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Fonte: Elaboração própria a partir de dados do BCB-DEPEC (Indicadores fiscais do setor público
consolidado: Res. Nominal, Primário (eixo da direita) e taxa Selic) e de dados da STN/EstatisticasDivida
Pública/ Emissões e Pagamentos de Títulos do Tesouro Nacional (taxa de emissão da LTN de 6 meses,
utilizada para gerar a série de Juros 6m real, que foi deflacionada pela expectativa de inflação, IPC-a,
divulgado pela pesquisa Focus do Banco Central: SGS/Expectativas de Mercado (Expec. Inflação)).
Por fim, vale ressaltar – e esse é um ponto central defendido pelo Grupo Crítica
Econômica – que outro argumento também levantado pela ortodoxia sobre a
necessidade de geração de superávits primários para reduzir a relação Dívida/PIB como
forma de evitar o seu default não faz qualquer sentido econômico. No que se refere à
dívida em moeda estrangeira, o Brasil é um credor externo líquido. Quanto à dívida
interna, não existe qualquer necessidade de moratória, visto que a dívida interna é paga
em moeda doméstica, isto é, qualquer iniciativa do governo a esse respeito não passaria
de jogo de cena, em outras palavras, jogar para a platéia. A noção de dívida interna e
impossibilidade de pagamento não faz sentido.
Vale observar que os títulos públicos do Tesouro brasileiro continuam a exercer grande
atratividade entre os investidores, o que contribui para garantir a continuidade da
demanda por esses papéis. Ao mesmo tempo, a aplicação em títulos da dívida do
governo tem se constituído um porto seguro para os investidores, evitando que em
momentos de crises na economia ocorra fuga para outros ativos ou moeda. Diante disso,
pode-se afirmar que a dívida pública não está sujeita a um processo de repúdio,
representando de fato uma fonte de financiamento para a autoridade fiscal.
Vê-se, portanto, que os resultados macroeconômicos que poderiam legitimar a adoção
de metas de resultado primário cada vez mais apertadas, não se verificam
empiricamente. É preemente que os formuladores da política econômica abandonem o
discusso equivocado e, diante dos dados que mostram a real relação entre resultado
fiscal – taxa de juros – Dívida/PIB, possam mudar o enfoque do debate sobre a política
fiscal no Brasil.