Está en la página 1de 11

Polônia: Benefícios da Liberalização Econômica

Ânderson Valter *

Matheus Filipe da Silva Leal **

Resumo

O presente artigo trata dos benefícios da liberalização econômica na Polônia, especialmente, a


partir do início da década de 1990. Serão tratados temas como os aspectos relacionados ao
comércio, a variação do PIB nacional, o impacto das mudanças na qualidade de vida da
população, a reação polonesa às crises dos anos 2000, e as expectativas de curto prazo.

Palavras-chave: Polônia, comércio livre, abertura, transição.

* Graduando do Curso de Relações Internacionais


Universidade Federal de Santa Catarina
E-mail: dinho_andersonv@hotmail.com

** Graduando do Curso de Relações Internacionais


Universidade Federal de Santa Catarina
E-mail: tetheus_listkiewski021@hotmail.com
1. Introdução

A Polônia é um país situado na Europa Central. Com 312,685km² de área, e cerca de 40


milhões de habitantes, é um dos maiores países do continente e da União Européia. Segundo
dados da CIA, a economia polaca, em termos de valor total do PIB, é a 21ª do mundo. No
entanto, o país ainda está longe de explorar todo o seu potencial. Após 45 anos de
comunismo, a economia nacional deixou de ser planificada, para tornar-se uma economia de
mercado. No entanto, vestígios dos governos comunistas permaneceram por alguns anos até
serem totalmente corrigidos, o que atrasou muito no processo de mudança, e ainda hoje
alguns setores sofrem com alguns desses defeitos. Pode-se citar como exemplo a falta de
competitividade dos trabalhadores poloneses, que foram educados durante anos para serem
funcionários públicos, e que nunca receberam qualquer treinamento voltado ao mercado de
trabalho vigente atualmente. O setor mais atingido por esse defeito foi o de telecomunicações.

Após ter mostrado ser capaz de aplicar as mudanças e controlar seus efeitos, a Polônia tornou-
se destino de investimentos estrangeiros. Desde 1990, cerca de 50 bilhões de dólares foram
investidos no país. A escolha do país para receber essa quantia foi estratégica: no coração da
Europa, está a poucos quilômetros dos outros mercados consumidores do continente. Além
disso, a ajuda do governo de Lech Kaczyoski, antigo membro de organizações anticomunistas e
atual presidente do país, tem sido extremamente importante, citando como exemplo a isenção
de impostos para certas empresas ou investidores estrangeiros. A indústria polonesa, que era
uma das mais atrasadas do bloco comunista, foi mudada a partir do governo de Lech Wałęsa, e
apesar da resistência de alguns setores (como o da mineração) apresentou mudanças
consideráveis. Este setor conta com cerca de 30% da mão-de-obra da Polônia. A agricultura
teve mudanças mais tímidas, pois não sofreu tanto com o comunismo. Altamente mecanizada,
conta com 16% da mão-de-obra nacional, mas responde por não mais que 10% do PIB
nacional, o que caracteriza um déficit de produtividade. O país é um grande exportador de
batata, e exporta outros produtos em menor escala, como carnes e óleo vegetal. Por fim, o
setor de serviços, que conta com mais de 50% de toda a mão-de-obra qualificada do país,
corresponde a quase 70% do PIB.

A liberalização do comércio foi um dos pontos que possibilitou a mudança. Durante toda a
década de 90 esforços foram tomados para que este aspecto da economia fosse padronizado
de acordo com o dos países da Europa Ocidental. Apesar de certos setores resistirem ao
comércio irrestrito – ao menos com os outros países da U.E. – os últimos índices de liberdade
econômica mostraram que o país está bem adaptado à realidade do bloco. Em 2010, o Index of
Economic Freedom da Heritage Foundation deu à Polônia a nota 87.5 em liberdade de
comércio, em um índice que vai de 0 a 100.

Durante a crise econômica mundial do fim dos anos 2000, a Polônia foi o único país da União
Européia a evitar uma retração no seu PIB, conseguindo até mesmo um resultado positivo de
1.7%, na contramão do resto do mundo. Há previsões de que o ano de 2010 seja de resultados
positivos também tímidos, mas que fariam o país voltar a ser uma das economias que mais
cresce no mundo.
2. O período comunista

No início da década de 1980, a Polônia era apenas um atrasado país comunista, que
comercializava quase que exclusivamente com os membros do COMECON. Esta era a única
organização internacional voltada ao comércio da qual o país fazia parte. Além disso, apenas o
estado podia comercializar internacionalmente. Internamente, o Produto Interno Bruto
amargava quedas sucessivas desde o fim dos anos 70, estendendo-se até 1982, quando o país
teve uma retração econômica de cerca de 4,5%. A partir de 1983, no entanto, o país dava
sinais de que o pior já havia passado. O PIB crescera novamente, e este tímido crescimento,
exceto no ano de 1984, perdurou por mais alguns anos, até 1989, como mostra o gráfico 1.

O estilo de vida polonês, como o dos outros países da Europa Oriental, fundamentava-se num
rigoroso sistema educacional, feito para a formação de funcionários públicos, e no
funcionalismo público, o que virtualmente garantia emprego a todos os trabalhadores do país.
A renda per capita polonesa era ligeiramente superior à de países subdesenvolvidos, mas não
era comparável às dos países da Europa Ocidental. O gráfico 2 mostra a renda per capita
polonesa ano a ano, em dólares norte-americanos, comparada às de Portugal e Colômbia.
Os números apresentados no último gráfico explicam o significado do termo “Segundo
Mundo”. A Europa Oriental em geral possuía um padrão de vida superior ao de qualquer país
asiático ou latino-americano, pois o estado garantia necessidades básicas dos cidadãos,
mesmo com as deficiências do sistema. Ainda assim, não estava em igualdade com os
membros da Comunidade Econômica Européia, pois o estado comunista não estava
interessado em garantir “luxos” considerados dispensáveis. Essa falta de interesse em alguns
setores é notada no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Neste terceiro gráfico há a
comparação entre o IDH polonês e o mesmo índice na França e no Panamá, publicado no ano
de 1990.

Gráfico 3: IDH no ano de 1990


0.95

0.9

0.85

0.8

0.75

0.7

0.65
Panamá Polônia França

Por fim, os índices poloneses de liberdade econômica durante o período em questão eram
bastante baixos para os padrões do resto do mundo, mas eram parelhos aos dos seus vizinhos
do Leste. Os dados do Instituto Fraser apontam dois resultados não maiores que 4 pontos,
num máximo de 10. Em 1985, o país registrou 3.8 pontos, e em 1990, um leve acréscimo de
0.1 fez o índice ir a 3.9. No mesmo período, países como Romênia e Hungria faziam entre 3.5 e
4 pontos. Apesar disso, os anos de economia fechada comunista estavam contados: desde a
criação do Solidarność a população do país questionava a forma comunista de governar. Num
país que se dizia representante dos interesses do povo essa maneira de questionar o estado
era desafiadora. O general Jaruzelski, que era de fato o chefe de governo e de estado, chegou
a ilegalizar o movimento e prender seus líderes, incluindo Lech Wałęsa. Por 5 anos, os Estados
Unidos impuseram um embargo econômico na Polônia, e também suspenderam as taxas MFN
para a Polônia até 1987. Com a pressão popular, o governo acabou com o estado de sítio,
Wałęsa foi solto, e o Solidarność pode continuar com sua luta por um país aberto,
democrático, e moderno.

3. A abertura do país: os governos de Wałęsa e Kwaśniewski

Nas eleições parlamentares de 1989, os comunistas não conseguiram sequer o número


mínimo de votos para eleger um deputado ou senador. Lech Wałęsa e o Solidarność
triunfavam de maneira surpreendente. E então vieram as mudanças. De início, o Plano
Balcerowicz foi posto em prática ainda em 1989, para conter a inflação de cerca de 640% ao
ano, para modernizar e privatizar as ineficientes empresas estatais e para fechar as já
condenadas, acabar com a isenção de impostos para certas empresas, e a medida mais
importante do ponto de vista do comércio, a permissão de investimentos estrangeiros no país,
para que os empresários do Ocidente levassem suas empresas à Polônia. O general Wojciech
Jaruzelski, o mesmo que mandou prender Leszek Balcerowicz e Lech Wałęsa, assinou o plano
na véspera de ano novo de 1989. Quase um ano depois, em dezembro de 1990, o FMI aprovou
o plano polonês e deu garantias de crédito ao país. Os resultados demoraram a aparecer, o
que irritou muito a população polonesa, pois cerca de 20% dos trabalhadores perderam seus
empregos durante a “Terapia de Choque”. Wałęsa, eleito presidente em 1990, não conseguiu a
reeleição em 1995, e deu lugar a um antigo membro da Juventude Socialista, Aleksander
Kwaśniewski. Naquela altura, o PIB polonês alcançou um nível bem superior ao de 10 anos
atrás, como mostra o gráfico 4, confirmando que as reformas de Wałęsa foram prejudiciais
para seus planos políticos, mas foram de extrema importância para o país a médio e longo
prazo.

Gráfico 4: PIB Polonês (em milhões de US$)


160000
140000
120000
100000
80000
60000
40000
20000
0
1989 1991 1993 1995

O padrão de vida polonês começava a melhorar, apesar do desemprego. Nos primeiros anos,
houve receio por parte da oposição que Kwaśniewski pudesse re-implantar o comunismo.
Apesar disso, ele continuou com a política pró-Ocidente de seu antecessor, dialogando com a
OTAN e com a UE. Ele conseguiu estabilizar o nível de desemprego e a moeda nacional, que
sofrera com a hiperinflação de mais de 800% a.a até 1995. A indústria se modernizava, a
agricultura dava seus primeiros passos rumo ao comercio exterior, e o investimento
estrangeiro ajudava ainda mais na recuperação econômica, após 45 anos perdidos. No quinto
gráfico, o IDH da Polônia, comparado com os de França e Panamá novamente, em 1995 e
2000.
Gráfico 5: IDH
1

0.8

0.6
1995
0.4
2000
0.2

0
Panamá Polônia França

O governo Kwaśniewski era popular entre os governados. Essa popularidade o ajudou a


conseguir a re-eleição em 2000, derrotando novamente Lech Wałęsa e os candidatos da direita
ainda no primeiro turno. No setor comercial, as mudanças idealizadas por Leszek Balcerowicz
surtiam efeitos importantes. A Polônia já respondia por 7% das importações alemãs, por
exemplo, e começava a ganhar outros mercados fora da Europa. A Coréia do Sul e até mesmo
os Estados Unidos já tinham com produtos Made in Poland, desde as prateleiras de
supermercados até as indústrias automobilística e naval. Além dos parceiros comerciais já
citados, país tem como importantes parceiros econômicos a Índia, a Armênia, o Canadá, Israel,
a Argentina, e em especial, Ucrânia e Geórgia. O gráfico 6 mostra a pontuação polaca no Índice
de Liberdade Econômica do Fraser Institute.

A partir de 1998, com a Crise Econômica Russa, a Europa teve retrocessos econômicos, dos
quais a Polônia não se livrou. O comércio com os russos caiu dramaticamente, e por serem
dependentes dos recursos naturais comprados da Rússia, algumas empresas polacas foram
prejudicadas pela falta desses produtos. A economia polonesa cresceu significativamente até
2000, mas em 2001 o PIB não cresceu mais que 1.4%. Com o PIB em baixa, o consumidor
puxou o freio, controlando assim a taxa de inflação. O PIB e o consumo voltaram a crescer em
2003, e a economia respirava aliviada. No gráfico 7, a inflação polonesa, de 1997 até 2005.

Enquanto isso, as negociações para a entrada do País na União Européia chegavam ao fim com
sucesso: finalmente a Polônia poderia voltar-se ao mundo livre e recuperar-se dos efeitos
devastadores do comunismo. Em 1 de maio de 2004 ocorreu a adesão formal. A Polônia
entrava para a UE com mais 7 países da antiga cortina de ferro. No ano seguinte, em 2005,
ocorreram as eleições presidenciais. O centro-esquerdista Aleksander Kwaśniewski tinha
servido seus dois termos de cinco anos, e estava impedido de concorrer novamente de acordo
com a nova constituição, aprovada em 1997. Mesmo com toda a popularidade, seu partidário
foi vencido pelo candidato de centro-direita, Lech Kaczyoski. Kaczyoski foi membro do
Solidarność, e estava presente nas negociações pré-eleitorais em 1989. Seu mandato se
distingue dаquele do seu antecessor por causa dos acontecimentos mundiais, que tiveram
efeitos variados na Polônia, e por seu estilo conservador de governo. O próximo capítulo trata
da Polônia a partir de 2005.

4. A Polônia Conservadora: O governo Kaczyński

Durante a campanha eleitoral, o principal rival de Kaczyoski era outro candidato de direita,
Donald Tusk. A diferença entre ambos em termos ideológicos era pequena: enquanto Tusk é
visto como um político mais liberal e preocupado com os aspectos sociais, Kaczyoski é um
anticomunista conservador convicto. Durante seu governo, um dos seus principais objetivos foi
acabar com a corrupção, política utilizada por ele durante seu período na prefeitura da capital
polonesa Varsóvia. No gráfico 8, o índice de percepção de corrupção da Polônia:
A balança comercial polonesa é deficitária desde a queda do comunismo. O país importa
muitos produtos de alto valor agregado, como maquinaria pesada, equipamentos de
transporte, e bens manufaturados secundários. Seus principais parceiros são a Alemanha, a
Rússia, a Itália, a Holanda, a França e a China. No quesito exportação, o país vende
mercadorias diversificadas, que vão desde máquinas pesadas até alimentos e animais vivos.
Seus principais mercados de exportação são novamente a Alemanha, a França, a Itália e o
Reino Unido. No gráfico 9, os números das transações comerciais internacionais da Polônia,
em milhões de dólares.
Como qualquer outra economia da União Européia, a Polônia tem taxas bem pequenas sobre
as negociações internacionais. Numa medição feita pelo NationMaster, no quesito taxas sobre
importações, o país está na 52ª posição de 82 países analisados. Para se ter uma idéia do que
isso representa, o primeiro colocado da lista é o Afeganistão, que tem uma taxa superior a
75%. Em último se encontra a Espanha, que tem uma taxa negativa de 0.01%. No gráfico 10, a
evolução da taxação polonesa em relação às transações internacionais, outro índice analisado
pelo NationMaster.

Por fim, os dados de Liberdade Econômica do Heritage Foundation mostram as estatísticas da


Polônia em relação a dez aspectos econômicos e políticos. No décimo-primeiro gráfico, a
pontuação polonesa em cada aspecto no ano de 2008.
4. Conclusão

A Polônia é um exemplo bem-sucedido de economia de transição. Com uma economia


comparável às de Itália e Holanda em 1939, o país foi devastado primeiramente por uma
Guerra, e depois, por um governo ineficiente, subordinado a uma potência estrangeira, a
União Soviética. Durante anos o comércio polonês esteve fechado, negociava apenas com seus
vizinhos e com os membros da COMECON. Na época gloriosa do capitalismo, na década de 70,
o país passou a comercializar modestamente com o Ocidente. Em 1980, por exemplo, a
Polônia fazia parte das taxas MFN do governo norte-americano. Após a queda do comunismo,
as mudanças começaram em ritmo acelerado, puxados pelo plano Balcerowicz e pelo
presidente Lech Wałęsa. Em pouco tempo o país se tornaria um dos importantes parceiros
comerciais da Alemanha e de outros países da UE, como a França e a Holanda. Após a
recuperação da crise russa, o país tornou-se membro da União Européia, adaptando-se então
às normas comerciais do bloco. O comércio irrestrito entre os países membros foi benéfico,
pois seu PIB chegou a quase 500 bilhões de dólares em 2009, segundo apontam os dados da
CIA, quando esse não passava dos 50 bilhões com a economia semi-fechada, em 1989.

Entretanto, como mostrado nos índices de liberdade econômica, a Polônia ainda tem muito a
crescer, basta abrir mão de algumas políticas conservadoras e protecionistas. Como em
qualquer outra economia de transição no mundo, há segmentos da economia que resistem
fortemente a qualquer mudança favorável ao comércio livre, pois temem perder mercado com
a entrada de produtos mais baratos nas prateleiras nacionais. Quanto à instalação de
empresas transnacionais, a Polônia é um dos países mais amigáveis a estas. Neste quesito o
governo Kaczyoski tem dado exemplo, pois tem dado garantias atraentes aos investidores
estrangeiros.

Uma vez que os mercados mundiais se recuperem da crise mundial, há a previsão de que a
Polônia volte a crescer no mesmo ritmo da década de 1990. Isso representaria um PIB de cerca
de 1 trilhão de dólares em 2025, como aponta o gráfico 12. A maioria dos especialistas na
Polônia, no entanto, prevê índices mais realistas, ainda assim significativos. Mas todos estão
de acordo em um ponto: a Polônia poderá voltar a ser, em breve, o importante país que foi no
passado.

Gráfico 12: Previsão de crescimento do PIB


1200000
1000000
800000
600000
400000
200000
0
2006 2007 2008 2009 2010 2012 2014 2016 2018 2020 2022 2024 2025
Referências

Economy Watch (HTTP://www.economywatch.com/economic-statistics/country/Poland)

NationMaster (http://www.nationmaster.com/red/country/pl-poland/tax-taxation&all=1) e
(http://www.nationmaster.com/red/country/pl-poland/eco-economy&all=1)

Business Portal for Central and Eastern Europe (http://www.ceemarket.com)

Heritage Foundation (http://www.heritage.org/index/Ranking.aspx)

Fraser Institute (http://www.freetheworld.com/cgi-bin/freetheworld/getinfo.cgi)

Country Studies (http://countrystudies.us/poland/60.htm)

Wikipedia (HTTP://en.wikipedia.org/wiki/Economy_of_Poland),
(HTTP://en.wikipedia.org/wiki/Balcerowicz_Plan) e
(HTTP://en.wikipedia.org/wiki/Index_of_Corruption)

Narodowy Bank Polski


(http://nbp.pl/home.aspx?f=/polityka_pieniezna/dokumenty/raport_o_inflacji.html)

United Nations Development Programme


(http://hdrstats.undp.org/en/countries/data_sheets/cty_ds_POL.html)

CIA World Factbook (https://www.cia.gov/library/publications/the-world-


factbook/rankorder/2001rank.html?countryName=Poland&countryCode=pl&regionCode=eu&
rank=21#pl)

También podría gustarte