Documentos de Académico
Documentos de Profesional
Documentos de Cultura
Verglio
Ferreira: um
mestre sem
discpulos
LUS MIGUEL QUEIRS
24/01/2016 - 10:00
Verglio Ferreira com a me em Melo, aldeia do concelho de Gouveia onde nasceu (1978)
Para Jorge Lopes, que recebeu uma bolsa da Gulbenkian para preparar
uma tese de doutoramento centrada na abundante marginalia que o
romancista deixou nos milhares de volumes da sua biblioteca, conservada
na Biblioteca de Gouveia, a obra que mais exemplarmente ilustra essa
espessura lrica da fico vergiliana Para Sempre (1983). Aquilo ,
quase linha a linha, prosa potica, diz, acrescentando que o livro
confirma a circularidade do percurso literrio de Verglio Ferreira. No
seu primeiro romance h uma personagem, Lusa, que depois vai
recuperar na Sandra de Para Sempre e noutras que se vo desdobrando
nessa Sandra, a Mnica de Em Nome da Terra ou a Brbara de Na Tua
Face. E no por acaso, argumenta, que Para Sempre volta a Coimbra,
que tambm o cenrio de O Caminho Mora Longe, onde se introduz
essa rapariga que depois atravessar a sua obra sob vrios nomes.
Tambm Francisco Jos Viegas acha que Para Sempre o mais cannico
de todos os livros de Verglio Ferreira. E num artigo escrito para
a Colquio Letras em 1986, o lusitanista Georg Rudolf Lind, criticando
embora romances como Ntido Nulo (1971) ou Rpida, a Sombra (1974),
Um continuador improvvel
Se a obra literria de Verglio Ferreira continua hoje a suscitar diferentes
leituras, o que parece reunir consenso a ideia de que no teve nem
precursores bvios nem verdadeiros continuadores na fico portuguesa,
no obstante a sua confessada admirao por Ea de Queirs e Raul
Brando. Num texto de 1978, Eduardo Loureno sugere que o romancista
se vai afastando de Ea sem o perder de vista e se vai aproximando do
expressionismo de Raul Brando sem jamais aceitar a sua caoticidade
visionria. Jorge Lopes acrescenta a este curto rol o Mrio de SCarneiro de A Confisso de Lcio, cuja presena detecta em Estrela
Polar.
acabaram por seguir caminhos muito diversos do seu. O mais que Jorge
Lopes detecta so algumas homenagens, como a que Valter Hugo Me
parece querer prestar, no seu romance A Mquina de Fazer Espanhis,
a Em Nome da Terra.