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zoune operin Seibunal de Aratoa RECURSO ESPECIAL N° 64.682 - RIO DE JANEIRO (95/0020731-1) RELATOR — : MIN. BUENO DE SOUZA RECTE, CONDOMINIO DO EDIFICIO IKA. ADVOGADO : JOSE CARLOS PEREIRA DOS SANTOS, RECDO ELENICE DREWANZ ADVOGADO : PAULO GOLDRAICH F OUTROS RECDO : CASTELO COSTA SEGURADORA S/A ADVOGADO _: SERGIO RUY BARROSO DE MELLO E OUTROS. EMENTA RESPONSABILIDADE CIVIL. OBJETOS LANCADOS DA JANELA DE EDIFICIOS. A REPARAGAO DOS DANOS f RESPONSABILIDADE DO CONDOMINIO, A impossibilidade de identificagdo do exato ponto de onde parte a conduta lesiva, impSe a0 condominio arcar com a responsabilidade reparatéria por danos causados a terceiros. Inteligéncia do art, 1,529, do Codigo Civil Brasileiro. Recurso nao conhecido. ACORDAO ‘Vist0s, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiga, na conformidade dos votos e das notas taquigréficas a sewuir, por unanimidade, nao conhecer do recurso Votaram com o Relator os Srs, Ministros SALVIO DE FIGUEIREDO TEIKEIRA. BARROS MONTEIRO, CESAR ASFOR ROCHA ¢ RUY ROSADO DE AGUIAR. Brasilia, 10 de novembro de 1998, (data de julgamento) ye Dun ee F MINISTRO Barros Monteiro, Presidente ‘ Anecet Uriqe ded. MINISTRO Bueno de Souza, Relator Std 29 MAR, 1999 Date do DJ. Spee Tedunal de Aviva MINISTRO BUENO DE SOUZA: Adoto como relatério techos da r. decisdo da lavra da insigne Desembargadora Terceira Vice-Presidente do eg. Tribunal de Justiga do Estado do Rio de Janeiro, Dra, AUREA PIMENTEL PEREIRA, (f's. 219/221), verbis: “Trata a hipdtese de recurso especial tempestivamente interposto, com fundanrento no artigo 105. Il, a @ ¢ da Constituicao Federal, quo visa a impugnar 0 Venerando Acérdéo, prolatado pela Egrégia 7* Cémara Civel do nosso Tribunal de Justica (fis. 187/189), cuja ementa é a seguinte: “RESPONSABILIDADE CIVIL. EDIFICIO DE APARTAMENTOS, OBJETOS LANGADOS. DANOS. RESPONSABILIDADE OBJETIVA Objetos atirados ou caidos de casas ou edificios que causam danos, constituem responsabilidade objetiva. @ teor do art 1.528 do Cédigo Civil Na hipdtese de edificios © apartamentos, a responsabilidade haver’ de ser suportada pelo condominio, sempre que for ‘impnssival icentificar-se 0 efetivo causador do dane. como Jinica solugao vidvel recorrente em suas raz5es (M's. 190/192) sustenta que a deciséo Tecorrida negou vigéncia 20 artigo 1529 do CCB e divergiy na interpretagao a ele ainibuide por outros Tribunals, a0 impor a0 Contiominio a responsebilidade de responder pelos atos praticados polos moradores de cad unidade auténoma, Juntou odie de acbrdlie da Egrégia 5* Camara OWvel deste Tribunal a Ts, 196 198. A segunda recorrida manifestou-se as fs. 200 2 203, pedindo a ‘suspensbo do feito, em face da decretagéo de sua liquidacéo extrajudicial” Eo relatério. Mtb AL 2Biin ~ Quarta Turme ~ #071188 Seperin Tetanal oe Atatea MINISTRO BUENO DE SOUZA (RELATOR): Senhor Presidente, relativamente ao presente recurso especial, cujo processamento foi admitido na origem ‘sob 0 fundamento de que “no que conceme @ alinea "a" do permissivo constitucional, imperiaso & reconhecer que 0 acérdgo impugnado nao deu, ao artigo 1.529 do CCB, ‘exegase correta ao adimitir que, em caso de dano cometido por morador néo identificado de edificio de apartamentos, responda 0 condominio com base em responsabilidade objetiva que, em casos tais, n&o pode ser reconhecida’, desde logo cumpre seja repelido porquanto © Unico acérdao referido como discrepante, ¢ proveniente da §* Camara Civel do mesmo colégio judicidrio prolator do acérdao, ora impugnado (fis. 196 e ss.). Pela letra “c’, 0 recurso néo merece conhecimento, 2. No que conceme a alegada contrariedade ao artigo 1.529 do Cédige Givil, eis a fundamentagao do v. acérdao recorrido: "0 art, 1,529 do Cédigo Civil impée 20 habitante de uma morada, ou parte dela, 0 dever de compor o “dano proveniente das coisas que dela ccalrem ou forem langadas em lugar indevido. Merece destaque a ligdo de Aguiar Dias que a sentenga transcreve: “O problema da responsabiidiade em relagéo és coisas @ Jiquides langsdos ou caidos dos aptos, a solugéa é a da RESPONSABILIDADE SOLIDARIA DE TODOS OS MORADORES (...). cuja responsabilidade seja possivel stnbuir 0 dane. ‘Nos grandes edifices de aptos, 0 morador da ala oposta 20 seu que se dew a queda ou langamenio NAO PODE, decarto, presumir-se responsavel pelo dano’, mas, d. venia, @ oneragao apenas das unidades da coluna'e vista sobre o local do ‘acidente tarefa interna da Administragao Condominial.’ Tratando-sa de objets atirados do Edificio, responde o Condominio-rau pela responsabilidade civil objetiva, assim vem ‘orientando a junsprudéncia em indmeros julgados, inclusive nesta Corte, Destaca-se 9 acdrdéo em que foi Relator o Des. Hélvio Perordzio Tavares, ap. civ. 1.904/90, in ADCOAS 2d ~ Goats Tura = 10/1188 Sgpere Trdtunal ot Aatea 130.6071, expressando que os condéminos que atiram abjetos na rua, repetidas vezes, ‘geram a obrigagéo do condominio de indenizar as vilimas lesionadas @ os prejulzos causedos.”” 3. Ao assim, interpretar e aplicar a norma do Cédigo Civil, dada por contrariada, na verdade 0 v. acérdao recorrido, nao fez sendo acolher e acatar a doutrina undnime em que se inspira a jurisprudéncia brasileira sobre o tema da responsabilidade por danos decorrentes do langamento ou da queda de objetos a partir de residéncias, escritérios, consultérios, etc, situados em edificios elevados, de modo a atingir transeuntes nas proximidades do focal ‘Cumpre ressaltar que, se por um lado, resultaria praticamente impossivel ‘a condenagao @ reparagao dos danos resultantes, pela dificuldade quase sempre invencivel de identificagdo do exato ponto de onde parte a conduta lesiva (0 que redundaria, na completa falta de tutela do direito subjetivo a propria incolumidade Pessoal), impde-se ter om vista que o zel0 permanente da comunidade condomial no sentido de impedir, evitar ou desencorajar semelhantes ocorréncias 6 0 que se hd de exigir do préprio condominio, cujos moradores (como 0 caso dos autos), recolhendo as vantagens de localizacéo de sua residéncia ou escritorio, ndo podem eximir-se a responsabilidade reparatéria por eventos como o de que tratam os autos, Nesse sentido, é a doutrina brasileira como se pode ver em AGUIAR DIAS (Da Responsabilidade Civil, 6° ed., vol. Il, 177, p. 85 € 88.); ALVINO LIMA (Culpa e Risco, ed. RT, p. 327 ss.); CARLOS ROBERTO GONGALVES (Responsabilidade Civil, ed. Saraiva, p. 94e ss.) ¢ SERGIO CAVALIERI FILHO (Programa de Responsabilidade Civil, Malheiros Editores, p. 138 ss.), todos se reportando as origens romanas dessa doutrina, no edito “actio de effusis et dejectis’, bem como ao Digesto Livro IX, titulo Il, L. 4, § § 1,2. 3, a0 aludir a responsabilidade objetiva a recair sobre o pai de familia ou inquilino quando vuineram a incolumidade da ‘via publica” “ubi vulgo iter fi, como pontualmente anota o classico AGUIAR DIAS (Op. cit, nota 832, p. 86). Anoto que o v. acérdao recorrido apropriadamente ressalvou da responsabilidade pelo dano causacio aqueles ocupantes do edificio onde teve origem 0 Ye 2Bledi - Quarts Terma 16188 Spero Tribunal oe Aeaten ilicito, que nao contam com janelas ou sacadas para a via publica onde a recorrida foi atingida, A luz dessas consideragbes, também por contratiedade a lei recuso conhecimento ao recurso especial E como voto. x Dheteon Lifer 800m Qeeta Terme 101198 Sepeuice Shalamad de astca 10-11-98, 4° Turma RECURSO ESPECIAL N° 64.682-RJ VOTO VOGAL © SR. MINISTRO RUY ROSADO DE AGUIAR: © caso dos aulos versa sobre a interessante hipétese em que se sabe que o dano foi causado por um dos ocupantes dos apartamentos que abriam janelas para a rua por onde transitava a vitima, mas ndo se péde identificar o seu autor. Nesse caso, ensina o em. Professor e Des. Vasco Della Giustina, autor da primeira monografia sobre o tema no Brasil “com a admissdo da causalidade alternativa, todos os autores possivels, isto é, 0s que se encontravam no grupo serdo considerados, de forma soliddria, responsdveis pelo evento. face 4 ofensa perpetrada 4 vitima, por um ou mais deles, ignoredo © verdadeiro autor ou autores.” [!Responsabilidade Civil dos Grupos’, Aide. p. 77) / Essa solugéo— evidenci& uma ___ significative alteragdo no modo de examinar o tema da responsabilidade: civil, deixando de lado 0 ato ilicite para olhar a existéncia do dana injusto. “Preocupa-se, fundamentalmente, com a situagdo da vitima cujo patriménio ou pessoa sofreu um dano & nao né razdo que justifique deva suportar o dano com exclusividade”, como acentuou Julie Alberto Diaz, em trabalho recente {‘Responsabilidade Coletiva’, Del Rey, 1998, p. 82) Sopeuce Srdanal de pesiva Resp. 64.6828) - VOTO VOGAL 2 © prinef a que se filiou ar. sentenga tem sido preconizado pela nossa melhor doutrina (Clévis de Couto ¢ Silva, Principes Fondementaux de la Responsabilité Civile, p. 72), e aceita na vizinha Argentina, onde muito se aprofundou o estudo da responsabilidade civil: "Las V Jornadas Nacionales de Derecho Civil (Rosario, 1971), sostuvieron que ‘cuando el dafie es causado por um miembro no identificado de un grupo determinado, todos sus integrantes estén obligados ‘in sotidum’ @ Ia reparacién si la accién de! conjunto es imputable a culpabilidad o riesgo (Silvia Tanzi, ‘Responsabilidad Colectiva’, in ‘Responsabilidad por danos em el Tercer Milenio’, p. 237). Ainda merece registro que nao foi atribuida a responsabllidade a todo o condominio, integrado pela lotalidade das unidades habitacionais do prédio, mas cpenas aos fitulares dos apartamentos de onde poderia ter caido ou sido langado © objeto que atingiv a vitima, Aceitou-se o “principio da exclusie" daqueles que certamente ndo poderiam ter concorride para o fato Acompanho 0 em. Ministro RelAtor. Specs Tedtunal de, Seaton CERTIDAO DE JULGAMENTO QUARTA TURMA Nro, Registro: 95/0020731-1 RESP 00064682/RJ PAUTA: 10 / 11 / 1998 SULGADO: 10/11/1998 Relator Bamo. Sr. Min. BUENO DE SOUZA Presidente da Sessao Exmo. Sr. Min. BARROS MONTEIRO Subprocurador-Geral da Repablica BXMO. SR. ANTONIO FERNANDO BARROS E SILVA DE SOUZA Secretario (a) CLAUDIA AUSTREGESTLO DE ATHAYDE AUTUAGAO RECTE + CONDOMINIO DO EDIFICIO IKA ADVOGADO : JOSE CARLOS PEREIRA DOS SANTOS RECDO 2 ELENICE DREWANZ ADVOGADO PAULO GOLDRAJCH E OUTROS RECDO + CASTELO COSTA SEGURADORA 5/A ADVOGADO : SERGIO RUY BARROSO DE MELLO E OUTROS CERTIDAO Certifico que a egrégia QUARTA TURMA ao apreciar o processo gm jepigrafe, om sessdo realizada nesta data, proferiu a seguinta decisao: A Turma, por unanimidade, ndo conheceu do recurso. Votaram com o Relator os Srs. Ministros Salvio de Figueiredo Teixeira, Barros Monteiro, Cesar Asfor Rocha e Ruy Rosado de Aguiar. © referido 6 verdade. Dou £6. Brasilia, 10 de novembro ae 1998 F CREFARTO(A)

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