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Nosso Alho
Análise de Risco
Um problema
latente de Pragas
2 Nosso Alho 3
Índice Nosso
Editorial Alho
Análise de Risco
Expediente:
deUmPragas
Presidente da Anapa
Rafael Corsino
Caros leitores,
Vice-presidente da Anapa
problema latente A cada revista que produzimos sentimos
Olir Schiavenin
Benevides
mercado
Pg. 16 Nesta matéria trouxemos a posição do governo, bem como uma analise mi-
Fernando Benavides
Pg. 44 UNESP
nuciosa de especialistas. O que deve ser ressaltado neste caso é que a ANAPA Tesoureiro
protocolou um documento no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste- Márcio Braga
cimento solicitando a elaboração de uma ARP para o alho no ano de 2006. Secretário
Renato Mendes
Até hoje não obtivemos a conclusão do material da ARP. Em outubro de
Editor
2008, o senhor José Geraldo Baldini Ribeiro, diretor da Secretaria de Defesa Heber Oliveira Brandão
Agropecuária, prometeu, em audiência pública, que no mês de janeiro de imprensa@anapa.com.br
2009 o trabalho estaria concluído e diversos problemas, como poderá ser Repórteres
Conservação Propagação A cultura Gerenciamento Heber Oliveira Brandão
e melhoria do alho na
visto na matéria, impediram que isso acontecesse até agora. Mariane Rodovalho
in vitro de localizado de
da qualidade variedades Bahia fertilizantes na Cumpre destacar que a ANAPA há tempos pleiteia por um resultado Arte e diagramação
dos solos brasileiras Pg. 18 cultura do alho rápido e seguro. Os produtores nacionais seguem os padrões exigidos pelo Felipe Honda
cultivo
Pg. 10 de alho nobre cultivado governo brasileiro. Nós também queremos que os produtos importados aten- Secretária Executiva
Tatiana Monteiro Reis
Pg. 12 no Cerrado dam as mesmas demandas. Além disso, buscamos a garantia de que nenhuma
Pg. 38 praga vinda da China entrará no Brasil e comprometerá o solo e a produção Jornalista responsável
Heber Oliveira Brandão
nacional. ( 7508DF)
Enfim, assumimos o compromisso de enfrentar a questão da ARP com MARCOZERO COMUNICAÇÃO
(61) 8119 5380
bastante rigor e empenho, para que haja uma solução eficaz e rápida, uma vez marcozerocomunica-
cao@gmail.com
que todos os pontos de interesse do setor alheiro nacional são uma bandeira
Escritório da Anapa
Adolfo O desafio Frente Parlamentar
a ser levantada e sustentada pela ANAPA. SRTVS Quadra 701
Bloco A Sala 813
Rioji
MEIO AMBIENTE
anapa@anapa.com.br
Código Ambiental Presidente da ANAPA
Nosso Alho
I-1632, BGH - 5935, Santa Catarina Branco e Cateto LAFFONT, E. R. et al. Termites associadas a Eucalyptus grandis W. Hill
Roxo I-99, apenas Lavínia I-3208, Cateto Roxo I-99 e ex Maiden em el Noroeste de la Provincia de Corrientes (Argentina).
Revista de Agricultura, Piracicaba, v. 73, n. 2, p. 201-214, 1998.
Mexicano BR foram atacadas.
Mathews (1977) reportou a ocorrência de N. MATHEWS, A. G. A. Studies on termites from the Mato Grosso State,
opacus em Xavantina, Mato Grosso do Sul, em floresta Brazil. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Ciências, 1977. 267 p.
Publicado anteriormente na revista Pesagro
6 Nosso Alho 7
cura do alho roxo nobre. A CAC dava a retaguarda ga-
rantindo venda e a orientação de agrônomos para que
cada vez mais produzam alhos melhores, sempre visan-
do tamanho, formato e cor, principalmente.
O Sr. Eurico M. Tsugigushi era um diretor exi-
gente ao extremo, cobrava dos funcionários empenho
total para que os produtores entendessem o objetivo
daquele trabalho, pois eram produtores pequenos e hu-
mildes.
Perfil Na década de 1980 a 1990, Santa Catarina e
encaixotamento em caixa de madeira nova, o retorno Pela nossa experiência entendemos que o Brasil
financeiro era bem melhor. O Sr. Massoni Iwasaki, lí- é auto-suficiente e que daqui a alguns anos não precisa-
der da região, acreditou no trabalho e começou a andar remos de alho importado. Isso aconterá com o incen-
junto com os produtores. tivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste-
Na época, mais ou menos 30 produtores da cimento e o Governo Federal, além de órgãos que se
CAC plantavam alho na região, incentivados pela pro- interessem pela produção nacional.
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Conservação e
melhoria da qualidade trutura física para o desenvolvimento da planta, vivos e ativos em constante interação com as raízes
dos solos
Gladston L. de Carvalho aumento na capacidade de retenção de água e nu- das plantas.
Engenheiro Agrônomo trientes para posterior aproveitamento pelas plan- Visto a importância da matéria orgânica no
Cerrado Vivo Consultoria e Agronegócios. tas e melhor sanidade devido a maior diversidade solo, fica clara a necessidade de classificar e quali-
e atividade dos microrganismos do solo, entre ou- ficar o insumo utilizado com matéria prima na fa-
O
até um terço na utilização do adubo mineral por- tros. bricação dos condicionadores de solo comercializa-
correto manejo da matéria orgânica, vi- A matéria orgânica humificada atua direta- dos. Existe atualmente uma lacuna em relação aos
sando à conservação e melhoria da qua- que promove um aumento na CTC (Capacidade de
Troca Catiônica), ampliando a “caixa do solo”, evi- mente na biologia do solo, constituindo uma fon- condicionadores biológicos de solo, justamente por
lidade dos solos, é fundamental para ma- te de energia e de nutrientes para os microorga- não terem parâmetros quantitativos claros para sua
nutenção dos sistemas produtivos sustentáveis em tando perdas por lixiviação e ajudando na liberação
dos nutrientes à planta. nismos, mantendo o solo em estado de constante definição e comparação como a CTC e CRA(CTC
ambientes tropicais. O presente texto tem o intui- dinamismo, exercendo um importante papel na = Capacidade de troca de cátions); (CRA = Capa-
to de apresentar a importância de classificar e qua- fertilidade e sanidade. Num hectare (ha), de solo cidade de retenção de água).
lificar, matéria orgânica e destacar os benefícios da Matéria orgânica:
cultivável pode haver trilhões de microrganismos
utilização de insumos orgânicos e organominerais que chegam a somar mais de 10 toneladas de seres
na agricultura moderna, visando aumento de pro- Depois de submetida aos processos de de-
dutividade e, ao mesmo tempo, sustentabilidade. composição microbiológica e mineralização, a
A agricultura brasileira está diante de um matéria orgânica do solo libera ácidos orgânicos
cenário bastante promissor, devido à crescente (principalmente os ácidos húmicos), compostos fe-
procura por alimentos seguros, que demandam, nólicos e álcoois os quais podem dissociar-se em
por sua vez, grande quantidade de insumos. Para função do pH, gerando cargas negativas. A magni-
fazer frente a essa realidade, há necessidade de in- tude das cargas negativas geradas crescerá à medida
vestimentos em tecnologias de produção que re- que o valor do pH também se eleve. Estas cargas
sultem em produtividade com maior eficiência dos resultantes contribuirão para elevar a CTC do solo.
insumos utilizados, respeitando as boas práticas Segundo Wutke & Camargo (1975), A força iônica
agrícolas de produção. é o mais importante dos fenômenos que ocorrem
Apesar de agir com eficiência e precisão, a no solo, principalmente pela sua relevância nos
adubação mineral não substitui o efeito da matéria processos de nutrição vegetal.
orgânica na manutenção da produtividade, sobre- Utilizar matéria orgânica em conjunto com
tudo na estrutura física e microbiológica do solo, o adubo mineral resulta em diversos benefícios para
principalmente em solos sob clima tropical, em o solo, nos aspectos físicos, químicos e biológicos,
que as altas temperaturas e chuvas intensas (que fa- inclusive a ação de substâncias húmicas conjuga-
vorecem a lixiviação), deixam o solo mais carente das a microrganismos, atuam como promotores de
de nutrientes e matéria orgânica. Teores de 3% a crescimento de plantas.
5% de matéria orgânica são considerados adequa- Para o produtor agrícola, a principal vanta-
dos para as propriedades físicas, químicas e biológi- gem na utilização de condicionadores de solo é o
cas do solo, embora registre teor médio inferior a aumento da produtividade e economia nos custos
com a adubação da sua lavoura, uma vez que com
Nosso Alho
O
ocorridos durante o
alho (Allium sativum L.) é uma monocoti- desenvolvimento flo-
ledônea de clima temperado, propagada ral. O sucesso na res-
vegetativamente e cultivada em todo o tauração da fertilidade
mundo. A produtividade da cultura do alho no Bra- do alho, alcançado por
sil ainda é baixa, de cerca de 8,4 ton ha-1, quando alguns grupos de pes-
comparada a países como a Argentina (9 ton ha-1) quisadores, sugere que
e China (17,4 ton ha-1), principais exportadores a espécie contém de
de alho para o Brasil. No entanto, a produtividade fato no seu genoma os
nacional poderia aumentar se alguns pontos chaves genes necessários para
do cultivo de alho fossem melhorados, tais como o o desenvolvimento flo-
desenvolvimento e utilização de tecnologias de cul- ral e a produção de se-
tivo mais eficientes, controle de pragas e doenças, e mente, como também
principalmente pelo melhoramento genético. evidências de que o
Diversos fatores fazem com que muitas florescimento pode ser
cultivares apresentem menor valor comercial, tais controlado por genes
como o peso de bulbos inferior e a presença de que são induzidos pelo
anormalidades físicas e fisiológicas de bulbos e bul- fotoperíodo e tempera-
bilhos. O maior atributo dos alhos importados é tura.
a alta qualidade comercial, necessária para atender A introdução de ge-
aos mercados mais exigentes do país. Geralmente, nes que facilitem e con-
são alhos com bulbilhos graúdos e arroxeados, com trolem o florescimento
bom revestimento do bulbo, de coloração branca poderia permitir o de-
e que permitem sua toalete pela eliminação da pe- senvolvimento de um
lícula externa. Entretanto, alguns clones nacionais sistema mais eficiente
apresentam características comerciais superiores às para a propagação da
encontradas em alhos importados, o que torna o cultura e habilitar novas
Brasil, um país potencialmente promissor de passar combinações genéticas,
da condição de importador para exportador mun- Figura 1. Infográfico contribuindo tanto para
dial. da propagação in vitro facilitar o melhoramen-
Tradicionalmente, o melhoramento genéti- e da transformação to convencional, por
co do alho esteve limitado à seleção clonal de ge- genética de bulbilhos permitir cruzamentos
Nosso Alho
nótipos mutantes, uma vez que quase na totalidade, da cultivar ‘Jonas’. sexuais, quanto para a
o germoplasma da espécie é sexualmente estéril, instalação de um sis-
não florescendo nas condições padrões de cultivo. tema mais econômico
Atualmente, as técnicas de cultura in vitro e trans- para a propagação da
formação de alho via biobalística (bombardeamen- cultura.
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A tecnologia de transformação de plantas juru 2315’, ‘Cateto Roxo’ e ´Jonas`. Todas as cul-
requer, em primeira instância, a existência de pro- tivares pertenciam ao banco de germoplasma do
tocolos eficientes de regeneração de plantas in vitro, Instituto Agronômico de Campinas (IAC), gentil-
que antecedem a transformação genética e a sele- mente cedidas pelos pesquisadores Dr. Paulo Espín-
ção de transgênicos. Vários métodos para o cultivo dola Trani, Dr. Walter José Siqueira e Dr. Joaquim
do alho in vitro já foram descritos na literatura, den- Adelino de Azevedo Filho. Os calos (crescimento
tre elas, a cultura de ápices caulinares, considerada desorganizado do tecido) foram obtidos in vitro a
um instrumento valioso para a obtenção de plantas partir de segmentos radiculares de todas as cultiva-
livres de vírus e de outros patógenos, assim como res, em quantidades distintas, mostrando assim que
na propagação clonal rápida, no desenvolvimento todas poderiam ser utilizadas para a cultura in vitro.
cULTIVO
de cultivares melhoradas e preservação de germo- A cultivar ‘Jonas’ atingiu um valor acima de 50%
plasma. de calogênese, sendo superior às outras cultivares.
Outros métodos de propagação in vitro po- A obtenção dessa calogênese requer um balanço O site da ANAPA completou no mês de junho 1 ano de existência. Ver essa conquista acontecer
dem ser utilizados como o cultivo de calos, suspen- hormonal específico (auxina/citocinina) no meio com mais de 60.000 acessos é sinal de que nosso trabalho está gerando os resultados positivos.
são de células, ápice caulinar, receptáculo floral, cultura para as cultivares utilizadas. Em relação à
disco caulinar, cultura de protoplastos, folhas, seg- regeneração de plantas a partir do calo, foi possí- Nesse período divulgamos: o compêndio de quase 500 notícias relacionadas ao setor agrope-
mentos do prato, bulbilhos e da extremidade radi- vel observar diferenças entre as cultivares, onde a
cular. A regeneração de plântulas de alho também cultivar ‘Jonas’ obteve a maior quantidade de calos cuário diariamente, todos os eventos, reuniões e atividades da associação, fotos, entrevistas em
pode ser feita a partir de calos obtidos de segmen- regenerados (84%), originando brotos com folhas áudio, vídeos, dados sobre a conjuntura da produção de alho, vasto material técnico, legislação,
tos radiculares, posto que a transformação genética em maior quantidade. Assim, foi evidente a exigên-
vem sendo feita com maior eficiência nesta meto- cia do balanço hormonal no meio de cultura para a agenda, links importantes para o setor, dados de importações, artigos, dentre tantos outros da-
dologia. regeneração dos calos de alho. dos. O site não tem se destinado apenas aos associados e aos produtores. Atualmente pesquisa-
As espécies de Allium spp. foram conside- A eficiência da transformação transiente
radas durante muito tempo recalcitrantes à trans- presumível de calos de alho na cultivar ‘Jonas’ foi dores, professores, estudiosos e até a órgãos ligados à administração pública acessam nosso site
formação via Agrobacterium e por isso os primeiros considerada boa (14,3%), pois os protocolos dis-
trabalhos com alho transgênico utilizaram a bioba- poníveis na literatura para transformação de alho como fonte para suas pesquisas. Além desse público, Estados Unidos da América e vários países
lística (bombardeamento de DNA ) e eletropora- apontam uma baixa eficiência (inferior a 2%). O da América do Sul, Europa e Ásia navegam pelo www.anapa.org.br. Agora partimos para mais
ção de protoplastos (uso de pulso de campo elé- aumento da porcentagem de expressão transitória é
trico em células vegetais cujas paredes de celulose fundamental para a obtenção de calos de alho trans- um ano em que esperamos superar as expectativas de atender a todos com excelência.
foram digeridas) como metodologias alternativas formados.
de transformação. Atualmente, há vários trabalhos De acordo com nosso trabalho, pode-se con-
não só demonstrando a possibilidade, mas também cluir que é possível a regeneração e transformação
descrevendo protocolos eficientes de transforma- genética de cultivares brasileiras de alho, sendo que
ção via Agrobacterium em alho. a cultivar que obteve maior sucesso foi a ‘Jonas’. Do
Nosso grupo vem desenvolvendo trabalhos ponto de vista do melhoramento, é viável realizar a
com biotecnologia do alho. Como etapa inicial, foi manipulação genética do alho empregando a trans-
desenvolvido um protocolo eficiente para regene- formação via A. tumefaciens, visto sua eficiência. O
ração e transformação genética de oito cultivares primeiro alvo seria a introdução de genes candida-
brasileiras a partir de segmentos radiculares. As tos que permitissem a indução de florescimento no
cultivares avaliadas foram ‘Amarante-Embrapa’, alho, de forma a permitir a combinação genética
‘Roxinho 5063’, ‘IAC 75 – Gigante de Curitiba- entre materiais com características complementa-
nos’, ‘IAC 63 – Mexicano Br’, ‘Lavínia 1632’, ‘Ca- res.
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Filé Mignon Enrole os dentes de alho da conserva no bacon e vá
introduzindo nos furos.
Ingredientes:
Carne
Modo de preparo:
Ingredientes:
Separe o alho descascado (aproximadamente para 2
vidros médios). 1 peça de filet mignon de aproximadamente 1 kg
Coloque todos os ingredientes em uma panela em Alho amassado com sal (5 dentes)
fogo médio. Ao levantar fervura coloque o alho e deixe fer- 1 caixinha de bacon fatiado
ver por dois minutos para o alho roxo. Em caso de alho roxo 1 colher de vinagre
do Centro-Oeste (que é mais forte) deixe 3 a 4 minutos. 2 colheres de molho inglês
Desligue o fogo e coloque o alho com o caldo ainda 1 colher de azeite
quente no vidro, de modo a distribuir os ingredientes de Alho em conserva
igual forma para todos os vidros. Feche bem e deixe esfriar
com a tampa virada para baixo. Faça furos diagonais na carne.
Se quiser pode consumir logo, mas é melhor deixar
por uma semana.
Guardar na geladeira depois de aberto.
Alho
Nosso Alho
Nosso
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A CULTURA Em termos nacionais, esta
aliácea apresentou destaque na
Tabela nº 3 - PRINCIPAIS MUNICÍPIOS PRODUTORES DE ALHO, PRODUÇÃO, ÁREA
CULTIVADA E RENDIMENTO MÉDIO 2006
DO ALHO
evolução da produção nos últimos
Alírio Vanderlei Xavier dos Santos anos. Essa cultura vem experimen-
Engenheiro Agronomo Mestre em Fitotecnia - EBDA tando crescimento progressivo na
Luiz Fernando Ferreira Melo produção. Como mostrado na ta-
NA BAHIA
Engenheiro Agronomo EBDA bela nº 1, ela alcançou na última
Gilson Pedro Amorim Pereira
safra o montante de 91.473 tone-
Engenheiro Agronomo EBDA
ladas, volume este que se aproxi-
cULTIVO
A
o Brasil, o abastecimento não é to-
cultura do alho se destaca em importância talmente suprido pela produção
na agricultura do estado da Bahia por ser local e nacional. O déficit existen-
geradora de emprego e renda, fixando o ho- te é preenchido pelas importações
(China e Argentina), o que torna
mem no campo, como também participando da oferta oportuno o investimento na ex-
deste produto no mercado nacional, o que, por conse- pansão da área plantada e no ren-
guinte influencia na redução das importações. dimento médio dessa lavoura.
Os quantitativos de produção, que permite cultivar alhos nobres, como a Roxo Pérola de ga do Moura), Mirangaba (Taqurendi) e Cristópolis. Teve
área colhida e rendimento por Caçador, a Chonan e a Jonas, originalmente de clima frio, como agentes financeiros o Banco do Brasil e o Banco do
hectare, dos principais municí- em microclima de altitude) no estado da Bahia, e outra téc- Nordeste. Foram instaladas 8 (oito) câmaras de vernalização
pios do estado estão apresentados nica, muito importante, que é o plantio de alho livre de de alho nobre e distribuídos 15 kits de irrigação, nas comu-
na tabela nº 3. vírus, que por sua vez promove o pleno desenvolvimento nidades assistidas pela EBDA.
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cobertura 45 dias após o plantio. Deve-se ter o cuida- Vernalização
do de evitar o contato dos bulbilhos (sementes) com o
adubo. Caso não seja possível o uso do bórax junto com Consiste no resfriamento dos bulbos que serão
a mistura de adubos, deve ser usado em pulverizações utilizados como alho semente, sob a temperatura de 4
Recomendações Tabela nº 4 - NÍVEIS DE DECLIVIDADE DO TERRENO E
RECOMENDAÇÃO DA PRÁTICA CONSERVACIONISTA
quinzenais após 30 a 45 dias do plantio, quando a planta
apresentar boa percentagem de folhas.
a 5º C, umidade relativa de 70 a 80%, por um período
entre 50 a 60 dias, para as cultivares Chonan, Roxo
técnicas para a Quando não for possível a realização da aná-
lise do solo, recomenda-se como sugestão o uso por
Pérola de Caçador e Jonas. Estas cultivares de alho só
produzem em temperaturas frias, portanto no estado
cultura do alho hectare de 1.500 Kg NPK 4-16-8, acrescido de 10 kg
de bórax, 10 kg de sulfato de zinco, 50 kg de sulfato de
da Bahia necessitam ser estimuladas a bulbificação com
um choque térmico sob baixa temperatura.
no estado magnésio em fundação e 150 Kg de sulfato de amônia
cULTIVO
de debulha deve ser queimada. Após a debulha, deve- • Facilita a brotação dos bulbilhos; umidade no solo e havendo disponibilidade de mate- chas escuras de forma irregular, que ocorrem nas folhas
se efetuar a classificação dos bulbilhos por tamanho, • Baixa a temperatura do solo, o que contribui rial, pode-se usar cobertura morta (sisal, feijão e arroz) e bainhas. As manchas começam pequenas a partir das
usando-se peneiras de classificação de quatro malhas. para a formação do bulbo; imediatamente, após o plantio, cobrindo todo o cantei- pontas e bainhas e vão aumentando até se unirem, cau-
Os bulbilhos com peso inferior a 01(uma) grama, não • Dificulta o aparecimento de plantas daninhas, ro, formando uma camada de 5 cm. sando a seca total das folhas. As manchas apresentam o
são recomendados para o plantio. As diversas classes de deixando a cultura sem mato (com exceção da tiririca); Recomenda-se observar o aspecto da cultura e centro com coloração vermelha.
bulbilhos devem ser plantadas em talhões separados, • Diminui a perda de água do solo, reduzindo o do meio ambiente para realizar a irrigação. Se necessá-
uma vez que, o ciclo da cultura varia de acordo com número de irrigações; rio, pode-se fazer a escarificação do sulco de irrigação Ferrugem das folhas – causada pelo fungo
o peso inicial dos bulbilhos, uniformizando-se assim o • Reduz o impacto da chuva sobre o solo. para facilitar a infiltração da água. Puccinia alli, pode provocar grandes prejuízos à cultura.
ponto de colheita. Os bulbilhos de maior peso darão Os terrenos de baixada e muito úmidos favorecem ao
maior produção e, consequentemente, bulbos de maior Tratos culturais Tratos Fitossanitários ataque da ferrugem.
tamanho. Após a classificação dos bulbilhos, proceder
ao tratamento de acordo com a orientação de um enge- Controle de ervas daninhas São realizadas pulverizações de acordo com a Podridão seca ou murcha de fusarium –
nheiro agrônomo com experiência no cultivo do alho. necessidade da cultura para o controle de doenças, bem causada pelo fungo Fusarium sp. Quando o ataque se dá
O plantio deve ser feito, colocando-se os bulbi- O controle de ervas daninhas pode ser efetu- como no caso de ocorrência de pragas, sendo necessá- no campo, a planta fica pouco desenvolvida, raquítica,
lhos com o ápice voltado para cima em sulcos de plan- ado através da aplicação de herbicidas, manualmente rio para isto uma intensa vigilância nos campos de cul- com poucas folhas que se tornam amareladas e curva-
tio com 0,5 cm de profundidade. O espaçamento deve ou com o uso de cobertura morta, conforme a dispo- tivo. As pulverizações devem ser efetuadas de acordo das para baixo em forma de leque. O bulbo se mostra
ser de 0,10 cm entre plantas e 0,20 cm entre fileiras. nibilidade do material no local de plantio. No caso de com as indicações de um engenheiro agrônomo. com uma podridão seca, chocho, com muita palha e
Os bulbilhos devem ser cobertos com 3 cm de terra. uso de herbicida, deve ser consultado um engenheiro com formato de charuto, de coloração amarronzada
agrônomo, para orientação. Após cessar os efeitos do Doenças do Alho: nas partes mortas, dando um aspecto de carmurça.
Cobertura morta herbicida, devem ser realizadas de 1 a 2 capinas. Podridão branca – Causada pelo fungo Scle- Pode ocorrer o ataque dessa doença durante o armaze-
Se não houver condições de usar herbicidas, re- rotium cepivorum, constitui a doença que causa à cultura namento, causando prejuízos.
No local onde houver disponibilidade de mate- alizar 2 a 3 capinas, utilizando-se o sacho e em seguida do alho, os maiores danos. Acontece caracteristicamen-
rial adequado, esta prática deve ser realizada logo após fazer um repasse manual. te no solo, atacando os bulbos em formação, sendo que Virose – diversas espécies de vírus infectam o
o plantio, cobrindo-se o solo com uma camada de ca- o fungo permanece no solo por longos períodos. A do- alho, como a propagação da cultura é pelas partes vege-
pim ou palha de arroz , se possível seca, numa espessu- Irrigação ença é favorecida por temperaturas mais amenas e por tativas (bulbos) que facilita o acúmulo e disseminação
Nosso Alho
ra de 7 a 10 cm. Ao final do ciclo, esta cobertura pode umidade alta. de vírus, causando sérios prejuízos à produtividade. As
ser incorporada ao solo como matéria orgânica. Recomenda-se de 2 a 3 irrigações semanais no plantas apresentam baixo vigor vegetativo, tamanho
início do ciclo da cultura (até 60 dias). Após este pe- Queima ou mancha púrpura das folhas reduzido dos bulbos e bulbilhos e, consequentemen-
Essa prática oferece as seguintes vantagens: ríodo as irrigações são semanais, suspendendo-as 20 – causada pelos fungos Stemphylium vesicatorium ou Al- te, baixo rendimento da cultura. Em clones livres de
dias antes da colheita. Para conservar as condições de ternaria porri. A sintomatologia inicial: pequenas man- vírus, foi observado aumento no rendimento de 25% a
22 Nosso Alho 23
100%. A recomendação atual é o uso de alho semente Telado produção de alho semente Amarante livre de vírus, em Taquarendi – Ba. Lagarta rosca – Agrotis ypslon. Estas lagartas vivem no solo e possuem
livre de vírus. hábitos noturnos. Atacam a planta na região do colo ou pouco abaixo deste. O
Pragas do alho ataque ocorre quando as plantas estão ainda tenras, ocasionando grandes perdas.
O adulto é uma mariposa, geralmente marrom, com 30 a 35 mm de envergadura.
Ácaro do chochamento – Eriophyes tulipae.
Seus danos se caracterizam pela má formação das fo- Nematóides – Ditylenchus dipisaci. Geralmente causam severos danos à
lhas, que se apresentam deformadas e enroladas, com cultura do alho. A semente infestada é a fonte principal de inócolo. As plantas ata-
manchas amareladas, podendo causar a morte das plan- cadas engrossam na base e apresentam as folhas deformadas e encurvadas. Este ne-
tas. Este ácaro penetra entre as hastes das plantas vindo matóide é um parasita interno dos bulbos, caules e folhas. Sobrevivem de geração
atacar os bulbos no armazém, acarretando o chocha- a geração dentro dos tecidos da planta hospedeira e as larvas latentes se conservam
mento. viáveis por vários anos, mesmo em condições adversas.
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g a s
de Pra
Anális e
p r o b l e ma
Um
latente
Nosso Alho
26 Nosso Alho 27
E ssa história poderia ser apenas uma ficção, mas
é uma realidade que cerca a todos os que lidam
não só para a produção do campo com suas hor-
taliças, grãos, frutas ou leguminosas, mas até mesmo
para produtores de madeira de corte, criadores de ani-
tação - lançou em 2004 o documento Análise de Risco
de Pragas para Pragas Quarentenárias, do qual o Brasil
é signatário. O documento dá as diretrizes aos países
de como proceder uma análise de risco de pragas. Esse
documento é fruto de acordos internacionais de países
essas medidas devem estar de acordo com a legislação
vigente no país importador. Por exemplo, se o trata-
mento oferecido for com algum inseticida proibido no
país destino, essa medida não vale.
O documento da FAO define que a análise de
Isso acontece dentro do processo de análise que tem
3 etapas: identificação da praga, a avaliação do risco
e o manejo de risco, que é a identificação das opções
de tratamento do risco, considerando sua eficácia, sua
exequibilidade e o impacto desse tratamento.
mais, os ecossistemas e até mesmo as pessoas, vide o interessados em protejer sua integridade fitosanitária. risco seja feita com base em documentos científicos in- Dusi afirma que a ARP é apenas um dos ele-
vírus da gripe A/H1N1. E a situação pode piorar como O documento com a ARP deve conter o motivo de es- contestáveis divulgados em publicações reconhecidas mentos que podem contribuir com a saúde da produ-
efeito da globalização, que não reconhece os limites do tar sendo feita, as listas de pragas, as vias de introdução, na comunidade científica e deve ser anterior à importa- ção de alho no Brasil, mas três ações são fundamentais
comércio e da informação, quando se trata desse as- a ARP específica para a área de origem e a área de peri- ção. O histórico dos dois países envolvidos no negócio para o resgate dos empregos e restaurar a cadeia pro-
sunto. go como pontos fundamentais. A análise de risco possui deve ser considerado e a documentação apresentada. dutiva: a primeira são ações articuladas entre os pro-
De acordo com o professor Marcos Freitas, dois componentes: identificar o perigo, o risco em si, e Essa documentação histórica deve provar ou não que dutores (investimentos na produção e na qualidade do
da Universidade de Brasília, essa invasão pode ocorrer a probabilidade de que essa praga se dissemine. o país de origem possui uma praga quarentenária com produto), o governo (salvaguardas e ações antidumping)
também fora dessa via, através do vento, de correntes Segundo o pesquisador da Embrapa, André Ne- relação ao país importador. Caso seja comprovado que e a pesquisa (desenvolvimento de tecnologias de pro-
marítimas, na sola do sapato de alguém ou por meio de pomuceno Dusi, a análise de risco é feita para qualquer há uma praga quarentenária, uma medida deve ser to- dução viáveis).
um alimento trazido de outro lugar. As possibilidades produto considerando o uso desse produto no destino. mada baseada no uso proposto para o produto no país O professor Márcio Freitas, da Universidade de
são inúmeras. Até mesmo um pesquisador pode trazer No caso de produtos para consumo há algumas pra- de destino. Se não houver solução cabível e segura para Brasília, explica que quando uma carga chega ao país os
um problema do tipo, segundo ele. gas que podem trazer risco para a lavoura, como por a situação, uma barreira sanitária deve ser aplicada. testes de fitosanidade feitos nessa carga são a partir de
exemplo, insetos, que podem vir junto com a carga. De Depois disso o país exportador ainda pode contestar amostras. As cargas são sempre muito grandes impossi-
Comércio acordo com Dusi, não é possível criar barreiras comer- a conclusão da análise feita. Os conflitos deverão ser bilitando uma análise geral, o que pode comprometer,
ciais para a entrada de produtos nos países organizados resolvidos na Organização Mundial do Comércio. em sua opinião, uma avaliação precisa. Essa avaliação,
Para o campo essa é uma questão que preocupa e signatários de acordos, mas se há uma conclusão de A especificidade de uma análise de risco pode entretanto, não faz parte de uma ARP, mas o professor
e muito, pois pode levar um bom tempo para que uma que através desse comércio pode ser introduzida uma ser tão detalhada que Dusi cita o caso da importação acredita que a ARP é uma ferramenta fundamental para
praga invasora seja descoberta na lavoura e haja condi- praga, barreiras sanitárias podem ser aplicadas. Esse de trigo de uma área da Rússia onde ocorria uma pra- diminuir as possibilidades de contaminação. Para ele os
ções de combatê-la antes que se alastre. Até esse ponto bloqueio tem que ser específico para aquele produto ga quarentenária. O trigo citado poderia ser importa- maiores problemas de contaminação são os que causam
os prejuízos podem ser altos. com aquela praga daquele país e, na maioria das vezes do para o Brasil desde que sua chegada se fizesse em doenças vasculares, no caso de algumas bactérias, ou
Para tentar minimizar o problema, a FAO – ele é temporário até que o importador tome as medi- um porto onde houvesse moinho para o processamen- fipatógenos de solo (nematóides, fungos), porque os da
agência das Nações Unidas para agricultura e alimen- das cabíveis e extinga a praga do produto. Entretanto to do trigo, uma vez que isso resolveria o problema. parte aérea são mais facilmente controlados.
Nosso Alho
28 Nosso Alho 29
esse é o questionamento de Corsino, que já esteve com lidade no trabalho das ARPs que ele considera estraté- procurou o Baldini que deu um novo prazo para março.
Controvérsia Silas brasileiro – ex-Secretário Executivo do Minis- gico para o Brasil. A ANAPA, por meio do deputado Vencido novo prazo, a secretária executiva da ANAPA,
tério da Agricultura - por três vezes, acompanhado Valdir Colato, da Frente Parlamentar da Agropecuária, Tatiana Monteiro Reis, procurou o secretário, esperou
Na segunda edição de Nosso Alho, Rafael Cor- do deputado federal Valdir Collato. Tratou do mesmo conseguiu marcar, em novembro de 2008, uma audiên- por várias horas para ser atendida e a resposta foi que
sino, presidente da Anapa, disse que, de acordo com assunto com os ex-Ministros da Agricultura Roberto cia pública e o Ministério da Agricultura foi convidado não havia pessoas suficientes para concluir a análise. Se-
um levantamento inicial feito pela ANAPA em conjun- Rodrigues, Luis Carlos Guedes Pinto, e por três vezes a explicar porque ainda não havia feita essa ARP. gundo ele, o documento da FAO é uma diretriz, não
to com a Embrapa, o alho proveniente da China traz esteve com o atual Ministro Reinhold Stephanes acom- Na ocasião, José Geraldo Baldini, da secretaria uma exigência, e que os países são soberanos para ado-
riscos para a produção nacional por conter pragas qua- panhado pelo Senador Romero Jucá e o Deputado Fe- executiva do ministério, disse que a ARP foi feita quan- tar a segurança que julga adequada para suas importa-
rentenárias. Segundo Dusi, esse levantamento é sufi- deral Valdir Colatto. A ANAPA considera desrespeitoso do, na realidade, não havia sido. Baldini foi desmentido ções. Se o exportador achar injusto o nível de segu-
ciente para que seja feita uma análise mais criteriosa até o modo como seu presidente é recebido. Em uma na audiência diante das autoridades, pois a associação rança que o importador impôs ao seu produto, quem
nos riscos que essas pragas trazem para o Brasil para ocasião foi recebido pelo secretário Inácio Kroetz em fez dois pedidos de vista oficiais no ministério e não foi pode interferir é a Organização Mundial do Comércio
verificar se é motivo suficiente para se configurar uma meio a muitos bocejos, demonstrando desrespeito à atendida. A ANAPA então pediu um novo prazo para – OMC, com as devidas punições, caso sejam necessá-
barreira fitosanitária, caso em que o produto pode ser classe e ao seu estado, que já foi o maior produtor de concluir a ARP e foi estipulado que até janeiro de 2009 rias.
impedido de entrar em um país. alho do país. Todos esses esforços foi para solicitar agi- seria concluída. Como não houve resposta, a ANAPA Jefé Ribeiro diz que “esse material importado
Rafael Corsino que estudou a fundo ARP e es-
teve ainda em 2005 conversando com o Ministro da
Agricultura sobre o assunto, diz que a ARP para a Chi-
na não havia sido feita desde esse ano, mesmo estando
o Brasil interessado em exportar carne para a China
o que demandaria uma análise para o alho chinês que
tinha interesse de entrar no Brasil. Dessa forma o alho
chinês começou a ser comercializado para o Brasil sem
ARP. A ANAPA, na presidência de Jorge Kiryu fez um
levantamento e constatou mais de 25 pragas quarente-
nárias na China, com relação ao Brasil e protocolou no
Ministério da Agricultura as análises feitas juntamente
com a Embrapa e com pesquisadores brasileiros.
Nosso Alho procurou o Departamento de Aná-
lise de Risco do Ministério da Agricultura, no final de
maio, para saber como está progredindo a ARP com
relação ao alho chinês. Jefé Leão Ribeiro, chefe do De-
partamento de Análise de Risco de Pragas do Ministé-
rio da Agricultura afirma que essa demanda está sendo
trabalhada há algum tempo com os relatórios enviados
pela Embrapa, mas que ainda são necessárias muitas
outras informações além das que recebeu e lembra que
esses dados são de difícil acesso. Jefé Ribeiro diz que o
processo é demorado em todos os países. O diferencial
entre os prazos que existem entre um país e outro é
a equipe destinada especificamente para trabalhar nas
ARPs, mesmo assim o processo é demorado e alguns
podem levar vários anos. Curiosamente o professor
Márcio Freitas diz que um prazo razoável para se ter
uma ARP completa é um mês, com uma pessoa traba-
lhando exclusivamente com o assunto.
A saga da ANAPA
Nosso Alho
Questionado sobre a possibilidade de pragas sa edição, Jefé Ribeiro disse, por telefone, que a ARP alho, uma vez que os números indicam que a produção de foma limitada, e foi eliminada.
entrarem no país enquanto o levantamento é feito, Jefé ficou pronta e está sendo traduzida para ser enviada à nacional caiu drasticamente desde que a importação Pragas não-quarentenárias: que existem no Brasil (não
Ribeiro é categórico em afirmar que não existe essa China, que tem 60 dias para responder. Caso não haja desregulada foi liberada. podem ser levantadas barreiras fitosanitárias para esses
possibilidade, uma vez que, nos pontos de desembar- manifestação nesse período, será considerada aceita, casos, a não ser que a praga seja extinta aqui)
que desses produtos há monitoração constante de to- mas a ANAPA não recebeu nenhuma informação ofi- Quadros:
32 Nosso Alho 33
O DESAFIO
DA AMAZÔNIA
Reinhold Stephanes
Ministro da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento
região. As leis mudaram, os critérios foram alterados, predominante dos territórios fora do bioma amazônico, princi-
mas a realidade persiste. Por exemplo, até 2001, o Có- palmente, no Centro-Oeste, onde estão os biomas de cerrado,
digo Florestal obrigava os produtores a preservar 50% de pantanal ou de caatinga. Mesmo assim, a lei ambiental equi-
da área, e não 80%, como atualmente. Quem derrubou parou áreas desses biomas às da floresta amazônica, impondo-
a metade da propriedade, passou a ser obrigado a reflo- lhes, em grande parte, as mesmas restrições.
No que se refere ao agronegócio, repito, o Brasil tem
34 Nosso Alho 35
continentais, dando aos estados e municípios a condição de do que existe em relação a legislação e as novidades téc-
trabalharem esse processo, obedecendo a constituição fede- nicas, pois o código ambiental brasileiro, com 40 anos de
ral, respeitando as características de cada estado. existência, precisava consolidar, em uma ampla legislação,
A sociedade também terá espaço para ser consul- uma visão técnica com uma visão de relação jurídica.
tada, por meio de audiências públicas, que já estão previs- “A apresentação do código é apenas um primeiro
tas para começarem esse semestre, por regiões, buscando passo legislativo, vamos ter muitos meses, e até anos, com
o diagnóstico das necessidades e as propostas que virão dos uma ampla discussão, com toda população, para consolidar
estados, para acertar a redação do projeto e apresentá-lo uma visão que seja viável de ser usada no campo e urbana.
para o Congresso Nacional votar ainda esse ano. “Assim, por Tudo isso precisa ser discutido para que o meio ambiente
meio das audiências públicas, a intenção é de mobilizar a seja preservado, ao mesmo tempo que o ser humano tenha
sociedade, para que ela mesma diga qual o código que ela um espaço adequado”, afirmou Pizzato.
quer, qual a lei que ela quer. Então traremos para o Con- Para o deputado Valdir Colatto, a análise técnica
gresso Nacional e, com certeza, teremos o apoio da socie- também será um ponto importante, pois vai auxiliar os es-
dade. Deputados e senadores vão aprovar o projeto que a tados a delimitarem suas áreas de preservação. “As áreas da
sociedade quer”, lembrou o deputado. cidade e do campo precisam ser claramente definidas com o
Uma das mudanças também é a extinção de penas que pode ou não ser feito, o que é proibido, qual a ocupação
de prisão para crimes ambientais e a transferência para os que realmente deve ser feita do solo, tanto na questão am-
estados da responsabilidade de fixar o tamanho das áreas de biental, quanto na área da produção”, afirmou o deputado.
proteção permanente ao longo das margens de rios e a con- Assim, através do código ambiental brasileiro, será
cessão de licenciamento ambiental por decurso de prazo. definido que os estados façam o seu zoneamento econômico
Para o deputado Valdir Colatto, a atualização código é im- e ecológico, o planejamento de ocupação territorial, basea-
portante para simplificar e sistematizar a legislação, que do na técnica, unindo pesquisas de vários órgãos responsá-
hoje tem mais de 16 mil atos regulando a questão ambien- veis, dizendo exatamente como deve ser feita a ocupação do
tal, o que complica a legislação ambiental e estimula a infor- solo.
malidade e a clandestinidade. Para o deputado Zequinha Marinho (PMDB/PA) a
“É esse o processo que queremos implantar no Bra- proposta é vista como inteligente e prática, pois “a produção
sil, uma legislação moderna e atual, fazendo com que, real- brasileira voltada para a agropecuária é muito importante
mente, a União legisle nas questões gerais, e que os estados para a economia e para a sociedade. O Brasil pode chegar
façam suas legislações específicas, dentro das suas caracte- a ser o celeiro do mundo se quisermos, mas também po-
rísticas, com análises técnicas, dando prerrogativas para que demos matar tudo isso. Não temos política ambiental de
a União, os estados e municípios possam trabalhar juntos na governo, discutida com quem produz e com a sociedade,
questão da legislação ambiental brasileira”, afirmou Colat- por isso, precisamos debater com a sociedade, criar uma
to. política ambiental que não mate o Brasil, mas que dê condi-
Proposta de novo Entre as modificações acordadas entre Ministério ções de trabalhar a terra. Precisamos ter racionalidade, des-
Frente Parlamentar da Agropecuária do Meio Ambiente e agricultores e pecuaristas, está a pos- centralizar para os estados, ouvir o produtor, compatibilizar
código ambiental
brasileiro prevê
apresenta projeto de novo Código sibilidade de compensação de reserva legal fora da micro-
bacia – desde que seja no mesmo bioma e na mesma bacia
a responsabilidade ambiental com a questão economica. É
preciso ter praticidade, e essa proposta da Frente é prática e
servado e aumenta a área de plantio. Colatto salientou que, através da nova proposta ambiental
para consultar a
O
Com a mudança do conceito de reserva legal, em nacional, apresentada pela FPA “surgirão os pensamentos,
sociedade e deputado federal e presidente da Frente Parlamentar da Agropecu- as idéias, a ciência e a tecnologia para a discussão de um
áreas de preservação permanente, para reserva ambiental,
ária (FPA), Valdir Colatto (PMDB/SC) apresentou projeto de lei novo Código Ambiental Brasileiro. “Trabalharemos com
poderá se buscar na propriedade, na bacia hidrográfica, no
descentralização 5367/2009, que reformula o Código Ambiental Brasileiro, aos mol-
bioma, reservas de acordo com as condições e característi- base em conceitos, na ciência, no trabalho e na preocupação
des da iniciativa de Santa Catarina, que aprovou em abril seu Código Ambiental
do poder Catarinense.
cas locais. com a prestação de serviços ambientais assumindo o com-
Para o deputado federal Luciano Pizzato, (DEM/ promisso com a preservação ambiental, com a agricultura,
Entre as alterações propostas, está a maior autonomia dos estados em com a pecuária e também com o meio urbano”.
PR), membro da comissão de meio ambiente, a proposta
legislar sobre seu meio ambiente. Assim, caberá à união fazer a legislação am-
apresentada é interessante, pois é fruto de ampla discussão
biental em linhas gerais, e os estados fazem sua legislação específica, dentro de
suas características. “O primeiro objetivo é respeitar a constituição brasileira,
no artigo 24, que diz que caberá a União fazer normas ambientais gerais, e os
estados fazerem sua legislação específica, dentro das suas características. Essas
Nosso Alho
Gerenciamento localizado de
criássemos 20 ou 30 pequenas glebas de 5 ou 3 hectares
cada a partir de uma gleba, por exemplo, de 100 hectares.
As amostras compostas são individualmente identificadas
O
Eng. Agrônomo a recomendação e principalmente ade-
levantamento da quar a tecnologia à realidade local” relata
fertilidade do solo Adley Camargo Ziviani
Prof. da UPIS - Faculdades o Eng Agr. Adley Camargo Ziviani.
tem início no ge- Quanto à aplicação dos corre-
orreferenciamento da área Integradas e Consultor em
Agricultura de Precisão. tivos e/ou dos fertilizantes, o controle
a ser amostrada, que se dá da operação pode ser realizada de forma
através do caminhamento adley@agronomo.eng.br
automatizada. Isso se faz possível quando
nas bordas do campo regis- as máquinas possuem receptores de si-
trando as coordenadas ge- nais G.P.S conectados a controladores de
ográficas do seu contorno, vazão que respondem à taxa de produto
visando obter o mapa do ta- prescrita no mapa de aplicação. Uma ou-
lhão e a sua área útil. tra possibilidade, para quem deseja iniciar
Posteriormente é o processo com baixo investimento ini-
realizado a divisão “imaginá- cial, seria de antecipadamente demarcar
ria” da área em sub talhões, no terreno as áreas que receberão taxas
os quais são individualmen- diferenciadas e, individualmente, realizar
te amostrados, respeitando as aplicações com equipamentos conven-
sempre os mesmos princí- cionais, passando mais de uma vez, caso
pios das amostragens con- necessário, nas faixas com maiores neces-
vencionais quando realiza- sidades. Apesar de ser uma tecnologia
das em áreas maiores. Esse que vem sendo adotada por produtores
fato inclusive merece des- de cereais e com resultados que mostram
taque: todos os princípios redução na quantidade de adubos empre-
agronômicos fundamentais gados, em hortaliças não existem muitos
utilizados em áreas grandes, dados publicados deste assunto. Com isso,
Nosso Alho
“Diante dos resultados alcançados, outros trabalhos têm sido conduzidos na Agrícola Wehrmann nas culturas de
cenoura, cebola e batata. É importante que sejam realizados mais experimentos para observarmos se os resultados se repe-
tem”, relata o Consultor Remidijo Tomazini.
quanto os demais fatores de produção (va-
riedades melhoradas, sementes selecionadas,
práticas culturais, controle de pragas e do-
enças, etc.) conjuntamente, contribuem com
os 50% a 70% restante. Contudo, na cultura
do alho nobre vernalizado os mais impor-
tantes são: a) variedade, tamanho, origem e
qualidade do alho-semente; b) câmara fria; c)
época de plantio e, d) manejo da irrigação.
Com isso, na região de Cristalina se conse-
gue produtividades acima de 15.000 Kg/ha
de alho nobre vernalizado.
APLIQUE UM TIGRE
Para tais produtividades, entretan-
to, o alho necessita entre 450 a 900 Kg/ha NA SUA SAFRA
de P205 e de 350 a 600 Kg/ha de K20. O
bom manejo da adubação é muito importan-
te para o sucesso da lavoura, porém, como
já mencionado anteriormente, o diferencial
de produtividade entre eles, na maioria dos
casos, não está ligado à adubação, mas sim ao
tamanho e qualidade da semente, época de
plantio, stand, irrigação e o manejo geral da
fevereiro/2009
Linha
lavoura. NUTRIÇÃO
Para estar competitivo neste mercado VEGETAL Arysta
Nosso Alho
40
Utilize sempre os equipamentos de proteção
individual. Nunca permita a utilização do produto
por menores de idade.
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Acreditamos no
alho nacional
Irmãos Fábio Benevides
e Fernando Benevides
‘‘
Acreditar e divulgar a
paramos e estamos fazendo um trabalho diferenciado é o
Grupo Sekita, representado pelo senhor Elias Pessoa que
qualidade de nossos produtos,
S
nos abriu as portas e escutou as nossas necessidades no
eguindo o caminho traçado por nosso pai o sr. Eme- clientes naquele momento. Nós não dependeríamos mais atendimento aos clientes, não só no período de agosto a para que o consumidor final,
terio Benavides Dias, comerciante, estabelecido na unicamente de adquirir o alho argentino, algo que fazíamos janeiro (época da safra mineira), mas durante o ano inteiro.
Zona Ceralista de São Paulo há mais de 40 anos, so- por necessidade e não por vontade própria. Pelo segundo ano consecutivo obtivemos o incontestável este sim o foco principal, escolha o
mos proprietários de duas empresas que distribuem alho no Ivaldo Massaharo e Orlando Kanayama se tornaram sucesso de comercializar o alho de São Gotardo até o fim de que ele deseja de melhor para si
atacado há quinze anos. Na busca de encontrar um produto a partir daquele ano não só parceiros, mas também dois abril.
que atendesse nossos exigentes clientes, encontramos no grandes amigos. Aperfeiçoamos um trabalho que consistia Isto se deve à confiança que o Grupo Sekita dispen-
próprio e sua família.
alho nacional a possibilidade de fazer um trabalho que se em levar o produto ao barracão, onde era preparado de sa ao produto nacional, à qualidade de nossas sementes e ao
distinguisse do alho importado, que tomava nosso merca- acordo com as exigências de nossos clientes. paladar que esse alho oferece, características que os clientes aprovação no mercado.
do naquela época, especialmente o alho argentino e o alho Nestes 10 anos que trabalhamos juntos em São Go- paulistas buscam o ano inteiro. Graças à persistência do Grupo Fruttini, presidida
espanhol. tardo conhecemos muitos produtores da região e também Nesta necessidade de procurar atender a forte exi- por Henrique Aliprandini, conseguimos superar todas as di-
Nosso primeiro contato com o alho nacional foi em fizemos muitas parcerias. Não cultivamos somente laços co- gência do público paulista durante todo o ano, buscamos, ficuldades e hoje colhemos os frutos deste trabalho que pra-
1996 com um produto firme e de ótima cor, porém lhe fal- merciais, mas também afetivos, onde competem amizades em 2004, outra porta para entrada de um alho firme e com ticamos ano a ano. No ano de 2009, o Grupo Fruttini está
tava classificação uniforme e também toaletagem que eram verdadeiras e sinceridade de ambas as partes. cor que nos atendesse no período de janeiro a julho, pois elaborando uma ótima seleção das sementes. Conseguimos
características do alho importado. O alho de Piedade, inte- Podemos citar dois ótimos produtores que ajuda- não temos no alho argentino a confiança e seriedade neces- produzir o melhor alho que até então vínhamos trabalhando
rior de São Paulo, era produzido por pequenos produtores ram muito neste trabalho de valorização de nosso produto sárias para servir nossos clientes. todos estes anos. Alteramos a classificação e a toaletagem
que disponibilizavam, quando muito, 100 caixas de alho de nacional: os irmãos José Mozart e José Freud. Eles se tor- Nesta busca fomos apresentado pelo senhor Clelio do alho. Hoje 80 % da nossa clientela e grande fatia dos
10 quilos para venda em uma semana. Em resumo, tínha- naram nossos parceiros no ano de 2003, com a necessidade Slaviero, um grande amigo, ao senhor Herique Aliprandini, clientes dos nossos concorrentes, que ofertam alho da Ar-
mos de dialogar com 10 produtores para carregarmos um que tínhamos de adquirir mais produtos, pois conseguimos um produtor da região de Vacaria no Rio Grande do Sul. gentina, preferem o alho nacional. Podemos garantir que se
caminhão de alho no final de semana. Logo observamos que aumentar nossas vendas e não dependíamos mais de im- Ele nos recebeu com extrema atenção e logo recebeu nossa adotarmos este exemplo de parceria e investimento junto
nossos clientes ficavam satisfeitos com a qualidade de um portações, que nesta época do ano provinham da Espanha e confiança. Ali tivemos a expectativa de ter encontrado na- aos nossos clientes, não dependeremos nunca mais de uma
alho muito firme e com boa cor, algo que, já naquela época, China. quela região a solução de nossa forte dependência do pro- única cabeça de alho vinda de fora nosso país.
o mercado demandava. Formamos juntos um trabalho que consistia desde a duto que vínhamos adquirindo da Argentina. Nós, Fernando Benavides e Fabio Benavides, acre-
Nosso Alho
Em meados de 1999 um amigo nosso, apelidado de melhoria da embalagem até a impecável toaletagem do alho, Nestes 5 anos que desenvolvemos o trabalho de ditamos no alho nacional e realizamos um trabalho para que
Gaúcho, que comercializa batata e cebola no Ceasa de São que se tornou indispensável para atender a grande exigência introdução deste produto em nosso mercado atravessamos pouco a pouco consigamos conscientizar todos clientes da
Paulo, nos apresentou dois produtores que faziam um tra- dos clientes de São Paulo. Extremamente profissionais, o muitas situações difíceis: na esfera cambial, na desvaloriza- importância de ter um produto confiável e de qualidade
balho de plantio e comercialização de alho roxo em São Go- Grupo Alpa tornou-se nosso principal fornecedor em so- ção do dólar e na esfera produtiva. Não conseguíamos ter incomparável, que só o alho nacional consegue reunir. Só
tardo. Ele nos atendia com uma classificação mais uniforme mente dois anos de parceria. calibre em nosso alho, o que afetava gravemente nosso tra- assim conseguiremos nos resguardar da ameaça da entrada
e com uma quantidade que supria as necessidade dos nossos Mais recentemente, outro grande parceiro que de- balho de classificação do produto, dificultando assim a sua de alhos importados.
42 Nosso Alho 43
FITOSANIDADE
para potyvirus, as espécies relatadas no Brasil são Onion Porém, esse tratamento proporciona uma alta produ-
yellow dwarf virus (OYDV), Leek yellow stripe virus (LYSV) ção de microbulbilhos considerados pequenos para as
e também, esporadicamente podem ocorrer infecções cultivares, o que está relacionado diretamente com a
com espécies do gênero Allexivirus, tais como, Garlic alta infecção viral, além do que, microbulbilhos peque-
mite-borne filamentous virus (GarMbFV), Garlic virus C nos proporcionam uma menor capacidade de aclima-
(GarV-C) e Garlic virus D (GarV-D). tização e baixo potencial de diferenciação na primeira
Em folhas de alho é fácil observar estrias de cor geração.
verde claro ou amarelo, e esta sintomatologia é conhe- Todavia, a termoterapia com ar quente, 40°C
Virose de alho
& seu controle
cida como “mosaico do alho” (Figura 1). Os vírus de- por 45 dias com pré secagem é recomendada, mesmo
tectados em alho não ocasionam morte das plantas e não havendo eliminação de todo o complexo viral, pois
convivem com ela em forma crônica, perpetuando-se há uma produção de microbulbilhos de maior peso,
através de distintos ciclos de cultivo, ajudado pela natu- sendo 83% e 94% das plantas isentas de vírus, para as
Prof. Dr. Marcelo Agenor Pavan
Profa. Dra. Renate Krause Sakate reza agâmica da espécie. cultivares Caçador e Quitéria, respectivamente. Nes-
Tatiana Mituti A detecção de vírus em alho no Brasil ainda se sa temperatura, não há efeitos deletérios nos tecidos
Ricardo Lima dos Santos baseia na utilização do ELISA-indireto utilizando an- e nem influência na germinação, o complexo viral é
tissoro policlonal contra potyvirus e carlavirus, não afetado e há melhores condições de extração do tecido
se identificando a espécie viral presente. A técnica de meristemático. Com esse tratamento, obtém-se tam-
O
RT-PCR (Transcrição Reversa – Reação em Cadeia da bém microbulbilhos maiores e adequada taxa de micro-
cultivo do alho (Allium sativum L.) tem sua çando uma produtividade de 8.79 (kg/ha). Os cinco Polimerase) devido a sua alta especificidade facilita a propagação.
origem na Ásia Central, e desde a antiguidade principais estados produtores, em toneladas, foram: identificação das espécies presentes, pois mesmo utili- Plantas de alho com infecção viral se apre-
é utilizado como alimento ou remédio. Atual- Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul, Santa Catari- zando-se primers universais para o gênero, o fragmento sentam subdesenvolvidas, acarretando diminuição da
mente continua sendo muito pesquisado devido às qua- na e Bahia. amplificado pode ser seqüenciado. produtividade e qualidade do produto colhido. Plantas
lidades nutricionais e terapêuticas. A cultura do alho O alho Allium sativum L. tem sua propagação Metodologias para erradicação dessas viroses livres de vírus apresentam um aumento significativo
figura entre as principais hortaliças cultivadas no país. comercial via bulbilhos, o que favorece o acumulo de têm sido desenvolvidas, dentre elas, destaca-se a asso- no peso médio do bulbo em relação ao alho-semente
O alho é uma planta aromática da família Allia- agentes causais de doenças, majoritariamente vírus, ciação da termoterapia a cultura de tecido, onde plan- do produtor, em média 67,89% e 71,42% respectiva-
ceae. O porte da planta varia entre 50 e 70 cm de al- durante as gerações da cultura, havendo a necessidade tas livres de vírus são obtidas com o cultivo do meris- mente para as cultivares Caçador e Quitéria, e também
tura, dependendo da variedade. Suas folhas, estreitas de se obter alho-semente de melhor qualidade sanitária tema. A termoterapia pode maior teor de clorofila e altura da planta, fornecendo
e alongadas, são recobertas por uma camada de cera e fisiológica. ser realizada através de água quente ou ar quente. A um produto final de classe mais elevada, tendo melhor
que as protege do ataque de muitas doenças. As regiões Normalmente, o alho encontra-se infectado eficiência desses tratamentos varia com a cultivar, tem- aceitação, refletindo na cotação e consequentemente
Sul e Sudeste do país são as mais propícias para o culti- por uma mistura de vírus filamentosos pertencentes peratura adotada e tempo de exposição, onde combina- em melhores receitas (Figura 2).
vo do alho. A faixa de temperatura média mensal mais aos gêneros Allexivirus, Carlavirus e Potyvirus. Dentre ções inadequadas podem levar a inibição da germinação Em geral, as cultivares de alhos livre de vírus
indicada para o bom desenvolvimento da planta varia os carlavirus o mais comumente encontrado é o Gar- e causar distúrbios fisiológicos. tem melhor desempenho, em relação à mesma cultivar
entre 13ºC e 24ºC. É necessário que a temperatura no lic common latent virus (GCLV), tendo sido relatado na
Nosso Alho
O tratamento de água quente, 50°C por 30 mi- originária de propagação convencional, naturalmente
inverno caia abaixo de 15ºC, porque estimula a forma- Ásia, Europa, América do Norte e inclusive no Brasil, nutos e 48°C por 60 minutos associado à cultura de infectada por vírus. As plantas livres de vírus apresen-
ção do bulbo. Temperaturas muito altas não favorecem e temos também o Shallot latent virus (SLV), sem ocor- tecido proporciona um aumento de 13% para 31% e tam-se mais vigorosas (maiores altura de planta e nú-
a formação de bulbo com bom aspecto comercial. rência no Brasil. O Garlic latent virus hoje é considerado 21% para 41% de plantas livres de vírus, para as cul- mero de folhas), e em conseqüência, os bulbos colhidos
No ano de 2007, o Brasil produziu 99 mil to- uma estirpe do SLV, bem como o Garlic mosaic virus ain- tivares Caçador e Quitéria respectivamente, quando são maiores, aumentando a produção, o peso médio de
neladas de alho, numa área de 11.258 hectares, alcan- da é considerado uma espécie tentativa no gênero. Já comparado com a cultura de tecido sem termoterapia. bulbo e o rendimento da cultura. A produtividade do
44 Nosso Alho 45
FITOSANIDADE
alho infectado e livre de vírus foi estimada, respecti- vre de vírus, resta, determinar época de plantio para
vamente, em 12,4 e 18,2 t/ha. Os resultados obtidos as diversas regiões, cultivares que respondem com me-
demonstraram aumento de até 130 no peso médio do lhor desempenho, tempo de vernalização e, principal-
bulbo, quando se empregou no plantio o alho-semente mente, adubação e espaçamento adequados a esta nova
livre de vírus. realidade.
Para melhor desempenho do alho-semente li-
Nosso Alho 47
Como alimentar
a crescente população
mundial?
O mundo precisa de mais alimentos. Até 2050, a população mundial contará com mais 2 bilhões de pessoas.
Como forneceremos alimentos de alta qualidade, em quantidade suficiente, ao mesmo tempo em que
preservamos o meio ambiente? Na Syngenta, acreditamos que a resposta está no potencial ilimitado das
plantas. Nós desenvolvemos sementes novas e mais produtivas, além de melhores maneiras e produtos
para proteger as plantações contra insetos, ervas daninhas e doenças. Dessa forma, os agricultores podem
Nosso Alho
produzir mais nas terras já cultivadas, evitando a expansão para novas áreas. Esse é apenas um dos meios
pelos quais estamos ajudando os produtores de todo o mundo a responder ao desafio do futuro: produzir
mais alimentos com menos recursos. Para mais informações, acesse www.growmorefromless.com