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Lay lier a Mutant Meare tanta site TE tor Sctshowtae: Mei tnaetaonn A sua Sot hada ete Paia compreender a ciéncia ao w INTRODUGAO OLHAR PARA A HISTORIA: CAMINHO PARA A COMPREENSAO DA CIENCIA HOJE © omen & um ser natural isto 6, ele € um ser que faz prt integrate i naureza; no se podera concebero conjunto da natureza sem nla inserr a espécie humana, Ao mesmo tempo em que se const em ser natural, © bomen diferencia se da natureza, qu &, como diz Marx (1984), “o corpo Inrginico do homen” (p. 111); para sobreviver ele precisa com ela se = lacionarjé que dela provém as condigbes qu th peritem perpetuarse en- quanto expéie. No se pods, portant, eneebero homer sem a ntureza © nem a natureza sem o homem. 'Na busca das condges para sua sobrevivencia,o ser humano ~ assim como outros animals ~ atua sobre a naturerae, por meio dessa intera3o, salsa sims necessidades; no enlanto, a relagio homem-naturea difeenca- se da interago animal natura. ‘A atvidade dos animais, em relasto natureza, 6 biologicamente e- termjnada. A sobrevivénca da espécie se di com base em sua adaparfo 20 rei, © animal Hinitase & imediatcidade das stuagdes, atuando de forma 2 permit a sobrevivecia des priprio ea de sua pole; isso se repete, com innimas alteragées, em cada nova gra. or mais sofisticada qo poss se saividades animals - po exem- plo, a casa feta pelo jode-de-baro ou a organizacto de um formigueio -, las ocorem com pequenas modificagées na espe, A que a warsmissto ‘ha “experincia” eta quaseexclusivarent pelo céigo genic; mesmo pode-se dizer em relardo 4s modifieasBes gue provocam na natureza, por ‘nas elaboradas que possam parecer. Asim, sea auago do animal sobre a ‘atutcea permite a sobevivencia da espéie, iso se em fango de eare- aeiscas Wiolileas, © gue estbeece os Tims da possibile de molt test a avagdo do animal povoca eu namalureza, se 8 PROPS “O bemem também alua sobre a natureza em fungio de suas ness” dades 96 faz para sobreviver enquanto especie, No extant, dferenenere aes. unas, 0 bomem slp se lima 4 imeditcidade dus Sits seetque ae depara;ulrapasa Tins, que produz wives (pa com aus eivencl pessoal de sua pre, no se reining &S inecessidades que se revelam no agul ¢ ago" sta huoana no & apenas biologcamente determina, ma = of principamente pela incororto das expsincas¢ contestant produzi- mre aramkigs de gerao a geraio, a wana ests exDetenTe ee srecimenios ~ por meio da educapio e da cultura ~ permite que » 2012 feragio nfo vole 20 onto de parti da que a precede a agSo do bomen diferencia-ae da do animal poraue, s0 a¥e/° sanauees for meio de sua apo, trna-a umanlzada; em oulas 2's ara otro edge a nasca da alvidede bamam. Ao mes 0, > rate aera asi propio por inermédio dessa nervioso val CoN home 2 ge ifaiando cada vez ras as curs eSpees nis. tne “gomemratreza & um process pean dem weno flo ease € 0 processo de produ da exstenia humana iro procesn de prodio da existncia humana para o Se Wve) val scmincand, aerando aqilo qu € neesirio A sua sobrevivineis Ves npessidades adgirem enracteristias diferentes; alé mesmo Os Os wens consideradas bésies ~ por exemplo, a alimentaglo — roles 2° sides Piconas no cs, o8 habs reves aimenirs foje mull diferentes do que fram em ouos momenos. alleragio, no 1 yea limi \ransformagio d vlhas nevssias: © Rone fovasnepessidades que passa sero fundamentals quano 8 camadss ecessidades bisicas A sua sobrevivenca “Eo proceso de prouio da exsacia humana porave o hone 3) 6 ea yrefhon, instruments, como tanibim deseavolve ida (COM ores rengas) e morass para sua elaboraao (desewvalvine ae oui, plujaneno.). A tno de instramenos (news to tao orna eapeciicas de clabor-las ~ carters temic is aterente humana ~ so fro da intrfo homer naar. PF oom eristead que possum parcet, 3s ids slo produ de ¢ exPrnem mai apes que o homem esabelce com 2 nalsGza na qual = USES 'o proceso da produc da exstnciolumana porgu cate no terago feflte via natueza mosifcal, ois nela © ineorDotr criagBes ten Tritt, refer, um homem jb modiicao, pois Sus ecssidades,condgdes ecaninhos para saisfxtas slo outros qus font ae aldo pelo prprio homer. E nese process que © homer 28 eine conmieeia de que et transforma amature par a0. idles caraccistca qu vl cifrencila to bumana, 90 con sans putas animals, ¢iteaconal eplansjads; em outas paavra, 0 hom sabe que sabe. % process de produ da exstocia umana ¢ wm possi Soi ‘ser humano nfo vive soladamene, 0 consi, depende de owes Pt oer Hi ierdcpendEnca dos sresIumanos em todas as formes £0 aa uana qoatnuer qu seam suas nosessiades ~ da produce ta aborglo de conbecimenos, costumes, valores. - eas so erat a ee aTormadas a pnt da orgaizado © do extabelecinente de relagSes entre 08 homens. TNs base de todas 2 relagBes humana, dterminando ¢ condicionando «vide tls 6 ubatho— uma alvidade bumana Itencional qb envole OF 3 via enpaizato, obeivando a produgso dos tens ncessrioe & V8 sus organizago implica uma dada anc de div ribo varamaig 2 sociedae e & deterinada polo nivel teico € pelos Hes carrer pam o tibalo, ao mesmo trip em que 0 concins; 2 O77 eeatar oatahodicrmina tabi a elo ene os homens, ot i & popiedade ds instrments © mates wiliados ¢ ao priagdo do produto do trabalho. ’s rags de bal ~ forma de vio, og lado do nivel ener dos intramentos de trabalho, dos meios disponieis rar rode do bes materi, comiem a base econbmica de uma ada <5 dade, tessa base econfimica que determina as formas polticas,juidicas ¢ «conju day lias que exstem em cada soieats,E a wamsfonct sare conch, » pair das conradines que ela mesma engend oS ea h rnsfomagio de toda 2 sociedae, implicando um nove at) de produsio uma nova forma de oranizago politica © soc) Fo" exemple, ee ejades tribals (comuais) © grupo social organizavast Por S50 aa rere rout os bens ncessras sua sobevivéna, As mule arate es eabiam determinaas tare. 20s Womens, ous. SSF wee Tvisto do trabalho, além de garantr a sobrevivencia do grupo, G70! Meconjnto de inumento, eles, valores, costumes, ens, Son a guna familiar, 6. A propiedad ds instruments de 12> Than pem como a propciodade do produto do tablbo (3 cart 0 PEG, we inda a comundade. A transmistio das cnica, valores, conbecines. tre Sac era fia, basicament, por meio da comunicaao orale do conan . u pessoal, diferentemente do que ocore atualmente. 4, na Grécia Antigs, por vo ta de 800 a, o coméio, undado aa exportagdo € importagdo agrcolas rtesanais, 6 a base da atvidade econdmica, ¢ hi um nivel tcnico de produglo desenvolvido 20 lado de uma organizaylo politica na forma de cidades-Estado. Nessa sociedade, alm ds divisio do trabalho cidade-campo, ‘ocorte uma divisio entre os produtores de bens e os donos da produgdo; 0s produtores nio deitm a propriedade da tera, nem os instrumentos de trabalho, ‘hem o prdprio produto de seu trabalho; sio, em sua maori, eles mesmos, propriedade de outros hemens. Nessa sociedade, as relagbes estabelecidas enire 0s homens sio desiguais: alguns vivern do produto do tabalho de ou- tos, e produgio de conbecimento € desonvolvida por aqueles que no exe- ccutam 0 trabalho manual ‘As idéias, como umm dos produtos da existtncia humana, softem as esas determinagbes histiricas. As idbas sio a expressio das relagbes atividades reais do homem, estabelecidas no proceso de produsao de sua ‘exsiénca, Eas sio a represenlagio daguilo que © homem faz, da sua maneira de viver, da forma como se relaciona com outros homens, do mundo que 0 circundi e das suas proprias nccessidades. Marx e Engels (1980) afirmam: ‘A produgdo de ideas, Se represeulabes © da conscignca esti em primeio ugar dia intense gas & livia materiale ao comlcio material os homens; € guage da vida el.) No €aeoasigacia que determina vida nas sina vi ye dermis a consciueia. (pp. 25-26) Isso no significa que 0 homem erle suas representagBes mecanicamente: aquilo que homem fa, acredita, conhece e pensasofre interferEnca também as ldzias (epresentagdes) anteriormente elaboradas; a0 mesmo te novas representaybes geram transfomagies na produsio de sua exist@nca (© desenvolvimento do homem e de sua histria no depende de um nico for. Seu desenvolvimento ocorr a partir das necessidades materi estas, bem como a forma de satisfar-las, a forma de se relaionar para tal as proprias idias,o proprio homem ¢ a atureza que o circunda, sio inter dependents, fortiando uma rede de inerertacias resfproces. Dal decor ser esse um processo de transformagdo ininito, em que o proprio homem se produz. Nesse processo do descavolvimento humano mukideterminado, que ‘envolveinter-elagdese interferencias reciprocas entre iéiase condigdes mi teriais, a base econdmica serd o determinante fundamental. Tals condigdes ‘econdiicas em soviedades baseadas na propriedade privada resultam em gru- os com interesses confines, com possibilidades diferentes no interior da sociedade, ou seja,resultam num confio ene classes. Em qualquer socie- dade onde existam relagbes que envolvam ineresses antagOnicos, as idéias refletem essas diferengas. E, embora acabem por predominar aquelas que 2 represent 08 interesses do grupo dominate, a pssibiidadé mesma de se produair das que reprsentam a realidad do ponto de vista de outro grupo reflete a posiildade de transformapto que etd presente na propria socie- dade, Portanto, & de $e experar que, mum dado momento, existam repre- sentapes diferentes e antagnicas do mundo. Por exemplo, hoje, tanto as ‘dias poltias qu pretendem conserva as condies existent quano a8 ue pretendem transformlas corespondem a interesses especifis as virias classes socas. Deze a8 ieias que o homem produ, parte dels constitu o conbe- cimento rferente 20 mundo. O conbecimenio humano, em suas diferentes formas (enso comum, cinco, teoligen isbn, estten, le.) exprime condigdes mateiais de um dado momento histrco. ‘Como uma dat formas de coahecimento produzido pelo homem no decomer de sua histéi,acicia€ determinada peas necessidades materas do homem em cada momento histreo, 20 mesmo tempo em que nels in- tere. A produgio de conhecimento centico nto &, poi, premogatva do hhomem contemporines. Quer nas primeira formas de organizagdo social, quer nas socedades atuais, & possiel ientiear a constante tentativa do omem para compreender 0 mundo e 2 si mesmo; € possvelidentifiar, também, como marca comum aos diferentes momentos do processo de construgdo do conhecimento centfco, a inter-relagdo entre as necessida- des humanas 0 conbecimento produzido: 20 mesmo tempo em que asm como geradoras de Idlas e explicages, as necessdades humanas vio se teansformando a pani ente ours ftores, do conhecimento produzido, ‘A citncia caratria-e por sera tenatva do homem entender © ex- plicar racionalmente a natweza,busgando formular leis que, em siti ins- ‘inci, permitam a atwagfo humana. “Tato processo de consrug de conhecimento cientfico quanto sea produto refletem o desenvolvimento ¢ a rupturaocorido nos diferentes mo- ‘menios da histéria, Em outs palavas, 06 anlagonisinos presentes em cada ‘modo de produgio ¢ as transformapSes de um modo de produto a outro sero transpostos para a iia cenicas elaboradas pelo home. Serio teanspostos para a forma como o homem explicaracioalmente © mundo, buscando superar a llslo, 0 desconhecio, o imediato; buscando compreender deforma fundameatada a leis gerais que regem os fendmenos. Essastenaivas de propor explicagdesracionas toram 0 prbpro co- hecer o mundo’ numa questo sobre a qual © homem reflee. Novamente, aqui, o carder histrco da cigncia se revela: muda o que & considerao citncia © muta o que & considera expliagio racional em decorrncia de alteragdes nas condigdes materia da vida humana, 3 “ Enquanto tentatva de explicar a rezlidade, a citncia caracteriza-se por ser uma atividade metédica. € uma aividade que, 20 se propor conhecer a Fealidade, busca atingir essa meta por meio de aphes passiveis de serem re= produzidas. © método cientifico é um conjunto de concepgdes sobre 0 ho: ‘mem, a nalureza ¢ 0 priprio coahecimento, que sustentam um conjunto de Fegras de agio, de procedimentos, prescrits para se consiur conecimento cienifco, (© método nio & nico nem permanece exatamente o mesme, porque ‘eflete a condigdes hstéricas concretas (as necessidades, a organizagio social para salistazt-as,o nivel de desenvolvimento tSenico, a5 ideias, os conheci- ‘mentos jf produzidos) do momento histérico em que © conhecimento foi claborado, ‘A observasio a experimentagio, por exemplo, procedimentos meto- dol6gicos que passam a ser considerados, a panir de Galilea(séeulo XV1), ‘como teste para conhecimento cientfico, aio eram procedimenies iilizados para esse fim na Grécia na ldade Média, Neste stimo periodo, a observagdo © experimentagdo no eram criérios de aceitagio das proposigdes,jé que ‘ autoridade de certos pensadores e a concordincia com as afirmagBes relic 4 _losas cram o critéio maior. divergtncia com zlagio a que procedimentos levam & produto de conhecimento estésusteniada elas concepges que 05 ram; a0 se alterar a concepeo que © homem tem sobre si, sobre o mundo, ‘Sobre 0 conhecimento (0 papel que se atibui A cifncia,o objeto a ser inv tigado, etc), todo o empreendimento cientifea se altera, O pensamento me- eval que concebeu 0 mundo como hierarquicamente ordenado, scgundo {qualidades determinadas por naturezas dadase estticas, e concebeu o homem ‘08 designios de Deus ~ base de sua vida e de suas possi ddades ~ gerou uma concepgo de conhecimento que, em relagto indissokivel € reciproca com as primeira (homem € mundo atrbuiu A ei¢acia um papel Contemplativo dirigido para fundamentare afrmar as verdades da fé, Dessas concepgdes decor a desvalorizacio da observagio dos fendmenos como ‘via para a produgio de conhecimento cientfico; sob as condigées feudais {tornou-se impossvel edesnecessira aconstrugdo de explicagées que viessem ' por em divida as proposigdes da Igreja, cujas idéias eram apressntadas como inquestionivels, jé que reveladas por Deus Assim, a possibilidade de propor determinadas teoria, os eritéros de Aaccitagio, bem como a proposigio ou no de determinados procedimentos ‘a producto cientifica, refietem aspecios mais geras fundamentais do prb- prio méodo. A mudanra das conceppées implica necessariamente uma nova forma de ver a realidade, um novo modo de atuagao para obtengi0 do co- ‘nhecimento, uma transformasio no préprio conheciient. Tais madangas no processo de construpto da cigncia e no seu produto geram novas possbili. “4 ades de ago humana, allerando © modo como se dé 2 inerfertncia do hhomem sobre a ralidade, © método ciemifico ¢ historicamente delerminado e $6 pode ser com- preendido dessa forma. O mélodo € 0 reflexo tas nossas necessidades€ pos- sibildades materais, a0 mesmo tempo em que nelas interfere. Os métados cientificos transformam-se no deccrrer da Histéria. No entanto, num dado ‘momento histérico, podem exist diferentes interesses e necessidades, em tais ‘momentos, coexistem também diferentes concepydes de homem, de na. reza ede conbecimento, portato, diferenies mélodos. Assim, as diferencas ‘metodoldgicas ocorem no apenas temporalmente, mas também nara mesmo ‘momento e numa mesma sociedade. ‘As anlises que setio apresentadas nese livro se fundamentam na com- ‘preensio da cigncia como parte das idéias produzidas pelo homem para sa- tisfazer suas necessidades materiais, portant, por elas determinadas e nelas imterferindo. $6 se pode entender & produgio do conhecimento cienlfico — (que teve e tem interfertneia na histéria consiuida pelo ser humano ~ se {ores analisadas a8 condigBes concretas que condicionaram e condicionam ‘ua producto. Assumir ess forma de anilse nfo significa negara existéncin de uma dintmica interna & prépriacidncia, Descoberias e explicagdes cen tifcas também atuam como fatores determinants da produgdo de novos ¢o- nhecimentos. Desconsiderar essa relatva autonomia da atividade cientfica & {fazer uma avaliago simplista e mecdnica da rlagdo que citnca e sociedade guardam entre si 'Na tenativa de recuperar as determinageshistrias, 0 método adquire papel fundamental e privilegiado, pois, sendo 0 métado sujeto as mesmas interferéncias, determinapSes ¢trnsformapées a que a cincia como um todo ‘st sujeita, ele também depende tanto do edo de sua rlapdo com o pp ‘momento em que surge quanto das alteragBes e interfertneias que softe © Provoca em diferentes momenios hstéicas. Assim, neste liv ser30 abor. Adudas as concepgdes metodoldgicas que vigoraram em diferentes modes de Drodugdo ~ escravista feudal, eaptalista ~assumnindo o olhar para a histGria ‘como caminho para compreensto da cigncia hoje. = As Autoras Mette casiscrevtaacs Gated ug Set Nae ae ie Para compreender a ciéncia CAPITULO 8 DO FEUDALISMO AO CAPITALISMO: UMA LONGA TRANSICAO [Numa era de transigfo, o velho e 0 novo freqlienlemente se misturam, No perfodo de transcode um regime social para outro, encontram-se ca- racteristicas do velho regime, a0 mesmo tempo em que trg0s do regime ‘novo aparecem em determinados niveis da ealidade social. ‘A transiggo do feudalismo ao capitlismo significou a substituiglo da terra pelo dinbeiro, como simbolo de riqueza: foi o periodo em que um con- junto de flores preparou a desagregacio do sistema feudal e fornecew as ‘condigdes para o curgimento do sistema capitalist, E importante salientr,entretanto, que a passagem do regime feudal a0 capitalista se dew com variagdes nos diverss palses; além disso, num mes- ‘mo pals a passagem se deu de forma lentae gradual de modo que, 0 mesmo fempo em que surgem caracteristicas do novo regime, persistem caracterls- tieas do regime anterior. Assim, ‘io podemos far de verdadeirapassagem 20 capialismo sno quando regiSes sulienlemente exlesssvivem sob um regime socal completaente novo. A passagem somenle& deisva quando as revoluges polliea sancionam jr dicamente as mudangas de esta, e quando novas classes domiaam o Esiado, Por iso a evolugdo dura viriosséulos. (Vi, 1975, pp. 35-36) Essa evolugfo nfo foi “natural”, inexorive, ¢ nfo se dew sem graves confltos, muita viléncia no campo nas cidades, uta pela tomada de poder. Os séculos XV, XVI © XVI (particularmeate os dois Gitimos) sfo aqueles ‘em que mais acentuadamente ocorrem mudangas que marcam a passagem do sistema feudal ao sistema capitalist. Nos séculos XV e XVI, na Europa, a \escenralizasao feudal € gradualmente substitulda pela formacio de Estados nnacionais unifcados e pela centralzacio de poder, com a formagio das mo- ‘arquias absoluts. Na Inglaterra, 0 processo de unificaglo fol favorecido pelo enfraguecimento da nobrezae, conseqUentemente, do parlamento ~ que ‘nha nela sua principal sustentaso ~ em funco da Guerra das Duas Ross, adc 1435, eds esd oes i, Eas enfin aoe 2 do paament popcioy o eabeleineto de una woraguia aris qe tee amo seu pil epeselantes Henrique VII (1509- ‘ay theatee (558.160), Na Franga em que dese 0 inilo do seulo SIV) pateamente ava sn eoncda fra tenor e em qe 0s se eet ata foe, a ecorénia de una gue coma a Tht — ee ta Guan Ane (ANTS!) ~ fiver © aardimeno de una aol atianaraderocata do poder foual eo sugiment de monareas Situs extemameme podoroses, 2 polo de ese pas formarse 0 grande ae do esimesabeolos. A Lspasa mouse um pals wnifeado do a an policne lerioral em 1515, com a ineoporgto do eno poi: Ane dso, ina have incomporgio dori de Granada ee yea one da monargls de Castla © Aragio (146). Alemania © (ite roam exsgdes no proceta de unica desevolvido na Europa nes- tee ol, Por ex Gpca, a Alemanba er eomposa de Inimeros reinos independents ¢ nlp coils um estado consoiad "Alig o ssl XIV etava dvs en una nae de oawenos cats tigate des com Tomas de governs bastante democrtas. Ete- eaedas ig dee stelo edo sept, todas les exam ib o dominio iss taantes despotic. Ao longo do sculas XIV e XY, os estado mai torre padovoye form inorporando os menor, de forma qe inci we Gets SVK Sco etads dminavan a pensula liana: a replicas 4 Vencea e Floren, o ducado de Milo, 0 tsino de Noles eos Estados a Ia To séeulo XV, a Telia datinia 0 monoptio das principals rots co mesiis dp Mediernen; api dodescbrieno da Aria, os ceros 4s somtclo ransferam-e para a Costa Nines, Ess aller ocr Tango de empeendiments maritins levados a efeio por pales da Tropa orden istedo a descobera de wa oa marina comercial para 1 Once, ma tee que as evades Kalas diam oeonrole do Medi {usin mnnelo pls qu Se lngou nesses enpreendinets fo Portal vcuo apenas dscari um camino peo Antico para chegar a0 Orie, ceive também dscabia nova teas, que erasformaram em cols nor ‘ueray,Petgalennsui, nese pocrsn, duane os éeulas XV e XVI, via aio leone, com earns na AM, Asia © América 7 Espana, quc logo em Segui » Porta! nnou-se em expedies marinas, npasenidas eom 0 apoio da crea espanls, também formow Trane npr enon chino pate dos Estados Unidos, © México, 3 Ania, n Amica Cental e quase toda a Améica do Sul. A Franca © 3 paler fanbm ehegrin a tvesos pons da América, duran os seen XV e XVI ns por Uivees tes lo Hiram ens imei Wa tamente. Fot apenas no século XVII, tendo consolidado seus Estados ras, que efetuaram essa tarefa. A Inglaterra ~ que jf possuia coldnias Africa e na Asia ~ iniiou a povoagio do litoralantico, implantando co- Tonias, como a8 treze coldnias da América do Norte. A Franca, que também rossuia coldnias na Africa, implantou suas col6nias na América, como 0 ‘Canada, a Guiana Francesa ¢ as Antithas. uito pals que devido a atividades mercanis conqustou coldnias foi a Holanda, que, ein fins do séeulo XVI e inicio do XVI, apoderowsse, pela fore, de pontos na Amsrica (como a Ilha de Curagao e Litoral e Nordeste do Brasil), na Aftica e no Oriente. ‘A colonizacio rentroduziu una pritica ex‘nta hé cinco sbevlos: a es cravidio, Negros aficanos eram trazidos para (abalhar como escravos nas pilantagdes ¢ nas minas das colOnias, suprindo a necessidade de mo-de-obra ‘no qualificada. (0 CAPITALISMO Somente se emprega 0 termo “‘capitalismo” quando se trata de uma sociedade madera, “(.) onde a produgio maciga de mereadorias epousa sobre a explorago do tabalo asalarado,daguee qu nada possi, eliza pelos possuidores dos meins de producao" (Vilar, 1975, p. 36) Na sociedade capitalist, as pessoas somenteconseguem Sobreviver se -m 08 prodtos do abalho uns ds outros, i que possoem aividades as, no prouzindo todos o& bens de que necessitam, Assim seme do, deve haver roca ene 0s diversosproduios dos trabalhos privados. ‘A transfriaago da matria-pima em produtos€ fia pelo takalhador, que vende sua fora de trabalho ao eaptalista em troca de um satirio. O capitalist 6 dono dos meios de produ (matéias prima, eramenias, etc.) | ‘es apropria dos prods acahaos. A socedade caitalisa tm come elementos fardamentas a propriedadeprivad, a diisio socal do trabalho © aoc ‘seguir abordacse-4o 0s aconecimenios que levaram ao desenvolvi- § ‘mento de uma sociedad com esas evacterstizasa pair da socioade feudal. ‘A mnacomeracio ma SoctEADE FEUDAL © renascimento do comércio ¢ 6 crescimento das cidades ‘A sociedade feudal cra consituida de unidades estanques: os feudos. Fisis eram aulosuficientes, com economia voltada para a subsisténcia, Os 165, reinos entdo existenes eram, dessa forma, ragmentados, © 08 res ~ apvias «© melhor qualidade de alimentos que os aperfeigoamentos téenicos possibi- fealmente donos das terras ~ tna poderes Lmitados, dadss a8 carxe- fitaram =, tomou necessiri o erescimento da producto agricola, 0 que levou Teretivas do sistema feudal, As relagbes socinis fundamentas eram de dots 4 abertura de novas trras ao eulivo, Esas tras arairam muitos campone- tipo: a rlagio de vassalage, por meio da qual se progessava 0 modo de 565, que se libertaram dos feudos e passaram a cullivé-las, em troca de pa- propiagio da tera € a8 flags servis, em que o tabalhadorpossua ite ‘gamento aos senhores feudais pelo seu arrendamento. Muitasteras incultas| rumentos pripries de prodixio ¢ dels 0 senor exiria um ercedente de foram, assim, transformadas em terra produtivas. trabalho, Tnmeros servos foram libertadas dos feudos, porque o trabalho livre ‘Na sociedad feudal, asicamente agra, panicularmente na primeira «era mas produtivo para os senhores do que 0 trabalho servil. Alguns senho- imetade da Made Média, em que se aedia a riqueza de wna pessoa pela res, entretanto,e prinepalmente a Teja ndo lbertaram seus servos. Por essa ‘remo 6 tora que pose,» imprtaci as ciddes emo pee EO, fo pens ns confltas, Camponeses por vezes in- arena As tocasprficarenteinexisiam ¢, quando oerriam, eram prince ‘vadiam e depredavam propriedades da Igejae agrediam padres, muitas vezes| ‘Rlmente feuds desir dos fdas, ce prduts ¢ sem envover dni ajudados pelos habitantes das cidades, que tinham, em geral, muitas razbes "A pastr da segunda metade da Ldade Média, alguns fore conrbuiram para entrar em confito com os senhores feudas. para a alvagio do eumério, dente eles: a produvio de excedenes agricolas ‘Um fator que conttibuia para a liberdade dos camponeses foi a peste Pertesanas, que podiam, eno, ser trocados eas Cruzadas, que destocarar gra, no séeulo XIV, que, provocando enorme quanlidade de mores, valo- ‘rilhaes de europeus por meio do continenle. Esses individuos necesstavam rizou o trabalho da mio-de-obra dispontve. Isso gerou conitos ainda mais mila ccm ocd or macadbes qu ox wamparhaam. | _—_—_ vines enters aor Se anerioment as evokas dot campo “Como consegitncia do crescimenio do comérco, eresceram também ‘a eidados. Estas surgiram em locals estatgicos para a aividade comercial, tome, por exemplo,ocruzamento de duasestradas. Esa chines, enretanto, reses eram apenas locais, agora a escassez de mo-de-obra era aos billions spiobs ma posi fort, desprtando eles um Sete mci de pode, Nata sede eases em toda a Europ ode os carpooeses a abs ert teehee oder emescone ein Ameena, | Stato Ww nica cad a sa a a Sone ares foci cai ce mt rc a ce at oe cnas confads as serves, nos feos, pra a fabric de ob- Thee es estas ois eel soa ral sea 2Y, | jets duo do prio ea, oan stsiias por ofcis urbane, Nese potas dia tgucaa, que vara sta nar ess volvimerio co 166 167 mento foi fnanciado pela burguesin, enriqueckda pelo desenvolvimento co mercial, gerando a expansio aflietca dos séulos XV e XVI, Nessa empres escobriram-se-novas terra, que s©transformaram em eolOnias de diversos paises da Europa ocidenta. A utlizagio do Gceano Atlintieo ecasionow uma fvande transfrragdo no comérco, jl que este, agora, passou a envolver no 6 a Baropa e a Asia, como também essas novas temas ~ a8 coldnias. importantes no formeximento de metas Tissas eolinias foram, tak reciosas para as metripoles, nessa épaca em que © OUD © a Pi muito necessirins 20 desenvolviments do comico. ‘A expansto atlintic trouxe ouiros efeitos, Um dees foi 0 desenvol _vimento do mercantilsmo, wm conjunto de prinepins © medidas pritcas ado- {adas por chefes de estado eurmpeus ~ bastante variveis ao longo do tempo ‘e nos diferentes pales ~ com o objetivo de gerar riquera para 0 pais © Totalecer o estado, Einhora helerogneas, as politica adotadas tinham como ‘um principio fundamental o de que a rigueza de wm pais se tradue na quan tidade de-ouro e prata acura e © principal meio de obté-os & por meio do comércio com oulmos pales, cm que se garanla um saldy positive da balanga comercial (0 valor das expestagdes supera o das importagdes). Para tanlo, 0 estado intervinha nas atvidades econOmicas por meio de medias ‘qe inclulam incentivo a0 desenvolvimento da indstria no pais, & aquisiao de coldnias, as exportagdese tarifis levadas para a importaio, [esse provesso de extranrdnitiaexpansio comercial, desenvolveram- se insituiges financeras, hanens, holss, ele, tendo em vista subsiiar as atividades mereants. Além disso, desenvolveu-se 0 empréstimo usuario que prassaria a se, juniamente com otras formas jcitadas, uma das manciras de se acumular capital nesse perodo, Para ran, individues que possulssem inheiro disponivel emprestavam-no cobrando alas taxas de juros. ‘Segundo Huberman (1979), nas grandes firs existent ma fase final 4 Made Médis, os titims dias cram dedicados a negécios em disheto. Ai se trocavain 8 viros tipos de moedas, nepociavan-se empréstimos, pa vamse dividas ¢ faziam-se circular letras Ue cimbio © de exéito. Nessas Feira, os bangusios da épocareaizavam grandes negicos finances, "Ne- dinheiro levou a conseaiacas Ho grandes que pasuu @ consituir ‘uma profissio separada” (p. 34). Ainda, segundo esse aor, os banqueiros passaram a ser 0 poder ais Jos eis, porque estes necessitavam constanlc~ ‘mente de sua ajud financera (© sistema colonial também desempenhou importante papel no desen- volvimento do mercanilisma, tanto porque as colinias passaram 9 constituir oor e 16k mereados consumidores das manufAturas metropolitanas, como porque Py saram a ser fontes de maérias-primas metais preciosos. ( grande aumento no fornecimento desses metas, provindos das minas as coldnias, duramente exploradas, permitia uma ripida eunkagem de moe das, que enlrou em desequilibrio com o lento aumento da producto. Esse Fato levou a uma alta geral de progos na Europa, prejudicando 08 trabalha- ‘ores © a nobreza feudal, fortalecendo a burguesia s camponeses sto expulsos da terra Ua das formas de os donos de terra aumentarem seus rendimentos € fazeren frente 20 aumento de preg foi o fuchamento das terra, ocorido to século XVI em algumas partes da Europa, basicamente na Inglaterra. Hou- + pelo menos dois tipos de cercamento: 0 que envolvia mudangas na forma une, a nen de bene, conn una rqulamentaR9 que uiiease 0 ae a plage seu campo de vides econdmicas, a horguesi of soorafatnela poten soca, bem como recursos Fnancirs. Tae proceso foi modieand 0 panorama eitria polio e social Europa “Sian nage, as vides mss omar aeetdak a eats aay ra au aparsinento replant nina rar ins aansatian a regutaneniages lois Pasacam a exis Fis waco, Tague macious © ab enon frescoes, OS homies OMe 8 reetemoe no camo enaios de Mads, de Kenton de Pars, ws como forrace Ungltoraou Franca saan adver fielidade wo & wu cidade aa eeraterfona as noi ue € 0 mona de tds wna nao, (Ute emit, 1979, p79) © DESENVOLVIMENTO DA INDUSTRIA MODERNA (inicio da indstria moderna foi possivel gragas & preserva de das condigGes: a exiséneia de capital acumutado © a exiséncia de wna classe trabalhadora livre © sem propriedodes. ‘Como ji vis, antes da introdugdo Jo eapitalismo acumulova-se ea- pital princnalmente por mele da roca de mereedrias,Enretano, esta nto ry avdnica forma: piaars, sigue, conquistas ¢ exploraro em lierenes ives tiveram importante papel na acum primitiva de capita, que ser- ‘Vr de base para a grande expansio industial dos séculos XVII ¢ XVI 10 FEntetano, alm do capital acomulado, era necessiria a existéncia de rfo-de-obma disponivel. © Fechamento de terras e a elevagdo dos arrenda- tenis, no século XVI, forneceram a mo-de-obra necessria para ainda, fa medida em que expulsaram muitos camponeses de suas terms, criando ‘uma etasse trabalhadora livre sem propriedades. 0 capital e a produsio O sistema doméstico Enquanlo o mercado ers apenas local 0 artesanato, com a estrutura de comporagio que the servia de apoio, era sufciente para suprir as necessidades| {do comércio. Quando, entrelanto, o mercado se expandiu, tomando-se nacio- tal e mesmo internacional, 0 sistema de corporagies de artestos inde- pendentes nfo mais respondia as crescents exigEncias do comérco,tornan- dose um entrave a0 seu desenvolvimento. Sua superagto exigia a subordh hnaglo da esfera produliva a0 capital mercani, Nesse momento, surgiu 0 intermediério, “o captalisa". ‘Segundo Huberman (1979), © meste atesio era cinco pessoas numa ‘36:8 medida que comprava malériaprima, era um negociante ou mercador: {quando traalhava essa maéria-prima, era um fabsicane; se tinha aprendizes, cra empregador, enquanto Supervisionava o trabalho desses aprendizes, era cept mai eve 3 osu 0 pron acabado, era um ‘comerciante ljista, ‘Quando surgiu o intermedivio, as fungdes de negociantee comerciante fojista Yoram subiraidas ao artesto. © intermedi, que podia ser um ex-ar- teslo, um ex-camponés rico, por exemplo, enlregiva ao arteslo a mat ‘ima que este trabalhava em sua casa, com seus ajudantes. © produto aca- hrado ert catregue an intermediéio, que 0 negociava. A esse sistema de pro- dduglo d-se o nome de sistema domSstico (ou puting-ou), ‘Com a expansio da economia em dmbito nacional, 0 apitalista”, que no sistema de comporagdes nie tinka fungo de destaque, passou a ter im portante papel, uma vez que as trisagGes comerciais passaram a ocorrer ‘numa escala muito mais ampla, envolvendo grendes quantidades de dinheiro, ‘Ao intermedirio “capitalista” pertencia 0 produto, que era vendido no ‘mercado com luero. Q mestre arteslo ¢ seus aprendiaes eram trabalhadores tarefeiros. “Trabalhavam em suas casas; dispunham de seu tempo. Eram ge- ralmente os donos das ferramentas (embora isso nem sempre ocorresse). Mas 4 ni eram independents (.." (Huberman, 1979, p. 128). m No sistema doméstcn, no hi uma revolugio nas eondigdes de produ- lo; 0 que hi & uma reorganizaco da produ, unis modifieagio na forma Se negociacio das mercado A menfatua ‘A eapansio sempre ereseene do eomécio ¢ 0 aftuxo de traaihadores sem propridades levaram as ciads a uma nova ronganizayo no sistema produtivo, dando surgimento 20 sistema de manufaura. A’ manafturn, em Fretant, nonea foi um sistema de produgio dominante: ao seu lado persist- ram sempre restos dos ropimes industria precedenies. ‘O sista de manuftura implica a uni de un aimero elativamente trande de trahalhadores sob unt mesmo (to, exprezados pelo proprictrio fos meios de producto, exceulando um trakalho evordenad, num mesmo proceso pradive ov em process de produio que, embora diferentes, sl0 eadeados, eom auxtio de un plano, Nesse sistema, portant, os trabalha- ores perdcm ns meins Je prodach, que passim a ser de ngopricdade do caitalista,e passam a trabalhar em troea de um satirio, vendedo sua orca fe trabalho, © proprictiio dos mcias de produyio nfo realiza 0 trabalho manual excree apenas a funcko de orientar e vgiar a atividade de outros inividuos, de eujo trabalho vive. 'No sistema de manufatura, cada trbathador realiza apenas parte do trabalho necessirio A elahoragio de um determinad produto. Est, para estar completo, depende do trabalho do conjunto de individuas no processo pro- tivo. (0 parcelamento das tarfas leva & diminuigio do tempo de trabalho neeessirio para se elaborar um determinado produto, levando, conseqiente- mente, a um aumento da producto e, portato, a una maior valorizagio do ce=pital 'O parcelamento das tarefas leva ainda: & desqualifcagio do trabalho (trabalho da manufatura, por ser pareear, exige menor qualifieacio do tre balhador¢, eonseqientemente, menor apendizado do que no artesanato), com 1 conseqiente redugi do valor da forga de trabalho; e & especalizagio das ferramentas, que se vio adaplando As fongdes parcelares. "Na manufatura, © trabalhadoe 6 ransformado em (rabalhador parcial mas ainda € ele, com sva habilidade ¢ rapide, quem comanda 0 processo de trabalho, quem determina o ritmo eo tempo de trabalho socialmente ne- cessrios para a produglo de uma mereadoria E nisso estio os limites da manufatura, que vio constitu séris en- raves a0 desenvolvimento do capital: em primeiro lugar, emborao trabalho seja desqualificado, ainda & 0 abalhador com a ferramenta quem elabore 0 m produto € ess trabalbador especializado ainda necesita de um longo pel te aprendizagem, o que Ine df forga ante o capita; em segundo lugar, ‘2 manufatura tem sua base no elemento subjtivo, no trabathador, el est testi pelo limite fisieo, organo, desse, que impede que a produtvidade do trabalho aumenteincessantemente. ‘Como conseqineia dessus limitagSes, a manufatura nfo conseguia eli rminar o artesanato eo sistema domstico,e leve de coexistr com eles em ‘Jterminados setores da produglo, conribuindo inclusive para frtalect-1s, tna medida em que 98 instramentos de producSo empregados pela manufatura fram produzidos de forma artesanal. Por todas essa razies, “o processo de acumulagto de capital manufa- turiro nto tem meios de regular o pr6prio mereado de trabalho ¢ este vai fer contolado através de legislagio” (Oliveira, 1977, p. 23), tanto no que diz respelto A dsciplina, como também no que diz respeito & regulagdo de salrios e jornada de trabalho (os prolongamentos da jomada de trabalho ‘maream o periodo manufaturcio). O sista fabril Diante de.circunstancias Févordveis, como o interesse cada vez maior no aumento da produgio e as [imilagdes impostas pela manufatura a essa texpansio, a especializagio das ferramentas (decorrente do parcelamento das, tarefas executadas pelo trabalhador) criou condigdes para 0 surgimento da, ‘mdquina, uma eombinagio de ferramentas simples, que, por sua vez, fav0- ‘receu a ocorréncia do que veis a ser denominado revolix3o industrial, ‘tol steulo XVIII, na Inglatera, § ‘A ferramenta foi retirada das mos do trabalhador e passou a fazet parte da maquina, rompendo-se 2 unidade ene 0 trabalhador parcelar € sua ferramena, exstente na manufatura. ‘A méquina, na medida em que permite a substituiglo da fora motriz ‘humana por novas fontes de energia no processo de produgio (inicialmente 1 vapor, posteriormente 0 gs e a eletricidade), libera 0 processo produtivo ‘dos limites do organismo humano, o que possibilta um grande aumento da producio. ‘Com a introducio da méquina, elimina-se a necessidade,seja de tr bathadores adultos resistentes, seja de operiios especializados e hAbels, luma vez que o operirio nada mais tem a fazer sendo vigiar © corrigit 0 trabatho da maquina. HA, assim, uma maior desqualifcagio do trabalho do ‘perio, que nfo mais precisa passar por uma longa aprendizagem para exer- cer sua fungdo: como conseqlencia, toma-se possivel a utilizagdo de mio- dde-obra ndo qualificada(prineipalmente mulheres e eriancas). [Na produsio mecanizada (sistema fabio trabalhador perd o controle do processo de ital, E ele quem se adapta a0 processo de producto (¢ fnto mais o contri, como acontecia na manufatura). A miquina determina ritmo do tmbalho e € responsivel pela qualidade do produto, Tambén a {quantdade de prods eo tempo de trabalho neessrio &eaboragio de ut Froduto deixam de see detrminados pelo trabathador. ‘A producio mecunizada elimina © artesanato, o sistema doméstco € a rmanufutura, cade quer que apareca (sister fel, com suas miquinas movidasavapor ea divs do traballo, (edi Kear as prdulos com it mais api © mais tat do que Petatiadores mamas. Na compli ene Wakao mezanizado ¢ trabalho nna mfguin tna de vnc. E venen miles “de peguenos meses manatees ¢ inipndents™ (nispenentes por era dons dos insite mam do meio ds produ) decara 8 stage de junaleos, rabathando por sali, (Tiberian, 1979, pp. 177-178) (0 PENSAMENTO NO PERIODO DE TRANSIGAO ‘As consideragbes anteriores reportam-se a0s fundamentos econdeicos ‘do periodo que estamos denominando transiglo para o capitalismo. Um re- [ime social, porém, ndo se comple apenas desses fundamentos ‘A cads modo de produgo comesponde ao somente un sistema de roves de produ, como trib un stn de dies, de tines e de formas de fumnento, Un regime vc oa deadéacia serves precbaente deste ‘Grea, dss astiuiges © dsses peasunentos jb aquidos, para oporse ‘Gon toda an sas forgas Bs nooges que amen sta eusticia,I pro own ta das novas clase, dis cases ascendnls, cota as eases di rer que ainda acaan-s2 ao per e dtemninao carder revouciontrio da Sfhoe do pensamento que aan. estas Its. (Vi, 1975, p47) ‘A coloeaxio de Vilar aponta para fato de qu, ma tua entre camadas sociais pelo poder politic, as id8ias, os pensamentos e 0 conhecimento produzidos também serio ullizados plas camadss dirgentes como instra- Frenfos para manter 0 estado de coisas que les raz vantagens, ou deter ‘eventunisavangos da eamaa ascendente. Na medida em que 0 egime social fenira em processo de decadénca, hi a endéncia de substituigio das wéias § ele relacionadas por oulras mais condizentes com o momento enti vivid. ‘Numa fase inieial d> periodo de transglo, a rejeigo das idias, ds imagem do universo e das maneras de pensar feudais gerou um certo vazio intelectual, uma vez que no foi imediatamente seguida pelo surgimesto de ‘uma nova imagem do univers, deixando sem respostas muitos dos problemas 174 Jevantados. Bernal (1976a) considera essa fase incil fundamentalmente des ‘ruta, na medida em que a preocupardo central foi a destruigio da sintese arstoldica; mas afirma que, embora nlo se tenha, nessa fase, encontrado solugdo para a maioria dos problemas levantados, abi tua solugio durante a grande-luta de idéias do momento posterior. ‘Essa espécie de vazio intelectual, que se suoedeuw 8 demoligho da visto de mundo medieval, vou a um periodo impregnado de misticismo, de si- perstigdes grosseitas, de credulidade meio cega, de erenga iracional na magia, Mas, se en erelidade do “tudo & possvel” & 0 reverso dx medal, também xi um avers, Este anverso & eurosdade sem fronteias, a suidade de Wintoe o espa de aventura que conduzem 4s grandes vigens de descobr- Inentos(-) que enviguecem prodiiosamenteo conbecienlo ds fates ¢ ale tentam 2 etrosidade pelos fos, pela rgueza do mundo, pela vaiedade © tmuliplicidade das cols (Koy, 19R2, p48) Na nova visio de mundo, que veio a substtur a visto medieval, 0 Jhomem, no seu sentido mais genérico, era a preocupacto central. As relagdes Deus-homem, que eram enfuizadas pelo (zocentrismo medieval, foram subs~ titudas pelasrelagdes entre 0 homem e a natura. 180 significava, com felagSo ao conhecimento a valorzagio da capacidade do homem de conhecer ¢ transformar a realidade, Fol proposta uma ciéneia mais pritca, que pudesse Servir ap homem, e que teve em Francis Bacon (1561-1626) seu maior de- Tensor, emi contraposigfo a0 saber contemplative da Idade Média, época de ppredominio da Ipreja e da nobreza feudal ‘As erescentes necessidades priticas, geradas pela ascensto da burgue- sia, aliadas a0 desenvolvimento da crenga na capacidade do conherimento para transformar a realidade, foram responsiveis pelo intresse no desenvol- vimento técnico, importante noar que diferentemente do que ovorre em nossos dias, em que a citacia ¢tSenia jé nio sio mais separiveis e “a produgio no s6 etermina a cigncia, como esta se integra na prépria producto, como sua ppoténcia espiritual ou como una forga produtiva direta” (Vazquez, 1977, 1p. 223) =, na maior parte do periodo de transiglo, as inovagdes técnicas ‘ocorreram em Fungo de necessidades priticas e no como devorténcia do desenvolvimento cientifico. Todavia, as exigéncias de incremento da produ- {Gio material, relacionadas ao surgimento ascensio da burguesia, impulsio- rnaram a consituiglo e © progresso da cigncia natural. Segundo Vazquez (1977), a époea modema & aquela em que as exigéncias que se apresentam 4 cincia adquirem grande amplitude © um cariter mai rigoroso. 175 Para Bernal (1976a), no final do perfodo de transigho a0 canitalism0, ‘os ineressex dos governase das classes dominants no comércio, navegacao, tmamufatura e agricaltaralevaram a ratizages culminantes na cignea: aqui, portant ise fz um esfrgo organizadoe conscicnte para liar a cienin para fins pritiens” (p. 447), ‘0 fmanismo subjacente& props de uma cgncia mais priticaesteve presente faminém nas artes ¢ na filsofia € fol incentivado tanto pela burg fia como pelo desenvolvimento do absofutismo. Era interessante para a but- fzuesia uina renovagio de valores, de forma que estes representassem melhor seus incresses que os até cntlo vigentes, Para a monarquia, essa renovacio também era interessante, desde que ropresenlasseaproximar de si maior n- mero possivel de pessoas. A cantrapcsigio de valores que o periodo abrigow {antropocentrismo e teocenrismo: fe azo; cicia contemplativa ¢ cnc pritia)significo, na realidad, uma lla entre camadas socais pelo pve, 1s valores por elas assumidos representavam inlereses coneretas, que era Cconvenione defender. A barguesia precisava desta 9s obsticulos para seu desenvolvimento, representados pela Igreja, que atacava priticgs capitalists, ‘mas que, por outto Indo, rclinka Fiquczas importantes para 0 inéremento eeo- fnomien do perado. Tsta & uma das ranBes que se encontram 1 origem do movimento da Reform protestant Oulra razdo foo fato de os reis, urna ter fortalecdos, nfo qoererem diviair seu poder com o Papa. Akém disso, ts camponeses, que desejavam por fim & servidio, viam com simpatia 0 movimento da Reforma; da mesma forma, viam com simpatia esse movie mento os nobres, inloressados mas riquezas que a Ipreja concentrava por quaisquer que fossem os métodos 'A Reforma protestante questionou as idiasreigiosas que estavam ma hase da poder temporal da Irejac provocou a divisdo do mundo cristo. A Igreja roeganizose por mein da Con-Reforma e reafiemou todos os dog- ‘mas eatéicos. Segundo Chaul (1984), a expressio mas alla e mais eficente {bs Contra-Reforma foi a Compantia de Jesus, obctivac a agdo pedagét- ‘coeducaiva para fazer frente A escoavidade protestant. Além disso a Igreja pastou a enfatizar 0 direto divisw dus ris, fortalecendo a tendéncia dos ‘novos estados nacionais & monarquia absoluta de direto divino. nn quadko ca ContrarReforns, como renovago Jo ctoiino para combate to potesaatismn, que &lngusgo tana nove impulse se, durante a Tade ‘Matin, os alves piviepados Jo ingusior erm as feces © 08 mages, sik da heerodoxia thie como heresis, agra o alvo privileiado do Santo Oficio sido os sibs: Giortae Bravo & queimad como herege, Gallen & te Oil, a8 obras da Mos cients io Ofeo antes derecehern inrropad e censieado peo § «ations do seo XVI passa pine pel Si 176 ‘0 dito 8 publicaioe as obras das pensadores protestants so ‘olocadss ita ds obras delta probida (0 Index). (Chal, 1984, p. Foi nesse canfexlo que surgiu a chamada citncia modema, no século XVI, com Galilea (1564-1642), que precisow suplantarindimeras obstéculos para Ser instaurada, Foi necessiio derrubar a visio de mundo proposta por ‘Ariateles,reimerpetada pelos tedlogos medievaisc oficialmente em vigor. ee a es Nee pee ca one oe pees ee ee Se naoein bere ars acsncedecly oop get ipeare ae tmncen ie ee re ceca oe cae Soran ara cae snail © Universo visto por Arsteles er esto, com eres caminbando aa um fim determinao e disposi de acordo com wma hierarula bem ‘lefnda, Era um mundo fechdo e dtado de qvaidades no passives de Inensuagio mame. A nova visio de mindo, istaurada ness perfodo io, era mecanicista. Calle e Newton (1642-1727), importanes constrtores dessa nova visto, perceberam as dimensbes matemicas e feométrcas dos fendmenos da natura epropusram fs do movimento, es a, Deseares (1596-1650) também se preocupou com as! Teis do movimento e tralou toda 8 natreza,jeusve 0 corpo do prépio, tomem, segindo © modelo mecanicisa, Hobbes (1588-1679) fl alm, no «que se refer &liagio do campo desbrangtncia do modelo mecanicist: estendev-o para 0 prépro coeciment. ‘A forulagi de ua nova imagem do universo exiga 0 repensar de toda a produto de conbecimento, sus caraerstias, suas dterminagbes, ‘i canoe, Essa cosideragee metodligcasfzeram pane das preo- cupages de divers pnsadores do periodo: Galileo, Bacon, Descartes, Hob- ‘bes, Locke (1652-1704) ¢ Newton. A. ‘lina 2 rompimenin dat iis do mando medieval, rompewse tame bm a conanga nos velhos caminhos para a produ do conkeimente: a f6, contemplag io eram mais eonsideradas vis salstias para se chegar & verdad. Um nove caminho, um novo mélod,precisava ser encon- trad, que pemiisse superar 38 incerta. Surge, eno, ds proposas rciodoliieas diferentes 0 eapismo, de Bacon, eo racionalime, de Des- care, Fees dois autres deicaram parte de sua obra a ciscutr o‘eaminho que conduziria a0 verdadeiro conhecimento, ’ Ing Embora mio tenham elaborado uma teoria do conherimento, também Gatite e Newion propuseram, na pritica, eaminhos para se chegar& verdad, {que se conirapunam agueles que vigoravam no periodo feudal. ‘A uilizaglo da rio, de dados sensiveis ¢ da expergncia (em contra posigio f) sto tras que marcam o trakaln dos pensadores desse perfodo, Como eonseqincia da transferbncia da preoeupagio com as relagdes Deus hhomem para a preacupagi com as relagBes homent-natureza. Esses tragas parecer, emibora com enfasss muito dferenciadus, nos trabalhos de Galle, Bacon, Descartes, Hobbes, Locke e Newion. ‘Ainda iigadas & preocupagto com relaydo ao conherlineno, stuam-se as consideragdes de Descartes e Locke quanto a sua origem.. O primeira defends a nogdo de idBis inatas como fontes de verdade, enquanto 0 segundo se coloca fronfalmente contrrio a essa noglo, afrmando que todo conbeci- ‘mento provém da experincia sensvel ‘Seguindo 05 novos caminhos trgados pelos pensadores que se dest caram nesse periodo de transigo, foi-se finmando um novo conheciment, toma nova eidneia, que buscava leis leis aturas, que permitissem a.com prcensio do univers, Essa nova ciéncia ~ a ciéneia moderna ~ surgiu com { surgimento do eaptalismo e a asenso da burguesia e de tudo 0 que esti associado a esse flo: 0 renascimento do comércio 0 crescimento das ci- dades, as grandes navegagies, a exploraglo colonial, 0 absolutismo, as ale- ragles por que passou 0 sistema produtivo, a divisto do trabalho (eom 0 Surgimento do trabalho parcelar), a destrugHo da visto de mundo propria do feudalismo, a preocupagdo com o desenvolvimento técnica, a Reforma, CConits-Reforma. A pair de eno, estava aberto o caminho para 0 acelerado ‘desenvolvimento que a citncia visia ater nos peiodos seguintes. 78

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