ‘Nos mesmos anos em que Zea estava escrevendo seu Americ ‘ra bstoria, Edmundo O'Gorman (1958! 196; Mignol, 1993) esmontava quiahentos anos de construgio do discurso colonial e de manipulagao da evenga de que a América Foi escoberta quando, como O'Gorman demoastra claramente, ino havia, em primeiro lugar, uma América para ser desco- ber e, para aqueles que ji viviam nas terras onde Colombo ‘chegou sem saber onde estava, nto havia absolutanente nada para descobrie. Cenamente, nem Zea nem O'Gorman prestaram muita atengio A conribuigao dada por povos de descendéncia amerindia 0 constante processo de descolonizagao. Ent tanto hi um ditado comum hoje em dia entre os movimentos sociaisindigenas, nas Américas e no Canbe, que diz: “Colombo ino nos descobri.” Enquanto dois conceitorchave para Zea ¢ ‘©'Goxman em sua teorizagao ps-colonial foram 0 “ocidenta- lismo” € 6 “eurocentrsmo", 0 académico mexicano-americano Jorge Klor de Alva examinou criticamente o significado do termo “colonialismo” e de sua aplicagio equivocada & Americ Latina A price pate de mints & ils onsidrando que as Populagce ingen das Acc smectam por sie um Colzpsodemegific deus om conte como eopeus Censideramdp que peta ds pop nage veo lc, to inal to seco 46 de sextngt nucle que ve wen vam como nation 2 psa ds poltica nical nascent Consideando que» maior pate dot mest se comes ‘ape subtle onan sents Je od om moclor primordalnene curcpens,conilcando que \ponosntres) exes metas ocdcnalzaos fompuntam as fergas que dertaram Espana dante a goers de inde pendénes do seco se inaionat comrade qo os toon pases so iran enlamestsn conta sae ISenades nacoaiscatagadoranese 2 pare res Curtramercaas cx ngua expats © do cstantsne,€ um tivo apreatn oSetoresmo-stos prtnlepennet {ome cobotzadon €constente cpl epoca de inde pends oo lat cons, €€engeao erates ‘eters Hm renin as ance no cam om Ai nm Kiveo Meco mio nd, «Pers nt stan 0 latins ts EUA — endorse hosts pot wa Yortaderlvsa oo Sgeoos Rlr de avs, 92-3). Kor de Alva formulou essa tese, como ele proprio deixa claro, com base em suas investigagoes sobre a construcio das identidades de latinos vivendo nos EUA © mexicanos- americanos contemporineos. Ademiais, embora nio exponhy seu argumento de forma tio ear, sua concep das "Amricae cexclui 0 Caribe (inglés, francés, espanhol) que, se conside- ‘ado, mudaria raicalmente o panorama clo colonial edo ps colonial, it que 0 Caribe francés e ingles nao s40 0 mesmo tipo de coldnias que o Caribe espanol. Basicamente, «idea das “Américas de Kloe de Alva ¢ poramente hispnica © anglo americana, Nao obstante, seu esforgo para destacar a invasio ‘espantiola/ponuguesa da invasio brtinica/feancesa/holan esa das Américas e do Caribe parece-me um jogo semintico ransparente, similar a0 argumento que os nacionalistas| fespanhisis usaram para absolver a Espanh das brutalidades ‘da conquista ow para enfatizar a missao cWiizadoea Gist € frist) da coroa ¢ das ordens misioniriss, Mas, mesmo que ‘6 term *colonizagio"seja mal aplicado a América Latina, nio ldevemos exquecer que estamos falando da expansio europe t ocidental eurocenirismo" e “ockdentalismo” nos termos de Zea e O'Gorman), ¢ nem perder de vista os conflites coloniais| internos, principalmente entre s Espanhs, a Inglaterra © a Holanda a0 final do século 17, quando Sevilha j2 nao era 0 centro do comércio global e Amsterdam tomou seu lugar. A fmuidanca de maos no poder colonial deve ser lembrada se Auisermos compreender as tansformagdes ¢, a0 mesmo tempo, as continuidades desde 0 inicio do periodo colonial/moderno (spanha, Poul, Renascencs) até 0 period colonsl/medeno Giolanda, Inglaterra, Franga, lhuminismo), Mesmo se “colonialismo” apenas denota e descreve as experigneias coloniais apos 0 século 18 (os extigios do ‘apitalismo mercantile a Revoluo Indust, de acordo com Darey Ribeiro (1968]) — caso em que seria incorreto ehamar de colonialismo a expansdo espanhola © portuguesa na Uisegio do Atlintico e do Pacifico, principalmente durante © século 16 e a primeira metade do século 17 —, Klor de AWva parcialmente certo: “América Latina” no foi rada como tal somente sob as bandeiras espanhola & Alva para evitar o colonialismo académico, re-sit lespanhéis e portugueses numa conceitualizacao que emergi principalmente das experiéncias de descolonizagio do dominio briinico e francés, sinto-me pouco & vontade com seu argu mento porque se parece com um discurso implicto ofc dda Espanha pés-imperial, no qual o termo "vice-ealeza" & tusido para evitar as implicagdes politicas Ce negativas, a Perspectiva espantiola) do termo “colonialismo". Para ecoar as preocupagdes de Klor de Alva em evitar 0 coloniatismo académico (preocupacio que encontel também ‘em diversas paises Intino-americanos, onde fiz conf sobre os temas da colonialidade e ps-colonialidade, ¢ 208 dquais faret referencias a0 longo deste livro), situando as histérias colonial e cultural latine-americana no vocabulicio da critica inglesa © da Comunidade Bitinic, seria necessirio regionalizar as herangas colonais e a torizagao pé-coloni cevitando a armaditha da epistemologia da modernidade na {qual linguas coloniais (como o inglés, frances ou al fem cumplicidade com os discursos teéricos e aca produzem 0 efeito da saber unis que © conhecimento produzido nas linguas Gas Gltimas ppoténcias coloniais tem na pritica 0 dirita de ser exportivel para todos os cantos do planeta, A mercantilizagio ea export bila do conhecimento so taver a raza do desconforo de Klor de Alva em usar os termos colonialismo © pés-colonia- lismo nae sobre a América Latina (© que realmente permanece como exemplos paradigm ticos de eritica subaltema/colonial na América Latina sita-se ‘no Caribe (pane dele pertencente & Comminidade Britinics), Mesoamérica e nos Andes. Zea ¢ O'Gorman, embora vivessem no México, desvincularam-se desses locais epistemoligicos, A contribuigio do Canlbe a weorizagio ps-colonial jt & bei conhecida, basicamente porque boa parte dos escrtos esti em ingles ou frances (por exemplo, George Lamming, Aimee Cesare, Frantz Fanon, Edouard Glissant, Raphael Confiant), a lingua dominantes do periodo colonial/moxemo. A conti. buuigio do Caribe espanhol é menos conhecida (Fernandez Ketamar, José Luis Gonzalez), i que o espanol come lingua dominante do periodo colonial/maderno inicial perdew sua posicio de prestigio como “lingua do pensamento” apos queda da Espana e a ascensio da Inglaterra ¢ da Franca Gignolo, 19954; 1995b). Deve-se lembrar no entanto que, enguanio as herancas colonials no Caribe estio entrinche raeas na diispora africana, na Mesoaméric (prineipalmente México e Guatemala) e a0s Andes seu perfil € obtido a partir da longs interagio entre densas populagdes amerindias © as Insituigdes e colbnias espanholas No final dos anos 60, dois socislages mexicanos, Pablo Gonzilez Casanova © Rodolfo Stavenhagen, propuscram © conceito de “colonialismo interna” para descrever a relacaio entre o Estado ea populigto amerindia apés a independéencia do México, em 1821, da Espanka, Como se poderia esperar, conceito foi ertiado por tima saciologia de orientacio ci fica, como se as necessidades 3s quais Gonzilez. Casanova (1965) e Stavenhagen (1965) extavam respondendo. Fossem apenas de natureza diseiplinar! © vigor do conceito deve ser situcdo no mapeamento da configuragio social da construcio| de nagoes nas ex-coldnias espanholas, e nia em saber se preenche ov nio os requisitos de um sistema disciplinar de controle e punigio. Entretanto, como 0 conceito foi crticado ra perspectiva disciplinar hegeménica, ele desaparecew de cent, e pouicos se lembrario dele como una manifestaclo pioneira da teorizagio pés-colonial na América Latina. Mais precisamente, “colonialismo interno’, conceitointrodurido por socidlogos do Terceiro Mundo para explicar as realidades socials de seu pais e regito, carmega a marca da diferenca colonial, a 240 subalterna, CCertamente, no se deve negar 1 necessidade de maior clucidagao do “colonialisma interno". Por exemplo, quando fo conceito € usada no contesto da histria dos EUA, as dife- renga entre as herangas colonia do Norte e do Sul Conforme indiquei anteriormente) mio podem ser ignoradas. De fato, jquem acupa ss posigdes subalternas entre as comunidades nnacionais dos EUA; 08 nativos a stico-amer anos, 0s mexicanosamericanos? F na Argentina, 38 comuni: dades italianas esto nas mesmas pasigdes subaltemas que as comunidades amerindia? Seja como for, 0 “colonilisme Jnterno”, da forma como foi ulizado por Gonzalez Casanova fe Suvenhagen no México ¢, mais recentemente, por Silvia Rivera Cusicanqui (1984; 1993) nos Andes, € elaramente aplicado a0 beco sem saida do Estado nacional apés a inde pendéncia; por um lado, aplicara politica colonials comu: hidades indigenas, e, por outro, estabelecer aliangas com poderes colonials metropolitanos. Na Mesoamerica € nos Andes do século 19, a questio principal foi romper os lagos com 0 colonialismo espanhol ¢ construir uma naglo com o apoio da Inglaterra ¢ da Franga, talvex o principal perfil do rncocolonialismo nas ex-col6nias espankolas e portuguesas. Sobretudo, 0 “colonialismo intemo" érelevante para o trabalho de Rivera Cusicangui (bem como para o de outzos intelectais bolivanos, como Xavier Alb6 [1994)), para a comprcensio de luma sociedad a qual mais de 5086 da populacio & de aveendéncia amerinda, fala aimard ou quiehus ¢ mantém wma Dorganizagio socioecondmica herdada das tadigoes inca & Fi, que coexstiam com pessoas ¢ insituigdes ocidenta durante quinhentos anos. O conceto de “colonialism interno” também ajuda a estabelecer um equiibrio entre classe ¢ etni- cidade. Na concepeio de Rivera Cusicanqui, una explicago para a crise nas cléncias socials andints e seu fracasso em ‘compreender movimentos socitis com o “Sendero Luminoso” deveu-se principalmente & sua ceguelea em selagao a etni- cidade, a8 herangas coloniais ¢ ao “colonialism interno” (Gkivers Cusicanqui, 1992). UMA PERSPECTIVA CUBANA. DO POS-OCIDENTALISMO © ocidentalismo como imaginario dominante do sistema mundial colonial/modemo pode ser compreendis conforme 2 proposta de Coronil Na media em que “o Ocidente™ pemancce implicto m4 obra de Said, creo que o desafo deste, e 2 ambiguidade em nia tiscussio do orienalisno, pode scr abordido erativantente problomatisando e ligand as dass ents sue ocapae & enzo de suas anise as vepresenapies onnalisas do Och dente 0 propria Octlente Gotaria de dar un passo nessa dliesso relconand a sep: sentagdes ocientts de vkeridade” 3s consnighes impli de"Ser que as subserevem. Fase lance implies deslorsr nossa Mengio da problemitien do “orenalismo", que enloca as Aetesincas das representagdesceidentas do Orem, part 3 4 “oeidemliso" que se refer 3s concepedes do Ocidente Yados aes otneratres, or precios pradugae,o coabesh mento seus teas de formato (Caron 1996 36 Por outro lado, enquantoimagindrio dominante, 0 “ocidenta tismo™ atva no sentido eonteitio: do “Oriente” part 0 “Oeidente’ por assim dizer. Quando 0 “ocidentaismo” € relacionad & modemizagio, pode ser percebido como um modelo a seguit ‘ou um mal a ser extispado. Essas duas peroepgdes esto ativas ‘a China e foram analisdas resentemente por Xito-Mei Chet (2995; Keping, 1994), Pode-se encontrar uma perspectiva semelhante na América Latina, onde © ocidentalismo pode fornecer 6 modo pars 8 modern 1¢80 00 sero mal colonial ‘que reprodux a colonizag2o. Assim, seguindo os passos dle ‘Coronil, proponho examinar © ocidentaismo do interior do sistema mundial modemo, bem como de sua exterioridade (oq sentido de Levinas). © sistema mundial colonialmoderno € ¢ foi constantemente criado nessas duplas interagbes. Do pponta de vista da América (Latina), tal perspectiva & dupla- -mente mais importante, fl que as Américas nunea foram consi- dderadas parte do Oviente ou do outro, mas uma extensio do mesmo, como jf mencionei na Inlzoducio e discutiei no préximo capitulo (Migaolo, 1995¢; 1996b) © pos-ocidentalismo fot itroduzido, como fi mencionel, pelo intelectual cubano Roberto Femnénde? Retamar, en 1974. Ao introduzir o termo, ele supunha que o ocidentalismo era 4 palavra-chave na histria cultural da América Latina. A© ‘ontritio do orientalismo, o ocidensalismo fot eriado desde © principio como extensio da Europa, nto como sua alter- dade: 3s “Indias Oceidentales” (a expressio legal usida pela ‘coroa espainhola em todas as suas possessoes, do continente 4s Filipinas) prepararam o cendrio para as relagdes entse 2 Europa o que mais tarde se tornars as América, 0 “extremo Ocklente”, Data tensio constante entre 6 extremo Ocidente, ‘camo 0 cantinente “va2io” para onde a Europa se estendia, & fs amerindios, que a habitavam o continente “vazio". Assim, emindez Retamar reconhece que os amerindios e negros, Tonge de serem compos estranhos na ‘nossa América’ (sto & ‘na América Latina) por mio serem ocidentals, pertencem 3 tla de pleno direto, com mais direito que os agentes estran- [geltos ¢ renegaclos da missio civlizdora” (Ferndndez Retamar, [1974] 1995) Tal € exterioridade da diferenca colonial Femandez Retamar constiui um elo entre essa observacio ce omarxismo, id que este emergiu como a voz eritica do capi falismo, que, para ele, & equivalente a0 ocidentalismo. Pars Femninder Retamar, 0 marismo ji nao € uma ideotogia focidental, mas pésocidental. O que interessa notar sus presungao =a partir da experiéncia cubana e easbenha de que 0 marsismo permite que se vi além do imaginirio ‘ocidental. De fato, 0s “amerindios e negros",cruciais par ‘experiéneia caribenha, nao eram percebidos como. parte limportante da contexto europet no qual surgi © marsismo. © eruzamento de colonialism e captalismo na América Latina penmite a Feenindes Retamar propor 0 pés-ocidentaismo com uma categoria marxista,embors incorporado & histria colonial da exploragio amesindia e do teifica de escravos africanos. O pés-ocidentalismo podria ter sido vincwlado a0 ‘colonialismo interno” e a “teoria da dependéncia’. No tentanto, 0 isolamento imposto pela distrbuigio geoistriea colonial, complementado pela distibuigaa cientifiea do cconhecimento situado nos centros mietropolitanos, fer dis historias e conhiecimentos locas um incidente cutioso € as vezes folelsrico no mapa mais amplo dos projtos globus, Aqui hi dois temas aqui que precisam ser deslindados Um é a distingao entre situagées neacoloniais e o outro entre os discursos neocoloniaise 2 eritiea pés-ocidental/colonial Minka primeira tendéncia seria defini “stuagdes € discurses nneocoloniais" como uma configuragio oriunla da libertacio das regras coloniais e das diferentes etapas do. periodo moderno, como a indepensléncia da América anglo-sax6nica € hispfiniea no inal do século 18 inicio do século 19. respec: tivamente, bem como a descolonizagio da Indonésia es Revolugoes Argelina ou Cubana — isto &,situagdes neocolo- nals e discursos os tipos (a), (b)¢ (Isso pode ser cen sindo esquemitico part certos paladares, mas ajuda a dime ‘um pouco da confusao © das ambigiidades da expresso. Em contraste, a ertiea pés-ocidental/eolonlal como te 10 subaltema emerge principalmente no pesiodo posterior A descolonizagto apés a Seguada Guerra Mundial ¢ corre no ‘mesmo sentido que novas formas de neocolonislismo e dita: a. Além do mais, oi a conseiéncia ertica a respeito do colonilismo € neocolonialismo que eriou condigées para teoriza¢ao subaltesna. Ora, se a subalteriade {compreen= dda como construcio te6riea e critica cultural) emerge de diferentes tipos de legados coloniais e neacoloniais, entio © és-ocidentalismo/colonialismo e o pés-modernisio S10 ‘movimentos antimodernos respondendo a diferentes tipos de legados coloniais ¢ aos Estados neocoloniais que tém em ‘comm o processo de expansio ocidentalidentificad como ‘modeinidade/colonialidade/ocidentslismo. Por exemplo, apGs 1947, tanto a Inglaterra como a fndia sie pos-coloniais, No entanto, poderiames dizer que @ Inglaterra & yx-moderna no final do século 20, enquanto nio € claro que possamos pero: mesma da India A esta altura © leitor poderia objetar dizendo que a pés- modernidade nao & um fenémeno particularmente anglo-ame Ficino ov mesmo europe, mas também das modemidades periféreas. Usando logiea semelhante, pode-se argementar ‘que a mesma observagio poderia ser feita sobre © pés- ‘ocidentalismo/colonialismo, dizendo que essa nio € apenas luma questio da modernidace e dos paises colonizados entee mas uma questio global ou transnacional. A a0 mesmo tempo.a consolidagio do império fe das nagdes-impérios da Europa, un discurso construindo 3 ‘deia de ocidentalismo, a subjugacio de povos ¢ culturas & também on contradiscursos e movimentos soeiais que resstem a0 expansionismo eufo-americano. Assim, se a modemidade consiste tanto na consolidagio da hist6ria européia (projeto slobal) quanto nas vozes exticas silenciadas das coldnias petiféricas (histérias locas), 0 pés-modernismo e © pés-ot dentalismo/colonialismo sio processos alternatives de opo siglo 4 modernidade por parte de diferentes heranga coloniais ¢ em diferentes situagées nacionais ou neocoloniais 1 hierangas de ou no centro de impésios colons (por exemplo, Lyotard); 2) herangas coloniais em colonia como as que dleram origem aos EUA e 8 Australi (setler-colonies) (por ‘exerplo, Jameson nos EUA); 3) herangas coloniais em ten {ons que hoje constiuem cers paises da América hispanic, 2 Angelia, a India (deep-seler colonies, representadas por texemplo, por Said, Rivera Cusicanqui, Spivak, Glisant, Albs, Bhablia, Quijano). Em outras palavras, a pos-madernidade & 0 pés-ocidentlismo/colonalisio So tanto pate da ra2i0 subal- tema quanto uma estica ampliada da subalternidade Afirmo que a tworizagio do pés-ocidentalismo/colonia Lismo permixe um descentramento das priticas teérieas em termos da politica dos locais geoistricos (Mignolo, 1995b; ver tambémt Capitulo I € IV), ea distingio entre os discursox € teorias pos-coloniais € pos-ocidentals se torna difill de rastear. As culticas xcadéenicas tornan-se parte de um domi- no politico dos discursos acoplado a saberes orientados no sentido da emaneipagaovliberigio, Assim, teria sido dificil conceher Fanon como um te6rico pos-ocidental/eolonial no final dos anos 50. Seu diseurso,atraente © sedutor como era ( ainda ©), apagou © arcabougo conceitual que, naquele momento, defini os termes do discurso teérco na academia Naquele momento, a teoria mas humanidades era concebica Principalmente em termos de modelos lingUisticos, © nas igneias sociais, em termos do modelo juridico geral. Fanon tomnou-se um teérico pés-ocidental/colonial depois que a academia conceitualizou um novo tipo de pritica tesres, lnventou um nome nove para distingui-la de outs stuowa num campo de batalha académico expecifico, ‘A “teoria" (entre aspas) toma-se necessiia para distingulr centre um conceito herdado de teoria (das ciencias socias, a linguistic e semiicae As vezes da transposico de teorias das ciéncias naturais para as eiéncias socias e humanas) € lum tipo de pritiea auto-reexiva e critica na aesdemia. Ha clas interprets para uso do temo teoia que et ost de assinalar, comparano a "teoria pés-ocidental/colonial e a emergéncia da razio subaltesna Primero, Craig Calhoun desereveu o uso da teorin critica pelos filésofos da Escola de Frankfurt como um deslocamento do coneeito candnico de teorla na filosofia, adaptando-o 3s les desafiaram a presumids demi absolut do individu como conhecedor encarnads no fantoso cago caesiano {Chens, logo exo. Infenciades por Fre, plo koma ‘smo por pensares do ld sombrio da nan como Nictshee Sad, sabia que a peso inva tina de ser mais complexa que into, especialmente se tivesse de ser 0 ‘Sujeo ds cultura eave tambem dren, de ua frna ‘que a maior parted tors comum no di, que ¢faiviao social, que se const através de rlagocsinterelyivs ‘deo-Wemidade, da complesidade de malls enol: ‘om outios, que posibiltavam wltupassr un ete au Nlemidade (Calon, 1954.10) Mais imponante,tlver, para mev objetivo € a observacio de Calhoun de que a maioria dos primeiros testicor-chave de Frankfurt eram judeus (Calhoun, 1995: 17). Tacamos aqui yuma questo ervcal para a formacao da raz subalterna e teorizacio pés-ocldental/eolonial: a inscrigio da expe rieneia colonial/subalterna do ertico em suas priticas te ricas, semelhante 3 insrigao da experiéneia judaica a teoria critica inical de Frankfur (por exemple, leitura feita por Horkhelmer € Adorno da experigncia dos judeus & luz dos ideais do luminismo (19471 1995: 168-208). a leitura de Calhoun sobre a conexio entre a etnia do teérica © @ cons trucio da teoria erica &a seguinte: ‘5 maioria dos prmeio® teéricoschave de Frankfurt exam fades Se ito nao presi incslmente um incest fntemente agus pels poltics diene — mits dks Sendo orundos de fais salads se asian sin tials no euso de seus eatidos ~1 ascenaio do ntzimo © Corrente anthsemits a amplas toUNe o assunto 3 ba, Confniados com a questo do avo plo ual os jude fo cram apenas um grupo minora ene muitos — cena ‘mente para os nazias, mas também pars grande parte ‘moderidade — Workheiner« Adomo mocsrian a respos ‘aqules que se véem come cients que nio pues fumpeir as promessas da civiagao pars todos aqueles que thes Tembeavm os facason da izagao (Calhoun 19958: 1) Em certo sentido, portanto, a teria ertca, da forma prati= cada pelo teérico da Escola de Frankfurt 6, como a teorizacio ppos-ocidental/eolonial, uma espécie de "teorizacto hirbar luna pritica te6riea daqueles que se opdem a0 conceito nacional ¢ asséptico de teoria € conhecimento, teorizando, precisamente, a partir da situagio na qual foram colocados, sejam eles juleus, mugulmanos, amerindios, aficanos ou outos povas do “Terceira Munda” como os hispfnicos nos Estados Unidos de hoje. Mas no apenas isso; 0 clo, detectado por Calhoun, entee eoriae etnia no inicio da Escola de Frankfurt assemelha-se também & consciéncia de ser um fisofo “do “Terceito Mundo", como no easo de Leopoldo Zea ou O'Gorman, ‘que fem que escrever (usando o titulo de Zea para seu thtimo livro) a paste da “marginalizagio e da barbirie” (ea, 1988), Zex e O'Gorman se colocaram 4 margem da disciplina, como historiadores ¢ filésofos, como se a questio énica nio atingisse seu prdprio pensamento. Como os filbsofos de Frankfort estavam no centro de trinsformagdes disciplinares, epistemolbgicas e teériens, eles inscreveram a pric tecricas como “teorla erties", embora a questo éinica moldasse set peasamento. Zea e O'Gorman contribuiram, nio obstante, iro pensamento a pari da “marginalizagao e da ou, como diria Kusch, do “Toca filosétieo” onde a localizagio € no apenas geogrifica, mas histrica, politica « epistemoldgiea (1978: 107-11). Em outeas palavras, contri= bbuiram para mostrar os limites da civilzacao ea ascensio da teorizagio “bisbara” Gudaica, marginal, pés-colonil,feminina, fro-europeia ou americana, amerindit, homossextual ct.) Mary John (1996) oferece uma segunda interpretaglo pars (© uso do terme teoria, Ela studs a inscrigio da posigao do sujeito ao “fazer teoria" na Franga nos anos 60, e também a ttansformagio radical de ac fazer teovia a partie do final da ddécada de 70. Essa transformagio radical deriva principal- mente da conseigneia de que a teoria esti onde se pode fencontri-la. Nao existe local geogrifico ou epistemologico ‘que detenha os direitos de propriedade sobre pritica terieas, mas apenas 0 “local filos6fieo", nos tezmos de Kusch (ver Capitulo II — ou seja, © ponto de panda v a rom que forienta nosso pensamento com a alteridade intervindo Constantemente, sugerindo, ou simultaneamente mostranda ‘© impensavel (Kusch, 1978: 109). John procura a inser subjetividade aa intersego do feminismo com a pés-colonia- Tidade, em qualquer forma pela qual essa intersecio possi se manifestr. A conscigneia © inscricio do feminismo © da pés-colonialidade no conceito de John de “fazer teoria’ ‘equivalem 2 consciéncia que Calhoun tem do jus na teorin critica” da Escola de Frankfurt. Mais ainda: € também uma conscincia de que © proprio conceito de teoria ligado 3 razio moderna, nio pode ser aceito, repetido e aplicado 2s preocupagdes feminists © aos temas pdr-colonials, Se John fio acrecita na dicotomia entre vincular as teorias a0 sci) ‘contexto ot origem ot! tomas em seu escopo universal & fazé-las var pars luminar owros contextos, entio © proprio conceito de tcoria formulado por Calhoun & questionado ‘ohn, 1996), 0 que estou argumentando neste capitulo © no resto do livro é que deveriamos desvincular 0 conccito de teoria de sua versio epistemoligica moderna (explicando ‘ou fazendlo sentido a partir de fatos ou dados isolados), ou de sua versio pés-modera, a desconstrucio de redes con- Cceituais reifiadas. Segundo entendo, um dos objetivos dt tworizacio pérocidental/colonialé reinserever na histria hhumanidade o que foi reprimido pela txza0 moderna, em sua versio de missio civilidor ou em sii versio de pensa- mento tedrico negado 20s nio-

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