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O Esquadrão Mau Exemplo

Por Hare Marvin

Ando com a mania de imaginar super-heróis tão imbecis que até a Marvel rejeitaria.
Super seres com poderes inúteis, ou idiotas, ou controversos, sei lá. Coisas vindas de uma
imaginação já quase aos últimos suspiros, tentando a última fronteira, a falta total de
sentido ou cabimento. Não tou falando da minha, pô, mas da de quem fosse capaz de criar
um troço desses... hã, deixa pra lá.

Enfim, essa onda de filmes de super-heróis me fez relembrar uma velha questão que eu
me fazia naqueles tempos em que ainda não conhecia Dylan Dog e dependia de quadrinhos
de super-heróis pra minha literatura gráfica diária: como é que todo mundo que tem ou
recebe superpoderes sempre os descobre extremamente úteis, ou sempre, digamos,
fascinantes?

Foi daí que me veio a idéia de criar os tais tipos com poderes inúteis, ou ridículos. Na
dúvida, é um mutante, a mutação genética costuma fazer milagres nos quadrinhos. Ou
coisas ridículas.

E foi um mutante o primeiro que me veio à cabeça. Apropriadamente chamado de Deus


Ex-Man. Sua história de vida é um mistério. Um dia ele apareceu na base dos mutantes,
seja ela qual for, encostou num canto e ficou por ali. Quando alguém foi falar com ele,
disse que estava no lugar certo. E só.

Fizeram testes nele e constataram a presença do gene mutante, mas nada indicava que
poderes ele tinha, se é que tinha algum. Mas ele era tecnicamente um mutante, e foi
ficando. Pelo menos, descontada sua reserva inicial, era gente fina. Se fosse um filme
contando sua origem, ele poderia servir de testemunha a acontecimentos importantes na
trama. Talvez até como alívio cômico.

Aí, num momento chave, toda a equipe está reunida defendendo a base dos mutantes de
algum ataque de proporções cósmicas... e leva uma taca nas mesmas proporções. Tudo está
perdido. De repente, entra nosso personagem (até aqui sem um codinome, talvez até sem
um nome), que estava encarregado de levar os coadjuvantes pra fora da base em segurança,
vê tudo, faz uma cena qualquer pra dar suspense e libera um poder exatamente apropriado
para lidar com aquela situação. Sei lá, tipo o vilão jogando fogo pra todo lado e ele ser
capaz de controlar a água. Nada tão óbvio, claro (ou talvez, sei lá, já que é pra ser idiota...),
mas por aí. Nosso personagem salva o dia, mas aquele poder que ele demonstrara nunca
mais aparece.

Acontece que o verdadeiro superpoder dele é o de desenvolver qualquer habilidade


necessária para enfrentar uma situação desesperadora, quando uma surgir. Esse poder,
naturalmente, só se manifesta quando tudo o mais falha, mas quando ele aparece, sempre
salva a pátria. Por isso nosso herói sempre vai junto pros quebra-paus, e fica sentado num
canto jogando ioiô ou lendo gibi. Se a equipe inteira leva uma surra, ele calmamente se
levanta, guarda o gibi ou o ioiô e resolve a situação.

Ridículo? Também acho, mas sei lá, depois que eu vi um mutante que era Deus, podia
alterar a realidade à vontade, perdi as referências (pra quem não sabe de quem eu tou
falando, o nome dele é Proteus. Procurem). Se é pra exagerar, vamos enfiar logo os dois pés
na jaca e sair esquiando.

E outra que eu pensei em chamar simplesmente de Fênix, mas como já existe uma
personagem com esse nome (é só uma mesmo? Não é um nome muito original), sei lá,
digamos Feníxia? Ah, e pra que pensar num nome melhor pra uma personagem dessas?
Nem bolei de antemão uma história pra ela, vou improvisar uma, peraí, bem genérica,
vejamos...

Ela poderia ser um híbrido único de duas espécies alienígenas extintas. O único
exemplar de um cruzamento entre Tarmonianos (criaturas humanóides cujos tecidos
possuem capacidades regenerativas) e os seres de energia pura que vivem no lado escuro da
terceira lua do planeta Bunok. Essas duas civilizações destruíram-se mutuamente em uma
guerra (causada justamente por causa do romance proibido entre os pais da nossa heroína),
portanto Feníxia é a última de duas espécies, e ao mesmo tempo ela não pertence a
nenhuma das duas.

Muito viajado? Digamos então que ela seja apenas uma cientista que desenvolveu um
soro pra ser imortal, ou só indestrutível (sim, tem diferença). Ela, claro, como todo cientista
sensato, acabou testando em si mesma a bagaça e adquiriu uma propriedade única.

Seja qual for sua história, a mulher tem o poder de voltar da morte não importa a forma
como ela morra. Mesmo separando-se seus átomos, eles se reagrupam na forma original.
Ela simplesmente não pode ser destruída fisicamente, ou melhor, pode, mas sempre se
“conserta”, volta intacta.

Ela poderia ser útil, por exemplo, em missões suicidas de espionagem: entrar, ver,
morrer, voltar com a informação necessária pra invasão final do covil do inimigo. Ou servir
de isca também suicida para algum monstro ou vilão muito doido. Ou servir de qualquer
coisa que inclua a palavra “suicida”, basicamente (talvez um nome melhor pra ela fosse Sue
Cyder). Ela sempre cumpriria a missão morrendo no final, mas sempre voltaria intacta no
episódio seguinte.

Algumas variações poderiam ser criadas envolvendo a maneira como ela driblaria
certas situações, como por exemplo o episódio em que ela foi baleada durante uma missão
de espionagem e os vilões simplesmente mantiveram seu corpo amarrado esperando que
voltasse à vida, mas o corpo acabou apodrecendo e se dissolvendo rapidamente, para só se
recompor mais tarde, no quartel-general da equipe (esses super-heróis inúteis parece que
sempre precisam fazer parte de uma equipe, né?). Ou então a equipe inteira foi resgatar o
corpo antes que ele revivesse e revelasse segredos vitais ao inimigo, ou algo assim.
Aí eu percebi que estava apenas pegando um poder que TODO super-herói de
quadrinhos tem e jogando ele numa personagem sem mais nada (como dizia um amigo
meu, “em quadrinhos, quem tá morto sempre aparece”), e achei que essa também seria
rejeitada por qualquer editor, mesmo o mais desesperado. Digna, portanto, de entrar pra
galeria.

Mas ainda faltava muito pra chegar ao fundo do poço. Que tal algo controverso,
polêmico? Um personagem feito pra ser citado por qualquer fanático anti-quadrinhos como
uma prova de que essas porcarias influenciam negativamente nossas pobres criancinhas?
Algo como um Capitão Marvel que receba poderes de demônios ao invés de... eram deuses
ou filósofos que formavam a palavra “Shazam”? Enfim, essa idéia me veio agora, mas vou
anotar pra futuro desenvolvimento. Este personagem também teria sua palavra de poder,
algo como “Satan”, cada letra sendo a inicial de um nome de demônio. Putz, tou até vendo
pastores evangélicos agradecendo aos editores por essa oportunidade para malhar os
quadrinhos...

E por que não logo uma equipe? Ou pelo menos uma mini-equipe dentro do time
principal, algo como os Super Gêmeos, mas talvez com poderes um pouco menos bestas.
Afinal, a gente não precisa exagerar tanto no ridículo... Por exemplo, o Esquadrão Mente.
São quatro amigos extremamente chegados. Tipo gangue, aqueles que nunca desgrudam.
Talvez sejam irmãos, ou tenham participado de algum tipo de experiência mística juntos,
pra explicar o poder único.

A experiência mística é legal porque explica o fato de que eles, antes de entrar em um
confronto, sempre fumam uma erva sagrada do sei-lá-ondistão, que lhes põe em contato
com seu verdadeiro poder. Pode ser um ritual da ordem de iniciados da qual eles fazem
parte.

Mas assim como o Popeye, que já não é exatamente um fracote mesmo antes de comer
o espinafre, os membros do Esquadrão Mente também têm seus poderes antes do ritual
começar. Por exemplo, Deschavator é aquele que pega os pedaços compactados da erva e,
através de vibrações ultra-sônicas emitidas por suas mãos, instantaneamente transforma os
tais pedaços em uma espécie de pó meio grosso.

Imediatamente seu companheiro Apertron pega essa erva e a envolve em uma espécie
de papel que sai de seu pulso direito. O troço enrola perfeitamente e já cola. No momento
adequado, quando o pacote todo for fechado, essa substância parecida com papel enche uns
micro-saquinhos de ar em uma das pontas, criando uma espécie de filtro natural.

Antes disso, no entanto, já está ao lado o terceiro integrante do grupo, Piloman. Este
indivíduo nasceu com a incrível capacidade de transformar qualquer objeto que caia em
suas mãos em um perfeito pilãozinho, que Apertron usa para socar bem a erva, para
queimar direito. Em poucos segundos, já está tudo pronto para o ritual.

Os quatro fumam essa erva sagrada enquanto ouvem uma música cerimonial. Ao final,
entra em ação Dispensor, que é irmão de Deschavator (se os quatro forem irmãos, estes
dois são gêmeos, ou seja, voltamos aos Super Gêmeos...) e possui um poder parecido:
Usando vibrações ultra-sônicas numa freqüência diferente, ele desintegra todos os restos do
ritual, em alguns círculos conhecidos como “flagrantes”.

E a partir daí, revela-se o verdadeiro poder dessa equipe: depois de tudo organizado,
eles continuam sentados em um círculo no local cerimonial secreto que só eles conhecem,
ouvindo a música mística. Em poucos minutos (segundos em emergências), atingem um
estado de consciência que os faz unirem-se mentalmente, formando uma espécie de quinta
personalidade tão forte que é capaz de se manifestar na realidade. Esta quinta personalidade
é conhecida como o Mente. E é ele quem vai para a frente de batalha junto com o resto da
meta-equipe, aquela da qual esse esquadrão faz parte.

O Mente, por ser uma projeção psíquica, teria poderes de acordo, tipo telepatia,
telecinésia, coisas assim. Ele teria também que ser insubstancial, com todas as vantagens e
desvantagens que isso pudesse trazer. Ou talvez ele pudesse ser uma imagem que
aparecesse e sumisse aparentemente ao acaso, e alterasse a realidade ou a percepção que os
outros personagens tivessem dela.

Sabe, agora que eu parei pra pensar... aquele desenho do Capitão Planeta nunca me
enganou, eu sabia que aquilo era coisa de maluco... mas duvido que algum editor fora da
Jamaica ou de Amsterdã tivesse coragem de publicar histórias do Esquadrão Mente.

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