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KLINGER, D.. Literatura e tica: da forma para a fora. Rio de Janeiro: Rocco, 2014.
quando aquele homem, e no outro, estava precisamente dormindo dentro. (KLINGER, 2014,
p. 12)
Ao assumir um lugar de analista prximo ao da imagem do nativo, Klinger busca se
afastar da ideia bvia da relao entre Literatura e representao e, penso eu, embasada na
filosofia de Spinoza sobre a descentraco do sujeito; traa um caminho entre conceitos de
acaso, campo de foras, tica, moral, poder, potncia, imanncia, afetos e desejos com vista
em pensar a literatura para alm do esttico - a escrita como ato que reverbera na vida de si e
do outro na busca de sentido que se situa na confluncia entre tica e esttica. Em suma, uma
passagem da relao entre linguagem e realidade para a relao entre linguagem e existncia,
da 'forma para a fora'.
A escritora prope, ento, que a arte passe a se configurar como uma fora vital que, ao
invs de representar o mundo, encontre uma maneira de torn-lo expressivo. Para organizar
essas reflexes, Klinger localiza na fora vital o elemento de semelhana entre escritas
aparentemente impossveis de dialogar entre si, tais como; a culpa de Cortzar ao se sentir
angustiado por no conseguir trazer o outro real para relao realidade e fico na escrita de
suas memrias; a escrita como nica forma de luto em Barthes; a desidentificao da
comunidade e a desterritorializao (o no ter para onde voltar) de Tamara Karmeszain; o
enfrentar do medo em Bolao.
Dos diversos conceitos abordados por Klinder em seu ensaio, penso ser interessante
destacar a relao estabelecida entre potncia o que pode a literatura tica e afetos.
Segundo a ensasta, diferente de moral regras que vem de fora para regular as aes na
sociedade a tica algo que vem de dentro, provavelmente esse cachorro que morde por
dentro; opes internas do indivduo tentando no se sujeitar estritamente a esses sistemas.
Baseada na filosofia de Spinoza, a tica vista como uma imanncia (natureza/Deus
inseparavelmente presente em todas as coisas no mundo fsico) que motiva o conhecimento
entre os bons encontros de maneira qualitativa e aumentando a potncia de existir; de afetar e
ser afetado pelo outro; j que os afetos s existem na relao entre dois corpos.
Assim preciso que o se preocupar com a estrutura (a forma) literria seja tomado por
uma fora do desejo (como resistncia), um ato de escrever ao mesmo tempo desmesurado e
desesperanado -