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Sem Terra
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, também conhecido pela sigla
MST, é um movimento social brasileiro de inspiração marxista e do cristianismo
progressista (teologia da libertação), cujo objetivo é a realização da reforma agrária no
Brasil.
O MST teve origem na década de 1980. Defendem eles que a expansão da fronteira
agrícola, os megaprojetos, dos quais as barragens são o exemplo típico - e a
mecanização da agricultura contribuíram para eliminar as pequenas e médias unidades
de produção agrícola e concentrar a propriedade da terra.
Nessa época, intensificou-se o êxodo rural-abandono o campo por seus habitantes-, com
a migração de mais de 30 milhões de camponeses para as cidades, atraídos pelo
desenvolvimento urbano e industrial, durante o chamado "milagre brasileiro". Grande
parte deles ficou desempregada ou subempregada, sobretudo no início anos 1980,
quando a economia brasileira entrou em crise. Alguns tentaram resistir na cidade e
outros se mobilizaram para voltar à terra. Desta tensão, movimentos locais e regionais
se desenvolveram na luta pela terra.
Histórico
Conflitos pela terra até 1964
A primeira fase, que iria de 1850 até 1940, é classificada como "messiânica", pois estas
lutas estavam associadas à presença de líderes religiosos de origem popular, que
pregavam ideologias de cunho milenarista (inclusive com elementos sebastianistas, isto
é, associados à mitologia relativa ao retorno de Dom Sebastião) e ligados ao catolicismo
popular. Nesse período, um dos mais importantes movimentos foi o da comunidade de
Canudos, na Bahia, liderada por Antônio Conselheiro. A comunidade permaneceu entre
1870 e 1897, quando acabou sendo arrasada por tropas federais, durante a chamada
Guerra de Canudos: todas as 5.200 casas do arraial foram queimadas e a maior parte da
população foi morta.
Outro movimento desta fase é o Contestado, que se desenvolve de 1912 até 1916 em
Santa Catarina, liderado pelo monge José Maria.
A segunda fase da luta pela terra no Brasil é definida como "lutas radicais localizadas" e
que se desenvolvem de 1940 até 1955. Nesta fase ocorreram diversos conflitos violentos
por terras e revoltas populares, em diversos lugares do Brasil, em lutas não mais de
cunho messiânico, mas agora com demandas sociais e políticas claramente definidas
como tais. Estas lutas, embora localizadas, tiveram a adesão de milhares de pessoas, e
em alguns lugares, como no Maranhão e no Paraná adquiriram tal magnitude que os
camponeses tomaram cidades e organizaram governos paralelos populares.
Com isto a luta pela terra foi violentamente reprimida, sob pretexto de "ameaça
comunista". Com isto, o movimento pela reforma agrária não pode atuar e a maioria de
seus líderes foram ou presos ou mortos.
Um dos grandes problemas do movimento pela reforma agrária antes de 1964 era o fato
de que a Constituição brasileira de 1946 só admitia a desapropriação de terras mediante
indenização prévia em dinheiro, o que limitava fortemente tais desapropriações.
Anteriormente, o governo estadual havia revertido uma ocupação ilegal de uma área de
reserva indígena, realizada nos anos 1960, para o que reassentou os índios e expulsou os
camponeses de seu assentamento, na localidade conhecida como Encruzilhada Natalino.
Como reação,os agricultores deslocados, espontaneamente, decidiram ocupar a vizinha
Fazenda Anoni. A partir daí, a sociedade local e a Comissão Pastoral da Terra, assim
como o embrião do futuro Partido dos Trabalhadores, passam a apoiar o grupo de
camponeses, que sai vitorioso. Atualmente, vivem na área, de 9.170 hectares, 460
famílias assentadas.
A organização não tem registro legal por ser um movimento social e, portanto, não é
obrigada a prestar contas a nenhum órgão de governo, como qualquer movimento social
ou associação de moradores. Entretanto, há o questionamento de boa parte da opinião
pública brasileira de que se o MST é um movimento social e não tem personalidade
jurídica, não poderia receber recursos públicos, sejam eles diretos ou indiretos, como se
tem provado nos últimos anos.
[Resultados obtidos
Os atuais governantes do Brasil tem origens comuns nas lutas sindicais e populares, e
portanto compartilham em maior ou menor grau das reivindicações históricas deste
movimento. Segundo outros autores, o MST é um movimento legítimo que usa a única
arma que dispõe para pressionar a sociedade para a questão da reforma agrária - a
ocupação de terras e a mobilização de grande massa humana.
Críticas
Muitos são os críticos do MST que consideram que estes assentamentos, dependentes de
financiamento governamental, no que seria uma tentativa de preservar artificialmente
uma agricultura de minifúndios em regime de produção familiar, economicamente
inviável diante das pressões competitivas da globalização, que exigiriam o
desenvolvimento do agronegócio. Em resposta, o MST aponta para o fato de que o
agronegócio também tem dependido de condições artificialmente favorecidas - fortes
subsídios e créditos governamentais - para produzir frequentemente em condições
ambientalmente insustentáveis, ecologicamente danosas e socialmente excludentes. Em
contrapartida, o movimento ressalta os ganhos políticos e sociais decorrentes da
inserção produtiva de seus assentados.
Manifestações
Em 17 de junho de 2005 o MST fez a sua marcha de trezentos quilômetros em direção a
Brasília. Entre os dias 11 e 15 de junho de 2007, o MST realizou em Brasília seu 5º
Congresso Nacional.
A nota afirma ainda que "não houve depredação nem furto por parte das famílias que
ocuparam a fazenda da Cutrale", e que tais "desvios de conduta em ocupações, que não
representam a linha do movimento" têm acontecido por infiltração elementos estranhos
ao MST, adversários da reforma agrária.[14] A entidade não ofereceu, no entanto,
qualquer prova destas alegações; a Polícia Civil abriu inquérito. Segundo o delegado
Jader Biazon, serão apurados os crimes de formação de bando ou quadrilha, esbulho
possessório, dano e furto qualificado.[15]
Prêmios e homenagens
Noam Chomsky, um dos maiores linguistas, autores e ativistas políticos americanos da
atualidade, discursou, em inúmeras ocasiões, em favor ao MST. Segundo Noam, existe
uma clara ligação entre o surgimento de favelas e a desigualdade na destribuição da
terra no campo.[16] O pensador ainda afirmou que o "MST é o movimento popular mais
importante e excitante do mundo!" durante o seu discurso no Fórum Social Mundial
realizado em Porto Alegre em Fevereiro de 2003.[17]
Sebastião Salgado, possívelmente o fotógrafo brasileiro mais reconhecido
internacionalmente pela sua arte e pela sua identificação com causas sociais relevantes,
organizou em 1997 uma exposição entitulada "Terra"[18][19] em homenagem à luta do
MST.[20] O livro com as fotos da exposição inclui quatro cds de Chico Buarque de
Hollanda. O prefácio do livro é de autoria do prémio Nobel, José Saramago. O livro é
dedicado aos milhares de famílias sem terra no Brasil, cuja situação Salgado
documentou em 1996. A exposição tomou lugar em 40 países, e 100 cidades brasileiras.
A exposição constituiu também o marco inicial das atividades, na Universidade de
Nottingham, do presente projeto e website, As Imagens e as Vozes da Despossessão,
juntamente com o evento Landless Voices, realizado em setembro de 2001 na
Universidade de Nottingham.[21] Em dezembro de 2002, como parte das atividades
comemorativas da conclusão do projeto, a Universidade de Évora, em Portugal, conferiu
a Sebastião Salgado o título de Doutor Honoris Causa.[22]
Em 2005, o MST foi um dos doze agraciados com a Medalha Chico Mendes de
Resistência, prêmio entregue pela ONG brasileira Grupo Tortura Nunca Mais a "todos
que se destacam na luta pelos Direitos Humanos e por uma sociedade mais justa".[23]
O Projeto "Terra Livre" foi anunciado no ano de 2006.[24] Trata-se de uma homenagem
da produtora independente Kate Cunningham ao Movumento pela midia de
documentário,[25] seguindo as vidas de três famílias no estado do Paraná. O filme
também tem uma série de entrevistas com estudiosos e políticos. Entre eles destacam-
se: João Pedro Stédile; Miguel Rossetto, então Ministro da Reforma Agrária; Roberto
Requião, Governador do Estado do Paraná e candidato às eleições presidenciais de 2006
e Rolf Hackbart, presidente do INCRA.[26]
O auditório Franco Montoro da Assembléia Legislativa de São Paulo foi palco de Ato
Solene em Homenagem aos 25 anos do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, dia
12 de Agosto de 2009.[27]