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  • Sociologia Do Crime - Philippe Robert Capítulo 1

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    Capítulo 1 - O Crime, Um Comportamento Penalizados

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    Capítulo 1 - O Crime, Um Comportamento Penalizados

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    a O crime, um comportamento penalizado Falar de um comportamento penalizado nos faria re- ‘omar ao ponto de pantida indieado por Emile Durkheim (1895), quando defini o erime como aquilo que ¢ sancio- nado por uma pena, Melhor sera, lis, dizer sancionével: rio se pode Sempre contat com a pena, longe disso. Dis poe-se, ent#o, de um taco tpico comum a todos os crimes «a eles apenas, Para entender sua importancla, deve-se ten ‘ar primelramente pata.a pena e,em seguida, parao direto, «que empanha a ameaga Apena Pamentendero.quesignifica termo pena, perguntemo- oso que acontece nas sociedades onde ela ignorada. Caso ssa interrogacio se revele proveltose, teremos entio um ‘contraponto que servi para apontar mas faclmente o que Vinganga, a auséncia de pena “Todi a sociedade, desde que passa aabarear mais do q ‘mero patentesco, apesenta vida politica; mas nem toda politica ¢estatizada ~autonoma do resto ds relagdes soca Nas scledlades “segmentadas”, onde estatizagio do pol tico ¢ausente ow ineiplente, pode-se eventualmente perce ber alguns raros dlitos “publicos", sancionades pela pena de morte, pelo destero, ou ainda pela exclusto, Sto falas atinentes as relagbes da Polis com as divindades ou a con- dugio da guerra, mas sso nto basta para constituir um Di reito Penal. Asofensas ent cas ou entre familias sto ajusta- das, essencialmente, por outro procedimento* a vingan, 0 discurso dos juristas do Estado persuadiu-nos de que cla se tratava de urn encadeament repetitive itermins vel de represilis,engendrando ainda mais violencia ao in ‘és de conté-a. E exatamente 0 que mostram os exemplos de vinganca nas sockedaes estruturadas em cli, sobrevis ventes a estatizacio: a vendetta corsa permanece um bom cexemplo. Contudo 0 rostoorignaria da vingana € exata mente o inverso dessa paixao vingativa ~ Marcel Mauss (1806. havi suger erecentes trabalhos (COURTOIS, 1984) 0 confiemam, © cla ow a familia vitimada deviam {nflgir um dano equivalente x quem comete a falta ess ‘iltimo devia aceité-lo, Essa retribuigdo podia se dar na © ome um cmpannarte pats ‘nesma natureza, mas também mediante una compensa nas on menos rigldamente tarfada, cujas modalidades de djudlcagao podiam ser mais ou menos judiciarizadas. A quitagao dessa divida recolocava as-duas partes no esta- clo de equilibrioinicial, sendo-thes entao possivelretomar as relagbes soins, Trtando-se de grupos eno de indii- duos, sempre haveria um vingador.Niso resin. dissuasto, A estatzacao do politice engendrou outro sistema de controle da violencia. Uma sociedade sem Estado domina a violencia pela constante manutencao € restabelecimento lum (relative) equilibrio de forcas entre os elas, mediante ss operagi do mecanismo vindicativo. Uma sociedad es- lauzada dispoe-se a cont-lo pelo estabelecimento dum de- sequilibrio entre o soberano que comin a pena eo indiv- duo que a padece. A esse poder, nada, nem ninguém, po- ‘dem resist ou rivalizar. Sua dssuasio baselase nessa des- proporgio. (0 triunfo da penaea estatizacto da politica ‘A pena rompe com a vinganga, nao como a civilizagio compe com a barbie, mas porque instal uma lgicaabso- Iuwamente diferente de conten da violencia, la ameaga os autores de cetas condutas. Enre eses, vigons realmente cometeram um agravo a una vtima par- hicular ~ camo no caso do roubo ou homiidio -, outros sto apenas reputados perigosos, atemtatorios ao interesse ‘comum ow & autoridade publica: o derramamento de pro- dutos toxieos num no, a paricipagao numa manifestacio prosbida, Mas, tanto num caso como noutro,o penal proce de sempre pea onganizacao dum confronto entre a simples Individuo causador de problema ¢ 0 poder publico: 6 ri ‘minoso ofendeu a soberania, asancio toma, portanto for ‘ma de pena, Procura-se menos reparar o agravo do que pu nia audscia do transgrssor e asim demonstrar a diferen- ‘a insuperavel que separa o soberano do particular. (© mecanismo penal requer um poder pablicosuficien- temente autonome em relaglo a0 comum das relagdes 80 cial, de sorte que disponha dos meios para marear a dif rena entre o elemento publico soberano eos demais, im plesmenteprivados. Em outras palavra, o estabelecimen to duma economia penal pressupoe a estatizacio: assim, a politica adquireestabilidade © autonomia, Identificando, ‘um espago “publico" zando-o, aestatizagio demarea,inversamente,o espaco pr ‘vado, a“sociedade civil’. Mais do que @ concentracao de poder, € separagio da zona publica que assinala a esta roptio da poliia,e, institucional tisagio da sociedade, ‘O estabelecimento duma economiappenal pressupde que © poder piblico monopolize, em forga ¢ legitimidade, re cursos suficientes para realizar uma verdadeira demons orm a campo nas ‘lo de forex: consagragio da relevanca pica dos aten. Lads privados, a transformacao dos deltas civis em deli- {os penais (WEBER, 1986). Motivada pelo desafio que uma sgressio ou predacio constituem asta pretensio de const \uirse como guardio geal da paz — ou seja sua reivind «gto do monopslio da violencia no interior dum tertitsrio substitu a witima no papel de ofendida. Antes mes- mo de constituir um ramo do direto, 0 sistema penal € ums forma de processo onde a autoridade publica desem- enka dois paps: nao apenas o de juiz, mas tambem o de ‘ofendida, Quanto mais sees i politica, mais cape ela blieos, um nume- ro importante de delitos “privados". Ao mesmo tempo, @ se toma de apreciar, como se oss ‘statizagao do politico engendra um prolongamento do sige nileo de detitos “publics”, aqueles sem vitima di- ‘eta, de acordo com a extensae das competencias do poder publics [A partculardade clo modelo penal de contengso da vio- lencia € a pretensao de tratar os delites “privades",torna- ds pblicos, da mesma forma que os delitesoriginalmente publicos", ameagandé-s o culpado com um castigo € nto senas com 0 dever de teparar @ dano. Toda a atenczo se ‘conta sobre esse ultimo: ao invés de buseara recolocagie los duas partes analogas num mesmo nivel, assinala-se a ‘omensurabilidade entre o delinquent privado eo sobe- ext me rs a camper pease rano que o persegue. Para tanto, toma-sea sancio do ant 0 delto “publico”: a pena substitu aindentzacao da vii ‘ma, Esse ¢ seu sentido primeiroe ainda fundamental, sem 1097). Da mesma forma, aassociagao do sistema penal com cledades segmentaas (DURKHEIM, 1899-1900) nfo re ‘iste as analiss de Max Weber (1896), tampouco a estudas antropologicos (LE ROY & VON TROTHA, 1993). Ao re ‘vs, sistema penal a dade estat ‘embargo as atenuagdesetransigencias que as historias con- ‘retasapresentam, rece fortemente igado a made. Contudo,¢ imcamodo observar em perspectiva diacro- nica ligagdo do Estado com o sistema penal. Primeltamen-| te, ahistoria do Fstado ¢ complexa. Nao somente clase tra AS ™¥tacbes da pena 1 de'processo lento e ebseuro, ao invés de irrupcao du ‘modelo ja construido, mas também sua evelugao nto fo CContulo, a pena nao ¢ imutavel: os diferentes avatares da estatizacdofizeram-na sofer muitas mutagoes. linear: € mais prudente falar de sociedades mais ou men forementeeatizada do que opor brtaent 3873-4, gpgca com sua economia da pena. Na srora hes sociais com ou sem Estado, Ainda que a sociale S€ 4, essay modemo, os historiadores tenha paulatinamenteestatizado durante historia da Ros Amtiga, 0 mais precove das Feudalismos europeus jé nao of tas vezes per: ccberam uma brutal penalizagao da justiga, que se ta «luzia por um furor contra 0 corpo do culpado, como se era mals, Foi necesstio aguardar a passagem ao feuds 5 roe losse necessarto imprimir iscamente a obedigncia ou, ‘mo centralizado,¢ notadamente a0 absolutism real, PATA, menos, o respeito,afiemando-se 0 carder iresistivel rnovamente se observa a/progressiva estatizacio da polit

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