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"Andes Humildemente com o Teu Deus"

Élder Marlin K. Jensen


Da Presidência dos Setenta

"A verdadeira humildade irá levar-nos, inevitavelmente, a dizer a Deus 'seja feita a Tua vontade'."

Uma das mensagens memoráveis da última conferência geral de outubro foi que, além de
preocuparmo-nos com o que fazemos, nós, santos dos últimos dias, devemos também prestar atenção ao
que somos e estamos procurando tornar-nos.1 Pensando nesse princípio, ouvi atentamente o discurso que
o Presidente Gordon B. Hinckley fez para os jovens da Igreja em novembro passado. Senti-me tocado
pelas seis preciosas jóias de sabedoria que descrevem o que a juventude deve ser. Uma dessas jóias --
"Sejam Humildes" -- despertou-me um interesse especial.
Quando comentei com minha esposa há várias semanas que, por causa do discurso do Presidente
Hinckley, pensei em falar sobre o tema "humildade" hoje, ela parou e, com um olhar maroto, replicou:
"Então você só tem alguns dias para conseguir um pouco". Após tal incentivo, refleti no que se está
envolvido à obediência ao convite do Presidente Hinckley de "[sermos] para sermos humildes".
Para começar, não é de se surpreender que, para alguns, a humildade tenha baixíssima cotação na
escala de traços de caráter desejáveis. Muitos livros já foram publicados nos últimos anos a respeito de
integridade, bom senso, educação e um número incontável de virtudes, mas parece que pouco se
escreveu a respeito da humildade. Obviamente, numa época em que as pessoas se estão tornando mais
grosseiras, em que aprendemos a arte de negociar pela intimidação e em que a agressividade tornou-se
uma qualidade bastante valorizada no mundo dos negócios, aqueles que procuram ser humildes são a
minoria ignorada, porém de vital importância.
A tentativa de adquirir humildade conscientemente também é problemática. Lembro-me de uma vez
ter ouvido um de meus colegas do Quórum dos Setenta dizer que "se acha que é humilde, então não o é".
Ele sugeriu que tentássemos desenvolver humildade sem ter certeza de quando a adquirimos, e talvez
assim venhamos a tê-la. Mas se pensarmos que somos humildes, é porque não somos.2
Essa é uma das lições que C. S. Lewis ensina em seu famoso livro Screwtape Letters. Na carta XIV,
um homem está sendo recrutado pelo diabo e seu aprendiz a fim de passar para o lado deles, mas está
tornando-se humilde, e o diabo comenta que isso "é muito ruim". Com muita perspicácia, Lewis faz o
diabo dizer ao seu colega: "Seu paciente está tornando-se humilde; já chamou a atenção dele para esse
fato?"3
Felizmente, o Salvador mostrou-nos como desenvolver a humildade. Quando os discípulos se
aproximaram Dele e perguntaram: "Quem é o maior no reino dos céus?" Ele respondeu colocando um
menino no meio deles e disse: "Aquele que se tornar humilde como este menino, esse é o maior no reino
dos céus".4
Nessa passagem, o Senhor ensina que ser humilde é ser como um menino. Como uma pessoa se
torna semelhante a um menino e quais são as virtudes típicas das crianças que devemos desenvolver? O
rei Benjamim, num grandioso discurso no Livro de Mórmon, deu-nos a seguinte orientação;
"Porque o homem natural é inimigo de Deus e tem-no sido desde a queda de Adão e sê-lo-á para
sempre; a não ser que ceda ao influxo do Santo Espírito e despoje-se do homem natural e torne-se santo
pela expiação de Cristo, o Senhor; e torne-se como uma criança, submisso, manso, humilde, paciente,
cheio de amor, disposto a submeter-se a tudo quanto o Senhor achar que lhe deva infligir, assim como
uma criança se submete a seu pai."5
O rei Benjamim parece ensinar que tornar-se como uma criança é um processo paulatino de
desenvolvimento espiritual, no qual somos assistidos pelo Espírito Santo e por nossa confiança na Ex
piação de Cristo. Por meio desse processo, acabaremos por adquirir os atributos naturais de uma
criança, como mansidão, humildade, paciência, amor e submissão espiritual. A verdadeira humildade irá
levar-nos, inevitavelmente, a dizer a Deus "seja feita a Tua vontade". E como aquilo que somos sem
dúvida alguma influencia o que fazemos, nossa submissão estará patente em nossa reverência, gratidão,
boa vontade em aceitar chamados, conselhos e correção.
Uma história preservada entre os descendentes de Brigham Young ilustra a natureza submissa da
humildade. Conta-se que numa reunião pública, o Profeta Joseph, possivelmente como um teste,
repreendeu severamente Brigham Young por ter feito alguma coisa ou por não ter feito algo que deveria
ter feito, e não fez -- esse detalhe não ficou claro. Quando Joseph terminou de repreendê-lo, todos na sala
aguardaram a reação de Brigham Young. Esse homem extraordinário, mais tarde conhecido como o Leão
do Senhor, numa voz que todos julgaram sincera, disse de maneira simples e humilde: "Joseph, o que
você quer que eu faça?"6
Só o poder de sua resposta já traz um sentimento de humildade. Faz-nos lembrar que o maior gesto
de coragem e amor da história da humanidade -- o sacrifício expiatório de Cristo -- foi também o maior
de todos os gestos de humildade e submissão.
Algumas pessoas podem conjecturar se os que procuram ser humildes devem acatar
indefinidamente a posição e as opiniões irredutíveis dos outros. De certo, a vida do Salvador evidencia
que a verdadeira humildade não significa subserviência, fraqueza ou servidão.
Outra boa maneira de compreendermos a humildade é considerarmos sua antítese: o orgulho. Assim
como a humildade conduz a outras virtudes como o recato, a disposição para aprender e a despretensão,
o orgulho conduz a muitos outros vícios. De acordo com a teologia santo dos últimos dias, foi por
intermédio do orgulho que Satanás se tornou o adversário de toda a verdade. O desenvolvimento dessa
arrogância, chamada hubris pelos gregos, foi o que os sábios da Grécia antiga retrataram como o
caminho certo para a destruição.
Há doze anos, o Presidente Ezra Taft Benson proferiu um veemente discurso numa conferência,
declarando que o orgulho "é o pecado universal, o grande vício". 7 Ele ensinou que o orgulho é
essencialmente competitivo e fez referência à seguinte citação de C. S. Lewis: "O orgulhoso não se
compraz em ter alguma coisa, somente em ter mais que o próximo. Dizemos que as pessoas são
orgulhosas porque são ricas, inteligentes ou bonitas, mas isso não está certo. São orgulhosas por se
acharem mais ricas, mais inteligentes ou mais bonitas do que as outras. Se todos os demais fossem ricos,
inteligentes e bonitos, não haveria motivo para terem orgulho. É a comparação que torna alguém
orgulhoso: o prazer de sentir-se acima dos outros. Tirando-lhe o elemento competitivo, desaparece o
orgulho".8 Que comentário interessante a respeito do mundo atual, altamente competitivo e, por
conseguinte, orgulhoso. Que lembrete importante também para nós, que fomos abençoados com a
plenitude do evangelho, para que evitemos tanto a condição como a aparência de superioridade ou
arrogância em todos os nossos relacionamentos com as pessoas.
Às vezes penso em como seria a vida se todos nós fôssemos mais humildes.
Imaginem um mundo onde a palavra "nós" substituísse a palavra "eu" como pronome dominante.
Pensem no impacto que isso causaria na busca do conhecimento, se a norma fosse ser instruído sem
ser arrogante.
Reflitam no clima que poderia existir no casamento, na família ou em qualquer organização, se por
genuína humildade os erros fossem abertamente admitidos e perdoados, se não tivéssemos medo de
elogiar os outros por receio de ficarmos em desvantagem, e se todos fossem capazes de ouvir da mesma
forma que se expressam verbalmente.
Pensem nas vantagens da vida numa sociedade em que a preocupação com o status da pessoa fosse
algo secundário, onde os cidadãos estivessem mais preocupados com suas responsabilidades do que com
seus direitos e aqueles com autoridade por vezes admitissem espontânea e humildemente: "Acho que
cometi um erro!" Será que temos tanta necessidade assim de ter sempre "razão"? Certamente essa
intolerância pelos outros e por suas opiniões é exatamente igual ao orgulho que os gregos observaram e
sobre o qual advertiram como sendo o pecado suicida. Podemos cogitar como seria escrita de maneira
diferente a história do mundo, mesmo os fatos mais recentes, se seus personagens principais tivessem
cedido à suave inspiração da humildade.
Ainda mais importante que tudo isso, reflitam sobre o papel da humildade no processo do
arrependimento. Não é a humildade, aliada a uma grande fé em Cristo, que leva o transgressor a dirigir-
se a Deus em oração, que faz uma pessoa pedir perdão àquele que ofendeu e, onde for preciso, a procurar
o líder do sacerdócio para confessar seu pecado?
Sou grato pelos exemplos de humildade que tive em minha vida. Certa vez, numa tarde quente e
úmida de julho, meu pai ficou extremamente aborrecido ao ver alguns erros lamentáveis que eu cometera
ao cuidar de nossa fazenda e puniu-me severamente por isso, mas de maneira que julguei exagerada.
Mais tarde, veio pedir-me desculpas e disse-me o quanto confiava em minha capacidade. Aquela atitude
humilde continua gravada em minha memória há mais de 40 anos.
Tenho visto exemplos contínuos de humildade em minha maravilhosa esposa. Assim como Néfi
pediu orientação a Leí, mesmo depois deste ter falhado momentaneamente, ela está a meu lado há 34
anos, apoiando-me e mostrando-me constantemente seu amor, "apesar de minha fraqueza".9
Muitas vezes, sinto-me profundamente tocado pelos exemplos de humildade nas escrituras. Pensem
no que João Batista declara ao Salvador: "É necessário que ele cresça e que eu diminua". 10 Pensem em
Morôni, pedindo a nós que não o censuremos por causa de suas imperfeições, mas que agradeçamos a
Deus por Ele ter manifestado a nós suas imperfeições para que pudéssemos aprender a ser mais sábios do
que Morôni."11 Não podemos esquecer a exclamação de Moisés que, depois de aprender a respeito da
grandeza de Deus e de Suas criações, disse a si mesmo: "Por esta razão, sei que o homem nada é, coisa
que nunca havia imaginado". 12 Não seria essa consciência que Moisés teve de nossa completa
dependência de Deus o princípio da verdadeira humildade?
Concordo com a memorável declaração do autor inglês John Ruskin de que "o primeiro teste do
homem verdadeiramente nobre é a humildade". Ele continuou, dizendo: "Não quero dizer que a pessoa
humilde duvide de sua própria capacidade. Mas os grandes homens têm essa curiosa sensação de que a
grandeza não está neles, mas flui por seu intermédio. Eles vêem algo divino em cada pessoa e são
incrivelmente misericordiosos, o que pode parecer fútil a outras pessoas".13
O profeta Miquéias, do Velho Testamento, assim como nosso profeta vivo, o Presidente Gordon B.
Hinckley, preocupava-se em incentivar o desenvolvimento da humildade. Ele disse ao povo:
"Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a
justiça e ames a benignidade, e andes humildemente com o teu Deus?"14
Que Deus nos abençoe para que andemos humildemente com Ele e com todos os homens. Testifico
que o Presidente Gordon B. Hinckley é um profeta verdadeiro e que seu conselho de sermos humildes
vem de Deus. Testifico que Jesus Cristo, o manso e submisso Filho de Deus, personifica a humildade.
Sei que será com humildade que nos colocaremos de joelhos aos pés do Salvador para sermos julgados
por Ele.15 Que vivamos de maneira a prepararmo-nos para esse humilde momento, é minha oração. Em
nome de Jesus Cristo. Amém.

NOTAS
1. Ver Neal A. Maxwell, "As Tentações e Seduções do Mundo", A Liahona, janeiro de 2001, p. 43–46.
Élder Dallin H. Oaks, "O Desafio de Tornar-se", A Liahona, janeiro de 2001, pp. 40–42.
2. Albert Choules Jr., minutas não publicadas da reunião do Quórum dos Setenta em 15 de abril de 1993.
3. The Screwtape Letters (1982), 62–63.
4. Mat. 18:1,4.
5. Mosias 3:19.
6. Ver Truman G. Madsen, "Hugh B. Brown --Youthful Veteran," New Era, abril de 1976, p. 16.
7. "Acautelai-vos do Orgulho", A Liahona, julho de 1989, p. 4.
8. Mere Christianity (1960), 95.
9. 2 Ne. 33:11.
10. João 3:30.
11. Ver Morm. 9:31.
12. Mos. 1:10. 13. The Works of John Ruskin, ed. E. T. Cook e Alexander Weddenburn, 39 vols. (1903–
1912), 5:331.
14. Miquéias 6:8.
15. Mosias 27:31; D&C 88:104. * Conferência de Abril de 2001.

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