Está en la página 1de 10
Leitura 23 ‘A PESQUISA EM EFICACIA ESCOLAR NO BRASIL Evidéncias sobre o efeito das escolas e fatores associados a eficacia escolar Maria Teresa Gonzaga Alves Creso Franco Introdugao [No cenario internacional, a tradigao de pesquisa em eficicia ¢ eqhidade escolar jé esta bem consolidada. Além das diversas revisbes de literatura isponiveis em publicagSes internacionais (Sammons; Hillman; Mortimore, 1995; Lee; Bryk; Smith, 1993; US Department of Education, 2000), um artigo publicado no Brasil, do qual formos co-autores, inclui uma revisdo sistematica Ga lteratura internacional sobre eficica e equidade escolar (Pranco; Femandes; Soares; Beltrao; Barbosa; Alves, 2003), Ainda que a utilizacso dos dados dispo- nibilizados no Brasil a partir das experiéncias de sistemas de avaliagao da educagao esteja aquém do desejave, J comesa a se constitulr um niicleo de publicagdesbaseadas em dados brasileiros. Esta leitura est dedicada a revisi0 da literatura brasileira, ainda que, mais 4 frente, recuperemos os aspectos da literatura internacional gue se mostram relevantes para a discussa0 dos achados da presente investigado, Este texto esta organizado em cinco segbes, Incluindo esta introdugao. [Na préxima segao, so apresentadas as fontes de dados produzidos no Brasil que vim possibilitando o desenvolvimento de estudos e pesquisas sobre 0 sistema educacional brasileiro de uma forma geral, e, especificamente, sobre oefeito das escolas, a eficicia e eqiidade escolar na educagao bisica, Na secio seguinte, sio apresentadas, de forma sintética, as conclusdes sobre o efeito das escolas brasileiras, que dao uma visio do potencial que as escolas tém Sicko 5 | Lenuma 23 483 pata influir no aprendizado dos seus alunos. Em seguida, sio destacadas as tevidéncias sobre fatores de eficacia escolar a partir des estudos nacionais. Na conclusio, sie apontadas as potencialidades das pesquisas nesse campo, devido ‘0 crescimento do interesse académico, dos financiarsentos para pesquisas, & constituigao de novos espagos para debate entre pesquisadores ea influéncia nas politicas pablicas, reconhecendo, no entanto, as criticas dirigidas aos cestudos produzidos. (Os dados brasileiros ara se conhecer a realidade educacional de um pais so necessarios dados de oferta educacional, acesso aos sistemas de ensino, modalidades de tensino, fluxo dos alunos ao longo da trajetéria escolar e desempenho escolar, No Brasil, esses dados tém sido coletados por diferentes drgios oficiais, em. ‘consonancia com a atual Constituicao Federal ea Lei das Dirctrizes e Bases da Fducaglo Nacional (LDB-1996), que estahelece como parte do dever do Estado, em relagio a educasao, 0 levantamento de informagoes estatisticas, ‘cabendo & Unio a tarefa de coletar, analisar e disseminar informagSes sobre aeducagso. 0s censos demogrificos e as PNADs' coletam regularmente dados importantes que possibiitam a produgdo de indicadores edaeacionais globais ‘muito Giteis sobre o pais, Em particular, esses dados permitem o calculo das taxas de analfabetismo, de escolarizagio brutae liquida, 0 nérmero de anos de cestudo ¢ os niveis educacionais alcangados pela populagio em geral e seus sub ‘grupos (segundo género, raga, origem urbana ou rural etc).A disponibilidade esses dados, em especial os produzidos pelas séries PNADs, tem possi- bilitado a produgdo de inimeros estudos no campo da estratificagio social, _que oferecem um quadro bastante rico sobre as mucancas epermanéncias em relagio as desigualdades educacionais brasileiras ao longo de varias décadas (Barros; Mendonca, 2000; Hasenbalg; Silva, 2000; Pastore; Silva, 2000), bem ‘como a anilise de aspectos mais especificos sobre ofuncionamento do sistema ‘educacional nacional, como, por exemplo, o grave problema do fluxo escolar (Klein; Ribeiro, 1991), ‘eon Nacional por Amosta de Domiclios aida cadaole anos (exceto ns anos em Ge crane cameo dempeafc) polo inatiate Brake de Geogafi eEaatetica (NGE) em wma ‘Tous latvia nmin Gets dade da eer, com ec Ga raps rural da 484 pesouisa tm ericAcin escouen © Censo Escolar constitui uma das mais relevantes fontes de dados sobre a educagio bisica nacional. Conduzide pelo INEP/MEC? com a cola: boragio das secretarias estaduais e municipais de educacao, 0 Censo Escolar tem participagdo obrigatoria de todas as escolas publicase privadas do pals, coleta anualmente informacdes variadas sobre as diferentes ctapas e moda. lidades da edueasao bisica, a saber: educa¢io infantil, ensinos fundamental € édio, educacao especial, educacao profisional, educagio de jovense adultos « educacao profissional de nivel téenico. Os resultados divulgados do Censo Escolar trazem informasbes sobre matriculas, fungoes docentes, estabelec tmentos, turmas, rendimentos, movimentagio escolar ¢ transporte escolar. Em conjunto, os dados do Censo Escolar e da PNAD possibilitam a producio de indicadores do funcionamento do sistema escolar, como o tempo médio de conclusto, através dos modelos de fluxo escolar desenvolvidos por Klein (2003) e Rios-Neto (2004), Ao longo dos anos, o Censo Bscolar vem sendo aprimorado ¢ os seus ins- trumentos de caleta de dados tm se tomado mais complexes. Em sua tltima exlgdo - 2007 - a inovagdo mais elevante€ coleta de informagbes especifcas sobre cada aluno e cada professor que esteja em regencia de sala e sobre cada turma, em ver da coleta de informagdes agregadas, como era feita antes, Essa ‘nova¢to, quando consolidada,ird melhorar bastante aprodusio deindieadores Televantes sobre as escola eos sistemas de ensino, bem como possibilitar a clahoracio de estudos mais completos sobre fo escolar, o perfil dos alunos ¢ dos professores a integracio com outrasfontes de dados educacionais, Embora cumpram objetivos muito importantes para a verificagaio da ‘qualidade da educagao brasileira, os levantamentos produzides pelo IBGE ¢ Censo Escolar nao sdo pesquisas especificas sobre a qualidade do ensino minis- trado nas escolas-e, por esse motivo, nao podem nos dar muitas respostas sobre a eficécia das escolas em relagao ao dasempenho académico dos alunos. Tss0 Particularmente relevante no Ensino Fundamental, etapa na qual os alunos devem desenvolver competéncias intelectuais basicas, necessérias para 0 dominio de diferentes areas de conhecimento.aolongo da vida escolar. A recente lizaao do atendimento na faixa etdria de 7 a 14, que conresponde a ‘dade tebrica do Ensino Fundamental, ea inclusso progressiva das criangas de seis anos nesse nivel de ensino justficam a necessidade de dados mais finos para se avaliar a qualidade da educacio em relagio ao aprendizado de compe- ‘éncias fundamentais para a vida escolar de todas as criancas ejovens. * o tnsivto Nina de Estudos ¢ResqustsEdcsionaie Anil Tecra THBP) & una asters ‘oclad ao Minti da Baraca (EC). Secto'5 | linuna 23 485 Isso passou a ser possivel a partir da criagao de diversas instancias de avaliagdo da educasao, abrangendo diferentes niveis e sistemas de ensino. Os dados de melhor qualidade sio aqueles produzidos no ambito do Sistema de Avaliagdo da Bducagio Basica (SAEB) conduzido pelo INEP/MEC, iniciado em 1990 e desde 1993 tem sido realizado a cada dois anos. A partir de 1995, a metodologia utilizada vem sendo mantida, de forma a viabilizaracompara¢io dos resultados entre as edisdes do SAEB? Ha uma extensa literatura sobre o SAEB (Andrade; Silva; Bussab, 2001; Bonamino, 2002; Locatelli, 2002; Maluf, 1996), poriseo serio destacados apenas (98 seus aspectos mais relevantes.* © SAEB é um sistema de monitoramento do ensino de base amostral, que tem como populacao de veferéncia os alunos Deasileiros do ensino regular, em escolas piblicas e privadas, urbanas e rurais, {que frequentam a 4* e 8% séries do Ensino Fundamental ea 3 série do Ensino Médio, de todas as Unidades da Federagio. Na coleta de dados do SAEB, todos (8 alunos das turmas selecionadas nas escolas da amostra respondem a um teste de Lingua Portuguesa ou de Matematica e a questionarios contextuais ara caracterizagio dos recursos econdmicos e culturais presentes em suas familias, bem como itens relacionados sua teajetoria escolar, habits de estudo te. Além disso, os professores, 0 diretor e 0 responsavel pela zplicagzo dos ‘testes na escola, preenchem questiondrios com informasées variadas sobre a escola e sobre os que nela trabalham, Os resultados dos testes sao apresentados como proficiéncias, isto é, como uma evidéncia da aprendizagem dos alunos (dein; Fontanive, 1995). Um aspecto importantea ressaltar équeo SAEB nao avalia especificamente escolas, professores ou alunos. Os seus resultados das roficiéncias sio divulgados de forma agregada, segundc os segmentos que compiem a amostra, Os ultimos dados divulgados pelo SAEB sao referentes a 2005.5 A artis dessa edicao, o SAEB passow a ser composto por dois instrumentos de avaliacdo: a Avaliagio Nacional do Rendimento Escolar (ANRESO), divulgado com o nome de Prova Brasil, que tem por objetivo avaliar alunos das 4" ¢ 8 * Deforma mais espe, at 1993, 0SAEB wlan Teoria lesa de Testes (ICT) urna coustsugio as insrumenter, atu ds excore andl ds resulades, do haende peadasenre eng ma comparaio ds resuados, Apart de 95,6 ltodusidoo sod TeriadeRepertnes eg, {TRO pare a consructo de istrumentos, a strug de scores «3a, de formas Wea ‘enparaco dos revsitadoe (NEP, 2008) A metoddogia te contro da pines do ARB co descr em Keine Fontanive (1595, ‘A desc cmpleta&o SAB de seu inetrumentos de cle ‘rip ato do NED: cetp//sarn neg de dads prem serccnsedos no (Of dads do SAER podem ser obidos unt 40 INE, que Aspnes em CDs. iredados das sdgbes de 1885, 1097, 1999, 2001 » 2000 pots de 2007) | | i 486 pesquisa emeniccia escouen séries de todas as escolas piblicas urbanas do pais; ea Avaliacao Nacional da Educagao Basica (ANEB), que mantém as mesmas caracteristicas do SAEB e, porisso, édivulgado com o nome deste ultimo.” Além dessas avaliacdes nacionais, nos tltimos anos, varias redes de ensino estaduais, mumicipais e mesmo privadas desenvolveram seus préprios sistemasde avaliacio de desempenho escolar. Em geval sioavaliagBescensitaras, que envolvem todos os alunos matriculados nas séries selecionadaseineluem. todasas escolas das respectivas redes de ensino. Algumas experiénciasutiizam, ‘metodologia analoga a do SAEB, por exemplo, o SIMAVE, em Minas Gerais,” 0 Programa Nova Escola, no Rio de Janeiro," o que permite a comparacio entre 03 resultados do conjumto dos alunos matriculados nas respectivas redes estaduais com 0 padrao de desempenho do sistema de ensino brasileiro retratado na escala de proficiéncia do SAEB. Outras avaliagdes se distinguem pela logica propria de avaliagdo. O caso mais emblemstico é0 SARESB, realizado anualmente, desde 1996, no estado de Sio Paulo.* ‘OINEP organtza outros instrumentos de coleta de dados e de avaliagao educacional, como 0 Censo da Educagio Superior, que tém caracteristieas semelhantes ao Censo Escolar da Educacio Basica, 0 Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), um exame individual e de carter voluntério para 63 concluintes desse nivel de ensino, e o Exame Nacional de Desempenho ‘Tam, apare dese ed, oe eultadae da Prov Baile do SAEB pasar 2 ilo, urtamente car os dads de Cnso Bacar, par cio doe de Desenvoleinent da Bsa isis (DEB) INEPOAEC Exe ot eid para monitor sistema blo de ein combinando of ndeores de uo (promoyio, epettonia¢ ease) «as pontunges em eanespdoniadon hdr por erates 2 inl de determina wap do stem de ning 8" ie do enind fundamental e 3 ano do ensno medi), Male nformaes em Texas pra Dcusso 26, [NEP fem cep Fens a Sistema Mince de Anlst da Busco Plies (SIMAVE) fata pelo governs do ertado em. 200) inl enr seu snmramentae desig o Prrgams deNraac da Rede Pubs {Basco Basen @PROED) Nos ano de 2000, 2001 «2015 toes 0 unos dae 8 ses do (te reed ot & tte Eos Mead as pti ere tla ‘unkpns que srzamo SIMAVE foam teradoc em rlsho aon contadon das depict (au dicglinas avaladasfra ilerentes ene at lies PROEB), No Rode Jno Perma Nova acl fduotres sas tatrumentos avactododesempenho sear doe aan de tdaz a esola erase. Fol ele gm 2000 ¢ 2003, abangando 090 ‘hme da 8 aie do Ennion Fundamental 3" a de Eine Mein, {Emo Paulo, Seta de salle de andimento Ecos do Setado de Sho Palo SARESP un alt cenit dat ecle da re eed sd rede unicipl doe sumipion que aderoen ao thoes. icresteerte do SAER as pics orltcas ae de aus prover incuem questo ‘ert asdaciptnnvahum de acords com aie. Anlogente 0 SAEB 2 ahr far so ds ‘Thala da Rerpors a rr hs nterpretao peda da ocala de profiel ida Bs, ala pault ne compara eral nacional do SAEB | | | | | rae Secho§ | Lewes 23. 487 de Bstudantes (Enade) da Educagao Superior, que faz. uma afericio, por amostragem, do rendimento de alunos dos cursos de graduacao.” Bsses dois ltimos tém recebido bastante visibilidade publica, levido a divulgacao dos seus resultados agregados em forma de médias ou conceitos por instituigao de ensino.§! Todavia, essas avaliagdes nao sio as mais apropriadas para o estudo da eficicia das escolas porque seus objetivos ndo sio a avaliagio das Instituigdes de ensino, mais sim a auto-avaliagao dos alunos.!* importante registrar também participagso do Brasil em experiéncias {nternacionais de monitoramento educacional, que descrevem a situa¢ao do sistema educacional brasileiro em perspectiva comparada, como 0s estudos promovidos pela Oficina Regional de Educagao da UNESCO para América Latina Caribe (UNESCO/OREALC) eo Programa Internacional de Avalias0 de Alunos (PISA), da Organizacio para Cooperacio ¢ Desenvolvimento Econdmico (OCDE). ‘A UNESCO/ORBALC mantém 0 Laboratério Latino-americano de Avaliagio da Qualidade da RdueagSo (LLECE), que jé coordenon dois estas ‘comparativos entre paises da regido: em 1997, o Primer Estudio Internacional Comparativo avaliou o aprendizado de alunos de 3* ¢ 4° séries do ensino fundamental, nas dreas de Leitura e Matematica, em 11 paises; e 0 Segundo 1 0 Gnade um dos components do Sites Nacional de vai da Euago Superior (INAES), (cnc sind ue valine etic @ ua aaiago de aa, apropos de prokzie (alg dstica eco foc ot. 2 o IEP pubis, not dos atmos sno, ranking e xcs de Enno Medio send na ma dos rerulader nde dos olntarie que oe ubmetem a0 Enem, por estas de ore deste que Inte desde sum alunos conchae tam ees prova Camotum ame olutaiancta am ir corti de particparo, susan extaiaticamente a nota ue era obtida pl xa 02 Touldade de sehoostvestem peta do Ener No stators lio oem apace Ale corigidstorien ortndas doa diferentes motive que evan un aline 2 orig on iodo ‘rame, qe pode yrar decide pre ade, de nea praacla Por xrmpl,mcldaesonde otado Botan alt ongtese as ntti de ein super de mor pcg, on ales thos provement no cesmte avant mtindorsrelareerame Frutti, epogsta Ae bole deatados do goweno fede (reUad) pode constants xentivaprtpao fics aoa no erate dei para oben de bois Em elo ao Emad, dla das nots Trrasden ucnsormedas econ, i um ipo de ranking entre faldades, que computa 3 (Gute de ots alas ou 8) para atestar ua qualidade cana No cto do Ene, exame testa alunos ndviualnente oe jt print! é pair wna feted pre sutonalgo,» putt da competent abiiddes que etter o Exams ‘DEnade, por sua er € una da ntSaciae que compe o sistema de aval 30 ein super Conforme dscuta po Vrkine, Data Somes 200, erp ie urge ese sista spar a [easy neti aatalaio dears ea valid estan. qu, rota fra com {tate Alm das, ov enlados do nade raga nas liu deste ide muito neti ‘oom indeador de quad ds cuss. 48B_ Pesquisa eM Erichcin ESCOLAR Estudio Regional Comparativo y Explicativo, conduride em 2006, avaliou alunos de 3° ¢ 6 séries do ensino fundamental, em 17 paises, nas éreas de Leitura, Matematica e Ciencias. Os resultados do primeiro estudo estio dispontveis no sitio do LLECE" e também foram analisados por Wilms e Somers (2001). Em 2008, sero divulgadios os resultados do estudo. © PISA ¢ realizado a cada trés anos com a participagio dos paises ‘membros da OCDE e alguns passes em desenvolvimento convidados.O projeto avalia amostras de jovens com 15 anos deidade que estejam matriculadosem eseolas.A cada ano uma drea de conhecimento, entre Leitura, Matematica ou Ciencias, ¢ priorizada, © Brasil participou das edicBes do PISA de 2000, 2003 £2006. 0 relatério racional da edicao PISA 2000 eo resuma dos resultados do Brasil na edigdo do PISA 2003 estao disponiveis no sitio do INEP, que também a acesso ao sitio da OECD, no qual estio disponiveis todos os relatérios nacionais." Bonamino, Coscarelli e Franco (2002) compararam a prova de leitura do PISA 2000 coma prova do SAEB 1999 e comentam alguns resultados do desempenho dos akunos brasileirosnesse teste, também discutidos por Lee, Franco e Albernaz (2004). ‘Apesar da crescente producao de dados educacionais eda qualidade das avaliagGes sistémicas como o SAEB, os pesquisadores brasileiros reconhecem. que 0s levantamentos nacionais para a avaliagio dos sistemas de ensino s0 limitados para a analise do efeito das escolas e a eficicia escolar porque s80 ddados transversais, Nos paises que mais produzem estudos na drea, hd muitos ‘anos se reconhece a dificuldade de usar dados transversais para descrever a contribulgso especifica da escola no desempenho de alunos.'* Dessa forma, estabeleceu-se como padio para as pesquisas nesse campo 0 uso de dados Jongitudinais, que possibilitam o controle da influéncia da aprendizagem anterior dos alunos no calculo do efeito das escolas, No Brasil, a auséncia de mensuragio do conhecimento prévio do aluno leva os pesquisadores a assumir, nos modelos de andlise, a forte correlagao entre “conhecimento révio" e “nivel socioecondmico" e/on “atraso escolar” dos alunos i entrada na escola, Embora esse postulad seja azodvel para analisar nivel de desempenho escolar, ele ndo permite afirmagdes sobre o efelto das escolas no processo de aprendizagem.* Informasesiaponvelsem cup: man inepgorbineraconaVLBCE-neofoquec hy Ace Sua do PISA. no INEF: chp /Armeinepgorbintermacons/picfnoa/oque im». Acs em 60 "© A discuato sobre a necessidae de dado longitudinale para «exo do efit das ecla ett ‘eotemplada na Lua 14 gets, Sesto | Lema 23. 489 Essa resposta s6€ possvel se forem realizadas pesquisas com desenho longitudinal. A necessidade de dados longitudinais para a investigagso do feito das escolas no Brasil foi elaborada por Franco (2001)."" Algumasinicativas recente, no Ambito académico,visam preencher essa Jacuna. Um de nés foi autor de uma pesquisa de doutoradoque produsiu dados longitudinais, com trés ondas de coleta de dados durante dois anos letivos em éscolaspiiblicas de Belo Horizonte (Alves, 2006). sea pesquisa tevecaracterstica eum estudo piloto devido ao planejamento inédito do desenho da pesquisa Embora com uma amostrarestrtae umaleance temporal limitadeaoprazo de uma ‘Pesquisa de doutorado, o estuco produziu dados primarios bastante relevantes ‘paraainvestigagio do efeito das escolase, principalmente, constitu um exer sobre condugao de pesquisa longitudinal no campo da avaacdo educacional. O trabalho com maior potencial de impacto narea deverd sero projeto GERES - Pesquisa Longitudinal da Geragio Escolar 2005, que esté sendo realizado com a parceria de varias universidades brasileiras." Esse estudo acompanha uma coorte de alunos (cerca de vinte nl) a parti do primeiro ano de escolaizacao no Ensino Fundamental (alunos com seteanos de idade),em "ign de not, no enteno, etude Soares 1. (2001) sobre ovale aed de acldaes Inet que anuri una perspec ongitedna spac de tsar dacs anova ce ftes ‘erent (ado do vestibular da UPMG eo ado deserpena dos laos oa slag do ctsos ‘swprines candaaias pelo INEP/MEC, 0 astge tem una cotelbdefo nettles inprtante sebrea medi do valor arepa a ompatilega de eoaaeerener Regstr-e. oo sotanto, gus o INEPcelizou um ete Jongitul pan acompantemento do Aesernpenbo enor entre 448s ant aoe ama de ncaa las rete rte Centr, (estes Nordeste durant 3 aos de 195200, masses dads ni fran eigen ubendon, ‘Um convénio do INEP com o CEDEPLAR/UENG para» prpergie das ats de lor dese edo oenibhtou una dssertsdo de mest cam dais dos die pris ane Mace, A etre ‘Armcads co Rondimanio Bar de lines d trie (2030) "urn shed da valor adionsdo +a heterogeneade, Disertaio Mestad). CRDEPLAR ~ Facade te Clencas Beonomay, ‘Uninesdade Federal de Mins Gri, Ueto Horse, 15 9) Maso eados dae eto soe so ietamente compares com outosetudo sobre oft das acalateefcich ela porgue A mdr pra as nots dos anos nao eft duties na Sea (al SAE) en fore tledos or models de ane mtn qu sto consderadon, tule, drone, artipam do GERES 2 Unmeslade Feder de Mn Cri - UBM (tes do Gro de Ava © Mads Eucaconals~ GAME), «Pootifcs Uniendade Catia So Ro de nce PUCRn teres 4otaborative da Aralian da uc), «Unsere tl de Mate Stas do Sl ~ UE, 4 Unive Feral asa -UFEA aero Cento de Ets nendpiespeco Setar Pues ISP Uninersidade de Campanas - Use ti do aboard Gberv Eads Deseo Univer Female Jas Fora URI (tne do Cento Plas ali vcd Brae CAL Os ines primes cents dpe da CERES, cn to sleds se ‘gfe pate daar, oo pron noir na ta de pets einen Solara ss dio ani dose ig dosbanca de dno ence, etl sco CERES pron set ‘nada ots cp emg gba Aces ne 2007 490. pesquisa emenicAcia 5COLAR mais de trezentasescolas(piblicaseprivadas) de cinco cidades brasleiras. Em cada onda de coleta de dados, os alunos so testados em Leltura e Matemtica «, em diferentes momentos, 0s diretores, professorese os pais dos alunos sto tentrevistados para analisaro impacto dos fatores familiares e escolares nos resultados. Ao final, o estudo teré acumulado cinco medidas de desempenho escolar, durante quateoanos. Aexpectativa équeo GERES ters como diferencial produto de dades desde o inicio do processo dealfabetizacio e de aquisigao ddeconhecimentos matemticos, o que poderd mostrar o impacto das escolas para diminuir ou aumentar a estratificagao escolar Oefeito das escolas brasileiras No Brasil, estudos sobre o efeito das escolas e fatores associados & ‘eficicia escolar comecaram a ser produzidos a partir de meados dos anos de 1990, por grupos de pesquisa formados nas universidades brasileiras com competéncia para a anslise de dados de avaliagio em larga escala, como os do SAEB." Assim, muitos estudas publicados tiveram origem em relatorios de pesquisa produzidos por demanda induzida, sendo que alguns deles se encontram disponiveis no sitio do INEP?” Os primeiros trabalhos publicados (Gaviria; Arlas; et al, 1997; Crespo; Soares; Souza, 2000; Barbosa; Fernandes, 2001; Soares; César; Mambrini, 2001) foram muito importantes porque apresentaram aos leitores brasi- leiros algumas novas metodologias de analise estatistica aplicadas a dados ‘educacionais, como a Teoria da Respasta a0 Item na produgio dos escores de desempenho escolar, as téenicas de equalizacao de escalas para comparagao temporal e espacial dos resultados das avaliacbes e os modelos hierdrquicos de ‘egressdo (também conhecidos como modelos multiniveis), que possibilitam ain, fo muito mportant a cnstilaodegruposdepeequsa em vii wniveidaes ais ‘ptr do etn indi do Programa de poi Pesquisa em Avliago vasa ~PRO-AY, "ange em 1997 Ese program fo uma liiatiea do INE, com cordenacio ds Fundacio oor ‘enact de Apersgament de Pero de Niel Superior CAPES «apoio da Funda Ford Teve “ome ebjetie,crar cosa, opal. cntoe apedalzados em atalaiaeduaconal nos iio: ‘ese formaci dere buranos pata derensWientsdeestadone peau, lasts ‘solide prolemat qustes latinas a eon se 5 ete nes elatéis, pode tar pn od SAEB 2005, Father (1997) para ein SAEB 1997 Soares Saye Marri 2000 pra eieoSABB 1999 Rabow, Bla Para orandes Sonn 2001), Soar Bait Ales Tatar (2001); par ag SAES 2001 Feo Blo: Santos (202); Franca; Boramine Fernandes (2002s; 20020) Somes (0073, 20028) Soa ‘emis lve (202), Alginate da ee SAEB 2001 ext diaponinels ae SechoS | tarusn 23 491 oestudo do efeito das escolas e os fatores associados ao desempenho escolar. Registra-se também a publicacio no Brasil de alguns textos sobre aspectos técnicose metodolégicos envolvidos nas avaliagdes (Barbosa; Fernandes, 2000; Ferrio, 2003; Fletcher, 1994; Klein, 2003; Lee, 2001; Valle, 2000). Mas, se comparado & literatura internacional, o Brasil apresenta um ‘campo de pesquisa ainda muito pouco explorado, Os estudos feitos no Brasil que consideraram a estrutura hierarquica dos dados educacionais mostram que existe bastante variacio entre as escolas brasileiras, mas entre os alunos a variasdo € sempre maior, congruente com ‘os estudos na area. Porém, entre as escolas brasileiras a variacdo costuma ser maior do que a observada nos paises industrializados, devide a maior segmentagao do nosso sistema educacional. No Brasil, alunos com perfis socioeconémicos distintas frequentam escolas distintas. As escolas privadas atendem a alunos com nivel socioeconémico muito mais levado que alunos das escolas publicas. Bssas condiges desiguais de escolariracao tm conseqiléncias sna produgio de recultados eccolares muita dietintos. Por esse motivo, qualquer anilise sobre os efeitos das escola e os fatores associados &eficicia escolar s6 faz sentido apés 0 controle da influéncia externa do nivel socioeconémico ce cultural das familias no desempenho dos alunos. Assim, Fletcher (1997) produziu uma andlise ploneira com os dados da eficao de 1995 do SAEB. Utdizando modelos hierdrquicos de dois nveis (alunoe escola), autor evelou que, apés 0 controle do nivel scioecondmicodos alunos, a proporcaoda vriagio dos resultados dos alunos da! série em Matematica que pode seratribuida a variagao entre as escolas 6 de 14%.” Esse percentual indica ‘ograude heterogeneidade média das escolas brasileias, epode serinterpretado ‘como uma medida do efeito das escolas, no sentido que ela capta o potencial aque as escolas témpara influ no desempenho de seus alunos. Uilizando dados da edkao do SABB 1997, Soares, César e Mambrini (2001) mostraram que o impacto das escoas basileiras em relagbo ao ensino de Matemstica na série varia muito por Unidade da Pederasfo. Utiizando modelos de trésnivets (lun, escola e Unidades da Federagio)e com o controle donivel socioeconémico dos alunos, o sexo, a traetéria escolar (defasager idade/série) ea rede de ensino,”” na maioria dos estados, a variagto entre as escola ficou entre 12.¢ 25%, sendo unforme dca na Letra 15,0 eet das escola tem sd investigado com abordagene die (fatercntuc or paniradores As sboragene mais recerenes psu em lca acl 0 Ths ave ds properties on componetes de arto outa estima dequantae undaes {Tnvonueel espetson tangs de una dda xls t ama ou menos pelos eritor propio (Schl Sp do obaresque focam pont diferentes dome feinene 492. pesauisn em ricAcia escoua ‘aiores no Piaul (41,4%) e Sergipe (30,7"%) e menores no Mato Grosso do Sul (4.3%) e em Santa Catarina (7,4). Na edicao do SAEB 1999, Ferrio, Beltrio, Fernandes e outros (2001) encontraram resultados compativeis quanto 3¢ diferencas regionais em relagdo ao efeito das escalas para o desempenho de alunos da 4* série, Eles reportaram que o efeito da escola controlado pelo nivel ssocioeconémico é maior no Nordeste (17%) ebem menor no Sul (7,64) Parém, 2 maior diferensa proporcional entre o efeito escola bruto (sem controle do nivel socioecondmico) eo efeito da escola controlado foi verficada no Sudeste, indicando o forte poder de discriminagdo dessa variavel nos resultados escolares dos alunos matriculados nas escolas da regiao. Nasanédlises das edieSes seguintes do SABB (por exemplo, Andrade; Laros, 2007; Soares, 2005a; Soares; Mambrini; Pereira; Andrade, 2004), esse padeio de variagao entre as escolas, sempre com controle relacionado & composigao e seletividade escolar, se manteve muito proximo disso ~ entre 14% e 22%, dependendo da série e da disciplina considerada ~ valotes que sao suficiente- ‘mente altos para mostrar que oefeito das escolas brasileiras ndo deve ser negli- _genciado, ou sea, a escola freqaentada pode fazer diferenca na vida do akmo. Quando se considera oefeita das turmas dentro das escola, descobre-se que ‘esse é urn nivel bastante importante para a investigagdo do efeito das escolas Barbosa e Fernandes (2001) revelaram, combase em dados de desempenhoem ‘Matematica dos alunos da 4 série das escolas da regiéo Sudeste, que parte da variasdo entre as escolas se explica pelas diferencas entre as turmas dentro das escolas. A decomposicio percentual da variancis, em modelo que inelui como controle apenas a escolaridade do pai, resultou em uma variabilidade entre cescolas na ordem de 22% e entre turmas de 11%, Em contraste, Soares (2005) encontrou maior variagdo entreas turmas do que entre escolas em rela¢o 208 resultados em Lingua Portuguesa dos alunos da 4* série, que participaram da avaliago na rede estadual de Minas Gerais em 2002, Alves e Soares (2007), ‘com base em dados longitudinais para uma amostra de escolas de Belo Hori Zonte, mostram no s6 0 efeito das turmas no desempenho dos alunos da 5* série (em Matematica Leitura), mas também na aprendizagem, ou seja, 0s ‘ganhos dos alunos durante o ano letivo variam muito entre as turmas dentro das mesmas escolas, % ‘rae de eosin ¢ wn varia xcolae, mas ela capa et da compen do lund, devi forte sepmentaaa entre as rede public privat aaah Secao5 | Leman 23. 493 As diferencasinternas dentro das escolas tim sido destacadas em varios trabalhos (Albernaz; Ferreira; Franco, 2002; Franco; Mandarino; Ortigio, 2002; Soares, 2004, 2005a, 2005b; Soares; Alves, 2003; Soares; Andrade, 2006). O interesse pela eficacia das escolas nao deve ser apenas na medida de ‘qualidade, mas, principalmente, em relagio a equidade entre geupos sociais, ‘que é uma questo central para os estudos educacionais, prineipalmente em ‘um sistema t20 fortemente segmentado como o brasileiro, Eases estudos analisam as estruturas associadas ao desempenkio do conjunto das alunos e ‘que diminuem oefeito das desigualdades de desempenho asiociadas a0 gnero, raa/cor ounive socioecondmico. Albernaz ecolegas (2002) analisaraim dados G0 SAEB 1999 edescobriram que feta do nivel ecioecondmico varia dentro das escolas, ou sej,o feito do nivel socioecondmico atua tanto na produsio de diferencasentreas escolas (eficcia), como também dentro delss(equidade) Soares elves (2003) reportam o mesmo em relagio As diferencas de resultados ‘os alunos brancos, pardose negros entre escolasedentro das mesmas escola Os fatores escolares que concorvem para produzr ees efeitos das excolas na ‘qualidade e na equidade serao discutides na proxima segio. Estudos que medem o efeito das escolas com dados longitudinais ‘comesarama ser divulgados recentemente. Alves e Soares (2006b), com base noestudo longitudinal em escolas piblicas de Belo Horizonte a apresentado, analisaram o efeito das escolas no aprendizatdo dos alunos através de modelos rmultinivel de regressao adequados para dados longitudinsis.” Os resultados ostraram que, durante o periodo do estudo, os alunos com nivel iniial mais baixo progrediram, em média, mais que os hinos com nivel nical mais alto, «emboraas diferencas de nivel persistam no final do estudo. Destacaram, ainda, ‘que o efeito das escolas no nivel nical bem mais evidente que o efeto nos ganhos. De uma forma geral,asescolas se tornaram muitomais parecidas no final do estudo, embora ainda com diferencas sigrificativa. sso deixaevidente {que oefeite das escolas no aprendizado dos alunos pode ser subestimado.com dados transversais,o que apéia a necessidade de dados longitudinais para o estudo da eficécia das escola no aprendizado dos alunos. ‘efeie das evclas ft fot strate do coined cada eal, hi 494 PESQUISA EM EICACIRESCOLAR Fatores associados a eficdcia escolar Para além das variaveis relacionadas com a composigao social da escola, aque devem ser consideradas como variaveis de controle, os fatores associados 4 eficacia escolar descritos na literatura brasileira podem ser organizados em cinco categorias:*a) recursos escolares; b) organizacio e gestao da escola; ©) lima académico; d) formagao e salario docente; e) enfase pedagogica. Cada uum desses temas € apresentado abaixo. Recursos escolares No Brasil, equipamentos e a conservagio desses e do prédio escolar importam, Resultados nesse sentido, com base nos dados da 4* série do SABB, 1999, foram encontrados por Ferrdo, Beltrao, Fernandes ¢ colegas (2001), © que se repetiu na edicio do SAEB 2001, com dados da 8° série, conforme reportado por Soares (2005a), Soares, Mambrini, Pereira e Alves (2002), e Andrade e Laros (2007), este iltimo com dados referentes aos alunos do 3° ano do Ensino Médio. Na mesma linha, Lee, Franco e Albernaz (2004) encon- traram efeito positivo da infra-estrutura fisica da escola sobre o desempenho ‘em leitura dos alunos brasileitos que participaram do PISA 2000. Espésito, Davis e Nunes (2000) encontraram resultados positives para oefeite das con-

También podría gustarte