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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 625.339 - MG (2003/0214200-6)

RELATOR : MINISTRO CESAR ASFOR ROCHA


RECORRENTE : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEF
ADVOGADO : FLAVIO QUEIROZ RODRIGUES E OUTROS
RECORRIDO : SIMONE MIRANDA DA SILVA
ADVOGADO : MARIA DE FÁTIMA AZEVEDO E OUTRO
EMENTA

RESPONSABILIDADE CIVIL. INSCRIÇÃO INDEVIDA DE


CORRENTISTA EM CADASTRO DE INADIMPLENTES. DANO MORAL.
QUANTUM INDENIZATÓRIO. JUROS DE MORA E CORREÇÃO
MONETÁRIA. TERMO INICIAL.
O valor arbitrado a título de danos morais pelo Tribunal a quo
não se revela exagerado ou desproporcional às peculiaridades da espécie,
não justificando a excepcional intervenção desta Corte para rever o quantum
indenizatório.
A "correção monetária em casos de responsabilidade civil tem
o seu termo inicial na data do evento danoso. Todavia, em se tratando de
dano moral o termo inicial é, logicamente, a data em que o valor foi fixado"
(REsp n. 66.647/SP, relatado pelo eminente Ministro Carlos Alberto
Menezes Direito, DJ de 03/02/1997).
Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa extensão,
provido.
ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima


indicadas, acordam os Ministros da Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça, na
conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, conhecer em
parte do recurso e, nessa parte, dar-lhe provimento, nos termos do voto do Sr. Ministro
Relator. Os Srs. Ministros Fernando Gonçalves, Aldir Passarinho Junior e Barros Monteiro
votaram com o Sr. Ministro Relator.
Brasília, 1º de junho de 2004 (data do julgamento).

MINISTRO CESAR ASFOR ROCHA, Relator

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RECURSO ESPECIAL Nº 625.339 - MG (2003/0214200-6)

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO CESAR ASFOR ROCHA: Simone Miranda da


Silva ajuizou ação indenizatória por danos morais contra a Caixa Econômica Federal ,
ora recorrente, pois "tomou conhecimento de que seu nome encontrava-se inserido no
SPC, quando foi proceder a aquisição de mercadorias numa loja de calçados e teve o
crédito negado... " (fl. 03). Afirma ter sido incluída no cadastro negativo graças a engano
da instituição, pois "a verdadeira devedora era outra pessoa, que tinha o mesmo
prenome" (fl. 03).
O MM. Juízo monocrático julgou procedente a demanda, arbitrando o
quantum indenizatório em R$ 3.000,00 (três mil reais), acrescido de juros moratórios
de 0,5% ao mês a partir do evento danoso, além de custas e honorários advocatícios
em 20% sobre a condenação.
Irresignadas, ambas as litigantes apelaram. O recurso da autora foi
provido, majorando-se o valor da indenização para R$ 10.000,00 (dez mil reais),
enquanto o da ré foi parcialmente provido, apenas para minorar o percentual da verba
honorária para 10% sobre a condenação. O v. aresto, prolatado pelo egrégio Tribunal
Regional Federal da 1ª Região, está assim ementado:
"RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL.
INCLUSÃO, POR EQUÍVOCO, DO NOME DO CLIENTE EM
CADASTRO DE INADIMPLENTES. INDENIZAÇÃO DEVIDA.
CRITÉRIO PARA A FIXAÇÃO DO VALOR DA INDENIZAÇÃO.
1. A inclusão do nome do cliente, por equívoco (homonímia
parcial, apenas em relação ao prenome), em cadastro de inadimplentes,
caracteriza dano moral indenizável, independentemente da demonstração
objetiva de prejuízo, mas em virtude apenas do desconforto, do
transtorno, e do constrangimento experimentados pela vítima.
Precedentes desta Corte.
2. Na espécie, restou incontroverso nos autos (C.P.C., art.
334, II) que, em virtude de falha do sistema operacional da CEF, o nome
da autora foi indevidamente incluído em cadastro de inadimplentes, sendo
certo a existência de negligência dos agentes daquela, uma vez que havia
apenas coincidência entre os prenomes (homonímia parcial) da autora e
da pessoa cujo nome deveria ter sido efetivamente incluído naquele
cadastro.
3. A ausência de culpa ou dolo dos prepostos da CEF não
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afasta o dever de indenizar, uma vez que restou comprovado o dano
moral e o nexo de causalidade entre ele e a falha no serviço da empresa
pública, o que é suficiente para a caracterização daquele dever (Carta
Magna, art. 37, § 6º).
4. Atento aos princípios de que a 'reparação de danos
morais ou extrapatrimoniais, deve ser estipulada 'cum arbitrio boni iuri',
estimativamente, de modo a desestimular a ocorrência de repetição de
prática lesiva; de legar à coletividade exemplo expressivo da reação da
ordem pública para com os infratores e compensar a situação vexatória a
que indevidamente foi submetido o lesado, sem reduzi-la a um mínimo
inexpressivo, nem elevá-la a cifra enriquecedora' (AC 96.01.15105-2/BA,
Desembargador Federal MÁRIO CÉSAR RIBEIRO), bem como
considerando o elevado grau de culpa da CEF no episódio, aumento o
valor da indenização para R$ 10.000,00 (dez mil reais).
5. Correção monetária e juros de mora a partir do evento
danoso, a primeira por se tratar de ato ilícito, e os segundos em virtude da
responsabilidade extracontratual. Súmulas 43 e 54, respectivamente, do
STJ.
6. Tratando-se de matéria já pacificada na jurisprudência,
em causa que não demanda maiores questionamentos, bem como
considerando o trabalho realizado pelo advogado, o lugar da prestação do
serviço e o tempo exigido para o seu serviço, impõe-se a redução do
percentual dos honorários advocatícios para 10% sobre o valor atualizado
da condenação (C.P.C., art. 20, § 3º).
7. Apelação da CEF provida em parte. Apelação da autora
provida."

Daí o recurso especial interposto pela CEF, fulcrado nas alíneas "a" e "c"
do permissor constitucional, por alegada contrariedade ao art. 1.536, § 2º, do Código
Civil de 1916 e dissídio pretoriano. Sustenta, em suas razões, que os juros moratórios
devem ser contados a partir da citação inicial, pugnando também pela redução do
montante devido a título de reparação da ofensa moral e pela incidência da correção
monetária a partir da fixação do aludido valor.
Transcorrido in albis o prazo para as contra-razões (fl. 167), o apelo foi
admitido na origem, ascendendo os autos a esta Corte.
É o relatório.

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RESPONSABILIDADE CIVIL. INSCRIÇÃO INDEVIDA DE


CORRENTISTA EM CADASTRO DE INADIMPLENTES. DANO
MORAL. QUANTUM INDENIZATÓRIO. JUROS DE MORA E
CORREÇÃO MONETÁRIA. TERMO INICIAL.
O valor arbitrado a título de danos morais pelo Tribunal a
quo não se revela exagerado ou desproporcional às peculiaridades da
espécie, não justificando a excepcional intervenção desta Corte para rever
o quantum indenizatório.
A "correção monetária em casos de responsabilidade civil
tem o seu termo inicial na data do evento danoso. Todavia, em se
tratando de dano moral o termo inicial é, logicamente, a data em que o
valor foi fixado" (REsp n. 66.647/SP, relatado pelo eminente Ministro
Carlos Alberto Menezes Direito, DJ de 03/02/1997).
Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa
extensão, provido.

VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO CESAR ASFOR ROCHA (Relator):


1. Quanto aos juros moratórios, não assiste razão à recorrente.
Nesse sentido, a ré não apenas deixou de impugnar a assertiva de "se
tratar de responsabilidade extracontratual " (fl. 117), como também a corroborou, ao que
se depreende das razões recursais à fl. 144. Logo, não vejo como afastar a orientação
do verbete sumular n. 54 desta Corte, bem anotada pelo Pretório a quo, restando
inviável o conhecimento do apelo pela alínea "a".
2. No concernente ao montante ressarcitório dos danos morais, registro
que a importância de R$ 10.000,00 (dez mil reais) fixada no v. aresto hostilizado não se
revela exorbitante ou desproporcional às peculiaridades da espécie, não importando
enriquecimento sem causa da recorrida.
Não se justifica, pois, a excepcional intervenção desta Corte Superior para
rever o quantum indenizatório.
3. Porém, merece prosperar o inconformismo quanto ao termo inicial da
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correção monetária.
Com efeito, "a correção monetária em casos de responsabilidade civil
tem o seu termo inicial na data do evento danoso. Todavia, em se tratando de dano
moral o termo inicial é, logicamente, a data em que o valor foi fixado" (REsp n.
66.647/SP, relatado pelo eminente Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, DJ de
03/02/1997). No mesmo sentido, confiram-se os REsps ns. 75.076/RJ (DJ de
18/10/1999) e 309.725/MA (DJ de 14/10/2002), relatados, respectivamente, pelos
eminentes Ministros Barros Monteiro e Sálvio de Figueiredo Teixeira, dentre outros.
In casu, ao revés, o egrégio Tribunal de origem asseverou que
"tratando-se de ato ilícito, praticado com manifesta negligência, o termo inicial da
correção monetária é a data do evento ..." (fl. 117).
Dessarte, como a indenização foi arbitrada na ocasião do julgamento do
feito em 2º grau, vale dizer, na data de 21/05/2003 (fl. 119), não pode ser outro o termo
inicial da correção monetária.
4. Diante do exposto, conheço parcialmente do recurso especial e, nessa
extensão, dou-lhe provimento.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUARTA TURMA

Número Registro: 2003/0214200-6 RESP 625339 / MG

Número Origem: 200038000322488

PAUTA: 01/06/2004 JULGADO: 01/06/2004

Relator
Exmo. Sr. Ministro CESAR ASFOR ROCHA
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. MÁRIO JOSÉ GISI
Secretária
Bela. CLAUDIA AUSTREGÉSILO DE ATHAYDE BECK

AUTUAÇÃO
RECORRENTE : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEF
ADVOGADO : FLAVIO QUEIROZ RODRIGUES E OUTROS
RECORRIDO : SIMONE MIRANDA DA SILVA
ADVOGADO : MARIA DE FÁTIMA AZEVEDO E OUTRO

ASSUNTO: Civil - Responsabilidade Civil - Indenização - Ato Ilícito - Dano Moral

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia QUARTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Turma, por unanimidade, conheceu em parte do recurso e, nessa parte, deu-lhe
provimento, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Fernando Gonçalves, Aldir Passarinho Junior e Barros Monteiro
votaram com o Sr. Ministro Relator.

O referido é verdade. Dou fé.


Brasília, 01 de junho de 2004

CLAUDIA AUSTREGÉSILO DE ATHAYDE BECK


Secretária

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