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fil EPSNER. NARRATIVAS GRUFICA Q@Til ETSNER. Dew LVRARIA Deve Lean Publisher: Mauro M. dos Prazeres ‘Dirctor Geral: Walder Yano Direor Editorial: Douglas Quinta Reis Diretora de Redagio: Deborah M. Fink Compagnoni Martins aitrasao EletrOnica: Tino Chagas e Gastio Esteves ta pedis te area ome Deed PORTUGAL Po Industri Brejos de Carrteiros, ‘Armazém 4, Bsertrio 2 Olhos de Agua 2950-554 Palmela Fone: 212 139 440 — Fax: 212 139 449 Email: deviedevie pt ‘Site: wwwsdeviept Acgradecimentos Especi Daily Tureck, Ana Carolina Femandese Kleber de Sousa NARRATIVAS GRAFICAS DE WILL EISNER © 1996, 2005 Will Eisner. Todos os drcitos reservados. roid a reprodugso toa eu parcial do coateido dest ‘bra, por quaisquer meiosexstentes ou que venhar & Tivearia Lida. {errant sem suorzagio prvi or eae dx tres, acto para ins de dvugap. Todos os ‘ireiton pars lingua portuguesa reservados 8 I egies Maio de 2005 ISBN: 85-7552-168-1 Publicado origialmente pela POOR HOUSE PRESS Dados Interacionais de Catalogaso na Publicaglo (CIP) (Ciara Brasileira do Livo, SP, Bras Eisner, Wil Naratvas Grificas de Will Eisner / escrito ¢ iustrado pelo autor: radugdo Leandro Luigh Del Manto, ~ Sio Palo = Devie, 2008 ‘Titulo origina: Graphic Storytelling Bibliografia, |. Histérias em quadrinos I Tul. 0.0087 cp-741s Indices para catilogo sistemstio: 1. Historias em quadrinhos 741.5, u 0 a st us 129 1s 159 163 INTRODUGAO Qusdrinhos como um Meio AHISTORIA DA NARRATIVA, QUE E UMA HISTORIA? isis Impress isin Conads com Imagens IMAGENS COMO FERRAMENTAS NARRATIVAS. Imagens Estereotpadas Sinko ‘TODOS OS TIPOS DE HISTORIAS (Cortando HisénasIsttvas| Cortando Una His do Tipo Como-azer (Contade Ua Hsia Sem rama CContade Una His vada ‘A Historia Simbolista (Cortando Histra de Um-Treco-d-Vide Contd Ua Hiss de Vida OLEITOR ‘O*Contto” Conroe do Leitoe Surpres, Impacto ¢ Retengo do Leiter Dilloge: 0 Leto como Ator Leto vs. Dislogo Dislgo vs. Imagem Didiog vs. Ado Didlogo eo Leior isin Cinticn INFLUENCIAS DO LEITOR imo Letra Ritmo Cinematopréfico ma impresio Rito Imgresso ma Inpro. A lefladnca do Cinema na Letra dos Quadinhos Sayaincia Cinematogriicn Sequdncia nos Quadnnhoe ‘Como os QudrnhosInfluceciam os Files Inada Nacional IDEIAS 0 Que Acomtcera Se? Deite:me Contr © Que Aconeceu Con Eno, Meu Hers & Langado Na Seguin: Aventura, 14. Ouvi Aguela De..? ‘O PROCESSO DA ESCRITA Eseetor vs. Tradtor Grfco NARRADORES (0 Fedo Cato |A Hla de Ua Pigina O tasrsdoe Narador A Histcia Totalmente Gites ‘TRANSMISSAO ELETRONICA ESTILO DE ARTE E NARRATIVA | Ven do Narador E...0 Naar MERCADO , Fnahnent, © Futuro AGRADECIMENTOS Este livro deve sua existéncia aos estudantes que estiveram presentes em minhas aulas de Arte Seqiiencial por mais de dezoito anos, Sua busca pela exceléncia e seu interesse quanto aos padres do meio dos quadrinhos ajudaram a cconcentrar minha atengo na narrativa e seu papel nesta forma literiri/artistica. A Dave Schreiner, minha gratidio por seu habil e paciente modo de editar. Seus anos de experiéncia com revistas de hist6rias em quadrinhos foram de uma ajuda inestimavel, A minha esposa, Ann, que contribuiu com muitas horas de apoio logistico, meu aprego por seu interesse € paciéncia durante as indimeras mudangas ¢ alteragoes. ‘Ao meu filho, John, que fomieceu boa parte da pesquisa de base necesséria para sustentar as hipdteses comuns a um livro desse tipo, meus agradecimentos. ‘Aos colegas que sempre me apoiaram: Neil Gaiman, Scott ‘McCloud, Tom Inge e Lucy Caswell, que generosamente ccederam seu tempo para ler a obra em sua fase inicial, fomecendo opiniGes bem fundamentadas e conselhos, a minha gratidio. PREFACIO Em uma obra anterior, QUADRINHOS E ARTE SEQUENCIAL, eu abordei os principios, conceitos € a anatomia dos quadrinhos, assim como os fundamentos da arte. Neste livro, espero lidar com a missfo e 0 processo de contar histérias com desenhos. ‘O empenho de artistas para contar histérias de contetido com imagens nfo é novidade. Num censaio publicado em BOOKMAN’S WEEKLY (julho de 1995), David Berona examinou uma parte da hist6ria dessas tentativas. Ele citou grandes xilogravuristas que, na minha opiniao, estabeleceram um precedente historico para a narrativa gréfica moderna, Frans Masoreel, um cartunista politico belga de LA FEUILLE comecou a produzir “romances sem palavras”. Em 1919, ele publicou Passionate Journey,-uma historia contada em 169 xilogravuras editada pela titima vez em 1988 pela Penquin Press, de Nova York, em 1988. Esse livro tem uma introdugio de Thomas Mann, O famoso autor convida o leitor a se deixar “fascinar pelo modo como as figuras fluem... e 0 mais profundo e puro impacto que vocé jamais sentiu”. Maseree! criou mais de vinte “romances sem palavras”. Ele foi segui- do de perto por Otto Nickel, um alemao, cujo livro DESTINY, um romance contado com figuras, publicado nos Estados Unidos em 1930 pela Farrar & Rinehart. Mais ou menos na mesma época, Lynd Ward também comecou a publicar romances graficos (as atualmente famosas graphic novels) na forma de xilogravuras, Seu principal tema era a jor- nada espiritual do homem através da vida. Em seis livros sucessivos, Ward estabelece firme- ‘mente a “arquitetura” dessa forma antistica. Ainda de grande importéncia € a repercussio dos assuntos abordados por ele. So esses temas importantes que 0 encorajam para as aspiragbes das hist6rias em quadrinhos. Voc8 encontrar amostras do trabalho de Ward neste livro. Em 1930, Milt Gross, o brilhante cartunista norte-americano, produziu um romance satfrico ‘chamado HE DONE HER WRONG. Foi uma parddia do romance elissico feito com desenhos sem palavras. Apesar de nio ter pretensées literrias, nem abordar um assunto tio sério quan- to as de Masereel, Niickel ou Ward, ele tinha 0 mesmo formato. Em 1963, a obra foi reim- pressa no formato de “livro de bolso”, pela Dell Books. Mas, naquela época, as historias em ‘quadrinhos jé estavam bem estabelecidas. AAs histrias em quadrinhos sio, essencialmente, um meio visual composto de imagens. Apesar das palavras serem um componente vital, a maior dependéncia para descriglo e narracio esti ‘em imagens entendidas universalmente, moldadas com a intengao de imitar ou exagerar a reali- dade. Muitas vezes, o resultado & uma idéia trabalhada com elementos grificos. O layout da pégina possui efeitos de grande impacto, téenicas de desenho ¢ cores chamativas que con- seguem captar a atengio do criador.O efeito disso é que o roteirista¢ o artista sio desviados da iplina da construcio da narrativa e absorvidos pelo esforgo de apresentar 0 produto final. A arte, eno, control escrita, eo produto pasa a ser pouco mas do que uma literatura bara. ‘Apesar da grande visibildadee da atengao compelida pelo taba artiste, insso em air rar que @ histra € 0 componente etico de uma revista em quadrnhos. Nao € somente a strata intelectual na qual se basa toda a ate. E mais do que qualquer outro elemento, € uilo que faz o trabalho perdurar. Este € um grandioso dest para um mio que sempre fol considera coisa de crianga. A tarefa é trze A tonaa reacio do letor através das imagens. No eniano, as histras em quadrins so, ao mesmo tempo, uma forma deat cde iteratura ‘e, em seu processo de amadurecimento, buscam o reconhecimento como um meio “legitimo”. ‘A produgdo tradicional das hist6rias em quadrinhos por uma tinica pessoa tem, com o passar dos anos, cedido espago para as chamadas “equipes criativas” (escritor, artista, arte-finalista, ccolorista¢ letrista). Enquanto o artista/oteirista assume total responsabilidade pela narrativa, ‘a equipe, num todo, esta envolvida e deve se sentir entrosada para a articulagao da hist6ria. O ato de eserever, como eu geralmente fago para os quadrinhos, niio esté confinado ao uso das palavras. Escrever para quadrinhos inclui todos os elementos numa mistura que se toma parte dda mecfnica dessa forma de art. Em NARRATIVAS GRAFICAS a concentragio esté na compreensio basica da narrac3o com desenhos. Este livro iré examinar a narrativa e pesquisar os fundamentos de sua aplicagio no ‘meio das hist6rias em quadrinhos. INTRODUCAO Em nossa cultura, os filmes e as revistas em quadrinhos sio os principais contadores de hist6rias através de imagens. Todos cles empregam imagens e texto, ou didlogo, Enquanto-o cinema © 0 teatro jé constitufram sua reputago se estabeleceram hé um bom tempo, as historias em quadrinhos continuam lutando para serem aceitas, mas esta forma de arte, depois de mais de um século em uso popular, ainda é tida como um veiculo literdrio problemitico. Na segunda metade do século XX houve uma mudanga na defini¢do do que ¢ literatura, A proliferacdo do uso de imagens como um fator de comunicagio foi intensificada pelo cresci- ‘mento de uma tecnologia que exigia cada vez menos a habilidade de se ler um texto. Dos sinais, de trdnsito as instrugdes mecénicas, as imagens ajudaram as palavras e, muitas vezes, até as, substituiram. Na verdade, a leitura visual é uma das habilidades obrigat6rias para a comuni- cago neste século. E as histérias em quadrinhos esto no centro desse fenémeno. A ascengio ¢ 0 estabelecimento dessa extraordinéria forma de leitura que chamamos de revista em quadrinhos se dew ao longo de mais de 60 anos. Nas revistas em quadrinhos evoluiu rap dameote da compilagio das tiras pré-publicadas em jomais para as histérias completas ¢ ori- sinais e, depois, para as graphic novels. Esta ultima transformagio impés uma necessidade de sofisticagio literdria por parte do escritor e do artista maior do que nunca. Como as revistas em quadrinhos so de facil leitura, sua utilidade vem sendo associada a uma parcela da populagao de baixo nivel cultural e capacidade intelectual limitada. Na verdade, 0 contedido das hist6rias em quadrinhos atendeu esse tipo de piblico durante décadas. Muitos criadores ainda se contentam em fomecer pouco mais do que entretenimento descartavel e vio- lencia gratuita. Nao € por menos que, durante um longo tempo, houve pouco entusiasmo por parte das instituigdes educacionais em aceitar os quadrinhos.. ‘A predomindincia da arte no formato tradicional dos quadrinhos chamou mais atenglo para esta forma do que para seu contetido literério. Portanto, nao é de se surpreender que os quadrinhos, como uma forma de letura, sempre tenham sido vistos como uma ameaga & prépria literatura, como havia sido definido na era pré-visual/eletrnica. Em seu influente livro THE MEDIUM IS THE MESSAGE, Marshall McLuhan € Quenton Fiore dizem que “..as sociedades sempre foram moldadas muito mais pela natureza do meio através do qual os homens se comunicam do que pelo conteido da comunicagao”. Esse tem sido destino dos quadrinhos. Seu formato colorido e ilustrado foi feito sob medida para um. contesido simples. Entre 1965 ¢ 1990 os quadrinhos comegaram a procurar um contedo literirio. Isso comegou ‘com 0 movimento underground de artistas e escritores criando 0 mercado de distribuigio dire 1a. Isso foi seguido pelo surgimento das lojas especializadas em quadrinhos, que facilitaram 0 acesso a um maior niimero de leitores. Foi o comego do amadurecimento do meio. Por dltimo, ‘0s quadrinhos procuraram tratar de assuntes que até entdo haviam sido considerados como ter- rit6rio exclusivo da literatura, do teatro ou do cinema. Autobiografias, protestos sociais, rela- cionamentos humanos e fatos histéricos foram alguns dos temas que passaram a ser abracados. pelas histérias em quadrinhos. As graphic novels com os chamados “temas adultos” prolifera ram e a idade média dos leitores aumentou, fazendo com que o mercado interessado em ino- ‘ages ¢ temas adultos se expandisse. Acompanhando essas mudangas, um grupo mais sofisti- cado de talentos criativos foi atrafdo para essa midia e elevou seus padres. Nesse ambiente, as revistas em quadrinhos sofreram com 0s comentérios dos critics literérios, {que achavam problemético decidir e os quadrinhos seriam capazes de desenvolver corretamente ‘0s chamados “temas sérios”. Essa atitude geral afetou de maneira adversa a sua accitagdo. Isso resume o desafio enfrentado por escritorese artistas de quadrinhos que buscam umn lugar ‘em nossa cultura litera, Até onde os quadrinhos podem ir quando abordam “temas sérios” ainda & um desafio. Felizmente, o grande aumento do niimero de artistas e escritores sérios que rigraram para os quadrinhos serve de testemunho do potencial dessa mia. E tenho convicgao ‘de que 0 contetdo das historias sera o propulsor do futuro das revistas em quadrinhos. (Com o infcio da década de 1990, a nova “alfubetizayo™ ficou mais evidente em nossa cultura ocidental,e, como Paul Gravett, do London Daily Telegraph observou, “parece niio haver limi- tes para as ambigdes das histérias em quadrinhos... e aqueles que esto acostumados a exami- nar as colunas de texto regularmente, costumam ter dificuldade em assimilar as caixas de texto aleatérias das hist6rias em quadrinhos, ao mesmo tempo em que saltam de uma imagem para outra, Mas, para uma nova geragdo que cresceu juntamente com a televisao, os computadores, € 08 videogames, processar informagdes verbais ¢ visuais de vérios niveis de uma s6 vez parece uma coisa natural, até mesmo preferivel.” QUADRINHOS COMO UM MEIO A leitura, num sentido literdrio mais puro, foi ameagada em seu caminho para 0 século XXL pela midia eletrénica, que influenciou ¢ alterou a maneira como lemos. O texto impresso perdeu seu monopslio para outra tecnologia de comunicagao: o filme, Ajudado pela transmis sdo eletrdnica, ele tomou-se 0 maior competidor da leitura. Por exigir muito pouco do espec~ tador, o filme transformou a carga de aprender a decoditficar e compreender palavras ~ 0 que leva tempo ~ em uma coisa obsoleta. O piiblico dos filmes experimenta incontaveis incidentes de duraco estabelecida que imitam a vida observando uma tela onde situagdes antficiais e solugdes planejadas integram-se &s suas proprias memérias e experiéncias da vida real. Os atores tornam-se “pessoas reais". O mais importante, assistir a um filme estabelece um ritmo de aquisigdo. Isso 6 um desafio direto para uma folha impressa estética. Acostumado a0 ritmo dos filme, o leitor fica impaciente com as longas passagens dos textos porque se acos- jumou a absorver historias, idéias e informagdes rapidamente, e com pouco esforgo. Como sabemos, os conceitos complexos tornam-se mais facilmente digeriveis quando so reduzidos a imagens. A comunicago impressa, como uma fonte portatil de idéias, continua sendo um meio vidvel e necessério. De fato, isso responde ao desafio de uma fuso com a midia eletroni- cca, Uma parceria das palavras com as imagens tomna-se uma permuta I6gica. A configuragio resultante € a histéria em quadrinhos e ela preenche um espago existente entre © contedido mpresso e os filmes. Em seu étimo livro DESVENDANDO OS QUADRINHOS (Understanding Comics), Scott McCloud descreveu os quadrinhos como sendo “uma embarcagio capaz de conter um niimero ilimitado de idéias e imagens”, Numa visio mais ampla, devemos considerar essa embarcago ‘como um comunicador. Ela é, em todos os sentidos, uma forma singular de leitura, processo de leitura dos quadrinhos é uma extensio do texto. No caso do texto, 0 ato de ler envolve uma conversio de palavras em imagens. Os quadrinhos aceleram esse processo Fornecendo as imagens. Quando executados de maneira apropriada, eles vao além da conver so e da velocidade ¢ tormam-se uma s6 coisa. Em todos os sentidos, essa forma de leitura recebe erroneamente o nome de literatura apenas porque as imagens so empregadas como lin- ‘guagem. Existe uma relagio facilmente reconhecivel com a iconografia ¢ os pictogramas da cescrita oriental Quando 6 empregada como vefculo de idéias e informagio, essa linguagem se afasta do eentretenimento visual desprovido de pensamento. E isso transforma os quadrinhos numa forma de narrativa. NOTA: Alguns termos serio usados em todo o livro. Sao eles: NARRATIVA GRAFICA ‘Uma desrigio genérica de qualquer raraso ge ust imagens para tans smite. Os filmes eas historias se cncaixam na eategoria das narratives trios NARRADOR 0 esertor ov pessoa que controla a ‘QUADRINHOS A dispsigdo impressa de ane e bales ‘em seqncia,paticularmente como & Feito nas revistas em quarinhos. [ARTE SEQUENCIAL Uma série de imagens dispostas em seqitncla, A HISTORIA DA NARRATIVA Os primeiros comtadores de hist usaram imagens grosseiras apoiadas por estos ¢ sons vo sar dos sSculos, armazenamento ‘mentos também afetaram a arte da narrativa O QUE E UMA HISTORIA? HISTORIA E A rt © M10 DE COMA NARRACKO DE UMA SEQUENCIA DE EVENTOS INFORMAR UM DIFERENCA DELIBERADAMENTE ARRANJADOS ‘ ae iS ; PARA SEREM CONTADOS. CONTROLA OS ‘Todas as hist6rias tém uma estrutura, Uma hist6ria tem um inicio, um fim, € uma linha de eventos colocados sobre uma estrutura que os mantém juntos, Nao importa se 0 meio é um texto, um filme ou quadrinhos. O esqueleto € o mesmo. O estilo e a maneira de se contar pode ser influenciado pelo meio, mas a histéria em si no muda, ‘A estrutura de uma histéria pode ser diagramada com muitas variagées porque ela esti sujeita a diferentes padrées entre o inicio e o fim. A estrutura ¢ «til como um guia para manter con- trole sobre a forma de contar. I Le souicko INTRODUCIO- [ wee Co Ly cr : tase CLE T O PROBLEMA 3 A FUNCAO DE UMA HISTORIA A forma da hist6ria 6 um vefculo para transmitir informago numa maneira de fécil absorgio. Ela pode relatar idéias bastante abstratas, ciéncia, ou conceitos desconhecidos pelo uso ansilo- g0 de formas ou fendmenos conhecidos NO INICIO, DEUS cRIOU O céu EA TERRY g , oO CONTANDO UMA HISTORIA historia, A tecnologia criou muitos veiculos de Existem diferentes manciras de se contar un ‘mas existem, fundamentalmente, apenas duas grandes maneiras: palavras (oral oit ‘ou imagens, As vezes, as duas estio combinadas. ‘ecapar Je uta cobra mis le nO pod iaginar que abaixe dele TER QUE APRENDER A LER PRA CRIAR A eon00r ei v0 De UWA maeres DrexerTe DENOCE! £186 CONTIRIO GTORUS ATRNES DA TRNGWESIO DE ONDAS PXTRSENGORUS. A, EU NO TeRl TRIBALAO Nenu /was Fic EMS RiP00! HISTORIAS IMPRESSAS {A primeira metade do século XX foi dominada pela impressio como vefculo de comunicag. ‘Apesar de o filmes e os meis eletrnicos terem desafiado sua superiordade, 0 meio impres- so jamais perder sua importincia. Histrias contadas através de narra gréficatém de com transmissio, Iso tem uma influgncia na maneira como a hstria€ contada einfluenc 1. propria histria E nesse ponto que narrador entra em contato com 0 mercado. "AS TIRAS DOS JORNAS DARIOS" (OS QUADRINIOS SE ORGNAZIM NESTA FORMA. COWPOSTOS DE 3 A tt GUIDROS, ELAS SHO GERMLNENTE ‘COLOCIDAS NUMA PAGINA COM VieUS OUTRIS TRIS. (© FORMATO & BASTANTE RESTRMTO. AS "PEGWAS DONIC" OFERECEN MAIS EBPACO E UM POUCO MAS DE LIBERDIDE. ELA OFERECE MAS. Leitores ¢ espectadores identificam © contetido com sua embalagem. Os leitores de quadrin- hhos esperam que os quadrinhos cheguem até eles em embalagens familiares. Uma hist6ria con- tada num formato nio-convencional pode ser percebida de maneira diferente. O formato tem ‘uma influéneia importante na narrativa grfica, ESTE FORMATO RESTRNGE (© KARRIDOR A UN CAMPO VERTICAL. ELE AFETA A NARRITI GRAFICA ‘NUM FORMATO HORTONTAL, (OS EFEFTOS DA AGTO VERTICAL FICHM NIBIDOS. sep owe weroes | ig HISTORIAS CONTADAS COM IMAGENS ito desta discussio, uma “imagem” ¢ a meméria de um objeto ou experiéneia gravada ador fazendo uso de um meio mecit :0 (fotografia) ou manual (desenho). Nos 10s, as imagens so, geralmente, impressionistas. Normalmente, elas so representadas de maneira simplista com o intuito de facilitar sua utilidade como uma linguagem. Como a ° precede a anzlise, 0 provesso di ivo intelectual é acelerado pela imagem forneci- AS IMAGENS SHO MAIS LEGIVEIS RECONHECIDAS... E AO RELEMBRAREM UMA EXPERIENCIA COMUM, ELAS EVOCAM ‘A REALIDADE! 19 ‘A imagem usada como linguagem tem suas desvantagens. Ela é 0 elemento dos quadrinhos {que sempre provocou resisténcia a sua aceitago como leitura séria. As vezes, alguns criticos aacusam os quadrinhos de inibirem ao. INTERESSANTE f ay SM, CONHECER AS MAS 1550 FORCAS PSICO- é LITERA- LOGICAS QUE TURA? MOTINAM O SEU MAU COMPOR- Imagens estiticas tém limitagdes. Elas nio exprimem abstragGes ou pensamentos complexos facilmente, Mas as imagens definem em termos absolutos. Elas sito especificas. © HOMEM. ERA GORDO E TINHA PERNAS ERA UMA VEZ, ESTE HOMEM GORDO. 20 IMAGENS COMO FERRAMENTAS NARRATIVAS IMAGENS ESTEREOTIPADAS No dicionsrio, “esterestipo” ¢ definido como uma idéia ou um personagem que é padronizado uma forma convencional, sem individualidade, Como um adjetivo, “estereotipado” se aplica Aaquilo que € vulgarizado, O esteredtipo tem uma reput j0 apenas porque implica banalidade, mas também por causa do seu uso como anda ou racismo. Quando simplifica © i2a uma generalizag20 imprecisa, ele pode ser prejuci rminimo, ofensivo. A prépria palavra vem do método usado para moldar e duplicar as placas na impressio tipogrifica, Apesar dessas definigSes, o estere6tipo & bastante comum nos quacri- nnhos, Ele é uma necessidade maldita — uma ferramenta de comunicago da qual a maioria dos cartuns no consegue fugir. Dada a funcio narrativa do meio, isso nao é de se surpr A arte dos quadrinhos lida com reprodugé desenhos so 0 reflexo no espelho, ¢ depei leitor para a mente reconhec m de experién« ‘ou processar rapidament eis da conduta humana. Seus das na meméria do Nos quadrinhos, os estere6tipos so desenhados a partir de caracteristicas fisicas comumente aceitas e associadas a uma ocupaco. Eles se tornam {cones e sio usados como parte da lin- ‘guagem na narrativa grafica. xn. rar APROVETADOR Nos filmes tem-se muito tempo para desenvolver um personagem dentro de uma ocupag’ [Nos quadrinhos, temos pouco tempo ou espaco. A imagem ou caricatura tem de defini-lo instantaneamente, Por exemplo, ao criar © protétipo de um médico, é bastante itil adotar um conjunto de earac- Leristicas que 0 leitor ind aceitar. Normalmente, essa imagem é desenhada tanto a partir da cexperiéncia social quanto da forma que o leitor acha que um médico deveria se parecer. Nos lugares onde a trama é arranjada para dar suporte a isso, 0 visual padronizado do médico pode ser abandonado em favor de um tipo mais conveniente ao ambiente da hist6ria, CONHECO UM poeeiM s+ {weno gue enc? NiO € ASW A arte de criar uma imagem estereotipada com o objetivo de contar uma hist6ria requer uma familiaridade com 0 piblico e a percepgao de que cada sociedade tem um conjunto de esterestipos préprios que ela aceita. Mas hi aqueles que transcendem as fronteiras culturais. Hoje em dia, 0 autor de quadrinhos agora pode contar com uma distribuigao global de seu trabalho, Para se comunicar bem, o narrador tem de estar em sintonia com o que é univer- salmente vilido. PADROES DE REFERENCIA PARA TRAS/ PARA TRAS! EU VIM SALVA-LAY EU VIM SALVALA/ Determinadas caracteristicas humanas so reconheciveis pela aparéncia dos exemplos acima, é despertado no leitor uma mensagem a partir da imagem estereot pada, Neste exemplo, o estereétipo de um homem forte reforga a credibilidade no roman- tismo, enquanto uma incongruéneia que provoca humor € conseguida usando-se 0 esterestipo de um nerd. 2B Ao imaginar atores, & importante entender por 4 podem despertar uma respostareflexiva no espei sinda retém instintos desenvolvidos quando eram primitives. E posstvel que o reconhecimen to de uma pessoa perigosa ou uma resposta a posturas ameagadoras sejam residuos de uma cxisténcia primitiva, Talvez, numa experiéncia anterior com a vida animal, as pessoas tenham aprendido quais posturas e configuragdes faciais eram ameagadoras ou amigaveis. Era impor tante para a sobrevivéncia reconhecer instantaneamente quis animais eram perigosos. Existe a evidéncia disso na leitura bem-sucedida de imagens baseadas em animais que os quadrinhos normalmente empregam quando buscam despertar um reconhecimento do personagem. rifica, existe pouco tempo ou espago para se desenvolver o personagem. O uso esses esterestipos baseados em animais acelera 0 entendimento da trama por parte do leitor ¢ ‘consegue para © narrador que as ages de seus personagens sejam aceitas. Na narrativa AO EMPREGAR PERSONAGENS ‘QUE LEMBRAM ANIMAIS, O NARRADOR GRAFICO TIRA PROVEITO DE UM RESIDUO DA EXPERIENCIA HUMANA ANCESTRAL PARA PERSONIFICAR OS KTORES COM RAPIDEZ! SIMBOLISMO ‘Da mesma forma que 0s esterestipos empregam imagens de pessoas que podem ser facilmente ‘demtificadas nos quadrinhos © nos filmes, os objetos tém um vocabulirio préprio na I guagem visual dos quadrinhos. Existem alguns objetos que tém significado instantineo numa narrativa grifica. Quando sio ‘empregados como adjetivos ou advérbios modificadores, eles fornecem um artificio de narra- tiva egondmico para o contador de histérias. AFUNCKO DE UM REVOLVER E CLARA, MAS A MANEIRA COMO g re fey core ELE & SEGURADO € A NARRATINVA. A MANEIRA COMO UMA FACA ROC HS GFP Os computadores usam com freqiéncia simbolos para instruir seus operadores, Eles sio derivados de objetos familiares para as pessoas que vivem numa sociedade técnica, 25 Nos quadrinhos, assim como acontece nos filmes, objetos simbélicos niio narram apenas, mas ampliam eagiio emocional do leitor. ~\ O TRAE, E fs t ‘A MANEIRA COMO at hae ELE € USADO, € 7 UMA PODEROSA FERRAMENTA NA NARRATIVA GRAFICA. Nesta historia, a escolha de uma boneca e de pla so normalmente identificados com nio-combatentes. Deixados na neve, abandonados quebrados, eles no s6 comprovam a inocéncia d 6, como convidam 0 leitor a con- denar os assassinos. SIMBOLOS DE INTENCHO PACIFICA (OU INOCENCIA PODEM NARRAR COM MAS PROFLNDIDADE DO (QUE MOSTRAR AS VITIMAS, ———-- ei 2 1 TODOS OS TIPOS DE HISTORIAS Existem um imenso leque de histérias que podem ser contadas usando 0 meio grifico, mas 0 meétodo de contar uma hist6ria tem de ser especifico para sua DA, EXPLICO SOMO FIZEMOS A ie FINALMENTE... CONTO COMO & FERA ESCAPOU. ENQUANTO ELES DISCUTIAM! Db APRENDI QUE TEMOS DE COOPERAR ENTRE NOS SE QUSERMOS ACHO Que VIVER EM GRUPO EXIGE MAIS ESFORCO DO QUE EU IMAGINAVA, HEIN? CONTANDO HISTORIAS INSTRUTIVAS interessante, iF elementos téc- nsinar um processo quando ele esté envolto numa “emba Uma histéria, por exemplo, Quando demonstraram a capacidade de organi nicos numa ordem disciplinada, os quadrinhos encontraram uma clientela pronta, Isso demonstra a ordem de pensamento quando um quadrinho instrutivo é criado. SUPONKA QUE EU QUERO CONTAR VOCES COMO NOS PRIMEIRO, of WV icone Yq TOMO ACI A PERM FACIL DE coe Sy eras BITENDER...& Y ’ ATRAIMOS A FERA PARA | [7 . i OTBEN A ARMADILHAY CONTANDO UMA HISTORIA DO TIPO COMO-FAZER Historias com o objetivo de trar no processo, As habilidades nar alguma coisa so geralmente estruturadas para se concen- aprendidas através da imitago, stor, / EU CONTO anisToRia Da’ If ) CAGADA... POSSO Vi COMO DECIDIRAM ENSINAR UMA PERICIN € TERMNO| COM UM DES- FECHO BEM SUCEDIDO! ENSINO A ESCOLHER A MADEIRA 50 E AMIS: NY : is (OS DETALHES wea AR ih POR ys FO! APENAS A f NSAGEIRAY INTERESSANTES DO MENSAGEIRA/ QUE A PROPRIA HISTORIA! sTORIA CONTANDO UMA HISTORIA SEM TRAMA Quando o layout high-tech e a pirotecnia visual dominam uma hist6ria em quadrinhos, o resul- tado € quase sempre um enredo muito simples. Para um leitor interessado no arrebatamento dos efeitos grificos ou da arte he um resultado satisfat6rio, o artista pede ao escritor pouco mais do que uma trama que enfo- nico proble1 m as hist6rias cujo foco silo as perseguigdes ou inganga. Na m olugdo € to simplista, que jae 0s efeitos espec janter 0 interesse. A arte torna ‘numa tapegaria. slo cheia de vio- ahistéria, como CONTANDO UMA HISTORIA ILUSTRADA ‘ada pelos grandes avancos na tecnologia de © interesse de artistas, escritores e editores de quadrinhos. Esse formato nio era novidade, mas seu renascimento oferecia um veiculo ‘compativel a ilustradores talentosos ¢ escritores sofisticados, Nessa forma de narrativa gréfica, 0 escritor e o artista preservam sua soberania porque a historia vem do texto © é embelezada pela arte. O ritmo vagaroso desse tipo de narrativa ica d& ao leitor mais tempo para observar melhor a arte. O artista pode usar tinta a 6leo, aquarela, xilogravura ou fotografia manipulada & vontade. As vezes, a habilidade exigida por essas téenicas € tio grande, que a arte pode se sobrepor & hist6ria. No mercado edito- rial, entretanto, isso contribui para a criagdo de um conjunto muito atraente esta de acordo ‘com 0 conceito tradicional de “livro”. 6 : ARATE, Amy Jane soube que deveria asm que 2 carta de convoeaca Jjulam enterrador nae ‘meré pasar ra mie de acat eho m Enguanto a carruagem che foal sobre as peda © lime don ences coma at ald desu crag. FEI sus cameo cn orem Barta eae = : A HISTORIA SIMBOLISTA (ria, a base da trama sao dois simbolos, uma margarida e uma bola de ferro, Esses simbolos servem para estabelecer a premissa dentro de uma trama simbolista ¢ personagens simb6licos. UMA VEZ, MUITO, MUITO TEMPO ATRAS, NUM PAIS MUITO MENOR 'DO QUE ESTE EM QUE VOCE VIVE, REINAVA A CONFUSAO/ A POLITICA ERA UMA DESORDEN E AS PESGOAS ERAM WOFERENTES ENTAO, NUM DIA CHUVOSO, UM GRUPO ARMADO E ORGANZADO ASSUMU O GOVERNO COM A INTENCKO DE CRIAR UMA NACKO DE DISCIPLNA 7 4 AN UNH 2.0 TWO A Fae 33 Ge RD De TEND. NOCE & & ect reson Gewvone suet } Jee Fun come 34 36 37 wT IR PROVE. \\. D680 € Lome k Nei oa Vf Lu VAN UAT ue 39 CONTANDO A HISTORIA DE UM-TRECHO-DA-VIDA Uma histéria de um pedago-da-vida geralmente extrai um segmento interessante de uma expe- riéncia humana ¢ o examina. narrador seleciona um evento de interesse que pode ser contado sovinho. O escritor conta ‘com uma experiéncia de vida ou a imaginagdo do leitor para dar impacto & historia. A apreci- ago do leitor depende da maneira como ela & contada. Ela requer que o artista presentagio possivel. Como os personagens esto lidando com emogdes intemas, posturas sutis © gestos devem ser baseados em fatos reais, que possam ser prontamente reconhecidos. Layouts muito sofisticados ou uma técnica rebuscada demais, que podem subjugar e distri 0 Ieitor e tomar conta da histéria, sio contraproducentes neste formato. Veremos a seguir os elementos criticos de uma hist6ria que nunca ficam explicitos para 0 leitor, Na histéria abaixo, eles esto presentes formam uma parte invisivel da narra O QUE ACONTECEU ANTES eco az secu pon 660, vesroos con sik prorea Pow ive O DINAERO DE ) EMPRESA, WAS. INTERMINAVEL Suk Eerosk- Groen &B nn Sooean. too. a2 UNDO, Be ewer ete ono sconce Pere Wn WOMEN BIST a c&vremne eco con i eRe qabuuooreeh =A NEGO PEGUO, Perko 3 BMKO ME teen Neooeor 40 CONTANDO UMA HISTORIA DE VIDA Esta historia utiliza um nico evento num Gnico dia para definir um homem ¢ sua vida. O nar- pre diante de si a dificuldade de escolher um incidente revelador que int ica do leitor sobre o que € possivel. D es0e wwvasanis, 05 ESPECTIDORES SE FOSICIONARI KO LONGO DO TRKIETO, NA ESPERONCA DE VER OS CORREDORES PASSAREM. OS TORCEDORES SO, GERALNENTE, PEQUENOS GRUPOS OU |INDNDUOS ESPERINDO RECONHECER UM AMGO NA LEVA DE INCANTES. ELES SKO THO COMUNS GUANTO (05 PROPRIOS CONPETIDORES, CULAS RAZOES PARTICULARES PARA COMPETIR NESTE ENCONTRO NIO- OFICIAL COM SUA PREMIACKO OBSCURA PERMANECE A HSTORIA NKO-CONTADA DESTE EVENTO. Brawnsro 05 comeeoones s& reinen, RODENOS vee ALGINS ROETOS FAMLURES: AGUL E ALI ENTRE OS ESCRITURKRIOS, VENDEDORES, ADVOGADOS, CORRETORES E OUTROS... OAD E HR TAMBEM.. rer ANDA ESTIO CHEGANDO.. 45 oa E FO! DADA A LARGADA, PESGOAL!! 5000 CORREDORES! ~ INA VERDADEIRA ONDA HUMANA DESCENDO A AVENIDAY. DETERMINACKO! 48. on se Seco nay Pico TOME UM ogee ETACODE OEE Bey, INERT, YOCE NTO ey Och SE ACU, «SUE, eH OAK Su ye BEM, PESGOAL... A DECINA GUINTA MARKTONA DA CIDADE ACABOU... ESTE ANO, O VENCEDOR FO\ FO! TOR HUGEN, GUE VEIO DA EUROPA PARA VENCER COM FOLGA A COMPETICIO... ENQUANTO A NOITE CAl, UM SILENCIO TOMA CONTA DAS RUAS VAZIS... CHEGAMOS AO FIM, PESSOAL... BOA NOITES 49 Para quem voce esté contando sua histori A resposta a esta pergumta precede o préprio ato de contar uma histéria porque é uma pre- ‘ccupagdo fundamental da transmissio. O perfil do letor ~ sua experiéneia e caracteristicas is —tem de ser levado em conta antes que o narrador possa contar hist6ria com suces- so. Uma boa comunicagio depende da meméria, da experiéneia e © vocabulévio visual do proprio narrador. cul EMPATIA Talvez a mais bésica das caracteristicas humanas seja a empatia. Essa peculiaridade pode ser uusada como o principal condutor na transmissaio de uma histéria. O narrador pode contar com, cla como uma de suas ferramentas do narrador. ‘Empatia é uma reagao visceral de um ser humano ao empenho de outro. A habilidade de “sen- tir" a dor, o medo ou a alegria de alguém dé ao narrador a capacidade de despertar um conta- to emocional com o leitor. Nés vemos uma ampla evidéncia disso nas salas de cinemas, onde ‘as pessoas choram por causa da tristeza de um ator que esti fingindo estar vivendo uma coisa que nao esta realmente acontecendo, 31 Tremer ou se retrair com a dor alheia ao observar alguém sendo atingido é, de acordo com alguns cientistas, a evidéncia de um comportamento fraternal, a resposta a um mecanismo psi- coldgico desenvolvido em humandides desde o inicio, Por outro lado, os pesquisacores argu- ‘mentam que a empatia resulta da nossa habilidade de narrar em nossas mentes a seqigneia de tum evento em particular. Isso niio s6 sugere uma eapacidade cognitiva, mas também uma habilidade inata de entender uma hist6ria Existem varios estudos clinicos que apdiam a conclusiio de que os humanos aprendem desde a infancia a observar e interpretar gestos, posturas, imagens ¢ outros sinais soci bais. A partir disso, eles sa0 cay fiiria, entre outros. A relevineia de tudo isso para a narrativa grifica fiea ainda mais evidente com a afirmagio dos cientistas de que a evolugdo da capacidade dos hominideos de ler as intengdes dos outros ‘membros de seu grupo esté ligada ao seu equipamento neuro-visual, Isso foi posstvel, argu- ‘mentam eles, porque enquanto evolufa, o sistema visual foi se tornando mais conectado ao cen- tro emocional do cérebro. Isso ajuda a entender que todos os mtisculos, de um jeito ou de outro, so controlados pelo cérebro, ‘Com base no entendimento de causa e efeito da empatia, podemos esbocar um contrato do tipo leitor/narrador. O “CONTRATO” Na primeira etapa de se contar uma hist6ria, seja ela oral, escrita ou gréfica, hé um entendi- mento entre 0 narrador ¢ 0 ouvinte, ou leitor. O narrador espera que o piiblico vi com: preender, enquanto o ptiblico espera que 0 narrador vi transmitir algo que seja compreen- sivel. Neste acordo, o fardo encontra-se sobre © ombro do narrador. Esta é a regra da comunica Nas hist6rias em quadrinhos, espera-se que o leitor entenda coisas como tempo implicito, espago, movimento, som e emogdes. Para que isso ocorra, um leitor deve niio apenas se uti- lizar de reagdes viscerais mas também fazer uso de um aciimulo razodvel de experiéncias. voce cowece 3 CONTROLE DO LEITOR ‘Um elemento importante no contrato leitor/narrador € a luta para manter 0 interesse do leitor. Os antficios usados para contar uma historia ligam o leitor a narrativa, Para 0 narrador, isso € uma questdo de controle. Depois que se consegue chamar a atenga0 do leitor, nfio se pode deixé-la escapar. oF. nestor sestoes $2 504 Fat Bu Mio Fue exTeDUDO! ‘A chave para o controle do leitor esté relacionada ao seu interesse ¢ compreensio. Existet alguns poucos temas fundamentais (dos quais ha centenas de variagdes) que podem ser cham dos de universais, Entre eles incluem-se hist6rias que satisfazem a curiosidade sobre pouco conhecidas da vida, formecem uma visio do comportamento humano em varias condiges, representam fant ias, surpreendem e divertem,

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