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Movimento dos Trabalhadores Rurais

Sem Terra

Monumento desenhado por Oscar Niemeyer dedicado ao MST.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, também conhecido pela sigla
MST, é um movimento social brasileiro de inspiração marxista e do cristianismo
progressista (teologia da libertação), cujo objetivo é a realização da reforma agrária no
Brasil.

O MST teve origem na década de 1980. Defendem eles que a expansão da fronteira
agrícola, os megaprojetos, dos quais as barragens são o exemplo típico - e a
mecanização da agricultura contribuíram para eliminar as pequenas e médias unidades
de produção agrícola e concentrar a propriedade da terra.

Paralelamente, o modelo de reforma agrária adotado pelo regime militar priorizava a


"colonização" de terras devolutas em regiões remotas, tais como as áreas ao longo da
rodovia Transamazônica, com objetivo de "exportar excedentes populacionais" e
favorecer a integração do território, considerada estratégica. Esse modelo de
colonização revelou-se, no entender do movimento, inadequado e eventualmente
catastrófico para centenas de famílias, que acabaram abandonadas, isoladas em um
ambiente inóspito, condenadas a cultivar terras que se revelaram impróprias ao uso
agrícola.

Nessa época, intensificou-se o êxodo rural-abandono o campo por seus habitantes-, com
a migração de mais de 30 milhões de camponeses para as cidades, atraídos pelo
desenvolvimento urbano e industrial, durante o chamado "milagre brasileiro". Grande
parte deles ficou desempregada ou subempregada, sobretudo no início anos 1980,
quando a economia brasileira entrou em crise. Alguns tentaram resistir na cidade e
outros se mobilizaram para voltar à terra. Desta tensão, movimentos locais e regionais
se desenvolveram na luta pela terra.

Em 1984, apoiados pela Comissão Pastoral da Terra, representantes dos movimentos


sociais, sindicatos de trabalhadores rurais e outras organizações reuniram-se em
Cascavel, Paraná, no 1º Encontro Nacional dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, para
fundar o MST.[1]

Apesar de os movimentos organizados pela reforma agrária no Brasil serem


relativamente recentes, remontando apenas às ligas camponesas- associações de
agricultores que existiam durante as décadas de 1950 e 1960 - o MST entende-se como
herdeiro ideológico de todos os movimentos de base social camponesa ocorridos desde
que os portugueses entraram no Brasil, quando a terra foi dividida em sesmarias por
favor real, de acordo com o direito feudal português, o que excluiu em princípio grande
parte da população do acesso direto à terra. Contrariamente a esse modelo concentrador
da propriedade fundiária, o MST declara buscar a redistribuição das terras improdutivas.

Histórico
Conflitos pela terra até 1964

A Lei de Terras de 1850, ao estabelecer a compra e venda como forma padrão de


aquisição da propriedade fundiária e limitando fortemente o usucapião, foi a estrutura
agrária desigual herdada dos tempos coloniais. É desse marco legislativo que se valem
os historiadores para dividir a história dos conflitos agrários no Brasil independente, a
partir de 1850, em duas fases distintas:

A primeira fase, que iria de 1850 até 1940, é classificada como "messiânica", pois estas
lutas estavam associadas à presença de líderes religiosos de origem popular, que
pregavam ideologias de cunho milenarista (inclusive com elementos sebastianistas, isto
é, associados à mitologia relativa ao retorno de Dom Sebastião) e ligados ao catolicismo
popular. Nesse período, um dos mais importantes movimentos foi o da comunidade de
Canudos, na Bahia, liderada por Antônio Conselheiro. A comunidade permaneceu entre
1870 e 1897, quando acabou sendo arrasada por tropas federais, durante a chamada
Guerra de Canudos: todas as 5.200 casas do arraial foram queimadas e a maior parte da
população foi morta.

Outro movimento desta fase é o Contestado, que se desenvolve de 1912 até 1916 em
Santa Catarina, liderado pelo monge José Maria.

Inserem-se no mesmo quadro as atividades de Lampião no nordeste brasileiro, no


período de 1917 até 1938, na medida em que este possa ser tido como uma forma de
banditismo "social", cujas origens estariam na expoliação dos pequenos agricultores -
como a família de Lampião - e nas estruturas de poder político regional, dominadas pelo
latifúndio. Esta posição, defendida pela historiografia marxista brasileira dos anos 1960
- especialmente pelo historiador Rui Facó[2] - e recuperada mais tarde pelo historiador
inglês Eric Hobsbawn,[3] tem sido, entretanto, contestada por uma outra vertente que vê
o banditismo do cangaço numa relação de comensalidade com o latifúndio, mais do que
de oposição.[4][5]

A segunda fase da luta pela terra no Brasil é definida como "lutas radicais localizadas" e
que se desenvolvem de 1940 até 1955. Nesta fase ocorreram diversos conflitos violentos
por terras e revoltas populares, em diversos lugares do Brasil, em lutas não mais de
cunho messiânico, mas agora com demandas sociais e políticas claramente definidas
como tais. Estas lutas, embora localizadas, tiveram a adesão de milhares de pessoas, e
em alguns lugares, como no Maranhão e no Paraná adquiriram tal magnitude que os
camponeses tomaram cidades e organizaram governos paralelos populares.

Com isto a luta pela terra foi violentamente reprimida, sob pretexto de "ameaça
comunista". Com isto, o movimento pela reforma agrária não pode atuar e a maioria de
seus líderes foram ou presos ou mortos.

Mudanças no quadro legal

Um dos grandes problemas do movimento pela reforma agrária antes de 1964 era o fato
de que a Constituição brasileira de 1946 só admitia a desapropriação de terras mediante
indenização prévia em dinheiro, o que limitava fortemente tais desapropriações.

O maior esforço de impulsionar um projeto de reforma agrária foi um decreto do


presidente João Goulart, no chamado Comício da Central de 13 de março de 1964, de
declarar como terras públicas as faixas circundantes de rodovias federais, ferrovias e
açudes — decreto este que apenas acelerou o golpe de 1º de abril do mesmo ano.

A ditadura militar, desejando enfrentar as tensões agrárias de forma controlada, emitiu,


em 1965, um Estatuto da Terra que reconhecia, de acordo com a Doutrina Social da
Igreja Católica, a função social da propriedade privada e permitia a desapropriação para
fins de assentamento agrário em caso de tensão social, e, mais tarde, na chamada
Emenda Constitucional no.1, de 1969 (outorgada pela Junta Militar que assumiu o
poder quando da incapacitação do presidete Arthur da Costa e Silva) à Constituição
brasileira de 1967, passou a admitir a desapropriação mediante pagamento em títulos de
dívida pública. Esta legislação, muito embora tenha permanecido largamente inoperante
durante a própria ditadura, daria o quadro legal para as tentativas de reforma agrária no
pós-ditadura militar.

A Constituição Brasileira de 1988 revalidou o princípio da desapropriação de terras


mediante pagamento em títulos públicos (que já havia sido, como já dito, admitida pela
ditadura militar). No entanto, a Constituinte limitou as desapropriações às terras
improdutivas, chegando à conclusão de que as grandes propriedades, desde que
produtivas, estão sendo usadas para o progresso do país.

Movimento pela reforma agrária contemporâneo

A partir do fim da ditadura militar e da retomada democrática no Brasil, os camponeses


puderam se reorganizar e retomar sua luta histórica pela reforma agrária. O Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) surge com a ocupação da fazenda Anoni,
no Rio Grande do Sul, outubro de 1985.[6] 1500 famílias montaram um acampamento na
fazenda Anoni, objeto de um processo de desapropriação que durou 14 anos.

Anteriormente, o governo estadual havia revertido uma ocupação ilegal de uma área de
reserva indígena, realizada nos anos 1960, para o que reassentou os índios e expulsou os
camponeses de seu assentamento, na localidade conhecida como Encruzilhada Natalino.
Como reação,os agricultores deslocados, espontaneamente, decidiram ocupar a vizinha
Fazenda Anoni. A partir daí, a sociedade local e a Comissão Pastoral da Terra, assim
como o embrião do futuro Partido dos Trabalhadores, passam a apoiar o grupo de
camponeses, que sai vitorioso. Atualmente, vivem na área, de 9.170 hectares, 460
famílias assentadas.

A ocupação da fazenda Anoni marca a origem do MST. Em 1984, o Movimento passa a


se organizar em âmbito nacional.

Uma das atividades do movimento consiste na ocupação de terras improdutivas, como


forma de pressão pela reforma agrária, mas também há reivindicação quanto a
empréstimos e ajuda para que realmente se possa produzir nessas terras. Para o MST, é
muito importante que as famílias possam ter escolas próximas ao assentamento, de
maneira que as crianças não precisem ir à cidade e, desta forma, fixar as famílias no
campo.[7]

Organização e estrutura do MST

Membros do MST ocupam a CONAB. Foto: U. Dettmar/ABr.

Crianças do MST cantam a Internacional durante comemoração dos 20 anos do MST.


Itapeva, 2 de Agosto de 2004. Foto Ana Nascimento/ABr.
O MST se organiza em 24 estados brasileiros. Sua estrutura organizacional se baseia em
uma verticalidade iniciada nos núcleos (compostos por 500 famílias) e seguindo pelas
brigadas (grupo de até 500 famílias), direção regional, direção estadual e direção
nacional. Paralelo a esta estrutura existe outra, a dos setores e coletivos, que buscam
trabalhar cada uma das frentes necessárias para a reforma agrária verdadeira. São
setores do MST: Saúde, Direitos Humanos, Gênero, Educação, Cultura, Comunicação,
Formação, Projetos e Finanças, Produção, Cooperação e Meio Ambiente e Frente de
Massa. São coletivos do MST: juventude e relações internacionais. Esses setores
desenvolvem alternativas às políticas governamentais convencionais, buscando sempre
a perspectiva camponesa.

A organização não tem registro legal por ser um movimento social e, portanto, não é
obrigada a prestar contas a nenhum órgão de governo, como qualquer movimento social
ou associação de moradores. Entretanto, há o questionamento de boa parte da opinião
pública brasileira de que se o MST é um movimento social e não tem personalidade
jurídica, não poderia receber recursos públicos, sejam eles diretos ou indiretos, como se
tem provado nos últimos anos.

A maior instância da organização é o Congresso Nacional, que acontece a cada cinco


anos. No entanto, este congresso é apenas para ratificação das diretivas - não é um
momento de decisões. Os coordenadores e os dirigentes nacionais, por exemplo, são
escolhidos no Encontro Nacional, que acontece a cada dois anos. A Coordenação
Nacional é a instância operacional máxima da organização, contando com cerca de 120
membros. Embora um dos principais dirigentes públicos do movimento seja João Pedro
Stédile, a organização prefere não rotular alguém com o título de principal dirigente,
evitando o personalismo. O MST adota o princípio da direção colegiada, onde todos os
dirigentes têm o mesmo nível de responsabilidade.

O movimento recebe apoio de organizações não governamentais e religiosas, do país e


do exterior, interessadas em estimular a reforma agrária e a distribuição de renda em
países em desenvolvimento. Sua principal fonte de financiamento é a própria base de
camponeses já assentados, que contribuem para a continuidade do movimento.

O MST se articula junto a uma organização internacional de camponeses chamada Via


Campesina, da qual também faz parte o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA)
e agricultores da Europa, EUA, África, Ásia e Américas. A Via Campesina tem como
objetivo organizar os camponeses em todo o mundo. Ele também está vinculado com
outras campanhas nacionais e internacionais, como a Via Campesina Brasil, que reúne
alguns dos movimentos sociais brasileiros do campo, e a contra a ALCA.

Relacionamento com o Incra

O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) analisa se as terras


ocupadas são ou não produtivas. Se forem improdutivas os sem-terra podem ser
assentados, ou seja, recebem a posse das terras; no caso de a propriedade rural ser
produtiva, é expedida uma ordem judicial de reintegração de posse. Na maioria dos
casos, os camponeses se retiram sem maiores problemas. Porém, muitas vezes o grupo
se recusa a cumprir o mandado judicial de reintegração de posse, sendo desta forma
desalojado através de força policial.
Recursos governamentais
Em março de 2009 o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, criticou
os repasses de recursos do orçamento que acabam beneficiando o MST, financiando
assim as invasões (ou ocupações, como dizem seus integrantes) promovidas pelo
movimento. Instalada a polêmica, o Tribunal de Contas da União comprovou que 7,3
milhões de reais do orçamento da educação destinado à Anca (Associação Nacional de
Cooperação Agrícola) em 2003 e 2004 foram distribuídos a secretarias regionais do
MST em 23 estados. Os advogados da Associação seguem questionando essa decisão na
justiça federal. No entanto em vista da CPMI instaurada em 2009 para investigar
supostos repasses de recursos públicos a entidades que seriam ligadas ao MST,
representantes do movimento social sugeriram a ampla investigação também de
entidades ruralistas, como a OCB, CNA, SRB e os recursos públicos repassados a
entidades como o SENAR e SESCOOP que tem sido utilizados para finalidades
diversas da autorizada pelas leis nacionais.

[Resultados obtidos

Encerramento do 5º Congresso do MST em Brasília em 2007. Foto: Agência Brasil.

O MST reivindica representar uma continuidade na luta histórica dos camponeses


brasileiros pela reforma agrária.

Os atuais governantes do Brasil tem origens comuns nas lutas sindicais e populares, e
portanto compartilham em maior ou menor grau das reivindicações históricas deste
movimento. Segundo outros autores, o MST é um movimento legítimo que usa a única
arma que dispõe para pressionar a sociedade para a questão da reforma agrária - a
ocupação de terras e a mobilização de grande massa humana.

O MST procura organizar as famílias assentadas em formas de cooperação produtiva


em vista de melhorar sua condição de vida. Entre centenas de exemplos que deram certo
no Paraná e Santa Catarina, no Sul do Brasil, destaca-se a COOPEROESTE,
Cooperativa Regional de Comercialização do Extremo Oeste LTDA , sediada em Santa
Catarina. Há também o exemplo bem sucedido da Coapar, em Andradina, no interior de
São Paulo. Embora com razão social de empresa no regime de sociedade limitada,
funciona como um verdadeiro condomínio produtivo. A criação de cooperativas é
estimulada, embora as famílias que hoje estão assentadas não sejam obrigadas a
trabalhar em cooperativas.
Dados coletados em diversas pesquisas demonstram que os agricultores organizados
pelo movimento têm conseguido usufruir de melhor qualidade de vida que os
agricultores não organizados.

O MST mantém também a Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), sediada em


Guararema, a 60 quilômetros de São Paulo, e construída em regime de mutirão por
assentados, usando materiais de construção obtidos in situ - tijolos de solo cimento,
fabricados na própria escola. Além de serem mais resistentes, fáceis de assentar e
dispensarem reboco, esses tijolos requerem menor uso de energia (são levados para
secar ao ar livre) e de outros materiais, como ferro, aço e cimento, gerando uma
economia de 30% a 50% em relação a uma edificação tradicional. Organizados em
brigadas, os assentados ficavam cerca de 60 dias trabalhando na construção da escola e,
nesse período, passavam por cursos de alfabetização e supletivos. Em seguida,
retornavam aos seus Estados, dando lugar a uma nova brigada. As obras da ENFF foram
iniciadas em 2000. Atualmente a escola ministra cursos em vários níveis, desde a
alfabetização até o nível médio, incluindo administração cooperativista, pedagogia da
terra, saúde comunitária, planejamento agrícola, técnicas agroindustriais. Os professores
da escola geralmente provêm de universidades e escolas técnicas conveniadas. Há
também voluntários.[8]

Críticas
Muitos são os críticos do MST que consideram que estes assentamentos, dependentes de
financiamento governamental, no que seria uma tentativa de preservar artificialmente
uma agricultura de minifúndios em regime de produção familiar, economicamente
inviável diante das pressões competitivas da globalização, que exigiriam o
desenvolvimento do agronegócio. Em resposta, o MST aponta para o fato de que o
agronegócio também tem dependido de condições artificialmente favorecidas - fortes
subsídios e créditos governamentais - para produzir frequentemente em condições
ambientalmente insustentáveis, ecologicamente danosas e socialmente excludentes. Em
contrapartida, o movimento ressalta os ganhos políticos e sociais decorrentes da
inserção produtiva de seus assentados.

Apesar de várias iniciativas bem sucedidas, em âmbito nacional, no estabelecimento e


organização de assentamentos produtivos, o MST também sofre eventualmente
problemas típicos dos movimentos políticos do Brasil. No assentamento São Bento (em
Mirante do Paranapanema, São Paulo), lotes entregues aos sem-terra foram vendidos, o
que é proibido por lei. As acusações levantaram a suspeita de que Ivan Carlos Bueno
(ex-técnico do Incra e membro da direção regional do MST), recebeu um lote
ilicitamente, e contratou um sem-terra para trabalhar, sendo que, além de Bueno não se
encaixar nos padrões socioeconômicos estabelecidos para receber o lote, é proibida a
contratação de terceiros para trabalhar a terra recebida.

A Escola Nacional Florestan Fernandes, assim como todos os empreendimentos


educacionais do MST, tem sido apontada pela mídia como um foco de doutrinação da
esquerda revolucionária. Em matéria publicada em 2005 intitulada Madraçais do MST,
a revista Veja comparou as escolas de assentamentos no Rio Grande do Sul às
madraçais (ou madraças), escolas religiosas islâmicas, muito abundantes no Paquistão,
que educam seus alunos através do estudo do Alcorão interpretado em termos
fundamentalistas. Em 2004, as escolas do MST abrigavam 160.000 alunos, empregando
4.000 professores.[9]

Manifestações
Em 17 de junho de 2005 o MST fez a sua marcha de trezentos quilômetros em direção a
Brasília. Entre os dias 11 e 15 de junho de 2007, o MST realizou em Brasília seu 5º
Congresso Nacional.

Denúncia de grilagem por multinacionais


Em 2009 integrantes do MST ocuparam a fazenda de uma transnacional em Santo
Henrique, em Borebi, próximo a Iaras, interior de São Paulo, grilada pela Cutrale.[carece de
fontes]
. Como forma de denunciar a inoperância do governo brasileiro e do poder
judiciário derrubaram mais de 7.000 pés de laranjas. A mídia comandada pela elite
brasileira noticiou a destruição de 28 tratores, a sabotagem do sistema de irrigação e a
depredação da sede da fazenda. [10] A justiça brasileira sem tomar conhecimento de que
aquelas terras pertenciam à União, ordenou a pronta desocupação do terreno,[11] e
entidades como o INCRA apressaram-se em condenar o ocorrido;[12] a ação foi
amplamente criticada pela mídia. O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária
de São Paulo disse que "a sociedade paulista deve ficar ainda mais atenta aos
desdobramentos dessas ações, porque elas comprometem a própria existência da
democracia".[13] O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, também
condenou os atos de vandalismo ocorridos na fazenda da Cutrale.

A Direção Nacional do MST, em nota publicada, em 9 de outubro, admitiu a ocupação


de fazendas que, segundo afirma, têm origem na grilagem de terras públicas, tais como
as da Cutrale - empresa que controla 30% da produção mundial de suco de laranja.
Desde 2006, a Justiça analisa os títulos de propriedade da Cutrale, visando verificar se
as terras são realmente públicas, como sustenta o MST.

A nota afirma ainda que "não houve depredação nem furto por parte das famílias que
ocuparam a fazenda da Cutrale", e que tais "desvios de conduta em ocupações, que não
representam a linha do movimento" têm acontecido por infiltração elementos estranhos
ao MST, adversários da reforma agrária.[14] A entidade não ofereceu, no entanto,
qualquer prova destas alegações; a Polícia Civil abriu inquérito. Segundo o delegado
Jader Biazon, serão apurados os crimes de formação de bando ou quadrilha, esbulho
possessório, dano e furto qualificado.[15]

Prêmios e homenagens
Noam Chomsky, um dos maiores linguistas, autores e ativistas políticos americanos da
atualidade, discursou, em inúmeras ocasiões, em favor ao MST. Segundo Noam, existe
uma clara ligação entre o surgimento de favelas e a desigualdade na destribuição da
terra no campo.[16] O pensador ainda afirmou que o "MST é o movimento popular mais
importante e excitante do mundo!" durante o seu discurso no Fórum Social Mundial
realizado em Porto Alegre em Fevereiro de 2003.[17]
Sebastião Salgado, possívelmente o fotógrafo brasileiro mais reconhecido
internacionalmente pela sua arte e pela sua identificação com causas sociais relevantes,
organizou em 1997 uma exposição entitulada "Terra"[18][19] em homenagem à luta do
MST.[20] O livro com as fotos da exposição inclui quatro cds de Chico Buarque de
Hollanda. O prefácio do livro é de autoria do prémio Nobel, José Saramago. O livro é
dedicado aos milhares de famílias sem terra no Brasil, cuja situação Salgado
documentou em 1996. A exposição tomou lugar em 40 países, e 100 cidades brasileiras.
A exposição constituiu também o marco inicial das atividades, na Universidade de
Nottingham, do presente projeto e website, As Imagens e as Vozes da Despossessão,
juntamente com o evento Landless Voices, realizado em setembro de 2001 na
Universidade de Nottingham.[21] Em dezembro de 2002, como parte das atividades
comemorativas da conclusão do projeto, a Universidade de Évora, em Portugal, conferiu
a Sebastião Salgado o título de Doutor Honoris Causa.[22]

Em 2005, o MST foi um dos doze agraciados com a Medalha Chico Mendes de
Resistência, prêmio entregue pela ONG brasileira Grupo Tortura Nunca Mais a "todos
que se destacam na luta pelos Direitos Humanos e por uma sociedade mais justa".[23]

O Projeto "Terra Livre" foi anunciado no ano de 2006.[24] Trata-se de uma homenagem
da produtora independente Kate Cunningham ao Movumento pela midia de
documentário,[25] seguindo as vidas de três famílias no estado do Paraná. O filme
também tem uma série de entrevistas com estudiosos e políticos. Entre eles destacam-
se: João Pedro Stédile; Miguel Rossetto, então Ministro da Reforma Agrária; Roberto
Requião, Governador do Estado do Paraná e candidato às eleições presidenciais de 2006
e Rolf Hackbart, presidente do INCRA.[26]

O auditório Franco Montoro da Assembléia Legislativa de São Paulo foi palco de Ato
Solene em Homenagem aos 25 anos do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, dia
12 de Agosto de 2009.[27]

A Diretoria da Associação de Juízes pela Democracia (AJD) também prestou


homenagem ao MST em São Paulo. O magistrado comprometido com transformação
social entregou no dia 3 de dezembro de 2009 uma pintura representando a luta de Dom
Quixote contra os 'Moinhos da Opressão'.[28] Na atividade, representaram o MST os
militantes João Paulo Rodrigues e João Pedro Stédile, de São Paulo, e Joba Alves, de
Pernambuco.[29]

No dia 10 de dezembro de 2009, Dia Internacional dos Direitos Humanos, a comissão


de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro ofereceu
ao MST o prêmio 'Centenário Dom Hélder Câmara', por sua defesa dos Direitos
Humanos e na organização da luta das mulheres pela Reforma Agrária e Soberania
Alimentar. A militante Nívia Regina recebeu o prêmio em nome do Movimento.[30] No
mesmo dia, o MST também recebeu a 'Medalha de Direitos Humanos Dom Helder' em
homenagem na Câmara Municipal na cidade de Olinda, Pernambuco.[31]

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