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BANCOS DE
GERMOPLASMA
1. Introdução
O estado de São Paulo tem uma participação histórica em trabalhos com recursos genéticos, pois foi em
1902 que o pesquisador João Pedro Cardoso, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), organizou o primeiro
Dia da Árvore. Já no Século XX, os pesquisadores desta mesma instituição escreviam artigos preocupados com
o desmatamento que ocorria na região, mas foi somente a partir da década de trinta que o próprio IAC iniciou a
montagem de suas coleções e bancos ativos de germoplasma ex situ. A Escola Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz (ESALQ/USP), em Piracicaba, também agiu com pioneirismo nacional no treinamento de especialistas
e na conservação de milho e hortícolas. Em florestais, pode-se citar o trabalho de Edmundo Navarro de
Andrade, com a introdução de germoplasma de Eucalyptus, e em ornamentais brilhou o nome de F.C.Hoehne,
pelo Jardim Botânico de São Paulo, na década de trinta. Apenas na década de setenta é que o governo federal
criou o Centro Nacional de Pesquisa em Recursos Genéticos e Biotecnologia (EMBRAPA/CENARGEN), que
tem, desde então, impulsionado as atividades com bancos de germoplasma por todo o país.
As primeiras coleções do IAC não tinham um cunho totalmente conservacionista, funcionavam mais como
coleções de trabalho para o desenvolvimento de novos cultivares, porém, hoje, procura-se trabalhar
proporcionando o material necessário ao melhoramento aliado ao trabalho de conservação. Outras universidades,
além da ESALQ/USP, têm contribuído mais intensamente com nosso patrimônio genético vegetal, como a
Universidade Estadual de São Paulo (UNESP), com plantas cultivadas, e a Universidade de Campinas (UNICAMP),
com plantas nativas, e outros Institutos, além do IAC: o Instituto Florestal de São Paulo (IF), pioneiro na
introdução de Eucalyptus e Pinus entre outras espécies florestais, e o Instituto de Zootecnia (IZ), com plantas
forrageiras, e os Jardins Botânicos de Bauru, Botucatu, Paulínia e Santos, com espécies diversas.
Atualmente são poucos os bancos ativos de nosso estado que possuem expressão internacional, podendo-
se mencionar os bancos de café e citros (IAC) como os mais conhecidos. Existem outros bancos de germoplasma
que se encontram na pauta das principais culturas de exportação brasileiras, como as de algodão, cana-de-açúcar,
cacau e soja, e das principais culturas de importância social para o País, como as de arroz, batata, feijão, mandioca
e milho. A riqueza em recursos genéticos ex situ de nosso estado é muito grande, como pode-se observar a
seguir:
Bancos ativos de Germoplasma e coleções de trabalho expressivas in vivo mantidas no estado de São Paulo
no ano de 1998.
106 R.F.A. Veiga
3. Conclusões
Fica claro, através da listagem anterior, que as coleções e bancos mantidos no estado de São Paulo são, em
sua maioria, compostos por material exótico, o que nos coloca como dependentes da introdução de germoplasma
do exterior. Quanto ao material nativo, observa-se que poucos esforços têm sido efetivados para a preservação
de nossos recursos genéticos.
Pode-se elencar uma série de prioridades de pesquisa, em bancos de germoplasma ex situ, para o estado de
São Paulo:
· Incentivar a elaboração de projetos que priorizem a coleta de germoplasma nativo do estado com potencial
agrícola, inclusive a recuperação de germoplasma tradicional de culturas econômicas mantido por
agricultores;
108 R.F.A. Veiga
5. Bibliografia
Brasil, 1995. Conferência Internacional e Programa Sobre Recursos Fitogenéticos (CIPRF). Relatórios dos
Países da América do Sul. MRE/MAARA/EMBRAPA/CENARGEN. 61p.
Brasil, 1998. Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazonia Legal. Primeiro Relatório
Nacional Para a Convenção Sobre a Diversidade Biológica Brasil. Brasília, SMA/DEPAM/COBIO. 283p.
Pronabio, 1995. Estratégia Nacional de Diversidade Biológica. Revisão dos Artigos da Convenção Sobre
Diversidade Biológica. http://www.bdt.org.br/bdt/gtt/
FAO, 1996. Report on The State of the Worlds Plant Genetic Resources. International Technical Conference
on Plant Genetic Resources. Leipzig. 96/3(1-56p.) 1996.