Com o objetivo de analisar os limites e possibilidades do gestor público na implementação de políticas públicas à luz dos mecanismos de responsabilização (accountability), a autora inicia contextualizando o processo que levou à emergência de uma reforma administrativa do Estado, e da ideia de responsabilização enquanto um de seus pressupostos, chegando então a tecer considerações sobre o papel do gestor público ante a demanda dessa nova realidade.
Título original
Responsabilização na Administração Pública (Resenha)
Com o objetivo de analisar os limites e possibilidades do gestor público na implementação de políticas públicas à luz dos mecanismos de responsabilização (accountability), a autora inicia contextualizando o processo que levou à emergência de uma reforma administrativa do Estado, e da ideia de responsabilização enquanto um de seus pressupostos, chegando então a tecer considerações sobre o papel do gestor público ante a demanda dessa nova realidade.
Com o objetivo de analisar os limites e possibilidades do gestor público na implementação de políticas públicas à luz dos mecanismos de responsabilização (accountability), a autora inicia contextualizando o processo que levou à emergência de uma reforma administrativa do Estado, e da ideia de responsabilização enquanto um de seus pressupostos, chegando então a tecer considerações sobre o papel do gestor público ante a demanda dessa nova realidade.
DEPARTAMENTO DE CINCIAS ADMINISTRATIVAS PROGRAMA DE PS-GRADUAO GESTO PBLICA DISCIPLINA: Responsabilizao, Transparncia e Controle Social PROFESSORA: Thiago Ferreira Dias ALUNO: Adino Saraiva Bandeira RESENHA CRTICA RESPONSABIILIZAO NA ADMINISTRAO PBLICA LIMITES E POSSIBILIDADES DO GESTOR PBLICO (Maria Arlete Duarte de Arajo, Dra.)
Com o objetivo de analisar os limites e possibilidades do gestor pblico na implementao de
polticas pblicas luz dos mecanismos de responsabilizao (accountability), a autora inicia contextualizando o processo que levou emergncia de uma reforma administrativa do Estado, e da ideia de responsabilizao enquanto um de seus pressupostos, chegando ento a tecer consideraes sobre o papel do gestor pblico ante a demanda dessa nova realidade. Diversas teorias foram postas mesa na tentativa de explicar a crise que se instalou na economia mundial em meados dos anos 70. A maior parte delas julgava o modo de operar do Estado como culpado pela situao e, embora apontassem a necessidade de uma reforma, no concordavam quanto s propostas. Apesar disso, todos os discursos reconheciam o imperativo de tornar o Estado menor, mais gil, flexvel e eficiente no atendimento s demandas sociais. Depois de tidas por insuficientes as reformas estruturais propostas no Consenso de Washington (desregulamentao, privatizao, descentralizao e terceirizao), nos anos 90, emergiu o discurso que se convencionou chamar de reformas de segunda gerao, cujo foco para um crescimento econmico duradouro era maior ateno s condies sociais de sade, educao, conhecimento, infraestrutura. Deixava-se de lado a viso do Estado mnimo e adotava-se uma viso de seu papel como regulador e organizador social. Estava em xeque a forma burocrtica de administrao do Estado, com sua inflexibilidade e falta de instrumentos adequados ao comportamento voltado para obteno de resultados, transparncia, responsabilizao e eficincia. Por no considerar a energia e capacidade de realizao dos cidados, girando em torno de si mesmo, o modelo burocrtico foi alvo das maiores crticas. Isso fez com que, j na dcada de 80, fosse criado um cenrio favorvel ao surgimento de novas formulaes tericas, dando impulso ao debate sobre a crise da gesto pblica, sendo elas a Teoria da Escolha Pblica, Teoria da Agncia, Novo Gerencialismo Pblico, Neo-Pblico e Neo-Institucionalismo. As explicaes mais aceitas foram reunidas no que passou a ser conhecido como Nova Gesto Pblica (NGP), tendo como ideias centrais: um Estado administrado ao estilo da iniciativa privada; contratos de gesto entre unidades; avaliao de desempenho; nfase em resultados; reduo do poder da burocracia; focalizao na eficincia; busca de mecanismos regulatrios; introduo sistemtica de
conceitos de produtividade; flexibilidade; competitividade administrada; participao dos agentes
sociais e controle dos resultados; foco no cidado, oramento e avaliao por resultados e performance; fortalecimento e aumento da autonomia da burocracia; descentralizao na formulao e execuo de polticas e por fim maior autonomia s unidades executoras. Igualmente, emergiu com fora a ideia de responsabilizao da administrao pblica como mecanismo de melhoria do desempenho governamental, fundamental na reconstruo do Estado. Responsabilizao, ou accountability (expresso inglesa), significa a obrigao do governo em prestar contas sociedade, no apenas enquanto responsabilidade como atribuio mas como um compromisso pessoal do funcionrio pblico, originado na conscincia. A realizao desse valor poltico depende de dois fatores: a) a capacidade dos cidados para atuar na definio das metas relativas ao pblica e sua avaliao; b) a existncia de mecanismos institucionais que garantam o controle pblico das aes dos governantes. Ou seja, o cidado deve ser o centro dessa concepo e imperativo que a gesto pblica promova a incluso real do cidado nas decises pblicas para reforar a cidadania democrtica e o interesse geral, mesmo que com o risco de ser menos eficaz. Para isso, necessrio uma nova tecnologia para despatrimonializar o poder pblico, o que envolve: regras universais de participao, processo decisrio com base em negociao entre as partes, a superao do despotismo burocrtico por um poder compartilhado, mecanismos de prestao de contas, controle pblico dos governantes. A responsabilizao assume cinco formas de atuao: Responsabilizao pelos procedimentos burocrticos, com foco sobre a fiscalizao do trabalho da burocracia; Responsabilizao pelo controle parlamentar, controle mtuo entre o Executivo e o Legislativo; Responsabilizao pelo controle de resultados, mediante a avaliao a posteriori do desempenho das polticas; Responsabilizao pelo controle da concorrncia estabelecida, um modelo pluralista de proviso de servios pblicos que d ao cidado a possibilidade de escolha do equipamento social; e Responsabilizao atravs do controle social, que implica na ampliao do espao pblico para fazer com que as reformas contemplem o cidado, atravs da articulao com a democracia representativa, disseminao da informao, criao de canais institucionalizados de participao etc. A simples constatao dos vrios aspectos relativos idia de responsabilizao informa desde j que contra a sua institucionalizao - seja sob a forma de responsabilizao pelo controle de resultados, pela competio administrada ou pelo controle social - existem diversos obstculos situados no campo da gesto: Necessidade de desenvolver estruturas burocrticas para o atendimento das responsabilidades do Estado; Prestao de contas que traduzam de fato as opes polticas feitas; Identificao, anlise e monitoramento das necessidades do cidado; Viabilizar o concurso do cidado na gesto dos assuntos coletivos. Construir uma gerncia orientada para a responsabilizao e a incorporao do cidado nas diferentes fases da poltica pblica demandar, portanto, no s novas tecnologias em diversos campos, mas ainda mudar profundamente a cultura gerencial predominante. Espera-se que o gestor atue como um facilitador, capacitado por conhecimentos, habilidades e competncias de liderana para conduzir a administrao pblica na perspectiva do cidado, criando as condies necessrias para controlar e maximizar os resultados possveis a respeito do que se espera da ao de governo.