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Revista Eletrnica do Ncleo de Estudos e Pesquisa do Protestantismo (NEPP) da Escola Superior de Teologia
Volume 12, jan.-abr. de 2007 ISSN 1678 6408
como Idade Mdia catlica, ele no era usado. A palavra f seria a melhor
referncia para o perodo medieval, e o conceito religio referia-se vida monstica.
De igual forma, esse conceito no saiu da boca dos reformadores protestantes
do sculo XVI. Cantwell Smith afirma que Lutero no havia se ocupado com ele. A
exemplo da Idade Mdia catlica, Lutero fala de f ou, de forma inovadora, da
redescoberta da justificao pela f. Zwnglio, por sua vez, fala de religio para
distinguir a falsa da verdadeira no contexto de cristandade. Ele no se refere s
outras religies como falsas. Nesse sentido, a religio falsa est no fato de definir
fidelidade religio e no a Deus. A falsidade da religio no estava sustentada por
uma categoria de acusao a respeito das outras religies, mas se referia a uma
piedade.
Conseqentemente, o que fora considerado pelos reformadores e humanistas
como piedade interior sofre uma grande mudana durante os sculos XVII e XVIII,
denominada por Cantwell Smith de externalizao esquemtica. A piedade pessoal ou a
relao com o transcendente foi reificada ou objetivada por pesquisadores cientficos,
os outsiders. Cantwell Smith no renega tal empreendimento intelectual. Destaca tosomente que os termos da piedade pessoal e teolgica como f, obedincia, adorao,
etc. so transformados num sistema de crenas ou rituais, um modelo abstrato e
impessoal de coisas observveis. Somente o isl constitui-se numa exceo. Das grandes
tradies religiosas, a nica que se refere a si como religio em seu texto sagrado, o
Alcoro.
Mesmo reconhecendo as dificuldades de sua proposta de abandonarmos a
religio como um construto de acusao, ele prope aos cientistas das religies, os
outsiders, bem como aos telogos que olhem, por exemplo, para aquela diversidade
interna que o cristianismo ou a tradio crist, reconhecendo que a f do crente se
expressa na orao, nos cantos, nas emoes, na prtica do amor, etc. Tambm os
credos e as teologias pertencem s tradies cumulativas e se distinguem das
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Volume 12, jan.-abr. de 2007 ISSN 1678 6408
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