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mostrar que o sucesso de uma anlise implicaria mudana na maneira com que os sujeitos estruturam seus vnculos
sociais. Como, para Lacan, a linguagem era o vnculo social determinante, ficava aberta a porta para que o poder
disruptivo do modernismo na sua reconfigurao das relaes com a linguagem aparecesse como horizonte possvel
daquilo que uma anlise deveria fornecer. E se se lembrar que Joyce, segundo Lacan, "escreveu de uma maneira tal
que a lngua inglesa no existe mais", deve-se aceitar que a cura estaria fundamentalmente ligada capacidade dos
sujeitos em destruir o vnculo imediato lngua com seus procedimentos gerais de simbolizao (sem, no entanto,
jog-lo em direo psicose).
a isto que alude o estranho ttulo do seminrio: "Le Sinthome". Trata-se de uma antiga grafia para a palavra
"sintoma". Lacan, com isto, procurava insistir na diferena entre duas dimenses do sintoma. Uma diria respeito a
formaes que indicam os pontos nos quais um texto latente procura inserir-se no texto manifesto da linguagem pblica
da conscincia. A interpretao como desvelamento daria conta desta forma de sintoma. Mas haveria uma outra
dimenso, esta prpria ao "sinthome". Ela aparece quando o sintoma no mais visto como aquilo que impede, de
maneira patolgica, o bom funcionamento da linguagem pblica, mas como aquilo que manifesta o que s pode
aparecer como distoro, resistncia e opacidade lngua e sua superfcie. Como se o sujeito s pudesse agora
afirmar sua individualidade ao rasurar a lngua em suas aspiraes universalizantes. E isto que a escrita de Joyce
parece representar a Lacan: uma escrita da resistncia do "sinthome" sua absoro pela comunicao. Como se
Lacan procurasse enfim afirmar: pensar o que teima em no se submeter forma o desafio que aproxima a
psicanlise e a arte contempornea. A partir deste caminho, talvez a histria entre psicanlise e esttica ainda seja
capaz de nos surpreender.