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A divida publica externa do Brasil, 1931-1943 * Magcrto pe Paa Aprev ** “We shall never be able to move again u can free our limbs from these paper shackles”, J. M. Keynes, The Economic Consequences of the Peace (Collected Writings, vol. 2}, p. 178. 1 — Introdugio Este artigo € uma versio resumida de um estudo preliminar sobre a politica brasileira referente a divida publica externa em circulagio durante © primeiro governo Vargas € as sucessivas negociagées re- lativas & redugto do seu servico, que ocorreram entre 1931 © 1943." Um dos maiores problemas que as autoridades econdmicas tive. io dos 40, na, Por ram que enfrentar no Brasil, durante os anos $0 ¢ i foi decidir a maneira de tratar a questio da divida ext n que ser adotadas para facilitar, tanto quanto possivel, a adaptagio da economia A quase completa mm lado, certas medidas tiver interrupeio do influxo substancial de capital estrangeiro que havia caracterizado 0 periode anterior & crise. Por outro lado, polit tiveram que ser elaboradas no tocante ao servigo da divida em * Cina versio em ings deste stign for apreentada no “Symposium on Foreign Investment and External Tisance" (Cambrilge, 28,90 de jus de 1974) sob 0 titulo Breslin Public Foreign Debt Policy, 1931-1943, © autor agradere fos comentirios de R. Bonelli, W. Fritch, P. Malan, A. Sochaczewhi, B. Van Avkadie © J. Wells, usin como os dos partcipantes do simpisio. Parte das wuisss necastias a este etude, realiradasy no Public Record Office, Londres, Kiala por uma “Technical Awiatence Fellowship" conecdide pela Overseas Development Advsniwation ** Do Institue de Pesguiss Jo IPE. 1 Por divida la extema ent cieulagio deve-we entender — em todo este dos tiivley em eizeulagdo emitides por auoridades pablias fm moedas ctrangias € em index de eidalsor estrangeiras, Nao inanciamento governmental dito ca Mundial (Lend-Lease Exiinhank ee), Foo. Rio de jancio, 5) sa Bum TS circulagio, em face da escaser ov durante 0 periodo em estudo Exte artigo tata basicamente da avaliaggo desse segundo con- junto de politieas, Dividese em trés partes. A primeira é introdu ‘ria e die respeito sobretudo A definigio clo problema da divida ex: tera, tal como enfrentado pelas autoridades brasleiras em 1981 [A segunda parte inclui a descrigio das negociagies realizadas entre 1931 e 1943, bem como a anilise dos seus resultados do ponto de vista dos trés principais paises envolvidos: Brasil, Reino Unido ¢ Estados Unidos, Trata também da rivalidade angloamericana nesse campo € scus efeitos sobre a politiea brasileira. ® A terecira parte € um tentativa de avaliar a politica brasileira de endividsmento externo no periodo como um todo e referia as condigées econdsni- «as internas, As conseqiiéncias da suspensto cotal dos pagamentos em 1937 fo exarninadas com algum detalhe, Esta parte tem caracte- isticas mais especulativas que as demais, o que é conseqiigncia, entre foutios motivas, da notéria escassez de estudos sobre 0 desenvolvi- mento da economia brasileira durante este periodo. ica de divisas que predominou As fontes originais que serviram de base a este trabalho foram, fundamentalmente, documentos do Foreign Office ¢ do ‘Tesouro do Reino Unido, depositados no Public Record Office, em Londres, hem como os arquivos da Corporation of Foreign Bondholders. Co- mo fontes primérias brasileiras e norte-americanas no foram wsadas = com exeecto cos documentos do Departamento de Estado repro- 2A pamtcipagto de intersies franceses nat negocaglics lo & objeto de ‘tudo neste trabalho, pols os empréstimas em frances eorrespondiam 2 uma pequena proporcio da divida pibliea exterma brasileira. Ald diso, 2 dewota {a Franca em 1940 foi considerada pelo governo brasilelia rato suficiente para lo reiniciar es pagamentos do servigo da divida, adiandose as negoc Yelativas a uma nova comporicio para o perioda do. péoguerra, Ver, a este respeito, Financas do Brasil. Dicida Esterma: Compromiscor Brasileiros em Fran os; 1848-1987, vol. XX (Rio de Janeiro, Ministério da Fazenda, Secretaria. do TEE, 1087) (© desenvolvimento das de viata norte-ae sciages até a eetsto da guerra & deserito, do. ponte ino, por D, Gilfin, The Normal Years: Brasilion — ame: Relations, 19301990 (Vanderbilt University, 1962), tee de Ph.D. nfo publica, capitulo 8. Uae, Fontes norte-americanas €, pr Tmordialmente, documentos publictdos sx sésie Foreign Relations of the United States (FRUS) wo, sorwen % ‘Peag. Plan, Eco 31) jan, 1978 dusidos do Foreign Relations of Uke United States ~ & provavel que © trabalho sofra de “excessiva” dependéncia de fontes de informa. io de origem britinica, Limiragdes de espago impediram que 0 autor relerisse com mais freqiiéncia a anilise — especialmente ma segunda parte — aos de: yentos ocorrides nw cenério ccondmico internacional € na y senvol situagio econémica na 2 — O capital piblico externo e a economia brasileira A preponderincia da Gri-Bretanha como supridora de capital as autoridades pablicas brasileiras somente foi comiestad apés a Pri meira Guerra M Assim, entre 1915 € 1930, os empréstimos piiblicos brasileiros contratados em Londres somaram 54,3 milhies de Tibras, enquanto os contratos em Nova Torque atingiram 86,5 mi Thdes de libras. A contribuigio norteamericana foi maior que a bri Anica em todos os campos — ou seja, empréstimos a drgios federais, estaduais e municipais — exceto no caso dos empréstimos relacio- nados & retengio de estoques de café. Neste caso, a participagio britinica foi és vezes maior que a norteamericana, como conse- quéncia da politica do governo dos EE.UU, dificultando @ envol- vimento americano no financiamento da valorizagao do café, enten dida como contrétia ao interesse nacional.* Em fins de 1980, 64,507, do total da divida publica externa brasi- leira em circulacio correspondia a empréstimos britinicos, 30.3%, empréstimos norteamericanos, e 0 residuo sobretudo a empréstimos franceses (ver Tabela 1). A manutencio da predominancia briténica, apesar dos maiores ingressos de capitais norte-americanos, € exp! © Emm 1925, por exemple, © Departamento de Estado informou a lbanqueiro: wortesmericinas que no aprovava a planejada emissio de titules em bene ficio Uo Estado de S80 Palo em Nova Tone. Ver 8. H. Willlams, Leon. Inie Foreign Paley of the United Steer (Nova Torque, McGraw-Hill, 1929, pp. 9 © 403, 4 reluténda britankea com yelagio a0 fomecimento de capital para fi- naneine acumolagio de estoques de café intone 4 recusa de N. M_ Roth child % Sons em partcipar no primeira empréstime de valorieacto. Apes a ues, tanto Seeders TLasards tivcram participagio destarada na emis: ‘io de empréstimos relcfonados a0 ca A Divide Publica Esterma do Brass » ada pelos prazos mais Jongos dos empréstimos briténicos e pela suspensio da amortizagio dos pagamentos, pelo Brasil, entre 1898 ¢ 1910, dos empréstimos abrangides pelo Funding Loan de 1898 ¢, ‘Yasea 1 Divida externa nominal em circulagio, em milhdes de libras esterlinas, 1929-45 * ae eee Empriss Epes Biopris—Emprése Anos times times timer tos Total fm Litas em Dares em Frineoe en Florins i929 1532 709 124 40 1930) 163,0 66 124 09 3981 1267 1076 1, a 1932 148198 180 10 1033, 1612 739 195 1 1954 1022 76. ms 4 1035; 752. 2s 12 1016 745 160 vg 1987 74 4 D9 1438 764 94 10 330 207 93 ut 1090 925 35 06 tout 789 as 06 iw 58 35 06. 1045, m4 35. 06 rout 35 06 1965 548 35 os 1098 — FONTES: V, Boupss, Finuncws do Brasil, vol. XIX (Rio de Juneizo, Minden dds Fexends, Sevreutri do CTER, 1995), Liga das Nagbes, Stata! Yearbook, diversas edigdes, © Monihly Bullain, vol, 27 m2 6 Guho'de 1040), p. 258" “Devese observat que, sno os dados foram eonvertdos em miles de Libeas ‘sterinas, ae variagdes de ano para ano nn divida erm ereulagso peter resleas de varingo real da divide, do vaviapoes dla taka cannbial da lira sterling et lagto @ outras moodas, out de anbwe variagbs, 0 ‘Pes. Plan. Keon, it) jun. 1975 centre 1914 ¢ 1927, dos empréstimos inelufdos no Funding Loan de 1914. 0 fato de que a patticipagio britinica ainda tenha correspondido, ‘em 1980, a mais do dobro da participagio norteamericana na divida em circulagio do Brasil é de importincia fundamental para a compreensio da rivalidade anglowmericana no Brasil durante 2 dé cada de 30, Os norteamericanos tendiam a adotar uma posigio rela. nno tocante &s negociagdes financeiras, con centeando seus esforcos na tentativa de manter sua posigio de maior parceiro comercial do Brasil, Os britanicos, relativamente resignados como declinio de sua importancia comercial no Brasil’ — especial mente apis a Conferéncia de Ottawa em 1932, quando os acordos de preferéncia. pouco favoreciam concessdes as exportagdes brasilei- as para a Inglaterra — tentavam maximizar os pagamentos finan- tivamente coneiliat6ri A posicio britinica foi bastante diferente da nortewmericana ein outro aspecto importante, Os britanicos tendiam a ter maior inte esse em empréstimos a Orgios federais € ao café, garantidos mais 4 Alguns emptstimes cm bray no foram colocados em Londiesy mas ent ox cemttos Fhvanceitos cimopeus, si participa na divkda cota, contude, fra, despeenvel. Reeiprocamente, numerosos sfaulos emt Hibras ieulavam fort do Reino Unido, cxpeciahnente em Portugal, one os tomadores detinham, no Inicio da détada de $0, pelo menos quitve milldes (aloe nominal) € posi velmente 50 miles de libras (valor nominal) em ttslos braileios. Ver J. E. Dias Costs, 4 Moratdria Brasileira ¢ a Bconomia Nacional (Lisboa, 1882), p. 2, © A.C. de Miranda, O Brasil, 4s sune divides externas © of intereses portue ucses (Porto, 1934), p. 18. 0 emprego intercambidvel das expresses “em. ‘pestinos ean Iibras” © “empristimos britinicos” nfo é, portant, estritamente correto, mas torna-seacetgvel uma Yer que se siba gee tomadores nio-bitdnicos Ae tieulos em libas nfo tiveram partcipagio ativa mas sucesivas negoc espeito ca prevenga, cm 1984, de um vepresentante dos interests portuguese (© governo braslviro tendia a concordar com Niemeyer, que dia que “ni igweit paeciws Ievar a sério os portugues", Niemeyer para Waley, 15/8/34, oreign Office (F. 0.) 871,17481, A@2M4/147 6. '\ patiipasdo Dritinia mas importagdes braiezas declinow de aproximar amente 3% na primeitn déeada do século para 20% em fine da década de 29, enquanto a participacio nas exportaces cals de 20% para 5%, 4 Diside Pablica Eterna do Beit " solidamente.” Além disso, oy empréstimos norie-americanos, contra- taddos no period de 1920 a 1980, caracterizavamse por taxas de juros mais clevadas & prazos mais curtos de amorticagio. Ver pelo exame dos dados apresentados na Tabela 2, que o servigo dos empréstimos (juros e amortizagées) norteamericanos correspondiam, em 1980, a mais de 36% do total do servigo da divida, enquanto a participagio norteamericana no total da divida em civculagio era de apenas 30.8%." Esses “descquilfbrios” seriam origem de contlivos importantes entre os credores durante as futuras negociagbes. Apés o completo exgotamento, em principios de 1981, das reservas brasileiras em ouro e divisss € a acumulagio de um descoberto de 6,5 milhoes de libras com N. M. Rothschild & Sons., tomouse evi dente que nio seria possivel continuar a manter o servigo integral da dfvida externa, pois isso absorveria uma parcela intoleravelmente clevada do “ingresso total” de divisas ~ ver a pemtiltima coluna da Tabela 3 2 seguir — mesmo se x fuga de capitais pri rada. Era necessirio um reajustamento dos pagamentos do servigo da divida a lus da redurida capacidade de geracio de divisas da los Fosse i © A participacdo britnica oorrespondia, em 1980, a 716% da divida fered om citcilago, 47.1% da divide ena, 423% da divide municipal 78% dda divida relacionada empststinos do cafe 7 Os esiudos sobre a divida extemna Lraslene tio dedicam a devida atencio sw fluxo de pagasentos,resringindo a anslise aos totais da divida em citeula ‘Ho © 4 legstagio pertinente. Ver V. Hougas, Fonencas do Brasil. Dida Externe, 1824-1915, ol. XIX (Rio de Janeiro, Ministerio da Fazetda, Setetaria do CTEF, 1955), @ C,, Lemos, Dividla Externa. Anise, Legilardo e Documsenton Elucida. fives (Rio de Janciro, Imprense Nacioil, 1915). Por outro lado, alguns estado luulizam dadot no contdvels, come, por exemple, D. Avramovic, Debt Service Capacity and Post-War Growth in International Tndebinets (Baltimore, Johns Hopkins, 1958), p. 194, que util daden sobre 0 servign tebrico, ¢ nao ‘sobte servigo: real Nio ha duvida de que nto eram infundadas as suspeitay britinicas 0% métodos Iancinis que prevaleciam em Nova. Jorque ein fins da deada de 20. O estudo de Minte sobre + qualidade de tittos estrangeiros eolocados ‘nos Kstudos Unidos durante toda w deada sugere que “grande mimero de em préstimos externes craum iinlubiavelmente enganor ex ante, ito €, se tivesiem sido cuidadosatiente analsados 4 luz das condigdes entin prevalecentes, jamais teriam sido concedidos”, Ver I. Mint, Deterioration in the Quality of Foreign Bonds sued in the United Slater (Nova Yoryue, NBER, 1951) e esq, Plan, Econ, 5(1) jun. 1978 Taseta 2 Servico da divida externa priblica, em milhdes de libras cesterlinas, 1929-45 * SEES eC ee reece ee Bmpr Bmpr Emgprés- impr noe tinor——timos times timos, Total em Libres em Dilazes em Francos ean Floris 3029 195 oa o1 og ia 1930 20 6 og 1031 104 o7 08. 1952 on 193 a7 of eS 1934 38 16 18 035, 46 ot ha - 1996 50. ar og 1097 38 30 02 1938 ~ i - - 1039 - - 1040 20 - oat Bry s 1912 28 7 ~ 1943 a = - 19s 112 105, 05 7 7 FONTES: 1920-37: Pinengas do Brasil. Unigo, Kalados ¢ Municipion, 1638 (ig de Janeiro, Minitério da, Farenda, Secretaria’ do. CTER, 1938); iro, IBGE, diversas etigbes; ‘Taxes de cimbio: icagoes da Liga das Nags, eanforme Tie bela 1. “+P. bastante ingerto se estes dados incluem o regate especial em belt entre sob ¢ 1043, de 6,1 milder de libras @ 222 millbes de dolases de ttalos (eslor rhominal), Ver Reifospecta do Jornal do Commerco (Ito de Janeiro, Jornal do Com rerio) pane 140-38, A Divide Piblica Extema do. Brasil 6 (3 sin sss aan diet 2 7 ne oad snowed ap obunug 9 21908 sopop sundpo 6 vray, Pes. Plan, Keon. (1) jun, 1978 4 economia.* A inevitabilidade da suspensio dos pagamentos torn. se ainda mais evidente se for notado que o pagamento integral do servigo devido em 1982 contimuaria a exceder 0 saldo da balanca ‘comercial, muito superior ao observado em 1980, resultado de rede Gio das importagées superior & das exportagies." (0 processo de reajustamento foi gradual: um empréstimo de con solidagio parcial fot negociado em 1981 por tés anos; em 1934, foi acertadlo um esquema quadrienal de pagamentos reduzidos; em 1987, > Isto nio leva em conta as nectsidades le eobertura cambial para cransferén fdas de Tuers zelationados & eperacio de capital estrangeiro dietamente in vestido no Brasil e remesias privadas, estinadas em 20 milbdes de libras. Ver Ministrio da Fazenda, Helatéria apresentada ... pelo Ministro Onwaldo Ava nike, Fxpotigéo velaioa ao periodo de 30 de novembro de 1930 a 15 de no wwembro de 1933 (Rin de Joneito, Ministrio da Fazenda, 1983), p. 8. A “ca pacidade de pagar” da ceonom ‘natoraimente, foi também limitada pela questa fe reestae yulblieas astocinua reduc do nivel da atiedade econdmict. As eamcreisticas do sistema econdmico internacional pré-Depressto — que impl ‘avam em oooréneia cidica de problemas de craneréncias — foram. exaninadas por Nuskse: “As variagies relacionadas 4 emptéstinos externor tenderam 10 pasado a agravar as flutnacées no balance de pagamentos dos palses pred ores de Lens primasios. Em geral, capitais foram atrldes para estes paties ‘quando os progot de exportagio estvam em ascensio, Uma reduglo doa precos dos produtos de exportacio ¢ conseqiente deterioracéo das condigées internas resultou_geratiente em busca queda ow mesmo completa interrupele das en tuadas de capitais de longo prazo. 0 intluxo de recurs, assim, pode trans formarse bruscamente em salda liquida de recwsos, em vista de abrigaebes con: lratuaie que visawam a lee mao apenas os pagumentos de juror, mas também 4a amovtizagies ca diva em cireulacha, Freqentemente, a iteenpezo complet2 fle pagamentos resuteou da iter das contratos de empréstinos. em vista dae Aamplay flutnagées de senda naconat, demanda e emprego nos paises credones industralzaies.” League of Nations, Fniernational Currency Experience (Pein ceron, 194), pp. 208-4 9-0 quociente entre pagamenton relatives apenas aos juror da divida ex verna piiblien ea reeeita de exportaco, so a suspensfo dos pagamentos no hhowese ocorido, teria aumentado para cera de 25% em 1982 0 quociente contre pagamentos totais do servico da divida (Velacionado com a disida publica fextcma ein circuligia) © receita dle cxpertacio teria aumentado para 45% (0s quncientes apresentados por Finch, “Investment Service of Underdevelopet Counties”, 2 LMF Staff Papers (Setembro de 1951), para outtes palses, mao io compari com of queciomtes acim, pate referemge ag senigp total de ivewientos cstrangeires, exeluinde amortiacics, Os exasos dador disponiveis para o Brasil sagerem quotiente comsideravelmente superior ao de qualquet ‘out pas que de tenha sispendide o¥ pagainentes. A Dioida Pale Ester ty Boast 6 Brasil swypendew inteiramente os pagamentos; em 1940, umn novo cesquema quadrienal de pagamentos reduzidlos foi negociado e, final. vente, em 1943, estabeleceuse um acordo relativo & solugio final da questio da divida externa brasileira 3 — Negociagées e decisées unilaterais referentes ao servigo da divida piblica externa entre 1931 ¢ 1943 3.1 — 1931-33 Em 1° de setembro de 1931, as autoridades brasileiras decidiram suspender 0s pagamentos relatives & amortizaglo de todos os emprés- timos externos, exceto dos Funding Loans. Pouco depois de pedir stdes aos Rothschild — que deveriam levar em conta as 0} de Sir Otto Niemeyer — para um plano destinado a estabelecer pa. gamentos reduzidos do servigo da divida externa, 0 governo bras: Ieiro decidiu também suspender os pagamentos dos juros de todos (05 empréstimas, com excecio dos Funding Loans. No final de setembro, os banqueiros sugeriram que a divida total deveria ser dividida em «és categorias: a primeira incluia os Funding Loans, a segunda os empréstimos garantidos ¢ a terceira os nto ga- vantidos. Na primeira categoria pagarseia o servigo completo, na Segunda apenas 05 juros contratuais (excetande o empréstimo ein lar de 1922, que, sendo menos solidamente gerantido, receberia somente 50% dos juros contratuais) e na terceira 25%, dos juros contratuais, Os juros nfo pagos seriam cobertos pela emissio de ‘certificados de atrasados”. O esquema seria adotado por trés meses apenas, quando entio seria reavaliado & Iuz de novos fatos. Esta sugesto mio foi aceita pelus autoridades brasileizas, cuja contra. proposta constituiu a base do acordo final 1° © governo brasileiro comprometeuse a fornecer divisas para aten- ler ao servico completo dos empréstimos de consolidacio anteriores, bem como para o pagamento dos atrasados franceses decorrentes da 1 Ver J. M. Whitaker, A Administrardo Finenceire do Governa Provisirio, de 4 de niovembro de 1930 0 16 de novembro de 1931 (Sb0 Paulo, W985). pp. out 6 Pes. Plan. Beam. 51) jn 1975 decisio da Corte de Justiga de Hala, referente ao pagamento do ser vigo de alguns empréstimos franceses, em francos pré-19l4. Os page mentos de amortizacbes relativas a todos os demais empréstimos bra. sileiros foram suspensos, © os pagamentos dle juros consolidados por trés anos através da emissio de titulos, a 5% 20 ano, Esses ritulos deveriam ter seu servico pago normalmente. Esse acorde beneficion os portadores de titulos de empréstimos brivinicos © franceses, pois os empréstimos de consolidagio de 1898 € 1914 nie incluiram empréstimos norte-americanos. Alem disso, os britinicos conseguiram extrair do Brasil a conces- So de que o servico dos seus empréstimos garantidos deveria ser pago em “equivalentesdélar”, ou seja, em libras-ouro ao invés de libras- papel. tt [A diseriminagio dos interesses norte-americanos — no foram se- quer ouvidos ~ foi possivel devidlo ao estado insatisfatrio das rela- {goes politicas entre o Brasil e os Estados Unidos na época. Além disso, a influéncia de Sir Otto Niemeyer no Brasil estava no auge quando © pagamento do servigo foi suspenso, pois isto ocorreu ape- nas dois meses apés a publicagio de seu relat6rio sobre a economia brasileira, A correspondéncia de Niemeyer com J. M. Whitaker, enti Ministro da Fazenda, sugere que sua influéncia & parte impor. rante da explicagio do sucesso Britinico em obter do Brasil um acorilo tio favoravel 12 11 Esta eoncosio foi obtida depoir de o Reine Unido aver abandonado 0 padrio ouro © petminccen om vigor até 2 desaloriacéo do dolar em 1953, Ver United Staies of Brad Funding Bonds, Londres, 14/3/92. (Declaracio pt cada cm nome € por iestiucte de Goserno dos Fstadox Unidos de. Brasil por No M. Rothschild! & Sin) 12 Em 198), 0 governo dos Extador Unidos cetermincu @ embargo da expor: lacie de armas pare os rebeldes do Brasil exatamente dois dias antes da queda 0 govero consitucional, Ver Lindsay a0 .0., teh 546 MR), 28/10)80, FO, S71/14201, A6205)105/6, hem como Brat, Annual Report 1930, p. M, FO. 571/15067, A149; 1869/8. No fot posivel encontrar qualquer apoio em doctmen. tos britdnicos para a alegagio, comum em alguns etcules, de que o golpe de 1980 contou com 0 wspalde de interesses norte-americanon Sebee oa ME, Bandeira, Presence dos Bsulos Unidas no Brasil (Dots Secutos de Hisedre) io dle Janeiro: Civilrao Brasileira, 1978), Cap. 2. Sobte as relagder entre Whitaker ¢ Nicmeyer, ver extrito do memornidum de Tring ao Fmbaixador britinieo ne Brasil, Rio de Jancito, 4/4/81, F.O. 371/ A Divide Publica Externe do Brest " Do ponto de vista brasileto, as disposigdes do empréstimo de consolidagio pareceriam a posteriori insatisfatéria, implicando mero adiamento do problema de curto prazo de obter divisas para aten- der ao servigo da divida ¢ resultando em aumento da divicda total em circulacio. O acorde nio resultou em redlugio dos juros, pois a taxa de 5% era aproximadamente equivalente a média ponderada das taxas de todos os empréstimos em citcalagéo, Por outro Indo, a taxa acertada nfo se comparava desfavoravelmente com as altas taxas que predominavam nos principais mereades financeiros interna: is — com exclusio dos Estados Unidos — durante a segunda me. tade de 1931, A cléusula refativa aos “equivalentesdélat”, operando em favor de alguns empréstimos em libras, cra, € claro, extrema ‘mente prejudicial aos interesses brasileiros.* A despeito do que parecia um chiro tratamento preferencial dos interesses britanicos, 2 oposicio de Niemeyer ao acordo relative 20 empréstimo de comsolidacio — baseada no argumento de que um saldo comercial de 20 milhdes de libras era compativel com a manu- tencio dos pagamentos dos juros de todos os empréstimos federais € com 0 servico completo dos empréstimos de consolidagio anteriores ~ foi tal que convencen o Foreign Office a considerar a possbili dade de farer uma representagio ao governo brasileiro. A’ Embai xada no Rio, contudo, nao concordava com as opinides correntes fem Londres sobre a posi¢io cambial brasileira e, vitoriosamente, Dloqueou a inieiativa.+# As divergéncias criadas pela escassez de cobertura cambial foram considerévcis, niosomemte entre 0 Brasil e seus ctedores ¢ entre 15068, 42530/28/6; FO. a Keeling «Niemeyer a Whitaker), tel. 107, 5/10/31 F.0, S71/15005, 5892/288/6 € Keeling 20 F.O. (Whitaker a Niemeyer), el Wi, 8/10/81; FO. 71/4508, 45985,/288)6, Cabe note que, como as negoria: hes relativas ao empréstime de consolidagio de 1931 foram realizadas ditetamente entre 0 Ministéio da Fazenda © N. M, Rothschild & Sons, parece fora de ‘questio o aceso a parte do material yelcvante existente na Gei-Bretauha, Sobre 3 missdo Niemeyer, ver M. de PL ADIEU, “A Missio Niemeyer”, in Revista de Administrapio de kmpresas, vol. 14, 04 (EGY, Sio Paulo, julhofagosio de 1974) 18 Quanto @ texas de juror, ver Liga das Nasties, World Economic Survey 191682 (Geneva, 1982), pp. 1368 14 F.0. para Keeling, el 107, etado na nota 12, € Secs & Craigie, 18/2/52 P.O, S71/15805, SUI94/ 30816 ws ‘Pesg. Plan, Heo, 51) jum. 1075 credores de diferentes nacionalidades, mas também entre credores linanceiros ¢ comerciais da mesma nacionalidade, No inicio de 1932, ‘6 embaixador inglés observou que os representantes da Casa Roths- child estavam preacupadas com o fato de que apenas os interesses financeiros obtivessem cobertura cambial. “Tanto eles como Nic- meyer tém seus olhos voltados exclusivamente para as finangas, ¢ iio para 0 comércio ..." 9% Aparentemente, 0 desufogo causado pela reducio dos. pagamentos relativos ao servico da divida, possibilitado pelo esquema de 1931, nao foi suficiente, pois no perfodo 1933-34 o Brasil teve que negociar acordos relatives & liberacio de cobertura cambial para transferén. cia de depésitos em moeda nacional relacionados com a liquidagio de débitos comerciais e remessas de Iucros (que nao podiam ser trans- feridos por falta de cobertura cambial) com os Estados Unidos, In- glaterra e Franca, somando 11,8 milhdes de libras. 2 — 1934.36 Em 1934, ano em que expirava o acordo sobre o empréstimo de consolidagio, © governo brasileiro ¢ os principais credores concor: Garam que novas negociagées deveriam ser realizadas tendo por ob- jetivo um acordo referente a0 reinicio do pagamento do servico de ‘outros empréstimos, além daqueles que recebiamn servigo completo de ucordo com as disposigées do esquema de 1981, envolvendo paga- ‘mentos totais anuais mais elevados do que os anteriores. Isso bene. ficiaria a maioria dos credores ~ que receberiam alguma coisa a0 invés de nada — do devedor — que desejava evitar qualquer au mento do total da divida em circulacio. As megociagdes deveriam desenvolver-se no sentido de chegarse a acordo quanto 4 “capacidade de pagamento” do Brasil ¢ & dis. 10 dos pagamentos entre os varios empréstimos, que deveria respeitar, em principio, os direitos de prioridade de cada empréstimo, de acordo com a forma estabelecida nos contratos originais. 13. © wepresentamte dos Rothichitd chegou 0 ponte de apotar legistacto Innnileira determinando o consno de matésias- objetivo de facilitar 0 pagamento des compromises financeirs. Seeds para Henderson, n° 8 18/1/91, 0. $71/15002, A792/288,6, 4 Divide Pidlica Bxtema do Brest “0 A protegio dos interesses ingleses foi, mais uma yer, asseguraca pela intervencio de Niemeyer, que. de regresso ao seu pafs apés intl gir um relatério nos argentinos sobre 2 eriagio do banco central, detevese no Rio e sugeriu a Oswaldo Aranha, entio Ministre da Fazenda, as principais idéias que deveriam servir de base as dis cusses A principal caracteristica do exquema proposto foi a divisio de todos os empréstimos em sete categorias, de acordo com sua impor- t4ncia; quanto mais baixa a categoria, mais reduzides os pagamen. tos de juros (de acordo com uma percentagem contratualmente esta- belecida) ; no caso de empréstimos de categoria inferior, esta percen- tagem aumentaria em cada um dos anos cobertos pelo esquema. Os ‘empréstimos das categorias 1 (empréstimos de consolidagio) € 2 (em- préstimo do eafé de 1980) receberiam pagamento completo dos juros contratuais; 03 da categoria 8 (todos os empréstimos garantidos 20 governo federal, mais 0 empréstimo 20 Instituto do Café de Sio Paulo) receberiam 30% dos juros contratuais no primeiro ano, au: ‘mentando para 51% mo quarto ano; os da categoria 4 (empréstimos ‘20 governo federal sem garantias e alguns empréstimos ao Estado de So Paulo), 259%, aumentando para 40%; 0s da categoria 5 (alguns cempréstimas estaduais), 209%, aumentando para 5%; 08 da catego. ria 6 (empréstimos estaduais € municipais), 10%, aumentando para 159; 08 da categoria 7, nenhum pagamento. A categoria 1 receber 100% e, a categoria 2, 50% da amortizagio contratual, enquanto ‘que os demais empréstimos mio receberiam quaisquer pagamentos relativos & amortizagio. Na verdade, a divisio dos despojos entre os credores revelouse ‘questo de solugio mais dificil do que a determinagio da “capaci dade de paga do Brasil, que todas as partes concordavam seria da ordem de 89 mithoes de libras anuais.2© Os norte-americanos pereeberam, com razio, que 0 esquema pro: posto favorecia excessivamente os empréstimos em libras ¢ utiliza yam toda a pressio de que dispunbam para corrigir © que pensavam, 26 essa estimativa fol resulta da apliagte da rogra empiren que estab lecia que of pagamontos da divide deviam correspooder a aproximadamente 50%, tlo “aldo da balangs cnnercal”™ Ver Corveio da Manhd, 1/7/33. noticands wana bia. Finanqas, em 30/6/38. reunido do Conselho Téenlen de Ee 0 Pes, Plan. Econ. $1) fn. 1975 ser um acordo injusto, O embaixador recebeu instruges para infer- mar a Oswaldo Aranha que 0 governo norteamericano “nao tem 0 esejo de invocar, como argumento, o fato da existencia de um forte balanco de comércio desfavoravel dos Estados Unidos com 0 Bra sil... (© espera que nfo sejx compelido pelos fatos a recorrer ao uso, cada vez mais freqiiente, de acordos bilaterais de compen aa No acordo final, o vepresentante americano consegui obter @ rebaixamento do empréstimo ao Instituto de Calé de Séo Paulo (em libras) da categoria 3 para a recém-criada categoria 5, dos em: préstimos 20 governo de Sio Paulo (em libras) da antiga categoria 4 para a nova categoria 6 (antiga categoria 5), a promogio do emprés timo em délar ao Rio Grande do Sul para a nova categoria 6 © a melhoria das condigGes oferecidas aos empréstimos da nova categoria 7 (60% de empréstimos em libras e 50% em délar), A nova cate goria 8 (antiga categoria 7) nio xeceberia pagamentos. Os paga mentos totais aumentariam de 7,3 milhées de libras no. primeiro ano para 9 milhées no quarto Essa alteragdes, contudo, foram relativamente despreziveis, envol- vendo melhoria liquids nos pagamentos de juros de apenas 0.8 hoes de Tibras durante 05 quatro anos de acordo, Os norte-ame anos conseguiram, também, convencer os Drasileiros a redurit 0 montante dos titulos do empréstimo de consolidacio de 1981, com prazo de 20 anos (em libras), que haviam prometido aos britanicos vesgatar, de 1,2 a 0,6 milhdo de libras, mas isso foi, de qualquer rmaneira, uma promessa inelevante a posteriori. Os prejuizos reais britinicos resultantes da introducio das alteracSes patrocinadas pelos novte-americanos foram irrelevantes, O representante britinico, con- tudo, conseguiu obter, como compensagio pela melhoria da posigia notte-americana, uma promessa do governo brasileiro de despender, no perfodo de quatro anos, a importincia de 0,4 milho de libras no resgate, a pregos de mercado, de titulos em libras classifiendos ngs categorias inferiores © Brasil conseguiu ineluir no acordo final uma clausula prevendo — quando ¢ se houvesse divisas disponiveis — 0 resgate dos ttulos 1 Calfery para Gibson, Instrugdo m2 25, 24/10/98, 892.51/799, Foreign Re- lations of the United Stotes (FRUS), 1933, vol. 5, pp. 884. 4 Divide Publica Rxterna do Bras 1 a0 prego do mercado, a despeito da suspensio parcial dos pagamen tos, Essa eliusuta fof utilizada a principio apenas no caso dos ent préstimos ao calé. Durante @ gueira, contudo, ha evidéncia de res gate de outros empréstimos, também mediante compras no mercado Oswaldo Aranha, procurando a1 icas internas des. favoraveis & composigao, alegou que o Brasil pagaria 33,6 milldes de libras em quatro anos, em vez dos 90,3 milhdes contratuais, sendo os "ganhos” reais, conseqiientementc, «le 57,1 milhdes nos quatro anos.1® Essa alegagio tem sido repetida, sem as devidas qualificaciées por historiadores econdmicos..® £ claro que Oswaldo Aranha, erro. Aeamente considerou como “ganhos” tanto a redugio real dos paga- ‘mentos de juros quanto o mero adiamento dos pagamentos dos fun- dos de amortizagio. Na quarta segio deste trabalho a tistincio en. ‘te 05 diferentes tipos de “ganhos” serd objeto de exame, A imprensa britinica, além de criticar os termos do acordo, jul gandoos excessivamente fayoriveis a0 Brasil, indignowse com 9 que considerava tratamento preferencial dispensada a certos empréstimos norteamericanos, em detrimento de empréstimos britiniens mais sie Jidos, mas reconheceu a posigie muito mais forte dos Estados Uni dos para exercer pressio sobre © governo brasileiro e a semelhancn entre @ comportamento norteamericano no Brasil © @ britinico na Argentina. Foram veiculadas também algumas criticas na aiitude de Niemeyer durante as negociagies, em virtude de sua ale adda protesio aos interesses de algumas casas cmissoras — N. M. Rothschild & Sons, em particular — em detrimento de Lazard, casa interessida no empréstimo a0 Instituto de Gaté de Sio Paulo, que hravia sido rebaixado."™ © proprio Niemeyer, entretanto, bem como todos os funciondrios do Foreign Office ¢ do Tesouro Brivénico interessados na questio, julgavam que a proposta era a melhor que poderiam ter esperanca 18 Ministésio da Fazenda, Expos de Motives n2 56, de 824 18 Ver, por exemplo, os autores bravikiras citades na nota 7 anterior, © A. Villela © W. Surigan, Poltice do Govero ¢ Crescimento da Economia. Bra Sileira 1889-1945, Série Monogrifien (Rio de Jaco: IPEA/INPES, 1873), 0: 10, p. 268 29 The Times, 10/2/34, © The Beonoimist, 17/2/94 21° Law para Sangent. 16/2/34, P.O. 71/1748), \1620/14% 6. a esq. Plan. Keon, 51) jun. 1975 de obter.22 © Foreign Office, em especial, resistin com vigor a todas as presides para intervir, tendo 0 Ministro, Sir John Simon, argu mentado que “me predecessor, Lord Palmerston, que getalmente niio se considera como tendo sido moderado quando se tatava da dlefesa de interesses britAnicos, formulou a doutrina de que se os investidores decidem comprar titulos de um pafs estrangeiro, ren endo altas taxas de juros, de preferéncia a titulos do governo bri- Lénico, rendendo taxa de juros menores, nio podem alegar que o govern britinico tenha obrigagio de intervir na eventualidade de suspensio dos pagamentos", ¢ que o Foreign Office consider possibilidade de intervengio apenas se surgisse evidencia de diseri minacio contra os interesses britnicos.®® A satisfagio britimica nao era destituida de fundamento, O es oco geral do plano fora de concepcio britanica c, depois que os norte-americanos conseguiram obter concessbes relativamente insig. nificantes, os britinicos rest brio extraindo ouras concessées do Brasil, Além do mais, isso foi conseguido apesar do poder de barganha imensamente mais forte que os norceamericanos dispunham, em virtude de seu deficit no comércio com 0 Brasil Os norteamericanos, por outro lado, como se tornaria claro em futuras negociagies, a despeito do aparente contentamento do Fo. reign Bondholders’ Protective Council (FBPG) com 0 acordo, se ressemtiram profundamente da sua exclusio dos estigios iniciais das negociagSes, que teriam resultado em um esquema que fora nobrado para favorecer injustamente 0s empréstimos em libras”.2 © “porete” norteamericano fora finalmente usado, mas néo de modo sulicientemente contundente: A implementagdo do que vei a ser conhecido como “Plano Ara. nha” nio deixou de apresentar problemas, em virtude da forte con- conréncia por diviss conversiveis que persistin durante toda a dé- cada de 30 no Brasil. Hi pouca diivida de que Vargas teria resol 2 Minuta de Broad dnterpelacio parlamentar do Major Sir Alan McLean). 4, ¥0. HSI, 1508/147/6, © Niemeyer pare Waley, 1/8/34, F.O 768) 187/6. 3 Miouta, Simon pars Leather, 3/4, #0, 8 7481, AM40)147/6, 24 Gitwon para Hull tel. 14, 25/1/34, 892.31/861, e Clark para Combsio bxccutiva do FBPC, 25/1/34 FRUS 1934, vol. 4. pp. 6156, 4 Disida Prbticn Externe ho Brasil os vido suspender os pagamentos em 1985, se acordos a respeito da iquidacio progressiva dos atrasados comerciais io tivessem sido aleangados, cedendo, assim, as fortes presides de funcionarios go. vernamentais, que julgavam que seria preferivel declarar uma mora. ria relativa a pagamentos da divida externa do que enfrentar uma caréncia permanente de divisis necessirias para saldar dividas co- merciais.™ 3.3 — 1937.39 A questio da divida externa foi discutida por Souza Costa, Ministro a Fazenda, e 0 FBPC durante 0 vero de 1987, época em que uma missio brasileira visitow os Estados Unidos. Nenhum acordo, con- tudo, foi obtido sobre as linhas gerais de uma nova composicio, ficando decidido que Souza Costa, depois de seu regresso 20 Brasil, redigiria uma proposta que seria considerada como base de dis cussio.2 Apés 0 golpe de novembro de 1987, 9 governo brasileiro anun. iow a suspensio dos pagamentos referentes & divida externa durante és anos. Vargas argumentou que o Brasil fora obrigado a suspen- dler 05 pagamentos em virtude da impossibilidade de atender a0 servigo da divida e custear importagdes essenciais para o reequipa mento do sistema ferrovidrio ¢ clas forsas armadas, A alternativa de hegociar um novo esquema de consolidagio foi considerada inacei- tavel, uma vez que aumentaria x divida em circulagio, ja con: derada desproporcional & “capacidade de pagamento” do pai A analise da suspensio dos pagamentos, feita pela revista The Economist, foi tipica da reagio da imprensa britiniea: “A suspensio dos pagamentos pelo Brasil corresponde a mais cinica medida dessa natureza de que se recorda 0 mercado londrino”.2 A reacio dos norte-americanos foi relativamente moderada, de acorde com sua 5 Sows Dantas para Sours Costa, 6/1/35, Arquivos de Gevulio Vargas (GY) 4/16, e Vargas a Avanba, 9/1/95, GV: 6/17, citado por H. Silva, 1995, 4 Ree cola Vermellia (Rio de Joneine: Civliragio Prasicive, 1909), pp. 49°50, 2 Lindsay para len, 0 69F, 2/4/87, FO, 371/20805, A5744/316/6 57 G. Vargas, 4 Nove Politica do Brasil, vol. 5 (Rio de Janciro, Jou Olym: pio, 1988) pp. 2645, diveura promunciad «m 10/11/97 28 The Economist, 19/11/37 a Peog. Plan, Econ, 51) jum, 1975 tuitica basicamente defensiva com yespeito A questio da divida ex- terma: deixar que os britinicas aparecessem como vildes fizessem © trabalho preliminar para, em seguida, insistir em reivindicagées cespecificas que geralmente se referiam & distibuigio e no a0 nivel dos pagamentos. Os norte-americanos pareciam especialmente preo- cupados com a possibilidade de que qualquer represilia a suspensio dos pagamentos pudesse envolver imposicio, pelos brasileiro, de novas restrigSes a0 comércio, o que conflitaria com o objetivo ba- sico da sua politica cconémica externa.* Os interesses norteamericanos, em particular, eram defendidos por Oswaldo Aranha, que, apés alguns anos em Washington, trans- formarase em defensor entusiasta de uma politica de lagos mais esireitos com os Estados Unidos. Aranha pensava que a suspensio dos pagamentos custaria mais em délares ¢ em libras do que o ples pagamento, € que, como somente nos Estados Unidos havia mais de um milhio de pessoas cujo sustento dependia dos pagamen. 10s feitos pelo Brasil — principalmente gente pobre — wansformé- Tas em inimigos constitufa um erro econdmico © politico, especial mente porque © povo americano consumia metade das exportagoes brasileiras.99 © principal motivo da moderagio norte-americana, contudo, ndo deve ser buscado nem no contexto da defesa do comércio multila- teral, em oposigio ao bilateralismo, nem como resultado dos pro. nunciamentos pré-americanos de Oswaldo Aranha, mas, com maior probabilidade, na estratégia politica global de Roosevelt sobre 0 pa. pel do Brasil no contexto da Politica de Boa Vizinhanga. A missio Souza Costs yoltara de sua visita a Washington em meados de 1937 com a impressio de que os Estados Unidos nao =} Holl para Catlry, tl. 0, 16/11/37, 892. 51)200, FRUS 1937, vol. 5, pp. we, 1m norevista de Arana 8 21 Morgenthaw, Secretitin do Tesowro dos Estados Unidos, stribuio. as pso messy de asiténcia finance noste senericama ao Teil, fits cm 10ST, 20 dleeja de Roovevelt de conteabalancar s sufludncia alem elte o& ditadores la prema, emt 28/12/97, Uingamericanos € pasa conservar Vargas pan-americansta, 2 despeito da. ant ia pewual que semtia por ele, J. M. Blut, Brome the Morgenthan Diavies, Yrare of Griss, 1928/1998 aston? Haghton anv Mifflin, 1959), $98 A Divide Pablig Esterna do Brasil ® Tetaliariam caso 0 Brasil suspendesse 0s pagamentos da divida, Isso foi, sem divida, levado em consideragio quando se decidiu a sus pensio.!? Apés a suspensio, os norteamericanos chegaram a ponto de pressionar os franceses para bloquear-lhes as tentativas de reta Tiago, mediante a proibicto de importagies de café brasileiro.*® Os britinicos, por outro lado, estariam teoricamente dispostos a fazer uso do Debts Clearing Office Act, de 1934, para enfrentar a suspensio dos pagamentos, mas “infelizmente ... no caso do Brasil, © balango de pagamentos no permite tornar efetiva a ameaca de clearing”. Além disso, as autoridades britnicas percebiam. clara. mente que “se os Estados Unidos exereerem sobre o Brasil toda a Pressio que esto ‘mento integral dos titulos em délar © nada sobrar para os porta: dores de titulos em libras”.# n condigies de aplicar, poderio obter o paga Em principios de 1958, The Keonomist voltou sem rodeios 20 as sunto: “A politica adotada pelo Brasil esti impondo uma tensio quase insuportivel sobre os seus interesses siltimos: embora © mer: ado Jondrino sempre se tenha mostrado disposto a proporcionar desafogo temporitio a devedores em diliculdades, nfo esquece 2 suspensio arbitriria de pagamentos’. Contanto que 0 “governo cumpra seu papel conirolando as tendéncias no sentido de impottar ens supérfluoy” — e levando em consideragio 2 rapida expansio industrial da produgio substitutiva de importagSes ¢ a campanha para aumentar 0 cultivo do trigo — “o Brasil ni ado a escolhier rigidamente entre destroyers © 0 servigo da divida", dado std obr que, apés a Tiquidacio dos atrasados comerciais cm 1940, um certo montante de divisss conversiveis seria liberado. Se as “importacées supérfluas” sio interpretadas como significando bens de consumo, © argumento é algo irrelevante, pois estas foram em média apenas 8 Ver FLD, McCann Ji. Breit World War It, 1937-1942 Hndtiana v ula, pe 45 82 Hull para Cattery, el, 80, 16/11/37, 358-4, © Lindsay para F.0., (eh 138, 20/11/37, F.0. $11/2 1M Waley para Holm, 29/12/97, 0. $71/20689, 494 nd the United Slates and the Coming of vets, 1967), ese de A.B, ng publi 16 esq, Plan, Bon, 51) jun, 1995 13 milhdo de libras mais altas durante o periodo de pagamentos (1958-89) do que entre 1938 ¢ 1987." ‘As opinides de The Economist eram bem representativas das que prevaleciam em Londres sobre a suspensio dos pagamentos, tanto na Gorporation of Foreign Bondholders (CFB) quanto no Foreign Office. Por outro lado, 0 Embaixador britinico no Rio e Sir Henry Lynch — representante residente dos Rothschild no Brasil — tendiam a simpatizar muito mais com a versio brasileira dos motivos da suspensio, Conquanto fosse relativamente facil para Londres ignorar as opinides de Lynch, sugerindo que ele estava “rather going native”, a influéncia do Embaixador foi suficiente- mente forte para bloquear, ou moderar, alguns dos protestos mais violentos do CFB." E interessante notar que 0 Embaixador norte: americano era, também, um “liberal” no que se relere & questio da divida, em comparagio com as opinides que prevaleciam no Departamento de Estado.** 3.4 — 1939-42 As representacoes feitas pelos credores durante todo o ano de 1938 para convencer o governo brasileiro a tomar as medidas necessiias para reconsiderar sua atitude foram em vio. As negociagies que, finalmente, tiveram inicio em 1989 foram resultado direto da vi sita de Oswaldo Aranha — na ocasiio, Ministro das Relagdes Exte- riores — feita aos Estados Unidos no principio do ano a fim de Phe Economist, 12/2/28 © 12/8)38. HA alguma ironia no fato de que o iro que 0 CEB ~ de exjo conselho Niemeser fozia parte ~ no péde obter tin para os tomalores de titos foi pacialmente pago as firmas Vickers (um dos fstaleinos encarrgades da construgio de destroyers para a Mavinha Brasileira) fe Vickers Armstrong. fenvolvida na cletrificacio da Estrada de Ferro Cental do Brasil) — empress que fariam parte de wa grupo com © qual Niemeyer man tinhaesteitos Inco, como diretor da Vekers Armstrong. 38 Minuta de Turk, 1/6/38, F.O, ST1/2i21, A1210)25/6, © Gurney para Balfour, 6/7/9% ¥.0. 871/312, A35%5/25/6. As opinides do The Economist ‘evam certamente mais modetadas dy que a¢ expresadas por Sit David Waley do Tesouro: "Naturalmente, concorde que os heals si0 “Alrty dogs”, mas o mew atgumento & que do seredito que sej2 de qualquer ajuda acs tomadoces fe titulos thes dizer isco", Waley para Balfour, 2/8/88, ¥.0. 371/21428, A000) 176,65. £8 Caffery para Hull, 7/4/88, R92.51/1280, FRUS 1938, vol. 3, p- S75, ¢ Hult para Caffery, 25/5/38, AB2 51/1281, BRUS 1938, wl. 5, pp. M56, A Divide Dibtica Externe do Presi hegociar uma extensa paula ce questdes comerciais ¢ financeiras Como uma concessio aos norteamericanes, que permitiram no Eximbank a abertura de créditos ao Banco do Brasil em import fo superior a 192 milhies de ddlares, para Tiquidar attasados comercias, bem como para solicitar permissio 20 Congreso. pata fornecer assisténcia financeira ao banco central brasileiro, a ser ariado, Oswaldo Aranha informou Hull que era intengio do go. verno brasileiro reinicia, no dia 18 de julho de 1939, os page ‘mentos relacionados com a divida externa.*% Esse compromisso, que aparentemente excedia as instrugées de Oswaldo Aranha, foi objeto de fortes crfticas no Brasil, tendo Souza Costa vetado 0 reinicio do pagamento do servigo da divida na data Prometida. No dia 1.° de julho, o governo brasileiro efetuou um Pagamento simbélico de 1 milhio de délares em Nova lorque ¢ Informou as nagdes credoras sua intengio de reiniciar, no futuro, 8 pagamentos relatives & divida, Convidou, também, as associagBes de portadores de titulos @ enviarem reptesentantes para discutir 0 assunto no Rio. Entrementes, Oswaldo Aranha assegurava repetidamente a Cat fery, 0 Embaixador norteamericano, que o Presidente Vargas resol vera adotar uma pollen de inteira cooperagio com os Estados Unidos, A idéia de Aranha consisia em “formular uma politica se gundo a qual o Brasil pagar a divida com recursos relacionados i sua capacidade de saldar compromissos comerciais, levando em conta sua balanga com cada pais. © resultado, naturalmente, seria favorecer 0s portadores de titulos norte-americanos, os franceses, 3G certo ponto, e prejudicar os britanicos” Os representantes estrangeitos somente chegaram ao Rio em agos 10 €, nessa época, tornavase cada vez mais claro que o governo bra sileiro teria que esperar para verificar qual seria o impacto da guerra sobre as exportacées, antes de assumir qualquer compromisso relative ao pagamento da divida 3% Deprrtamento de Estado, Note a Imprensa m2 84, 9/3/98, © anexon #8 Caffery para Hull, rel, 205, 30/6/38, $32.51/1494, BROS 199, woh 3p 3612; Caffery para Hill, cel 200, 1/7/39, 852 51/1496, FRUS 1999, vel. 3 py. 3: Caffery pa 5/7/39, 852.51/1502, FRUS 1939, vol. 3 Gtlery para A/T 3M, 852 BL /ISHE, RUS 1932, vol 5, pe 5 a8 Peage Plan, Kcom 5) jun. 1974 Apis gencroso emprego de titicas dilatérias ~ 0 que levou inelu- sive os norteamericanos a chamar de volta seu representante — Sou- Za Costa insinuou aos britinicos em novembro que o Brasil poderia pagar no méximo 8 milhies de délares, isto é, cerca de um cergo dos pagamentos previstos no esquema Aranha, no seu dhtimo ano. Os norte-americanos mantiveramse alheios 2 estas negociacdes pre liminares € limitaram-se a informar ao Brasil que esperavam trata mento eatitative para os titulos em délar. Quando, porém, soube ram que 0s europeus discutiam com Souza Costa uma solugio per- rmanente apenas da divida federal, Caffery foi autorizado pelo De partamento de Estado a participar das discusdes. A essa altura, a pressio norte-americana havia modificado a atmosfera das negocia- ‘goes em seu favor, veiculandose que Vargas dissera que estava inte: ressado em fazer algo apenas pelos norteamericanos € pelos port gueses (portadores de titulos em libras). Entre as pressoes usadlas para persuadit 0 Brasil a negociar, houve a insinuagio de que nfo seria prestadla nenhuma cooperago para a construgio de uma usina siderdrgica, a menos que fosse solucionada a questio da divida.” A pressio foi eficaz, pois Souza Costa submeteu, em janciro de 1940, aos representantes dos credores, uma proposta concret para uma solugio temporaria da questio, na base de 50% des pagamentos estabelecidos no esquema Oswaldo Aranha, A proposta foi conside- vada digna de estudo, como base para discussio, Os norteamericanos conseguiram melhorar sua posicio convencen: do 0s brasileiros a considerar o sltimo ano do plano Aranha como base do novo esquema: as categorias de 1a $ receberiam 50%, dos pagamentos de juros do limo ano do Plano Aranha; as categorias de 4a 7 receberiam 40% no primeiro ano, passando a 30% no 40 Gatlery para Holl, tel, 461, 30/12/39, 932,51/1675, FRUS 1999, vol yp. 8784 Phillimore para Philp, 18/1/10, axquives da Corporation of eign Diondhiders (CFB) $41/14, © memorandum de Phillimore, 4/4/40, P.O. 371/ 20171, A2967/43/6, © Sr. John Philimore, ropresentamte britdnico mas neyo ‘Ges da divida depois de 1999, havin trabalhado antes da guerra ein Buenos para Roberts Meynell, fim astociada 2 Barings. Em 1939-40 entrow pata o servigo pablica, permanccende até 1545 na posi¢io de adido financeito © repre: sntante do ‘Fesouro briténica no Rio de Juneizo. Fm 1974, © Sr. Pilimote posentavare como chiirman de Barings, Londres, A Divida Piblicn Bvterna do Brasil » ultimo ano, Os pagamentos dos fundos de amortizagio seriam na base de 40% dos pagamentos do ultimo ano do esquema Aranha Os pagamentos totais aumentariam de 4 milhées de libras no pri meiro ano pata 4.3 mithées no ultimo ano, ou 0,6 millio de libras a mais, nos quatro anos, em relagio & primeira proposta conereta brasileira, A aceitagio pelo representamte britinico dessa yroposta norteamericana, que entre outras coisas envolvia pagamentos. me ores para os titulos em libras de primeira classe, que haviam: sido defendidos com sucesio no passado, tornouse vidvel com a promessa brasileira de despender como compensacéo nao menos do que 1,6 milhio de libras em quatro anos no resgate de titulos britinicos. a precos de mercado, Durante as negociagSes, ocorreu uma clara divergéncia de opi- nides entre Phillimore, o representante britinico, ¢ a Embaixada britinica, de um lado, e 0 CEB, do outro. Phillimore, de fato, consi derava inteiramente irvealistas as idéias do CFB sobre a capacidade de pagar do Brasil “desde que a questio toda nao depende da capa- cidade de pagar do Brasil, mas das dificuldades politicas que o governo teve que enfrentar a fim de reiniciar os pagamentos, quan: do confrontada com padrao de vida extremamente baixo e as de! citncias cadticas dos transportes etc.” Sir Geoffrey Knox, Embai- xador britinico no Brasil, acrescentou que a insisténcia do Conse tho em escolher, como padrao de referénci © nivel de pagamentos coniratuais devia ser qualificada pelo reconhecimento de que alguns empréstimos haviam, hd longo tempo, tido seus pagamentos sus pensos, € que 0 atendimento do servigo da divida no passado fora feito com recursos de novos empréstimos © no com recursos prove nientes da arrecadagio de impostos ¢ do saldo da balan ial. Segundo cle, o CFB “parecia andar nas nuvens” ¢ aconselhava paciéncia, pois “blefes e ameagas apenas indisporiam os brasileiros fe nenhum bem fariam”.41 Sir Otto Niemeyer pode ainda dar-se ao luxo de um comentirio Upico: “Tenho plena certeza (que 0 Brasil) néo pode esperar sa 48 Knox para F.O, (Phillimore pars CFM), tel, 148, 12/12/39, ¥.0. S71 271, ASTIS/196/6, © Knox para F.O., teh 144, 18/19/39, FO. $71/20781 A877 13676 0 esq. Plan. Keon, 51) jun. 1978 farsse no fim sem reconhecer de forma mais adequatla suis ob agdes, Caso contsitio, seré ignorada, com repugnincia, come caloteiro” #8 As yazBes que permitiram que os norteamericanos recuperassent parte do terteno perdido em acordos anteriores devem ser buscadas A Iuz do fortalecimenta do poder de barganha dos Estados Unidos, como resultado da perda para as exportagbes brasieitss dos mercados da Europa Central apés a deflagragio da guerra. A origem do for talecimento do poder de barganha de Vargas — que Ihe permitiu enfrentar de modo selativamente satisfatério as exigincias anglo- americanas na segunda metade da década de 30, inclusive as rela cionadas com questi da divida externa — foi a sua cautelosa manipulagio da ameaga alemi, especialmente contra interesses co: mercinis nortewmericanos.** Ao contrition dos argentinos, que mio podiam participar do jogo porque a Gré-Bretanba, sua principal dliente, estava tanto em condigées quanto preparada para aplicar acordos de clearing, Vargas encontravase relativamente protegide ide uma retaliagio norteamericana devido & politica global dos Estados Unidos em defesa do multilatralismo,** O caso argentino 42 Niemeyer para Phillimore, 8/2/40, CFB 241/15. Ito pode ser eomparado com 0 discuno de Hugh Dalton perante a Camara Brasilia de Comércio, em F dle malo de 1947, quando triton co problema de saldos estertines bloqueados, Aevidos pela Gri-Bretanha 20% seus fornecedores (as saldos brasleires ea Tibras importavam, na ocasito, em 65 mihdes de fibras): “A enorme acumelacho. da llivida (pela Gri-Bretanha) representa um Gedo ised injusto e insuportive Se a Lei de Enprésting © Artendamento © a Ajuda Métua uvessem sido api ‘ends cnire todos ot membros da Grane Aianca, como foram entre os staes Wnidos © Comunidade Briinica, sem diivida a makor parte desas divitas jamais nos teria do cobrads. Maie cedo ou mals cede, esse volume tert qve see substanciatmente rediso, A Gri-Bretanha € fovte, mas um dos sinais de sua forga deve ser 2 recusa em aeetar compromistos fantisticos, que se situa flim de sia capachiade © akin de toder 08 limites do. om senso ¢ do “fair bay", Keesing’s Contemporary Archives 4947, maio, 3/10, p. 8.587. 0 autor ‘agradcse 4A. O'Connell por The haver chamado a atengfo para esse discurso. “2 Tan 193638, « Alemanha foi, por lige margem, » prinepal fornecedors Aas importagbes lea “HHA muito interes crm um estudo comparativo das relqoes econdmicas ex temnss do Brasil ¢ Argentint durante a década de 30 © dos papéis shmétricos lot Estwloe Unidos © Gri Bretunha, Ag connadkoes entre a polities eomerciat Iritanica na Argentine © an east cram de solngio.impossvels enguanto a Argentina @ viogon pattccinad pelos brieinias era “comprar a qulen nos com A Divide Pilea Exteme do Brest o 6 na verdade, ua importante excegio & opinido, bastante difundida, de que a exicerbagio da rivalidade interimperialista, durante 4 dlécada de 30, tornow mais dificil o controle sobre os paises peri. 0 fortalecimento da posigio norteamericana no tocamte & liqui: dagio da divida pode ser encarado como uma manifestagio espe- cifica de uma mudanga geral de orientacio na politica econdmica externa brasileira, especialmente a partir de 1939, Mesmo antes da deflagragio da guerra, a in{luéncia politica ¢ econémica norte-ame- Ficana no Brasil aumentara sensivelmente desde a visita de Oswaldo Aranha a Washington, Os interesses norte-americanos foram provavelmente beneficiados quando Oswaldo Aranha substituin Souza Costa como miinistro encarregaclo das negociagdes no momento em que estas alcangaram € etapa crucial, Se € certo que, em muitos aspectos, Oswaldo Ara. hha beneficiow interesses norte-americanos, seria erréneo nio quali ficar esta afirmagio, pois ele estava sujeito a influéncias conilitances através de seus lagos com Olavo de Sowa Aranha, cujas firmas re- Presentavam os Schroedets € estayam envolvidas no comércio de compensagio com a Alemanha. De 1940 em diante os interesses de Souza Aranha concentraramsse no fornccimento de algodio & Gri. Bretanha ¢ paises neutros, bem como em negociagdes financciras relacionadas com a nacionalizagio de certos investimentos brit cos no Brasil. Os principais opositores da negociagio de um acordo relative & divida externa eram alguns setores das Forgas Armadas, pois 0 resultado indefinido da guerra permitiathes ainda manifestar sim. patias pela Alemanha. Isso teve como conseqiiéncia uma atitude pra, no Brasil o Embuixider de Sua Majestace denunciava a cspeciosidade « flidia dese siogan © msisia que as yendas deviam ser priviégio cequeles “que Yendem @ melhor", Ver Buenos Aires Herald, 1/5/34 € 45/4 {Ver 8. Hillon, Brasit and Great Power Trae Rivalry in South Arerice 49341999 (Austin; The Unversity of Texos, 1860), tewe de Ph.D, bop blicada, Cap. 10; Chavtes para Scott, 11/2/48, F.0, 71/38678, 3500/6, 1 (Treasury) 160, FIAGRH/O1'S (Uitade do governo Drasileito com relagio a certas companhias ferrovidrias no Brasil) © 'T- 169, F18535/01 (Compras de algodae pela Espanta no Real) @ Peag. Plan, Bean. 51) jun, 1875 tendendo a obstrugio por parte de Vargas, que exigin a conjugagio dos esforgos persuasives de Souza Costa e Oswaldo Aranha para sssinar © acordo final *® Qualquer que fosse @ influéncia da facelo préalema no Brasil, 6 fato € que a Alemanha nfo controlava 0 transporte maritimo nem as rotas de comércio. Sem 0 mercado alemfo como escoatlouro das exportagées ¢ incerto quanto ao montante das futuras compras dos aliados, o Brasil no teve alternativa senfo continuar a apro- ximarse cada vez mais das Estados Unidos. Aos fatos estritamente ‘cconémicos cleve-se acrescentar algumas consideragSes politicas ndo menos importantes, no contexto Pan-Americano, que envolviam um. atvito crescente entre Argentina — pré-Alemanha 0 bastante para permanecer neutza por longo tempo, mas ironicamente “protegida” pelos britinicas contra a pressio norte-americana, pois suas expor- tages de produtos alimenticios eram vitais para o esforgo de guerra britinico — e Brasil — onde as tendéncias pré-Alemanha ao nivel politica (antes da guerra associadas aos interesses ligados ao comér cio de compensagio com a Alemanha) encontravam um ambiente progressivamente hostil devido 4 imegrak maior com os Estados Unidos “7 io econdmica cada ver E possivel argumentar que os pagamentos brasileiros, na forma estabelecida no acordo de 1940, foram de fato inferiores ao que estava disposto a pagar © govemo brasileiro — fato reconhecido por Souza Costa, quando disse a Phillimore, depois de concluido 0 acor do, que estaria disposto a pagar de 5 a 9,5 milhdes de libras anuais para chegar a um acordo permanente relativo a divide federal — pois, enquanto os norteamericanos tiveram 0 cuidado de no pres sionar excessivamente seu aliado pan-americano, havia profundo interesse anglo-francés em receber do Brasil algum pagamento, por mais reduzide que fosse. Aldm disso, parece evidente que os briténicos subestimaram suas necessidacles cle matérias primas brasileiras, 0 que resultou em inver- 1 Memorandum de Phillimote, 1/4/40, P.O. 71/271, A2067/49,/6 influincia norte americana cueante 4 gueera realmente creeu a tal ponte que © Departamento de Estado informon no Foreign Office que conse fava 0 Kimbivador dow Fatads Office consiserasa su, F.0, sT1-308K5, hides wo Rio“ mesma Ise” que 0 Foreign aixador no Fito. Ver Charles para Scott, 3/2/12 827046. 4 Divide Publica Estema do Brosit os sio da posigio brasleita quanto @ reserva em libras a pattir de 19H. Enquanto antes de Ii o Reino Unido viwse obsigade a expandir antficalmente seu programa de compras no Brasil para szarantir 6 pagamento dos compromisyos comerciais e financeitos do Brasil em libras,« partir de 191 houve uma progressiva acumuaghe de fundos ma conta blogueada, em libras, do. Brasit 3.5 — 1943 Em p para nefpios de 1943, Souza Costa considerou a ocasiao oportuma inicio das negociagdes com os britAnicos sobre a renovacao do de 1940, que expiraria no fim do ano, Essa iniciativa brasi leira parece haver sido estimulada pela répida acumulagio de saldos em libras bloqueados em Londres — que jé totalizavam 12 milhoes — € a provavel continuagio dessa tendéncia, Souza Costa previa que aps a guerra as exportagdes brasileiras teriam problemas em ajustar- Se a competigzo em um mercado internacional normalizado © que as reservas brasileiras existentes seriam erodidas pela importagio de bens de capital essenciais, para os quais havia considerdvel demanda Feprimida, Assim, 0 momento era ideal para resolver ce uma vez por todas a questio da divida externa, por meio de um acordo definitivo. Souza Costa estava disposto a despender 7,5 milhdes de libras em pagamentos anuais totais (4 milhdes em juros e 3,5 milhdes em amor Hzagbes), bem como 26 milhdes de libras para amortizagio especial do maximo possivel da divida em circulagio Apés trés meses de negociagdes — sem participagio norte-ameri cana — essa soma foi aumentada. Duas op¢ées foram oferecides aos tomadores de titulos, Na opgio A, nfo haveria redugio da divida em cireulacio, e os pagamentos seriam de 70% do nivel do iltimo ano do esquema Aranha, implicando pagamentos totais de 7,3 milhoes de libras (4,4 milhoes de juros ¢ 2,9 milhdes em amortizagies), caso todos 05 tomadores de titulos optassem por esta alternativa, Na opcio B, uma parcela da divida seria resgatada através de pagamentos & Vista, enquanto a divida residual seria convertida em novos titulos Federais a 4%, no caso de todos os empréstimos, Os pagamentos A vista totalizariam 20,7 milhdes de Tibras, resgatando 85,6 milles de 48 Charles para Foreign Office (Phillimore para Niemeyer), tela. 98 © 94 E20, sT1/33i, 919974956. o ‘Peig. Plan. Econ. $1} ju. 1975 Ia em circulagio — quase 40% da divida total, a0 prego médio de 21% — enquanto que os pagamentos anuais cotalicariam 8,1 milhdes de libras (4,4 milhdes de juros © 9,7 milhdes de amor- tisagdes), considerando sempre que todos 0s portadores de civulos optariam por esta alternativa, Devese observar que as taxas con: tratuais de juros variavam entre 4% € 8%! Fm Londres, a reagio foi desfavordvel & proposta brasileira, consi detada incompativel com a situagio cambial favoravel do. Brasil Phillimore ficou desalentado com o que considerow ser uma atitude inveatista de Londves, baseada na incompreensio de que a posicio cambial era resultado do surto de exportagies da época da guerra, conjugado com a dificuldade de acesso a importugdes, ¢ era impro- viivel que esta situagio continuasse aps a guerra. Em junho, a revelagio de Souza Costa aos norte-americanos, de que negociagées estavam em curso desde 0 comego do ano com os brit nicos, causow grande embarago ao CFB e constituiu uma razio portante para a mé vontade dos norte-americanos para com os bri. Anicos durante as posteriores negociagdes conjuntas. Apés Jonga demora, os norteamericanos decidiram enviar vepre- sentantes ao Rio de Janeito, As instrucées fornecidas aos negociado- res deixavam claras as suas intengdes de solucionar definitivamente as diferengas com os britinicos no tocante ao que consideravam um tratamento profundamente discriminatério € indevidamente favord- vel de certos empréstimos que havia ocorrido no passado. Deseja. ‘vam um reagrupamento que rebaixaria as antigas categotias 2 ¢ 5 ¢ promoveria a antiga categoria 3, alterando fandamentalmente a estrutura do Plano Aranha em detrimento dos empréstimos em li- bras. A primeira proposta americana apresentada a Souza Costa men. cionava pagamentos de 9,7 millGes de libras anuais (64 mithdes de Iibras em juros e 3,3 milhées em amortizagées). Os brasileiros consi deraram a proposta faccitivel e estrategicamente evitaram envolver- 4 Major Pam, és firma Sduroades, fol autor de wm exyuema mas Tnhas Aeseritas scioa, Fnrevists com @ St John Phillimore, Londes, 2/4/74. Ver Piltimone para Niemeyer, tel PIAS, 7/2/48, CFB 241/20, fe Drosdimead para Foreign Ofice (0 643, ¥.0, S7H/S9661, AS520/478.6, more para Niemeyer), tel 849,10 A Divide Pablica Eterna do Brasit @ se na controvérsia da distribuigto de recursos entre diferentes em- préstimos, alegando que 0 reagrupamento era uma questio essencial mente anglo-americatia A estrutura definitiva do acordo seguiu a orientagio da ailsima proposta brasileira, referida acima, Apés longus negocizgdes, as partes concordaram em um acordo final que ofereceria duas opcées 208 por tadores de titulos. Nenhuma mengio foi feita quanto & classificagio dos empréstimos por categoria — medicla esta destinada a ocultar, na medida do possivel, o dano causido aos empréstimos em libras, A opgio A previa pagamentos anuais de 7,7 milhdes de libras (dos uais 5,2 milhdes em juros), na suposigio de que codos os portadores de titulos escolhessem esta opcio. A opgio B envolvia pagamentos de 84 milldes de libras anuais (das quais 4,9 mithdes em juros), rela tivos a novos titulos federais a 3,750, bem como pagamentos vista de 22.9 milhdes de libras — resgatando 79 milhées de libras du vida em circulagio ao prego médio de 29% — também na suposicio de que toxdos os portadores de titulos escolhessem esta opgio. Os velhos empréstimos da categoria 8 seriam resgatados 4 12% do salto em circulagio, e © grosso dos juros em atraso — correspondendo & suspensto dos pagamentos em 1937-40 — seriam liquidados a 25%, tas taxas do acordo de 1940 (ou seja, no “melhor” caso — 0 dos ‘empréstimos de consolidagio — a 12.5% da taxa de jure contratual), © acordo implicow © abandono parcial do principio de que os empréstimos mais gurantidos (britanicos) teriam prioridade no caso de suspensio parcial dos pagamentos, Falharam todas as tentativas britinicas para demover os norteamericanos de sua atitude, Uma representagio britaniea sobre 0 assunto, ao Departamento de Estado, além disso, expos 0 Foreign Office a um ataque desfechado por Adolf Berle sob a alegagio de que “as diferengas que restain sto somente entre as classes dos portadores de titulos", ¢ de que Phill more, que trabalhava pelos interesses da Casa Barings, estava ten: tando manter uma posiczo privilegiada para determinadas emissoes nas quais aqueles banqueiros estavam particularmente interessados. Acasou-o ainda de haver dito, no Rio de Janeiro, que eram as casas emisoras cujos desejos deveriam ser considerados pelo governo b sileiro, e nao vitivas € érf0s, porque eram as primeiras que coloca. vam empréstimos, € que se 0s brasileiros concordassem com a pro: posta norte-americana de reagrupamento mio poderiam esperar fu % Pes, Plan. Boon, (1) jun. 1928 tua assisténcia financeira em Londres. Esta foi # origem de uma amarga discussio entre Londres e Washington que perdurou mesmo pos as negociagées, Sua anilise, contudo, tranwende os objetivos deste trabalho. ‘Uma comparagio entre as notas & imprensa do CFB e do Departa- mento de Estado mostra que o acordo nao foi favordvel aos britani- cos. Enquanto 0 CFB deixou claro que “a distribuigio dos recursos disponiveis entre os virios titulos revelava diferencas acemtuadas de pontos de vista, mio somente entre os representantes dos credores € (© governo brasileiro, mas também entre os governos britanico horte-americano, € gue nfo podia pretender que estivesse satisfeito com a resultante diferenciagdo entre os varios titulos", 0 Departar ‘mento de Estado, por outro lado, dedarava que "* a proposta ¢ uma muanifestagio do forte desejo do Brasil de farer face aos seus compro. missos externos dentro dos limites de sua capacidade. Este governo esti extremamente satisfeito que um acordo de tio grande alcance fe de natureza definitiva tenha sido obtido entre as autoridades bra- sileiras, os Estados Unidos ¢ os portadores de titulos britinicos” Funciondrios do Foreign Office, conquanto nao insatisfeitos com 1 deslecho das negociagées, fizeram, contudo, fortes criticas aos mé todos sigilosos do CFB, que manteve os norte-americanos na ignorén- cia dos fatos por tanto tempo, e culparam Niemeyer “que acredita que detém alguma posicéo especial no Brasil como 0 G.O.M (Grand Old Man) das finangas".%% Nao foi dado, nesta ocasiio, 0 devido crédito a influéncia de Niemeyer como uma importante 1a- Zo no sentido de possibilitar os resultados favoriveis aos interesses cos nas negociagdes de 1931 ¢ 1934. imore atribuiu 0 comportamento dos norteamericanos du rante as negociagdes a tendéncia “de considerar 0 Brasil como sew proprio quintal” e A sua inclinaco de “ficarem perturbades quando 81 Campbell para Scott, 26/11/43, F-O. S71/38065, 10714/473/0 © Washing: ton pars Foreign Offic, tel. 9475, 28/11/43, F.O. 371/%8665. A10485/478/6. Cae, fntretamto, registrar que, a0 autor, a miaior parte das acusacSes de Berle parece “scab 12 Declaracdo do CFB, 26/11/48, FO, sT1/38605, A1O774)473/6 © Washing ton pata Foreign Office, tel 3876, 25/11/48, FO. S71/$8665, \1OK46 49/6. ‘St Minuta de autoria de Mather Jackson, 27/1148, FO. 371/33605, A074 aH 4 Divide Plblice Bxterme do Brasil ao snais alguém chega e nete brinca sem ser convidado”, Segundo Phil limore, a ivitagio de Souza Costa com as absurdas exiyéncias norte americanas levou-o a nomear Bougas, ui dle seus principais asseso. Fes, para prosseguir com as negociagdes, e iso havia sido desvanea, {oso para os britinicos porque Bougas tendia a beneliciar interesses norteamericanos. Phillimore considerou a reagio destavorivel do mercado londrino como incoerente com a coiagio em bola dos tt tulos brasileros, mas que o mercado havia compreendido que “eviste também um fator politico e que o desejo de pagar do Brasil eatt fem estado menos sadio do que sua capacidade de fazé-to”.% The Economist, como se poderia esperar, reagiu violentamente a0 acordo, juigando os pagamentos excessivamente vedusidos, levando se em conta a capacidade ce pagar do Brasil, e que certa priorida everia ter sido dlada aos emprestimos com garantia especifica, em contraposi¢io acs empréstimos que tinkam apenas garantias gerais “Ter ofendido 20 Brasil, pedindo mais, teria contrariado a politica a Boa Vizinhange ... Pata mio usar meias palavras, 0 portadr by tanico de titulos brasiteiros foi sacriticado ao Pan-Americanismo” Philtimore, sensatamente, divergiu dessas criticas, observando que era initil insistir em que o Brasil deveria pagar mais quando no passado pagara somente 26 milhdes de libras Iiquidas anuais (mé. dia 1901-41) © seus outros compromissos financeitos cram est entre § © 20 milhdes de libras anuais, Além disso, o servigo contratual brasileiro, mencionado com freqiiéncia pela imprensa, inclufa alguns empréstimos que nenhum banqueito responsivel jamais deveria. ter feito. Os cmpréstimos nortexmericanos, que tinham ditcito a 419%, dos juros totais e 462%, dos pagamentos totais do fundo de amortiza, @o, obteriam consideravelmente menos do que isso, tanto no caso a opgio A como da opgio B. O status superior dos empréstimos Sarantidos fora mantido. Phillimore absteve-se de mencionar, con. tudo, que 0 status superior dos empréstimos garantidos fora menos respeitado em 194% do que nos acordos anteriores Phillimore acrescentou ainda que © Brasil estava propondo 0 acor do nto por causa de qualquer inresistivel senso de obrigagio moral, ‘mas sim por razdes estritamente materiais. Dado que suit economia % Philimore pars EWiot Butler, 8) 2/48, 243, 0, 71/37880, 16 /16)6 5 The Econonit, 25 @ Pes. Blan. Fon. 91) jun. 1978 nfo cra pedspera, alguns dos ministros ¢ funciondrios mais conser- vadores do governo — Oswaldo Aranha, Souza Costa etc. — reconhe- ciam que seu futuro dependeria principalmente da capacidade de atrait capital estrangeiro, Se o acordo no produrisse © efeito dese: jado de recuperar seu crédito abalado, o Brasil “poderia muito bem decidir que esses muitos milhdes, tio necessirios, eram um prego excessivamente alto part uma publicidade Wo dubia", Recomenda- ria, em consequencia, esforgos no sentido de rebater as criticas € aprescntar os fatos de forma menos parcial." The Feonomist, contudo, no andara longe da verdade no que se tefeiia 20 “saarficio a0 Pan-Americanismo”, pois os objetivos da politica do governo de Sua Majestade quanio & América Latina ha viam sido definidos pelo Foreign Office como sendo no sentido de “preservar, e se possivel intensificar, por todos 05 meios adequados, as boas relagies politics, econémicas e culturais, sujitas as neces: sidades dominantes da continuagio bem sucedida da guerra ¢ da imanutengio da plena unidade e entendimento com os Estados Unidos" 5 Seria tentador sugerit que as divergéncias anglo-americanas bene- ficiaram 05 brasileiros, tendo em vista que as negociagdes tenderam se concentrar mais na distribuigio do que no nivel dos pagamentos totais. Em codas as negociagdes, contudo, tal néo foi 0 caso, pois a superagio das dificuldades relativas & distribuigao dos pagamentos centre empréstimos em Jibras e délares invariavelmente acarretou maiores pagamentos totais brasileiros. Isto nlio quer dizer que os brasileinos se abstiveram de alimentar as divergéncias entre os cre: 8 Philimore acrescenteu wim divertido. postscriprum: “Eston pensando em the enviar ua stie de instanténeos, para publiendo na imprensa, de aspectos dda populasio do Rio, divertindoe durante © Camaval, Qualquer tomator de Utulo que as vise aceltsia certamente o Plano B, e depressa; e em ver de suspitar por aqueles imagindvics 23 nilhées de libras por ano, que de fat tunes zecebes, fearia comigo maravithado com a magnitude do que ex sendo gers oferrcido”. Philimoee para Powell 26/2/44, 7-0. 128/425(7) 17 Memorandum impresso de Perowne, inttulado The United States and Great Britain in Latin Americ, P.O, 371/88003, 2280/51, Em 1981, Churchill dieu instrvgdes ao Foreign Office pare aotar, came polit britaniea em re: Ingle ao Brasil “petting Vargas". Minwta de aytoria de Churchill, 27/10/41, FO, SL/29785, 98705/100/6, 4 Divide Piiblice Extera do Brat o dotes, como ficou patente quando Sowa Costa revelou aos norte. americanos, em principio de 1948, suas conversas “secretas” com os britdnicos Do ponto de vista brasileiro, 0 acordo parece haver sido negociado nna ocasifo certa, pois quanto mais proximo o fim da guerra mais Mliffcil teria sido evitar maiores pagamentos, pois terseiam acumu- Indo reservas cambiais adicionais. Se os gestores da politica econdmica no posguerra no se beneficiaram desse desafogo antecipado da si tuagdo cambial, isso ndo pode ser atribuido 4 falta de previsio do Governo Vargas. As dificuldades do posguerra concernentes a0 uso dos saldos em libras bloqueadas co Brasil — que em 1949 ainda se elevavam a aproximadamente 40 milhdes de libras ¢ estavam sendo consumidos muito Ientamente por sucessivos acordos comerciais e financeiros en tre o Brasil e a Inglaterra — parecem indicar, contudo, que 0s brie sileitos foram possivelmente muito timidos em suas propostas de Pagamentos vista e que poderiam ter reduzido divida em libras usando libras bloqueadas “estéreis’, que foram eventualmente gastas em importacoes relativamente dispendiosas no fim da década de 40 ¢ inicio da de 50 Como foi mencionado na secio anterior, durante todo o periodo de negociagdes relativas a divida externa brasileira, ficou claro que diferentes téticas foram adotadas pelos representantes norte-america. 10s ¢ britinicos. Os norteamericanos, de fato, tenderam a aclotar uma atitude moderada ¢ conciliatéria — dedicando cuidadosa aten- Go 08 seus objetivos estratégicos, politicos € econdmicos no Brasil = enquanto que os britinicos procuraram se concentrar somente na maximizagio dos pagamentos financeitos. Ss Em contraste com soltcio brasileira da questio da divida extema, a Argentina usow parte de suas reservas (mito maiores € bem verdad) part ‘esyatat a0 par male de 9 mies de Hbras da divids externa do governo fede fal, além de despender mais de 160 mithoes de Mibeas na nacionalizagzo de fee. vias de proptiedade estrangeit. Ver C. Lewis, The United States and Foreign Investment Problems (Washington, Brcokings, 194%). p. 718. No Brasil, a na ‘ionalizgio de companhias de propriedade britnica constitu também mancira ‘nada desprerivel de absorvcrsaldos hloquestos em fibas. Peto menos 22 mith de tibeas foram empregados desa mancirs, entre 1945 € 1952. Keesing’s Con lemporary Aechives, 165.52 10 Peag. Plan. eon. S() jus 1905 Conquanto essa distinggo possa ser perfeitamente compreendida no que se refere aos acordos de 1940 ¢ 1948, pois os britanicos preci: savim desesperadamente de recursos, # adocio de diferentes politicas por parte dos dois principais credores & talvez mais dificil de explicar no caso dos acordos inicia Ao contririo do Reino Unido, onde uma Corporation of Foreign Bondholders fora fundada j4 em 1868, os Estados Unidos — em vi tude de sua limitada (no tempo) experiéncia como nagio credora — enftentaram a onda de suspensSes dle pagamentos de seus titulos somente a partir de 1980, sem uma organizagio semelhante. Quando fo Foreign Bondholders Protective Gouncil veio a set finalmente organizaclo, em 1954, nunca foi — a despeito dos desmentides do go- verno federal — wna instituigio tio independente do governo quanto sua equivalente britinica, Este cardter semi-oficial do FBPC levou a instituigio a adaptar muito mais prontamente suas reivindicagées, cxigéncias da politica externa norteamericana, Nas negociacies de 1943 no Brasil, por exemplo, 0 FBPC e o Departamento de Estado Foram representados por diferentes funciondirios, mas nunca houve muita divida a respeito de quem realmente detinha 0 poder de decisio Durante 6 governo de Hoover, os bancos norte-americanos foram incapazes de obter apoio governamental em suas temtativas para pro- teger os interesses dos portadores de titulos, sendo repetidamente aconselhados a estabelecer contato direto com 0 governo brasileiro. Esta indiferenga do Departamento de Estado, que persistiu durante ‘© Governo Roosevelt, pode ser contrastada com o beneplicito oficial a0 acordo financeiro assinado em 1938 entre o Banco do Brasil ¢ diversts companhias norteamericanas para permitir a remessa de Jucros em atraso. Houve wma flagrante prioridade governamental que favorecia a tansferéncia de crédlitos comerciais, de preferéncia a pagamentos a portadares de titulos, o que difere radicalmente da politica britanica > © embaixador norteamericano no Rio tornou essa politica bastan. te clara pata o consul geral — que criticava 0 tratamento dispensado pelos brasileiros aos atrasados comerciais norteamericanos: “Se a 2 Ver J. H. Wilton, American Musinee & Foreign Policy 19201933 (stoo, Beacon, 1971), pp. TEAS, ©8, Hilton, pes, pp. 389. 4 Divida Piblieg Batemne do Brasit a obtengio de cobertura cambial fosse © nosso tinico problema no Brasil, poderiamos muito bem enviar a esquadra, desembarcar os fuzileiros € conseguir © que quetemos, mas... nto devemos esque. ‘cor que esta é somente uma fase nas relacies entre os dois paises” «0 Do lado britinico & também possivel perceber clatamente que durante todo o periode considerado, os norteamericanos — um tanto surpreendentemente — haviam optado por uma atitude mod cm suas negociagies financeiras no Brasil Sir Otto Niemeyer, que nao eta conhecido por sua moderacio quando pensava que os interesses britanicos estavam sendo objeto de AliscriminagZo, reconhecia que “em conjunto, deve ser admitido que 98 norteamericanos usaram 0 seu total poder sobre a situagio cambial brasileira com extrema moderacio: as modificagées final mente accitas no Plano (le 1934), originalmente proposto pelo governo brasileiro (sic), foram, em relacio ao conjunto, extrema mente reduzidas" *t Phillimore pensava que “nos Gitimos anos tem havido pouca evidéncia — muito ao contririo ~ de que os notte americanos estives- sem de algum modo interessados em fazer valer seus direitos América Latina” 9° Sir William Seeds, o embaixador britanico, em 1984, afirmara q 08 norteamericanos “consideram mais politico deixar que 0 Brasil graduaimente compreenda sta pos 0 vis @ vis 08 Estados Unidos do que impressioné-lo vi et armis, abstendo-se, pottanto, de usar sua forte posigio de barganha para obter pagamentos integrals do Brasil «0 % Gitnon para Wilson, 18/3)34, 882.5151/889 1/2, citado por 8. Milton, op eit p. 88 2 Nota de Niemeyer anexada a uma casta de Waley pars Craigie, 21/9), 8.0. STL/17487, A2519/170)6. Ver, também, Niemeyer pata Craigie, 29/5/34, F.0. S71/IT88, 4962/1706 #2 Phitimore para Desborough, 4/1/44, FO. 128/425 (7). Phillimore com Firmen a0 autor que os nosteamnericenis — em contrasie com os bit fendiam a sujetar suas negocigies financeian a consideragies relacionadas com us ubjetivos politicos © econdmicos esintegios no Basi Favevita. com @ Sr. John Philtimore, Londres, 2/434 Seeds para Craigie, 5/6/34, F-0, STL/ITI88, 45055/310/6, ctado por Hilton, op. city p60, Pexq. Plan. Econ Uma polémica entre Phillimore eo representante do Departamen- to de Estado Tanga mais luz sobre as diferentes abordagens adotadas tar no pelos principais cedores quanto & methor maneira de “ Iuturo as dificuldades que surgiram na presente ocasitio (1943) devi. do A divergéncia entre os pontos de vista britdnico € norteamerica- no”. Concordaram que havia ués principais alternativas para tw tar de situagio semelhance no futuro: i) imicialmente, os consethos de tomadores de titulos conteren: ciariam, concordariam sobre 0s principais objetivos e em seguida enviariam seus representantes para negociar conjumtamente com © pals devedor; 0s comselhos, reconhecendo que seus interesses mem sempre coincidem, negociariam separadamente com 0 pais devedor, e 0 conselho que primeiro negociasse um acordo incluiria uma eliusula de nagdo mais favorecida; ii) os consethos, sem prévia consulta, enviariam representantes para negaci solucionar suas divergéncias no curso das negociagbes. simultaneamente com 0 pais devedor ¢ tentariam McCormick, o represemtante’ do Departamento de Estado, julgou ‘que (i) era a pior alternativa, pois "o devedor poderia pensar que © porrete seria usado e conseqiientemente se recolheria emt sua cara paca". Phillimore preferiu (i), “que havia sido empregado com sucess) no passado”. Butler, da CFB em Londres, no tinba vidas de que © método (i) era “incomparavelmente © melhor... angumento do porrete pode concordar com a Politica da Boa Vi rnhangs, porém € obviamente absurdo do ponto de vista dos porta: ores de titulos; é mais do que evidente que a mai dda Fazenda precisa ser convenéida da grande importineia do porrete dos Ministros (ou da ‘cenoura’) antes que possa propor mesmo asta segunda mellnor altermativa’™.% 1 hillinowe para EMiox Butler, 8/12/48 ¥.. $71/97880, 115/16,6, A Divida Publica Beterna do Breit 8 4 — Uma tentativa de avaliacao da politica brasileira relativa & divida piblica externa Uma das cardeteristicas marcantes da economia brasileira, durante a década de 20, foi a sua crescente dependéncia do ingresso de cap tal externo “pablico”, que era, contudo, quase insuficiente para com pensar a saida de divisas relacionadas com o servigo da divida, Na verdade, poderseia dizer que, durante 2 década como um todo, enquanto os fluxos relativos 4 divida externa “publica” eram “neu ros" do ponto de vista da balanea de pagamentos, o saldo da ba- Janga comercial era inteiramente “absorvido” por remessas privadas € de Iueros € pelo resultado liquide dos movimentos de capital pri- vado. Esta afirmagio, contudo, seria excessivamente geral se levasse cm conta as importantes variagdes anuais. De fato, 0 saldo da balanga comercial brasileira ndo somente nio aumentou dese ‘© comeco do século, mas decresceu entre 1925 ¢ 1930, sendo esta queda “compensada” por um substancial influxo liquide de capital “ puiblico” estrangeiro durante esse periodo (ver Tabela 8). O modelo de endivid nento externo brasileiro antes de 1930 pare. ce, haver sido notavelmente dependente das condigdes ciclicas que afetavam 0 suprimento de capital estrangeiro. Além disso, as Ii mitagdes relativas as disponibilidades « do operantes muito mais cede do que ais parecem terse torna. igere a teoria convencional: lum caso que foi lassificado como empiricamente sem muita im: portancia.% Outro tema que se repete n Tite ~ implicita on explicitamente, tendo em mente o caso dos Estados Unidos — de que, de algum modo, hé um ciclo de endividamento, que os devedores atuais, apis atingirem um patan wr da propensio 85 Tomandose médias qiinglensis + partir de 1K91, as entradas Nquidas teladonadas 4 divida “publica” extesna foram: em 1891-95, 0, milhao de kbras por ano em 1386-1900, 87 mihdes em 1901-03, 25 milhées em 196-10, -03 tnilho de Hibray em 1911-15, -948 milhtes de Mbnis em 191520, © —19 milo fe Libris em 1921.28, Os dades no elaborados dsponisels alte o® Investimentos cetrangeltos ditetox augerem que set! nivel total permanecct aproximatamente caonstante ontre 1914 © 1980, Ver, sobre o assant, M. Abe, op. cit 8 Bae cw constitui a fase TB de Chenery © Strout, isto é quando um pais nip aleanca 04 objetivo em termos de propemia médlia a poupar devide i Pea. Plan, Keon. $l) jn. 1995 média a poupar, expanditdo eventualmente suas exportagdes de mo. do a Viquidar suas dividas.% Isto, naturalmente, contradiz tron- talmente a experiéncia brasileira, Desde 1914, a fragmentiria evi- déncia disponivel sugere que houve uma contribuigio (direta) liqui- da negativa do capital externo total como fomte de divisas, pelo ‘menos até o fim da 1 Guerra Mundial. Quando um pais depende da entrada de capital externa, seja para desenvolver a infra-estrutura relacionada a exportagio ou sim plesmente para evitar a alternativa da evasio relacionada ao servigo da divida publica e remessas de Iucros sem um compensador influe xo de capital externo, hd um importante incentivo para evitar a suspenstio de pagamentos se os fornecedores do capital esto dispostos a continuar a emprestar. Se, contudo, como ocorren apés 1980, devide a circunstancias que afetaram 0 mereado financeiro internacional como um todo, os for- necedores tradicionais de capital nao esto diypostes a continuar a ‘emprestar, a melhor politica, do ponto de vista dos devederes, é suspender os pagamentos, mesmo que a redugio da disponibilidade de divisas (que resulta da evasio de capital privado externo ¢ da queda nos pregos de exportagio, associadas 2 necessidade de manter i existincin de fimitasdex “precoces” relacionadas & disponibilidade de divas. Ver o antiga “Foreign Awistance snd Economic Development”, in American Bco- namie Review (serembso de 1986), p. 680 algo surpreendence que ot economists tetricos contemporkneos no tena edicado maior atensio 4 experiéncia de wuspensio de pagementos dos pares Subdesenvotvidos. Na verdade, a contovérsia a respeito do problema da tans feréncia, em fine da aeada de 20 ¢ princpios da de 0, foi na maior parte dos casos vasuda em termor de uma curiest mistura de sigumentor teins © ‘comideraedes “empirieas” relacionadas & economia alem3. A experiéneia bras Ieira constitui, realmente, o cao ideal para o pesimisme eynesiano a respeit> 4a elastcidade-prego de demands enterDa para at exportages do pale devedor Ver. J. Vitus, Studiee in the Theory of International Trude Londees, Allen and Unwin, 1964), pp. 307-11, e artigos de autoria de Keynes ¢ Ohlin in The Feanomic Journal, virion atmetes (1829) 6 Ver, por exemplo, D. Avramosic et alii, Feonomie Growth and Fsternel Debs (Baltimore, Johns Hopkins, 1964), Cap. 5, ende, a despeite do reeonhec mento das fraquciss dos tes etigioe do ciclo crescimento com divide, 2 andl segue can estrutura, Ver também Chenery e Stout, op. f., para uma Yersio tne flextvel dese ponto te vse A Divida Piblica Extema do Bresit uum “adequado” nivel de importagies) nao seja levada em considers Gio. Existem, naturalmente, argumentos politices que podem in. fluenciar a decisio, bem como a possibilidade de retaliagio, especial. mente no campo comercial Quando se considera a avaliagio global da politica brasileira rele tiva wo pagamento da divida externa, parece que — com base na informagio incluida na segio anterior — enquanito no inicio da década de 30 0 Brasil pagou (ou aumentox sua divide) mais do que poderia esperanse em face das condigdes econdmicas reais co Pals, o contririo ocorreu nos acotdos de 1940 1943, quando os pagamentos totais foram menores do que seta justticado pela cx. pacidade de pagar do pais. Isso nao causa surpresa, € podese alir dar que, em regra, os argumentos econdmicos nko si decisivos quando se analisa 2 “capacidade de pagar” de um pais e, em altinia instincia, 8 acordos resultam mais de consideragdes.politicas do {que econémicas. O Brasil no foi excecto a essa regra.*® A reagio it ial excessivamente generosa do Brasil, em 1981, pode ser explicada parcialmente com uma manifestagio especitica de uma politica econdmica global ortodoxa — em intengio — adotada sob influéncia britinica por J. M, Whitaker, 0 primeira Ministro da Farenda de Varyas em 1930.81, ¢, em parte, pela incapacidade de Feconliecer que o pais estava enfrentando uma crise de longo praro da economia mundial. Os termos excessivamente favoraveis concedi- dos em 1931 obrigaram o governo brasileiro a aceitar, em 1934, um esquema de inspiragio britinica que era ainda otimista se co parado com a capacidade da economia de gerar divisas, como ficou demonstrado pelo actimulo de atrasados comerciais Por outro lado, em 1840 © 1943, foi possivel ao Brasil pagar menos do que parecia ser possivel pagar, porque © pais credor que se achava cm posigio de exercer pressio relutava em recorrer a tal procedimento, tendo em vista consideracées pol cas, € porque sua tégia econdmica no Brasil ni dependia da manutengio dese tipo especifico de relagio financeira. O Reino Unido, principal "© Ver B, Rorchan, Stace Insolvency and Foreign Bondholders Polune £ General Principles (New Hayes, Vale, 1851), wota 61, p. #22 W. H. Wynne Volume H — Selected Care Histories (New Haven, Yale. Il), & uma boa tente sobre 3 exneritudia de ants pales deveores 6 Pes. Plan. eon. SL) jos, 1975 pais credor, no se encontrava em situagio de exercer pressio ade ‘quaula sobre 0 Brasil, ¢ 0 Tesouro britinieo estava disposto x acolher quase qualquer solugio que atenuasse a posiclo da conta especial brasileira, pois um “excessive” actimulo de esterlinos poderia levar a uma relutincia erescente, por parte dos paises exportadores de maté- riasprimas, em continuar a suprir 0 Reino Unido sem serem eapazes de satisfazer suas necessidades de importagio em futuro previsivel Se for tentada a quantificagio dos "ganhos" do Brasil decorrentes dos sucessivos acortlos (comparados com o que deveria ter sido pago de acordo com 0s contratos), & necessirio ter 0 cuidato de dis: tinguir enire dois diferentes conceitos de "ganho” relacionados com 1 redugio do pagamento do servico da divida, Por um lado, ha ganhos que podem ser chamados de "ganhos aparentes", que sio uum mero adiamento de pagimentos, proporeionando um alivio a curto prazo na posigio do balango de pagamentos. Esse & 0 caso, por exemplo, quando pagamentos de amortizagio sio suspensos, mas 0 devedor ainda se acha obrigado a fazélos no futuro. Por outro lado, hi 0s “ganhos reais", que correspondem a uma auténtica redugio dos payimentos, nio existindo obrigigto legal de saldar dlividas que ndo foram totalmente pagas. Esse é © caso quando ‘cupons de juros sio apresentados pelos portadores de utulos em twoct de uma redugio combinada do pagamento contratual.* A coluna 1 da Tabela 4 mostra os “fluxos de ganhos aparences” para o periodo considerado, supondose um serviga tebrico (isto & contratual) total de aproximadamente 28 milhdes de libras anvais, A colums 2 corresponde a uma agregagio parcial de “ganhos reais”, sendy resuftaclo da soma de: redugio real dos pagamentos de juras correspondentes aos acorcas de 1934 e 1940; pagamentos de juras ‘nfo efetuados sobre empréstimos em crénico inadimplemento, res gatacos @ 12% em 1943; juros atrasidos que nto foram vorakmente pages em 1943; ganhos relacionados com o resgaste de empréstimes «la categoria 8 2 129%: € juros no cobrados sobre atrasados, 9 £ inceresamie notar que es ganhor do Bruit nie so equivalentes a per: 485 dos tomatiores de titles, pois, em muitos eas, os empréstimos. brssiteiros Coram emitides om grande descento. A tentativa de cunparae a avaliagho do rétito do Brasil em diferentes periodes (mplicita nos descontes aplicados) © 8 rentabililade dos diferenics empréstimos io foi possvel em vista da falta He dies suciemeemente tales A Divida Palen Bxtesna dy Pras ‘Tapea 4 "Ganhos” do Brasil decorventes da suspensio dos payamentos. 4931-44, em milhdes de tibras* Ans 0 2 “Ganhos Aparentes”” —“Ganhos Reais” Pareaist™ se 1003 134 1835, 1936, 37 1998 1839 sao iM ia 1043 19 “Fass ndmeres resltam di oommparagin entre o que fei realmente page pelo Brus! eo jie deveria ter sido pagy #0 we Uttles extivessem eotados ao” par “Bees sudmeros nile ineluem para 1044 os “ganhos” vesultantes da regio das taxas de juros © do principal, acarotator pelo acowdo de 1085, pes 0 or ‘to dspie, ni momento, de tnformagoes campletas relatives condigoes con tratuais de amortizesio de todos o6 empréstimus. ‘Os genhcs imediatos relativos 0s pagainenion 2 vista no eas de opyso B foe tedos us tomadores huvessem Prefer esta opgto) teria slo de 45 miles de bras. O asesn m dads coe pletcs povmitina ® compttagdo de texas intemnas de rotomno arn azubus opyOee A importincia desses “ganhos aparentes” @ tornada clara pelo fato de que corresponderam a 58% das importagées totais em 1932, declinando para 22% em 1987 ¢ elevandose pars aproximadamente 40% em 1938-89." Do ponto de vista da disponibilidade de divisas, as sucessivas redugies do pagamento do servigo foram equivalentes a um aumento has exportagdes ¢ permitiram que se evitassem redugdes adicionais das importagées, Neste contexto, é importante procurat saber como as divisas liberadas pela redugio do pagamento do servigo foram Yo As comparagdes dirtas entre os “ganhos aparentes” co vel das im portagies podem ser enganadoras em vistude da acumulacio de atrasados <0 imereias drante period 10 Pea. Plan, Bon, 3) jn, 1975 uuiizadas. Como se pode observar nas ‘Tubelas 5 © 6, apés 1931 — {quando as importagées de bens de capital atingiram seu nivel mais baixo — houve um aumento continuo na participagio de import. Tanena 5 Importacses por uso como percentagens das importagdes totais, 1925-45 2 6 mw & 4 aD a» wos os ip Ds ae oa ae rot bt eo 02 a8 75 1H as on ste O8 38 G8 oun7 ma os 520 12 400 70 ast mag ard 12 4a 75 ma ar as sts os ao a7 Bh m0 ne vane’ 10 a7 ap maa sot 4 ae ia ap 4g ae be ise os sa8 Mo3e 58 188 noe 188 ba ate Me 30 ey aR na a7 sar 17 ota 8s no 18 na sa ‘40 ms 89) or as 1s 4a as am oo ine ts ose aaa Mz wr sa 08 ata PT ish 380 08 538 oF m8 42 0 498 0% 8 OK 10 abs Ds 27 7a 230 ee eee) 1 S482 aa AEINTH, Fontet Go Burt do Cimino Btrioe te Pri, 130-46 in de bo 4a ta wr op aa 4st Ds 23 6a amr (C2) Baa de commune notes, (2) Bear de sone dure (3) = 1 £ @) Bean de oe ©) Compose iabeioaner (3) Mater prmae inde (6) Maeeainan ago (2) = 6+ (0) Moti (8) Bene de capi iar (8) Benne capil sere oy Bh 8) PO) UI) Bene de oa A Divide Piblicn Bates do Brasit ” TapELa 6 Importagées por uso, em milhdes de libras estertinas, 192545 ne th 8 @ @ OH OH HM H GH OH Gy OD yo 83 ox os « oa Bs hoa 380 or as ea as 105 10 oa are a ina kan Os ie 10 moo Gt be a2 a hi 3r he OL int a3 ime 3a 3 or ma a maa $3 D2 230 OB 096 3B ba 208 ae OE ior R98 De asa nt woe ab he bi aoe 2 09 1990 a8 ha bs ate 4a 08 iw 3358 93 aig os mon 38 70 be ur So ob mg aa 42 03 37 of Me 72 a6 te sta iat Os Tas 048 a1 ean 12 (GH ute de 0) + (2) ao eames do abel 5, (12) 6 ttl da Impartages, bes de bens de capital nas importagées totais até a guerra (conside ravelmente superior & sua participagio antes ile 1980) em comparagio, com uma tendéncia menos definida das importagdes de bens de consumo (cuja participagio nas importagdes totais, comtudo, per ‘maneceu inferior & participasio prédepressio). & digno de nota que durante todo © perfodo examinado, exceto 1944, por motivos Sbvios, os "fluxos de ganhos aparentes” foram mais volumosos do que as importagdes totais de bens de consumo. Isto sugere que 2 poupanga de divisas, relacionada com a redugio dos pagamentos do sewigo da divida externa, tomnou powsivel a manutengio de niveis mais elevados de importagdes de bens de capital ¢ de matérias-pri- mas, em relagio & alternativa da no suspensio dos pagamentos_(in- dopendentemente de politicas especificas que fossem adotadas quan. 10 4 importacio de bens de consumo) ~ esq, Plan. Bown. 31) ja. 1975 Poderse- argumentar que as autoridades no. implementaram politieas que assegurassem uma redhugio mais radical das importa Bes de bens de consumo — em particular de bens de consumo dur veis — liberando mais divisas para as importagies de bens de capital fou para pagar maior parcela do servico da divida. Esta linha de ar gumento exigiria uma qualificagio cuidadosa, Em primeiro Luger, fs importagBes de alguns bens nido-turdveis, especialmente de pro- dutos alimenticios, eram de redugio particularmente dificil, Fao segundo lugar, poderseia, na verdade, esperar um aumento das Importagées de bens de consumo duraveis, pois esses eram sobre: tudo bens “novos”, recentemente introduzides no mercado brasileiro Em terceiro lugar, porque até 19% os controles cambiais asseguravam, ‘a disponibilidade de divisas para importagées essenciais. Em quarto lugar, porque a demanda de bens de capital importados foi artificial mente redurida pela proibigio, que vigorou entre 1981 € 1987, de importagSes de maquinaria para inddstrias que produziam uma série de bens de consumo, € que eram considerados como tendo ex- cessiva capacidade produtiva, De qualquer modo, mesmo que se aceite que os gestores da politica econdmica nio diseriminaram em avor dos bens de capital tanto quanto deviam — especialmente entre 1934 ¢ 0 fim de 1937 — podese dizer que 0 governo considerou politicamente mais conveniente importar bens de consumo do que ‘pagar mais servigo da divida.** Seria interessante saber algo a respeito das variagies de quanti € precos das importagdes por uso durante o periodo em estudo, mas enfrentase aqui uma dificuldade, A fonte basica de dados relativos & classificagio das importagbes por géner como de indices de pregos ¢ de indices de quantidades, é 0 extudo Vargas, op. cit. A metodologia 1a_pelos dices de quantidades e de precos (impli dustrial e por uso, bem realizado pela Fundagio Getuli utilizada — que nao € explicita implicou distorgio dos citos) obtidos, pois o cAleulo independente de alguns desses indices ores — aparentemente Durante todo o periode estiveram em vigor diferentes tipos de controle dle cémbio « de impontagies. © periodo 193487 eorresponien a um considerdvel Teloxamento dos controles, que foram restabeleckdos em fins de 1957 A Divida Pili Externa do Brasil st pelo autor conduz a resultados conflitantes com os obtidos. pela FGV.% A queda do nivel da atividade econdmica — e especialmente das importagoes — resultow em queda absoluta da receita do governo les deral, que nfo recuperou sew nivel nominal de 1988 senao em 1984. A coluna 2 da Tabela 7 sugere que, mesmo que nio houvessem ocor tido problemas cambiais, diticiimente teria sido possivel continuar a Pagar integralmente 0 servigo da divida, pois isso exigiria mais de tam tergo da receita federal total. O desafogo causado pela redugio dos pagamentos permiciu a altragio na composicio das despesas go. vernamentais © o aumento da compra interna de bons e servigos, com conseqiiente influéncia sobre o nivel da atividade interna, A Participagio do Ministerio da Fazenda na despesa federal global Mlectinou de 42%, em 1929, para 299%, em 1998, enquanto a participa so das despesas militares aumentava de 22% para 30% © a do Ministério dos Transportes de 28% para 26%. Seria interesante ana Jisar mais detalhadamemte a decomposicio das despesis federa sas as informagd ou so inexistentes ou ndo merecem confianga. Do ponto de vista do nivel da atividade imterna, a série de red ses de pagamentos pode ser considerada como uma tentativa para estaurar a “neutralidade” dos movimentos de capital “piiblico” es Uangeiro. O fato de que um nivel mais alto de importagies resulte de uma redugio dos pagamentos da divida ndo signitica necessaria mente que haverd leakage completa do ponto de vista do fluxo de renda — se comparado com a alternativa de importacées constantes ~ quando se considers que uma parcela substancial dessas importa. ‘98es consistia de hens finais, que no eam produzidos internan © estavam sujeitos, pelo menos durante parte do periodo, a raciona- mento em face da escassez de divisis, Especialmente no caso dos 72 A falta de foote altenativa de dados, @ autor viuse, entreanto, obtts ado a utilizar a clasiieaczo das importagées por uro da FON. Fst. caval Jo, bem como # classifcagio por género industrial nio parece se 140 cxiicivel quanto os fries de quantile prev, 1 Os dios da Fundacto Getulio Vargas, sobre a formagko de eapleat pelo over, apreentados cm Villla © Suzigan, wi cit, née lazem sentido, vaxiande de 108% dos gasis totals do governo federal, em 1988, a 1% em 1987 ® Pes. Plan. Reon, 5(1) jun, 1978 Taneva 7 Algumas estauisticas relations a0 servigo da divida piiblica externa brasileira, 192945 Servign Total, Servigo de Deflacionade pla Servic Total Empréslinos ——Capucidade de ‘como Percentagem "Federain Taporta, em Ams “dae Exportagtes como Percentage Milner’ de "Tota ‘dg Reowita Libres Federal" (Capacidade de Tmportar em 1987" = 00)" ua 184 180 on 6 130 Rg 13 1 35 43, 49 40 42 Ba 36 44 139 183 To. ot “Dados sobre 0 servigo estraiog da Tabela Timportagées totais extras do Anudrio Bxatevive to Bras, varios nmetes, convertidos de lbeas-nto € ‘eruseites emt Libeas esterlinas “0 setvigo da divida federal no inelvi os empetstimos ap eafé. A reasita ineluh impostos destivados no Plana Especial de Obras Pablieas e Apardhamento dls Defesn. Nacional (1989-43) ¢ 9 Plano de Obras e Fiquipamentos. (1944-46). Dados mabre & terete federal exteuilow de cmudrio Belalistieo to Brasil, 1039 Ino, {ito de Janeiny, IBGE), pp. 1265-1410 e nadia Estate ao! Brasil, 1077 tito de Janeiro, TBGE 1848), p. 45°. ‘Dados sobre » caparidade de naportsr extrldos de A. Ville W. Suzigan, on. ey i gat 8 ago dea is “ies fre a catia de porte (CEPAL,, por exemplo} nao altereia apreeiavelmente os resiltados, 4 Divide Pabtica Retroa do Brait co bens de capital, muito ao contritio de considerar tais importacdes como desvantajosas do ponte de vista da manute atividade interna, poderse.ia agumentar que o nivel de atividade, em um horizonte temporal que se estendi além do curto pruzo, no poderia expandirse sem aumento dessas importagies, 0 do nivel da (© exame dos motives resis que justificaram a decis ‘05 pagamentos em 1987, bem como de seus efeitos, ¢ particula interessante, pois essa foi a Unica ocasitio em que os fo a politica decidiram que a necessidace de importar hens ex cera suficientemente premente para impedir por completo o atendi mento dos pagamentos do servico da divida externa de suspender Poderseia, talvez, argumentar que houve semelhanga entre a sus pensio dos pagamentos pelo Brasil em 1987, como conseqiiéncia da recessio americana, ¢ em 1931, como resultado de uma recessio de ambito mundial, Isso seria, entretanto, enganacor. Em primeiro Tugar, o Brasil pagow algo durante os primeiros anos da década, quando as exportagies haviam caido abaixe de seu valor em fins da década de 50. Em segundo lugar, conquanto seja verdade que o da divida dividido pela capacidade de importar — houvesse aumen- lado, ainda no atingira seu nivel de 1929 (ver Tabela 7), Em terceiro lugar, a contragio do saldo da balanca comercial, que con- tinuow em 1988, sugere que os formuladores da politica econdmica atribuiam alta priotidade ao objetivo de garantir um nivel relativa- mente alto de importagies. A decisio de suspender os pagamentos em 1957 correspondeu a uma clara inversio na politica brasileira de ivida externa: 0 Brasil no pagava, nfo devide & queda na receita das exportagdes, mas devido a necessidade de aumentar (ow pelo Jo reduzir) © nivel de importagdes essenciais cal do pagamento do servigo da divida — servigo nominal menos de A anailise das forgas politicas nas quais Vargas teve que apoiarse pata gurantit a estabilidade do Fstado Novo ¢ de particular rele vincia para a compreensio de algumas consideragées no-econdmicas que possibilitaram a decisdo de suspender os pagamentos, Colocando a decisio de no pagar em termos de “ou pagamos a divida exter- na ou reequipamos as forcas armadas e a rede de transportes”, Vargas péde, 20 mesmo tempo, mobilizar 0 apoio militar para 0 novo regime, reduzir o impacto das eriticas internas 4 decisio ¢ contentar a Peag. Plan. Keon, 5(1) juan. 1998 1s fascistas brasileiros, que eram seus aliados politicos na époct ¢ que se opunham & contimagio dos pagamentos do servigo da di- vila © exame das estatisticas apresentadas nas Tabelas 3 ¢ 5 sugere {que a alegacio de Vargas de que a inevitabilidade da suspensio es tava vineulada & necessidade de importar bens essenciais foi uma racionalizagio parcialmente ex post do que jé ocorvera em 1937 A extraordinaria elevagio no valor das importagées entre 1936 ¢ 1997 foi, realmente, bem mais notivel no caso dos bens de capital — especialmente importagées de equipamento ferrovidrio, que dupli caram em valor — do que no caso de bens de consumo duraveis (ver ‘Tabela 8). © total das importag@es decrescen em 1938 © 1939, ws pode-se argumentar que a suspensio dos pagamentos possibilitou uma queda muito menor — nas importagdes de bens de capital em especial, que permaneceram mais ou menos estiveis entre 1987 © 1939 — do que teria ocorrido caso o Brasil houvesse continuado a pagar o servigo da divida E bastante dilicil tentar estabelecer relagio entre o nivel de io portagio de bens de capital € 0 nivel de atividate econdmica, pois no hi informagées sobre nivel de utilizagio da capaci ce claro, contutlo, & vista das Tabelas 8 € 9, que as grandes impor- tagées de equipamentos ferrovidrios que caracterizaram a segunda metade da década de 80 tiveram realmente relagio com a ripida expansio do produto do setor mansporte apés 1935, O mediocre desempenho da indiistria é explicado, na maior parte, pelo compor- tamento decepcionante da agricultura ~ em especial do. agticar ~ Guramte 1936-38 (4 industria de processamento de alimentos cor respondia a mais de 80% do valor agregado industrial em 1939) @ no A concorréncia das importagdes ou A caréncia de bens de capital. 1A poigho don fascias Lriileizos quanto 4 divida externa no parecia car alicia ao fato de que 0 dnico grande parctito comercial do Brasil que mio tina inteesses linancenes el rmanha. TiO autor agradece ao Protessor A. Fishlow pur the ter permitido aceso avs Indices indastriais cesagrogados, emt que we taseia a tabela ML de scu artigo “Origins and Conesquences of inport Safetitotion in Brat”, in TK. Di Marco (Ed), tniernationst Economies and Development. Exays in Howor of Raul Prebiseh (Sova Torque, Aeademte, 1972) tonailes 4 divide piblicn extema cra a Ale A Divide Piblicn Esterna do Brosit ® ‘Taneia 8 Valor das importagdes por uso, taxas de evescimento, 1926-45 eee ere Geefonete Cveaniae Ee Boas te Ute ANC ‘cial Serie “Coan Steere ste seuss ‘Tapers 9 Produto interno bruto ¢ indices setoviais (1939 — 100) ee Pratite Fea Anee Tat Aaveutra tina Ginerso Tanne HMMS Canta 85 Pesq. Plan. Beon. 51) jon, 1975 Os pagamentos relacionados com a importagio de equipamentos militares néo parecem ter correspondido a dispéndios em divisas con: versiveis superiores a 8 milhées de libras no periodo 193839. Os pagamentos em moeda conversivel associados aos dois principais con- tratos militares — pecas de campanha Krupp € destroyers britinicos ~envolveram apenas 2,5 milhdes de libras.** [A sugestio de que a politica brasileira de divida externa evoluiu de uma posigio, em principios da década de 30, quando a considera Gio bisica era “qual o minimo que os eredores aceitardo", para uma situagio em fins da década de 30 ¢ na de 49, quando a principal orientacio da politica era a definigio de qual © méximo que 0 Brasil poderia pagar sem limitar indevidamente o nivel de importagies essenciais, poderia transmitir a impressdo enganadora de que @ po- Utica econémica externa do Brasil seguiu, como um todo, o mesmo padrio. ‘A questdo da divida piblica externa definiu, na verdade, apenas uma — ainda que muito importante — das varias areas princips que constituitam a politica econdmica externa global. A avaliagio dessa politica global requer 0 estudo de outras politicas relevantes, como a politica comercial, 2 politica de distribuigio de di politicas relativas a0 capital privado estrangeito etc. © fato de que ste trabalho diga respeito apenas & questio da divida pablica exter- jo implica que o autor nfo reconheca que, se 0 objetivo for a \sio da politica econdmica externa como um todo, todas essas politicas parciais devam ser levadas em consideragao. Realmente, 0 resultado mais provavel de uma avaliaglo agregada desta natureza seria, possivelmente, no sentido de demonstrar que as conclusses aqui sugeridas no sio passiveis de generalizagio. Knox para Foreign Office, el. 366, fe Waley para Balfous, 23/10/89, F.0. $71/2272t, 5081/71 173, N0080/4176,6 A Divida Diblica Fxtere do Bras a

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