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idias de ser, sentido e verdade (p. 15). Por isso, nota-se que o
historiador Mircea Eliade um referencial importante em seu
trabalho.
Partindo da concepo de Eliade de que a humanidade
mantm relaes com o sagrado, em qualquer temporalidade, e
que essas relaes integram a vida social (p. 15), Ferreira concebe
os comunistas no Brasil como um grupo que encontrou identidade
em crenas e estruturas mitolgicas, apesar do discurso
camuflado, porque dessacralizado, da cincia (p. 15). Em suas
palavras, o livro tem como objetivo: resgatar o conjunto de idias,
valores, conceitos, padres de comportamentos e imagens socialmente
reconhecidos pelos militantes comuns, por homens e mulheres que
encontraram no comunismo o projeto de sua existncia e de sua identidade
social (p. 13).4 Nomes como Lencio Basbaum, Heitor Ferreira Lima,
Jorge Amado, Hlcar Leite, Agildo Barata, Tito Batini, Gregrio
Bezerra, Elias Chaves Neto, Joo Falco, Osvaldo Peralva, Edmar
Morel e Antnio Carlos Felix Nunes povoam as pginas da histria
dos prisioneiros do mito, melhor definidos, pgina 114, como
os quadros mais devotados do PCB.
Suas autobiografias dispem de um lugar central. Ferreira,
no entanto, no se limitou a recontar o contedo desses relatos e
memrias. Buscou antes entender como essas autobiografias
procuram legitimar, com argumentos lgicos e inteligveis, as suas
prprias escolhas dando sentido e organizao a impulsos, desejos e
anseios muito difceis de serem explicados racionalmente (p. 63).
A lgica pela qual o livro se apresenta interpela os mitos
do iderio comunista atravs das estruturas de seus modelos
exemplares, prprios das sociedades antigas e tradicionais (p. 24).
Mesmo compartilhando uma concepo de mundo racionalista,
utilitarista e individualista, os comunistas reproduziram crenas
no progresso, na razo e na cincia (marxismo-leninismo), narraram
a luta entre o bem e o mal (comunismo x capitalismo) e reivindicaram
um ponto de vista de povo eleito (operrios/trabalhadores)
alternativo ao decadente mundo capitalista.
Entre os modelos exemplares analisados, destaco a URSS, a
mulher militante e a cultura comunista, pois elucidam a construo
do argumento do autor. Tomada como exemplo modelar e central
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Grifo nosso.
Cad. AEL, v.11, n.20/21, 2004
Resenha
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Id.
Cad. AEL, v.11, n.20/21, 2004
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