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Publicagao Se ‘Ano T, a8 13. Jeneire, 1998 strat Director Vergiio A. Pinta de Andrade Ealtor, Redaceto ¢ Sede Escola Superior Agraria do Instituto Politécalco ae C. Branco ‘Quinta da Set de Mercules '6000 CASTELO BRANCO Tolot.:(072)027595/6/7 a. (072}028881 Gristine Alegria Fernanda Delgado sJoa8 Nunes Maria do Carmo M. Horta Mosteio Marla Eouarda P. Rodrigues Otlia Maria S. dos Anjos Rovisae de Texto Deolinga alberto Natividad Pires Computagto gréttea “Tomas Monteiro iprossao ¢ Acabamentos Genito de Recursos da ESACB e alblaraicg Lda. in 600 Depésito Legal at 3942600 TSN? 0872-2617, ‘Actaoric oii oxpoolae no preaenio mero so daintararesponsabligace os sous autores ‘Tuco 0 que compas a revista pode serreprodgs dnsoe que provers soja Indioada, AQroferdies n¢15 aN07, 1998 Agrofercée SUMARIO Editorial 3 CIENCIA E TECNICA Integragao Biofisica de Areas Afectas Exploragio de Rochas Ornamentais 5 Ricardo Osério de Barros* Protecgio ¢ Reabilitagio ambiental de Cursos de Agua Naturais 13 Pedro Vieira EXPERIMENTAGAO E INVESTIGAGAO Um Modelo de Caracterizagao © Avaliagio Ecolégica para o Planeamento ¢ Gestio 2s JP-Fernandes; LC-Quinta-Nova ; P.l-Baptsta ¢ J.MMascarenhos DIVULGAGAO Enquadramento Biofisico da Recuperagio de Areas Ambientalmente Degradadas 33 Joao Paulo Fernandes A Bcologia da Paisagem na Promogdo da Biodiversidade 37 Pedro Jore Bapsta Tmpacte Ambiental de Antigas Minas de Sulfuretos Localazadas no Alentejo 4s André Matoso Normas para publicagio de artigos na Revista Agroforum si , ESCOLA SUPERIOR AGRARIA = DE CASTELO BRANCO A Escola Superior Agraria instalada numa quinta com166ha, dispée dos seguintes meios para apoiar os seus alunos: a. Culturas regadas - 19,4 ha c. Parque botanico - 26 b. Culturas nao regadas - 146,6 ha ha d. Olival - 50 ha e. Fruticultura - 6 ha f. Horticultura - 1 ha g. Viveiros florestais 1. Edificio Sede (Laboratorios - Solos e Fertilidade, Nutrigéo Animal, Quimica, Sanidade Vegetal, Microbiologia e Parasitologia, Reproducéo, Anatomia Patolégica e Biologia; Sector de Produgdo Agricola); 2. Sectores de Producae Animal e Produgao Florestal; 3. Vacaria: 20 vacas leiteiras (Holstein Friesian) e estabulo para engorda de novilhos; 4. Ovil: 250 ovelhas (Merino da Beira Baixa); 5. Sector de Maquinaria Agricola e Parque de Maquinas (630m2); 6. Oficinas (750 m2): secgdo de motores, serralharia, electricidade, soldadura e carpintaria; 7. Estufas (934 m2); 8. Edificio de Apoio ao Sector Florestal; 9. Complexo desportive (Campo de Futebol/Rugby Relvade, Ténie, Polivalente), Pista de Atletismo com 400 m; 10. Centro de Estudos, Planeamento e Contabilidade; 11. Centro de Formacéo Profissional Pés-Graduada da Beira Interior. 2 ofr ano7, 1998 AQTOfarcae AGroforecse 019 007, 1908 DITORIA 1 - Decorre em Fevereiro, 0 3° Congresso do Ensino Superior Politéenico. & 0 momento adequado para reflectir sobre o caminho percorrido, os problemas que urge resolver e perspectivar © futuro com esperanga, mas também com o realismo que a situagio exige. 2.- Bm duas décadas criaram-se Instituigées de Ensino Superior Politéonico em todo o pais e que influenciaram favoravelmente as regides onde estio implantadas, 0 desafio, que a muitos parecia ser demasiado ambicioso, foi aceite ¢ levado a termo com sucesso, Planearam-se ¢ construiram- se instalagdes adequadas; recrutaram-se e formaram-se centenas de docentes que obtiveram graus de mestre ¢ doutor; recrutou- see formou-se pessoal nfo docente, Estudaramt-se ¢ estruturaram- se 08 cursos considerados mais adequados tendo em conta as, necessidades do pais © a evolugéo do mercado de trabalho. Desenvolveram-se trabalhos de investigagao de mérito € ndo se descurou 0 apoio a comunidade, prestado das mais diversas formas. Formaram-se milhares de técnicos que tém mostrado competéncia nos diversos campos de actividade em que se ‘ocupam, comprovando a boa preparagao que as Escolas Superiores Ihes transmitiram. O Ensino Superior Politécnico teve capacidade para vencer todas as dificuldades que Ihe foram surgindo & cumpriu com sucesso, todos os objectivos que the tinham sido fixados. Dispoe de identidade propria e de prestigio justamente conseguido, ‘esperand6-se que continue a cumprir as fungdes importantes e diversificadas que Ihe competem © para as quais estd preparado. 3 - Perante o valor da actividade desenvolvida, poder-se-4 pensar que o caminho a percorrer seré facil e a situagdo estivel? Como diz o poeta, “a vida é feita de mudanga” ¢ a vida das instituigdes, como a das pessoas, néo foge a essa afirmacio. EB anecessidade de mudanga que obriga a um esforgo continuado de adaptagio e de inovagio, face ao rApido evoluir da situacao. 4- 0 Ensino Superior Politécnico confronta-se, neste momento, com alguns “desafios”, cujo desenlace e consequéncias nfo slo ficeis de prever. 4.1, A alteragio introduzida & Lei de Bases do Sistema Educativo, extinguiu os Cursos Superiores Especializados (CESEs) ¢ permitiu a concessao de licenciaturas nas Escolas Superiores do Ensino Superior Politécnico. B inegavel a atracgdo que o grau de licenciatura ¢ o correspondente titulo profissional, exercem na sociedade, consequentemente, nos candidatos ao ensino superior. E previsivel que as Instituigbes do Ensino Superior Politéenico reformulem os seus planos curriculares, de modo a criarem cursos que confiram o grau de licenciatura, Haverd assim uma clara aproximagio ao ensino universitério. 3 ‘Também as carreiras docentes dos dois subsistemas do ensino superior se aproximam cada vez mais em exigéncias e critérios de progressio na carreira. Conhecido o prestigio da “Universidade”, nao sera de estranhar que a sociedade em geral ¢ muitos agentes de ensino superior pablico ¢ privado ambicionem a designagio de “Universidade” para a instituigao a que pertencem ou que querem criar. Como vai manter-se a diferenga de objectivos que justificou actiagio dos dois subsistemas e como vai manter-se a identidade que se pretendia fosse diferente? 4.2 A globalizagao dos sistemas econdmicos, a répida evolugéo da cigncia e 4 expansio, a escala mundial, dos sistemas de informagio, geram problemas de dificil solugio. ‘A formagdo obtida nas Escolas deixa de ser suficiente para fazer face a estas mudangas constants. 0s conhecimontos desactualizam-se rapidamente, as teenologias evoluem constantemente e os campos de actuagio diversificam- “se. Dagqui resulta a necessidade de, permanentemente, se fazer a actualizacio de conhecimentos. A formagdo continua assume, cada dia que passa, um papel de maior relevo. Que resposta esto as instituigdes preparadas para dar @ esta nova e crescente solicitagao? 4,4 - 0 ensino niio pode ficar a margem do processo de procura constante de melhoria da qualidade que se verifica em todos os sectores de actividade. No por exigéncia legal, mas por um acto voluntério que traduz uma atitude responsdvel de todos os intervenientes no processo educativo. Aliés, bastard recordar o direito A livre cireulagao das pessoas, a necessidade de reconhecimento automético de diplomas ¢ a0 aumento da concorréneia nas empresas e nas instituigdes, para reconhecermos a necessidade de methorar continuamente a qualidade. Para isso torna-se necessirio estabelecer uma estratégia, definir objectivos ¢ planear acces que conduzam a uma politica de melhoria constante da qualidade. Isso implica o envolvimento de todos: érgdos directivos, docentes e néo docentes. Que resposta pretendem dar as instituigdes a este “desafio"? ‘0 Ensino Superior Politécnico é hoje uma gratificante realidade. ‘Tem identidade propria, um corpo docente qualificado ¢ desempenha papel de relevo na sociedade, nos dominios da educagio (formagio), investigagdo ¢ apoio a comunidade. Esta pois em condigdes de saber encontrar a melhor resposta para os variados “desafios” com que continuamente se defronta. Estamos confiantes de que saber encontrar a melhor solugao para cada caso, wramor, 1008 Agrofgercs Integragdo Biofisica de Areas Afectas a Exploragado de Rochas Ornamentais Ricardo Osorio de Barros* 1. Introdugdo No momento actual, em que cada vez mais os industriais se empenham na redugo ou mitigagao dos impactes ambientais da sua empresa, é imprescindivel a reflexao sobre quais 0s objectivos primordiais para a definicao de uma verdadeira politica ambiental para o sector das podras naturais. A estratégia apresentada pela ASSIMAGRA e pelo CBVALOR, passa pela concentragao de esforgos sob © ponto de vista técnico, no sentido de procurar solugdes exequiveis na perspectiva do presente panorama do sector das pedras naturais, procurando a definigao estratégica de directives ambientais necessérias a coeréncia do processo. Tal concentragio de esforgos, foi ja posta em prética com a formagio do GAPN Gestio Ambiental de Pedras Naturais). " Surgem assim varias medidas Amprescindiveis, que dizem respeito quer a reformulag&o da legislacdo existente (que em muitos casos no tem capacidade de responder aos problemas especificos que individualizam uma ou mesmo um conjunto de empresas), quer & mudanga de atitude relativamente as questées ligadas a0 ordenamento biofisico. Relativamente 8 legislacto, € importante referir © papel preponderante do Acordo Voluntério Sectorial assinado por: ASSIMAGRA, AIPGN, MARN E MIE. ‘Umut ponto fuera aterem conta seréicomplementaridade entre a indiistria © as plataformas de apoio ao sector, AQroforiens 113 No 7, 1998 contribuindo de forma inequivoca para o processo de tomada de decisdo em matéria ambiental. Tal apoio deverd ser feito em meios técnicos de aplicagdo a especiticidade dde.easo, ou ainda no apoio a estudos regionais de ordenamento ena sua aplicagao prética. 2. Perspectiva ambiental no sector Ao estudar as pedreiras de rochas ornamentais tomar- se-do em consideragio virios aspectos. Em primei lugar, devemos notar que a exigéncia ambiental varia conforme a maior ou menor intensidade de exploragao na area em questio. ‘Uma nota importante diz.respeito & possivel reintegragao biofisica de éreas exploradasem épocas relativamente recentes, fem que a actividade extractiva se pautava meramente pelo sucesso industrial nao havendo qualquer tipo de prenéupagiio ambiental, tornando-se extremamente dificil ¢, por vezes, economicamente invidvel, a integragao!"recuperagio”, 2.1. Princip impactes Deve-se salientar a erosio a que o solo existente nas escombreiras esth sujeito, visto os taludes, com grandes declives (entre 25 ¢ 28° na sua maioria), estarem muitas vezes desprovidos de vegetagdo, aumentando deste modo, a velocidade do escoamento superficial, uma vez que a infiltragdo € muito reduzida ou nula na parte terrosa, provocando assim erosdo laminar. Costa (1992) divide os impactes deste tipo de exploragiio conforme os seguintes periodos temporais: Antes da exploragao Durante a prospec¢do ocorre a remogao do solo ¢ bem assim da vegetagto existente, destruindo os habitats da fauna nativa, para por em evidéncia “cabegas de mérmore” que indiciam por vezes, jazidas de reduzido interesse econémico. Com o aparecimento das sondagens devidamente orientadas, estas “agressdes” ambientais, poderio ser atenuadas, racionalizando as futuras exploragdes porquanto estas poderdo nio s6 dar uma ideia bastante exacta das qualidades explordveis, sua localizagio ¢ determinago das reservas existentes. De acordo com estes métodos, torna-se evidente uma tendéncia acentuada, para minorar as dimensées das futuras escombreiras.. Durante a exploragao ‘Acexploragio comega com a remogio do solo e portanto, com a destruicao da flora tipica existente na regitio, introduzindo importantes variagdes nos habitats existentes, tal como na estrutura e funcionalidade do espaco. Com as directivas introduzidas pelo D.L. n.° 89/90 de 16 de Margo que exige para as escombreiras a soparagao da terra vegetal para posterior “recuperagao” da pedreira, ficando salvaguardado um aspecto bastante positivo, uma vez que possibilita, para além desta “recuperagdo”, a valorizagao dos subprodutos. Operada a separacio que o referido D.L. preconiza, poder-se-4 prever que as escombreites constituidas exelusivamente com solo, ou ainda com uma percentagem relativamente baixa de materiais pétrcos, seriam “autorrecuperdveis” instalando-se a vegetagao autéctone ¢ possibilitando deste modo a estabilizagdo de taludes.. Com efeito, as escombreiras mais ricas em material terroso, normalmente as mais antigas, estdo praticamente cobertas de vegetacao dispensando por isso qualquer intervengio biofisica relevante. No entanto aquela “autorrecuperagio” desenrola- se em tempo variavel, o que por vezes poderd significar perdas consideraveis de solo, exigindo-se assim a intervengo de técnicos especializados para acelerar 0 processo de repovoamento vegetal. Durante esta fase, para além dos danos paisagisticos (estéticos), devem-se ainda apontar os principais problemas ambientais directos, que poderio ser também problemas de seguranga. Dever-se-& dividir a actividade extractiva em trés areas susceptiveis de produzir impactes ambientais negativos: + corta - muitas vezes aexploragio de rochas ormamentais 6 executada em profundidade com todos os problemas de soguranga que sto inerentes. Estas cortas atingem, em grande parte dos casos 0 nivel freatico, 0 que ‘implica uma bombagem constante “levando arebaixamentos 6 locais da toalhs fredtica, com eventual esgotamento de pogos e nascentes” (Martins, 1990, cit. in Costa, 1992). A 4gua bombeada da pedreira é em parte aproveitada para a indéstria extractiva e transformadora, tornando-se deste modo pouco limpida por transportar s6lidos em suspensio provenientes dos varios processos de corte. + escombreiras - Nao s6 pelos volumes acumulados actualmente como também pelas perspectivas futuras, 60 niimeros so no minimo assustadores. “Considerando para 0s materiais constituintes das escombreiras um coeficiente de empolamento da ordem dos 1.3- 1.4 (...) obtém-se um volume anual de subprodutos da ordem de 1.2 milhdes de m’. Estardo depositados até a0 final do século cerca de 25 milhoes (provavelmente, de metros cuibicos de subprodutos da extracexo de marmore” (Costa, 1994). Estes nimeros sao, de facto, alarmantes tornando-se necessérias medidas estratégicas de intervengdo'. Asescombreiras representam impactes de varia ordem, (Costa, 1992): - problemas de ordem econémica para os pr6prios industriais, ¢ que resultam da ocupagio de éreas, ‘tei da jazida, onde se poders verificar a progressiio da exploracio num futuro préximo ou sujeitarem- se a eventuais especulagdes ao adquirir terrenos limftrofes, ainda que, sem reservas de mérmor = problemas de ordem ambiental como sejam a afectacao dos recursos hidricos (superficiais), a diminuigao da area agricola e florestal para além dos impactes paisagisticos. - problemas de seguranga ligedos & instabilidade de taludes quando em declives bastante elevados, erosfo laminar, ravinose e e6lica do solo e possibilidade de abatimentos entre outros, necessitando por isso de intervengbes imediatas Face a estes problemas revela-se fundamental a anélise cientifica da localizagio de escombreiras. Efluentes industri As exploragées que atingem o nivel freético poderto poluir as guas pela libertacao de 6leos € outros efluentes em zonas de grande infiltragio. Por outro lado assiste-se também A produgao de subprodutos resultantes do corte ¢ serragem de rochas ornamentais (lamas) tanto no processo de desmonte como na beneficiagto. Estas sto geralmente canalizadas para tanques de decantacio ou, mais modernamente para um depurador. Actualmente existem jé empresas {gue disp6em de filtros prensa onde a taxa de aproveitamento ds égua ronda os 70% conseguindo-se neste processo a reciclagem industrial de uma égua de qualidade superior a obtida anteriormente para além de aumentar significativamente potencial de posteriores utilizagécs. ‘Abandono da exploragio Nesta fase a principal acco que deve ser tida em nt 1gano7, 1996 AGroferdon conta € a (re)integragéo biofisica da pedreira que pode ser obtida por diversas técnicas que serdo desenvolvidas no préximo ponto®. 3. Integragdo Biofisica Este titulo sugere-nos a manutengo ou a criaggo de uma paisagem com uma estrutura eventualmente diferente da anterior que promova uma funcionalidade positiva na dindmica espacial. 3.1, Instrumentos de planeamento A paisagem industrial, requer mais do que a intervengo ‘caso a caso, como é o principio dos “Planos de Recuperag#o Paisagistica” elaborados para cada pedreira. Enecessério recorrer a um planeamento mais amplo, onde a exigéncia primordial deverd ser a manutengko das fungées biofisicas existentes para toda a érea e nfo uma tentativa, desesporada © por vezes infrutifera, de que o espago se volte a assemelhar a paisagem anterior. ‘Com efeito, so frequentes os casos em que a exiguidade do espaco disponivel ndo permite adoptar a desejével politica da reintegraeao faseada, sem pOr em causa 0 futuro a médio ou longo prazo da exploragao. A solugao destes casos parece dever passar por uma planificagao regional ou mesmo nacional em que sejam salvaguardados (08 acessos as jazidas conciliando--os com a valorizagio Diofisica da regio. 0 iinico jutzo critico que poderé metecer esta tese, € que embora ele encerre um conceito de limite desejavel, poderé no entanto ser desmobilizadora de projectos pareiais que algumas empresas com condigées geoestratégicas particulates, poderdo elas proprias, isoladamente, promover com vista a uma racional gestéo ambiental Por exomplo, para a zona dos mérmores (Bstremoz~ Borbe-Vila Vigosa), a Resolugo de Conselho de Ministtos 1°86/94 (21 de Setembro), que incumbe a CCRA de promover ‘© PROZOM (Plano Regional de Ordenamento da Zona dos ‘Mérmores), vem a0 encontro do que foi atras dito acerca da necessidade do planeamento na zona. © prazo para a elaboragio de tal plano, de 12 meses, foi criticado por Cupeto’ (1994), sendo considerado “(..) curto para tio complicada missio”. Com efeito, todos os problemas que até aqui se levantaram no presents trabalho envolvem um némero extremamente elevado de disciplinas Areas cientificas ¢ por isso requesem uma investigagao extremamente aprofundada, Pelas raz6es apresentadas, prazo para a elaboracio do PROZOM, foi posteriormente (Resolucio do Conselho de Ministros n.° 10/96, 24 de Janeiro) prorrogado em 18 meses. Sob 0 ponto de vista autérquico, serd de referir a importineia da delimitagio de areas de exploragze, no Plano Director Municipal (PDM). Assim, ap6s consults a diversos PDMS, notou-se que raramente se explicitava © critério seguido para a delimitagio de tais éreas. Este facto leva aque algumas empresas estejam limitadas Agroferim 13.N07, 1998 ‘em projectos de desenvolvimento, pela deficiente delimitagio das referidas éreas. Um outro problema que surge 20 nivel dos PDMs € a ndo delimitagao de reas para o armazenamento de escomibros provenientes das escombreiras. Pergunta-se por iltimo se, dados todos este conflitos, nao seria de reformular os PDMS de forma a contemplarem 08 problemas ambientais especificos de cada concelho. Relativamente aos Estudos de Impacte Ambiental © as Avaliagdes de Impacte Ambiental, pensa-se ‘que tals instrumentos contribuem decisivamente para 0 conhecimento dos problemas especificos de cada empresa e bem assim para um estudo integrado do sector em determinadas regives. Um outro instrumento que poders ser posto em pritica pelas empresas, diz respeito a implementagio de sistemas de gestio do ambiente. A norma ISO 14001, sugere um processo ciclico, em que a entidade revé e avalia periodicamente o seu sistema de gestio do ambiente, de modo a identificar oportunidades de methoria, 0 que levaré obviamente ao empenho de toda a hierarquia da empresa. Este sistema, pode ser considerado como ur dos instrumentos mais importantes em matéria ambiental. Por diltimo, deve citar-se aquele que 6 actualmente 0 instrumento de planeamento indispens4vel para qualquer trabalho na érca ambiental das pedras naturais, 0 Acordo Voluntario Sectorial. Ap6s concluida a primeira fase de diagndstico, que permite a identificacio de diversas caréneias ambientais a nivel regional e nacional, esse trabalho tornou-se como que um elemento estruturante da problematica. Com base nesse trabalho, poder-se- agora analisar cada empresa de maneira a encontrar 05 estrangulamentos e potencialidades para posterior elaboracdo de um relatério empresarial. No relat6rio sero entio explicitas para além das caréncias da empresa, um conjunto de medidas calendarizadas segundo a hierarquia de necessidades. 3.2. © Estudo da paisagem Neste ponto sZo feitas algumas consideragbes acerca da paisagem como factor preponderante a considerar em trabalhos de integracio biofisica, Com efeito, 56 o pleno conhecimento de uma regido permite trabalhos deste Ambito, O estudo da paisagem revela-se assim, como fuleral para a definigao de 1S & seguir desde a remodelagao dos terrenos até & aplicagao da vegetacio nos planos de integracao biofisica. ‘A paisagom é definida numa perspectiva ecolégica como o resultado do compiexo de inter-relagdes derivadas da interacgéo de rochas, gua, ar, plantas ¢ animais. Ou ainda, como refere Hill (1974), “paisagem 6 um mosaico formado por variagGes das muitas combinagées dos sistomas bisticos ¢ abiéticos, que integran « ecustera que envolve 0 nosso planeta”. {As relagdes entre os elementos da paisagem resultam de diversos factores, quer inerentes ao préprio elemento, quer a estrutura da paisagem. Sao cles: a forma; a superficie e 0 comprimento da fronteira do elemento; a existéncia de corredores, a heterogencidade do mosaico © 0 contraste da estrutura de um elemento com a paisagem que 0 rodeia. Retomando o tema dominante desta apresentagio pode-se assinalar aqui também, que o estudo da paisagem se revela fulcral para a definigao de critérios a soguit desde a prospecgao, & exploragio © abandono de uma pedreira, Tornando-se também extremamente importante para a ulterior remodelago dos terrenos e aplicagéo da vegetagao em planos de integragao biofisica. 6 uma realidade flagrante a existéncia de uma dualidade paisagistica que se traduz numa paisagem de matriz industrial ¢ outra de matriz rural. Nao se deverd ter 0 mesmo tipo de critérios na execucio de obras ou estruturas nestes dois tipos de matrizes. Em termos de paisagem, o principal objectivo sera entdo o de assegurar a estrutura e funcionalidade do espago. Os problemas de indole puramente estética, deverio também ser integrados, embora se reconhega serem factores de menor importancia na hierarquia dos problemas vigentes nas areas em questdo. 3.3. © Plano de lavra Para a posterior integragio biofisica de éreas de exploragio, € notéria a importancia da execugio de um plano de lavra coerente, Segundo DGGM (1992) “o plano de lavra deverd, em regra, conter a meméria descritiva sobre as caracteristicas do depésito mineral, a descrigdo pormenorizada dos processos de desmonte e dominio dos terrenos, dos sistemas de transporte, ventilagio, iluminagio, esgotos, sinalizagio, fontes de energia, abastecimento de gua e, quando necessério, as medidas adoptadas para prevenir a poluigio do meio ambiente ¢ assegurar a recuperagao paisagistica e dos terrenos de superficie.” ‘Com efeito, os planos de lavra actualmente existentes raramente contemplam a possibilidade de reabilitagao ambiental apés 0 abandono da exploracao. No entanto, tal omissdo ¢ compreensivel por duas razées: por um lado, a exploracio tem de se restringir ‘0s locais da jazida economicamente vidveis, por outro, as pedras naturais encontram-se até profundidades ‘consideriveis e com orientagdes por vezes inesperadas devidas a descontinvidades geolégicas. 3.4. Pedreiras Na integragio biofisica de pedreiras dever-se-é ter em considerago nao s6 o aspecto estético mas também a regeneragdo e activagio biol6gicas de forma a imprimir A paisagem uma estrutura e funcionalidade que Ine 880 préprias. Deve-se realgar que raramente o abandono de uma pedreira se prende com o facto do esgotamento do recurso, Assim a integracio biofisica de tais pedreiras, devers ter em conta a no inviabilizagdo de uma futura exploragio. Este facto, torna a definigfo de novos usos bastante condicionada representando também uma forte limitagao na tomada de decisio, (© primeiro passo ne reintegraczo das pedreiras seré a definigao dos objectivos segundo os quais todo 0 plano sera regido. ‘A integragdo da pedreira tem varias componentes entre as quais se destacam, para além da parte biofisica, fa seguranga ¢ a economia. Quanto a esta ditima, deve- se referir que a integracao biofisica pode ser extremamente dispendiosa, uma vez que poderd exigir movimentos de terra de grande porte. Existem varios usos que poderdo ser dados a pedreiras abandonadas ou “esgotadas”, a saber: ‘+ poderd ser vidvel a tapagem com inertes das escombreiras, dependendo da proximidade relativa de tais depésitos. Esta pritica envolve sempre custos.extremamente elevados; + as pedreiras poderdo também ser aproveitadas, em condigdes restritas de impermeabilidade, para a deposicao de residuos s6lidos urbanos. Porém, © contacto com o nivel freatico nas exploragdes, pode desaconselhar tal soiugao; + a0 revelar-se como um reservat6rio de égua, a corta, converte-se numa zona com um potencial ecol6gico muito importante, principalmente em regides, como ‘ado Alentejo por exemplo, onde escasseia tal recurso. ‘Surge-nos assim um outro uso possivel para a pedreira abandonada encarada agora como reserva de abastecimento piblico ou ainda, como uma area de conservagio da natureza, importante para a activagio ecolégica da zona; + criar estruturas que suportem um conjunto de habitats correspondentes iis espécies nativas, aumentando (ou ‘mantendo) a diversidade especifica e garantindo também, a conservagio do nimero de individuos constituintes da comunidade. Desta forma, sera estabele: cadeia alimentar complexa, de forma a que este sistema, seja controlével por factores naturais. A activagdo ecolégica passa muitas vezes por um esbatimento do declive, que poderé ser obtido por Legenda Solo EEE] Material de escombreira Situagdo actual J Propesta Escala: 1/500 Figura 1. Suavizagao do deciive por socalcos. neta ano 7, 1908 AQroferwes socaleos a recobrir com terra vegetal, de forma a possibilitar « implantagio de vegetagéo. Em zonas onde se prevé a criagao de taludes ingremes, dever-se-4 promover uma rede de drenagem eficiente, para evitar 0 armazenamento excessivo de 4gua no solo e ndo originar perigos de instabilidade por retengio hidrica‘. Encontra-se em anexo um esquema de integraco biofisica de pedreiras (Figura Al). 3.5. Subprodutos resultantes da extraccéo de rechas ornamentais A integragdo biofisica das escombreiras tem duas vertentes, Uma prende-se com a assimilagio industrial destes subprodutos, fazendo passar a pedra natural de uso ornamental para matéria prima industrial. Com esta filosofia consegue-se, nfo s6 a redugio da dimensio das escombreiras, como também a obtencao facil (dispensando a fase extractiva), de uma matéria- prima de custo nulo importante para usos diversos. © tratamento de gua, a correcgio da acidez dos solos, a indistria quimica, a siderurgia, a construgao, etc., sio algumas das suas muitas aplicagées possiveis. Sem divida que esta solugao é bastante interessante, definindo-se como a estratégia principal para os problemas, de excesso de acumulagao de subprodutos. A resposta @ estas ¢ outras perguntas carece de um trabalho de anilise acerca das verdadeiras potencialidades econémicas deste tipo de indistrias. O CEVALOR esté actualmente a elaborar um projecto neste ambito, em que serd quantificado e caracterizado ‘© material das escombreiras da Zona dos Marmores, para aplicaglio em camadas de base ¢ de sub-base. A outra vertente ser a reintegragio biofisica (sentido restrito), que consiste na activagao biolégica da regio. € que diz respeito a trabalhos de ordem diversa que vio desde a remodelagio de terronos, até a plantagio nelas, de espécies vegetais nativas. As técnicus para este tipo de situacio deverao ser ‘economicamente vidveis, considerando que as estruturas em causa podero ser desmontadas, uma ver que se encontram na sua maioria sobre jazidas aproveitaveis. Para este ditimo problema a melhor solugio seria realizagfo de um estudo, de apoio a decisio integrada, no sentido de definir novos locais de deposigao fora de areas aproveitéveis da jazida. Serio agora apontadas algumas sugestdes para a integragdo biofisica. O modo de inteyvencio na integragao bioffsica destes taludes, com ceréa de 26° de declive, por vezes com mais de 20 metros de altura e praticamente desprovidos de solo, deve ser ensaiado com varias técnicas, dependendo das caracteristieas do local. © primeiro grande problema na integracao destes taludes corresponde a aplicagio de solo. Para cate efeito a situagio ideal seria a remodelagio dos taludes dotando-os de drenagem superficial. A remodelagio dos taludes podera ser levada a cabo pelas seguintes técnica Agroforcesm 0:13 107, 1908 + eriagio de socaleos no talude para colmatar os problemas de erosdo. Desta forma aumentard, nos terragos criados, o poder de infiltragao permitindo assim uma diminuigg0 da eroso; + utilizagéo de gabiées acompanhando a base da escombreira até uma altura de 1/4 do total. Esta técnica permitiré a estabilizagdo do talude para além da diminuigdo do declive. Para dimensionar 08 gabides, sera necessario avaliar cada situagio de forme exaustiva, Nessa avaliagio dever-se-4 ter em conta factores como 0 declive, a altura do talude, © tipo de material, a quantidade de solo necesséria, ete. Relativamente & drenagem dos taludes aponta-se a seguinte técnica: + adrenagem deverd ser executada com valas, que ocupam Legenda Fl Gobises Solo EEX Moterial de escombreira Sitvagdo actual Escala: 1/500 Figura 2. Aplicagao de gabiées na estabilizagdo de taludes. Nota: O dimensionamento dependera de varios factores. Esta figura representa apenas uma possivel aplicagao. toda a extensdo do talude, paralelas a base deste. As valas de drenagem sero constituiéss por material rochoso dda escombreira uma vez que, dado o seu grande indice de vazios, obiem-se uma infiltragdo eficiente. A Agua serd entio infiltrada para o interior da escombreira nio oferecendo deste modo qualquer perigo de instabilidade. Veja-se 0 esquema na figura seguinte. Escala: 1/500 Legenda 0 solo Figura 3. Esquema de drenagem superficial num talude. BE Avvenaria Moterial de escombreira Ainda a acrescentar as técnicas atrés apontadas refere-se que, por observagdo in situ, de algumas escombreiras verifica-se que existe em alguns taludes uma resisténcla directa do solo & erosio (“auto isténcia”). Este método resulta da aplicagio conjunta de uma percentagem (cerca de 10%) de alvenaria (didmetro de 10 cm) juntamente com 0 solo. Como se disse no inicio deste. capitulo, 0 ideal para a correceo dos taludes seria a remodelagao morfol6gica acompanhada de uma drenagem eficiente. No entanto devem apontar-se alguns pontos que no permitem essa técnica conjunta. Por um lado esta a contiguidade entre os taludes das escombreiras com os caminhos, as pedreiras, etc, ¢ esta proximidade ndo permite as devidas remodelagdes dos taludes. Por outro lado é necessério frisar os custos econ6micos de tais remodelagbes, do terréno. Dever-se-4 portanto tomar como principal preocupagto ‘a drenagem eficiente dos taludes como factor preponderante na aplicagdo do solo. A hipétese sobre a “auto-resisténcia” do solo a ‘erosio revela-se como a mais expedita ¢ menos dispendiosa economicamente, Resta no entanto saber se a sua execugo terd 0 sucesso pretendido. Depois de aplicado 0 solo comega o proceso de revegetagio, Esta acgio passa por duas fases: + em primeiro lugar proceder-se- & plantagto de uma mistura de herbéceas das famflias Leguminosae ¢ Graminae numa proporgao de 40.¢ 60 % respectivamente; + a segunda fase sera posta em pritica apés seis meses ou um ano da plantagao das herbéceas. Nesta fase serdo plantados diversos arbustos ou arvores nos taludes. Na figura A2 do anexo, si mostrados de forma sintética os procedimentos necessérios para uma correcta integragao biofisica de escombreiras activas ¢ inactivas. Relativamente aos subprodutos da transformagao do mérmore (natas), verifica-se que existem técnicas para a separagio das fases Iiquida ¢ s6lida, quer através dos antigos e ainda presentes tanques de decantagao, quer por modemnos decantadores associados a filtros prensa. ‘0 primeiro método pode considerar--se em nitida regressio dando gradualmente lugar 20 segundo, apesar de este exigir das empresas um elevado esforgo financeiro. © método de prensagem é bastante mais rapido © eficaz, uma vez que consegue separar as fases com assinalével vantagem para a limpeza da 4gua néo sendo de negligenciar, para eventuais ulteriores aplicagdes das natas, um maior grau de exsicagao obtido. ‘© aproveitamento destes efluentes tem estado a ser estudado por varias entidades (CEVALOR, UNESUL, Universidade de Evora, CENCAL e Universidade de Aveiro), para aplicagéo como matéria prima na inddstria cerdmica (Faiangas) e na indstria de marmores compactos (Martins et al., 1995 cit. in Costa, 1995). No seguimento de todos os trabalhos ja elaborados para aplicagées diversas, formou-se um cons6rcio de empresas e instituigdes para a criagfo de uma estagko 10 de tratamento piloto para reutilizagao das natas. Entre este conjunto de empresas estio representados todas as inddstrias envolvidas desde a montagem da estagio até aos end users. Uma solugdo interessante de aproveitamento de subprodutos foi a apresentada e ensaiada experimentalmente por Costa (1995a). Consistiu na selagem de ume lixeira (Estremoz), recorrendo aos subprodutos dos marmores (natas e inertes das escombreiras). ‘Actualmente, o CEVALOR esté a estudar esta ditima aplicagao, tendo como objective a validagao cientifica das natas como material de confinagdo de residuos s6lidos urbanos. No final deste estudo, apoiado financeiramente pelo PORA e que tera uma duracdo de trés meses, ser possivel a aplicacao do material em todo 0 distrito de Evora. 4. Concluséo Durante esta comunicagio ficou patente a importincia da complementaridade entre a inddstria c as plataformas de apoio ao sector (como o CEVALOR e a ASSIMAGRA) que com os meios técnicos de que disp6em, conseguirlo bases s6lidas para 0 processo de tomada de decisiio em matéria ambiental, quer a0 nivel de uma empresa quer a nivel regional de integragio do conjunto das empresas. E com este intuito que se formou recentemente 0 GAPN (ASSIMAGRA e CEVALOR) que pretende, no seguimento do Acordo Voluntério Sectorial, dar respostas exequiveis as cmpresas do sector, mediante diversos instrumentos tais como Diagnésticos Ambientais, Estudos de Impacte Ambiental, Auditorias Ambientais, cte... Uma outra conelusio 6 que o ambiente deve, cada vex mais, fazer parte da estratégia global da empresa, envolvendo o empenho de toda a sua hierarquia interna, nao dissociando em hipétese alguma a estratégia ambiental das outras grandes linhas de planeamento da empresa. 86 assim seré possivel assistir & maximizagdo dos processos que levardo ao sucesso industrial, dentro de uma politica ambiental. ‘Como reflexio final, pode-se afirmar que dado o empenho demonstrado por diversos industriais, espera—se que 2 concretizagio de estratégias se veja consolidada a médio prazo. Para tal, é necessério apostar numa anélise profunda das diversas ideias expostas e, posteriormente, torné-las, exequiveis nfo 36 nas proprias empresas, como também na interligagao destas para se resolverem problemas ambientais, ¢ funcionais comuns a todo 0 sector. 5. Referéncias bibliograficas BARROS, R.O., “Ordcnamento Biofisice da Zone dos Mérmores. Aplicagio a Um Sector Especifico da Jazida”. Trabalho de Fim de Curso. 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Oviedo, Notas 1 Em estudos efectuados para a zona dos mirmores, observou-se que havia uma média de rendimento ga ordem dos 20% do material extraido. 2 Como sera explicitado ao longo do trabalho nao 6 apenas nesta fase que 0 processo de reintegracao biofisica estaré presente mas sim durante todas elas embora seja aqui que se observa o resultado final de todo o proceso. Actual coordenador do GAPN (ASSIMAGRA/CEVALOR) 4 Evidentemente que este caso $6 se verifica ou em escombreitas com solo ou na parte superior da corta uma vez. que a cratera em si é de rocha nua havendo perigo apenas quando se verificar inseguranga de caracter geolégico. * Eng.” Biofisico, CEVALOR W Figura A.1 - Procedimento de integragéo biotisica de pedreiras, n> KY Perenen] | Zoramene | [Remenain] [Forts Fecotgeo| | “dos Sean (aes Som) Tr) gee Unidas do Uso eee | [a — =e Recursos | ' " [Dette scone ears) | | petuaos ae ee — Tomede |] [~tonnizde_] |_Smuades 7 Energia de Se | [ate eon yerturdagao| “Tlagiarao bicicica da escambrera ¥v | Phiicare | ‘exclude que sep todo o rates SSS = coun degree lEstrutura ecolagica| | grandes — potencial | | 7” Sistentabidade. | Siow | | onecusandee l= i dos Quadros de Uso de idenvengto. es Sa] | aeaags _X Sste,| | tren ; ver’ | emte | [Viable esustniaidade Leer | | gin ano | | ‘darede de Conservacao atte danauer | ; ey Teo (eo | [Reasons = p22 in Figura A.2. - Procedimento para integragao de escombreiras. Tabela A.1. - Possibilidades de integragao e/ou redugao de Impactes em escombreiras. Escombreira inactiva Escombreira activa Grandes dimensoes Elaboragao e execuggo de um plano de reintegragao biotisica, tentando aproveitar a0 maximo ‘material susceptivel de qualquer uso. Deste plano deve constar a regularizagao do relevo e posterior “activagéo biolégica” com plantagao de espécies nativas. = Se possivel, proceder a reintegragao biotisica de Um flanco da escombreira que por motives de ordem diversa deixe de ser utilizado, ou mesmo promover 2 sua nfo ulilizagao. Deste modo poder-se-é executar 2 integragéo parcial da escombreira reduzindo problemas Ge insegurangae instabidade co telude e simultaneamente promover a activaeao biotisica do local, para além de que, apés 0 desenvolvimento da vegetacdo, essa parte da escombreira torna menos visivel 0 resto da mesma, a partir de determinados pontos de observacao. equenas dimensées Idem. Embora aqui se possa mais {acilmente seleccionar om: para possiveis usos sem custos to elevados como para as escombreiras de malores dimensées. 12 - Um aspecto importante, & que neste tipo de escombreira pader-se-ao aproveltar escombros para diversas Ulllizag6es (que se propéem no préximo capitulo) de forma menos dispendiosa, ja que praticamente todo 0 material 6 de facil acesso @ so podera verificar a sua qualidade. Pode, no entanto, ainda Ser feita uma separagao dos materiais segundo as Granulometrias © @ qualidade dos mesmos. - Ennatural que uma escombreira activa de pequenes dimonedee tonda a creccor, eendo a contiguragso final dos terrenos extremamente diferente da actual Dave-se, assim, executar nesta fase um plano de disposigao da escombreira avaliando os varios condicionantes do espago para varias hipdteses de expansao. atiaano 7, 1908 AQTOforcen Protecgao e Reabilitagaéo Ambiental de Cursos de Agua Naturais Pedro Vieira * « Introdugao Até hi duas ou trés décadas, as técnicas de engenharia fluvial consistiam, quase exclusivamente, em alteracdos mais ou menos drésticas do perfil transversal c/ou longitudinal dos cursos de gua (rectficagdes ou lincarizagées), com ou sem eliminagao de vegetacao ou remogao de outros obstéculos, construgdo de aterros ou diques longitudinais, de espordes, de agudes e soleiras de enrocamento ¢ proteccio rigida das margens. 0 objectivo fundamental destas obras, designadas por obras tradicionais de engenharia fluvial, ra, essenciaimente, aumentar a capacidade de vazio para 0 controlo de cheias, melhoria da drenagem, manutengao ou promocao da navegabilidade, reducao da erosdo das margens, construgdo de redes viérias, etc. Julga-se, contudo, essencial reflectir sobre dois aspectos importantes que Ihes est4o associados: a) muitas vezes, as obras tradicionais de engenharia fluvial sio necessarias pelo facto de o sistema fluvial ter sido alterado a montante, com consequentes repercussdes a jusante, pelo que se torna imprescindivel proceder a intervencoes de caracter tecnico. b) além disso, se bem que as alternativas adoptadas em obras tradicionais possam ser hidraulicamente eficientes, ndo consideram geralmente os efeitos directos ¢ indirectos a nivel morfol6gico e ambiental. Agroforiess 13.00 7, 1008 Desta anélise depreende-se que, geralmente as obras tradicionais procuram minimizar os efeitos de determinados fenémenos, nao através da resolugdo das causas, mas sim através de obras cujos resultados s6 localmente se revelam satisfatérios, ndo evitando, por isso, a continua degradacao das zonas a montante e a jusante. ‘Nas ditimas décadas tém-se efectuado, nos paises mais desenvolvidos, muitos estudos de investigacio sobre 0s efeitos ecoldgicos ¢ morfolégicos das obras tradicionais de engenharia fluvial, tendo-se verificado que podem ser nefastas para o ambiente © mesmo contraprocucentes do ponto de vista hidréulico. Compreendeu- -se, ainda, que os cursos de égua constituem sistemas dinmicos © ocologicamente ricos, sendo necessério fazer uma gestao cuidada em que as técnicas de engenharia integrem aspectos ambientais. Desse modo, em paises como o Reino Unido, os Estados Unidos ou a Alemanha, onde o grau de artificializagao dos rios ainda é, apesar disso, extremamente elevado, iniciaram-se acgdes concretas de reabilitagdo ¢ proteccao de cursos de agua. Assim, comegou-se a recorrer 4 construgo e promogio de configuragdes ambientalmente aceitiveis, implementando © protcgendo tragados curvos (meandros ¢ curvas), ‘empogamentos laterais, ripidos ¢ fundées, mouchdes e pequenas ilhas, espordes, travessGes, etc., associados 4 promogao manutengao de vegetacHo do leito menor efou do leito de cheia. 13 Verifica-se que estas técnicas sto ecol6gica e hidrauli camente funcionais, permitindo, desse modo, conjugar 0s objectivos de defesa das actividades humanas e de preservagio ambiental, Os resultados destas acgdes so muito positivos, podendo ocorrer recolonizagses por fauna e flora autetones, que entretanto tenham regredido ou desaparecido devido as obras trad Em Portugal, infelizmente, ainda existe um relativo esconhecimento das écnicas deengenharia ftuvial ambientalmente aceltveis, nfo se verificando cumlativamente uma significativa sensibilidade dos agentes de decisto ¢ dos diferentes técnicos em relagio a preservagio do ambiente fluvial Neste artigo procurar-se-4, referir os principais tipos de obras tradicionais, apontando as principais vantagens ¢ desvantagens, bem como abordar algumas medidas de minimizagao de impactes e descrever algumas, das principais, mais bem sucedidas, configuragdes obras fluviais ambientalmente aceitaveis. 2. Obras tradicionais de engenharia fluvial As obras de engenharia fluvial de maior expresso e que envolvem mais modificagdes directas nos cursos de 4gua sfo as denominadas regulatizagdes, que incluem obras de alargamento, linearizagdo, construgio de aterros € de disques, protecgio de margens e construgto de canais. Para além das regularizagdes, sio adoptadas outras medidas, nomeadamente de drenagem, de limpeza de vegetagio ¢ de remogdo de obstéculos. As regularizagdes sfo as obras de engenharia fluvial que maior implantaggo tém tido em todo o Mundo, desde os diques contra as cheias construfdos no rio Amarelo, na China, por volta de 600 a.C., até aos recentes canais de derivagio para irrigacao ou para navegagio, designadamente 0 polémico canal que liga os rios Reno e Danibio, na Europa Central. Em Portugal, para além de obras de, menor dimensio, destacam-se as obras de regularizegao do Baixo Mondego © em algumas zones da bacia do Tojo. Brookes (1988) analisou a evolugio da regularizaczo de cursos de 4gua em varios paises, constatando-se a sua intensificagao no dltimo século. Por exemplo, nos Estados Unidos, nos tiltimos 150 anos, foram modificados pelo menos 320000 km de rios, sendo os exemplos mais flagrantes 05 1600 km do rio Missouri, 54% dos seus 2497 km de extensfo, ou os 46530 km e 40000 km ‘de cursos de égua modificados ou a modificar respectivamente, nos sete Estados do Midwest € nos 12 Estados do Sudeste. Os principais objectivos destas obras foram a drenagem de solos para a agricultura, 0 controlo de cheias e a promogio da navegagdo fluvial. 2.1 Impactes morfolégicos As obras de engenharia fluvial provocam, em geral, alteragées mais ou menos dréstices da morfologia fluvial, 14 fundamentalmente do leito menor, onde se recorre, muitas vezes, & utilizagdo de maquinaria e se procede a movimentagdes de solo ¢ a modificagdes da seccio. Poresse facto, énecessério analisare avaliar as consequéncias dessas alteragSes, nfo s6 no local das obras, mas, reconhecendo que os cursos de Sgua constituem sistemas dinamicos, também a jusante, a montante e nos cursos de Agua afluentes, onde essas alteragdes locais se podem repercutir. De facto, quando, por exemplo, se verificam alteragSes de declive do leito, da resisténcia ao escoamento e/ou da sua velocidade, os cursos de égua naturais com fundo mével tendem a reagir, procedendo a ajustamentos com maior ou menor amplitude até atingirem, de novo, um equilibrio estavel. Em certas situagdes, esses efeitos induzidos provocam prejuizos significativos, dado que, durante 0 ajustamento, se podem verificar rupturas do sistema. No caso da linearizagio, este tipo de obras implica, geralmente, um aumento de declive do fundo devido ao encurtamento do trogo. Por sua vez esse aumento, tem como consequéncia um incremento da capacidade, de transporte local ¢ do caudal s6lido podendo, em situagdes mais graves, desenvolver-se uma frente de erosio que se desloca para montante fazendo regredir as linhas de 4gua no sentido das cabeceiras. Por outro lado, devido ao aumento do caudal s6lido, as zonas de jusante, alimentadas por um excesso de sedimentos, podem nio ter capacidade de transporte suficiente, verificando-se fensimenos de deposigio generalizada com o consequente aumento das cotas do fundo ¢ dos niveis de cheia. Por sua vez, a erosdo geral que ocorre para montante provoca o rebaixamento dos nfveis de base dos afluentes. De referir que os efeitos nos afluentes so do mesmo tipo dos que ocorrem na linha de agua principal a montante da zona linearizada. O mesmo se verifica & jusante da confluéncia relativamente aos que ocorrem a jusante da zona linearizada, A cstabilidade das margens, apés a linearizacao, depende de diversos factores, fundamentalmente factores, locais (caudal, area drenada, largura do canal, altura das margens, sinuosidade, relevo do vale, tipo de material das margens, cobertura vegetal, etc.), factores de alteragdo (comprimento do trogo alterado, declive € secgao transversal do canal, aspectos construtivos, medidas de controlo da erosao e de protec ambiental, etc.) ¢ factores de pés-alteragio (comportamento do trogo, eficdcia das medidas de protecgdo, colonizagao das margens por vegetagao, etc.) Para além de tudo isto, pode-se esperar que os trogos linearizados se reajustem a médio ou longo Prazo, o que depende de factores de ordem geol6gica, geomorfolégica ¢ hidréulica. ‘Quanto a0 alargamento e aprofundamento de cursos de Agua, as alteragdes induzidas pelo aumento da seceZ0 de vazio provocam uma redugto significativa da velocidade do escoamento, a perda de carga unitaria do curso de gua e da capacidade de transporte. Consequentemente podem ocorrer deposigdes de scdimentos formando- nia ano 7, 1998 AQrOferceae se estruturas morfolégicas permanentes, nomeadamente ilhas e mouchdes, ou padrdes morfolégicos do tipo entrelagado, nos perfodos de estiagem. As dragagens e extraccfo de inertes, quando efectuadas repetidamente e sem precaugGes adequadas, podem provocar erosio do leito e das margens, dado que a capacidade de transporte do curso de égua nfo 6 satisfeita pelos sediments disponiveis para serem transportados. Por outro lado, como o material dragado é geralmente grosseiro e sendo este responsével pelo equilibrio dinimico que se verifica nna camada superficial do fundo, as operagdes de dragagem provocam, por si s6, um aumento do arrastamento devido Aruptura desse equilfbrio. Essa erosto pode ser responsével, pela destruigdo de pontes ¢ de outras estruturas construidas pelo Homem, devido a escavacho das fundagdes. Para diminuir as consequéncias das dragagens ¢ da cextracpio de ineries pode ser necessfrio recorrer& construgio de séries de travessdes ou de soleiras de enrocamento, ‘com o objectivo de absorver parte da energia do escoamento exeedente, Por sua vez, a deposigio de sedimentos a jusante diminui significativamente a secgo de vazio dos cursos de Agua, provocando prejuizos directos e indirectos em estruturas fluviais ou adjacentes, nomeadamente inundagdes de Grcas agricolas, assorcamentos de albufeiras, etc.. As operagdes de limpeza de vegetagi ripicola e de desobstrucao dos cursos de égua produzem, por sua ‘vez, alguns efeitos contraproducentes quando efectuadas de forma radical, De facto, para além da fungio ecolégica, a vegetagdo arborea promove a estabilidade das margens, no 86 por agregar 0 material das margens mas também por induzir uma significativa resisténcia ao escoamento. Verifica-se que a remogto deliberada de “barragens” formadas por arvores caidas sobre o leito dos cursos de agua pode induzir velocidades médias que chegam a ser duas vezes superiores as existentes antes da remogo (Gregory, 1992). A vegetagio influencia assim, a largura, a profundidade © 0 declive do Icito. Por isso, © corte e/ou remogao de vegetacio e de obstéculos aumentam a eficiéncia hidréulica ¢ a velocidade do escoamento na frea adjacente as margens, mas também a susceptibilidade a erosto. Por esse facto, qualquer intervengo ao nivel do trogo deve considerar estes aspectos; a remogio de vegetagio deve ser feita de modo selectivo, para que seja possivel manter as condigdes fisicas e dinamicas do curso de Agua e a respectiva diversidade biolégica. Nao é fécil, contudo, prever e identificar os impactes da remogio de vegetagio e de obsticulos do leito menor no fenémeno do transporte sélido; porém, tem-severificado em alguns casos, © aumento do caudal sélido ao longo do curso de gua, o decréscimo local do armazenamento de sedimentos, aredugtio da ocorréncia de répidos/fundées ¢ 0 incremento de erosdes localizadas das margens. 2.2 Impactes biolégicos Dado que os cursos de gua constituem um continuo 16tico, os efeitos podem-se repercutir em cadeia pelo Agroforsse 01 910 1, 1908 facto de a redugdo ou eliminacio de determinadas ‘espécies poderem afectar outras espécies, fundamentalmente ‘08 seus potenciais predadores ou simbiontes. Pode ainda acontecer que outras espécies -que numa determinada fase do seu ciclo de vida necessitem de determinadas condigdes, drasticamente alteradas por obras de engenharia fluvial - sejam afectadas, quer por impossibilidade de reprodugo, quer por dificuldades de maturagao. ‘As obras de engenharia fluvial podem afectar as comunidades vegetais de forma directa (p. ex., através do corte © remogiio de vegetagio aquitica ec ripicola como resultado directo de obras ou como forma de facilitar a introdugo de maquinaria) ¢ de forma indirecta (p.ex., attavés da submersao de macr6fitos aquéticos = por deposigio excessiva devida aos ajustamentos morfol6gicos verificados ap6s obras fluviais a montante ~, da alterag#o da humidade - devida a variagées do nivel da agua e do nfvel-fredtico - e/ou de alteragoes nas caracteristicas do solo). As dragagens e 0 aprofundamento de leitos menores sto das obras que mais afectam os macréfitos aquaticos (ado que para além da remocao de plantas, também podem alterar o substrate), farticularmente quando 0 leito fica instavel. Neste caso, 2 recolonizagio do local por mactéfitos aquéticos pode-se tornar dificil Os estudos sobre a evolugdo e resiliéncia da vegetagio ripfeola sujeita a cortes e limpeza de margens sio em némero reduzido, apesar de este tipo de obras de engenharia fluvial constituir uma operago de rotina, designadamente em Portugal. Segundo alguns estudos, quando o leito permanece estavel, as plantas recuperam ao fim de cerca de 2 anos ¢ as condigées originais retomam ao fim de 3 anos. Porém, estes valores niio podem ser generalizados, como mostraram Ferreira © Moreira (1990) que estimaram, para o vale do Sorraia, que o ciclo corte-herbéceas-drvores era de 4a 5 anos, no caso de limpeza radical, e de 2-3 anos, no caso de corte selectivo e extraceao de arcias. Apesar da aparentemente elevada resisténcia da vegetagio, a destruigao temporaria pode ter consequéncias importantes em indmeras comunidades faunisticas que Ihe estio associadas. De facto, a vegetagiio tem fungdes ecolégicas importantes, a0 criar condigdes propicias A diversidade de habitats, designadamente por constituirem locais de refigio, repouso e alimentacao de insectos, peixes, aves, mamiferos, anfibios e répteis, locais de desova para peixes e locais de nidificagao para aves, Assim sendo, quando se verificam operagdes de remogio dristica de vegetacao ocorrem, invariavelmente, efeitos negativos cujo significado depende da natureza, extensio e intensidade das obras fluviais. Ao nivel dos macroinvertebrados, as obras de engenharia ‘luvialinterferem furdamentalmente nas relagdesinterespectficas. (cadeia tréfica) do ecossistema aquatico ¢ ribeirinho. Os efeitos das obras sobte os macroinvertebrados devem- se, essencialmente, a sua remogio fisica, a alteragoes da profundidade ¢ do regime de escoamento, & remogao de vegetagio, a remogao de irregularidades morfol6gicas do leito © @ fenémenos de deposicao. As respostas 15 —— so, contudo, complexas, dado que dentro destas comunidades as exigéncias de habitat, a resistencia, a resiliéncia ¢ © ciclo de vida sdo muito distintas. De qualquer forma, dada a elevada interdependén« que os macroinvertebrados t2m em relagfo as iregularidades morfoldgicas do leito € ao substrato, quando ocorre uma alteragio morfolégica significativa, as consequéncias, dessa interacgdo sio sempre, numa primeira fase, negativas, dependendo a persisténcia dos impactes do grav e do tipo de ajustamentos morfol6gicos. Relativamente aos peixes, os efeitos das obras de ‘engenharia fluvial sio praticamente imediatos. De fact as linearizagGes, as obras de regulariza¢do para navegacao ¢ a construcio de barragens ou agudes podem ter importantes impactes negativos nas populagdes adultas € de juvenis de peixes, dado que se verificam alterages, profundas no leito ¢ nas margens, com a consequente destruigdo de bidtipos dependentes das irregularidades, morfoldgicas (sequéncia de funddes ¢ répidos, “bragos” mortos, padis, etc.). Se a persisténcia ou a intensidade destes efeitos se mantiverem, os impactes poder-se- o tornar de dificil reversibilidade. Os diferentes estudos efectuados sobre impactes de obras fluviais na ictiofauna sugerem que séo as alteragées fisicas as principais responsiveis pelos efeitos, negativos nos peixes, j4 que os parametros quimicos sofrem, nestes casos, pequenas variagées. De facto, sio as alteragées a0 nivel do transporte sélido © a deposicao de sedimentos, da temperatura e de outros, elementos fisicos dos habitats naturais que provocam a mortalidade ou afectagao das comunidades piscicolas. ‘A remogio de vegetacéo marginal também produz severos prejuizos na ictiofauna, devido a destruicgo dos habitats, ao aumento ¢ flutuagdes bruscas da temperatura da Agua e a diminuigao do ensombremento. Por outro ldo, as comunidades piscfcolas so também indirectamente afectadas por obras fluviais sempre que estas afectam 0s macroinvertebrados, que sio, em muitos casos, a sua principal fonte de alimentagio. A recolonizagéo apés obras de engenharia fluvial por peixes depende de diversos aspectos, fundamentalmente, da natureza da modificagao, da sua intensidade e extensio. Assim, a recolonizago seré lenta ou mesmo inexistente se ocorrerem modificagées drasticas no perfil transversal c/ou longitudinal do leito, incluindo linearizagdes com eliminago de mesndros ou artificializagdo do leito, uma vez que, nestes casos as condigdes hidrolégicas € morfoldgicas originais serdo colocadas definitivamente em causa ou demoraréo muito tempo a recuperar. Por outro lado, em obras fluviais que sejam implantadas com cuidados ambientais (mesmo que incluam dragegens ou rectificagio de perfis) e que, fundamentalmente, mantenham a sinuosidade original do curso de égua as irregularidades do leito (sequéncia de répidos fundoes), a recolonizagao sera muito mais rapida, porque 0 substrato pode retomar as caracteristicas anteriores, se bem que possam provocar um impacte inicial sobre a ictiofauna € outras comunidades. Relativamente & extensio das obras, obviamente que o impacte seré maior © a recuperagdo mais lenta se se verificarem 16 alteragdes em trogos muito extensos, particularmente se atingirem todo o perfil transversal do Icito. perfodo de tempo que decorre desde a realizagao da obra até & recolonizagao dos cursos de agua sujeitos a obras de engenharia fluvial - a resiliéncia - 6, sem davida, um aspecto importante a considerar e que tem sido pouco estudado. De facto, s6 através de uma andlise temporal e comparativa das comunidades biolbgicas existentes antes e ap6s as obras se poder efectivamente avaliar 0 seu impacte ambiental. Por outro lado, s6 dessa forma sera possivel prever se, em situagdes andloges, determinado projecto de engenharia fluvial teré ou nao impactes perniciosos nos ecossistemas aquético ¢ ribeirinho, podendo assim influenciar decisées futuras. No que concerne as aves, as obras fluviais podem provocar impactes directos, afectando as suas arcas de nidificagao e/ou de alimentago, Podem também provocar impactes indirectos quando restringem a disponibitidade de alimentos na zona. A relagao entre as aves e 0s ecossistemas aquitico e ribeirinho € muito intensa, em especial no que diz respeito a vegetacao ripicola, O grau de impacte das obras fluviais depende, por isso, em grande medida, da extenséo e intensidade da manipulagao do coberto vegetal. Além disso, muitas das aves aquiticas elimentam- -se exclusivamente de peixes ou de insectos que se désenvolvem em aguas paradas, pelo que, se existe alguma alteragio radical que afecte essas comunidades, as aves sio afectadas. No entanto, como a afectagao de cada espécie depende, também, das suas exigéncias de habitat ¢ do seu nicho ecolégico, pode acontecer que a regularizagio de um curso de gua promova 0 desenvolvimento de determinadas espécies ¢ a redugdo de outras Mas a afectagio da vegetagio fluvial nas galerias ripicolas e do leito de cheia por obras fluviais atinge também os mamiferos, anfibios e répteis. De facto, como 0 leito de cheia sofre, em geral, inundacoes periédicas, existem habitats hiimidos propicios a diversas espécies floristicas e faunisticas que sdo eliminadas quando a ligacdo entre o leito menor € 0 leito de cheia se perde ou quando sc destréi o seu coberto vegetal. A drenagem intensiva de solos do leito de cheia, de diversos patis e de outras zonas himidas provoca impactes negativos na fauna, tanto nos anfibios como nos répteis, cuja sobrevivencia esté dependente desse sensivel equilibrio. Relativamente aos mamiferos que podem sofrer impactes mais negativos em obras de regularizacao, 4 lontra tem merecido especial atengao. Esta espécie ‘encontra-se, presentemente, em regressiio em toda a Europa, com excepcao da Peninsula Ibérica, devido & poluigéo © a obras fluviais, em especial as que implicam a remogao de vegetaco c/ou as que provocam Tedugoes drastieas das comunidades piscicolas. Quanto 08 outros pequenos mamfferos, em especial roedores, © apesar do reduzido ndmero de estudos conhecidos, tem-se verificado que as regularizagdes de cursos de Agua podem ter um impacte importante em varias espécies. ntr2ano7, 1990 AgKrofarese 3. Configuracées e obras fluviais ambientalmentre aceitaveis Nos diltimos anos tém sido propostas, por varios autores, principalmente no Reino Unido, diversas configuragées e obras fluviais que salvaguardam ou promovem @ diversidade de habitats c as comunidades biéticas dos cursos de égua. De entre elas, salientam--so as seguintes (Lewis ¢ Williams, 1984; Brookes, 1988, 1992; Reeve © Bettess, 1990): + canais de sec¢to composta; + bermas de aguas baixas; + mouchdes e pequenas ilhas; + empogamentos laterais; + rapidos ¢ fundoes; + meandros ¢ curvas do leito menor; + pequenas soleiras de enrocamento; + esporées; + alguns sistemas de proteceao das margens. Apresentam-se, seguidamente, consideragbes pertinentes relativas a estas configuragdes ¢ obras, seguindo a ordem por que foram enumeradas. 3.1 Canais de seccéo composta A implantagdo de canais de secgfo composta (ou de leito maltiplo) tem como objectivo promover a manutengao dos caudais de cheia dentro de um leito maior com menor expresso em planta. Estes caudais, 20 contrétio do que acontece com os diques longitudinais, sio obtidos exclusivamente por escavacao do leito de ccheia, pelo que se houver cuidado, a respectiva construgio pode nao perturbar significativamente os habitats do leito menor. Para tal, 0 rebaixamento do leito de cheia natural deve-se efectuar, de preferéneia, apenas numa das margens ou alternadamente nas duas, garantindo assim, que a fauna ¢ a flora do leito menor nfo sejam afectadas em mais de 30 a 50%. As vantagens destes canais, do ponto de vista da preservagio das comunidades bidticas, se bem que variem em funngio da configuracdo adoptada, resultam da manutengo © expansdo dos habitats previamente existentes no leito menor, devido ao estabelecimento de margens mais baixas. Contudo, essas vantagens tendem a desaparecer se, na fase da construgdo as margens do leito menor forem significativamente danificadas. Geralmente, 0 regime hidrolégico dos rios nio & alterado, conseguindo-se obier boas solugdes de protecgso ‘contra cheias sem perturbacao significativa dos ecossistemas, Por outro lado, estes canais diminuem a necessidade de operages de manutengao do leito menor e das rospectivas margens. Estas tornam-se mais estéveis por serem mais baixas. Do ponto de vista ambiental, esta configuragio Agroforsis m1 6n07, 1098 permite a diversidade de habitats quer no periodo de estiagem quer no periodo invernal, devido & manutengio de uma altura de escoamento suficientemente elevada pare o desenvolvimento das comunidades biéticas. Como ume parte significativa do leito de cheia nfo é afectada pelas obras, a colonizagio por espécies vegetais e animais é bastante facil e rapida. O mesmo acontece relativamente as trocas de materiais e nutrientes entre © leito de cheia e o leito menor. Do ponto de vists paisagistico, a principal vantagem sobte as outras obras de protecgZo contra ches, principalmente os diques longitudinais, advém do facto de estas estruturas nfo constituirem obsticulos visuais. Na figura I apresenta-se um esquema de utilizagio de canais de secgZo composta num trogo fluvial. Como se observa, a excepedo de alguns locais ~ nomeadamente naqueles em que a remogio de meandros era necesséria a construgio dos canais de seccdo composta consistiu, exclusivamente, na escavagio de parte do leito de cheia, apenas numa das margens, preservando totalmente © Ieito menor e dando uma configuragao natural a0 leito maior. Estes canais tém sido utilizados com sucesso no Reino Unido, tendo-se verificado em diversos casos perdas temporérias de habitats somente da ordem dos 52 10%. ea eR? te Figura 1 ~ Plano longitudinal e cortes transversais de canais de secgao composta (adapt. Lewis & Williams, 1984), 3.2 Bermas de aguas baixas Conforme se pode observar na figura 2, as bermas de aguas baixas devem possuir um declive suave ¢ um comprimento até cerca de 2 m. © objectivo inerente A manuteng&o e/ou criagao deste tipo de configuragao fluvial consiste em garantir a existéncia de zonas ligeiramente submersas, situadas no leito menor. Tém a vantagem de aumentar a capacidade 17 no eninina, 10. en de profuncidage Dlantaco de olan aauiticas emergenies lacguea Figura 2 ~ Corte transversal de bermas de aguas de vazo em perfodos de cheia ¢ manter zonas pouco profundas, propicias ao desenvolvimento de vegetacdo fixa nas margens do leito menor. Do ponto de vista biolégico, as bermas de éguas baixas ao aumentarem a variedade de profundidades ¢ de condigdes de escoamento ao longo do leito, formam, habitats naturais de grande importincia. As bermas de Aguas baixas, para constituirem, efectivamente, habitats funcionais, devem-se encontrar parcialmente submerses durante a maior parte do ano. As plantas que se instalam permitem a colonizacio destes locais por comunidades animais € possibilitam a protecgao das margens contra a erosio. Do ponto de vista da engenharia fluvial, as bermas de éguas baixas apresentam o inconveniente de promoverem a deposigao de materiais finos, diminuindo assim, progressivamente, a capacidade de vazio que de outro modo thes estaria associada. 3.3 Mouchées e pequenas ithas Este tipo de macromrugosidades das seegdes do escoamento (fig. 3) constitui um reftigio importante para animais e plantas. Sem qualquer tipo de perturbagfo humana e sem a presenga da maioria dos predadores terrestres, baixas (adapt. Lewis e Williams, 1984) as ilhas ¢ 0s mouchées podem servir de suporte © abrigo de comunidades vegetais (que podem mesmo ser diferentes das que ocupam as margens acessiveis), ede abrigo érea de nidificagio para aves. A diversidade destas comunidades é tanto maior quanto mais extensas forem as margens das ilhas ¢ mouchées. 3.4 Empogamentos laterais Abrigados dos efeitos do escoamento principal € néo contribuindo para ele, os empogamentos laterais, aumentam a diversidade de habitats fluviais. Os peixes juvenis beneficiam de condigdes excelentes de alimentagao ‘ede proteccio face aos predadores de maiores dimensées. Em rios no alterados, os empogamentos podem ocorrer naturalmente, enquanto que em rios regularizados tém que ser construidos, quer através da escavagio das margens, quer criando-os entre dois esporses. Conforme se observa na figura 4, os empogementos laterais no interferem no escoamento principal (néo interferindo, desse modo, negativamente na eficiéncia hidréulica do leito menor) e permitem a criagéo de condigdes hidrol6gicas © biolégicas diferentes das existentes no curso de agua. 3.5 Répidos e fundées Um leito uniforme e liso néo permite uma significativa diversidade espectfica e de habitats. No caso de 0 Ieito menor de um curso necessitar de intervengao, devem-se fazer todos os esforgos para manter inalterada a sequéncia de répidos ¢ fundies. Retas formas sko compativeis com regimes superiores de escoamento sobre fundos de seixo ou de outros sedimentos naturais grosseiros. Também podem ocorrer quando hé afloramentos Figura 3 - Exemplo de uma itha fluvial. 18 rochosos, alternando com zonas aluvionares: Estes habitats s40 propicios ao desenvolvimento de muitas ersgano7, 1998 Agrofardao — velocidade irrelevante 7 ~—— no empogamento Figura 4 — Planta e perspectiva de um empogamento lateral (adapt. Lewis @ Williams, 1984). espécies de peixes e de uma grande variedade de ma- eroinvertebrados aquéticos que Ihes servem de alimento. Os escoamentos turbalentos ¢ pouco profundos nos répidos aumentam a oxigenacio da 4gua corrente. Nos funddes em que as velocidades do escoamento sao mais suaves, a agua 6 menos rica em oxigénio em rica em matéria organica ¢ os peixes encontram ai abrigos naturais (ao contrério do que acontece sobre 08 répides). Por outro lado, os funddes também sito ‘ptimos locais para o desenvolvimento de determinados grupos de macroinvertebrados, muitas das vezes diferentes dos que ocorrem nos répidos, aumentando dessa forma, a diversidade biolégica do rio. Estes dois extremos de configurag6es fluviais (répidos € fundses), que ocorrem naturalmente em sequéncia alternada, albergam comunidades diferentes e proporeionam em parte, 0s requisitos em termos de habitat para as diferentes fases da vida de diversos peixes e outros organismos. Caso estas configurag6es sejam destruidas pela intervengao humana, isso implica sempre a perda total, momentinea ou nao, das comunidades, se bem {Que possa ocorrer reconsituigo natural. Nessas circunstincias, a remogio de répidos © funddes constitui uma perda de tempo e de recursos, para além de perturbar os ecossistemas aquético e ribeirinho. A criagio de répidos e funddes em cursos de Agua pode constituir uma solugdo interessante com custos econémicos reduzidos face A sua importancia ambiental, , de certa forma, pela intrusio paisagistica positiva ue constituem. Existem alguns métodos simples de promover a existéncia das refetidas configuragées, nomeadamente, segundo Lewis o Williams (1984, p. 111-112): a) modelando os fundos durante operagGes de dragagem; >) importando rochas, cascalho e seixos para formar zonas de ripidos; Agroferees 1 13 4No7, 1998 ©) escavando seegses transversais de Areas significativamente diferentes de modo a provocar erosGes ¢ deposigdes alternadas associadas a contracgdes ¢ expansdes da érea do escoamento; 4d) construindo travessdes para promover a criagdo de fundies a jusante em répidos sobre a crista. No entanto, esta recriagtio deve ser realizada com alguns cuidados. O seu grau de sucesso depende, em grande medida, da experiencia dos operadores das méquinas ¢ dos supervisores. De facto, numa primeira fase deve-se efectuar a avaliagao das caracteristicas do escoamento.e da morfologia do leito para se determiner se 08 rapidos ¢ os fundées constituem configuragoes fluviais susceptiveis de se manterem estéveis. Em caso afirmativo, deve-se determinar 0 espacamento ¢ tamanho N= trogo natural M - trogo mitigado com répidos @ {undoes A - trogo reguiarzado Figura 5 - Numero de familias, diversidade e biomassa de macroinvertebrados medidos em trogos naturais, trogos mitigades e trogos regularizados (adapt. Brokes, 1988). 19 dos répidos e dos funddes para as caracterfticas particulares do Ieito, com 0 consequente célculo do material usar nos répidos. A implantagao de rapidos ¢ fundies, como medidas mitigadoras, em obras de engenharia fluvial tem conduzido a excelentes resultados, como o demonstram os estudos efectuados em 1984 por Edwards et al. (in Brookes, 1988, p. 219), no rio Olentangy, em Ohio, onde os trogos que foram intervencionados com estas estruturas apresentam valores de parametros biolégicos muito semelhantes aos verificados em trogos naturais, conforme se apresenta na figura 5. 3.6 Meandros e curvas do leito menor Os meandros revestem-se de importéneia fulcral para a conservagio das comunidades biticas ao proporcionarem. um largo espectro de habitats inseridos no leito menor dos cursos de gua, designadamente cavidades de crosio, répidos ¢ fundées, reas de soi e de sombra, zonas expostas, zonas de abrigo, etc. A remogio de meandros pode reduzir drasticamente a diversidade estrutural € funcional dos cursos de gua e consequentemente a sua riqueza bi tervengées menos drdsticas podem ser muito prejudiciais face ao equilfbrio sensivel em que coexistem os declives das margens, as profundidades do escoamento ¢ a distribuigdo de sedimentos no fundo. ‘Os engenheiros hidraulicos, pelo menos em alguns pafses, t@m compreendido a importancia dos meandros. para a conservagao das comunidades bidticas, tendo proposto algumas opgdes que tentam conciliar as componentes ambientais ¢ econémicas. Das opgdes mais utilizadas no ordenamento de rios meandrizados sao de referir as representadas na figura 6, nomeadamente: + ctiagio de um canal em “by-pass” que s6 funciona em periodos de cheia. O leito menor continua meandrizado, desempenhando todas as fungdes biol6gicas, nio s° verificando perturbagdes dos habitats fluviais e nao ocorrendo inundagdes das Sreas adjacentes (fig.6A). + criagio de um leito menor rectilineo que corta 0 meandro; mantém-se, pelo menos, 50% do caudal do trogo meandrizado pré-existente, recorrendo & construgio de uma soleira no novo leito. Desa forma mantém-se um caudal ecolégico que permite a manutengdo das comunidades biétices do meandro, aumentando simultancamente a eficiéncia hidréulica do curso de agua (fig. 6B). + escavagdo de um novo leito menor ¢ recorrendo a uma solcira instalada na extremidade de jusante do meandro para controlar parte do escoamento ¢ © nivel da 4gua no seu interior (fig. 6C). + escavage de um nove leito menor ¢ fecho da extremidade de montante do meandro; este contacta com 0 novo Ieito na sua extremidade de jusante enchendo e vazando em fungdo da evolugéo dos caudais (fig. 6D). 0 meandro, a medida que vai sedimentando tende 2 formar uma zona hémida paludicola. 20 + escavagdo de um novo leito completamente destigado do meandro que se transforma numa zona hémida (fig. 6B). De todas as opedes, as duas dltimas devem ser evitadas, a menos que haja garantia que so mantidas pelos proprietérios dos terrenos. Figura 6 ~ Alternativas mais utilizadas na conservagao ‘de meandros (adapt. Lewis e Williams, 1984). 3.7 Pequenas soleiras de enrocamento As soleiras de enrocamento so, conforme se observa na figura 7, estruturas transversais que ocupam, geralmente, toda a largura do leito menor, encontrando-se totalmente submersas (travess6es) durante todo o ano ou somente em perfodos de escoamento elevado. Estas estruturas criam uma itregularidade no escoamento com alteragéo da sua velocidade, criando uma fécies léntica a montante e uma facies lotica, de escoamento turbulento, sobre a obra. RTS ANO 7, 10 Agroforan: cevestimento 2 enrocamento igura 7 ~ Travessdio de enrocamento. As soleiras de enrocamento sto geralmente benéficas do ponto de vista ambiental, jé qu + devido as alteracdes hidrol6gicas induzidas, promovern a criagao de habitats; + possibilitam a oxigenaczo da égua, como resultado do turbilhonamento provocadono escoamento, melhorando a qualidade da agua; + sflo estruturas construfdas, regra geral, com materiais naturais, agradaveis esteticamente e que criam condigécs de diversificagao da paisagem, 3.8 Esporées Os espordes sao usados geralmente para deflectir 0 escoamento da margem cOncava das curvas, evitando assim, 0 efeito erosivo que Ihe esté associado. Tal como os travessdes, os espordes produzem efeitos de importincia relativa decrescente & medida que o caudal aumenta, Do ponto de vista biolégico, contribuem para © estabelecimento de habitats propicios para os peixes © outros orgenismos, originando abrigos com escoamentos muito lentos, compensados por escoamentos mais répidos noutras zonas da secgao transversal do curso de agua. A possibilidade de, em certas situagdes, se construirem espordes vivos, mostra bem as potencialidades deste tipo de estrutura fluvial. Por Gltimo, com a construgdo de espordes, ao aumentar © comprimento das fronteiras do escoamento, que sio zonas propicias & actividade biolégica, potencia--se ainda mais essa actividade. bance de asia Figura 8 — Espordes de enrocamento. Agroforese 013 ax07, 10998 24 3.9 Protecséo das margens ‘As margens constituem zonas de produtividade biol6gica elevada e, como tal, € importante preservé--las, mantendo efou viabilizando o restabelecimento de comunidades bidticas. Sempre que possivel, a protecedo das margens deve ser feita recorrendo a materiais naturais, evitando os materiais attificiais (p. ex., betio), 0 que se torna vantajoso do ponto de vista estéticd,e de conservagio. Os materiais naturais proporcionam, geralmente, uma grande variedade de solugdes que facilitam 0 desenvolvimento de comunidades vegetais e animais e, em termos de degradagto, nZo causam poluigao, a0 contrério de alguns materiais artificiais. Das estruturas de proteceio de margens em que se recorre a material vegetal, destacam-se as seguintes (Schiecht!, 1980; Gray ¢ Leiser, 1982; Fernandes, 1987): Fachinas—Trata-se de um tipo de construgéo linear que permite uma armagdo da camada superficial do terreno, podendo-se aplicé-las numa vasta gama de situagdes, quer sob a forma de fachinas vivas, quer de fachinas de ramos mortos, quer ainda de fachinas gabionadas. Na consolidagdo de sopés de margens utiliza-se uma de duas estruturas: a fachina de sopé de margem (fig. 9) ¢ a fachina viva de sopé em combinagao com fachinas mortas (fig. 10). __ \S SENT AS omg * Figura 9 - Fachinas de sopé de margem. Degraus e barreiras vivas— Estas obras, que utilizam ‘material vegetal para criar ressaltos no escoamento, controlando a sua velocidade e o transporte s6lido, so implantadas transversalmente ao sentido do escoamento. Consistem em barreiras vegetais com ancoramentos de pedras, gabides, fachinas vivas ou estacas, conforme se apresenta na figura 11. Sao de facil construcao ¢ ideais para leitos menos declivosos, de largura inferior a 15 metros (Scheichtl, 1980, p. 140). Empacotamentos de arbustos — Conforme se apresenta nas figuras 12.¢ 13, estas estruturas constituem 22 {aching vva fo 30nd da marge fachinas mortas Figura 10 - Uso de fachinas vivas de sopé de margem "em combinagéo com fachinas mortas. Figura 11 - Degraus vivos (adapt. Scheichtl, 1980). longitudinais de material vegetal ou misto, sendo aplicadas em margens erodidas de grandes linhas de égua. Para margens pouco altas, podem-se usar ramos vivos; devem- se utilizar ramos mortos em cursos de agua pouco varidveis, dado que nesta situagao, nunca sera posstvel ocorrer 0 enraizamento de estacas. ‘Na construgdo destas estruturas colocam-se sucessivas, camadas de arbustos com 0,20 m a 0,30 m de espessura, cobertos com cascalho ou pedras. Os arbustos podem ser intercalados com fachinas, enquanto que as zonas mais instveis devem ser protegidas com pedras. E frequente recorrer A utilizagio de estacas previamente espetadas para fixar os arbustos. A manutengao destas estruturas resume-se a inspecgbes periddicas e a substituigies de material danificado. Gabides e rolos de canico ~ Sio estruturas constituidas por gabides combinados com terrae rizomas de cani¢o, formando rolos dispostos ao longo do sopé da margem e fixos por estacas. conforme se observa na figura 14. ‘Tém particular interesse na protecgao de margens de linhas de 4gua sujeitas a pequenas variagdes de caudal © como base de sistemas combinados de proteegao do conjunto da margem. nti9ano7, 1998 Agrofarca: Figura 12 - Empacotamentos vivos. Rede viva — Esta estruture, conforme se apresenta na figura 15, funciona normalmente em combinagio com esporées, com o objectivo de reduzir a velocidade do escoamento de margens erosionadas (Fernandes, 1987, p. 125). E construida com ramos vidveis (os ramos do nivel inferior podem ser, no entanto, de material morto) de até 0,20 m de diametro, constituindo uma malha, que é bem reforgada e ancorada com rochas ou betdo, fundamentalmente na face voltada para a corrente (Scheicht], 1980). Na sua construcio, delimite-se a érea a proteger com pilotos, colocando hastes & altura média das éguas, saindo as pontas até 0,60 m das margens. Apés a plantagto de estacas vivas de salgueiro, procede--se ao entrangamento das hastes e das estacas e ao seu ancoramento com pedras. ‘Combinagdes de sistemas constru estruturasatrés referidas podem sor combinadas sob diversas formas, constituindo sistemas de protecclo de margens cficazes e, simultaneamente, ambientalmente aceitivels. Na figura 16 apresentem-se varias das combinagées Agroferans 10x07, s000 Figura 13 - Esquema de um empacotamento vivo na protecgéo de uma margem. Figura 14 - Combinagao de gabides e instalagao de torrées de canigo (adapt. Scheichti, 1980). Figura 15- Esquema de uma redo viva (adapt. Fernandes, 1987). 23 1 = plantagao de arbustos 2 - enrocamento com estacas 3 - plantagdo de colmos de Phragmites 4 - plantagao de arvores 5 - sementeira de herbaceas 6 - leivas ou placas de relva 7 - plantagao de torrées 8 - plantagao om cobertura 9 - fescinas 10 - sementeiras em grades de betao 411 -somenteira em calcotado de pedra 12.- plantag&o de torrées com gabiao 13 - nivel maximo das aguas 14 - nivel médio das aguas 15 ~ caminho Figura 16 - Combinagao de técnicas para a consolidagao de margens (adapt. Femandes, 1987). possfveis (Fernandes, 1987, p. 121), sendo de salientar 4 utilizagao de material vegetal vivo, nomesdamente frvores, arbustos, relva, estacas ¢ diversas herbécess, associada a materiais inertes de consolidagio (p. ex, enrocamento, grades de betfo, calcetado de pedra, et.) 4. Referéncias bibliograficas BROOKES, A. (1988) ~ Channelized Rivers. Perspectives for Environmental Management. John Wiley & Sons., Chichester, BROOKES, A, (1992) - Geomorphology/Geology. 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Com efeito, 2s constrangimentos a que o funcionamento da palsagem esté sujelto gera muitas vezes perturba¢ées resultantes do néo equacionamento do espaco segundo uma abordagem hlerdrquica suficientemente abrangente, no que se refere 4 sua ecologia. Nesse sentido, encontra-se em desenvolvimento uma metodologia de caracterizacao e avaliagao ecolégica que de modo sistematizado integra sucessivamente objectivos condicionamentos supra-regionais, factores estruturais regionals @ exigéncias locais decorrentes das particularidades de cada uso @ de cada local. Com enquadramento conceptual no ambito das teorias da ecologia da paisagem, a metodologia emergente procura produzir um referencial de caracterizagao e avaliagao ecolégica do territério, com vista a articulagao dos processos de gestéo e 4 promogao dos objectivos de Conservagao da Natureza. Agroferass o 13107, 1090 L. C. Quinta-Nova**; P. J. Baptista***; J, M, Mascarenhas®*** . Introdugao Decorrem actualmente na Universidade de Evora diversos projectos de investigagao visando 0 desenvolvimento de metodologias de caracterizagio ¢ avaliagao ecoldgica, com vista ao planeamento ¢ gestio do territ6rio. Tais projectos, desenvolvidos 2 escalas complementares (1:10 000; 1:25 000 ¢ 1:100 000), pretendem vir a constituir um quadro metodolégico inovador integrando num Gnico plano de caracterizagao e avaliagio, o plano dos sistemas de uso ¢ o plano dos sistemas ecolégicos espaciais. A necessidade de um tal sistema integrado, justifica- ~se pela caréncia de um referencial de caracterizagio € avaliagéo do territério, com vista a articulagio dos processos de gestio © promogio dos objectivos de Conservagao da Natureza. Com efeito, a necessidade de assegurar a preservagio da biodiversidade da globalidade do tertitério impée uma abordagem a gestao do seu uso, que garanta que o nivel de fragmentagao, de conectividade residual ¢ de complementaridade funcional asseguram as condig6es para a sustentagao vidvel de meta-populagdes das espécie-objectivo. Para atingir tal objectivo importa conhecer ¢ conseguir articular nos processos de simulagao e gestio, as necessidades, processos ¢ funges dos diferentes usos antrdpicos de uma dada regido e as necessidades, processos, fungdes « condicionantes espaciais dos diferentes sistemas ecol6gicos, 25 susceptiveis de ocorrerem nessa regido ou local. Interessa igualmente identificar a forma como essa articulagéo se processa e a sua hierarquizagdo escalar e funcional. 2) adaptada & caracterizagao quer das estruturas estéveis, quer das estrutures circunstanciais do territ6rio. Essa classificagao possibilita uma descrigao funcional de ambos os planos de consideragao do territ6rio (0 plano estével e 0 quadro circunstancial de uso) a pretendida 2. Estrutura da investigagao ‘enificagio das areas de correspondéncia (logo de Tabela 2 - Sistema de classiticaggo estrutural/tuncional ‘Na Tabela | apresentam-se os trés projectos actualmente {adaptado de Forman e Godron, 1985). em curso, indicando os seus principais objectivos & escala de trabalho. Todos os projectos se baseiam no pressuposto de que o valor ¢ funcionalidade ecolégica de um lugar ou regiao, dependem em exclusive da Etementos da Paisagem Natureza Funcionalidade ‘ Naraaaet Matic Recursos Permeabilicade Viabilidade dos ecossistemas! nele ocorrentes. Esta Porturbaedo () ciseiecae Viabilidade 6 fungio das caracteristicas préprias desse anche Recursos bimensao ecossistema (dimenséo, relagio interior/orla, trocas Perturbaggo (*) Peon ‘com ecossistemas similares, diversidade, naturalidade, Perturbagdo crénica — Razdo interovorla grau de perturbagho externa ¢ interna) ¢ do equiltbrio Remanescente(*) _Complementaridade funcional decorrente da estabilidade da sua natureza Regenerada (*) Poteridede (0 grau de perturbagfo da natureza do local que determina Interdependéncia i a natureza do ecossistema). A consideracio deste pressuposto basico constitui, iouat ec padi 7 Corredores Recursos Continuidsde desta forma, 0 cerne conceptual das metodologias de caracterizagao © avaliagio desenvolvidas, em que é dada uma atengio equivalente as variaveis e fungdes estéveis do teritGrioe as estruturas ¢ processos circunstanciais ocorrentes na organizagGo ecolégica actual desse tcrritério. Nesse sentido optou-se pelo recurso a classificacio estrutural proposta por Forman e Godron, (1985) (Tabela Perturbagio (*) Cardcter tinearide faixa Hidroscopia Complementaridade Perturbagti crénica Romanescente (*) Regenerada (*) (*) Naturezas que apresentam um cardcter circunstancial Tabela 1 - Objectivos dos Projectos de Investigacao em curso. Projecto ‘Objectives da investigagéo + Caracterizagao do valor de conservacao da regiéo (desenvolvimento e validacao de metodologias), determinando para cada elemento do territrio o seu cardcter e funcionalidade ecolégicos (como conectividade, complementaridade, resiliéncia ou produtividade). + Identificagao dos elementos ¢ factores fisicos (ou associag6es) com interesse particular na determinagao da viabilidade dos diferentes ecdtopos ocorrentes. + Detinig&o de redes de conectividade ecolégica ou de “bidtopos-oedras-de-apoio” capazes de assegurar uma articulago natural equilibrada entre os bidtopos mais préximos do natural @ 08 biétopos mais intensamente utilizados pelas actividades econdmicas. + Avaliagao de praticas de utilizagdo do territério capazes de aumentar ou consolidar 0 Potencial de conservagao de cada local @ o conjunto dos sistemas de elementos naturais. SE Alentejo (1:100 000) + Identificagaio dos principais processos e fungdes ecolégicas numa regiéo globalmente transformada ¢ intensamente utilizada. Identificagdo das esiruturas e funges ecolégicas responsaveis por um aumento da biodiversidade e viabilidade ecoldgica dos ecossistemas ocorrentes ou susceptiveis de ovorrerem. + Dotinigao de procedimentos de caracterizagdo @ avaliagéo adaptaveis ao planeamento \ @ gestao da paisagem, equilibrando e potenciando em simulténeo os seus valores de uso e de conservagao. Evora (1:25 000) ‘ + Anélise da realidade e representatividace de indices de caracterizagao ecolégica de estruturas ospaciais. Avaliagao a escalas detalhadas da funcionalidade biologica de estruturas de uso @ da sua resposta a processos conheciaos ae perturbagao. + Avaliagdo da evolugao da biodiversidade de uma zona demarcada, na sequéncia de | processos bem historiados de alleragao do quadro de uso envolvente + Desenvolvimento de indices estruturais de caracterizagao eooldgico des estruturas de uso do territ6rio, i Apostiga (1:10 000) . erisano7, 1998 Agrofarcea. equilibrio) entre os dois planos ¢ de contradig&o (logo de perturbagdo intrinseca). A combinacao dos planos organizativos, estavel © circunstancial, é determinada pela consideragio do diferente tipo de influéncia de cada factor ambiental na natureza do espago, de acordo com a metodologia desenvolvida em Fernandes (1994). Considerando estes, distintos padres de influéncia, a caracterizacao ambiental € realizada a dois niveis: 1, unidades de territério (com base na identificagao de descontinuidades, fronteiras,dos diferentes factores ambientais -Geologia; Clima; Solos; Morfologia Hidrologia); 2, unidades de Uso (determinando dois conjuntos de dados espacialmente referenciados, correlacionaveis com os resultados das investigagdes temfticas realizadas no terreno). 3. Informagdo produzida Fundamentados em dados de base ¢ estudos teméticos anteriormente desenvolvidos, os quais se encontram organizados num Sistema de Informagiio Geogréfica, procedeu-se a caracterizagio muito detalhada das éreas de estudo, em termos dos dois sistemas de referéncia espacial em que 2 metodologia se baseia: unidades de uso do territério e unidades homogéneas de territério. Cada um destes referenciais encontra-se devidamente organizado no sé em termos da sua distribuigao & atributos espaciais como patticularmente da sua naturoza funcional em termos ecol6gicos. Paralelamente, realizou- -se uma caracterizagao exaustiva das caracteristicas zoolégicas ¢ botinicas das regides que permitem a calibragto das inferéncias consideradas durante o processo de desenvolvimento das metodologias. Do mesmo modo foram realizados inquéritos detalhados A propriedade e sistemas de exploragao permitindo uma caracterizagio detalhada dos sistemas de uso ocorrentes. ‘As metodologias integradas de caracterizagao e avaliago desenvolvidas referem-se, naturalmente, a ambos os referenciais, combinados num nico referencial funcional, em que as fungdes ecol6gicas do territ6rio e a respectiva estabilidade estejem claramente escritas. Um taleferencial, combinando elementos ecoldgicos -estaveis (referidos 4s Unidades Territoriais) e meta-estiveis ou instiveis eferencial de uso) permitiré, logo partida, uma diferenciagao clara do papel relativo de cada elemento do territério, identificando a sua resiliéncia eas diferentes exigéncias para a sua gestio. A combinagao do referencial funcional com critérios detalhados de avaliagdo de descritores ecol6gicos referidos 03 diversos tipos de biocenoses susceptiveis de ocorrerem xo local, tem tornado possivel a definicao de um quadro avaliativo integrado susceptivel de indicar, nao apenas o valor de um local ou formagto, mas particularmente, de relativizar esse valor 20 contexto ecolégico regional e de, simultancamente, retratar 0 elementos criticos Agrofarese 013107, 1988 na matha funcional de uma zona em andlise, permitindo orientar as medidas de protecco ou gestio prever os investimentos energéticos necessarios a esses esforcos de gestio © conservagio (Fig. 1). Pedreires [Petals sharaoraas] sagem |f de todas: (Eeiw eonsso atl ldtas ——— [Dtiricdo de objacivos Estado da moor opeio ce lava sap o pono de vsta ambiental Seger Fseoecice Reales cage conunianania va a lear deelive deforma 8 que ja possivelaepicacdo te sola evegelagdo ees et { Satocionar ospcie | vegetlseproniadas pars area a [Rplicagao de solo | Figura 1 - Procedimentos de caracterizagao @ avaliagao. Este quadro avatiativo procura primariamente proceder A cstimativa do significado ecoldgico real dos métodos de caracterizagio do territ6rio (definigio das unidades territoriais) ¢ a calibragio de procedimentos de avaliagio capazes de representar simultaneamente, o valor de cada unidade por si ¢ 0 seu valor contextual no quadro a organizago actual do uso, de modo a poder dispor de um quadro de instrumentos capazes de realizar uma anflise integrada dos quadros de uso e da sua evohugéo. Unidades territoriais - estrutura e caracteristicas; - hierarquia; - funcionalidade. Uso do solo - carécter e estrutura; ~ complementaridade/Permeabilidade; - funcionalidade. Potencialidade e Produtividade — - fauna; = vegetacio; - pedologia. Estruturas ¢ elementos particulares (caracteristicas, valores e potencialidades) 27 0 processo de avaliagdo considera entio as seguintes varidveis: Qualidade + Diversidade estrutural - diversidade dos estratos de habitat c das estruturas ocorrentes capazes de constituir factores potenci da funcionalidade ecol6gica do tertit6rio. + Diversidade florfstica - valor médio da diversidade especifica das formagoes vegetais caracterfsticas desse tipo de coberto, + Raridade -existéncia de formagées vegetais raras. + Significancia - valor como habitat para espécies de cada dominio fitogeogréfico. + Bxisténcia de espécies raras ou ameacadas. + Naturalidade, + Maturidade. + Resiliéncia Produtividade. Area - valor relativo da superficie da formagio de acordo com # sua natureza. + Natureza - cardeter de matriz (aspecto dominante do territério), mancha ou cortedor (descontinuidade local ou linear da matriz devido a recursos ou perturbacées).. Fungio Estabilidade - correspondéncia entre a natureza e 0 estado actual do local. + Petmeabilidade - semelhanga de formagées adjacentes (Quadro. 3). + Conectividade - capacidade da formagao de assegurar o movimento de espécies através do espaco. + Complementaridade - capacidade de a formagao assegurar fungdes ecol6gicas (como local de alimentacio repouso, refiigio ou reprodugiio) a formagées adjacentes de forma a estimar os seguintes valores ecolégicos: + Valor de Formagio de Keétopos - capacidade de um local de formar e sustentar comunidades biol6gicas vidveis. + Valor Patrimonial - avalia valor do ecétopo em termos de produtividade e patriménio genético. + Valor de Conservacao - viabilidade do ecétopo ¢ sustentabilidade da sua contribuigdo para o valor & funcionalidade ecol6gica regional. Associadamente, no quadro do desenvolvimento de metodologias de plancamento gestio com vista A Conservagio da Natureza, houve que determinar quais, as espécies objectivo associadas aos habitats ocorrentes, © avaliar 05 custos de conservacio desse tipo de plantas e/ou formagées (Quadros 3 a 5). 4, Comentario aos resultados Os resultados obtidos até a0 momento provam 0 interesse das metodologias escothidas ea sua aplicabilidade 20 processo de planeamento ¢ gestéo do territério. Particularmente interessante provou-se a combinagio dos dois planos de caracterizagao que permitiu chegar as seguintes conclusbes: + acstrutura do presente quadro de uso 6 condicionada pele estrutura dos factores estaveis. Este condicionamento no é determinante, consistindo antes num equilibrio entre as necessidades ambientais de cada tipo de uso e os limiares de utilizagao de cada local: por exemplo a regularidade das formas e a vizinhanga de recursos hfdricos € mais determinante do que a fertilidade dos solos na distribuigio dos usos agricolas; + ocardcter da organizagao estivel e a sua organizagto espacial em matrizes, manchas ¢ corredores costuma estar, no essencial, em conformidade com a organizagao do plano circunstancial; + onivel hierarquico de determinagao da estrutura Tabela 3 - Custos de conservagao das espécies-objectivo (vegetagao) na zona de estudo SE Alentejo. Maiores Custos Custos medianos Menores Custos Linaria ricardoi Allium sonmiteit Marsilea batardae Eryngium gafioides Linaria hirta Juncus rugosus Spiranthes aestivalis: Juncus valvatus Sanguisorba hybrida Securinega tinctoria Luzula forsteri ssp. baetica Salix salvitolia ssp. australis Narcissus bulbocodium ssp. Armeria neglecta Campanula transtagana Ploris spinitera Paeonia broteroi Ulex erlocladus Genista polyanthos ssp. polyanthos Picris algarbiensis Cynara tournetortit Onoperdum nervosum Centaurea ornata ssp. ornata Centaurea ornata ssp. intorrupta Rhynchosinapis hispida ssp. transtagana obesus 1, Maiores custos - espécies dependentes do uso tradicional da terra (nao toleram o set-aside). 2. Custos medianos - ospécies independentes do uso tradicional da terra (caracteristicas meséfilas ¢ hidréfilas). 3. Menoi 28 'S custos - espécies independentes do uso tradicional da terra (caracteristicas xerdtilas). st19Ano7, 1900 Agrofarca: Tabela 4 - Espécies-objectivo exigindo vastas superticies naturals ou proximo do natural na zona do SE Alentejo. Mamiferos Aves Lynx pardina {Lince bérico) Canis lupus (Lobo) Felis Silvestris (Gato bravo) Tabela 5 - Espécies-objectivo exigindo a preservag: extensive ou a preservagdo da vegetacao natural Giconia nigra (Gegonha-preta) Aquila adatberti (Aguia-imperial) ‘Aquila chrysaetos (Aguie-real) ‘Neophron perenopterus (Abutre-do-egipto) ‘Aegypius monachus (Abutre-preto) Gyps tulvus (Grito) Grus grus (Grou-comum) Otis tarda (Abetarda) "40 do modo tradicional de uso da terra, © pastoreio ‘ou semi-natural na area do SE Alentejo. Uso tradicional da terra/Sequeiro extensive Pastorelo extensive Vegetagao natural ov préximo do natural Grus grus Otis tarda ‘Aquila adalberti Aquila chrysaetos Neophron percnopterus Ciconia nigra Aquila adalborti Aquila chrysaetos ‘Aegypius monachus Canis lupus Gyps fulvus Lynx pardina Canis lupus Felis Silvestris circunstancial pela estrutura estével é superior a0 nivel de diferenciagao dos usos do solo/ biétopos: o condicionamento apresenta um carécter mais geral do que a diversidade de caracteres ¢ ocorréncias locais (considere-se, por exemplo, os factores supraregionais de condicionamento de uma rede ecolégica (Fig. 2). A consideragao, em cada plano de caracterizagio da natureza e do cardcter das interacgdes entre cada unidade, permitiu no s6 a identificagao do grau de estabilidade dessa unidade, como & identificagao da ‘sua complementaridade relativa, Esta dltima informagao provou-se particularmente importante na justificagao dos resultados da avaliagio no terreno, da produtividade ‘ecol6gica dos principais grupos faunisticos nas diferentes formagées cartografadas (Tabela 6), assim como na estimativa do valor genético dessas formagdes. Esta caracterizagao € crucial na calibragio dos métodos de sy Peninsula Ibérica Figura 2 - a) Conjunto de alguns elementos da rede b) Extracto da proposta da Estrutura Ecol6gica Pri Agroforsas »19.4n07, 1908 ecolégica no SE alentejano. incipal da Comunidade Europeia (Bischoff & Joungman, Tabela 6 - Resumo dos resultados de avaliagao da prod idade faunistica na area de estudo Evora. Grupo faunistice Elevada produtividade rodutividade média Baixa Produtividade Mamiforos Montado bem estratificado Aves Montado bem estratificado e formagées de gramineas pouco perturbadas Montado bem ostratiticado e vizinhanga de cursos de Agua bem preservados Réptois © Antibios Montado sobre sequeiro Montado sobre sequeiro e sequeiro Cursos de agua degradados montados em zonas de afloramentos rochosos ‘Sequeiro, pomares e areas urbanas Areas urbanas. @ peri-urbanas, Areas urbanas, pomares, sequeiro montados degradados identificagdo das estruturas ¢ escalas determinantes para a funcionalidade ¢ viabilidade de cada grupo biolégico, no quadro dos processos de gestio. ‘A comparagio destes resultados com os valores da complementaridade relativa e da conectividade absoluta ‘mostraram que uma elevada complementaridade no quadco de uma matriz pouco perturbada e com uma clevada conectividade so as zonas de mais elevado valor fauni ‘A importincia da conectividade e de um valor reduzido da fragmentagéo ficou claramente demonstrada na andlise do valor faunistico e floristico das ércas urbanas ¢ peri urbanas onde uma elevada complementaridade num quadro de clevada perturbagao determina um valor ecolégico reduzido. O teste destas relagdes de interdependéncia estrutural e funcional prossegue as diferentes escalas de modo a determinar padrdes generalizaveis. (0s resultados obtidos nos diferentes estudos mostram igualmente que, apesar de o uso do solo determinar primariamente o cardcter, extensfo, interrelacionamento grau de perturbagio dos bidtopos actualmente ocorrentes, e determinzr, portanto, de modo marcante a qualidade biolégica de cada Iuger, a existéncia de elementos particulares (como charcas ou planos de gua ou outros habitats particulares) € 0 factor determinante final na determinagiio do valor global dessa qualidade. 5. Conclusées As principais conclusdes que podem jé ser extraidas no presente estado de desenvolvimento dos estudos so as que abaixo se enumeram: + O conceito de Unidade Territorial (Land Unit - Zooneveld, 1989) constitui um instrumento particularmente til na caracterizagdo e avaliagto do territ6rio, Contudo, o seu valor real 86 plenamente realizado se se utilizarem métodos reprodutfveis na sua identificagio e quando a sua articulagio com a estrutura de uso actual for realizada de modo operacional ‘+ Aavaliagao da estabilidade de uma paisagem através da comparagao do grau de correspondéncia entre a natureza dos dois planos de caracterizacao ¢ da maior utilidade na determinagiio do grau de “naturalidade” da fragmentagdo dessa paisagem e do grau de perturbacio 30 associado qualquer quadro de uso do territério. E também da maior utilidade na determinagio dos factores de perturbacdo responséveis pelo actual grau de fragmentagio. + A consideragao da complementaridade de uma matriz ¢ da presenga de elementos particulares € da maior importancia, conjuntamente com a conectividade 2 produtividade, na definiga0 do significado biolégico dessa matriz, + O facto de a significdncia dos diferentes elementos da paisagem para cada grupo faunistico ser muito variada impSe que a definigao dos objectivos de gestdo dessa paisagem tenham de atender & aparente contradigao entre a funcionatidade de cada local ou tipo de uso, definindo complexos adequados de objectivos em funcao da natureza estavel dessa paisagem. Estes resultados realgam claramente a importancia de aproximagées hierérquicas no processo de planeamento € gestio, integrando sucessivamente os objectivos condicionantes supra regionais, os factores estruturais, regionais ¢ as exigencias locais decorrentes das particularidades de cada uso € de cada local. 6. Agrade mentos 5 projectos atrés referidos s6 puderam ser desenvolvidos gragas a0 seu financiamento no quadro do Programa STRIDE = Projecto Evora, do Programa Estimulo a Investigago no Dotninio do Ordenamento do Territério e Desenvolvimento Urbano (Protocolo INICT/DGOT) - Projectos Evora e Apostiga ¢ Bolsas de Doutoramento do Programa Ciéneia © PRAXIS XXI - Projecto SE Alentejo. 7. Referéncias bibliograficas Alllen, T-F.H.; Hoekstra, T.W. 1992. Toward a Unified Ecology + Columbia University Press, New York. 384 pp. Bischoff, N.T. & Joungman, R.H1.G.; 1993. Development of rural areas in Europe: the claim for nature, Netherlands Scientifice Couneil for Government Policy Preliminary Report V79, seisano7, 1900 Agrofercas CEEM - Centro de Estudo de Ecossistemas Mediterrinicos (1995) - A regido de Evora numa perspectira de Ecologia da Paisagem - Relatério Final do Programa STRIDE- Amb, 12 Fernandes, J.P. (1994) - Anélise Bstrotural do Espago de ‘Uso: um Instrumento para o Planeamento ¢ a Deciszo Ambiental - comunicagio apresentada & 4° Conferéneta Nactonal sobre a Qualidade do Ambiente, Lisboa 6 2 8 de Abril Fernandes, .P.; Mascarenhas, JM. (1995), The SE Aentojo and Evora Project: building a framework for the ecological Planing and Management ofthe Landscepe ~ comunicagio apresentada 20 Workshop “Beconet and the Wildlands Project”, Fundagio Luso Americana pera o Desenvolvimento, Lisboa 6 ¢ 7 de Julho Forman, R.T-1.; Godron, M, (1986). Landscape Ecology ~ 4. Wiley and Sons. New York. 619 pp. Meentemeyer, V; Box, B. (1987) - Seale effets in Landscape Studies -in Turner, M.G. (ed) Landveape Heterogeneity and Disturbance, Springer Verlag, New York, pp 15 ~ 34 Quinta-Nova, L. (1995), Anélise da Evolugio de ume Area da Penfnsula de SetGbal na Sequéncia de um Processo de Alteragio de Uso, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa Quem pode can didatar-se ae ‘Turner, M.G. (1989) - Landscape Ecology: The effect of Pattern and Process - Annu. Rev. Ecol. Syst. 20, pp 171 = 197 Zooneveld, 1.8. (1989). The land unit - A fundamental ‘concept in landscape ecology, and its applications ~ Landscape Ecology vol. 3 no. 2 pp 67-83. Notas (1) Por ecossistoma entende-se todo o sistema ecol6gico/ de uso, independentemente da sua “naturalidade”, jé que qualquer que seja 2 natureza do uso do territério este corresponde sempre a um conjunto de func6es ecolégicas sustentando uma comunidade adaprada e constituindo, portanto 0 objecto focal dos processos de gestio. + Professor Ausiliar da Universidade de Evora 4+ Assistente do 1° Trigaio da ESACB 4#* Dowtorando do Departamento de Ecologis da Universidade de Evora (bolseiro/FCT, ex-JNICT, BD-2649/93-RN) s¥** Professor Ausiliar da Universidade de Evora « cursos da Escala Superior Agraria? ere Estudantes que tenham concluido: 122 ano do ensino secundario, via de ensino; 122 ano do ensino secundario, profissional agricola; técnico- candidatos aprovados em exames "ad hoc"; bolseiros de outros paises. Nota minima de ingresso - 9,5 valores Agroforsce 10 N07, 1990 31 A Escola Superior Agraria no apoio d comunidade: Investigagao - Estao em curso varios projectos de investigacao directamente relacionados com problemas da regido, alguns deles em colaboragao com Universidades e Institutos Politécnicos nacionais © estrangeiros; Analises laboratoriais - Solos, Aguas, Alimentos, Bacteriolégicas, Parasitologicas, de Anatomia Patolégica, Quimica e de apoio ao diagnéstico em Sanidade Vegetal; Cursos de Formagdo Profissional (nomeadamente através do Centro de Formagao Profissional Pés-Graduada da Beira Interior); Cursos de Actualizacao: Consultoria - Areas de produgdo agricola, eee animal, produgao florestal e engenharia rural; Apoto a contabilidades agricolas; Pubheagées diversas: Revista AGROforum: Apoio bibhografieo: Cedénciadeinstalacées paracursostécmico-profissionais agricolas; Cedéncia das instalagdes desportivas; Cedéncia dos auditérios para fins culturais, educacionais e profissionais. 32 mig ano7, 1998 Agrofarccms Enquadramento Biofisico da Recuperagao de Areas Ambientalmente Degradadas Jotio Paulo Fernandes* 1. Introdugao Pretende-sc com esta comunicagio realizar uma abordagem breve a questio dos conceitos de degradagdo e recuperacio ambiental, de forma a melhor enquadrar a perspectiva técnica da gestdo ¢ intervenedo construtiva no territ6rio. 2. Algumas questées/ /definigées 1 -O que 6uma érea degradada? -é um rea cujo potencial ambiental se encontra comprometido ou condicionado. 2 -O que € recuperar? - é rep6r a plena funcionalidade do potencial ambiental natural de ume érea. 3 -Em que consiste 0 potencial natural de uma érea? = € uma fungdo espacio-temporal que corresponde a capacidade que essa rea tem de fornecer de uma forma sustentivel recursos ou servigos ambientais aos diferentes usos (ou utilizadores) susceptiveis de nele ocorrerem. 4 -Recuperagdo ambiental de uma Area consiste na repotigie da sua funcionalidade enquadrada pela natureza do seu estado subsequente a perturbagao que a “degradou”, Reposigo nfo significa reconstrugo do original mas to s6 apoio ao natural padrao de reequilibrio que qualquer sistema experimenta apés uma perturbagio. Agrofariens 13 1x07, 1980 © processo de recuperagdo ambiental constitui, desta forma, um processo criativo, dentro dos limites ow melhor, do enquadramento biofisico do local. Com efeito, uma perturbagéo qualquer que cla soja, nao altera a natureza biofisica do condicionamento de um local, mas to 6 0 modo como esse condicionamento se manifesta. © conceito de perturbagdo constitui, desta forma, ‘um conceito chave na discussio da questio da recuperagao de éreas ambientalmente degradadas ao permitit enquadrat mais claramente o significado da expresso “degredagao”. De facto, a0 considerarmos que qualquer uso do territério. (Seja ele realizado pelos seres humanos ou por qualquer ‘outro ser vivo) determina neste um conjunto de acgdes (perturbagdes) que constituem, de qualquer ponto de vista, uma modificagao da natureza desse territério (ou lugar), temos de aceitar que a classificagio de tal ‘modificagfo como constituindo uma “degradacao” depende exclusivamente do sistema de valores do intérprete dessas modificagses. De facto, independentemente das condigdes particulares de cada momento, a natureza (logo o potencial) de um local depende de um grande conjunto de factores locais ce regionais, cuja forma de manifestagio pode ser condicionada pelas perturbagées, mas que continuam a determinar 08 padrées de funcionamento e evolugio desse local. A alteragao dessas condigdes na sequéncia de qualquer 0 de acco apenas na medida em que condicionam negativamente 0 potencial de uso para as sociedades 33 humanas ou valores de conservacao (correspondentes na pratica a usos de elevado valor para determinados grupos humanos) € que podem ser classificados como constituindo uma degradacio. Este cardcter depende assim do utilizador e nao da acgd0 € como tal, hé que relativizar a sua utilizagto. ‘Assim, considerar a recuperagio de uma éree degradada comega no criterioso reconhecimento/anteviséo do modo como na sequéncia da acco perturbadora/degradadora as condicionantes se passardo a shanifestar. Para tal ha que identificar as seguintes fungde: + recursos locais de condicionamento global + recursos locais de condicionamento local + fluxos regionais potenciais ou enquadrantes + fluxos regionais reais ou actuais ‘86 dessa forma sera possivel desenhar uma intervenga0 que assegure a correspondéncia entre os trabalhos de Fecuperagao e os sistemas eficazmente sustontaveis que melhor correspondem aos abjectivos tragados - que nio so necessariamente os climaxes. 3. Concretizando a recuperacgao A recuperagio de situagdes degradadas resultantes 4e acgées humanas comeca simultaneamente com o processo de planeamento dessa aco, na concepeio da sua natureza em termos tais que as alteragdes resultantes no meio sejam minimizadas em termos das modificagées consideradas como de cardcter negativo, ou que sejam potenciadas alteragdes classificéveis como positivas. Para tal, 6 fundamental uma detalhada caracterizagio <0 modo de funcionamento dos sistemas ecol6gicos locais © das suas condicionantes, assim como a previsio do modo como se iro organizar e ser condicionados os sistemas que iro resultar da intervengio. Dessa forma ser possivel nfo s6 conceber a intervengio com uma orientagao especifica em termos do sistema particular a criar ¢ das suas condigdes de sustentabilidade, como, logo desde o seu infcio desenvolver as medidas complementares, necessérias a recuperaglo e criacio desse novo sistema. Importa aqui acentuar que o que esté em causa nao 6 a camaflagem mas a criagdo de uma nova estrutura sustentével e com um valor preferivelmente idéntico ou superior ao dos sistemas anteriores & intervengdo. Como a Figura | claramente evidencia as opedes entre uma interveng#o desintegrada das caracteristicas do meio onde se insere ¢ uma que siga as necessirias medidas de acordo com o objectivo de criar um novo sistema devidamenteintegradoe perfeitamente correspondente as novas condicionantes ecolégicas do territ6rio, sto perfeitamente diterenciadas pela natureza dos resultados. Considerando por exemplo o caso das extracgdes de ineres ppodem-se apontar, s6 para o processo de recultivagdo, dos espagos afectado, os seguintes objectivos (MRICE, 198: 34 + prevengdo de degradagées da paisagem causadas por superficies estéreis e contornos artificiais reposigdo de um sistema natural equilibrado e funcional, através de plantagbes de protec¢o para melhoremento climticoe prevencao de danos decorrentes da erosio; + recuperacdo das superficies decorrentes da exploragiio no sentido do estabelecimento de um novo usos + criagdo de células de regeneragdo ecoldgica; + prevencao de riscos para os utilizadores do espaco, através da reintrodugio funcional ¢ morfolégica do espago de exploraggo na natureza das formas e fungbes do espaco envolvente; + prevengdo da poluigdo do solo, das dguas superficiais ¢ subterraneas ¢ da utilizagao abusiva do espaco explorado para a deposigao incontrolada de residuos de qualquer natureza, Para atingir estes objectivos hi ainda, considerando © exemplo das exploragdes de inertes (pedreiras), que ter os seguintes cuidados (MRICE, 1985, adaptado): + evitar“precipitar” o processo de recolonizagio introduzindo espécies estranhas a ecologia do lugar. A inadequagio dessas espécies poderé retardar ou dificultr a introdugo de espécies locais e implicaré sempre a sua remocao; + evitar utilizar solo proveniente de outros locais, que nfo sejam edaficamente semelhantes, dado poder incorporar sementes de espécies nfo adaptadas que perturbem a instalacao dos ecossistemas pretendidos; + deve-se assegurar o desvio dos caudais afluentes de modo a eviter a formagio de planos de égua estagnados e a sua eutrofizagao; + deve-se evitar a plantagdo de uma cortina continua de vegetagao arborea (particularmente resinosas) nas margens dos planos de agua, de modo a evitar a acidificagao da 4gua pelas agulhas; + durante a exploragio deve-se assegurar que nio existe risco de contaminagdo por hidrocarbonetos ou lixiviados dos planos de gua ou aquiferos. Cada intervenco constitui assim sempre um caso particular em termos do seu potencial de utilizagio futura ¢ dos custos econémicos, sociais ¢ ambientais dda sua recuperagio e revalorizagio. O principal factor na redugio determinante destes custos €, como referido, © planeamento atempado do destino final e das medidas © calendarizagZo a obedecer para atingir esse objective. © plano de intervencao constitui, desta forma, 0 factor principal na determinagio da capacidade de reutilizagio dos espagos de exploragto e da viabilidade dos usos suceddineos susceptiveis de se virem a estabelecer, ‘ou que se pretenda instalar. A inexisténcia destes cuidados determinaré sempre a degradagio dos espacos. estado que nio passa de uma situagao intermédia no sentido do estabelecimento deum novo equilfbrio ecoldgico dessa situagto intermédia pela natureza dos riscos que encerra de perturbagio © empobrecimento ecolégico, que determina ¢ a que ntisano7, 1999 Agrofardae corresponde ¢ pelo tempo necessério a sua eventual reintegracao como sistema susceptivel de prestar os servigos ambientais necessdrios & manutengo das condigdes de existéncia da espécie humana, 6 inaceitavel em termos quer dos objectivos do Desenvolvimento Sustentavel - a promogao da sadde e do bem estar dos seres humanos, quer da simples rentabilidade global do uso do territério. Nao existem pois limitagdes a reutilizagao e revalorizagéo dos espagos perturbados, existem apenas formas ¢ maneios que tornam essa reutilizagao muito mais complexa e de instalagao efectiva muito mais longingua, Referéncias bibliograficas ‘Me Donel, M.t.; Pickett, S.T.A. (eds.), 1997 - Human as ‘componentes of ecosystems - the subtle human effects and populated areas, Springer, New York MRICE - Ministére du Redeploiement et du Commerce Exterieur, 1985 - Potentialités Ecologiques des Carridres - Ministere du Redeploiement et du Commerce Exterieur, nistére de l'Environnement, Paris Pickett, $.A.ct al, 1997 - The ecological basis of conservation, Heterogeneity, Ecosystems and Biodiversity - Chapman and Hall, New York * Professor Auxiliar da Universidade de Evora Recuperacéo sem atenséo & necessidade de privilegiar es meios naturais (camuflagem) Recuperagao ecolégica Recuperagao descuidada dos solos @ instalagao de vegetagao (coberturas de herbaceas, plantag6es) Objectivos: principalmente seguranca @ Impacte visual Recuperagtio culdada dos solos, incluindo acgses especificas as particularidades tocais. Instalagdo da vegetacao orientada Para outros objectives além da seguranga e da qualidade visual: promogao de nichos de espécies raras ou classificadas, proteccao, abrigo @ alimentagao da fauna Evolugéio natural Evoluséo natural Tempo Tt Degradagoes possiveis Tempo T2 ( Areas de expansao da natureza Matrz de usos Intensives e semintensvas moO@> Figura 1 - Modelo genérico de uma Rede Ecoldgica 3. As redes ecolégicas e a promogaéo da biodiversidade 3. 1 Aspectos conceptuais De um modo geral as redes ecoldgicas tém sido entendidas como estruturas naturais cujo grande prop6sito 6 fomentar a qualidade ecolégica da paisagem. A prescrvagéo da biodiversidade e 0 controlo de processos fisicos como o escoamento, a infiltrago © a eroséo, tém constituido objectivos primérios na implementacio de grande parte das redes ecoldgicas. A regio geografica, determinando 0 enquadramento biogeogrifico c a diversidade biol6gics, tem-se reflectido na complexidade estrutural das redes ecol6gicas. A qualidade ecoldgica da paisagem c o seu grau de humanizagéo tém por outro lado infiuenciado a tipologia geométrica. AS opg6es polfticas também tém constituido outro nivel de diferenciagéo do conceito de rede. No contexto da preservacdo da biodiversidade 0 conceito de rede ecoldgica € entendide como uma estrutura de cardcter essencialmente biolégico que procura reforgar a conservacdo dos ecossistomas remanescentes, de maior naturalidade, assim como estabelecer transigdes centre 0s ecossistemas da paisagem, adequadas & manutengio dos fluxos de espécies silvestres. A estrutura de uma rede ecolégica é normalmente 40 composta por quatro tipos de elementos complementares com fungdes especificas (Figura 1). ‘As Reservas ou Sectores Centrais (Core areas) constituem éreas cujas énicas fungbes sto a conservagio da natureza. a investigagdo cientifiea com ela relacionada. E nestas reservas que se encontra uma maior concentragio de valores biolégicos e/ou presenca de valores impares. As Zonas Tampio (Buffer zones) constituem areas envolventes as reservas centrais ou corredores cuja fungio ¢ amortecer eventuais perturbagées com origem externa que incidam sobre aqueles. Sao compativeis com usos do solo extensivos, nomeadamente pastorcio © culturas agricolas com pousios longos. Os Corredores sdo dreas tendencialmente alongadas cuja fungio é conservar e promover 0 movimento dos fFluxos de espécies silvestres no seio de uma metapopulacio. Estes corredores podem adquirir diversas formas consoante 98 objectivos e as espécies alvo; de um modo geral os cursos de gua e 08 alinhamentos gcomorfolégicos particulares, assim como a tipologia do coberto vegetal a estes associada, tém estado na base da definigto deste elemento de ligago da paisagem. ‘As Areas de Expansio da Natureza constituem éreas onde se desenvolvem usos muito diversificados, mas em que a presenga de alguns elementos de maior naturalidade (galerias ripicolas bem conservadas, manchas de matos, afloramentos rochosos, etc.) Ihe conferem caracteristicas ecolégicas distintas das éreas mais humanizadas. Enquadrando todos esies elementos encontra-se @ n¥19.4No7, 1999 AQYOfarccon. Matriz de Usos Intensivos, onde dominam a ocupacdo urbana densa, a agricultura intensiva ¢ 0s espagos abundantemente atravessados por corredotes antropogénicos. Naturalmente, esta concopgio de rede ccolégica assume especial relevo em paisagens muito alteradas pela construcao de infraestruturas ou em vias de grande alteragdo estrutural. Em paisagens mais estabilizadas, nomeadamente a paisagem mediterrinea do sul da Europa, decorrente de um longo historial de usos agrfcolas, onde @ evolugdo desta se processou em estreita relagio com o Homem, produziram-se habitats que dependem esiritamente das actividades humanas, como a estepe cerealifera alentejana ¢ a sua avifauna singular. Desta forma, as redes ecolégicas terao de adaptar-se no s6 aos objectivos especificos de conservacao biolégica, mas também a particularismos envolvidos nas formas tradicionais de uso do solo, 3.2 Redes ecolégicas em desenvolvimento As redes ecolégicas vém-se tornando um importante pilar nas politicas de conservacio da natureza nos continentes europeu e americano. Depois das primeiras politicas de conservagéo baseadas na protecgio do sitio, 0s desenvolvimentos actuais apontam para 0 planeamento de sistemas de conservagao da natureza. As redes ecolégicas tém sido desenvolvidas em diferentes contextos geogrificos e administrativos, encontrando-se quase sempre integradas em projectos de redes a escalas mais abrangentes. De uma forma geral, os principios inerentes A sua implementagdo assentam na consolidagao das areas protegidas j& instituidas em cada pais ou regido e na classificagio de novos espacos com um vasto leque de niveis de condicionamento 20 uso. dispostos geralmente segundo um gradiente de intensidade. ‘Um dos aspectos mais importantes na concepgao de uma rede ecolégica a possibilidade de esta poder integrar um sistema hierdrquico que articule diferentes nfveis escalares, aos quais se associam objectivos © Principios complementares. Nesta revisio optou-se por dividir as redes em continentais © em nacionais ¢ regionais de forma a melhor se compreender 0 seu Ambito. 3.2.1 Escala continental A escala continental a concepgiio de redes ecolégicas cencontra-se especialmente desenvolvida na Europa ocidental, através da EECONET, e no continente americano através, do The Wildlands Project. A esta escala as redes ecolégicas procuram definir objectivos e principios gerais, tendo escencialmente por base a consideracao das grandes regives biogeograficas € 08 scus ecossistemas mais importantes. As redes continentais permitem enquadrar e apoiar a concepgio de redes nacionais e regionais, assim como possibilitam a criagio de canais de cooperacao internacional da AGTOfercexe 013 ano 7, 1988 maior importéncia para articulagao ¢ compatibilizagéo de trabaihos. A rede ecolégica europeia (BECONET - European Ecological Network) constitui uma iniciativa desencadeada pelo IEEP (Institute for European Environment Policy ~ Holanda) em 1991. O seu intuito 6 transmitir a ideia eanecessidade de ume protecefo dindmica ¢ unificada entre espécies e habitats. Constitui igualmente um referencial para promover o desenvolvimento de redes ecolégicas nacionais ¢ internacionais cujo objectivo primério 6 preservarem a biodiversidade e cessarem 0 declinio da natureza na Europa, AEECONET baseia-se na identificagao dos ocossistemas mais significativos como reservas centrais e na definiga0 de medidas de conservagao que mantenham e promovam. 05 processos naturais de que dependem aqueles ecossistemas, Entre essas medidas incluem-se a protecedo de corredores, ecolégicos, corredores que assegurem a migragéo © dispersio de espécies silvestres, e a protecgdo de ‘reas com potencial para a expansdo da conservagao da natureza, especialmente aquelas com importéncia para a funcionalidade da propria rede ecolégica. A criagio de legislagio especifica ¢ também recomendada ‘como medida para as éreas néo protegidas com significado para a dinamica da EECONET. No seu ambito geral arede curopeia realga a importancia da interligagdo dos biétopos ¢ ecossistemas fragmentados das paisagens mais alteradas ou adulteradas, assim como ‘importante papel que poderé desempenhar na atenuagao das consequéncias do aquecimento geral da atmosfera, durante 0 qual muitas espécies ficardo em perigo se no tiverem disponiveis novos habitats ¢ corredores de acesso as zonas com condigées climéticas mais adequadas. No continente americano, 0 “The Wildlands Project", uma organizago independente sedeada no Arizona (BUA) composta por especialistas da conservagio’e por cidadaos interessados de todo o continente americano, esta empenhada desde 1992 na criagio de uma estratégia de reabilitagto da vida selvagem na América do Norte. (O“The Wildlands Project” aspira a protecgioe reabilitagio da integridade ecol6gica e da biodiversidade da América do Norte, e coordena o estabelecimento de um sistema de reservas interligadas por corredores para os fluxos de espécies ¢ envolvidas por zonas tampio. Coopera para isso com organizagSes locais independentes nas mais diversas éreas em todo o continente, para se desenyolverem propostas de sistemas de reservas para cada biorregido e se proceder go seu ajuste num modelo coerente a escala continental. A efectiva implementag&o deste projecto contempla os seguintes aspectos: + proteger © recuperar as populagies de todas as espécies naturais, incluindo os predadore: + proteger e recuperar todos os tipos de ecossistemas, naturaiss + manter 0s processos ecolégicos e evolucionérios; + activar a resiliéncia de espécies e ecossistemas de modo a conseguirem fazer frente a alteragdes como © aquecimento global. at Consciente de que a implementagdo destes sistemas de reservas levaré muitas décadas, pois trata-se de um projecto a longo prazo ¢ em que esto envolvidos ciclos bioldgicos longos, esta organizagio apela a protecg#o das éreas naturais actuais tio répido quanto possivel e a identificagdo e recuperacdo das éreas j& degradadas. 0 “The Wildlands Project” espera também vir a inspirar 0 desenvolvimento de propostas de conservacao semelhantes noutros continentes, 3.2.2 Escala nacional e regional Com a delineagdo do ambito das redes ecolégicas continentais criaram-se os referenciais espacial e normativo para o desenvolvimento de redes nacionais e regionais Em muitos paises, especialmente no norte ¢ centro da Europa e de diversas regides da América do Norte © Central, muitas ivas para o desenvolvimento de redes ecoldgicas tém vindo sucessivamente a ter lugar. Cabe aqui em poucas linhas apresentar apenas uma andlisé suméria sobre algumas redes actualmente em desenvolvimento, realizada por pais ou regigo, ¢ um caso internacional na América Central. Holanda - Sendo um dos paises mais industrializado e densamente povoado, a Holanda assistiu mais do que outros paises a redugao da sua biodiversidade € degradagdo geral de habitats naturais. A elevada Gensidade de barreiras aos fluxos de espécies ¢ 0 peculiar sistema de drenagem natural deste pas sio aspectos criticos da rede ecolégica holandesa Proposta em 1991, Com efeito, o grau de isolamento dos habitats naturais remanescentes ¢ os processos de escoamento¢ infiltrago encontram eco nos intimeros corredores de ligacio propostos, para o primeiro caso, ¢ na classificagio de todos os principais cursos de Aguas como corredores e de muitas zonas de maior infiltragio formadas por solos permeaveit dedicados a usos agricoias ou florestais intensivos, para o segundo caso. Salienta-se ainda 0 facto de a rede holandesa ter sido concebida dando especial tengo as espécies alvo, definidas anteriormente com base no processo das directivas comunitérias “Aves” © “Habitats”. Polénia - A rede ecolégica polaca, proposta em 1995, tem como objectivo formar um sistema integrado de éreas que Teénam os maiores valores naturais @ nivel nacional e internacional. Cada frea do sistema deveré caracterizar-se por uma clevada percentagem de paisagens naturais ou semi-naturais, assim como pela presenga de areas de usos extensivas. De forma a consolidarem--se. deverdo ser integradas espacial ¢ funcionalmente por uma rede de ligacdes naturais (ecocorredores). Na concepgao da rede a abordagem da conservagio da natureza 6 orientada sobretudo pelos aspectos relativos & paisagem e as espécies. Desta forma, 05 42 critérios para a selecgao de freas a incluir na estrutura da rede ecol6gica polaca, foram definidos tendo por base o valor des estruturas naturais, nomeadamente no que respeita a diversidade bioldgica, ao cardcter natural, a ocorréncia rara ¢ ao grau de amieaga. Para além disso, 2 criag4o da rede orientar-se. ainda por um conjunto de prinefpios gerais relacionados ‘com a sustentabilidade da prépria rede: + integrar todos os habitats tipicos de uma regito na rede ecolégica nacional; + assegurar a unidade espacial ¢ funcional da rede ecol6gica com vista a proteceaio das migragdes € dispersio de diferentes espécies; incluir as actuais éreas protegidas; verificar a importancia de serem incluidos os sos agricoles tradicionais e éreas para apiscicultura, assim como ecossistemas semi-naturais. América Central - Em 1994, numa cimeira presidencial das Américas, todos os sctes paises da América Central acordaram em considerar uma prioridade no Ambito da conservacao da natureza implementar 0 Corredor Bioldgico da América Central - 0 projecto “Paseo Pantera”. Constitui um projecto sem fins lucrativos, concebido por diversas insttuigdes internacionais na érea da preservagiio da biodiversidade, que pretende organizar a criagio de um corredor de ligagao entre Areas protegidas, terrestres © marinhas, desde 0 Panamé ao norte da Guatemala. Quando completo, esse extenso corredor verde permitiré a migragao norte/sul ¢ sul/norte a espécies animais com extensos territorios de dispersdo. A estratégia assenta na aquisi¢ao de terras ¢ na sua conversio em reservas protegidas ligadas numa rede verde em todo 0 istmo da América Central, assim como na implementagdo de um programa de ecoturismo gerido de forma equilibrada. O turismo devers dessa forma tornar- se numa importante fonte de sustento financeiro da rede ecolégica. ~ Regio de Madrid (Espanha) - As acgdes e programas de conservagao da natureza em Espanha séo da responsabilidade de cada regio, nesse contexto cada uma delas desenvolverd a sua rede ecolégica tendo como referencial a rede ecolégica espanhola definida no ambito da EECONET. A Regitio de Madrid apesar de ser relativamente desenvolvida, 0s seus ecossistemas e habitats nfo se encontram to degradados e fragmontados como os da Europa do norte. Nao obstante, esta regio encontra-se actualmente numa fese de preparagao da proposta para a criago de uma rede de conservagdo da natureza. Possuindo uma biodiversidade em grande parte dependente dos usos do solo tradicionais. a rede terd de privilegiar a manutencio de paisagens agricolas semi-naturais. ; Jo diferentes nfveis de protecgo & as zonas identificadas como zonas nicleo sero dotadas, de uma figura legal, como espacos protegidos. O errsano7, 190° AgrOfarces ‘grau de proteccdo deverd garantir as medidas necessérias para se preservarem espécies ¢ ecossistemas objectos de conservagio, No caso dos corredores e zonas tampao ou a restaurar, @ existir uma grande variedade de situages, serd necessério um grande esforgo de integraco das normas existentes com as que forem criadas no Ambito da rede de conservacio. A rede coloca ainda grande Enfase no processo de participagao piblica, 0 qual dever4, além de dar a conhecer a rede, ouvir as sugestdes dos diversos agentes sociais. Portugal - Em Portugal néo se encontra_actualmente em desenvolvimento nenhuma rede ecolégica segundo as directrizes da EECONET. Existe contudo uma rede de freas protegidas e a Reserva Ecol6gica Nacional (REN) um instrumento legal de grande significado na estabilidade da paisagem. A REN define, através de critérios especificos, um conjunto variado de sub- sistemas naturais cuja integragio resulta numa estrutura biofisica que procura, no essencial, manter controlados (08 processos ecol6gicos de cardcter fisico importantes zo funcionamento dos ecossistemas, como. escoamento, ‘a.ctosifo, a infiltragdo e a desertificagdo, naturalmente za perspectiva humana. Embora esses processos sejam condigo necesséria para a Viabilidade dos ecossistemas, nfo sio suficientes, ‘para assegurar a produtividade ecolégica e a preservacio da biodiversidade. Na realidade a REN funciona como condicionante ao uso de determinado local € ndo como instrumento que conduza a recuperagio ‘ou mesmo manutengio dos elementos biol6gicos. ‘Bem grande parte este aspecto que limita funcionamento da REN como rede de conectividade ecol6gica. Contudo a REN constitui um instrumento compatfvel com outro tipo de redes ecolégicas, permitindo mesmo a sua consolidagio, ja que em parte afecta areas cujas caracteristicas fisicas se relacionam com elementos de uma rede ecolégica como sao por exemplo os cursos de agua e os escarpados, potenciando deste modo a transigao biolégica a0 Iongo da paisagem. 4. Consideragées finais recurso as teorias da ecologia da paisagem no planeamento ¢ no desenvolvimento de redes ecolégicas Assine, Leia e Divulgue vem mostrando um crescendo de casos. A sua aplicagao na definigéo de principios, objectivos ¢ propostas no Ambito das politicas de conservagio é de grande importancia, ‘Na comunidade europeia as redes ccolégicas tm sido impulsionadas no quadro da Rede Natura 2000 essencialmente através das directivas “Habitats” € “Aves” as quais oferecem uma excelente oportunidade para se desenvolver uma rede europeia de habitats coerente. 'N&o pode contudo deixar-se de referir que a preservacio da biodiversidade € apenas um dos aspectos envolvidos na apreciagio da qualidade ecolégica do territério. Deste modo, nas estratégias de melhoria geral da qualidade ambiental, para além da considerago dos processos biol6gicos (migraclo, dispersdo, reprodugao, etc.), deverdo ter-se em conta processos fisicos como oescoamento, a infiltragao, a erosao, a desertificacao, entre outros, pois exercem uma forte influéncia na dinfmica ecolégica do territério ¢ portanto na sua sustentabilidade. 5. Referéncias bibliograficas Bennett, G. (1991); Towards @ european ecological network, Institute for European Environmental Policy, ‘The Netherlands. Forman, R.T.(1995); Land Mosaics. The Ecology of Landscapes and Regions. Cambridge University Press, Cambridge. Forman, R.T.& Godron, M. (1986); Landscape ecology; John Willey and Sons, USA. Tongan, R.H. (1995); Ecological networks, a new strategy {for nature planning in Europe: congruent development; Encontro EECONET e o Wildlandsproject, Fund. Luso- Americana, Lisboa Noss, R. (1992); The Wildlands Project, land conservation strategy. In: Wild Earth, special issue. The Wildlands project. New York. Risser, P.G. (1995); The status of the science examining ecotones. BioScience, 45:318-25. ‘Turner, M.G. (1990); Spatial and temporal analysis of landscape patterns, Landscape Ecology, 1:241-51. Wiens, J.A, (1995); Landscape mosaics and ecological theory. In: Hansson et al., Mosaic Landscapes and Ecological Processes. Chapman and Hall. London. * Doutorando do Departamento de Ecologia da Universidade de Evora (bolseiro! FCT, ex-JNICT BD-2649/93-RN) Agroforae A sua Revista de Divulgagao Agraria © Desenvolvimento Rural sé é possivel se Formagae, Invesfigagéo, Técnicos e Agricultores estiverem em permanente contacto Agrofereae 013 N0 7, 1998 a3 Centro de formacdo Profissional Agraria Pos-Graduada da Beira Interior cmon. wea) Integrado no Programa de Formag4o Profissional de Técnicos e Centros de Investigagao Agraria (aprovado pela Comissao das Comunidades Europeias. e pelo Programa Especifico de Desenvolvimento da Agricultura Portuguesa) OBJECTIVOS: + Desenvolvimento das estruturas de investigagdo aplicada a agricultura: + Reforco dos meios de divulgagdo audio-visual agricola: + Formagdo especializada de Docentes: + formagdo Pés-Graduada de Técnicos: + Formagdo de Divulgadores. Escola Superior Agraria, Quinta da Sr* de Mércules * 6000 CASTELO BRANCO Telef (072) 32 75 35; Fax (072) 32 88 81 aa mrsaio7, 1860 AQrofarecs Impacte Ambiental de Antigas Minas de Sulfuretos Localizadas no Alentejo ‘André Matoso (*) (1) 1. Introdugao © abandono de uma mina conduz a uma série de implicagdes, entre as quais se destaca a afectacio do meio ambiente. Os problemas ambientais existentes no Alentejo relacionados com antigas exploragdes mineiras, rsultaram da cessagio da actividade mineira sem que tivessem sido adoptadas, ou sequer previstas, quaisquer medidas mitigadoras dos seus impactes. Esta realidade prende-se com 0 facto de que 0 “mineiro” possuia outro tipo de preocupagoes, relacionadas com problemas de seguranga ¢ produtividade, que 0 Ievaram a relegar para um plano secundario a fase do abandono, que s6 era encarada, salvo raras excepgdes, no perfodo final ¢ mais critico da operagéo mineira, quando as restrigdes econémicas eram mais graves e, em muitos casos, jé se haviam atingido sitwagdes ecologicas quase irreversiveis. Acresce ainda, que é bastante recente a sensibilidade para este tipo de problemas, sentindo actualmente os responséveis por empreendimentos mineiros necessidade de abordar a fundo o abandono racional de uma mina. Iguaimente a administragdo pabli wo a tomar consciéncia progressivamente, deste problema. As prinoipais consequencias ambientais deste tipo de problema, relacionam-se com a degradagao da qualidade dos solos ¢ do meio hidrico superficial AGroforicms 0 12 Ano 7, 1999 ¢ subterraneo, afectando a fauna e flora aquéticas ¢ terrestres, animais domésticos e, indirectamente, consumidores humanos. 2. Caracterizagéo dos principais problemas ambientais ‘A gua constituiu sempre um factor fundamental para as operages de mineragio metélica, nomeadamente na separagio minério-estéril e como fonte energética, justificando-se assim que muitas minas © instalages metaldrgicas se situem muito préximas de cursos de Agua ou @ eles ligados através de condutas. As principais degradagdes ambientais relacionadas com a actividade mineira séo causadas pela existéncia de drenagem dcida (formagdo de éguas écidas), 2.1 Problema da formagéo de aguas dcidas Quando uma mina de sulfuretos € abandonada, a Agua que circula através da rede de trabalhos mineiros (pogos, galerias, etc.), escombreiras de estéreis ¢ restos de minério, conduz acidificagao do meio envolvente 45 ae comenge Sts in Mi 1 - Tinoca (Cu) 12 - Alcalainha (Cu) 23 - Lousal (Py) 2 - Mostardeira (Cu) 13 - S. Mangos - Mte. do Trigo (Cu) 24 - Stgo. de Cacém (Cu) 3 - Miguel Vacas (Cu) 14 - Sobral - Ganhoteira (Cu) 25 - Algares (Py-Cu) 4 = Zambujeira (Cu) 16 - Aloagovas (Entre Matas) (Cu) 26 - S. Joao (Py-Ou) 5 - Bugalho (Cu) 16 - Alcdgovas (V. Nogueira) (Cu) 27 - Feitais (Py-Cu) 6 - Granja (Cu) 17 - Alvito (Fe) 28 - Montinho (Py) 7 - Caeira (Py) 18 - Defesa das Mercés (Cu) 29 - Vale Covo - S* Branca (Py) 8 - Monges (Fe-Py) 19 - Aparis (Cu) 30 - Changa (Py) 9 - Nogueirinha (Fe-Py) 20 - Orada (Fe) 32 - Torgal (Pb-Zn-Cu) 10 - Corte Pereiro (Cu-Pb-2n) 21 - Caveira (Py) 33 - Cerro do Algare (Cu) 11 - Caeirinha (Gu-Pb-Zn) 22 - Asseigeiras (Cu) 34 - Barrigéo (Cu) Figura 1 - Localizagao de antigas minas onde existe produgao de drenagem acida. 46 otro ano7, 198 Agrofarcems © & lixiviagdo de sulfuretos, vulgarmente conhecida por drenagem écida. Estes, em contacto com a agua ¢ com o oxigénio atmosférico, dio origem, por oxidagdo, a sulfato ferroso (solivel), reacgio que € acelerada pela presenga de bactérias catalisadoras (especialmente a espécie Thiobacilus ferrooxidans) ¢ acompanhada por uma elevada produgio de Acido sulfirico (1): 4FeS, + 4H,0 + 140, == 4 FeSO, + 411,80, A subsequente oxidagio do ferro ferroso produz hidréxido de ferro (insolvel), o que contribui para 0 aumento da acidez: 4 FeSO, + 0, + 10,0 == 4 Fe(OH), + 41,80, A titulo de exemplo refira-se que 1g de enxofre contido em pirite produz 3,059g de Acido sulfirico. ‘A manutengao de metais nas éguas écidas, nomeadamente metais pesados, depende de diversos factores, nomeadamente do pH, conteddo em ferro, potencial redox ¢ temperatura, Esta drenagem dcida provoca graves problemas ecol6; cos que podem persistir bastante tempo aps o abandono: das actividades mineiras, dificultando o desenvolvimento de uma cobertura vegetal espontinea nas dreas envolventes, sobre as escombreirase, ainda, a degradagio de ecossisternas ribeirinhos préximos (2). Bm termos de toxicidade, podem colocar-se graves riscos, uma vez que a elevada acidez do meio (frequentemente com pH<3) aumenta a solubilidade dos metas, incluindo alguns com efeitos téxicos varidveis, tais como chumbo, eddmio, arsénio, meretirio, zinco ¢ nfquel ‘Outra consequéncia negativa relaciona-se.com o dectéscimo de oxigénio no meio aquético, devido ao seu elevado consumo no processo de oxidagéo do ferro ferroso. 3. Principais minas antigas, produtoras de aguas acidas Com base num mapa publicado pelo Servigo de Fomento Mineiro, é posstvel identificar na regio Alentejo 34 minas antigas onde existe produgo de drenagem de Aguas fcidas, tratando-se principalmente de minas de pirite e/ou de pirite cuprifera (Fig 1). ‘A maioria destas minas pertence & provincia metalogenética denominada Faixa Piritosa Ibérica (estendendo-se de Sevilha até préximo de Grandola), correspondendo os jazigos a lenticulas de sulfuretos polimetélicos com volumetria e tonelagem variadas. S40 exemplos de minas desta provincia: Caveira, Lousal, Aljustrel, Montinho, Changa ¢ Sao Domingos. Outros tipos de Jarigos corresponslem 2 sulfureros de cahre disseminados (Ex. min da Tinoca) ou em associacdes filonianas (Ex.%: minas de Miguel Vacas, Granja-Mocigos, Caeira, Mostardeira, Aparis, Juliana, Barrigio, Algaré). Apesar do fraco conhecimento sobre o periodo pré- -romano, o historial da primitiva mineragdo no Alentejo Agroforssae 013.107, 1999 parece estar ligado aos tartessos, seguidos dos cartagineses e mais tarde dos romanos. As actividades mineiras dos romanos foram também muito importantes nas minas de Caveira, Lousal, Montinho ¢ Sio Domingos, onde cexploreram cobre, prata e ouro. Em Aljustrel, os grandes depésitos de escoriais mal fundidos existentes junto a mina de Algares (450,000 ton.) (3), contém mais de 3.5% Cu - 08 atribuidos aos fenicios ou cartagineses - © menos de 0.5% Cu, 0s de origem romana. Com base em observag6es de campo, consideram- -se como responsaveis pelas degradagdes ambientais, mais graves, as seguintes minas: Tinoca, Caveira, Lousal, Aljusirel eS. Domingos. Mina da Tinoca Concelho de Campo Maior. Bacia do Rio Xévora (Guadiana), Drenagem para a Rib* de Abrilongo (3 Km). Mineralizacao objecto de exploragao: sulfuretos de cobre disseminados (principalmente calcopirite ¢ pirite) e magnetite, tendo sido a lavra efectuada através de uma rede de trabalhos subterréncos, ligada A superficie por 3 pogos. + Primeiras actividades de origem romana, tendo tido ‘grande importincia em meados do século XIX, datando ‘a primeira concessdo de 1885. A mina era propriedade ‘de uma companhia inglesa quando encerrou definitivamente, em 1934, + Produgao total: cerca de 26.000 T. + A drenagem écida € originada a partir de escombreiras, antigas bacias de cementagao c pocos mineiros. Até 3. Km a jusante so notados os efeitos da acidez no ecossistema fluvial. O impacte ambiental desta drenagem dcida envolve ainda a projectada construgio da barragem de Abrilongo destinada a0 regadio de solos em Espanha (6250 ha) ¢ Portugal (5000 ha) porque afectard a qualidade da égua da futura albufeira, em termos de acidez e contetido em metais pesados, com sérias consequéncias para a sua utiliza Bacia Hidrogréfica do Rio Sado. Drenagem dirigida para a Rib* de Grandola. A actividade mineira nesta zona foi bastante importante durante 0 perfodo romano, 20 qual sio atribuidas varias galerias, pogos e cerca de 300.000 toneladas de escoriais. A sua primeira concessio data de 1863 € 05 trabalhos mineiros foram suspensos em 1943. ‘+O jazigo explorado é consttuido por pirte maciga associada a sulfuretos de cobre, zinco e chumbo. A produgio total foi de 5000 toneladas de cemento de cobre. + Principais degradagées ambientais: afectacao da paisagem, da qualidade das 4guas superficiais, da qualidade doa solos ¢, eventualmente, da qualidade das éguas subterraneas, como consequéncia da drenagem écida produzida a partir de grandes volumes de escombreiras metaliferas (valores de pH préximos de 2; valores de Condutividade entre cerca de 50.000 € 20.000 47 mSiem, determinados em Fev® 97, na lina de égua adjacente & érea mineira). Mina do Lousal + Concetho de Grandola. + Bacia Hidrografica do Rio Sado. + Drenagem dirigida para a Rib* de Corona. + Jazigo redescoberto em 1882 (os romanos exploraram ‘um jazigo aflorante), concedidoem 1900 ¢ trabalhos mineiros suspensos no final de 1988. + Jazigo constitufdo por 18 massas de pirite cuprifera intercaladas em xistos grafitosos. Minério utilizado na inddstria de adubos ¢ producao de acido sulfirico. + Principais degradagdes ambientais: 1) pedreira (rea de 7 ha e taludes com alturas de 30 m), de onde provinha o material para enchimento das zonas exploradas, que comunicava com as galerias da mina através de chaminés de descarga. Nao foi ‘objecto de qualquer medida de recuperagio paisagistica; 2) drenagem dcida em dreas adjacentes as antigas instalagdes industriais, drenando para a rea da pedreira c Rib* de Corona; 3) zona situada junto & antiga estagao ferroviéria de Lousal, onde era efectuado 0 armazenamento de pilhas de minério até serem escoadas por via férrea. Mantém-se a drenagem acida em direcgao a Ribeira de Corona, distante cerca de 300 m. Na Rib." de Corona determinaram-se valores de pH (1993) entre 2 ¢ 3 ¢ valores de condutividade entre 2¢ 11 mS/em Minas de Aljustrel (S. Jodo, Algares ¢ Feitais) + Concetho de Aljustrel. + Bacia Hidrogréfica do Rio Sado. + Drenagem geral em direcgdo & Rib.’ do Roxo, situada a cerca de 6 Kim para N. + 4minas: 2 suspenderam os trabalhos mineiros por motivos econémicos (Feitais ¢ Moinho) ¢ 2 devido 0 esgotamento dos jazigos, que afloravam (Algares © S, Joio). + Inicio da actividade mineira atribufdo aos fenfcios e cartagineses e, posteriormente, aos romanos, datando de 1847 a primeira concessio oficial + Em todas as minas foram explorados jazigos de sulfuretos complexos, com predominincia de pirite cuprifera em associagio com prata, ouro e sulfuretos de zinco, chumbo e arsénio. +A produgao de cemento de cobre totalizou 33.000 tonelades. Outra plicagdo: indiistriade Acido sulftrico. + Principais degradagdes ambientais relacionadas com drenagem dcida que afecta a qualidade das Aguas superficiais e subterraneas, a paisagem, a qualidade dos solos adjacentes ¢ a fauna ¢ floras, nomeadamente aquaticas (5). Os danos ambientais foram iniciados com as primeiras exploragdes, devido a acumulagao de escoriais mal fundidos (contendo mais de 3.5% de cobre, os mais antigos e 0.5% de cobre os de origem romana), totalizando cerca de 450.000 toneladas. 48 As 3 principais zonas afectadas: Area da mina de Algares - Permanecem as consequéncias do método utilizado até aos anos 70 na beneficiagao do mingrio (cementagfo de cobre). Este tratamento consistia na lixiviagdo do minério, por 4guas écidas provenientes das minas de Algares e Feitais (com sistemas de drenagem ligados em profundidade), percolando através de pilhas de minSrio e de antigas escombreiras metalfferas. Em seguida, estas Aguas circulavam em lagoas de cementagao e de evaporagio, acumulando-se por fim numa albufeira de fguas fcidas, de construgio bastante antiga, ocasionalmente Iangadas na rede de drenagem, no trogo superior da Rib.* de Agua Forte, afluente da Rib." do Roxo. Actualmente, embora jé ndo se procede a este tipo de tratamento, é necessério continuar a bombear para areferida albufeira, as aguas do sistema Algares- Feitais, para rebaixar 0 nivel freatico local, por forma a nfo afectar os trabalhos minciros na mina do Moinho. A lixiviagio natural das escombreiras, pela escorréncia e infiltragio de agua de origem pluvial, mantém uma drenagem écida em direccao 2 Rib." de Agua Forte. Area da mina de Sao Joiio - existéncia de drenagem fcida (embora de menor dimensio) relacionada com a rea da antiga mina, a partir de antigas zonas, industriais ¢ anexos minciros, em direcgao a Rib.* de Agua Azeda. Caracteristicas médias das éguas & (4): las produzidas Algares S.Jodo Feitais Caudal médio anual (1.000 mano) 60 60120 Sulfatos (mg/L), 4300 4300-4300 Gu (mg/L) 83k 14 Pb (mgiL) 0.26 0.35 0.20 Fe (mg/L) 2000 1100 600 Zn (mg/L) 3300-253 «180 Gd (mg/L) 75 0.14 0.44 Valores de pH normalmente entre 2 @ 3 Monte das Pedras Brancas - Area a cerca de 7 Km ESE de Aljustrel onde, desde 1879, a empresa concessionéria operava uma instalacio metalirgica sendo a pirite queimada e depois lixiviada, sendo as 4guas acidas resultantes, sujeitas 2 um processo de cementagio. Os efeitos nocivos da drenagem acida sao ainda hoje perfeitamente visiveis nos solos adjacentes e numa linha de égua com o sugestivo nome de Barranco da Agua Azeda. Valores determinados em 1993: pH 3.05 ¢ Condutividade 1.38 mS/ om. st1sano7, 198 AQrOferdas a de Sio Domingos + Localizada a cerca de 16 Km de Mértola, constituiu um centro mineiro hist6rico em Portugal, tendo existido uma intensa actividade mineira romana {que explorava apenas o ouro contido no “chapéu de ferro”), produzindo cerca de 750.000 toneladas de escérias de minério. + Localizada na bacia hidrogréfica do Rio Guadiana, ‘a drenagem da drea mineire é feita em direcgo a0 Rio Changa, distante 3 Km. + 0 jazigo (aflorante) era formado por uma énica massa vertical de pitite cuprifera (associada a sulfuretos, de zinco ¢ chumbo). Até 120 m abaixo da superficie topografiea, 2 exploragdo foi a céu aberto, sendo feita através de pogos ¢ galerias subterraneas até a0 piso - 420 m. + Entre 1857 e 1966, foi regularmente explorada pela companhia britinica “Mason & Barry, Ltd.”, sob contrato com a concessionéria espanhola “La Sabina”, até ao seu completo esgotamento, tendo sido extraidos, 25,000.00 T de minério. + Além da produgao de concentrados de cobre, foram processados 9.9 milhdes de toneladas de pirte cuprifera, como fonte de enxofre elementar. + 2hmano - efluente mineiro produzido, durante a fase produtiva (6). + Ap6s a suspenséo da mineragao e até 1968, funcionow afectada por varias deficiéncias, uma instalagéo destinada ao eproveitamento (por lixiviago.e cementagao) do cobre contido no minério considerado estéril. Como resultado da cessaco das operagdes mineiras, sem quaisquer preocupagdes para evitar ou minimizar osriscos ambientais, os principais problemas sio actualmente os seguintes: 1) existéncia de um enorme reservatério de éguas, fcidas, junto a povoagio da Mina de Sto Domingos, com uma profundidade de 122 metros, formado pela acumulacdo de 4gua na antiga zona da mina a céu aberto, tendo sido inundada toda a rede de trabalhos subterrancos; 2) drenagem écida produzida a partir de intmeras escombreiras metaliferas, afectando a qualidade das aguas superficiais ¢ dos solos envolventes, ao longo de varios quilémetros até atingir a Ribeira do Mosteirao, afluente do Rio Changa onde se localiza a albufeira da barragem do Changa, construida em 1985; 3) permanéncia de antigas bacias de retengao de Aguas dcidas, que favorecem a sua infiltragto, com a consequente possibilidade de afectacao da qualidade de recursos hidricos subterraneos (total da superficie de evaporagao criada: 97 ha Valores determinados em Abril de 1997, na Rib.* de Mosteirio: pH - 3,55; Cond. - 2.182 uS/ AgGrofarcse o 13 0N07, 1998 4. Problematica de reabilitagao de Greas mineiras abandonadas Com base no Plano Nacional da Politica de Ambiente (7), constata-se que, até a0 ano 2000, nio esté previsto efectuar a inventariagao das zonas associadas a solos ‘contaminados ou o lanamento de medidas correctoras (passivas ou activas), se exceptuarmos a descontaminacio dos solos da zona da EXPO'98, pelo que dos cerca de 1000 milhdes de contos que se prevé venham a ser investidos, até 1999, em matéria de Ambiente, previsivelmente no sera afectada qualquer verba a esta problematica. ‘A tendéncia geral na UE aponta para a utilizagio de estratégias passivas (restrigao 20 uso dos solos contaminados ¢ contengdo da lixiviagao), até que surjam téenicas baratas para o seu tratamento. No caso da Alemanha, irdo ser dispendidos cerca de 450 milhdes de contos, fundamentalmente na descontaminagao de solos dos ander da ex-RDA. Nos EUA, cerca de 20.000 Km de cursos de gua encontram-se degradados por drenagem écida de minas, estimando-se que 90% desta drenagem tenha origem em freas mineiras abandonadas 5. Técnicas de reabilitacgao de dreas mineiras abandonadas Existem actualmente diversas técnicas visando a reabilitagio de antigas areas mineiras, envolvendo custos variaveis e sendo funcao do tipo de exploragio que foi praticada. A titulo de exemplo, poderdo ser indicadas as seguintes: preventivas - actuam sobre algum destes 3 factores ‘que concorrem para a formagao de 4guas Acidas: oxigénio, agua ou bactérias Thiobacilus ferrooxidans (técnicas muito recentes). + inundagao ou selegem de minas + redugao da afluéncia de égua a zona mineira/im- permeabilizagao + inibigdo bacteriana (outras bactérias; detergentes aniGnicos - lauril sulfato de sédio; substincias organicas conservantes - sais de dcidos orginicos) correctoras - aplicdveis para tratar as aguas dcidas associadas a ambientes minciros. Correcgiio da drenagem écida: + instalagdes para Neutralizagio Quimica + Oxidagio + Precipitacao (ex.: uso de filtros de calcario + arejamento + precipitagao em tanques de sedimentagio);, + filtros para permuta i6nica (resinas sintéticas de alto peso molecular) - desionizagao; 49 + imstalagdes para osmose inversa (uso de membranas semipermefveis); + tratamentos biolégicos (com baciérias Desulphovibro desulphicans, com musgos do género Sphagnum, ou com Typha). Tratamento de escombreiras: + remogio para o sistema mingiro subterréneo ou zona de lavra a céu aberto, ou para outro destino final ; + estabilizagdo da morfologia dos aterros, posterior impermeabilizagdo, cobertura com solo ¢ revegetagio. 6. Conclusées Face as situagdes existentes, torna-se necessfrio ¢ premente resolver 05 casos de degradagéo ambiental Provocada por antigas actividades de mineragao no Alentejo, criando as condigées necessérias para areabilitago das areas afectadas ¢ conferir-Ihes, se possivel, novas utilizagdes, de carécter produtivo ou nao, Através da sua reabilitagdo, poderao ser criadas condig6es para uum novo uso do solo, substancialmente diferente, implicando a colocagao dos terrenos em determinadas condicoes morfolégicas ¢ de produtividade, de acordo com um plano prévio de utilizagio das areas anteriormente ‘afectadas e procurando-se alcangar um estado ecologicamente estavel, consequente com os valores biofisicos da zona onde se inserem. Os beneficios mais imediatos estarfo associados & revalorizagdo paisagistica e melhoria da qualidade do solo, permitindo a sua utilizagio para uso agricola ou pastoril, bem como a melhoria da qualidade da agua, # qual poder ser utilizada para rega ou actividades de lazer. Os beneficios # prazo poderdo relacionar-- se com um eventual aproveitamento das antigas areas mineiras em termos de arqueologia industrial, através, da criagdo de museus mineiros que exibam equipamentos, minerais, a histria da mineracao, testemunhos de antigas civilizages que ai viveram ¢ trabalharam, etc. Este aproveitamento nfo s6 tera beneficios em termos econémicos, como permitiré uma melhor divulgagéo do patriménio cultural. Considera-se que a reabilitagao das reas afectadas pelas 5 minas anteriormente indicadas, poderia ser alcangada através da concretizagio de projectos que poderiam englobar as seguintes fases: 1- caracterizagao da situagao de referéncia de cada uma das zonas afectadas (caracterizacao biofisica © ambiental) ¢ determinagao do seu enquadramento Juridico-administrativo. 2- idemtificagdo dos impactes actuais, com reflexo nas diversas componentes ambientais. 3+ determinagio das causas, caracteristicas e avaliagao dos efeitos desses impactes. 4- definigto de propostas de medidas correctoras, que reduzam a niveis admissiveis os impactes detectados. ‘5+ elaboragiio de projectos de reabilitago para cada uma das freas afectadas, de acordo com a utilizagao final prevista. 6- execugio fisica dos projectos de reabilitago anterformente elaborados. - Referéncias bibliograficas [IJ METCALEE, B. (1990) - Esublishing long-term vegetational cover on acidic mining waste tips by utilising consolidated sewage sludges. In Proceedings of tho International Symposium on Acid Mine Water in Pyritie Environments. Lisboa, pp. 255-267 [2] BERNAT, J. X. otal, (1991) - Documentago do Curso sole impacto Hidroquimico e Conolo Ambiental, Universidade de Oviedo. Oviedo. [3] CARVALHO, D.; GOINAS, J; SCHERMERHORN, L. (1971) - Prineipais jazigos minersis do Sul do Portugal. Jn Livro-Guia da excursio n° 4 do 1° Cong®, Hispano:Luso- ‘Americano de Geologia Econémica. D.G.G.M. Lisboa, 94 p. [4] HIDROPROJECTO ¢ HIDROMINEIRA (1990) - Estudo de protecgo do meio hidrico ne érea do complexo mineiro de Aljustel, Vol T-Apresentagaoe Sinese.Prites Alentejanas, SA. [5] MATOSO, A SANTANA, M.J.; VIANA, A.(1995) - Contaminagzo por metais com origem na antiga Mina de Algares (Aljustrel). In Compnicagbes do 1" Congresso Toérieo sobre Contaminagdo'e Toxicologia Ambiental Universidade de Coimbra, Coimbra. p.p. 21. {6] PEREIRA, E.G.; MOURA, ; COSTA, J.R.; MAHONY, 1.D. THOMANN, R.V. (1995) - The S. Domingos Mine 4 study of heavy metal contamination in the water column and sediments of the Changa river basin by discharge from na ancient cupriferous pyrite mine (Portugal). Jn Mar, Freshwater Res., 46, 145-51. {71 MINISTERIO DO AMBIENTE E RECURSOS NATURAIS (1994)- Plano Nacional da Politica de Ambiente. Lisboa. (*) Geblogo; Chefe da Divisio de Recursos Hidricos - Direcgto de Servigas da Agua - Direcgéo Regional do Ambiente. Alentejo Declaro que pretendo ser assinante da Revista Agroforum por 1 ano (2 numeros) A partir do n°. Cheque n° Nome: Morada s/banco Para 0 ef jo envio: Ne de Cont.: Assinatura: Continente e Ilhas - 750$00 50 orisano7, 998 Agrofardcas

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