Está en la página 1de 113
ATERRANENTO ELETR Geraldo Kindermann e Jorge Mario Campagnolo 3 edigéio modificada ¢ ampliada SAGRA-DC LUZZATTO Editores— GERALDO KINDERMANN JORGE MARIO CAMPAGNOLO Professores da Universidade Federal de Santa Catarina t . ATERRAMENTO ELETRICO 3* edicaio modificada e ampliada SAGRA - D.C. LUZZATTO. Editores— SAGRA-DC LUZZATTO LIVREIROS, EDITORES E DISTRBUBORES x tone Rua Jodo Alfredo, 448 — Cidade Baixa Porto Alegre Clube dos Eaitores 90050.230 — Porto Alegre, RS, Brasil doo Grande dose ‘Telefone (051)227-5222 ~ Telefax (051)227-4438 __ PREFACIO DOS AUTORES Acreditamos que a 3° edic&o deste livro continue a preencher expressivamente lacuna existente na bibliografia sobre Aterramento Elétrico. Procuramos fazer um livro que tem por objetivo principal agrupar e apresentar © assunto numa seqiiéncia Iégica, que tem sido ao longo do tempo aperfeigoado a cada nova edigdo, para que o mesmo possa ser utilizado como livro texto em cursos de escolas profissionais de nivel médio e superior, bem como fonte de consulta por engenheiros eletricistas ou para cursos especificos sobre Aterramento Elétrico. Esperamos que as informagdes contidas neste livro contribuam como fonte de consulta 4 érea de Engenharia Elétrica, pois seu conteiido é amplo, auxiliando, prin- cipalmente, as dreas de Eletrotécnica, Distribuig&o e Sistemas Elétricos de Poténcia. Este livro é fruto da experiéncia acumulada durante varios anos. Esta ex- periéncia foi adquirida através de trabalhos praticos, bibliogrdficos e trocas de in- formagées entre profissionais de empresas, principalmerite nos cursos ministrados na Universidade Federal de Santa Catarina em convénio com # ELETROBRAS. Os Autores. Indice Geral 1 Introdugao ao Sistema de Aterramento 11 12 1.3 14 15 16 LT 18 19 1.10 11 Introdugio Geral Resistividade do Solo... 0. eee eee ene eee ees A Influéncia da Umidade 0. ee eee A Influéncia da Temperatura (Alinfluencia d= Eatraicmay Ligagdo A Terra. eee eee tees Sistemas de Aterramento Hustes de Ateramento 0 Ateramento ee .rtrt—“‘“Cswsrs~sises=s=“( =e Classificagéo dos Sistemas de Baixa Tenséo em Relagao & Alimentacio e das Massas em Relacio & Terra 2... eee eee Projeto do Sistema de Aterramento..........-0.0000 00 2 Medigio da Resistividade do Solo 21 2.2 2.3 24 25 iodo trtssrsi“‘“;CC Localizagio do Sistema de Aterramento Medigées no Local... 0 ee eee eee tenes Potencialem|Um'Ponto = Potencial em Um Ponto Sob a Superficie de Um Solo Homogéneo 7 I 2.6 Método de Wenner 20... cece cece eee e eee eens 18 2.7 Medigéo Pelo Método de Wenner 0.2... e cece eee 20 2.8 Cuidadog na Medigio 2.0.0 eee eee eee 21 2.9 Espacamentos das Hastes 22 2.10 Diregées a Serem Medidas 23 2.11 Anélise das Medidas 4 212 Exenplo Gerl@ ee ee 25 Estratificago do Solo 27 BAL Introdugio eee eee ee 27 3.2. Modelagem do Solo de Duas Camadas . 0... 0.00 eve eee ee 28 3.3. Configuracéo de Wenner . . 29 3.4 Método de Estratificagio do Solo de Duas Camadas........... 31 3.5 Método de Duas Camadas Usando Curvas ... 2... a 31 3.6 Métodos de Duas Camadas Usando ‘Técnicas de Otingizagio ..... « 39 3.7 Método Simplificado para Estratificagao do Solo em Duas Camadas .. 42 3.8 Método de Estratificagio de Solos de Varias Camadas...... 0... 47 3.9 Método de Pireon 6... cee cece eevee ev eee ee 47 3.10 Método Grafico de Yocogawa 0... eee cece eee eee 52 Sistemas de Aterramento 61 “0 Trodusoe ee 61 4.2 Dimensionamento de Um Sistema de Aterramento com Uma Haste Ver- Hel) eo ee ee 61 4.3 Aumento do Diémetro da Haste... . . 64 44. Interligagéo de Hastes em Paralelo 66 4.5. Resisténcia Equivalente de Hastes Paralelas 0.0.0.0. 0000 68 4.5.1 Indice de Aproveitamento ou indice de Redugéo (K)...... « 70 4.6 Dimensionamento de Sistema de Aterramento Formado Por Hastes Ali- _ nhadas em Paralelo, Igualmente Espagadas ..... . . 4.7 Dimensionamento de Sistema de Aterramento com Hastes em Triéngulo 4.8 Dimensionamento de Sistemas com Hastes em Quadrado Vazio.... . 4.9 Dimensionamento de Sistema com Hastes em Quadrado Cheio ... . - 4.10 Dimensionamento de Sistema com Hastes em Circunferéncia ..... . 4.11 Hastes Profundas ©... 6 0. ee ee es 4.12 Resisténcia de Aterramento de Condutores Enrolados em Forma de Anel e Enterrados Horizontalmente no Solo 4.13 Sistemas com Condutor Enterrado Horizontalmente no Solo... .. ‘Tratamento Quimico do Solo Gi Unoducig 9 5.2 Caracteristica do Tratamento Quimico do Solo... 0... eee es 63 UipesderetmentoQumicg: 966g 5.4 Coeficiente de Redugio Devido ao Tratamento Quimico do Solo (Ke) - 5.5 Variacao da Resisténcia de Terra Devido ao Tratamento Quimico 5.6 Aplicagéo do Tratamento Quimico no Solo . . 5.7 Consideragées Finais . 1. ee es Resistividade Aparente 6.1 Resistividade Aparente 00.0... eee eee eee eee 6.2 Haste em Solo de Varias Camadas.. 2... eee 63 ReducaoideCamadase 6 6.4 Coeficiente de Penetrago (w) 6... eee eee eee eee 6.5 Coeficiente de Divergéncia (6 ) 6.6 Resistividade Aparente para Solo com Duas Camadas...... « Fibrilagio Ventricular do Coragao Pelo Choque Elétrico i 71 78 80 81 83 103 103 105 106 107 - 109 - 109 115 iv Tl intoducso, ee — boone 145 8.12 Potencial de Toque Maximo da Malha em Relagao ao Infinito ..... 146 8.13 Fluxograma do Dimensionamento da Malha de Terra 12. 146 8.14 Potencial de Toque na Cerca Perimetral da Matha... 0. eee 149 8.15 Melhoria na Malha .... . 8.16 Malha de Equalizagdo 8.17 Exemplo Completo do Dimensionamento de Uma Malha de Terra . . . 151 9 Medida da-Resisténcia de Terra 159 QA Introdugéo eee eee eee eee 159 9.2 Correntes de Curto-Circuito pelo Aterramento .. 0... e eee 159 9.3 Distribuic&o de Corrente Pelo Solo 9.4 Curva de Resisténcia de Terra versus Distancia... .. . - be oude 162 9.5 Método Volt-Amperimetto oo... cvs cece eee eee ee 163 9.6 Medigao Usando 0 Aparelho Megger.. 00-0 ee eee “| 164 9.7 Precaugao de Seguranca Durante a Medicao de Resisténcia de Terra . . 166 10 Corrosao no Sistema de Aterramento 167 10.1 Corrosio 10.2 Eletronegatividade dos Metais .. 6... 0 eee eee eee 167 10.3 Reag&o de Corroséo. . 6 ee ee 168 10.4 Corrosao no Sistema de Aterramento . 1... - 5. eee ee eee 172 10.5 Heterogeneidade dos Materiais que Compéem o Sistema de Aterramento 172 10.6 Heterogeneidade dos Solos Abrangidos Pelo Sistema de Aterramento . . 174 10.7 Heterogeneidade do Tipo e Concentragao de Sais, e da Umidade no Sistema de Aterramento 2.1... ee ee ee ee 175 10.8 Heterogeneidade da Temperatura do Solo... - 1... e eee eee 176 VI 100 AcracsoDifrcncal . 176 10.10Agao das Correntes Elétricas Dispersas no Solo»... 2... saa tee 10.11Protegdo Contra a Corrosio oe ee 178 10.12Protegao Por Isolagéo de Um Componente ................ 179 10.13Protegao Catédica Por Anodo de Sacrificio .. 6... ee eee 179 10.14Protegao Por Corrente Impressa . . . - 181 10.15Religamento e a Corrosio . 2.2... 183 JOH6Considetacces 183 11 Surtos de Tensao 185 11.1 Introdugao 185 11.2 Campo Elétrico Gerado no Solo Pelo Surto de Corrente em Uma Haste 185 11.3 Gradiente de Ionizagio do Solo 2.22... ee ee eee 186 114 Zona de Tonizagao no Solo... ee 187 11.5 Finalidade da Haste. 0... eee ee 190 o A Tabelas de Hastes Paralelas, Alinhadas e Igualmente Espacadas 191 B Retorno da Corrente de Sequéncia Zero do Curto-Circuito 199 B.1 Correntes de Curto-Circuito pela Terra B.2 Corrente de Malha oe 199 © Resisténcia de Malha 203 C.l_ Resisténcia de Malha de Terra... 0... ee eee 203 C.2 Anilise da Resisténcia de Malha em Fungao de Pardmetros ..... . « 205 Bibliografia 209 Capitulo 1 Introducgao ao Sistema de Aterramento 1.1. Introdugao Geral Para que um Sistema de Energia Elétrica opere corretamente, com uma ade- quada continuidade de servigo, com um desempenho seguro do sistema de protegio e, mais ainda, para garantir os limites (dos niveis) de seguranga pessoal, é fundamental que 0 quesito Aterramento mereca um cuidado especial. Esse cuidado deve ser traduzido na elaboracio de projetos especificos, nos quais, com base em dados disponiveis e parimetros pré-fixados, sejam consideradas todas as possiveis condigdes a que o sistema possa ser submetido. Os objetivos principais do aterramento sio: © Obter uma resisténcia de aterramento a mais baixa possivel, para correntes de falta & terra; © Manter os potenciais produzidos pelas correntes de falta dentro de limites de seguranga de modo a nao causar fibrilagdo do coragéo humano; © Fazer que equipamentos de protegio sejam mais sensibilizados e isolem rapida- mente as falhas 4 terra; © Proporcionar um caminho de escoamento para terra de descargas atmosféricas; © Usar a terra como retorno de corrente no sistema MRT; © Escoar as cargas estaticas geradas nas carcagas dos equipamentos. Existem varias maneiras para aterrar um sistema elétrico, que vo desde uma 1 2 CAPITULO 1. INTRODUGAO AO SISTEMA DE ATERRAMENTO simples haste, passando por placas de formas e tamanhos diversos, chegando as mais complicadas configuragées de cabos enterrados no solo. Um dado importante, na elaboracéo do projeto do aterramento, 6 0 conheci- mento das caracteristicas do solo, principalmente sua resistividade elétrica. Esta, além da importancia para a engenharia elétrica, em termos de protego e seguranca, auxilia também outras dreas, tais como: © Geologia; na localizagdo de jazidas minerais e falhas nas camadas da Terra, lengol d’égua, petrdleo, gas, etc; * Arqueologia; dando subsidio para descobertas arqueolégicas. 1.2 Resistividade do Solo Varios fatores influenciam na resistividade do solo. Entre eles, pode-se resealtar: @ tipo de solo; © mistura de diversos tipos de solo; ry © solos constituidos por camadas estratificadas com profundidades e materiais di- ferentes; © teor de umidade; © temperatura; compactagéo e pressio; © composigéo quimica dos sais dissolvidos na 4gua retida; © concentragio de sais dissolvidos na agua retida. As diversas combinagées acima resultam em solos com caracteristicas diferen- tes e, conseqiientemente, com valores de resistividade distintos. Assim, solos aparentemente iguais tém resistividade diferentes. Para ilustrar, a Tabela 1.2.1 mostra a variacdo da resistividade para solos de naturezas distintas. 3 TIPO DE SOLO RESISTIVIDADE [0m] Lama Ba 100 Terra de jardim com 50% de umidade 140 Terra de jardim com 20% de umidade 480 Argila seca 1.500 a 5.000 Argila com 40% de umidade 80 Argila com 20% de umidade 330 ‘Areia molhada 1.300 Areia seca 3.000 a 8.000 Calcario compacto 1.000 a 5.000 Granito 7.500 a 10.000 Tabela 1.2.1: Tipo de Solo e Respectiva Resistividade 1.3 A Influéncia da Umidade A resistividade do solo sofre alteragdes com a umidade, Esta variagéo ocorre em virtude da conducio de cargas elétricas no mesmo ser predominantemente iénica. Uma percentagem de umidade maior faz com que os sais, presentes no solo, se dis- solvam, formando um meio eletrolitico favordvel & passagem da corrente iénica. As- sim, um solo especifico, com concentracio diferente de umidade, apresenta uma grande variagdo na sua resistividade. A Tabela 1.3.1 mostra a variacio da resistividade com a umidade de um solo arenoso. Indice de Umidade | Resistividade (0m) (% por peso) (solo arenoso) 0,0 10.000.000 25 1.500 5,0 430 10,0 185 15,0 105 20,0 63 30,0 @ Tabela 1.3.1: Resistividade de Um Solo Arenoso com Concentragao de Umidade Em geral, a resistividade (p) varia acentuadamente com a umidade no solo. Veja figura 1.3.1. Conclui-se, portanto, que o valor da resistividade do solo acompanha os perfodos de seca e chuva de uma regiao. Os aterramentos melhoram a sua qualidade com solo imido, pioram no periodo de seca. 4 CAPITULO 1. INTRODUGAO AO SISTEMA DE ATERRAMENTO Umidade Figura 1.3.1: p x Umidade Percentual Solo Arenoso 1.4 A Influéncia da Temperatura Para um solo arenoso, mantendo-se todas as demais caracteristicas e variando- se a temperatura, a sua resistividade comporta-se de acordgcom a Tabela 1.4.1. Temperatura | Resistividade (.m) ey (solo arenoso) 20 72 10 99 0 (agua) 138 O (gelo) 300 =5 790 =e 3.300 Tabela 1.4.1: Variagao da Resistividade Com a Temperatura Para o Solo Arenoso De uma maneira genérica, a performance de um determinado solo submetido a variacdo da temperatura pode ser expressa pela curva da figura 1.4.1. A partir do py inimor Com 0 decréscimo da temperatura, e a conseqiiente con- tragdo e aglutinagao da agua, é produzida uma dispersao nas ligagées idnicas entre os granulos de terra no solo, e que resulta num maior valor da resistividade. Observe que no ponto de temperatura 0°C (gua), a curva sofre descon- tinuidade, aumentando o valor da resistividade no ponto 0°C (gelo). Isto é devido 40-30-20 -10 04 © 20 30 40 50 60 70 80 9 100 um Figura 1.4.1: p x Temperatura ao fato de ocorrer uma mudanga brusca no estado da ligagao entre os granulos que formam a concentragio eletrolitica. Com um maior decréscimo na temperatura hé uma concentragao no estado molecular tornando o solo mais seco, aumentando assim a sua resistividade. Jé no outro extremo, com temperaturas elevadas, préximas de 100°C, o estado de vaporizagio deixa o solo mais seco, com a formacao de bolhas internas, dificultando a conducao da corrente, conseqiientemente, elevando o valor da sua resistividade. 1.5 A Influéncia da Estratificagdo Os solos, na sua grande maioria, néo sio homogéneos, mas formados por diversas camadas de resistividade e profundidade diferentes. Essas camadas, devido a formagao geolégica, so em geral horizontais ¢ paralelas A superficie do solo. Existem casos em que as camadas se apresentam inclinadas e até verticais, devido a alguma falha geoljgica. Entretanto, 6s estudos apresentados para pesquisa do perfil do solo as consideram aproximadamente horizontais, uma vez, que outros casos sio menos tipicos, principalmente no exato local da instalagéo da subestacio. 6 CAPITULO 1. INTRODUGAO AO SISTEMA DE ATERRAMENTO Como resultado da variagio da resistividade das camadas do solo, tem-se a variagio da dispersio de corrente. A figura 1.5.1 apresenta o comportamento dos fluxos de dispersao de correntes em um solo heterogéneo, em torno do aterramento. Figura 1.5.1: Estratificagéo do Solo em Duas Camadas As linhas pontilhadas séo as superficies equipotenciais. As linhas cheias so as correntes elétticas fluindo no solo. 1.6 Ligagao 4 Terra Quando ocorre um curto-circuito envolvendo a terra, espera-se que a corrente seja elevada para que a protecdo possa operar e atuar com fidelidade e precisio, eli- minando 0 defeito 0 mais rapidamente possfvel. Durante o tempo em que a protegao ainda no atuou, a corrente de defeito que escoa pelo solo, gera potenciais distintos nas massas metdlicas e superficie do solo. Portanto, procura-se efetuar uma adequada ligacéo dos equipamentos elétricos & terra, para se ter o melhor aterramento possivel, dentro das condigées do solo, de modo que a protecéo seja sensibilizada e os potenciais de toque e passo fiquem abaixo dos limites criticos da fibrilagéo ventricular do corago humano. 7 ‘A maneira de prover a ligagdo intima com a terra é ligar os equipamentos e massas a um sistema de aterramento conveniente. 1.7 Sistemas de Aterramento Os diversos tipos de sistemas de aterramento devem ser realizados de modo a garantir a melhor ligag&o com a terra. Os tipos principais sao: © uma simples haste cravada no solo; © hastes alinhadas; © hastes em triéngulo; @ hastes em quadrado; © hastes em circulos; © placas de material condutor enterradas no solo; © fios ou cabos enterrados no solo, formando diversas configuracées, tais como: — extendido em vala comum; = em cruz; — em estrela; — quadriculados, formando uma malha de terra. O tipo de sistema de aterramento a ser adotado depende da importancia do sistema de energia elétrica envolvido, do local e do custo. O sistema mais eficiente é, evidentemente, a malha de terra. 1.8 Hastes de Aterramento O material das hastes de aterramento deve ter as seguintes caracteristicas: ser bom condutor de eletricidade; deve ser um material praticamente inerte As agdes dos dcidos e sais dissolvidos no solo; 8 CAPITULO 1. INTRODUGAO AO SISTEMA DE ATERRAMENTO © o material deve sofrer a menor acao possivel da corrosio galvanica; © resisténcia mecAnica compativel com a cravagio e movimentacio do solo, As melhores hastes séo geralmente as cobreadas: Tipo Copperweld: & uma barra de aco de secgdo circular onde o cobre é fundido sobre a mesma; Tipo Encamisado por Extrusao: A alma de aco ¢ revestida por um tubo de cobre através do processo de extruséo; Tipo Cadweld: O cobre é, depositado eletroliticamente sobre a alma de ago. E muito empregada também, com sucesso, a haste de cantoneira de ferro zincada. 1.9 Aterramento Em termos de seguranga, devem ser aterradas todas as partes metdlicas que possam eventualmente ter contato com partes energizadas. Assim, um contato aciden- tal de uma parte energizada com a massa metilica aterradg estabeleceré um curto- circuito, provocando a atuacio da protegao e interrompendo a ligagéo do circuito energizado com a massa. Portanto, a partir do sistema de aterramento, deve-se providenciar uma sélida ligagao As partes metilicas dos equipamentos. Por exemplo, em residéncias, deve ser aterrados os seguintes equipamentos: condicionador de ar, chuveiro elétrico, fogio, quadro de medigao e distribuicio, lavadora e secadora de roupas, torneira elétrica, lava-louca, refrigerador e freezer, forno elétrico, tubulacao metalica, tubulagéo de cobre dos aquecedores, cercas metilicas longas, postes metalicos e projetores luminosos de facil acesso. Jana indistria e no setor elétrico, uma andlise apurada e eritica deve ser feita nos equipamentos a serem aterrados, para se obter a melhor seguranca possivel. 1.10 Classificagao dos Sistemas de Baixa Tensdo em Relacao 4 Alimentagao e das Massas em Relacao 4 Terra A classificacée ¢ feita por letras, como segue: Primeira Letra - Especifica a situacao da alimentagéo em relagao & terra. T - A alimentagao (lado fonte) tem um ponto diretamente aterrado; I - Isolagao de todas as partes vivas da fonte de alimentagao em relagdo A terra ou aterramento de um ponto através de uma impedancia elevada. Segunda Letra - Especifica a situacéo das massas (carcagas) das cargas ou equipa- mentos em relagio & terra. T - Massas aterradas com terra préprio, isto é, independente da fonte; N - Massas ligadas ao ponto aterrado da fonte; I - Massa isolada, isto é, ndo aterrada. Outras Letras - Forma de ligacdo do aterramento da massa do equipamento, usando 0 sistema de aterramento da fonte. S - Separado, isto é, 0 aterramento da massa é feito com um fio (PE) separado (dis- tinto) do neutro; C- Comum, isto é, 0 aterramento da massa do equipamento é feito usando 0 fio _ neutro (PEN). Exemplo 1 Sistema de alimentacao e consumidor do tipo TN-S. Figura 1.10.1. 4 - + va + + rt 1 1 Equipamento, — 1 eletrico cargo) Aterramento da alimentago oa Figura 1.10.1: Sistema TN-S Exemplo 1.10.2: CAPITULO 1. INTRODUGAO AO SISTEMA DE ATERRAMENTO Sistema tipo TN-C. Figura 1.10.2. [ t fe rt L3 PEN -|-[ 4-4, ee I ' t TE quipomento | i is \eldtncoleorga) a - eo Aterramento L-se5-4 = do alimentaéo Exemplo 1.10. Figura 1.10.2: Sistema TN-C. distancia, é conectado ao fio neutro (C). Figura 1.10.3. Sistema TN-C-S - A fonte (alimentacao) é aterrada (‘T), o equipa- mento tém o seu aterramento que usa um fio separado ($) que, apés uma certa Aterramento a alimentonso Figura 1.10.3: Sistema TN-C-S Exemplo 1,104: Sistema TT - A fonte é aterrada (‘T) ea massa metélica da carga u tem umn terra separado e préprio (T). figura 1.10.4. uy + Le + ts N if H-[-]-|--- ee 1 = ‘ , ‘Aterramento Loo Lanes PE da alimentos ‘massa Figura 1.10.4: Sistema TT Exemplo 1.10.5: Sistema IT - A fonte nao esté aterrada (I) ou aterrada por uma impedancia considerdvel e a massa do equipamento da carga tem terra proprio (). Figura 1.10.5. uy + Le t us Inpedéncia oie ea te 1 tL I = ! | Aterramento oo J PE a alimentagdo massa Figura 1.10.5: Sistema IT 2 CAPITULO 1. INTRODUGAO AO SISTEMA DE ATERRAMENTO 1.11 Projeto do Sistema de Aterramento O objetivo é aterrar todos os pontos, massas, equipamentos ao sistema de aterramento que se pretende dimensionar. Para projetar adequadamente o sistema de aterramento deve-se seguir as seguintes etapas: a) Definir o local de aterramento; b) Providenciar varias mediges no local; c) Fazer a estratificagao do solo nas suas respectivas camadas; d) Definir 0 tipo de sistema de aterramento desejado; e) Calcular a resistividade aparente do solo para o respectivo sistema de aterramento; f) Dimensionar o sistema de aterramento, levando em conta a sensibilidade dos relés © 0s limites de seguranga pessoal, isto é, da fibrilagio ventricular do coracio. ‘Todos os itens serao analisados no decorrer deste trabalho. Capitulo 2 Medigao da Resistividade do Solo 2.1 Introdugao Serio especificamente abordadas, neste capitulo, as caracteristicas da pratica da medigao da resistividade do solo de um local virgem. Os métodos de medigéo séo resultados da andlise de caracteristicas préticas das equacées de Maxwell do eletromagnetismo, aplicadas ao solo. Na curva p x a, levantada pela medigéo, esté fundamentada toda a arte e ctiatividade dos métodos de estratificagio do solo, 0 que permite a elaboragéo do projeto do sistema de aterramento. 2.2 Localizacgao do Sistema de Aterramento A localizagao do sistema de aterramento depende da posicao estratégica ocu- pada pelos equipamentos elétricos importantes do sistema elétrico em questao. Cita-se, por exemplo, a localizacéo otimizada de uma subestagao, que deve ser definida levando em consideracao os seguintes itens: © Centro geométrico de cargas;, # Local com terreno disponivel; @ Terreno acess{vel economicamente; © Local seguro as inundagées; © Nao comprometer a seguranca da populagio. 13 Mu CAPiTULO 2. MEDICAO DA RESISTIVIDADE DO SOLO Portanto, definida a localizagéo da subestacio, fica definido o local da malha de terra. Jé na distribuigéo de energia elétrica, os aterramentos situam-se nos locais da instalacéo dos equipamentos tais como: transformador, religador, seccionalizador, regulador de tensio, chaves, etc. No sistema de distribuicao com neutro multi-aterrado, © aterramento seré feito ao longo da linha a distancias relativamente constantes. O local do aterramento fica condicionado ao sistema de energia elétrica ou, mais precisamente, aos elementos importantes do sistema. Escolhido preliminarmente o local, devem ser analisados novos itens, tais como: ¢ Estabilidade da pedologia do terreno; © Possibilidade de inundagées a longo prazo; @ Medigées locais. Havendo algum problema que possa comprometer 0 adequado perfil esperado do sistema de aterramento, deve-se, entao, escolher outro local. . 2.3. Medigées no Local Definido 0 local da instalacao do sistema de aterramento, deve-se efetuar le- vantamento através de medicdes, para se obter as informacdes necessérias & elaboragio do projeto. Um solo apresenta resistividade que depende do tamanho do sistema de ater- _tamento. A dispersio de correntes elétricas atinge camadas profundas com o aumento da drea envolvida pelo aterramento. Para se efetuar 0 projeto do sistema de aterramento deve-se conhecer a resis- tividade aparente que o solo apresenta para o especial aterramento pretendido. A resistividade do solo, que espelha suas caracteristicas, é, portanto, um dado fundamental e por isso, neste capitulo, seré dada especial atengdo A sua determinagéo. O levantamento dos valores da resistividade é feito através de medigdes em campo, utilizando-se métodos de prospecgiio gecelétricos, dentre os quais, o mais co- nhecido e utilizado é 0 Método de Wenner. 15 2.4 Potencial em Um Ponto Seja um ponto “c” imerso em um solo infinito e homogéneo, emanando uma corrente elétrica I. O fluxo resultante de corrente diverge radialmente, conforme figura 24.1, Figura 2.4.1: Linhas de Correntés Elétricas O campo elétrico E, no ponto p é dado pela Lei de Ohm local, abaixo: Ey = pJp (2.4.1) Onde: Jp => Densidade de corrente no ponto p A densidade de corrente é a mesma sobre a superficie da esfera de raio r, com centro no ponto “c” e que passa pelo ponto p. Seu valor é: Jy = oy (2.4.2) Portanto, 0 potencial do ponto p, em relagéo a um ponto infinito é dado por: 16 CAPiTULO 2. MEDICAO DA RESISTIVIDADE DO SOLO We [ear (2.4.3) Onde: : dr = é a variacao infinitesimal na direcao radial ao longo do raio r. ol pdr 4nd, vr? Yee (2.4.4) 2.5 Potencial em Um Ponto Sob a Superficie de Um Solo Homogéneo Um ponto “ec”, imerso sob a superficie de um solo homogéneo, emanando uma corrente elétrica I, produz um perfil de distribuicdo do fluxo de corrente como 0 mostrado na figura 2.5.1. do solo prcte Figura 2.5.1: Linhas de Correntes Elétricas wv As linhas de correntes se comportam como se houvesse uma fonte de corrente pontual simétrica em relacdo a superficie do solo. Figura 2.5.2. ‘Superficw do solo Figura 2.5.2: Ponto Imagem O comportamento é idéntico a uma imagem real simétrica da fonte de corrente pontual. Portanto, para achar o potencial de um ponto p em relagao ao infinito, basta efetuar a superposicéo do efeito de cada fonte da corrente individualmente, considerando todo 0 solo homogéneo, inclusive o da sua imagem. Assim, para calcular © potencial do ponto p, basta usar duas vezes a expressio 2 _ ol pl’ ~ 4atyy | dary > Como: el 18 CAPITULO 2. MEDIGAO DA RESISTIVIDADE DO SOLO I fi a: ee 4 \rip | Tp 2.6 Método de Wenner (2.5.1) Para.o levantamento da curva de resistividade do solo, no local do aterramento, pode-se empregar diversos métodos, entre os quais: © Método de Wenner; # Método de Lee; ‘# Método de Schlumbeger - Palmer. Neste trabalho seré utilizado o Método de Wenner. O método usa qua- tro pontos alinhados, igualmente espagados, cravados a uma mesma profundidade. Figura 2.6.1. SUPERFICIE 00 SOLO | Joe Figura 2.6.1: Quatro Hastes Cravadas no Solo Uma corrente elétrica I é injetada no ponto 1 pela primeira haste e coletada no ponto 4 pela tiltima haste. Esta corrente, passando pelo solo entre os pontos 1 4, produz potencial nos pontos 2 e 3. Usando 0 método das imagens, desenvolvido no item 2.5, gera-se a figura 2.6.2 e obtém-se os potenciais nos pontos 2 e 3. O potencial-no ponto 2 é: Vz = era 2.6. An la a2 + (2p)? eed ae " at Figura 2.6.2: Imagem do Ponto 1 ¢ 4 O potencial no ponto 3 é: 0 (2.6.2) 4m [2a” [aq?+ (2p? 4 fa? 4 (Opp Portanto, a diferenga de potencial nos pontos 2 ¢ 3 é: pi [i 2 2 Vag. = Vp — Va = © |= + —2—— - —_ 2 (2.6.3) 2s [: Ve+ Qn)? 2a)?-+ @pP : Fazendo a divisio da diferenga de potencial Vag pela corrente I, teremos o valor da resisténcia elétrica R do solo para uma profundidade aceitavel de penetragéo da corrente I. Assim teremos: V, p fl 2 2 R=Saf |- 4 2.6.4 a [ veer /(2a)*+ (@p)? Cn A resistividade elétrica do solo é dada. por: 4raR p= ae ([0.m] (2.6.5) 23 + Jason Veea+ (any 20 CAP/TULO 2. MEDIGAO DA RESISTIVIDADE DO SOLO A expressao 2.6.5 é conhecida como Férmula de Palmer, e é usada no Método de Wenner. Recomenda-se que: Diametro da haste < 0,la Para um afastamento entre as hastes relativamente grande, isto é,a > 20p, a formula de Palmer 2.6.5 se reduz az p=2naR (Om) (2.6.6) 2.7 Medicgdéo Pelo Método de Wenner O método utiliza um Megger, instrumento de medida de resisténcia que pos- sui quatro terminais, dois de corrente e dois de potencial. O aparelho, através de sua fonte interna, faz circular uma corrente elétrica I entre as duas hastes externas que estao conectadas aos terminais de corrente C; e C2. Figura 2.7.1. MEGGER Gc 8 6 9 0 9 Figura 2.7.1: Método de Wenner Onde: R = Leitura da resisténcia em 9 no Megger, para uma profundidade ”a” a = Espacamento das hastes cravadas no solo p = Profundidade da haste cravada no solo As duas hastes internas sao ligadas nos terminais P; e P. Assim, o aparelho processa internamente e indica na leitura, o valor da resisténcia elétrica, de acordo com a expressio 2.6.4. © método considera que praticamente 58% da distribuigéo de corrente que passa entre as hastes externas ocorre a uma profundidade igual ao espagamento entre as hastes. Figura 2.7.2. Figura 2.7.2: Penetracao na profundidade ”a” A corrente atinge uma profundidade maior, com uma correspondente érea de dispersio grande, tendo, em conseqiiéncia, um efeito que pode ser desconsiderado. Portanto, para efeito do Método de Wenner, considera-se que o valor da resisténcia elétrica lida no aparelho é relativa a uma profundidade a” do solo. As hastes usadas no método devem ter aproximadamente 50cm de compri- mento com diametro entre 10 a 15mm. O material que forma a haste deve seguir as mesmas consideragées feitas no item 1.8. Devem ser feitas diversas leituras, para varios espacamentos, com as hastes sempre alinhadas. 2.8 Cuidados na Medigao Durante a medigao devem ser observados os itens abaixo: 22 CAPiTULO 2. MEDIGAO DA RESISTIVIDADE DO SOLO As hastes devem estar alinhadas; As hastes devem estar igualmente espagadas; ‘As hastes dever estar cravadas no solo a uma mesma profundidade; recomenda- se 20 a 30cm; © aparelho deve estar posicionado simetricamente entre as hastes; ‘As hastes devem estar bem limpas, principalmente isentas de éxidos e gorduras para possibilitar bom contato com o solo; A condigéo do solo (seco, dimido, etc) durante a medig&o deve ser anotada; Nao devem ser feitas medigdes sob condicdes atmosféricas adversas, tendo-se em vista a possibilidade de ocorréncias de raios; Nao’ deixar que animais ou pessoas estranhas se aproximem do local; Deve-se utilizar calgados ¢ luvas de isolagéo para executar as medi Verificar o estado do aparelho, inclusive a carga da bateria. 2.9 Espagamentos das Hastes . Para uma determinada diregéo devem ser usados os espacamentos recomen- dados na Tabela 2. Espagamento | Leitura | Calculado a (m) RQ) |p [O-r} 1 6 8 16 32 Tabela 2.9.1: Espagamentos Recomendados Alguns métodos de estratificagao do solo, que serdo vistos no capitulo seguinte, necessitam mais leituras para pequenos espagamentos, o que é feito para possibilitar a determinagao da resistividade da primeira camada do solo. 23 2.10 Diregdes a Serem Medidas O niimero de diregées em que as medidas deveréo ser levantadas depende: da importancia do local do aterramento; da dimensao do sistema de aterramento; © da variagéo acentuada nos valores medidos para os respectivos espacamentos. Para um tinico ponto de aterramento, isto é, para cada posigo do aparelho, devem ser efetuadas medidas em trés diregdes, com angulo de 60° entre si, figura 2.10.1. Figura 2.10.1: Diregdes do Ponto de Medico Este é 0 caso de sistema de aterramento pequeno, com um tinico ponto de ligacio a equipamentos tais como: regulador de tensao, religador, transformador, sec- cionalizador, TC, TP, chaves & dleo ea SF, etc. No caso de subestagées deve-se efetuar medidas em varios pontos, cobrindo toda a drea da malha pretendida. O ideal é efetuar varias medidas em pontos e diregées diferentes. Mas se por algum motivo, deseja-se usar o minimo de diregées, ento, deve-se pelo menos efetuar as medigées na diregao indicada como segue: © na diregéo da linha de alimentacao; # na direc&o do ponto de aterramento ao aterramento da fonte de alimentagio. 24 CAPITULO 2. MEDIGAO DA RESISTIVIDADE DO SOLO 2.11 Andalise das Medidas Feitas as mediges, uma andlise dos resultados deve ser realizada para que os mesmos possam ser avaliados em relacao a sua aceitagao ou nao. Esta avaliacéo ¢ feita da seguinte forma: 1) Calcular a média aritmética dos valores da resistividade elétrica para cada espaga- mento adotado, Isto é: A (2.11.1) pula;)=>Se(aj) — V i. i=l ” Onde: pa(a;) => Resistividade média para o respectivo espacamento aj i n_ => Ntimero de medicées efetuadas para o respectivo espagamento a; pi(a;) => Valor da i-ésima medicao da resistividade com o espagamento a; q > Numero de espagamentos empregados ca 2) Proceder o calculo do desvio de cada medida em relac3o ao valor médio como segue: lei(aj) — pae(a;)| j=la Observacio (a): Deve-se desprezar todos os valores da resistividade que tenham um desvio maior que 50% em relacao a média, isto é \ei(as) — prr(as)| - 100 > 50% pm(aj) vo j Observaciio (b): Se o valor da resistividade tiver 0 desvio abaixo de 50% o valor seré aceito como representativo. Observaciio (c): Se observada a ocorréncia de acentuado ntimero de medidas com desvios acima de 50%, recomenda-se executar novas medidas na regio corres- pondente. Se a ocorréncia de desvios persistir, deve-se entao, considerar a area como uma regido independente para efeito de modelagem. : 25 Com a nova tabela, efetua-se o célculo das médias aritméticas das resistivi- dades remanescentes. 3) Com as resistividades médias para cada espacamento, tem-se entao os valores defini- tivos e representativos para tragar a curva p X a, necessdria ao procedimento das aplicagoes dos métodos de estratificagéio do solo, assunto este, especifico do capitulo seguinte. 2.12 Exemplo Geral Para um determinado local, sob estudo, os dados das medigées de campo, relativos a varios pontos e diregdes, sio apresentados na Tabela 2.12.1. Espagamento Resistividade Elétrica Medida a(m) (Q.m) 1 2 3 4 * 2 340 | 315 | 370 | 295 350 4 520 | 480 | 900 | 550 490 6 650 | 580 [570 | 610 615, 8 850 | 914 | 878 | 905 1010 16 690 | 500 | 550 | 480 602 32. 232 | 285 | 196 | 185 412 Tabela 2.12.1: Medigdes em Campo A seguir, apresenta-se a Tabela 2.12.2 com o valor médio de cada espacamento € 0 desvio relativo de cada medida, calculados a partir da Tabela 2.12.1. ‘Espacamento | Desvios Relativos Resistividade ‘Resistividade Média a(m) (%) Média (2.m) Recalculada (.m) a 2 3 4 2 ii 5,6 | 10,77 | 11,67 | 4,79 334 334 4 11,56 | 18,36 | 53,06 | 6,46 | 16,66 588 510 6 7,43 | 4,13 7 5,78 7 0,82 | 1,65 605 605 8 6,73 | 0,28 | 3,66 | 0,70 | 10,81 9114 o114 16 22,25 [11,41 | 2,55 | 14,95. 5644 564.4 32. 11,45 [8,77 [25,19 [29,38 262 2245 Tabela 2.12.2: Determinacao de Média e Desvios Relativos Observando-se a Tabela 2.12.2, constata-se duas medidas sublinhadas que 26 CAPITULO 2. MEDIGAO DA RESISTIVIDADE DO SOLO apresentam desvio acima de 50%. Elas devem, portanto, ser desconsideradas. Assim, refaz-se 0 calculo das médias, para os espacamentos que tiverem medidas rejeitadas. As demais médias sio mantidas. Vide tiltima coluna da Tabela 2.12.2. Os valores representativos do solo medido sao os indicados na Tabela 2.12.3. Espagamento | Resistividade a(m) (.m) 2 334 4 510 6 605 8 911, 4 16 364,4 32 224,5 Tabela 2.12.3: Resistividade do Solo Medido Capitulo 3 Estratificagao do Solo 3.1 Introdugao Serdo abordados neste capitulo, varias técnicas de modelagem de solo. Considerando as caracterfsticas que normalmente apresentam’ os solos, em virtude da sua prépria formagao geoldgica ao longo dos anos, a modelagem em camadas estratificadas, isto é, em camadas horizontais, tem produzido excelentes resultados comprovados na pratica. A figura 3.1.1 mostra o solo com uma estratificagéo em camadas horizontais. RR x Wn S ve Figura 3.1.1: Solo Estratificado Com base na curva p x a, obtida no Capitulo 2, seréo apresentados diversos métodos de estratificagao do solo, entre os quais: 7 ieee 28 CAPITULO 3, ESTRATIFICAGAO DO SOLO Métodos de Estratificagio de Duas Camadas; ‘© Método de Pirson; © Método Gréfico. Apresenta-se também, outros métodos complementares. 3.2 Modelagem do Solo de Duas Camadas Usando as teorias do eletromagnetismo no solo com duas camadas horizontais, é posstvel desenvolver uma modelagem matematica, que com 0 auxilio das medidas efetuadas pelo Método de Wenner, possibilita encontrar a resistividade do solo da primeira e segunda camada, bem como sua respectiva profundidade. Uma corrente elétrica I entrando pelo ponto A, no solo de duas camadas da figura 3.2.1, gera potenciais na primeira camada, que deve satisfazer a equagao 3.2.1, conhecida como Equagio de Laplace. SUPERFICIE DO SOLO J CAMADA h po | 2° CAMADA ron) a Figura 3.2.1: Solo em Duas Camadas vVv=o0 (3.2.1) V = Potencial na primeira camada do solo Desenvolvendo a Equa&o de Laplace relativamente ao potencial V de qual- quer ponto p da primeira camada do solo, distanciado de “r” da fonte de corrente A, chega-se a seguinte expresso: 29 Jo -#[ut | (3.2.2) Onde: V, = Bo potencial de um ponto p qualquer da primeira camada em relagao ao infinito pi = Resistividade da primeira camada h = Profundidade da primeira camada r = Distancia do ponto p a fonte de corrente A K = Coeficiente de reflexio, definido por: aman aot (3.2.3) pata B+) pa = Resistividade da segunda camada Pela expressio 3.2.3, verifica-se que a variacao do coeficiente de reflexio é limitada entre —1e +1. | IA m lA +1 (3.2.4) 3.3 Configuragao de Wenner A expresso 3.2.2 seré aplicada na configuragio de Wenner, sobre o solo de duas camadas, Ver figura 3.3.1. Nesta configuracio, a corrente elétrica I entra no solo pelo ponto A e retorna ao aparelho pelo ponto D. Os pontos B e C sio os elétrodos de potencial. 0 potencial no ponto B, seré dado pela superposicao da contribuigao da cor- rente elétrica entrando em A e saindo por D. Usando a expressio 3.2.2, e efetuando a superposigao, tem-se: flail soe. i ale Ae Kn i Veo [: +d yer | on [i +d Vea)? + m| 30 CAPITULO 3. ESTRATIFICACGAO DO SOLO MEGGER PL Pe ce 2, eee SUPERFICIE DO SOLO 18 CAMADA h | 7 | 22 cAMaADA ~ pe Figura 3.3.1: Configuragéo de Wenner no Solo de Duas Camadas Fazendo a mesma consideracao para o potencial do ponto C, tem-se: ° Jor} 1 = Ke Tn fl. 2 a Vo= +2 ee lea 3. an [& x eater Or [at x ‘a? + (2nh)? 2 A diferenca de potencial entre os pontos B e C é dado por: Vac = Va — Vo Substituindo-se as equagdes correspondentes, obtém-se: Ip. 2 Kn Kn Woo = $2 fia | 3.3.3) ona x T+ (Qnty ft+Qn bp ) y, = reali {1045 a. ast LY1+(2n 4)? 4+ (an bp 31 A telagéo Y# representa o valor da resisténcia elétrica (R) lida no aparelho Megger do esquema apresentado. Assim, entdo: . i: ae [ad Fit Qnty t+ Qn sl} De acordo com a expressio 2.6.6, a resistividade elétrica do solo, para 0 espacamento “a” é dada por p(a) = 2raR. Apés a substituigao, obtém-se finalmente: p(a) afl fo a lz +Onbp Vt+ Gn 5 eu A expresséo 3.3.4 é fundamental na elaboracao da estratificagéo do solo em duas camadas. 3.4 Método de Estratificagao do Solo de Duas Camadas Empregando estrategicamente a expressio 3.3.4 é possivel obter alguns métodos de estratificagao do solo para duas camadas. Entre eles, os mais usados sao: # Método de duas camadas usando curvas; @ Método de duas camadas usando técnicas de otimizacio; © Método simplificado para estratificagao do solo de duas camadas. A seguir, é feita uma detalhada descrigio de cada um desses métodos. 3.5 Método de Duas Camadas Usando Curvas Como jd observado, a faixa de variagdo do coefciente de reflexdo K é pequena, ale e esta limitada entre —1 e +1. Pode-se entdo, tracar uma familia de curvas de or em fungéo de 4 para uma série de valores de K negativos e positivos, cobrindo toda a sua faixa de variagéo. As curvas tragadas para K variando na faixa negativa, isto é, curva p(a) x a descendente, figura 3.5.1a, esto apresentadas na figura 3.5.2. Ja as curvas obtidas da expresso 3.3.4 para a curva p(a) x a ascendente, figura 3.5.16, isto é, para K variando na faixa positiva, sio mostradas na figura 3.5.3. 32 CAPITULO 3. ESTRATIFICAGAO DO SOLO P p sort > T atm) a(m) 0) ») Figura 3.5.1: Curvas p(a) x a Descendente e Ascendente Com base na familia de curvas teéricas das figuras 3.5.2 e 3.5.3, 6 possivel estabelecer um método que faz o casamento da curva p(a) x a, medida por Wenner, com uma determinada curva particular. Esta curva particular é caracterizada pelos Fespectivos valores de pi, K eh. Assim, estes valores sio encontrados ¢ a estratificagio esté estabelecida, A seguir séo apresentados os passos relativos ao prgcedimento deste método: 12 passo: Tragar em um gréfico a curva p(a) x a obtida pelo método de Wenner; 2© passo: Prolongar a curva p(a) x a até cortar o eixo das ordenadas do grafico. Neste ponto, é lido diretamente o valor de py, isto é, a resistividade da primeira camada. Para viabilizar este passo; recomenda-se fazer vérias leituras pelo método de Wenner para pequenos espagamentos. Isto se justifica porque a penetragio desta corrente da-se predominantemente na primeira camada, 32 passo: Um valor de espacamento aj é escolhido arbitrariamente, e levado na curva para obter-se o correspondente valor de p(az). 42 passo: Pelo comportamento da curva p(a) x a, determina-se o sinal de K. Isto é: ° Pan curva for descendente, o sinal de K é negativo e efetua-se o célculo de a © Se a curva for ascendente, o sinal-de K é positivo e efetua-se o célculo de nO} pa 33, Figura 3.5.2: Curvas para K Negativos u CAPITULO 3. ESTRATIFICAGAO DO SOLO 1 38 52 passo: Com o valor de “2 ou A; obtido, entra-se nas curvas tedricas correspon dentes e traga-se uma linha paralela ao eixo da abscissa. Esta reta corta curvas distintas de K. Proceder a leitura de todos os especificos K e * correspondentes. 6° passo: Multiplica-se todos os valores de * encontrados no quinto passo pelo valor de a; do terceiro passo. Assim, com o quinto e sexto passo, gera-se uma tabela com os valores correspondentes de K, # ¢ h. 72 passo: Plota-se a curva K x h dos valores obtidos da tabela gerada no sexto passo. 8% passo: Um segundo valor de espagamento a; # a; é novamente escolhido, e todo © processo é repetido, resultando numa nova curva K x h. 9° passo: Plota-se esta nova curva K x h no mesmo grafico do sétimo passo. 7 10° passo: A intersecgdo das duas curvas K x h num dado ponto resultaré nos valores reais de K e h, e a estratificago estara definida. + Exemplo 3.5.1 Efetuar a estratificacéo do solo pelo método apresentado no item 3.5, corres- ‘pondente & série de medidas feitas em campo pelo método de Wenner, cujos dados estao na Tabela 3.5.1. Espagamento Resistividade (m) (Q.m) i 684 2 611 4 415 : 6 294 yy area . S ae a 32 182 Tabela 3.5.1: Valores de Medicao em Campo Figura 3.5.3: Curvas para K Positivos ~ . A resolugio é feita seguindo os passos recomendados. 12 passo: Na figura 3.5.4 esta tragada a. curva p(a) x a 22 passo: Prolongando-se a curva, obtém-se pr = 700 Q.m 36 CAPITULO 3. ESTRATIFICACAO DO SOLO e(a) 800 700 600 500 300 200 too oO 2 4 6 8 10 2 14 I6 i@ 20 22 24 26 28 32 Figura 3.5.4: Curva p(a) x a a 32 passo: Escolhe-se a; = 4m e obtém-se p(a;) = 415 O.m. 42 passo: Como a curva p(a) x a é descendente, K é negativo, entio calcula-se a relacdo: pla) _ 415 on = Top = 588 52 passo: Como K é negativo e com o valor 4) = 0,593 levado na familia de curvas tebricas da figura 3.5.2, procede-se a leitura dos respectivos K e #. Assim, gera-se a Tabela 3.5.2 proposta no sexto passo. a =4m HA = 0,593 K h [ml = : = 02g : =0,3 [0,263 [| _1,052 =0,4 [0,423 | 1,692 =0,5 [0,547 | 2,188 =0,6[ 0,625 | 2,500 =0,7 [0,691 | __2,764 =0,8 [0,752 | _3,008 =0,9 [0,800 | _3,200 “10 70,846 [3,384 + bial Tabela 3.5.2: Valores do Quinto e Sexto Passo 82 passo: Escolhe-se um outro espagamento. a2 = 6m pa) = 294 2.m (a2) _ 294 _ a 700. Constréi-se a Tabela 3.5.3. 9° passo: A figura 3.5.5 apresenta o tracado das duas curvas K x h obtidas da Tabela 3.5.2 e 3.5.3. 10° passo: A intersec¢io ocorre em: K = -0,616 h =2,574 m Usando a equagio 3.2.3, obtém-se o valor de pa. pa = 166, 36 2.m 38 CAPITULO 3. ESTRATIFICAGAO DO SOLO Ez Sonar =02 7 =Osiee = =o ‘ —0,5 | 0,305 | 1,830 =0,6 [0,421 | 2,526 —0,7 [0,488 | _2,928 —0,8 [0,558] 3,348 =0,9 [0,619 | 3,714 =1,0 [0,663 | 3,978 h Tabela 3.5.3: Valores do Quinto ao Sexto Passo Figura 3.5.5: Curvas h x K 39 A figura 3.5.6 mostra o solo estratificado em duas camadas. Solo he 2,574m +700 X.m 5 oo = 166,36 2m. F Figura 3.5.6: Solo Estratificado, Solugo do Exemplo 3.6 Métodos de Duas Camadas Usando Técnicas de Otimi- zagao A expressio 3.3.4 pode ser colocada na forma: (3.6.1) ‘nl ft ee Horan {i43 - || Pela expressio acima, para um especifico solo em duas camadas, hé uma relag&o direta entre os espagamentos entre as hastes da configuragao de Wenner e 0 respectivo valor de p(a). Na prética, pelos dados obtidos em campo, tem-se a relacdo de “a” e p(a) medidos no aparelho. Os valores de p(a) medidos e os obtidos pela formula 3.6.1 devem ser os mesmos. Portanto, procura-se, pelas técnicas de otimizagio, obter o melhor solo estratificado em duas camadas, isto é, obter os valores de p1; K ¢ h, tal que a expressio 3.6.1 seja aquela que mais se’ajusta & série de valores medidos. Assim, procura-se minimizar os desvios entre os valores medidos'e calculados. A solugéo seré encontrada na minimizagao da funcéo abaixo: 40 CAPITULO 3. ESTRATIFICACAO DO SOLO minimizar Plame pr 143° (—— Ae ; Hs ast (1+ Qn 4)? fA4Qn 2p (3.6.2) As varidveis so py, K eh. Esta é a expressio da minimizagao dos desvios ao quadrado conhecida como minimo quadrado. Aplicando qualquer método de otimizacio multidimensional em 3.6.2, obtém-se os valores dtimos de pr, K eh, que é a solugio final do método de estratificacao. Exiatem varios métodos tradicionais que podem ser aplicados para otimizar a expressio 3.6.2, tais como: ¢ Método do Gradiente; * Método do Gradiente Conjugado; ¢ Método de Newton; © Método Quase-Newton; * Método de Diregéo Aleatéria; ¢ Método de Hooke e Jeeves; ¢ Método do Poliedro Flexivel; @ etc. Exemplo 3.6.1 Aplicando separadamente trés métodos de otimizacao conforme proposto pela expresso 3.6.2 ao conjunto de medidas da Tabela 3.6.1, obtidas em campo pelo método de Wenner, as solugdes obtidas estdo apresentadas na Tabela 3.6.2. Espagamento | Resistividade Medida a [m] (Q.m} 2,5 320 5,0 245 7,5 182 10,0 162 12,5 168 15,0 152 Tabela 3.6.1: Dados da Medigao 4 stratificagao do Solo Calculada _| Gradiente | Linearizado | Hooke-Jeeves Temes da 12 Camada [Q.m] |_ 383,49 364,67 364,335 Resistividade da 2% Camada [Q.m| | _147,65 143,61 144,01 Profundidade da 1 Camada [m] 2,56 2,82 2,827 Fator de Reflexao K =0,44 =0,43 =0,4334 ‘Tabela 3.6.2: Solugio Encontrada 42 CAPITULO 3. ESTRATIFICAGAO DO SOLO 3.7 Método Simplificado para Estratificagao do Solo em Duas Camadas Este método oferecerd resultados razoaveis somente quando o solo puder ser considerado estratificdvel em duas camadas e a curva’p(a) x a tiver uma das formas tipicas indicadas na figura 3.7.1 abaixo, com uma considerdvel tendéncia de saturagio assintdtica nos extremos e paralela ao eixo das abscissas. om) alm) Figura 3.7.1: Curvas p(a) x a para Solo de Duas Camadas e A assintota para pequenos espacamentos é tfpica da contribuicao da primeira camada do solo. Jé para espagamentos maiores, tem-se a penetrac4o da corrente na segunda camada, e sua assintota caracteriza nitidamente um solo distinto. Pela andlise das curvas p(a) x a da figura 3.7.1, fica caracterizado pelo prolon- gamento e assintota, os valores de py e pz. Portanto, neste solo especifico, com os dois valores obtidos, fica definido de acordo com a expressio 3.3.4 0 valor do parametro K. Assim, na expressio 3.3.4 0 valor desconhecido é a profundidade da primeira camada, isto é,"h”. A filosofia deste método baseia-se em deslocar as hastes do Método de Wen- ner, de modo que a distancia entre as hastes seja exatamente igual a "h”, isto é, igual a profundidade da primeira camada. Ver figura 3.7.2. ; Assim, como a = h ou # = 1, 0 termoa direita da expresso 3.3.4 fica sendo a expressio 3.7.1, que seré denominado de Mize): PEN) = Macey = 144° 1 i pL nat Ll + (2n)? ‘4 + (2n)? (3.7.1) 43 MEGGER SPs Be Ge SUPERFICIE 00 SOLO 12 CAMADA Pr 22 CAMADA Pe Figura 3.7.2: Espacamento a = h A expressio 3.7.1 significa que se o espagamento ”a” das hastes no Método de Wenner for exatamente igual a "h”, a leitura no aparelho Megger seré: Poa=h) = P1-M(raay (3.7.2) Portanto, deste modo, basta levar 0 valor de pian) na curva p(a) x a ¢ obter © valor de ”a”, isto é, "h”. Assim, fica obtida a profundidade da primeira camada. Esta é a filosofia deste método, para tanto, deve-se obter a curva Mian) versus K, através da expressio 3.7.1. Esta curva esté na figura 3.7.3. Assim, definida a curva de resistividade p(a) x a, obtida pelo método de Wenner, a seqiiéncia para obtencgio da estratificagao do solo é a seguinte: 12 passo: Tracar a curva p(a) x a, obtida pela medigao em campo usando o método de Wenner. 22 passo: Prolongar a curva p(a) x a até interceptar o eixo das ordenadas e determi- nar 0 valor de px, isto é, da resistividade da primeira camada do solo. 32 passo: Tragar a assintota no final da curva p(a) x a e prolongé-la até o eixo das ordenadas, o que indicard o valor da resistividade pg da segunda camada do solo. 4° passo: Calcular o coeficiente de reflexio K, através da expresso 3.2.3, isto é: a1 _ a+1 44 CAP{TULO 3. ESTRATIFICAGAO DO SOLO > 1K) 1) | a) 405 % y 8 3 Figura 3.7.3: Curva Min) Versus K passo: Com o valor de K obtido no quarto passo, determinar o valor de,Mje=n) na curva da figura 3.7.3. O valor de Mi=a) esta relacionado com a equagio 3.3.4, J que sao conhecidos p1, pz e K, sendo a profundidade “h” desconhecida.- @ passo: Calcular pezr) = pr-Mie=n): 2 passo: Com o valor de pia-1) encontrado, entrar na curva de resistividade p(a) x ae determinar a profundidade “h” da primeira camada do solo. 45 Exemplo 3.7.1 Com os valores medidos em campo pelo método de Wenner da Tabela 3.7.1, efetuar a estratificagao do solo pelo método simplificado de duas camadas. Espacamento | Resistividade Medida a(m) (Om) T 996 2 974 4 858 6 696 8 549 12 361 16 276 2 230 32 210 Tabela 3.7.1: Dados de Campo 12 passo: A curva p(a) x a estd mostrada na figura 3.7.4. 2° pesso: Pelo prolongamento da curva, tem-se pr = 1000 Q.m. 32 passo: Tracando a assintota, tem-se pa = 200 2.m 4° passo: Calcular o indice de reflexdo K 52 passé: Da curva da figura 3.7.3, obtém-se Moen = 0,783 6 passo: Calcular Ple=h) = Pr-Mea=ny = 1000.0,783 = 783 Q.m 7 passo: Com o valor de p(a=a) levado & curva’ p(a) x a, obtém-se h=5,0m CAPITULO 3. ESTRATIFICACAO DO SOLO i TJ I 0 2 4 6 8 10 th 16 Wb 20 ce 24 26 2B 4% 32 Figura 3.7.4: Curva p(a) x a Assim, 0 solo estratificado em duas camadas é apresentado na figura 3.7.5. oe 12 Comodo n=5.0m P,*1000.0.m | 22 Comada © P_2200 A.m Figura 3.7.5: Estratificagao do Solo a 4a 3.8 Método de Estratificagao de Solos de Varias Camadas Um solo com varias camadas apresenta uma curva p(a) x a ondulada, com trechos ascendentes e descendentes, conforme mostrado na figura 3.8.1. Figura 3.8.1: Solo Com Varias Camadas Dividindo a curva p(a) x a'em trechos tipicos dos solos de duas camadas, é possivel entao, empregar métodos para a estratificagio do solo com varias camadas, fazendo uma extensdo da modelagem do solo de duas camadas. Serio desenvolvidos os seguintes métodos para a estratificagéo do solo com varias camadas: « Método de Pirson; @ Método Grafico de Yokogawa. 3.9 Método de Pirson O Método de Pirson pode ser encarado como uma extensao do método de duas camadas. Ao se dividir a curva p(a) x a em trechos ascendentes ¢ descendentes fica evidenciado que o solo de varias camadas pode ser analisado como uma seqiiéncia de curvas de solo equivalentes a duas camadas. Considerando 0 primeio trecho como um solo de duas camadas, obtém-se pi, p2 € hy. Ao analisar-se o segundo trecho, deve-se primeiramente determinar uma 48 CAPITULO 3. ESTRATIFICAGAO DO SOLO resistividade equivalente, vista pela terceira camada. Assim, procura-se obter a resisti- vidade ps ¢ a profundidade da camada equivalente. © assim sucessivamente, seguindo a mesma légica. A seguir apresenta-se os passos a serem seguidos na metodologia adotada e proposta por Pirson: 12 passo: Tragar em um gréfico a curva p(a) x a obtida pelo método de Wenner. 2° passo: Dividir a curva em trechos ascendentes e descendentes, isto é, pontos méximos e minimos. tre os seus 8° passo: Prolonga-se a curva p(a) x a até interceptar o eixo das ordenadas do grafico. Neste ponto é lido o valor de pi, isto é, a resistividade da primeira camada. 4° passo: Em relacio ao primeiro trecho da curva p(a) x a, caracteristica de um solo de duas camadas, procede-se entdo toda a seqiiéncia indicada-no método 3.5. Encontrando-se, assim, os valores de pz e hy. 5° passo: Para o segundo trecho, achar ponto de transicio (ay) onde a # é maxima, isto é, onde ££ = 0. Este ponto da transico esté localizado onde a curva muda a sua concavidade. 6° paso: Considerando o segundo trecho da curva p(a) x a, deve-se achar a resis- tividade equivalente vista pela terceira camada, assim estima-se a profundidade da segunda camada (hz), pelo método de Lancaster-ones, isto é: hy h + dy = fae (3.9.1) Onde d, = hy = Espessura da primeira camada d, = Espessura estimada da segunda camada hy = Profundidade estimada da segunda camada a, = E 0 espacamento correspondente ao ponto de transicgéo do segundo trecho. Assim, obtém-se o valor estimado de hy e dp. ‘72 passo: Calcular a resistividade média equivalente estimada (A}) vista pela terceira camada, utilizando a Férmula de Hummel, que é a média harménica ponde- rada da primeira e segunda camada. a aitd, a= i (3.9.2) ae ata O fi se apresenta como o p; do métédo de duas camadas. 8° passo: Para o segundo trecho da curva, repetir todo o processo de duas camadas visto no método apresentado em 3.5, considerando ft a resistividade da primeira camada. Assim, obtém-se os novos valores estimados de fy ¢ ha. Estes valores foram obtidos a partir de uma estimativa de Lancaster-Jones. Se um refinamento maior no proceso for desejado, deve-se refazer 0 processo a partir do novo hy calculado, isto é: : hg = dy + dy Volta-se ao sétimo passo para obter novos valores de ps ¢ hz. Apés, entéo, repete-se a partir do sexto passo, todo o processo para os outros trechos sucessores. Exemplo 3.9.1 Efetuar a estratificacio do solo pelo Método de Pirson, para o conjunto de medidas obtidas em campo pelo método de Wenner, apresentado na Tabela 3. Espagamento Resistividade Medida a(m) (0.m) : 11.938 2 15.770 4 17.341 8 11.058 16 5.026 32 3.820 Tabela 3.9.1: Dados da Medigao 12 passo: Figura 3.9.1 mostra a curva p(a) x a. 22 passo: A curva p(a) x a é dividida em dois trechos, um ascendente e outro des- cendente. A separacio ¢ feita pelo :ponto maximo da curva, isto é, onde # = 0. 32 passo: Como prolongamento da curva p(a) x a obtém-se a resistividade da primeira camada do solo. pr = 8.600 Q.m 42 passo: Apés efetuados os passos indicados no método do item 3.5, obtém-se as Tabelas 3.9.2 relativa aos pasos intermediérios. Para: 50 CAPITULO 3. ESTRATIFICACAO DO SOLO 81 pla) [.m] again f5=O20] [a= Fh 0,505 a h . h K |e (m) K | a (m) OS [033-025 t2- 5 0,3 0,46 | 0,46 0,3_| 005] 0,10 040,50) 0,60 02 [0,28 | 0,36 0,5[ 0,72} 0,72 05 [0,40] 0,80 0,6 [0.81 [0.81 0,6 10,49 | 0,98 0,71 0,89 [0,89 070,37} 1,14 08 10,98 [0,98 08 [0,65 | 1,30 Tabela 3.9.2: Valores Calculados 6° passo: Considerando o segundo trecho da curva p(a) x a, estimar a profundidade da segunda camada, Aplicando-ée a formula 3.9.1 do método de Lancaster- Jones, tem-se: hy = di t+ dp : 5 iy =0,64+d = 58 hy =5,4m dy = 4, 76m at 7® passo: Cilculo da tesistividade média equivalente pela férmula 3.9.2 de Hummel, tem-se a1 _ 0,64 + 4,76 2 = 06h ae 3800 + atT5 A) = 18.302 Q.m Figura 3.9.1; Curva p(a) x a a, = 1m, obtém-se p(a:) = 11.938 2m a; = 2m, obtém-se play) = 15.770 Q.m. 8° passo: Para o segundo trecho da curva p(a) x a, repetir novamente os passos do _ Bfetuando 0 tragado das duas curvas K x h, as mesmas se interceptam no ponto: _ método do item 3.5, gerando as Tabelas 3.9.3, hy = dy =0,64m Ky =0,43 Para: Calcula-se neon a = 8m, obtém-se p(a;) = 11.058 Q.m pr = 21.575 Dm a; = 16m, obtém-se p(a;) = 5.026 2.m. 52 passo: Examinando o segundo trecho da curva, pode-se concluir que o ponto da curva com espagamento de 8 metros, apresenta a maior inclinagdo. Portanto, 0 ponto de transicao é relativo ao espagamento de 8 metros, assim: Efetuando-se 0 tragado das duas curvas K x h, as mesmas interceptam-se no oa | - ha = 5,64m | a, = 8m K =-0,71 52 CAP/TULO 3. ESTRATIFICAGAO DO SOLO a =8m = 0,604] [a= 16m ABl = 0.2746 : B h h «| ey —0,3_| 0,280 | 2,240 03 : = —0,4_ [0,452 | 3,616 —0,4 : = 0,5 [0,560 | 4,480 05 = = =0,6 | 0,642 | 5,136 =0,6 | 0,20 [3,20 =0,7_| 0,720 | 5,760 =0,7 [0,34 | 5,44 =0,8 [0,780 | 6,240 =0,8 [0,43 | 6,88 =0,9 [0,826 | 6,600 =09 | 0,49 [7,84 Tabela 3.9.3: Valores Calculados Assim, aa itk P= Pa Te Substituindo-se os valores, tem-se: ps = 3.103 O.m Portanto, a solugao final foi encontrada e o solo com trés camadas estratificadas 6 mostrado na figura 3.9.2. ° oe pettoonn hor 864m P," 21575 Om 2 | pp Nean & Figura 3.9.2: Solo em Trés Camadas 3.10 Método Grafico de Yokogawa Este é um método gréfico apresentado no manual do aparelho Yokogawa de medic&o de resisténcia de terra. Com este método, pode-se efetuar a estratificagdo do solo em varias camadas horizontais com razodvel aceitacio. 53 A origem do método, baseia-se na logaritimizacio da expressio 2.3.4 obtida do modelo do solo de'duas camadas. Assim, usando o logaritmo em ambos os lados da expresso 3.3.4, tem-se: (3.10.1) wo fehmfoe 1+ (nk fat =i} Empregando-se a mesma filosofia usada no modelo desenvolvido no item 3.5, pode-se construir uma familia de curvas teéricas de log [22] em fungio de 4 para uma série de valores de K dentro de toda sua faixa de variacao. Fazendo o tracado das familias das curvas tedricas, em um grafico com escala logaritmica, isto é, log-log, tem-se a CURVA PADRAO, mostrada na figura 3.10.1. A Curva Padrao obtida na escala logaritmica é similar 3s curvas do grafico das figuras 3.5.2 ¢ 3.5.3 tragadas juntas. Os valores de “) estao na ordenada do grafico 3.10.1, na abscissa estao os valores de * e as curvas dos respectivos K esto indicadas pelo seu correspondente . Estas curvas séo relativas 4s curvas tedricas obtidas especificamente de mo- delagem do solo de duas camadas. Um solo tipico de duas camadas é caracterizado pelos trés pardmetros: 1, p2 eh. Fazendo as medigées neste solo, pelo método de Wenner e tracando a curva p(a) x a em escala logaritmica, o seu formato ¢ tfpico da Curva Padrao. Fazendo manualmente o perfeito casamento da curva p(a) x a na escala logaritmica com uma determinada curva padrao, tem-se entéo a identidade estabe- lecida. Isto equivale a ter no método de Wenner 0 espacamento igual & profundidade da primeira camada, isto é, a = h, no solo de duas camadas. Ver figura 3.10.2. Portanto, no ponto da curva p(a) x a que coincide com a ordenada “= 1 na Curva Padrao, lé-se diretamente o valor especifico de p(a), que é igual a resistividade pi da prisneira camada. Este ponto é denominado de pélo Oy da primeira camada, que representa na curva p(a) x a o ponto de medic&o pelo método de Wenner que tenha o mesmo valor da resistividade da primeira camada, juntamente com seu respectivo espacamento ”a” que é idéntico & profundidade da primeira camada. Neste ponto do pédlo Oj lé-se, também, a profundidade da primeira camada, isto é, "h”. O tragado da Curva Padrao é feito de tal forma que, com o casamento da curva p(a) x a, o ponto 42} = 1 e 4 = 1, isto é, 0 pdlo Or, esteja na posigéo sobre a curva p(a) x a de tal forma que a medicao do valor deste ponto pelo método de Wenner, 54 CAPITULO 3, ESTRATIFICACAO DO SOLO CURVA PADRAO Figura 3.10.1: Curva Padrao 56 MEGGER ©) Pr Pe oe SUPERFICIE DO SOLO 12 CAMADA Py 22 CAMADA Pe Figura 3.10.2: Espacamento a = h cobriria totalmente a primeira camada, isto é, j4 produz a solugio da estratificagio procurada. No pento estabelecido do pélo Oy, basta efetuar a leitura de p(a) e ”a”, onde: pi =p(a) => Valot lido no pélo 1 na curva p(a) x a a=h = Valor lido no pélo O; na curva p(a) x a O casamento de curvas fornece o valor de pa. Pode-se estender este processo para solos com varias camadas, seguindo a mesma filosofia do método de Pirson. Deste modo, divide-se a curva p(a) x a em trechos ascencentes e descendentes. A partir do segundo trecho, deve-se utilizar uma estimativa da camada equi- valente vista pela terceira camada, isto é feito empregando a Curva Auxiliar da figura 3.10.3. Coloca-se sobre o grafico p(a) x a, a curva & da Curva Auxiliar que tenha a mesma relagio & obtida pelo casamento da curva p(a) x a com a Curva Padrao. 56 | i 87 CAPITULO 3. ESTRATIFICACGAO DO SOLO | "CURVA AUXILIAR - Com o pélo de origem (42 = 1 e # = 1) da Curva Padrio mantido sobre a Curva Auxiliar &, procura-se ajustar o melhor casamento entre o segundo trecho da curva p(a) x a com a da Curva Padrao, Isto feito, demarca-se no grafico p(a) x ao polo O2. | Neste pélo O2, Ié-se: 1S rH. pla) =p} => Resistividade equivalente da primeira e segunda camada, isto é, vista C | pela terceira camada. a=h, => Profundidade do conjunto da primeira e segunda camada. Com a relagio # obtida do casamento, obtém-se 0 pg . E assim sucessiva- mente. Até o momento procurou-se apenas justificar a filosofia baseada neste método. A resolugao da estratificagao é puramente grafica usando translado de curvas, portanto, é dificil traduzir com plenitude a exemplificagao do método. Colocando-se em ordem de rotina, passa-se a descrever 0 método: 12 passo: Tracar em papel transparente a curva p(a) x a em escala logaritmica. 22 passo: Dividir a curva p(a) x a em trechos ascendentes e descendentes. 32 passo: Desloca-se o primeiro trecho da curva p(a) x a sobre a CURVA PADRAO, até obter o melhor casamento possivel, isto se dé na relagéo &. 4° passo: Demarca-se no grafico da curva p(a) x a, 0 ponto de origem (#8) = 1 & 4 = 1) da Curva Padrao, obtendo-se assim 0 pélo O}. 52 passo: Lé-se no ponto do pélo Ox, os valores de pi € hi. IH im Coe 62 passo: Calcula-se pg pela relacio % obtida no terceiro passo. cree t = Ly Até este passo, foram obtidos p1, hi e p2. Para continuar © processo do outro t t } Ww trecho sucessor da curva p(a) x a, vai-se ao sétimo passo. passo: Faz-se 0 pélo Ox do grafico da‘curva p(a) x a coincidir com o ponto de origem da CURVA AUXILIAR. Transfere-se, isto é, traga-se com outra cor a Curva Auxiliar com relagio % obtida no terceito passo, sobre o gréfico da curva pla) x a. Figura 3.10.3: Curva Auxiliar 58 CAPiTULO 3. ESTRATIFICAQGAO DO SOLO 82 passo: Transladando-se 0 gréfico p(a) x a, de modo que a Curva Auxiliar 2, tragada no sétimo passo, percorra sempre sobre ponto de origem da CURVA PADRAO. Isto é feito até se conseguir o melhor casamento possivel do segundo trecho da curva p(a) x a com a da Curva Padrao, isto se dé numa nova telagio 2 denominada agora de 4. 9 passo: Demarca-se 0 pélo Oz no grafico p(a) x a, coincidente com o ponto de origem da Curva Padréo. 102 passo: Lé-se no ponto do pélo Oz os valores de p} e ha. 112 passo: Calcula-se a resistividade da terceira camada ps pela relacao fornecida no citavo passo. Até este passo foram obtidos p1, hi, hz, p2 ¢ p3. Havendo mais trechos da curva p(a) x a, deve-se repetir o processo a partir do sétimo passo. Exemplo 3.10.1 Efetuar a estratificaco do solo pelo método gréfico de Yokogawa do res- pectivo conjunto de medigées em campo da Tabela 3.10.1, obtidos pelo método de Wenner. « Espacamento Resistividade Medida a(m) (0.m) . 680. 4 840 8 930 16 690 32 330 Tabela 3.10.1: Dados de Campo Toda a resolugéo bascia-se na figura 3.10.4. 59 p(a) (2-m] “Fy i CF Figura 3.10.4: Resolugio do Método Gréfico No pélo O3, tem-se: = 350 Om ), 67m 3 p2 = 1050 2m pL 60 CAPITULO 3. ESTRATIFICAGAO DO SOLO No pélo Oz, tem-se: ph = 900 2.m hy = 15m 1 a =§ 3 = 150 Om 350m d= 14,33m 125 15m Pe =1050nm I Ps 7150.1 Figura 3.10.5: Solo Em Trés Camadas | TT Capitulo 4 Sistemas de Aterramento 4.1 Introdugao Neste capitulo so apresentados os sistemas de aterramento mais simples, com geometria e configuragées efetuadas por hastes, anel e fios. Sendo a malha de terra um sistema de aterramento especial, um capitulo & parte ser dedicado ao seu estudo. O escoamento da corrente elétrica emanada ou absorvida pelo sistema de aterramento, se dé, através de uma resistividade aparente que o solo apresenta para este aterramento em especial. Portanto, seréo analisados, inicialmente, os sistemas de aterramento em relagao a uma resistividade aparente. No Capitulo 6 sera abordado o assunto sobre a resistividade aparente (pa). Como o célculo da resistividade aparente (pa) depende do solo e do tipo de sistema de aterramento, sero vistos a seguir, varios tipos de sistemas de aterramento. 4.2 Dimensionamento de Um Sistema-de Aterramento com Uma Haste Vertical Uma haste cravada verticalmente em um solo homogéneo, de acordo com a figura 4.2.1, tem uma resisténcia elétrica que pode ser determinada pela formula 4.2.1. Onde: Parane = £5 tm (4) 0) (4.21) d 61 62 CAPITULO 4. SISTEMAS DE ATERRAMENTO Figura 4.2.1: Haste Cravada no Solo pa = Resistividade aparente do solo [0.m] L = Comprimento da haste [m] d_ > Diametro do circulo equivalente & Area da secgéo transversal da haste [m] A figura 4.2.2, exemplifica a seccao transversal. Figura 4.2.2: Secgdo Transversal da Haste Circular e em Cantoneira No caso de haste tipo cantoneira, deve-se efetuar o célculo da drea da sua secgo transversal e igualar & rea de um circulo. Assim: 2 Scantoneira = Seireuto = * (3) d= 1 7 (4.2.2) d = Diametro do circulo equivalente 4 area-da secgdo transversal da cantoneira Onde: 63 Observacio: Para haste com secgao transversal diferente, 0 procedimento é 0 mesmo do caso.da cantoneita, desde que a maior dimensao da secgdo transversal em relagéo ao comprimento da haste seja muito pequeno. Exemplo 4.2.1 Determinar a resisténcia de terra de uma haste de 2,4m de comprimento com diametro 15mm, cravada verticalmente em um solo com pa = 100 Q.m. A figura 4.2.3 apresenta os dados deste exemplo. B15 mm Figura 4.2.3: Dados do Exemplo Ranaate = seog In (2) QnL d 100 4.2,4 Ranane = 9 4 ™ (a ) ¢ Rihaste = 42,85 Nem sempre o aterramento com uma tinica haste fornece o valor da resisténcia desejada. Neste caso, examinando-se a formula 4.2.1, pode-se saber os parametros que influenciam na redugéo do valor da resisténcia elétrica. Eles so: « Aumento do diametro da haste; © Colocando-se hastes em paralelo; © Aumento do comprimento da haste; * Redugdo do pa utilizando tratamento quimico no solo. 64. CAPITULO 4. SISTEMAS DE ATERRAMENTO Sera vista, a seguir, a influéncia de cada parametro, gerando assim, alternati- vas para reduzir a resisténcia do aterramento. Pode-se observar também que a expresso 4.2.1 no leva em conta o material de que é formada a haste, mas sim do formato da cavidade que a geometria da haste forma no solo. © fluxo formado pelas linhas de corrente elétrica entra ou sai do solo, utilizando a forma da cavidade. Portanto, 0 Rinsste Tefere-se somente a resisténcia elétrica da forma geométrica do sistema de aterramento interagindo com 0 solo. As- sim, generalizando, a resisténcia elétrica de um sistema de aterramento é apenas uma parcela da resisténcia do aterramento de um equipamento. A resisténcia total vista pelo aterramento de um equipamento (figura 4.2.4) é composta: a) Da resisténcia da conexio do cabo de ligacéo com 0 equipamento; b) Da impedancia do cabo de ligacao; ¢) Da resisténcia da conexao do cabo de ligagdo com o sistema de aterramento em- pregado; 4) Da resisténcia do material que forma o sistema de aterramento; e) Da resisténcia de contato do material com a terra; f) Da resisténcia da cavidade geométrica do sistema de aterramento com a terra. tee - as e . Deste total, a tiltima parcela, que é a resisténcia de terra do sistema de ater- ramento, é a mais importante. Seu valor é maior e depende do solo, das condigées climaticas, etc.. Jé as outras parcelas sio menores e podem ser controladas com faci- lidade. 4.3 Aumento do Didmetro da Haste Aumentando-se o didmetro da haste, tem-se uma pequena redugio que pode ser observada analisando a formula 4.2.1. Esta redugao apresenta uma saturagao ao aumentar-se em demasia o didmetro da haste. A figura 4.3.1 mostra a redugdo em (%) da resisténcia da haste com o aumento do diémetro em relacdo & haste original. Convém salientar que um aumento grande do didmetro da haste, sob o ponto de vista de custo-beneficio, nao seria vantajoso. Na pratica, o diametro que se utiliza para as hastes, é aquele compativel com a resisténcia mecanica do cravamento no solo. Rede primaria Trofo Poste solo Figura 4.2.4: Resisténcia Elétrica Total do Equipamento 65 a oe CAPITULO 4. SISTEMAS DE ATERRAMENTO | 67 1 No caso de duas hastes cravadas no solo homogéneo, distanciadas de ”a”, a figura 4.4.2 mostra as superficies equipotenciais que cada haste teria se a outra no existisse, onde pode ser observada também a zona de interferéncia. ZONA DE INTERFERENCIA i “ u ™ “ Dida Figura 4.3.1: Redugao do Valor da Resisténcia de Uma Haste Vertical em Fungao do Diémetro da Haste ‘ 4.4 Interligagao de Hastes em Paralelo A interligagéo de hastes em paralelo diminui sensivelmente o valor da te- sisténcia do aterramento. O célculo da resisténcia de hastes paralelas interligadas nao i segue a lei simples do paralelismo de resisténcias elétricas. Isto é devido as inter- } feréncias nas zonas de atuago das superficies equipotenciaig, A figura 4.4.1 mostra as a | superficies equipotenciais de uma haste vertical cravada no solo homogéneo. Figura 4.4.1: Superficies Equipotenciais de Uma Haste Figura 4.4.2: Zona de Interferéncia nas Linhas Equipotenciais de Duas Hastes 68 CAPITULO 4. SISTEMAS DE ATERRAMENTO. A figura 4.4.3 mostra as linhas equipotenciais resultantes do conjunto formado pelas duas hastes. Figura 4.4.3: Superficies Equipotenciais de Duas Hastes A zona de interferéncia das linhas equipotenciais causa uma Area de bloqueio do fluxo da corrente de cada haste, resultando uma maior resisténcia de terra indi- vidual. Como a area de dispersio efetiva da corrente de cada haste torna-se menor, a resisténcia de cada haste dentro do conjunto aumenta. Portffnto, a resisténcia elétrica do conjunto de duas hastes é: Rihaste oe < Rehaste < Rinaste (4.4.1) Observe-se que o aumento do espagamento das hastes paralelas faz com que a interferéncia seja diminuida, Teoricamente, para um espacamento infinito, a inter- feréncia seria nula, porém, um aumento muito grande do espagamento entre as hastes nao seria economicamente vidvel. Na pratica, o espagamento aconselhdvel gira em torno do comprimento da haste. Adota-se muito 0 espacamento de 3 metros. 4.5 Resisténcia Equivalente de Hastes Paralelas Para o célculo da resisténcia equivalente de hastes paralelas, deve-se levar em conta o acréscimo de resisténcia ocasionado pela interferéncia entre as hastes. A 69 formula 4.5.1 apresenta a resisténcia elétrica que cada haste tem inserida no conjunto. Ro=Rat YD Ram (4.5.1) m=1 m#h Onde: Ry, => Resisténcia apresentada pela haste "h” inserida no conjunto considerando as interferéncias das outras hastes n = Numero de hastes paralelas Ran => Resisténcia individual de cada haste sem a presenca de outras hastes (férmula 4.2.1) Rim => Acréscimo-de resisténcia na haste ”h” devido interferéncia mtitua da haste ”m”, dada pela expressio 4.5.2 2g Rim = In Gat ate (4.5.2) Am Leben — (Bim = L)? nm => Espacamento entre a haste ”h” e a haste ”m” (em metros) L => Comprimento da haste [m] A representacio de bim esté na figura 4.5.1, seu valor é obtido pela ex- pressio 4.5.3. Figura 4.5.1: Parametros das Mituas Entre as Hastes “h” e “m” |. (4.5.3) 0 CAPITULO 4. SISTEMAS DE ATERRAMENTO Num sistema de aterramento emprega-se hastes iguais, o que facilita a padro- nizagdo na empresa, ¢ também o célculo da resisténcia equivalente do conjunto. Fazendo o célculo para todas as hastes do conjunto (expressio 4.5.1) tem-se os valores da resistncia de cada haste: Ry Ra Ray + Rag + Rig +++ t+ Rin Ray + Rr + Ras + +++ Ran Bey = Rua + Roa + Roa + +++ Ram Determinada a resisténcia individual de cada haste dentro do conjunto, j& considerados os acréscimos ocasionados pelas interferéncias, a resisténcia equivalente das hastes interligadas ser a tesultante do paralelismo destas. Figura 4.5.2. SOLO Figura 4.5.2: Paralelismo das Resisténcias (4.5.4) (4.5.5) 4.5.1 Indice de Aproveitamento ou indice de Redugio (K) E definido como a relagio entre a resisténcia equivalente do conjunto (Req) € a resisténcia individual de cada haste sem a presenca de outras hastes. 1 tae = 4.5.6 Rikers ) 1 Isolando Reg, tem-se: = KRinaste (4.5.7) A expressio 4.5.7 indica que a resisténcia equivalente (Req) do conjunto de hastes em paralelo est reduzida de K vezes o valor da resisténcia de uma haste isoladamente. Para facilitar o calculo de Re, 0s valores de K séo tabelados, ou obtidos através de curvas, como seré visto a seguir. 4.6 Dimensionamento de Sistema de Aterramento Formado Por Hastes Alinhadas em Paralelo, Igualmente Espaga- das A figura 4.6.1 mostra um sistema de aterramento formado por hastes alinhadas em paralelo, CONDUTOR DE INTERLIGAGEO dori (= hastes —= Figura 4.6.1: Hastes Alinhadas em Paralelo E um sistema simples e eficiente, muito empregado em sistema de distribuicio de energia elétrica, no aterramento de equipamentos isolados. Dentro da érea urbana, efetua-se o aterramento ao longo do meio fio da calgada, 0 que é econdmico e n&o prejudica o transito. 2 CAPITULO 4. SISTEMAS DE ATERRAMENTO O cdlculo da resisténcia equivalente de hastes paralelas alinhadas é feito usan- do as formulas 4.2.1, 4.5.1, 4.5.2 ¢ 4.5.5, e pela formula 4.5.6 é calculado o coeficiente de redugao (K). Exemplo 4.6.1 Calcular a resisténcia equivalente do aterramento de quatro hastes alinhadas como mostra a figura 4.6.2 em fungéo de pa. Determinar o indice de redugao (K). Figura 4.6.2: Sistema com Quatro Hastes AlinMfidas Escrevendo a formula 4.5.1 extensivamente para o sistema de quatro hastes, teremos: Ry = Ru t+ Rit Ris + Raa Ry = Ra + Roo + Rog + Roa Rs = Roi + Roa + Ras + Roa Ra = Ra + Rag + Rag + Rag Como as hastes sio todas do mesmo formato, temos: oe ape 4) = pa 4.24“) _ Ruy = Raa = Ro = Ru = gn (F) = PO tn Tasos) ~ Mea 3 Devido & zona de bloqueio, as resisténcias mutuas de acréscimo sio obtidas usando a formula 4.5.2. pa (bu + L)? — e}, Ri = Ry = Ras = Ra = Ro = Reg = Tn [Seta bra = VL? + = /5,76 + 9 = V/14, 76 = 3, 841m _ pa (3,841 + 2,4)? — 3? =0,048, Ru=Faa™ [Sey Celie — Ro = Ru = Ln [OBt bea Rig = Ror = Raa = Raa = 25 In eros cae on bys = 6,462m Pa jp, | (6,462 + 2,4)" - 6 2,4” 6 — (6,462 2,4)? _ pp — PO yy, [loa tL) - ee Rua = Ra = gop lm Es = (bu £) 14 = 9m big = 9? +24? = 9, 314m (9,314 42,4)? - 9 P= (9,314 2,47 Rig = | = 0,0258pa In =0,0174pa Gilculo de Ri, Ro, Rae Ra Ry = 0,44pa + 0,048pa + 0,0258pa +0, 0174pa = 0,5312pa = 0,048pa + 0,44pa +0, 048pa + 0, 0258pa = 0,5618pa 0,0258pa + 0,048pa + 0,44pa + 0,048pa = 0,5618pa Ry = 0,0174pa + 0, 0258pa + 0,048pa +0, 44a = 0,5312pa Devido & simetria, Ri = Rye Ry = Rs Calculo da Resisténcia Equivalente (Reqy,); Usando 4.5.5 4 CAPITULO 4. SISTEMAS DE ATERRAMENTO. 1 T Hn T T5312 pa ar 0,5618pa ae 0,5618pa < Rean = 7 = 0,1365pa 5aIzpa indice de Redugdo (K) i = Bet _ 051365 pa Ran 0,44pa = 0,31 Isto significa que a resisténcia equivalente de quatro hastes é igual a 31% da re- sisténcia de uma haste isolada. Para evitar todo esse caminho trabalhoso, 0 coeficiente de redugao (K) é tabelado e esta apresentado nas tabelas do Apéndice A. Nas tabelas tem-se disponivel o valor da resisténcia de uma haste, obtida usando a formula 4.2.1 em fungao de pa. Além da coluna do K, tem-se a coluna do Reg = K Rihaste em fungao de pa. Assim, no exemplo 4.6.1, usando a tabela A.0.5, pode-se ter diretamente o indice de reducio K = 0,31 eo Req, =0,136pa. Analisando as tabelas do coeficiente de redugdo (K) para hastes alinhadas, pode-se observar que também existe uma saturacdo na diminuigdo da resisténcia equi- valente com o aumento do ntimero de hastes. Na pratica, o ntimero de hastes alinhadas 6 limitado a 6 (seis), acima do qual o sistema torna-se anti-econémico. e Exemplo. Um sistema de aterramento consiste de oito hastes, espacadas de 3m, cravadas em um solo com pa = 100 2.m. O comprimento das hastes é de 2,4m e o didmetro de 1”, Pede-sez a) Resisténcia do sistema de aterramento; = fn (M4) = 8 Rinene = 97, Im Gi “Ord” 4.2,4 2, 54. 10-? Rihoate = 0, 44pa = 440 Para 8 (oito) hastes, K = 0,174 conforme Tabela A.0.5 do Apéndice A. Regu, = K . Rinaste = 0,174.44 = 7,60 8 : ea eos, 2 b) Quantas hastes deve ser cravadas para ter-se uma resisténcia maxima de 1007 Re, < 100 Req = K Rihaste S10 Keo 4 Kk <0,227 7 44 Da Tabela A.0.5 obtém-se 6 (seis) hastes ou mais. ¢) Fazer uma curva Req x N2 de hastes em paralelo com ¢ = 3m para as hastes dadas. Usando sistematicamente a Tabela A.0.5, efetua-se a curva que est apresen- tada na figura 4.6.3. n® de haste Figura 4.6.3: Curva Req X N@ de Hastes em Paralelo CAPITULO 4. SISTEMAS DE ATERRAMENTO 4.7 Dimensionamento de Sistema de Aterramento com Has- tes em Triangulo ___ Paraeste sistema as hastes so cravadas nos vértices de um tridngulo equildtero. Figura 4.7.1. Figura 4.7.1: Triangulo Equildtero Todo o dimensionamento do sistema em triéngulo, baseia-se na definigao do indice de redugio (K) visto no subitem 4.5.1. -_. (4.7.1) Onde: Rihaste => Resisténcia elétrica de uma haste cravada isoladamente no solo K_ = Indice de reducao do sistema de aterramento Rega => Resisténcia equivalente apresentada pelo sistema de aterramento em triéngulo com lado ”e” 7 Os indices de redugéo (KK) sao obtidos diretamente das curvas da figura 4.7.2. 09 7 8 az + ° 05 Lo 1B 20 25 30 ESPACAMENTO EM METROS RELACAO DE RESISTENCIA(x.) Figura 4.7.2: Curvas dos K x e As curvas sdo para hastes de }” e 1”, com tamanhos de 1,2; 1,8; 2,4 e 3 metros. Exemplo 1 Num solo onde pa = 100 2.m, determinar a resisténcia do sistema de aterra- mento com trés hastes cravadas em triangulo com lado de 2m, sendo o comprimento da haste 2,4m e o diametro 2”. Se ee Rasowe = ger” (FZ) =a 4.2,4 -2,54.10-? ) =0,44pa A telagao acima poderia ser tirada diretamente da Tabela A.0.5. Rihaste = 0,44pa = 0,44. 100 = 44 Regg = K Rinaste Pela figura 4.7.2, tem-se K = 0,46 Rega = 0,46.44 = 20,240 os 4.8 Dimensionamento de Sistemas com Hastes em Quadra- do Vazio A figura 4.8.1, mostra o sistema com o formato de quadrado vazio, onde as hastes so colocadas na periferia a uma distancia "e” das hastes adjacentes. : 9 78 CAPITULO 4. SISTEMAS DE ATERRAMENTO Figura 4.8.1: Quadrado Vazio rc RELACAO DE RESISTENCIA (x } A resisténcia equivalente do sistema é dada pela expressio 4.5.7 com o indice de redugio (K) obtido das figuras 4.8.2 ¢ 4.8.3. 1,0, er Espagamento em Os 1,0 1s 20 25 30 Metros 09 \ LA Figura 4.8.3: Trinta e Seis Hastes em Quadrado Vazio Exemplo 4.8.1 Oito hastes formam um quadrado vazio com e = 2m, sendo o comprimento da haste 3m e o diametro 1”, determinar a Rega - Rirante = 0,327 pa & RELACAO DE RESISTENCIA (x ) $e eg CRO 7 | x Rega = K Rihaste 12,40 Da figura 4.8.2, tem-se K = 0,27. c 2 a [Oo 18 20 25 so ) ESPACAMENTO EM METROS Regn = 0,27 .0,327 . pa = 0,08829 pa : Oito Hastes em Quadrado Vazio 80 CAPITULO 4. SISTEMAS DE ATERRAMENTO 4.9 Dimensionamento de Sistema com Hastes em Quadrado Cheio As hastes so cravadas como mostra a figura 4.9.1. Figura 4.9.1: Quadrado Cheio eae Sy - + « Os indices de redugio (K) sio obtidos pelas curvas das figuras 4.9.2 ¢ 4.9.3. os \ fj. I— v2" \_L 30m : Ys 3 --- 1 07 06 | os 0.4] 03 RELACAO DE RESISTENCIA (K ) a2 ° os 10 1s 20 ay Espacamento em metros Figura 4.9.2: Quatro Hastes em Quadrado Cheio (Vazio) al RELAGAO DE RESISTENCIA(K ) ° op 1,0 45 2,0 250 3D Espacamento em metros Figura 4.9.3: Trinta e Seis Hastes em Quadrado Cheio Exemplo 4.9.1 Quatro hastes de 2,4m e d = }” formam um quadrado com e = 2m e estado cravadas num solo com pa = 100 9.m. Determinar o valor de Regs « Rihoste = 0,44 pa = 0,44 .100 = 440 R K Ritaste eam Da figura 4.9.2 tem-se K = 0,375. Reg = 0,375.44 = 16,52 4.10 Dimensionamento de Sistema com Hastes em Circun- feréncia As hastes esto igualmente espacadas ao longo da circunferéncia com raio R. Ver figura 4.10.1. Os respectivos indices de reducao sao obtidos na figura 4.10.2. Figura 4.10.1: Hastes em Circunferéncia ooze 020 =} 2,400 RELACAO DE RESISTENCIA (x ) 2 4 SSeS rh 1} 90 Lito | 4 a 30 NOMERO DE HASTES Figura 4.10.2; Hastes em Circunferéncia com Nove Metros de Raio TT 83. Exemplo 4.10.1 Determinar a resisténcia equivalente do sistema formado com 20 hastes com L =2,4m e d= }” que estao cravadas ao longo de uma circunferéncia de raio 9m. A resistividade aparente é igual a 180 (.m. Rihaste = 0,44 pa Rihaste = 79,22 Da figura 4.10.2 tem-se K = 0,095. Rego = 7,524.9 4.11 Hastes Profundas © objetivo principal é aumentar 0 comprimento L da haste, o que faz, de acordo com a expressio 4.2.1, decair o valor da resistencia praticamente na razio inversa de L. Na utilizagéo do sistema com hastes profundas, varios fatores ajudam a me- Ihorar ainda mais a qualidade do aterramento. Estes fatores sho: « Aumento do comprimento da haste; © Camadas mais profundas com resistividades menores; ¢ Condigao de agua presente estdvel ao longo do tempo; « Condigao de temperatura constante e estavel ao longo do tempo; # Producao de gradientes de potencial maiores no fundo do solo, tornando os po- tenciais de passo na superficie praticamente despreziveis. Assim, devido &s consideracées acima, obtém-se um aterramento de boa qua- lidade, com o. valor de resisténcia estdvel ao longo do tempo. A dispersio de corrente se dé nas condigdes mais favoraveis, procurando regiées mais profundas de menor resistividade, o que atenua consideravelmente os gradientes de potencial na superficie do solo. Para a execugio desse sistema, usa-se basicamente dois processos que seréo vistos a seguir: 84 CAPITULO 4. SISTEMAS DE ATERRAMENTO. a) Bate-Estaca Por este método as hastes sio uma a uma cravadas no solo por um bate- estacas. As hastes emendaveis possuem rosca nos extremos e a conexdo é feita por luvas. Ver figura 4.11.1. ROSCA ROSCA" LUvA DE EMENDA HASTE Rosca ——r Figura 4.1L: Hastes com Rosca e Luva de Conexéo Um bate-estaca produz, normalmente, 80 batidas/minuto e a haste vai sendo Ientamente cravada no solo. Ver figura 4.11.2. MOTO -COMPRESSOR — VIBRADOR C/ 80 BATIDAS/min * — BATEDOR Ps Px Figura 4.11.2: Bate-Estaca e Hastes Emendaveis 85 . Dependendo das condigées do terreno possivel, por este processo, conseguir até 18 metros de profundidade. b) Moto-Perfuratriz Como visto anteriormente, a disperso das correntes em uma haste profunda se da praticamente na camada de menor resistividade. Em vista disso, algumas empresas de energia elétrica, ao invés de cravar hastes emendaveis, utilizam a técnica de cavar 0 buraco no solo e, em seguida, introduzir uma tinica haste soldada a um fio longo que vai até a superficie. Ver figura 4.11.3. SOLO —< | Figura 4.11.3: Haste Profunda Recomenda-se também, introduzir no buraco, limalha de cobre. Esta limalha distribuida no buraco vai, lentamente, penetrando no solo, aumentando consideravel- mente 0 efeito da atuagio da haste, que facilita a dispersio da corrente no solo, pois se obtém uma menor resisténcia elétrica do sistema. O processo de cavar 0 buraco no solo utiliza uma moto-perfuratriz de poco manual (figura 4.11.4). Por este processo pode-se conseguir até 60 metros de profun- didade, dependendo, evidentemente, das caracteristicas do solo. TANOUE DYAGUA GAPAC. 2,000. 7 MOTO PERFURATRIZ capegore ‘IRATORIO wiorabLico ste DE, PEnFURAG EO VALVULAS: Manu RETORNO RESERVATORIO DE cemncucegio Figura 4.11.4: Perfuragao do Buraco CAPITULO 4. SISTEMAS DE ATERRAMENTO A técnica apresentada na figura 4.11.4 tem os seguintes problemas: # Risco para 0 operador; # Ruido excessivo causado pelos motores da perfuratriz e da bomba d’égua. Para contornar os problemas citados pode-se utilizar as alternativas abaixo: © Moto-perfuratriz acoplada ao brago de um guindaste; © Perfuratriz e bomba d’égua acionados por transmissio flexivel acoplada & trans- missao do veiculo; ¢ Perfuratriz © bomba d’égua acionadas hidraulicamente por presso do éleo do guindaste. | A tltima alternativa é a que apresenta melhores resultados, sendo a recomen- dada?. ] O controle da resisténcia elétrica é feito com medigées durante a escavacao. Alcancando-se o resultado esperado, tira-se a broca e coloca-se rapidamente o cabo com a haste na ponta. Com o tempo a resisténcia elétrica diminui devido a movimentagao do terreno fechando e compactando completamente o buraco. Com este proceso, néo se alcangando bons resultados, recomenda-se as se- guintes alternativa: © Fazer uma malha de terra; @ Deslocar o equipamento a ser aterrado; © Usar hastes profundas em paralelo. 1A OPEL foi a primeira empresa no pais a adotar o aterramento profundo, usando inicialmente a perfuratriz, de poco com motor de combustio interna a gasolina. Devido a alguns problemas, este proceso foi evoluindo até chegar a perfuratriz € bomba d’égua acionadas hidraulicamente por pressio do dleo desenvolvido pelo préprio veiculo, Neste processo sem ru(do, a rotacio da broca é menor, produzindo um étimo desempenho, com menor desgaste da broca. 88 CAPITULO 4. SISTEMAS DE ATERRAMENTO 4.12 Resisténcia de Aterramento de Condutores Enrolados em Forma de Anel e Enterrados Horizontalmente no Solo A figura 4.12.1 mostra um aterramento em forma de anel que pode ser usado aproveitando 0 buraco feito para, a colocagio do poste. TRAFO Yj POSTE —————¥ Te H. Figura 4.12.1: Aterramento em Forma de Anel A resisténcia de aterramento em anel é dada pela formula 4.12.1. a, (=) (9) ae (Fe (4.12.1) Onde: p = Profundidade que esta enterrado o anel [m] r > Raio do anel (m] d = Diametro do circulo equivalente 4 soma da sec&o transversal dos condutores que formam o anel [ml 89 Exemplo 4.12.1 ” Determinar a resisténcia de um anel com 50cm de raio, diametro do condutor de 10mm, enterrado a 60cm em um solo com resistividade aparente de 1.000 2.m. 1000 4.0,52 Rone = 9,5 (nies) Ranet = 1036, 71 2 4.13 Sistemas com Condutor Enterrado Horizontalmente no Solo A resisténcia de aterramento de um condutor enterrado horizontalmente no solo, é dada pela formula 4.13.1. Ver figura 4.13.1. = fe aut 2 _ (py ,icpy* Root n(Z a (7) +3(7) a oy Onde: Pp => Profundidade em que est enterrado o condutor [m] L = Comprimento do condutor {m] r => Raio equivalente do condutor [m} Apresenta-se a seguir, as formulas para a obtengio da resisténcia de aterra- mento dos condutores enterrados horizontalmente no solo, que tenham as configuragées da figura 4.13.2. 90 CAPITULO 4. SISTEMAS DE ATERRAMENTO Pe a Hs u L ° d e Figura 4.13.2: Configuragdes Horizontais de Condutores a) Dois condutores em angulo reto, letra (a) da figura 4.13.2. e Sean a oe P py? p\* Raf ['>( %) ~0,2373 +0, 85842 + 1,056 (2) 10,85 (2) [2] 4.13.2) Onde: ( ) L = Tamanho de cada segmento retilineo a partir da conexao (m] b) Configuracéo em Estrela com trés pontas, letra (b) da figura 4.13.2. =f _ P p\? p\4) Ra [m (4) + 1,077 ~ 0,8362 + 3,808 (2) — 13,824 (2) {0 (4.13.3) ¢) Configuragéo em Estrela com quatro pontas, letra (c) da figura 4.13.2. a 2 ‘ R= ot [™ (4) +2,912 — 4,284 + 10,32 (2) — 37,12 (2) ] {Q] ~ 4b rp, L (4.13.4) 4) Configuracéo em Estrela com seis pontas, letra (d) da figura 4.13.2. pa BR : p? ( ‘ el in ( 7 7 PY" ~195,4 (2 9) Rae ['= (Z) +6001 12,5122 +28, 128 (2) 125,4(2 (2) (4.13.5) e) Configuragéo em Estrela com oito pontas, letra (e) da figura 4.13.2. B : 2) 2) a ['* (4) + 10,98 — 22,042 + 52,16 (2 — 299,52 (2 (9) (4.13.6) Exemplo 4.13.1 ‘Tendo-se disponivel 60m de um condutor com diametro de 6mm, fazer todas as configuragées propostas na figura 4.13.2, para aterramento a 60cm da superficie em um solo com resistividade aparente de 1.0000.m. Os resultados sao apresentados na Tabela 4.13.1. Configuracéo Resistencia [2] 1 fio 35,00 3 fios em Angulo reto 64,77 Estrela 3 pontas 67,28 Estrela 4 pontas 73,21 Estrela 6 pontas 87,17 Estrela 8 pontas 101,83 Tabela 4.13.1: Solugéo do Exemplo 92 CAPITULO 4. SISTEMAS DE ATERRAMENTO Capitulo 5 Tratamento Quimico do Solo 5.1 Introdugao ‘Todo sistema de aterramento depende da sua integragéo com o solo e da resistividade aparente. Se o sistema ja esta fisicamente definido ¢' instalado, a inica maneira de diminuir sua resisténcia elétrica é alterar as caracteristicas do solo, usando um trata- mento quimico. O tratamento quimico deve ser empregado somente quando: * Existe o aterramento no solo, com uma resisténcia fora da desejada, e nao se pretende alteré-lo por algum motivo; Nao existe outra alternativa possivel, dentro das condigées do sistema, por im- possibilidade de trocar o local, e 0 terreno tem resistividade elevada. 5.2 Caracteristica do Tratamento Quimico do Solo © tratamento quimico do solo visa a diminuigéo de sua resistividade, con- seqiientemente a diminuigao da resisténcia de aterramento, Os materiais a serem utilizados para um bom tratamento quimico do solo devem ter as seguintes caracteristicas: © Boa higroscopia; ¢ Nao lixividvel; 93 CAPITULO 5. TRATAMENTO QUIMICO DO SOLO © Nao ser corrosivo; © Baixa resistividade elétrica; © Quimicamente estdvel no solo; # Nao ser téxico; ¢ Nao causaf dano & natureza. 5.3 Tipos de Tratamento Quimico Sao apresentados, a seguir, alguns produtos usados nos diversos tipos de trata- mento quimico do solo. a) BENTONITA Bentonita é um material argiloso que tem as seguintes propriedades: © Absorve facilmente a gua; « Retém a umidade; Boa condutora de eletricidade; : © Baixa resistividade (1,2 a 4 .m); « Nao é corrosiva (pH alcalino) e protege o material do aterramento contra a cor- rosao natural do solo. E pouco usada atualmente. Hoje é empregada uma variacio onde se adiciona gesso para dar maior estabilidade ao tratamento. b) EARTHRON Earthron é um material liquido de lighosulfato (principal componente da polpa da madeira) mais um agente geleificador e sais inorginicos. Suas principais propriedades sio: © Nao é sohivel em égua; @ Nao é corrosivo, devido & substancia gel que anula a agéo do dcido da madeira; @ Seu efeito é de longa duracio; E de facil aplicacdo no solo; £ quimicamente estavel; @ Retém umidade. c) GEL © Gel é constituido de uma mistura de diversos sais que, em presenca da Agua, formam 0 agente ativo do tratamento. Suas propriedades séo: © Quimicamente estével; « Nao é sokivel em dgua; © Higroscépico; Nao é corrosive; « Nao é atacado pelos dcidos contidos no solo; © Seu efeito é de longa duragao. 5.4 Coeficiente de Redugao Devido ao Tratamento Quimico do Solo (Ki) 0 valor de K; poderd ser obtido, para cada caso, medindo-se a resisténcia do aterramento antes e apés 0 tratamento. Desta forma, obtém-se Kj = Reomteatament (64.1) Reem tratamento Para ilustrar, na figura 5.4.1 tem-se um grafico dos valores provaveis de K em funcio da resistividade do solo para um tratamento do tipo GEL. A regido hachurada é a faixa provavel dos valores de K, dado pelo fabricante. Observa-se que em solos com alta resistividade, o tratamento quimico é mais eficiente. 96 CAPITULO 5. TRATAMENTO QUiMICO DO SOLO — —+— o F 60° 0° 0 500 20% 40° 60° 90° 90° 70% ,40° 60° 005 oe ye 16 90% 008 piim! Figura 5.4.1: Valores Tipicos de Ky em Fungo da Resistividade Exemplo 5.4.1 Um aterramento tem um valor de 8702 num local cuja resistividade é de 2.000 Q.m. Qual a faixa provavel do valor de Riratamento 8¢ for feito um tratamento quimico no solo a base de GEL? Da figura 5.4.1 obtém-se 0,2 < K, < 0,34 entao Kinserion RS Reratamento S Ke R S Keruperior 174.2 S Reratamento S 295,8 % 97 5.5 Variacgdo da Resisténcia de Terra Devido ao Tratamento -Quimico Nos gréficos das figuras 5.5.1, 5.5.2 e 5.5.3 é apresentado o comportamento das variagdes da resisténcia de terra com o tratamento quimico do solo. 16007 antes DO 400 TRATAMENTO 2 S200} glo OEPOIS DO q 809 “TRATAMENTO g «Gi 600 # 9 40 a 201 olttiiit 7 2h 22 8 3 Figura 5.5.1: Resisténcia de Terra Reduzida pelo Tratamento Quimico do Solo 130, vol} 19] 100 90] 20h} ~ 7 SOLO NAO : TRATADO 50] 4 30} 20 to o G3 2 a eee Sz G3 223 8 2 July AN RESISTENCIA EM OHMS. war,| Figura 5.5.2: Tratamento Quimico do Solo e as Variagées Mensais da Resisténcia 98 CAPITULO 5. TRATAMENTO QUIMICO DO SOLO 80; faa ee sees) a g 60 5 N/TRATADO es = € o F 49} w 3 € s TRATADO. B 204 a o = o! WAN. 0 2 3 4 5 TEMPO EM ANOS Figura 5.5.3: Variag3o da Resisténcia de Terra, com o Tempo, de Hastes em Solos ‘Iratados ¢ Nao Tratados Adjacentes Pode-se observar que pela figura 5.5.3, o tratamento quimico vai perdendo o seu efeito. Recomenda-se fazer novo tratamento apés algum tempo. 5.6 Aplicacgéo do Tratamento Quimico no Solo A seguir, nas figuras 5.6.1 ¢ 5.6.2 6 mostrado uma seqiiéncia de ilustragdes de aplicagéo do tratamento quimico do solo. A figura 5.6.2 foi obtida da referéncia. [48]. MATERIAL 9 TRATAMENTO ‘Coneato cow Tenn WASTE 0 TERRA buraco em torno tratado. jetrodo Mistura da metade do solo retirade do burace ey Erico-Gel" Misturar com enxada ov pa Aprox.|metode do solo retirade tsem trator} Mistura do Erico-GePcom parte do solo retirado do bureco. @ 99 v_ 100 CAPITULO 5. TRATAMENTO QUiMICO DO SOLO Aprox. metade do solo retirado (sem tratarl listura do som notural com Erico-@ Reposicde da mistura no burace do @ sieirode a'ser trerede Aprox. metade do solo retirado (sem tratar! Aprox. 40 litros ie agua AplicagGo da a'gua sobre o mistu- @ te pore 0 “storter* ao tratomen- Agitar a mistura com a ogua aplicada ate formar uma pasta N | (geld Aprox. metade do solo retirado (sem tratarl Agitar com um pedaco de madeira ou enxada a mistura com a agua aplicada,ate formar uma pasta homogania 101 © revere restante dog t tratar! sopr /* actado levem @ otratamento este terminodo Figura 5.6.2: Seqiiéncia de um Tratamento Quimico do Tipo GEL 5.7 Consideragoes Finais Como o tratamento quimico do solo é empregado na corregio de aterramento existente, deve-se entdo, apés a execugio do mesmo, fazer sempre um acompanhamento com medigées periédicas para analisar o efeito e a estabilidade do tratamento. Deve-se sempre dimensionar e executar projetos de sistemas de aterramento de modo eficiente, para nao ser necessdrio usar tratamento quimico. A agao efetiva do tratamento quimico deve-se ao fato de 0 produto quimico ser higroscépico e manter retida a Agua por longo tempo, assim, de acordo com o item 1.3, a resisténcia do aterramento decai acentuadamente, Portanto, recomenda- se nas regiées que tenham periodo de seca bem definido, molhar a terra do sistema de aterramento, o que tera o mesmo efeito do tratamento quimico.. Em subestacéo pode-se deixar instalado um conjunto de mangueiras e a periodos regulares, molhar a terra que contém a malha. Pode-se, inclusive, adicionar 4 4gua, a solugdo do produto quimico do tratamento. Em terreno extremamente seco, pode-se concretar o aterramento. O concreto tem a propriedade de manter a umidade. Sua resistividade est entre 30 ¢ 90 9.m. 102 CAPITULO 5. oT TRATAMENTO QUiMICO DO SOLO Capitulo 6 Resistividade Aparente 6.1 Resistividade Aparente Um solo com varias camadas apresenta resistividade diferente para cada tipo de sistema de aterramento. A passagem da corrente elétrica do sistema de aterramento para o solo de- pende: « Da composigio do solo com suas respectivas camadas; « Da geometria do sistema de aterramento; © Do tamanho do sistema de aterramento. Portanto, faz-se mister, calcular a resistividade aparente que representa a integrac&o entre o sistema de aterramento relativo ao seu tamanho em conformidade com o solo. O tamanho do sistema de aterramento corresponde & profundidade de penetra- go das correntes escoadas. Esta penetragao determina as camadas do solo envolvidas com 0 aterramento, e conseqiientemente, a sua resistividade aparente. Assim, é possivel definir uma resistividade, chamada aparente, que ¢ a resis- tividade vista pelo sistema de aterramento em integracéo com 0 solo, considerada a profundidade atingida pelo escoamento das correntes elétricas. Colocando-se um sistema de aterramento com a mesma geometria em solos distintos, ele terd resisténcias elétricas diferentes. Isto se dé porque a resistividade que © solo apresenta a este aterramento é diferente. 103 104 CAPITULO 6. RESISTIVIDADE APARENTE A resisténcia elétrica de um sistema de aterramento depende fundamental- mente da: © Resistividade aparente que o solo apresenta para este determinado aterramento; © Geometria e da forma como o sistema de aterramento esté enterrado no solo. Assim, genericamente, para qualquer sistema de aterramento, tem-se: Raterramento = pa f(g) (6.1.1) Onde: Reterramento => Resisténcia elétrica do sistema de aterramento pa => Resistividade aparente f(g) => Fungo que depende da geometria do sistema e da forma de colocacdo no solo Pela andlise da expresso 6.1.1, pode-se definir mais claramente 0 conceito de resistividade aparente. Para tanto, faz-se necessario a seguinte comparago: a) Colocar um sistema de aterramento ém um solo de varias.camadas. Sua resisténcia seré dada por: * Raterramento = pa f(g) b) Colocar o mesmo sistema de aterramento em posigio idéntica a anterior em um solo homogéneo, tal que a resisténcia elétrica seja a mesma. Isto é: Raterramento = ph f(g) Assim, igualando-se, tem-se: pa f(g)=ph f(g) = = pa=ph (6.1.2) Portanto, pela expressiio 6.1.2 pode-se definir a resistividade aparente (pa) de um sistema de aterramento relativo a um solo néo homogéneo, como sendo a resisti- vidade elétrica de um solo homogéneo que produza o mesmo efeito. No Capitulo 4, foram apresentadas as expresses (da forma R = pa f(g) para célculo da resisténcia elétrica para diversos tipos de sistemas de aterramento, ou eja, foram apresentadas as expressdes de f(g). Neste capitulo estuda-se a resistividade sparente ¢ as formas de calculé-la. 105 6.2 Haste em Solo de Varias Camadas A resisténcia do aterramento de uma haste cravada verticalmente em um solo com varias camadas, é dada pela férmula 4.2.1, onde a resistividade aparente é calcu- lada pela expressio 6.2.1, conhecida com a férmula de Hummel. Ver figura 6.2.1. cy Ly Pr Le 3 -i-4 Pe Ps (6.2.1) A dispersio das correntes em cada camada se dard de forma proporcional & sua respectiva resistividade bem como ao comprimento da parcela da haste nela contida. Exemplo 6.2.1 Calcular a resisténcia do aterramento relativa aos dados da figura 6.2.2. 24543 = 185, 18 Q.m 300 + i206 Rikaste = 185,18 (225) r.10 °” \i5. 10-5, Rihaste = 23,19 0 106 CAPITULO 6. RESISTIVIDADE APARENTE Soto ay=2m d2= 5m P, =200m | dy =3m B= 15mm A Py= 120m Figura 6.2.2: Haste Cravada no Solo em Camadas 6.3. Redugdo de Camadas O célculo da resistividade aparente (pa) de um sistema de aterramento é efetuado considerando o nivel de penetracio da corrente de escoamento num solo de duas camadas. Portanto, um solo com muitas camadas deve ser reduzido a um solo equiva- lente com duas camadas. e O procedimento de reducdo ¢ feito a partir da superficie, considerando-se © paralelismo entre cada duas camadas, usando a formula de Hummel, 6.3.1, que transforma diretamente o solo em duas camadas equivalentes a thtdstetdy 04 = DR di apasay es eee BeBe Rte oe deq = dy + dz +d3+~--+dn => di Onde: dj = Espessura da i-ésima camada pi => Resistividade da i-ésima camada n = Numero de camadas reduzidas 107 Assim, chega-se a apenas duas camadas no solo, conforme figura 6. SUPERFICIE 00 SOLO t Pan | | on 0 Figura 6.3.1: Solo Equivalente com Duas Camadas Exemplo 6. Transformar o solo da figura 6.3.2 em duas camadas. pe a 300 + 500 + ag deq = 8m 6.4 Coeficiente de Penetragao (a) O coeficiente de penetracio (a) indica o grau de penetragéo das correntes escoadas pelo aterramento no solo equivalente. i dado por: (6.4.1) 108 CAPITULO 6. RESISTIVIDADE APARENTE f Peso oy ce Peq=247a.m Pnvt= 96.0.0 | = o o Figura 6.3.2: Redugio e Solo Equivalente Onde: ¥ > Raio do anel equivalente do sistema de aterramento considerado Cada sistema é transformado em um anel equivalente de Endrenyi, cujo raio “p” € a metade da maior dimensdo do aterramento. 0 cdlculo de “r” para algumas configuracées, é dado a seguir: a) Hastes alinhadas ¢ igualmente espacadas (n > D, (64.2) Onde: n = Niimero de hastes cravadas verticalmente no solo e = Espacamento entre as hastes 109 b) Outras configuragées rai (6.4.3) Onde: A = Area abrangida pelo aterramento D_ = Maior dimensao do aterramento Por exemplo, no caso da malha de terra de uma subestago, a maior dimensio D éa diagonal. 6.5 Coeficiente de Divergéncia (() Para solo de duas camadas, este coeficiente é definido pela relagéo entre a resistividade da iltima camada e a resistividade da primeira camada equivalente. B= Poth (6.5.1) Pea O coeficiente é similar ao coeficiente de reflexéo entre duas camadas. 6.6 Resistividade Aparente para Solo com Duas Camadas Com 0 (a) e (8) obtidos, pode-se determinar a resistividade aparente (pa) do aterramento especificado em relagéo ao solo de duas camadas. Usando as curvas da figura 6.6.1, desenvolvidas por Endrenyi [2], onde (a) é o eixo das abscissas e (8) é a curva correspondente, obtém-se o valor de N. (6.6.1) Assim, entao: pa=N. poy (6.6.2) 110 Pott Peq CAPITULO 6. RESISTIVIDADE APARENTE 2 e a6 2.08, in I | Hl) oon a or | | ae DETERMINAGAO DA RESISTIVIDADE APARENTE 2y PARA UM SOLO COM 2 CAMADAS ESTRATIFICADAS o oa Figura 6.6.1: Curva de Resistividade Aparente on 08 o9 T m1 Exemplo 6.6.1 Um conjunto de sete hastes de 2,4 metros e diametro de }” é cravado em forma retilinea no solo da figura 6.3.2. O espacamento é de 3 metros. Determinar a resisténcia elétrica do conjunto. Pela figura 6.6.1, obtém-se: N =0,86 pa = N poy = 0,86. 247 = 212,42 Om Pela TabelaA.0.5 do Apéndice A, obtém-se: Req = 0,085 pa = 0, 085.212, 42 Re, = 18,2680 Exemplo 6.6.2 Determinar o niimero de hastes alinhadas, necessérias para se obter um ater- ramento com resisténcia maxima de 250 numa, regio onde a estratificagéo do solo é conforme a figura 6.6.2. Hastes disponiveis L = 3m, diametro igual a 3” e espacamento 3 metros. ‘Transformando em duas camadas: 9 sr = 168,75 Dm 350 + 06 O processo ¢ iterativo, porque no se conhece o ntimero de hastes alinhadas, ou seja, nao se tem a informagao da dimensao do sistema de aterramento. 2 CAPITULO 6. RESISTIVIDADE APARENTE deem 1,300 a.m se pene teq29M 44 2168,75.0.m Hoa. 7,100 am | Py 220 om | Pet 20 a.m @ 0 Figura 6.6.2: Dados da Camada do Solo 12 passo: Supor pa = pe = 168,75 2.m 22 passo: Calculo de f(g) ne S(O) = 00 = 168,75 = 0,148 Da Tabela A.0.11 do Apéndice A, pode-se constatar qfte o maior coeficiente de pa menor ou igual a 0, 148 é 0, 140. 3 hastes Fag = 0,140 po { _ 32 passo: Determinagao de pa para trés hastes alinhadas. 20 ga Putt Ae Tag ag = O19 - De eee 3 a= T= 5 = 0,333 Entrando com (a) ¢ (f) na figura 6.6.1, tem-se: N=0,9 pa=N pe, = 0,9. 168,75 = 151,875 Om 113 42 passo: Calculando-se novamente a f(g), tem-se R 25 == = = 0,165 4) = 72 = Ta, 85 O maior coeficiente de pa menor ou igual a 0,165 é 0,140. 3 hastes Ray = 0140 = Os valores sio iguais —> convergiu 52 passo: Verificacio Req = 0,140 pa = 0,140. 151,875 = 21, 263 2 4 CAPITULO 6. RESISTIVIDADE APARENTE Lo Capitulo 7 Fibrilagao Ventricular do Coragio Pelo Choque Elétrico 7.1 Introdugao O sistema de aterramento é projetado de modo a produzir, durante o curto- circuito maximo com a terra, uma distribuigio no perfil dos potenciais de passo e toque abaixo dos limites de risco de fibrilagio ventricular do coracio. Os defeitos no sistema elétrico, que geram correntes de seqiiéncia zero, terio suas correntes passando pelo aterramento. A drea do aterramento é a regido de con- centragéo das correntes de defeitos, portanto os potenciais sao clevados e cuidados especiais devem ser observados na seguranca. Um choque elétrico causa varios efeitos e sintomas no ser humano, mas dentre 0s relativos & tens&o de passo e toque, o mais importante a considerar é a fibrilacio ventricular (51, 65]. 7.2 Choque Elétrico E a perturbagao de natureza ¢ efeitos diversos que se manifesta no organismo humano quando este é percorrido por uma corrente elétrica. Os efeitos das perturbacdes variam e dependem de: © Percurso da corrente elétrica pelo corpo; © Intensidade da corrente elétrica; 145 116 CAPITULO 7. FIBRILACAO VENTRICULAR DO CORAGAO PELO CHOQUE ELETRICO Tempo de duragao do choque elétrico; « Espécie da corrente elétrica; e Freqiiéncia da corrente elétrica; Tensao elétrica; Estado de umidade da pele; Condigées organicas do individuo. As perturbagées no individuo, manifestam-se por: * Inibigdo dos centros nervosos, inclusive dos que comandam a respiragao produ- zindo PARADA RESPIRATORIA; @ Alteragéo no ritmo cardiaco, podendo produzir FIBRILAGAO VENTRICULAR. e uma conseqiente PARADA CARDIACA; © Queimaduras profundas, produzindo NECROSE do tecido; @ Alterages no sangue provocadas por efeitos térmicos e eletroliticos da corrente elétrica. Se 0 choque elétrico for devido ao contato direto €m a tensio da rede, todas as manifestagdes podem ocorrer. Para os choques elétricos devidos & tensio de toque e passo impostas pelo sistema de aterramento durante o defeito na rede elétrica, a manifestagio mais im- portante a ser considerada é a FIBRILACAO VENTRICULAR DO CORAGAQ, que seré 0 assunto especifico do presente capitulo, Maiores detalhes ver referéncia [65]. 7.3 Funcionamento Mecanico do Coragao Para compreender como ocorre a fibrilagio ventricular no coragao pelo choque elétrico, hé necessidade de conhecer 0 funcionamento normal do coracao. Do ponto de vista mecanico, o coragao é uma bomba hemo-hidréulica que faz © sangue circular continuamente pelo corpo humano. Ver figura 7.3.1. O sangue venoso, isto é, pobre em O; e rico em COz, entra no coragéo pela veia cava inferior e superior, ocupando o atrio direito. Do atrio é bombeado para © ventriculo direito e deste para os pulmées, onde é feita a troca do CO pelo Oz, ut Artéria pulmonor Jdireita Veio pulmonar direito Artgna_pulmonor Pulméo direit Pulméo esquerdo Velo cava superior Yea pulmonar esquerda No SA Atrio f g ‘esquerdo diresto \\ Ventriculo No AV esquerdo Feixe de His Veia cavo inferi . °r Ventriculo direito Aorta Figura 7.3.1: Coragao Humano formando 0 sangue arterial. Este sangue retorna ao dtrio esquerdo onde é bombeado ao ventriculo esquerdo. Este iiltimo ao se contrair, impulsiona o sangue arterial para todo 0 corpo. A contragéo dos dois dtrios dé-se no mesmo instante, o mesmo ocorrendo com 08 dois ventriculos. As paredes do coragao sao formadas por fibras musculares especializadas em efetuar as contracées cardiacas de maneira permanente e ritmada. As paredes musculares do ventriculo so as mais solicitadas, porque a sua contragao deve ser forte e eficiente para prover o bombeamento do sangue com presséo adequada a todo o corpo. Portanto, é nesta regido que ocorrem os problemas cardiacos de enfarte ¢ fibrilagio ventricular. 8 CAPITULO 7. FIBRILAGAO VENTRICULAR DO CORAQAO PELO CHOQUE ELETRICO 7.4 Funcionamento Elétrico do Coragao O funcionamento mecanico do coragao é controlado e comandado eletrica- mente por dois nédulos existentes no dtrio.direito do coragéo, pontos (1) e (2) das figuras 7.3.1 e 7.4.1. FEE DE His FIORAS. MUSCULARES ‘CARDIACAS Figura 7.4.1: Esquema Elétrico do Coragio Os dois pontos so chamados de Nédulo Sino Atrial (NSA) e Nédulo Atrio Ventricular (NAV). O NSA é um gerador elétrico que, quimicamente, processa a alternacio dos fons Nat e K+, emitindo o sinal (pulso) elétrico. Este sinal, passando pela parede muscular do trio, promove a sua contracio e o sangue passa para o ventriculo. O sinal elétrico é entao captado pelo feixe de His (3) e distribuido pela rede de Purkinje (4) a todas as fibras musculares (5) do ventriculo, provocando a contrago deste. Nesta contragéo, o sangue contido na cavidade direita é impulsionado para os pulmées ¢ 0 do lado esquerdo para todo o corpo. O NSA comanda eletricamente o batimento do coracdo. O NAV ¢ 0 reserva, 119 que opera em flutuagao, acompanhando em sincronismo o sinal do NSA. Se o NSA tiver problemas e falhar, o NAV assume a responsabilidade. A figura 7.4.2 apresenta um circuito elétrico andlogo ao circuito elétrico do coracio. CARGA BARRA | | EM CARGA FIBRAS (ws) 2... MUSCULARES A VAZIO FEIXE DE REDE DE HIS. PURKINJE, Figura 7.4.2: Circuito Elétrico do Coracéo O sinal elétrico do gerador é captado pela barra (feixe de His) e distribuido pela rede de transmissio (rede de Purkinje) As cargas (fibras musculares). As fibras musculares do ventriculo da figura 7.4.1 esto polarizadas. Ao rece- berem o sinal proveniente do NSA, elas se contraem, despolarizando-se. Em seguida, deve ocorrer 0 processo de repolarizacao das fibras. Esta etapa de repolarizacao das fibras é conhecida como o periodo mais vulnerével e é 0 momento mais perigoso para ocorréncia da fibrilagio ventricular do coragao devido ao choque elétrico. Se a corrente elétrica do choque passar pelas paredes do ventriculo no instante da repolarizagao das fibras a probabilidade de fibrilacdo ventricular é grande.

También podría gustarte