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PANORAMA Genoma individual Cada um de nés € constituido de tithes de células,€ cada uma dessas células contém filamentos muito finas, com alguns centimetros de comprimento, que tém papel importante em determinar quem somos, como seres huma~ ‘nos e como pessoas. Esses filamentos intracelulares impor- ‘antissimos sdo compostos de DNA. Toda vez que a célula se civide, seu DNA & replicado e distribuido igualmente entre lstrago digital do cido desoxiribonucleico (DNA). © Um convite » Trés grandes marcos da genética » DNA como material genético » Genética e evolucao > Niveis de analise genética ® Genética no mundo | Aplicacdes da genética nos empreendimentos humanos as duas células-flhas. Assim, 0 contedide de DNA dessas célu- las — que chamamos de genoma ~ & conservado, Esse genoma é lum conjunto essencial de instruges, na verdade uma biblioteca completa de informacbas, que as células usam para se manter vivas. Em altima anélise, todas as atividades de uma célula de pendem dele, Portanto, conhecer 0 DNA é conhecer a célula, e, ‘em um sentido mais amplo, conhecer o organisma ao qual essa célula pertence. Em face da importincia do DNA, nao deve surpreender (5 grandes esforcos feitos para estudé-lo até os minimos deta- thes, Na verdade, na ditima década do século 20, uma cruzada ‘mundial, 0 Projeto Genoma Humano, ganhou forma e, em 2001 produziu uma andlise abrangente de amostras de DNA humano colhidas de um pequeno numero de doadores anénimos. Esse ‘trabalho — impressionante em escopo significado ~ serviu de alicerce para todas as pesquisas futuras sobre o genoma humano. Em 2007, a analise do DNA humano tomou um novo rumo. Dois ‘mentores do Projeto Genoma Humano tiveram seu préprio DNA decodificado. A tecnologia para andlise de genomas completos avancou muito, e 0 custo dessa andlise ndo € mais exorbitante. Na verdade, talvez em breve seja possivel que cada um de nés ‘tenha 0 préprio genoma analisado— uma possibilidade que certa- ‘mente influenciaré nossas vidas e mudaré © que pensamos sobre nds mesmos, 2. Fundementes de Genética Um convite © tema deste livro € a genética, a ciéncia que estuda o DNA. A genética também é uma das ciéncias que tem grande impacto sobre nés. Por meio de aplicacdes na agricultura e na medicina, ajuda a nos alimentar ¢ a nos ‘manter saudveis. Ela também possbilita discernir 0 que 10s faz humanos ¢ o que distingue cada um de n6s como individuos. A genética é uma ciéncia relativamente jovem. ~surgiu apenas no inicio do século 20, mas crescen em es- copo e significado, tanto que agora ocupa posiczo de des aque, c alguns diriam de comando, em toda a biologia. ’A genética comecou com o estudo do mecanismo de transmissio das caracteristicas dos organismos dos pais para 0s filhos, isto é, como so herdadas. Até meados do século 20, ninguém sabia ao certo o que era o material he- reditirio. No entanto, os geneticistas reconheceram que esse material tinha de satisfazer trés requisitos. Primeiro, era preciso que se replicasse de modo que as cépias pudes- sem ser transmitidas dos pais para os filhos. Segundo, era preciso que codificasse informaces para guiar 0 desenvol- vimento, a atividade € 0 comportamento das células ¢ dos organismos aos quais pertencesse, Terceiro, precisava mu- dar, ainda que 6 uma ver em um grande periodo, para ex: plicaras diferencas existentes entre os individuos. Durante virias décadas, os geneticistas se perguntaram qual seria 0 matcrial hereditario, Entao, em 1953, a estrutura do DNA foi clucidada e a genética teve seu grande momento de esclarecimento. Em um perfodo relativamente custo, 0s pesquisadores descobriram como 0 DNA funciona como material hereditério, sto é, como se replica, como codifica c expressa informagbes € como se altera, Essas descobertas inauguraram uma nova fase da genética na qual os fené- menos poderiam scr explicados em nivel molecular: Com ‘0 tempo, os geneticistas aprenderam a analisar 0 DNA de genomas completos, inclusive o nosso préprio. O avanco— dos estuddos da hereditariedade até os estudos de genomas ‘completos~ foi surpreendente. ‘Como geneticistas atuantes ¢ professores, escreve- ‘mos este livro para explicar a voce a ciéncia da genética. Como indica o titulo, este livro destinase a ensinar os fundamentos de genética, oferecendo detalhes suficien- tes para que vocé os compreenda com clareza. Gonvida- moo a ler cada capitulo, a estudar suas ilustracdes ¢ a resolver as quest6es € os problemas no fitn do capitulo. ‘Todos nés sabemos que © aprendizado — assim como a pesquisa, 0 ensino e a escrita — exige esforco. Como au- lores, esperamos que o esforco de estudar este livro seja recompensado com um bom conhecimento de genética. Este capitulo introdutério apresenta um panorama do {que explicaremos com mais detalhes nos capitulos subse- quentes. Para alguns leitores sera uma revisio do conbe- cimento adquirido ao estudar biologia € quimica bisica, para outros sera algo totalmente novo. Nosso conselho € {que vocé leia este capitulo sem se prender aos detalhes. Aqui sio enfatizados os grandes temas que transpassam a genética. Os muitos detalhes da teoria e pratica da gené- tica virio depois. Trés grandes marcos da genética As ralzes da genética esto na pesquisa de Gregor Men- del, um mange que descobriu: como os tracos genéticos sto herdados. A base molecular da hereditariedade foi revelada quando James Watson e Francis Crick elucida- ram a estrutura do DNA. Atualmente, 0 Projeto Genoma Humano dedica-se & anélise detathada do DNA humano, Em geral, 0 conhecimento ¢ a compreensio da ciéncia avangam progressivamente. Neste livro examinaremos 0s avancos da genética durante sua breve histéria — pouco mais de cem anos. Nessa historia destacamsse trés grandes ‘marcos: (I) a descoberta de regras que governam a heran- a de caracteristicas nos organismos; (2) a identificacio do material responsével por essa heranca ¢ a clucidacio de sua estrutura; ¢ (8) a andlise abrangente do material hereditario em seres humanos e outros organismos, MENDEL | OS GENES E AS REGRAS DA HERANCA Embora a genética tenha sc desenvolvido durante 0 século 20, sua origem esti baseada no trabalho de Gre- gor Mendel (Figura 7.1), um monge moravio que viveu no século 19. Mendel fez sua pesquisa inovadora em relativa obscuridade. Ele estudou a heranca de diferentes carac- teristicas em ervilhas, que cultivava no jardim do mos- teiro. Seu método incluia o intercruzamento de plantas ‘com caracteristicas diferentes — por exemplo, plantas bai- xxas cram cruzadas com plantas altas ~ para observar a he- ranca das caracteristicas pela prole. A andlise cuidadosa de Mendel possibilitou o discernimento de padres, que 6 levaram a postular a existéncia de fatores hereditérios responsaveis pelas caracterfsticas que estudara, Atual- mente chamamos esses fatores de genes. ‘Mendel estudou varios genes nas ervilhas do jardim. Cada um deles foi associado a uma caracteristica diferen- te por exemplo, altura da planta, cor da flor ow textura da semente. Ele descobriu que esses genes existem em diferentes formas, o que agora chamamos de aletos. Uma forma do gene para altura, por exemplo, permite que as ervilhas alcancem mais de 2 metros de altura; outra forma desse gene limita 0 crescimento a cerca de meio metro, Mendel propés que as ervithas tém duas cépias de cada gene. Essas c6pias podem ser iguais ou diferentes. BL FIGURA 1.1 Gregor Mendel, Durante a reproducio, uma das cépias € aleatoriamente incorporada a cada célula sexual ou gameta. Os game- tas femininos (ovécitos) unemse aos gametas mascul: nos (espermatozoide) na fertilizacio, com a producao de uma nica célula, denominada zigoto, que dé origem a novas plantas. A redugio nas cépias de genes de duas para uma durante a formacio do gameta ca subsequente restauragao de duas c6pias durante a fertiizagao consti- tucm a base das regras da heranca descobertas por Men- del. Mendel enfatizou que os fatores heredititios ~ isto 6, ‘8 genes — sio elementos distintos. Difcrentes alelos de ‘um gene podem ser reunidos na mesma planta por hi- bridizagio e, depois, separados durante a producio de gametas. Portanto, a coexisténcia de alelos em uma plan- ta nfo compromete sua integridade, Mendel também constatou que alelos de diferentes genes sio herdados de modo independente uns dos outros. Essas descobertas foram publicadas em 1866, nos anais, da Sociedade de Hist6ria Natural de Brno, revista da so- ciedade cientifica da cidade em que Mendel viveu e tra- balhou. O artigo nao teve muita repercussio, ¢ Mendel passou a dedicarse a outras atividades. Em 1900, 16 anos depois da sua morte, o artigo finalmente veio a tona e a cigncia da genética nasceu, Rapidamente, 0 modelo pioneiro de andlise criado por Mendel foi aplicado a muitos tipos de organismos, com notdvel sucesso, Sem diivida, nem todos os resultados encaixamsse exatamen- te nos princfpios de Mendel. Encontraram-se excecdes, , quando elas foram investigadas com mais detalhes, Capo 1 | Clinciada Genética 3 surgiram novos conhecimentos sobre 0 comportamento a propriedade dos genes. Analisaremos a pesquisa de Mendel e suas aplicacoes ao estudo da heranca, inclusive da hereditatiedade em seres humanos, no Capitulo 3, € exploraremos algumas ramificacbes das ideias de Mendel no Capitulo 4. Nos Capitulos 5, 6 € 7 veremos como os princfpios de heranca de Mendel estio relacionados com ‘0 comportamento dos cromossomos — as estruturas cel lares onde residem os genes. WATSON E CRICK | A ESTRUTURA DO DNA ‘A redescoberta do artigo de Mendel deflagrou um sem-ntimero de estudos sobre a heranca em vegetais, ani- ‘mais ¢ microrganismos. A grande pergunta que todos se faziam era “O que é um gene?” Em meados do século 20, essa pergunta foi finalmente respondida, Demonstrowse que os genes eram constituides de moléculas complexas denominadas écidos nuclecos. Os écidos nucleicos so formados de blocos estruturais clementares denominados nucletidios (Figure 1.2). Cada nucleotidio tem trés componentes: (1) uma molécula de aciicar; (2) uma molécula de fosfato, que tem proprie- dades quimicas dcidas; e (3) uma molécula nitrogenada, que tem propriedades quimicas ligeiramente basicas. No cide rlbonucleico, ou RNA, o aciicar constituinte é a ribose no decide desoxiriborucleica, ou DNA, é a desoxirribose, No RNA ou no DNA, um nucleotidio € distinguido do outro por sua base nitrogenada. No RNA, os quatro tipos de bases so adenina (A), guanina (G), citosina (C) ¢ ura- ila (U); no DNA, sao A, G, Ce timina (T). Assim, tanto ‘© DNA quanto 0 RNA tém quatro tipos de nucleotidios, € trés deles so comuns aos dois tipos de moléculas de Acido nucleico. (O grande avanco no estudo dos écidos nucleicos oor reu em 1958 quando James Watson c Francis Crick (Figura 13) deduziram o modo de organizacao dos nucleotidios 1m FGURA 12 Estratura de um rucleotdi. A moléeula tem ts com- ponentes um grupo fsfato um acicar (esse caso, desoxmibose)€ ‘uma base nitrogenada (nesse caso, adenina). 4. Fundamentos de Genética 1m FICURA 13 Francis Crick James Watson, no DNA. Watson e Crick reconheceram que 05 nucleo- tidios esto unidos um ao outro em uma cadeia. As liga- (Gdes so formadas por interacdes quimicas entre o fos- fato de um nucleotidio e 0 agticar de outro nucleotidio. AAs bascs nitrogenadas nao participam dessas interacées. Assim, uma cadeia de nucleotidios é constitufda de uma cadeia principal de acticarfosfato & qual estéo fixadas as bases, uma base para cada acticar da cadeia principal. De ‘uma extremidade da cadeia até a outra, as bases formam ‘uma sequéncia linear caracteristica dessa cadeia especi- fica. Essa sequéncia de bases é que distingue um gene do outro. Watson e Crick propuseram que as moléculas de DNA eram constituidas de duas cadeias de nucleott- dios (Figura 1.44). Essas cadeias sio unidas por atracdes quimicas fracas ~ denominadas pontes de hidrogénio ~ centre determinados pares de bases; A faz par com T; ¢ G faz par com C. Em razio dessas regras de pareamento de bases, é possivel prever a sequéncia de uma cadeia nucle- otidica em uma molécula de DNA bifilamentar a partir da outra, Nesse sentido, as duas cadeias de uma molécula de DNA sao complementares a tees MAGEE GEG GR GAGE Poms oe ae i a, bases [A siteogério Cade sfncipal de acieriostato 8 1 FIGURA 7.4 DNA, molécula biflamentar unida por pontes de hi- RNA — polipeptidio, uma se- quéncia que geralmente é considerada como o dogma cen- tral da biologia molecular. Em varios capitulos veremos as circunstincias em que a primeira parte dessa sequéncia € invertida ~ isto , 0 RNA é usado como molde para a sintese de DNA. Esse processo, denominado transcricéo ‘reversa, tem papel importante nas atividades de alguns t- pos de virus, inclusive do virus causador da sindrome de imunodeficiéncia adquirida, ou AIDS; ele também afeta intensamente 0 contetido e a estrutura dos genomas de muitos organismos, inclusive o genoma humano. Exami- naremos o impacto da transcricao reversa sobre os geno- mas no Capitulo 17. 8 Fundamentos de Genética Jiise acreditou que todos, ou quase todos, os genes. MUTAGAO | MUDANGA NA codificavam polipeptidios. No entanto, pesquisas recen- 1 NFQRMACAO GENETICA cs mostraram que essa ideia nao é correta. Muitos genes nao codificam polipeptidios; em ver disso, seus produtos A replicacéo do DNA é um processo de extraordindria pre- finais sio moléculas de RNA que desempenham papéis cisio, mas nao € perfeito, Ha uma frequéncia baixa, mas importantes nas eéhulas. Nos analisaremos esses RNA os mensursvel, de erros de incorporacao dos nucleotidios as genes que 0s produzem nos Capitulos 11 ¢ 19. cadeias de DNA em crescimento. Essas alteragdes tém 0 Gene HBB Regio nio Codon d= (ions incas esnecieadores de anindcidos Ciadon de vadiela _iciapao terminacSo datrecurdo we sa teducto @ recucio inoacidos Polipeptidio (érmino} Polpeptci Blobina harana 1m FIGURA 1,7 Expressio do gene humano HBB que codifica 0 polipeptisio B-globina da hemoglobina. Durante a transcricio (1* etapa). um fllamento do DNA do HBB (aqui o filamento inferior destacado) serve cormo moide para sintese de um filamento complementer de RNA. Depois de sofrer mocificagdes, o mRNA (RNA mensageiro)resultante é usado como molde para sintetizar o polipeptdio B-globina, Esse processo & cchamado de traducdo (2 etapa). Durante a traducSo, cada cédon de trinucleotisio no mRNA especiica a incorporacéo de um aminodcido ' cadeia polipeptidica. A traducSo ¢ iniciada por um cédon de iniciaczo, que especifica 3 incorporacdo do aminodcido metionina (Met). © ‘conclude por um cédon de terminacéo, que nao especifica a incorporacéo de nenhum amninoécido. Concluida a tradugSo, a metioninainicial & remevida (2 etapa) para produair o pollpeptidio B-globina maduro. Gene Transcrito Polpeptidio oN eo) (aminodcidos Transcigo Troducio WO Af > @@-@8 \*. - (Reoticacto Transoriio 1 FIGURA 1.8 O dogma central da biologia molecular mostrando 0 recanisrmo como a informacSo genttica ¢ propagada (por replicacéo do DIA) e expressa (por transcricao e traduo). Na trenscrigdo reversa o RNA € usedo como molde para asintese de DNA. 0S a potencial de alterar ou interromper as informagdes cod ficadas nos genes. As vezes, as moléculas de DNA séo da- nificadas por radiacio eletromagnética ou por substincias quimicas. Embora a lesio induzida por esses agentes possa ser reparada, os processos de reparo geralmente deixam icatrizes. Trechos de nucleotidios podem ser excluidos, uplicados ou rearranjados na estrutura geral da molécula de DNA. Esses tipos de alteracées sio chamados cle muta- s8es. Os genes alterados pela ocorréncia de mutacées so genes mutantes. ‘Com frequéncia, os genes mutantes determinam carac- tcristicas diferentes nos organismos (Figure 1.9). Por exem- plo, um dos genes do genoma humano codifica o polipep- tidio conhecido como Bglobina. Esse polipeptidio, que tem 146 aminosicidos de comprimento, é um constituinte da hemogiobina, a proteina que transporta oxigénio no sangue. Os 146 aminosicidos da B-globina correspondem 145 cédons no gene da B-globina. O sexto desses e6dons especifica a incorporagao de Acido glutimico ao polipep- tidio. Ha incontaveis geracdes, na linhagem germinativa de algum individuo desconhecido, 0 par de nucleotidios hho meio desse cédon foi alterado de A:T para T:A, ea ‘mutacio resultante foi transmitida aos seus descendentes. Essa mutacio, agora disseminada em algumas populacdes hhumanas, alterou o sexto cédon, de modo que ele espe- cifica a incorporacio de valina ao polipeptidio B-globina. Essa alteracio aparentemente insignifieante tem efeito prejudicial sobre a estrutura das células que produzem e armazenam hemoglobina ~ as hemicias. Pessoas que tém dus cOpias da versio mutante do gene da B-globina tém hemicias falciformes, enquanto as pessoas que tém duas Cépias da versio nao mutante desse gene tem hemécias discoides. As células falciformes no wansportam oxigé- nio com eficiéncia no corpo. Assim sendo, as pessoas que tém hemacias falciformes desenvolvem uma doenca grave, na verdade tio grave que pode levar 4 morte. Portanto, a doenca falciforme esta relacionada com uma mutacio no gene da B-globina. Nés investigaremos a natureza e as causas cle mutagbes como essa no Capitulo 13. © processo de mutacio tem outro aspecto — introduz variabilidade no material genético dos organismnos. Com © tempo, os genes mutantes podem se disseminar em uma populacio. Por exemplo, vocé pode se perguntar por que o gene mutante da B-globina € relativamente co- ‘mum em algumas populacdes humanas. Verifica-se que pessoas que tém um alelo mutante ¢ outro niio mutante desse gene sio menos suscetiveis A infeecio pelo parasito PONTOS ESSENCIAIS polieptiaio Capitulo 1 | Ciencia da Genética 9 causador da malaria, presente no sangue. Portanto, essas pessoas tém maior chance de sobrevivéncia nos ambien- tes em que ha ameaca de maliria. Em vista dessa maior sobrevivéncia, tém mais filhos que outras pessoas, € 0 alelo mutante pode se disseminar. Esse exemplo indica como a constituicao genética de uma populacao ~ nesse caso, 2 populagao humana ~ pode evoluir com o tempo. Gene da Gene da g-lobina Srelobina normal mmutante da célula faleiforme } Brewceso | } GS reaxto \ Polipeptidio — Acido ghuitenico — —Valra— Y y Y y y Hemécias Hemécies scoides faliformes normais| a mutantes } Fan Y Tym Transporte normal Doenca de axigerio faleiforme 1 FicURA 19 Anaturea ea consequéncia de una mao no gee da B-alobina humana O gene mutante (HBS, cima, deta) respensivel peta doenca flor & resultado da sbstucao de um cnico par de basesno gne da Blcbina HBO" aca, 3 esquera).Atransrigao © tradugéo do gene mutate produzem um popeptiso Pglobina con- tendo aminoicido vara (centr, 8 iret) na pescdoem que aP-le- bina normal contém acido glutémico (centro, & esquerda). Essa alterag0 de um tnico ainsi esta na formagéo de hemscisfltrmes (embaivo & det) em ver das cia ciscoides normas fembaix, 8 esque). As cls Falcons couram ua fora grave de anemia, [Na replicactio do DNA, cada flamento de wma molécula biflamentar serve de molde para a sintese de um filamento complementar + Na expresso da informacéo genética, um filamento de um diiplex de DNA do gene éusado como molde para a sinese de wm filamento complementar de RNA + Na mairia das genes, a sintese de RNA (transcricéo) gera wma moléeula (0 RNA transrto) que se torna wn RNA mensagero (mRNA) + A informagio codificada em won mRNA étraducida em uma sequéncia de aminotiides em um + Asmutacies sao capazes de alterar a sequéncia de DNA de wm gene A variabilidade genética criada por mutacdo é a base da evolucdo biolégica. JO. Fundamentos de Genética Genética e evolucdo Agenética tem muito a contribuir para 0 estudo cientifico da evolugao. A medida que as mutagées sc acamulam no DNA ao lon- go de muitas geracdes, nés vernos seus efeitos como dife- rencas entre 0s organismos. As linhagens de eryilhas de Mendel tinham diferentes genes mutantes, assim como as pessoas de diferentes grupos ancestrais. Em quase to- das as espécies, ao menos parte da variacao observavel tem base genética. Em meados do século 19, Charles De- ruin e Alfed Wallace, ambos contemporineos de Mendel, propuseram que essa variacio toma possivel modificar a espécie — isto 6, evoluir—com o tempo. ‘As ideias de Darwin e Wallace revolucionaram 0 pensamento cientifico. Eles introduziram uma pers- pectiva hist6rica na Biologia e deram credibilidade a0 conceito da existéncia de um parentesco entre todos 05 seres vivos em razio da descendéncia de um ances- tral comum, No entanto, quando essas ideias foram propostas, o trabalho de Mendel sobre hereditarieda- de ainda estava em curso e a ciéncia da genética ain- da nfo nascera. As pesquisas sobre evolucio biolégica foram cstimuladas quando as descobertas de Mendel vieram a tona no inicio do século 20, seguiram um novo rumo quando, no fim do século, surgiram as téc- nicas de sequenciamento do DNA. Estas técnicas tor- nam possivel ver semelhan¢as ¢ diferencas entre os ma- teriais genéticos de diversos organismos. Supondo-se aque as sequancias de mucleotfdios no DNA sao resulta- do de processos histéricos, é possivel interpretar essas semelhancas e diferengas 4 luz do tempo. Organismos com sequéncias de DNA muito semelhantes descen- dem de um ancestral comum recente, ao passo que ‘organismos com sequéncias de DNA menos semelhan- tes tém um ancestral comum mais remoto. Seguindo ‘essa logica, 0s pesquisadores conseguem estabelecer as relacdes hist6ricas entre os organismos (Figura 1.10). Chamamos essas relacées de arvore filogenética, ou de PONTOS ESSENCIAIS [—— Baeiarorual comm Balloon Tue Ccobitdeos Capa 1m FIGURA 7.10 Arvore logenética mostrando as relagbes evolutivas ‘entre 11 vertebrados diferentes. Essa drvore fot construida compa rando-se as sequéncias do gene para 0 citocromo b, uma proteina {que participa do metabolismo energético, Os 11 animais diferentes foram posicionados na Srvore de acordo com a semelhanca das se- {quéncias do gene do citacromo b. Essa drvore € compativel com ou- tras informagies (p. ex, dados obtidos do estudo de fésseis),exceto pelas pasicdes das trés espécies de pelxes. Na verdade, os cobitideos testo mais préximos éa carpa que da tru. Essa discrepancia resalta ‘a necessidade de cuidado aa interpretar os resultados das compare- ‘bes de sequencias de DNA. modo simplificado, filogenia, palavra derivada do grego {que significa “a origem das tribos”. Hoje, a construcio de rvores filogenéticas é uma par te importante do estudo da evoluca0, Os bidlogos usam ‘8 abundantes dados dos projetos genomas ¢ de outras pesquisas, como o programa “Iree of Life” (érvore da vida) da National Science Foundation dos EUA, combi- rnados aos dados anatémicos obtidos em organismos vivos ¢ fossilizados para discemir as relacées evolutivas entre as espécies. Nés analisaremos a base genética da evolucio nos Capitulos 23 € 24. evolucao depende da ocorréncia, transmissdo ¢ disseminacio de genes mutantes em grupos de organismas (Os dados da sequéncia de DNA tornam passive estudar o processo histérico da evolucao. Niveis de andlise genética (Os geneticistas abordam sua ciéncia de diferentes pontos de vista — de um gene, de uma molécula de DNA ou de uma populacdo de organismos. Aaanélise genética € feita em diferentes niveis. O tipo mais antigo de anilise genética segue os passos de Mendel, en- fatizando como as caracteristicas so herdadas quando ha hibridizacio de diferentes linhagens de organismos. Outro tipo de andlise genética segue 0s passos de Watson. € Crick € de um grupo de pessoas que trabalharam nos vvirios projetos genomas, dando destaque & constituicao ‘molecular do material genético, Um terceiro tipo de ané- ze lise genética imita Darwin ¢ Wallace, enfocando popula ies inteiras de organismos. Todos esses niveis de and lise genética fazem parte da rotina das pesquisas atuais; embora os encontremos em diferentes partes deste livro, descreveremoos resumidamente aqui. GENETICA CLASSICA © perfodo anterior a descoberta da estrutura do DNA geralmente é denominado era da genética cldssica, Due ante esse tempo, os geneticistas dedicaram-se a essa ciéncia analisando resultados de cruzamentos entre di- ferentes linhagens de organismos, como Mendel fizera em seu trabalho sobre ervilhas. Nesse tipo de andlise, ‘08 genes sio identificados pelo estudo da heranca das diferencas de caracteristicas ~ ervilhas altas e ervilhas baixas, por cxemplo — na prole dos cruzamentos. As diferencas de caracterfsticas sdo determinadas por for- mas alternativas de genes. As vezes, mais de um gene influencia uma caracterfstica e, em algumas ocasiées, as codices ambientais ~ por exemplo, temperatura ¢ nutrigio ~ produzem um efeito. Essas complicacées podem dificultar a andlise da heranca. A abordagem clissica de estudo dos genes também pode ser coordenada com estudos da estrutura e do com- portamento dos cromossomos, as entidades celulares que contém 08 genes. Mediante anilise dos padroes de he- ranca, os geneticistas porlem localizar genes em cromos- somos especificos. Andlises mais detalhadas permitem localizar genes em posicdes especificas nos cromossomos = procedimento denominado mapeamento cromossmi- co. Como esses estudos enfatizam a transmissio de genes € cromossomos de uma geracio para a préxima, muitas veres so denominados exercicios de genética de transmis- sdo, No entanto, a genética clissica nao est limitada analise da transmissao de genes e cromossomos. Também estuda a natureza do material genético —o mecanismno de controle de caracteristicas e de mutacio. Apresentamos as caracterfsticas essenciais da genética classica nos Capi- milos 3.28. GENETICA MOLECULAR Com a descoberta da estrutura do DNA, a genética en- trou cm uma nova fase. Entio, era possivel estudar a seplicacio, a expressio a mutacio de genes em nivel smolecular. Essa abordagem da anilise genética clevou- -s 2 um novo nivel quando se tornon possivel sequen- iar com facilidade as moléculas de DNA. A andlise ge- Capitulo 1 | Clécia da Genética 11 nética molecular tem origem no estudo das sequéncias de DNA. O conhecimento de uma sequéncia de DNA e a comparacao com outras sequéncias possibilitam ao ge~ neticista definir um gene quimicamente. E possivel iden- tificar os componentes internos do gene ~ sequéncias codificantes, sequéncias reguladoras ¢ sequéncias nio codificantes ~ ¢ prever a natureza do polipeptidio codi- ficado pelo gene. No entanto, a abordagem molecular de analise genéti- ca é muito mais que o estudo das sequéncias de DNA. Os geneticistas aprenderam a cortar as moléculas de DNA em locais espectficos. possivel retirar genes inteiros, ou pedacos de genes, de uma molécula de DNA e inseri-los ‘em outra. Essas moléculas de DNA “recombinantes” po- dem ser replicadas em células bacterianas ou até mesmo em tubos de ensaio aos quais sio acrescentadas enzimas apropriadas. Em uma tarde € possivel gerar miligramas de um determinado gene em laboratorio. Em suma, 08 geneticistas aprenderam como manipular os genes mais ‘ou menos a vontade, e essa manipulacio habilidosa pos- sibilitou aos pesquisadlores estudar fendmenos genéti- cos com muitos detalhes. Eles aprenderam até mesmo a wansferir genes de um organismo para outro. Nos apre- sentamos exemplos de anilise genética molecular em muitos capitulos deste livr. GENETICA DE POPULACOES A genética também pode ser estudada em toda popula- cdo de organismos. Individuos de uma populacio po- dem ter alelos diferentes de um gene; talvez eles tenham alelos diferentes de muitos genes. Essas diferencas tor ‘nam as pessoas geneticamente distintas, talvez até mes- mo tinicas. Em outras palavras, a constituicio genética dos membros de uma populacio varia. Os geneticistas buscam documeniar essa variabilidade ¢ compreender seu significado. A abordagem mais bisica é identificar as frequéncias de alelos especificos em uma populacio ¢, entdo, verificar se essas frequéncias se modificam com 0 tempo. Em caso afirmativo, a populacao esti evo- Inindo. Portanto, a avaliagao da variabilidade genética em uma populacio é a base para o estudo da evolucio biolégica, Também é titil no esforco de compreender a heranca de caracteristicas complexas, como o tamanho do corpo ou a suscetibilidade a doencas. Muitas vezes, as caracteristicas complexas sio de considerivel inte- esse por terem importincia agricola ou médica, Nés discutiremos a analise genética de populacdes nos Ca- pitulos 22, 28 ¢ 24. PONTOS ESSENCIAIS = Na cndlise genética cléssca, as genes so estudades por acompanhamento da heranca de CO al ‘caracteristicas em cruzamentos entre diferentes linhagens de um organismo + Na anélise genética molecular, os genes sdo estudados por isolamento, sequenciamento ¢ mani- pulagao do DNA e por exame dos produtas da expresso génica + Neanalise genética de populacies, os genes sto estudados por avaliado da variabilidade entre individos de um grupo de organisms, 12. Fundamentos de Genética Genética no mundo | Aplicacées da genética nos empreendimentos humanos A genética é relevante em muitos lugares fora do labora- t6rio de pesquisa. ‘A anilise genética moderna comecou na clausura de um ‘mosteiro europeu; hoje € um empreendimento mundial. © significado e 0 escopo internacional da genética so evidentes nas revistas cientificas modemas, que apresen- tam o trabalho de geneticistas de muitos paises. Também. sdo evidentes na miriade de aplicagdes da genética na agricultura, na medicina e em muitos outros empreen- dimentos humanos em todo o mundo. Nés abordaremos algumas dessas aplicacdes nos Capitulos 14, 15, 16, 23 € 24. Esta seco apresenta alguns destaques. GENETICA NA AGRICULTURA Por ocasido do surgimento das primeiras civilizagdes, 08 seres humanos jé haviam aprendido a cultivar vegetais ea criar animais, Também ja sabiam melhorar vegetais € animais por cruzamento seletivo. Essa aplicacdo pré- -mendeliana dos fundamentos da genética teve efeitos marcantes. Depois de milhares de geracdes, as espécies domesticadas de vegetais e animais tornaram-se muito diferentes de seus ancestrais selvagens. Por exemplo, a aparéncia e 0 comportamento do gado bovino foram mo- dificados (Figura 1.11), ¢ 0 milho, que descende de uma ‘graminea selvagem chamada teosinto (Figura 1.12), mur dou tanto que nio cresce mais sem ser cultivado pelo ser humano. (Os programas de reproducio seletiva ~ agora esclare dos pela teoria genética - continuam a ter papel importan- tc na agricultura, Variedades de alto rendimento de trigo, milo, arroz e muitos outros vegetais foram desenvolvidas por criadores para alimentar uma populacéo humana cada ‘ez maior. Técnicas de reproducao seletiva também foram aplicadas a animais como gado bovino de corte ¢ leiteiro, suinos e ovinos, bem como 4 horticultura, como de arvores, de sombra, grama e flores de jardim. ‘A partir da década de 1980, as técnicas cldssicas de melhoramento de vegetais ¢ animais foram comple- mentadas ~ e em alguns casos, suplantadas ~ por técnicas Beef master de genética molecular. Mapas genéticos detalhados dos cromossomos de varias espécies foram elaborados para apontar genes de interesse agricola. A localizacao de ge- nes para caracteristicas como produtividade de gros ou resisténcia a doencas possibilitava aos criadores elaborar estratégias para incorporar determinados alelos as varie- dades agricolas. Esses projetos de mapeamento foram incessantes e culminaram com o sequenciamento com- pleto do genoma de algumas espécies. Outros projetos de sequenciamento do genoma de vegetais ¢ animais ainda estéo em curso. Todos os tipos de genes poten- cialmente ‘iteis estio sendo identificados € estudados nesses projetos. Cxiadores de vegetais ¢ animais também esto empre- gando técnicas de genética molecular para introduzir genes de outras espécies em vegetais ¢ animais. Esse pro- cesso de modificar a constituicao genética de um organis- ‘mo foi inicialmente desenvolvido com espécies de teste, como a moscadasfrutas. Hoje € muito usado para am- pliar o material genético de muitos tipos de seres vivos. ‘Vegetais ¢ animais alterados pela introducao de genes ¢s- tranhos s40 denominados OGM — onganismos geneticamen- te modificados. O milho BT € um exemplo. Muitas varie- dades de milho cultivadas atmalmente nos EUA tém um gene da bactéria Bacillus thuringiensis. Esse gene codifica ‘uma proteina t6xica para muitos insetos. As linhiagens de milho que tém o gene para toxina BT sao resistentes ao ataque da brocade-milho, um inseto que causou enor- mes prejuizos no passado (Figura 1.13). Assim, 0 milho BT produz seu proprio inseticida. (© desenvolvimento ¢ 0 uso de OGM tém provoca- do controvérsia em todo 0 mundo. Por exemplo, pai ses africanos e europeus relutaram em cultivar 0 milho BT ou em comprar o milho BT cultivado nos EUA. A relutincia é motivada por varios fatores, entre cles os conflitos de interesses de pequenos fazendeiros ¢ gran- des corporacées agricolas, bem como as preocupacdes com a seguranga do consumo de alimentos genetica- mente modificados. Também ha uma preocupacéo de que o milho BT possa destruir espécies de insetos nio daninhos, como as borboletas ¢ as abelhas. Avangos da ‘Ania Forth /inagebroker/ Simensal BL FIGURA 7.11 Ragas de gado de corte. 65cm capitulo 1 | Ciencia da Genética 13 1 FIGURA 1.12 Espigas de milho(direita)e seu ancestral, teosinto (esquerde). 1 FIGURA 1.13 Uso agricola de um vegetal geneticamente modificado em agricultura. A. 8caca-do-milho, Ostrinia nubilali, alimentando-se do c2ule do milho. B. Comparacio de caules de mis resistente (em cima) tum gene para uma proteina insticida derivada do Bacillus thuringiensis. genética molecular garantiram os métodos ¢ o material para a transformacio profunda da agricultura. Hoje, os estrategistas politicos esto lutando com as implicacdes dessas novas tecnologias, GENETICA NA MEDICINA A genética clissica apresentou aos médicos uma longa Tista de doencas causadas por genes mutantes. O estudo dessas doencas comecou logo apés a redescoberta do tra- balho de Mendel. Em 1909, Archibald Garrod, médico © bioquimico briténico, publicou um livro intitulado In- orn Errors of Metabolism (Erros Inatos do Metabolisino).. Nese livro, Garrod documentou como as anormalidades metabdlicas podem estar associadas a alelos mutantes. A pesquisa foi produtiva, c, nas décadas seguintes, foi Kdentificado e catalogado um grande ntimero de distr bios humanos hereditarios. A partir desse trabalho, os médicos aprenderam a diagnosticar doencas genéticas, 2 rastredtlas mas familias € a prever as chances de um Geterminado individuo herdi-las, Hoje alguns hospitais sém profissionais conhecidos como conselheiros genétcos, esuscetivel (embaixo) 8 broca-do-mitho.A planta resistente expressa especializados em orientar as pessoas acerca dos riscos de herdar ou transmnitir doencas genéticas. Discorrere- mos sobre alguns aspectos do aconselhamento genético no Capitulo 8, As doengas genéticas, como as que Garrod estudou, dividualmente bastante raras na maioria das popu. ages humanas. Por exemplo, em recém-nascidos, a in- cidéncia de fenilcetomiria, um distirbio do metabolismo dos aminodcidos, é de apenas 1 em 10.000. No entanto, 6s genes mutantes também contribuem para enfermida- des humanas mais prevalentes ~ cardiopatia e cincer, por exemplo. No Capitulo 22 exploraremos técnicas usadas para avaliar 0s riscos genéticos de caracteristicas comple- xas como a suscetibilidade a cardiopatias, ¢ no Capitu: lo 21 examinaremos a base genética do cancer, Os avangos da genética molecular estio fornecendo novos métodos de detecco de genes mutantes em indivi- duos. Agora os exames diagnésticos com base na andlise do DNA estio prontamente disponiveis. Por exemplo, um laborat6rio hospitalar pode pesquisar, em amostra de sangue ou material colhido da bochecha com swab, um alclo mutante do gene BRCAT que causa forte pre- wi | aia a 14 undamentos de Genética disposicao de seus portadores ao cancer de mama. Uma mulher que tenha o alelo mutante pode ser aconselhada a fazer uma mastectomia para evitar 0 cancer de mama. Portanto, a aplicacao dessas novas tecnologias de genéti- ‘ca molecular costuma levantar questées diffceis para as pessoas envolvidas. A genética molecular oferece ainda novos métodos para tratamento de docneas. Durante décadas, 08 dia- béticos usaram insulina obtida de animais - geralmente de porcos. Hoje, fabrica-se insulina humana perfeita em células bacterianas que tém o gene da insulina humana. Grandes quantidades dessas células so cultivadas para produzir 0 polipeptidio insulina em escala industrial horménio do crescimento humano, antes isolado de cadaveres, também € produzido por células bacterianas Este horménio é usado para tratar criangas que néo 0 produzem em quantidade suficiente por terem um alelo mutante do gene do horménio do crescimento. Sem a administracio de horménio, essas criancas seriam ands, “Muitas outras protefnas importantes para a medicina sio produzidas rotineiramente em células bacterianas nas quais se inseriu o gene humano.correspondente. A pro- ducio dessas proteinas em larga escala & uma faceta da indiistria de biotecnologia em expansio. Estudaremos os modos de producdo de proteinas humanas em células bacterianas no Capitulo 16. A terapia génica humana € outro mecanismo de uso da tecnologia de genética molecular no tratamento de doencas. A estratégia desse tipo de tratamento ¢ inserir uma c6pia ativa e saudavel de determinado gene nas c&- Iulas de um individuo que tem apenas cépias mutantes desse gene. Assim, o gene inserido pode neutralizar os genes defeituosos que o individuo herdou. Até hoje, @ terapia génica humana teve resultados ambiguos. As ten- tativas de curar individuos com fibrose cistica (CF), um distirbio respiratério grave, introduzindo cépias do gene (CF normal nas células pulmonares nao tiveram éxito. No entanto, médicos geneticistas tiveram algum sucesso no tratamento de distirbios do sistema imune e das células do sangue por introducio de genes normais apropriados nas células da medula dssea, que depois se diferenciaram ‘em células imunes € células do sangue. Discutiremos so- bre as teenologias emergentes da terapia génica humana ‘alguns dos riscos associados no Capitulo 16, PONTOS ESSENCIAIS. GENETICA NA SOCIEDADE As sociedadles modernas dependem muito da tecnologia originada das pesquisas em ciéncias basicas. Nossas in- diistrias € servigos so construfdos sobre tecnologias para producto em massa, comunicacio instantinea ¢ proces: samento extraordinario de informaces. Nossos estilos de vida também dependem dessas teenologias. Em um nivel mais fundamental, as sociedades modernas depen- ‘lem da tecnologia para obter alimento e satide. Jé vimos como a genética esti contribuindo para essas importan- tesnecessidades, No entanto, a genética também tem ou- tros tipos de impacto na sociedade. Um tipo de impacto é o econémico. Descobertas de pesquisas genéticas deram origem a incontéveis empreen- dimentos comerciais na indkistria da biotecnologia. Em- presas que comercializam produtos farmacéuticos € testes diagnésticos, ou que prestam servicos como and- lise do perfil de DNA, contribuiram para o crescimen- to econdmico mundial. Outro impacto € 0 juridico. As sequéncias de DNA sio diferentes em cada individuo, a andlise dessas diferencas possibilita a identificagao das pessoas. Atualmente, essas andlises fazem parte da rotina ‘em muitas situacdes — testes de paternidade, comprova- Go de culpa e de inocéncia de acusados, garantia de re- dlamacao de heranca ¢ identificacao de cadaveres. Agora {as provas baseadas em andlise do DNA sio corriqueiras em tibunais do mundo todo. ‘Mas o impacto da genética vai além dos aspectos ma- terial, comercial e juridico de nossas sociedades. Ela toca © Amago de nossa existéncia porque, afinal, o DNA - 0 objeto da genética ~ é uma parte crucial de todos nés. As descobertas da genética levantam questoes existenciais profundas, diffceis ¢, as vezes, perturbadoras. Quem so- mos nds? De onde viemos? Nossa constituicéo genética determina nossa natureza? Nossos talentos? Nossa capa- cidade de aprender? Nosso comportamento? Afeta nos- sos costumes? Afeta 2 organizacio de nossas sociedades? Influencia nossas atitudes em relacio a outras pessoas? O conhecimento sobre os genes e influéncia que tém sobre nésafetard nossas ideias de moralidade e justica, inocéncia e culpa, liberdade e responsabilidade? Esse conhecimento modificard nossa opiniao sobre 0 que significa ser hurna- no? Queiramos ou nio, essas e outras perguntas profin- das aguardam-nos em um futuro nao tao distante. + As descobertas da genética eso modificando os procedimentose as priticas na agricultura e ‘na medicina (05 avancas da gentica esto susctando quests cas, jurdicas, politica, sociis e lsificas Exercicios Capitulo 1 | Clécia da Genética 15 L. Como as informaces genéticas Slo expressas nas células? Resposta: As informacdes s4o codificadas em sequéncias no DNA. A principio, esas sequéncias so usadas para sintetizar RNA complementar a elas ~ processo deno- minado transcrica0 ~ e, entio, 0 RNA é usado como molde para especificar a incorporacdo de amino&- ‘idos na sequéncia de um polipeptidio ~ processo de- nominado traducio, Cada aminodcido no polipept- dio corresponde a uma sequéncia de trésnucleotfdios no DNA. As trincas de nucleotidios que codificam os diferentes aminodcidos so denominadas eSdons, Autoavaliacao 2 Qual é 0 significado evolutivo da mutacio? Resposta: A mutacio cria variacZo nas sequéncias de DNA dos genes (¢ nos componentes nao génicos do genoma também). Essa variacdo acurnula-se na populacio de organismos com o tempo ¢ pode, eventualmente, produzir diferencas observaveis entre 0s organismos. Uma populacio pode passar a diferir de outra de acordo com os tipos de muta- ‘ges acumuladas com 0 tempo. Assim, a mutacio promove o estimulo para os diferentes resultados ‘evolutivos no nivel da populacio. _Integre diferentes conceitos e téenicas, As 1. Suponha que um gene contenha 10 ¢édons. Quan- tos nucleotidios codificantes tem 0 gene? Quantos aminodcidos devem estar presentes em seu produ- to polipeptidico? Entre todos os genes possiveis constituidos de 10 eédons, quantos polipeptidios diferentes poderiam ser produzidos? Avaliacao adicional Resposta: O gene tem 30 nucleotfdios codificantes. O produto polipeptidico deve conter 10 aminoé- cidos, cada um deles correspondente a um cédon no gene. Se cada cédon pode especificar um dos 20 aminodcidos naturais, entre todas as sequéncias _génicas possiveis com 10 cédons de comprimenio, podemos imaginar um total de 20” produtos poli- “os — urn néimero imenso! _Entenda melhor e desenvolva a capacidade analitica | 1.1 Resuma em poucas palavras as principais ideias de Mendel sobre heranga. 1.2 Tanto 0 DNA quanto o RNA slo compostos de nucleotidios. Que moléculas se combinam para formar um nucleotidio? 1.3 Quais sio as bases presentes no DNA? Quais sio as bases presentes no RNA? Quais sio os acticares presentes em cada um desses acidos nucleicos? E4 O que é genoma? 45 A sequéncia de um filamento de DNA é ATTGCOGTG. Se esse filamento servir de molde para a sintese de DNA, qual serd a sequéncia do Silamento recémsintetizado? ES Um gene contém 141 cédons. Quantos nucleoti- ios estio presentes na sequéncia codificadora do gene? Quantos aminoacidos devem estar presentes ‘no polipeptidio codificado por esse gene? 1.7 filamento-molde de um gene que esti sendo transcrito € CITGCCAGT. Qual sera a sequéncia do RNA produzido a partir desse molde? 18 Qual é a diferenca entre transcricio e traduga0? 1.9. Asintese de RNA usa como molde o DNA. Alguma ‘ver ha sintese de DNA usando o RNA como molde? Explique. 1.10 O gene da e-globina est presente em todas as es- pécies de vertebrados. Durante milhdes de anos, a sequéncia de DNA desse gene foi modificada na linhagem de cada espécie. Desse modo, a se- quéncia de aminodcidos da aglobina também se modificou nessas linhagens. Entre as 141 posicoes deaminoacidos nesse polipeptidio, a «-globina hu- mana difere da a-globina do tubardo em 79 posi- Ges; difere da eglobina da carpa em 68 posicoes da aglobina da vaca em 17. Esses dados sugerem ‘uma filogenia evolutiva dessas espécies de verte- brados? 16. Fundamentos de Genética LLL A doenea faleiforme € causada por mutagio de um dos cédons no gene da B-globina; por causa des- sa mutacio, 0 sexto aminoacido no polipeptidio Bglobina é a valina em vez do Acido glutémico. Uma doenga menos grave € causada por uma mutacio que troca esse mesmo c6don por outro especifico de lisina como 0 sexto aminoacido no polipeptidio B-globina. Que palavra é usada para descrever as duas formas mutantes desse gene? Vocé acredita que um individuo que tenha essas duas formas mutantes do gene da Prglobina teria anemia? Explique. 1.12 A hemofilia € um distirbio hereditirio em que ha uum defeito do mecanismo da coagulacéo sangui- nea. Por causa desse defeito, as pessoas com hemo- filia podem morrer por ferimentos ou equimoses, principalmente se houver lesio de Srgios internos como 0 figado, os pulindes ou os rins. Um método jecdo de um fator da coagulacio sanguinea purificado, obtido de sangue de doadores. Esse fator € uma proteina codificada por um gene >numano, Sugira um mecanismo de uso da tecnologia ‘genética mocema para produzir esse fator em escala ‘industrial. Existe um método para corrigir 0 erzo ina- to da hemofilia por terapia génica humana? Genémica na Web em http://www.ncbi.nim.nih.gov ‘Vocé pode pesquisar mais sobre o Projeto Genoma Hu- mano no sife do NCBI. Clique em About the NCBI e, de- pois, em Outreach and Education. Em seguida, clique em Recommended Links para chegar & pagina do National Hu- man Genoma Research Institute. Nela, clique em Féuca- tion para encontrar as informacoes sobre 0 Projeto Ge- noma Humano,

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