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QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA

1 a Quinzena de Dezembro de 2009


Ano XXX - No. 1076 Modesto, California
$1.50 / $40.00 Anual

Bolsas de Estudo
FUNDAção PORTUGUESA de Educação • TURLOCK
TELEVISÃO
Página 2, 18 e 19

BOLSAS DE ESTUDO - Foram entregues 55 Bolsas de Estudo pela Fundação Portuguesa de Educação do Centro da California, em Turlock

CULTURA Pág. 08

Novo livro de Onésimo


Teotonio de Almeida
O escritor e professor da Universi-
dade de Brown, nos EUA, Onésimo
Teotónio de Almeida, procedeu ao
lançamento da sua obra “De Marx
a Darwin – a desconfiança das ide-
ologias”, em Ponta Delgada. A obra
foi lançada a 18 de Novembro, pelas
21h30, na Biblioteca Pública e Ar-
quivo de Ponta Delgada.
A apresentação esteve a cargo de
Gabriela Castro e Berta Miúdo.

CELEBRAÇÕES Pág 29

Macau - 10 anos depois


A Comunidade Macaense de Califórnia festejou no dia 22 de Novembro o
Décimo Aniversário da existência da Regiâo Administrativa Especial de
Macau com um banquete e baile no Restaurante Asian Pearl em Fremont.
Participaram nesse evento histórico mais de quatrocentos macaenses e
convidados. RECONHECIMENTOS: Em pé: António e George Martins; Monsenhor Ivo Rocha, Manuel Pires
Sentados: José Manuel Martins, Maria Freitas; Rute e Luís Teixeira

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2 SEGUNDA PÁGINA 1 de Dezembro de 2009

Crónicas do Perrexil
Fundação Portuguesa J. B. Castro Avila
EDITORIAL de Educação
Falta de liderança
A
proveito este espaço para não compreendemos ainda muito tiverem a compreensão de toda a
vos falar do jantar anual bem, é porque razão um maior nú- comunidade e de todos aqueles que
As crises são boas muitas das vezes para mostrar quem da Fundação Portuguesa mero de individualidades da nossa beneficiaram da sua ajuda.
é que é lider, e quem é que faz o seu trabalho sem arte e de Educação do Centro comunidade não fazem o mesmo, Sentar-mo-nos numa cadeira e ver-
sem ciência. da California, celebrando os seus 18 podendo assim o número de donati- mos as nossas organizações entrega-
Na crise que estamos a atravessar, a Educação é das pri- anos de existência, realizado no Sa- vos aumentar exponencialmente. rem o que podem às Fundações e nós
meiras a sofrer os percalços das más decisões, quer dos lão de Nossa Senhora da Assunção Dá ideia de se ter criado a ilusão de não nos atrevermos a fazer o mesmo,
políticos, quer mesmo dos educadores. com o propósito de entregar Bolsas que sómente as nossas organizações como indíviduos, fica mal, fica mes-
As notícias que nos chegam do Sul da California àcerca de Estudos. e empresas é que devem dar donati- mo muito mal.
dos brutais aumentos de 32% nas Universidades Estadu- O mestre de cerimónias da noite foi vos e não os próprios pais dos alu- Grão a grão enche a galinha o papo.
ais, levam-nos a pensar que algo está mal, quando educa- João Dias, um veterano destas an- nos, os amigos e tantos outros. O mesmo se aplica às nossas Funda-
dores que são pagos a peso de ouro (muitos deles ganham danças. Reconheceram-se também Por outro lado, como membro desta ções de Educação.
mais que o Presidente Obama) vão obrigar alunos a repen- diversas entidades, tais como: comunidade custa-nos ver que todos Elas só poderão subsistir, se todos,
sar o seu futuro. Empresários do Ramo da Agro- os bolsistas, uma vez recebedores mas todos, tivermos a compreensão
As cabeças bem pensantes desses educadores deveriam Pecuária - Irmãos Martins (José destes donativos, se esquecem da de participar por muito pouco que
ver o seu trabalho terminado e darem lugar a quem se inte- Manuel, António Luís e George), de Fundação e nem sequer participam possamos dar.
ressa verdadeiramente pela Educação e pelos seus alunos. Hilmar. na noite mais importante dela. O que conta é o gesto. A multiplica-
E não me venham com a cantilena do costume, que isso só Empresário do Ano - Manuel Pires, Calculem que desde há 18 anos que a ção dos gestos fará crescer a monta-
se aplica a quem tiver X e Y de rendimento anual. de Modesto Fundação dá bolsas. Deram-se perto nha.
A falta de liderança nota-se mais nestes tempos de crise. Cidadão do Ano - Monsenhor Ivo de 500 bolsas até agora. No final da noite, o novo Cônsul-
Quem não puder com ela que desista. Há tanta gente boa Rocha, de Tracy. Se todos eles pudessem colaborar Geral de Portugal em San Francisco
à espera da sua vez. Alunos do Ano - Luís e Rute Teixei- com $20.00 cada um, teríamos um António Costa Moura, falou (sete
ra, de Turlock. valor de $10.000.00. Parece incrível- minutos apenas e tão só) para dizer
Afinal o sistema dourado de um País que parecia ser o Educadora do Ano - Maria Freitas, mente simples? É pura matemática. que acabava de chegar, queria apren-
mais feliz do mundo e onde a construção fazia inveja a de Hilmar. Não podemos acreditar que ninguém der a relacionar-se bem com a co-
todos os maiores países do mundo, não passou de uma mi- Foram 55 as Bolsas de Estudo entre- possa não dar $20.00 anuais para munidade e criar uma solidariedade
ragem. gues a jovens prestes a singrar nos uma entidade que tem por objectivo mútua.
Os belos edificios são verdadeiros mas o resto é tudo falso. estudos universitários, para se tor- ajudar alunos a prosseguir os seus É sempre pena que os artistas con-
O Dubai está na bancarrota. Quem diria. narem competentes profissionais nas estudos. vidados para estes eventos (o mesmo
O Dubai era o sonho de qualquer arquitecto moderno, por- artes e ciências que escolheram. Caso o produto bruto dos donativos acontece com as festas da LAEF)
que lá havia expectativas para todos os sonhos de grandes O total de donativos deste ano foi de fosse substancial, poderiam as Fun- não possam exprimir a sua arte em
artistas. $23,000 dólares. dações entregar bolsas de estudo de frente às trezentas ou quatrocentas
Afinal o Dubai não passava de uma miragem falsa onde A Fundação já distribuíu $175,947 valores mais compatíveis com as ne- pessoas presentes. Mal acabam os
o dinheiro parecia nascer do mar e agora desapareceu na dólares em 439 bolsas de estudo. cessidades actuais dos alunos. discursos, as pessoas vão-se embora.
areia. O “homem” continua sendo uma grande “incógnita” Diversas organizações da nossa Co- Não podemos estar a exigir que as Não é verdade meus caros Zé Duarte
em qualquer lugar onde esteja. munidade e empresas do Vale qui- Fundações, quer esta, quer a Luso- e Roberto Lino?
seram mais uma vez contribuir na American Education Foundation, Que pena...
jose avila ajuda destas bolsas de estudo. O que trabalhem tão árduamente, se não

Year XXX, Number 1076, Dec 1, 2009


COLABORAÇÃO 3

de São Martinho
Tribuna da Saudade
Na companhia
Ferreira Moreno

O
dia 11 de Novembro assinala a de belos escritos morais compostos en- Arianos e Católicos renegados. Martinho
festa litúrgica em honra de São tre 561 e 573. A fama de S. Martinho de construiu vários mosteiros, destacando-se
Martinho. Dume ultrapassou a do grande cenobita esse de Dume que serviu de centro p’rà sua
Até aqui, nada de novo. No S. Martinho de Tours, na disseminação de evangelização de autêntico missionário.
entanto, como há muitos São Martinhos, prodígios espirituais martinianos, que o Era tanto o respeito e veneração dos mo-
convém saber de quem se trata. P’ró de- povo galego-português se encarregaria de narcas suevos por S. Martinho que eles de-
vido esclarecimento, apresento o testemu- ir misturando com práticas mais ou menos cidiram criar a sé episcopal de Dume (hoje
nho de Vitorino Nemésio incluído no seu pagãs e de rotina antiquíssima (ritos de Mondoñedo), elegendo-o como primeiro
livro “Jornal do Observador” (pgs. 187- colheitas, mostos satíricos, superstições), bispo, adicionando ainda o título de Bispo
190, Ed. 1974). até virem parar ao espicho do verdasco e da Família Real. No entretanto, Martinho
“Pelo Martirológio Romano conto sete e, ao torno do maduro torrejão que rega as manteve sempre um espírito monástico,
aliás, o livro omite o de Braga, também castanhas do assador”. orientando os monges no cumprimento de
chamado de Dume. Entre eles, quatro E Nemésio prossegue: “É ver a quantidade disciplina austera. Tempos depois, Marti-
bispos: de Tongres, de Vienne, de Tréves, de terras e terreolas sob a invocação de S. nho foi promovido à sé episcopal de Braga,
de Tours; um papa, o primeiro do nome, Martinho que Portugal e Espanha têm, na com o título de metropolitano (arcebispo)
mártir como o prelado de Augusta Trevi- cola das Saint-Martin de França. E a data de toda a Galiza.
sorum; o abade de Saintes e um diácono de apelidos “Martins” (o que queria dizer, Além do seu notável trabalho como mis-
e abade. Mas o que se festeja e interessa na Idade Média, “filho de Martim”) que sionário, Martinho prestou um brilhante
agora é o de Tours, o do gesto da capa ras- enchem colunas e colunas das listas dos serviço à Igreja, distinguindo-se como
gada ao meio p’ra dar metade a um pobre. nossos telefones; muitos mais Martins que escritor. Entre as suas obras, salienta-se
São Martinho é popular nas nossas para- Rodrigues, Fernandes, Simões, os outros uma colecção de 84 cânones, merecendo
gens pelo Verão serôdio e pelos magustos. patronímicos”. particular referência a “Formula vitae ho-
Asceta e penitente, tornou-se paradoxal- Assim, “desde São Martinho do Porto e nestae” e “De correctione rusticorum”.
mente como que o patrono dos bêbados, São Martinho da Cortiça, e São Martinho A fechar, só tenho a acrescentar que S.
ou pelo menos dos pândegos”. do Bispo, até ao pequeno e alpestre São- Martinho faleceu em 579 no mosteiro de
Nemésio, depois de reflectir na biografia Martinho de Anta, é um nunca acabar de Dume, e os seus restos mortais foram tras-
de S. Martinho, falecido em 397, conclui são-martinhos de gente, não esquecendo ladados p’ra Braga em 1606. A sua festa
que foi certamente a aura de santidade que ainda que Martim e Martinho são formas litúrgica ocorre anualmente no dia 20 de
lhe auferiu tamanha celebridade mundial. divergentes do mesmo prenome”. do bispo de Tours em 573, considerou S. Março. Com respeito a ser natural da Pa-
Seguidamente, Nemésio abre a pergunta: Àcerca de S. Martinho de Dume, arce- Martinho de Braga como um dos maiores nónia (Hungria), aparentemente é simples
Mas será mesmo só este Martinho o que bispo de Braga, falecido em 579, conse- eruditos do seu tempo. Após uma pere- conjectura.
é fe s t eja d o c om c a s t a n h a s a 11 d e quentemente uma mão cheia de séculos grinação à Terra Santa, estabeleceu-se na
Nove mbro? antecedendo o estabelecimento da nacio- Galiza, onde dominavam os Suevos e as CORRECÇÃO - No artigo da semana
Eis a resposta nemesiana: “Eu creio que nalidade portuguesa, apraz-me transcre- heréticas doutrinas arianas, mas através passada, no penúltimo parágrafo, onde
à sua grande nomeada se veio sobrepor a ver as seguintes informações extraídas de da entusiástica pregação de S. Martinho a se lê SANTA IRIA deve ler-se SANTA
de outro Martinho, o bracarense, abade “Butler’s Lives of the Saints”, Volume I, Galiza regressou ao Cristianismo. RITA. As nossas desculpas.
de Dume, não longe da Brácara Augusta, Edição 1988: “O historiador e hagiógrafo Tudo começou com a conversão do rei The-
quase dois séculos depois. Foi ele o autor S. Gregório de Tours (538-594), nomea- odomir e subsequente reconciliação entre
4 COLABORAÇÃO 1 de Dezembro de 2009

Festa de Nossa Senhora de


Da Música e dos Sons

Fátima em Watsonville
Nelson Ponta-Garça
npgproductions@gmail.com

As mais ouvidas

Presidente Danny Carvalho e o Comité da Festa - Tony Fernandes, Mary Jo Silva, Maria Avelar, Mary Lacer-
da, Natalie Costa e Paul Azevedo

Agradecimento
A família de Ilda da Encarnação
Silva Vale na impossibilidade de
o fazer pessoalmente vem por
este meio agradecer a todos os
seus amigos as manifestações
de amizade e solidariedade que
tiveram aquando do falecimen-
to do seu ente querido. Ficaram
eternamente agradecidos pelas
visitas, telefonemas, emails,
cartões e missas encomendadas
pela alma da sua mãe, avó, bisa-
vó e trisavó.
Padre Manuel Sousa, celebrante da Festa, benzendo os animais durante o Bodo de Leite
COLABORAÇÃO 5

Muito Bons Somos Nós


Ode ao Bigode
Joel Neto ... não é um homem de bigode quem quer. Vários amigos mo disseram, ao inteirarem-se da epifania
da loja de grafonolas: “É fácil. Deixa crescer um também.” Erro. Um bigode não se pode pôr nem
neto.joel@gmail.com tirar. Não basta ter bigode para ser um homem de bigode. O bigode, para qualificar um verdadeiro
homem de bigode, tem de lá estar desde o início dos tempos – e, de resto, não pode ter desapa-
recido nunca.

B
rad Pitt reapareceu há Gosto de bigodes e de homens Dessa massa é feito um homem que estou aqui a falar é do velho, de bigode, tem de lá estar desde
dias paramentado de de bigode. Ainda no outro dia de bigode. Quer dizer: alguma simples e conservador bigode o início dos tempos – e, de resto,
streetwear, o mundo da entrei numa daquelas lojas que vez viu, no cinema ou na litera- chevron (ou divisa): do bigode não pode ter desaparecido nunca.
cultura pop celebrou-o já não existem, uma oficina de tura, na vida real ou em sonhos, de Tom Selleck, quando muito Não há nada mais triste do que
em euforia – e eu celebrei-o com electrotecnia onde se coleccio- um vilão de bigode? Não: não me do bigode de Burt Reynolds – do ver pela primeira vez sem bigo-
ele. Não celebrámos bem a mes- nam grafonolas, se reparam tran- venha com o exemplo de Hitler. bigode do tempo dos nossos pais, de um homem que sempre vimos
ma coisa. O mundo da cultura sístores e se trocam as correias Aquilo de que estou aqui a falar quando os bigodes não eram já de bigode (lembram-se de Guter-
pop celebrou o regresso de um a gravadores de bobinas, e fui não é de macaquices peludas: um mecanismo de distinção so- res?; lembram-se de Queiroz?).
madraço de 46 anos às calças de atendido por um desses homens: nem de bigodinhos escova-de- cial mas eram ainda um sinal A não ser talvez, tempos mais à
ganga de cintura rebaixada, aos um magnífico homem de bigode, de preocupação estética, quando frente, voltar a vê-lo com bigode,
gorros e aos óculos escuros, aos alto e magro, bonito e digno, afá- ninguém ganhava um lugar no
reconsideração sobre todas as ou-
brincos e aos anéis. Eu celebrei vel sem ser simpático, firme mas Paraíso apenas por ter bigode,
tras desesperada e inútil (tão inú-
que o dito madraço tenha rapa- não abrutalhado. Tudo nele, em mas também não era de imedia-
til quanto seria a Sansão tornar a
do o bigode – e, se foi isso que boa verdade, transpirava estrutu- to remetido ao Inferno por tê-lo.
o mundo da cultura pop celebrou ra, honestidade e determinação. Eis aquilo que invejo nos homens deixar crescer o cabelo). Um bi-
também, então pelo menos as ra- Vi-lhe o bigode, elegante e bem de bigode: nunca um deles foi o gode é muito mais do que uma pi-
zões foram diferentes. Brad Pitt aparado sobre uma camisa de má mau da fita. Nas histórias como losidade: é uma metafísica. Vem
é meio piroso (além de absurda- qualidade (mas impecavelmente no dia-a-dia, os homens de bigo- acompanhado de conversas sobre
mente bonito), mas pode sempre engomada), e tracei-lhe a biogra- de foram sempre os polícias, os a necessidade de estudar para ser
recorrer, em sua defesa, a nomes fia: província até aos 11 anos, aos bombeiros, os médicos – enfim, alguém na vida, a utilidade de
como os de Juliette Lewis, Gwy- 12 mudança para Lisboa, para os homens do bem. O contrário amortizar o crédito à habitação, a

A
neth Paltrow, Jennifer Aniston trabalhar como moço de recados não colaria. urgência de substituir as velas do
ou Angelina Jolie. Bem vistas as do tio, dono de uma oficina de contece que não é carro, a saudade de quando o fado
coisas, ganhou o meu respeito. electrotecnia – e entretanto, ali um homem de bigo- era o fado, a rádio era a rádio e a
Mas dava mau nome ao bigode por volta dos 40-45, o tio miseri- de quem quer. Vários Amália Rodrigues cantava o fado
– e desde que deixara crescer o cordiosamente libertado de obri- amigos mo disseram, na rádio, tanto na Emissora Na-
pêlo no lábio superior, de início gações e remetido enfim ao lar, dentes nem, aliás, de bigodaças ao inteirarem-se da epifania da cional como na Voz de Lisboa.
para gravar um filme de Taranti- onde o esperavam um par de pan- arrufiadas; nem de excentricida- loja de grafonolas: “É fácil. Deixa Brad Pitt não conhece nem meta-
no e depois para agitar as conven- tufas, uma televisão a cores, as des à Salvador Dali, nem de ma- crescer um também.” Erro. Um de deste património. Que diabo:
ções sobre o estilo e a beleza, que regalias possíveis de 60 anos de landrices à Errol Flynn; nem de bigode não se pode pôr nem tirar. há quanto tempo Brad Pitt não
me tinha em modo de marcação descontos e (sobretudo) a certeza ferraduras como a de James He- Não basta ter bigode para ser um tem de preocupar-se com as velas
cerrada, ansioso por desatar à ca- absoluta de que o negócio ficava tfield, nem de caganitas de mosca do carro?
homem de bigode. O bigode, para

O velho piano
beçada. Eis-me aqui. em boas mãos. como a de Cantinflas. Aquilo de
qualificar um verdadeiro homem

Crónicas Terceirenses
Victor Rui Dores
victor.dores@sapo.pt

N
a vila da minha infância havia De entre as várias músicas do meu “reper- mesmo “baratinhas” (1) pelas ranhuras do ………………………………………………
mais pianos do que máquinas tório”, havia o Lac de Come, uma melodia teclado. Foi então que me especializei em Quarenta anos depois passo pela casa
de costura… ultra-romântica que era a minha preferida. procurar e achar dinheiro nas vísceras do que já foi minha e, no aconchego tépido
Por isso na minha casa tínha- E, quando as amigas da minha irmã iam piano… da sala, reencontro o velho piano, cujos
mos um piano vertical, “Foster & Co. – lá para casa, eu caprichava na interpreta- acordes ecoam ainda na minha memória.
Rochester, N.Y.”, de fabrico americano, Retiro a longa tira de flanela sobre as te-
que, dizia-se, tinha mais de 100 anos e era clas e ataco algumas notas. O piano está
uma herança familiar. desafinado mas o meu coração não. Trau-
teio a Chiquita, canção que meu pai (que
Dó, mi, sol, dó…ré, fá, lá, ré… tinha uma voz bem timbrada de barítono)
costumava cantar:
Tenho belas e doces saudades daquelas
intermináveis tardes de solfejo na casa da Si a tua ventana llega
minha infância. una paloma
Minha mãe dava lições de piano às me- trata-la com cariño
ninas prendadas da vila, por um escudo à que es mi persona!
hora. Estou a vê-la, complacente, a ensinar
a marcar os compassos ou a desenhar, com E recordo, em flash back, os serões bem
sorridente benevolência, a clave de sol na animados na casa onde nasci. Naquela sala
segunda linha, serapintando de mínimas e tocava-se piano, dançava-se a valsa e o
semínimas, com aquele traço firme de ar- tango, jogava-se à sueca, às prendas e ao
tista doméstica… anel, nessas longas noites de não haver a
De segunda a sexta-feira era um rodopio pantalha…
lá em casa. As alunas da minha mãe en- Olho o teclado melancólico e escuto, do
travam e saíam em grupinhos, trazendo fundo dos tempos, melodias tocadas pelos
debaixo do braço o Método para piano, te- dedos ágeis de minha mãe: a Oração de
órico, prático e recreativo, de A. Schmoll. uma Virgem, a Avé Maria de Schubert e a
Ouvia-se o matraquear do velho piano todo de Gounod, as Czardas, de Monti, uma ou
o santo dia. E era a monotonia do solfejo… outra rapsódia húngara de Liszt…
E eram as posições de mãos, as notas, as A música vivia connosco naquela casa. O
regras, as tonalidades, as divisões, as apo- ção: assumia uma postura séria e sentida Dó, mi, sol, dó… ré fá, lá, ré… pior eram as tardes: as alunas de minha

A
geturas, as escalas, os ditados musicais… e, com enlevos de artista, semicerrava os mãe martelavam, a compasso de estudo,
Quando a puberdade me bateu à porta, foi olhos, projectava a cabeça para trás, exta- casa da minha infância en- escalas e a minha paciência…
através daquele velho piano que cheguei siado… As amigas da minha irmã (todas chia-se de música, de manhã Ainda com as mãos sobre o teclado do ve-
ao coração das meninas… mais velhas do que eu) apreciavam o estilo à noite… Toda a minha famí- lho piano mudo e desafinado, abandono-
Tocava “La Bouquetiére”, em compasso e, em contrapartida, deixavam-me apalpar- lia tocava piano. Até a mossa me a lembranças remotas. Tento tocar o
ternário, que é o compasso do coração… lhes as maminhas… gata “Princesa”, para quebrar os (poucos) Lac de Come: vem-me uma saudade in-
Infelizmente nunca passei da 7ª lição de A música ajudou-me a disfarçar a minha momentos de silêncio, saltava para o tecla- finita de minha mãe e sinto uma lágrima
Schmoll… Santos de casa… Tocava de cor timidez e foi a minha grande motivação do, sobre o qual se passeava altivamente, rebelde ao canto do olho…
tudo o que queria e essa era uma capacida- para o flirt, mas, nessa matéria, o meu ir- compondo estranhas melodias, para gáu-
de que eu fui desenvolvendo. Minha mãe mão José passava-me a perna… dio dos meus irmãos mais novos… (1) Pequena moeda de 2$50
bem que me mandava ler a partitura. Eu Às vezes acontecia que, na pressa do paga- Nesse tempo não havia televisão na vila de
fingia que a lia, mas, ainda e sempre, esta- mento das lições, as alunas da minha mãe Santa Cruz da Graciosa e todos nós vivía-
va era a tocar de cor... deixavam escapulir moedas de escudo ou mos solidários e infinitamente felizes.
6 COLABORAÇÃO 1 de Dezembro de 2009

Traços do Quotidiano
Margarida da Silva
santamarense67@yahoo.com

SÍMBOLOS uma ovelha sobre os ombros. Algumas


passagens do Novo Testamento descrevem
que Jesus foi enforcado numa árvore e não
Recentemente encontrei um livro intitula- pregado numa cruz. Importantes figuras
do: “THE WOMAN’S DICTIONARY OF do início do Cristianisno repudiava a Cruz
SYMBOLS & SACRED OBJECTS”, da Latina, pois diziam que era um símbolo
autoria de Barbara G. Walker, que na sua pagão. No entanto, uma vez que a cruz foi
opinião, trata-se de um compêndio da lin- aceite pelo Cristianismo, criaram-se vários
guagem de símbolos que podem ter múlti- mitos à sua volta. Muitos julgavam que a
plas interpretações. Na sua municiosa pes- própria madeira da Árvore da Vida do pa-
quisa ela usou vasto material bibliográfico raíso tinha sido preserverada por Adão e
de vários países. todos os patriarcas depois dele para mais
Passo a transcrever a definição de alguns tarde ser transformada na cruz onde Jesus
desses símbolos que acho interessantes e foi crucificado.
que nada tem a haver com o meu preceito
moral ou religioso. O ROSÁRIO
SUÁSTICA Apesar da Igreja
Católica continuar
Durante a Segun- a manter que o ro-
da Grande Guer- sário foi inventado
ra e, a partir daí, por São Domin-
a suástica é vista gos, o certo é que,
como um símbolo o rosário era um
demoníaco da do- instrumento ritual
minação hitleria- do Oriente .
na que continua Uma antiga forma
a causar repulsa do rosário perten-
e terror, especial- ceu à Deusa Kali e
mente às famílias das vítimas do maléfico foi usado na Arábia e Egipto no início do
Holocausto. Porém, a palavra suástica vem Cristianismo, ou, talvez, ainda mais cedo.
CASAL OFERECE-SE PARA TRABALHAR do Sânscrito, língua sagrada do Indostão O rosário tinha por fim ganhar equidade
em limpesas, quer em casas particulares e a mais antiga da família indo-europeia. eterna com a sua contínua repetição de
Consta-se que este símbolo data, pelo me- orações e mantras em nome de divinda-
ou em escritórios. nos, 10.000 anos antes de Cristo. Apare- des e espíritos.
Contactar 209-664-0352 ceu nas moedas mais antigas da Índia, na Tendo sido o rosário primeiramente as-
imagem de Buda no Japão e nas figuras sociado a uma figura feminina, quando o
gregas e romanas da Grande Deusa. Cristianismo o adoptou foi principalmen-
Desde o século XIII antes de Cristo que te aplicado ao culto de Maria. A Ladaí-
LÍDER DO FUTEBOL se encontraram na Ásia Menor, Grécia, nha de Loreto chama Maria, “Raínha do
China, Pérsia, Líbia, Escandináva e Islân- Santissimo Rosário”. O rosário cristão
dia, artefactos com o símbolo da suástica. continha grupos de cinco e dez contas, o
Ainda no começo do século XX era usado tradicional número das Deusas. O rosário
AGORA PODE VER A LIGA na Europa como um sinal mágico. Igual- muçulmano tinha noventa e nova contas
ESPANHOLA NO ESPN mente conhecida como cruz gamada, foi que era o mesmo número dos nomes se-
muito usada na Igreja Medieval como de- cretos de Alá.
LIGA PORTUGUESA coração e símbolo de brasões. Ao anotar estes traços, fez-me lembrar
NA RTP E SPT NO PACOTE uma estória relacionada com a oferta de
CRUZ LATINA um rosário de prata que minha irmã Ce-
LUSO $24.99 cília recebeu da Tia do Céu que era uma
RTP $4.00+100 CANAIS TURBO BRONZE $19.99 AO MÊS Ao contário ao pessoa muito religiosa. Passado algum
que se julga, a tempo, a Cecília queixou-se à tia que as
Especial válido por 12 meses Cruz Latina, de
início, não era um
contas estavam a enegrecer e ao que esta
respondeu: “Isso é sinal que o rosário não
Instalamos de 1 a 4 Tv’s com contrato de 2 anos símbolo cristão e tem sido muito usado!”
só foi assimilhada
ANTENA ESPECIAL SÓ PARA A RTP E RADIO E ao Cristianismo
CANÇÃO NOVA no século VII.
COMPRE A ANTENA E NÃO PAGA NADA POR MÊS As igrejas primi-
tivas preferiam
LIGUE AGORA MESMO PARA LUCIANO COSTA representar Cristo
na figura do Bom
1-559-435-1276 CELL 1-559-347-8257 Pastor carregando
Falamos Português
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do que se passa na Comunidade
COLABORAÇÃO 7

Esclarecimento
Rasgos d’Alma
Luciano Cardoso
lucianoac@comcast.net

B
em sei que o espirito imbuído na sublime qua- escusadas em pleno século XXI. Pior, no entanto, para
dra que se avizinha é o de dar. Obama, é ouvir-se contestar com irónico desdém a simbó-
Mas, o certo é que, a brincadeira não deu re- lica entrega que elegeram fazer-lhe do prestigioso Prémio
sultado. Nobel da Paz quando ele já tinha em mente esta pavorosa
Há sempre quem leve estas coisas a sério demais. guerra a desenhar-se cada vez mais feia no montanhoso
Picam-se por tudo e por nada e, nem a ler se dispõem a Afeganistão.
soltar um sorriso discreto. Não é bom sinal. Se as suas Há já quem queira mesmo dizer que, se as eleições fossem
obsessões politicas ou paixões futebolisticas não lhes per- hoje os resultados seriam outros.
mitem ver mais do que um curto palmo à frente do nariz, Esqueçam-se! culpar a grandeza do Benfica pelos desaires do Sporting.
tenham santa paciência. Não escrevo por obrigação nem Tanto lá como cá, temos que nos convencer de que melhor Não sei. O que eu sei é que os nossos rivais não podem
muito menos por encomenda. O que rabisco sai de boa está para vir. O pior que nos pode passar pela cabeça é acusar o fabuloso “Glorioso” de não se integrar com gra-
e livre vontade, sempre com o leitor em mente. Só que, desesperarmo-nos e desistirmos à tôa quando as coisas ça e benevolência no benemérito espirito de Natal. Depois
como bem sabeis, a mente do leitor é, de todo, imprevi- parecem correr mal. duma entrada fulgurante na presente temporada, o Ben-
sível. A esperança, ademais, deve ser sempre a última coisa a fica, com Jesus religiosamente agarrado aos cordelinhos,
Já eram de prever, no entanto, as ranhosas reacções aos morrer. presta-se a dar agora mais oportunidades aos seus esfo-
meus dois últimos textos cá no jornal. meados adversários. Prestes a refugiar-se no presépio por
No caso mais recente, o da edição passada – uma inofen- Não morreram mas estão moribundas as minúsculas es- uns dias, Jesus deu instruções específicas em Alvalade
siva tacada politica sem quaisquer segundas intenções – peranças dos frustrados “lagartixas” ao almejado titulo para que, ao abeirar-se a beleza do Natal, o Benfica não
com o texto enviado à última da hora, não houve chance de campeões nacionais. fosse lá roubar ao Sporting a derradeira réstia de esperan-
para a paginação ideal e a piada gorou-se. Poucos a apre- Reconheço tambem que não resultou em cheio o meu fu- ça em melhores dias e resultados que tardam em aparecer.
enderam na sua irónica intencionalidade. tebólico humor aos quadradinhos lacrimejados em verde Ficava feio. Como feio fica intrigar-se sem nexo por aí
As emoções parecem andar ao rubro na enervante efer- e branco aqui há um mês em inocente piada dirigida às que até o próprio leão, ferido e desesperado, já não quer
vescência dos tempos actuais. A crise não desarma. O feridas sensibilidades do actual orgulho leonino – em de- a jaula verde de todos estes múltiplos anos de frustrante
stress desanca. E o pessoal, com os nervos à flôr da pele, licada crise de identidade devido à sua precária posição insucesso.
desatina. na tabela classificativa. …Terá mesmo decidido abandoná-la?”
Cada vez há mais gente desempregada, deprimida, deses- Pior do que levar a coisa a sério, houve mesmo quem se E de futebol, como de política, não escrevo mais este
perada, desiludida. Tanto lá como cá, a paciência começa ofendesse. Salvo seja! ano.
a esgotar-se. Ofenderem-se com futebol? É de pasmar.
A tolerância, há muito que se esgotou. Quando o “soccer”, bem como o desporto em
geral, não servir para nos descontrairmos e
Houve quem não gostasse mesmo nada de ver a “desres- desentoxicarmos, o melhor é irmos ao médi-
peitosa” ilustração do meu último “rasgo” com o primeiro co. A doença pode ser mesmo perigosa.
ministro português, cabisbaixo, face oculta, armado em Sou adepto mas, felizmente, não sou doente.
desolado burro de paus, quando o retrato lhe fica muitis- Como tal, sinto-me perfeitamente à vontade
simo melhor como sorridente valete de oiros. Cartas de para, à laia de esclarecimento, lançar o seguin-
valor idêntico, tá claro, mas de aparências completamente te comunicado ao maior clube português de
distintas. Sócrates, opinam os seus cínicos opositores, é o sempre, o dos fanáticos “Antibenfiquistas”:
caso certo do politico errado para ser tão descaradamente “…Porque o Porto, apesar do seu viciado su-
reeleito cesso dos últimos anos, continua a ser um clu-
Houve, de igual modo, quem detestasse ver recentemente be de província, admito que a actual euforia
o jovem presidente americano curvar-se em ridículas vé- encarnada tenha feito mui-
nias ante o venerando imperador nipónico e o despótico to mal ao verdusco sportin-
rei das Arábias. Exéquias, diz-se por aí, perfeitamente guismo. Há quem queira
8 COLABORAÇÃO 1 de Dezembro de 2009

Crónica de Montreal
Antonio Vallacorba
avallacorba@aol.com

N
as últimas semanas, não era o seu quarto. Sentiu-se

Eleições na Casa dos Açores


ela, a mulher que sem- só. Não se lembrava de nunca se
pre insistia em falar, ter sentido tão só. E agora o que é
conversar, discutir, e que ia fazer? A quem é que ia pe-
analisar, calou-se. Passava as tar- dir conselho? Deitou-se de novo.

de Quebeque
des no quarto deles, agora o seu Olhou para o móvel que ela tinha
quarto, lendo ou sentada na sala comprado mas que ele pensava
olhando para o tecto. Nem lhe ser muito caro. Tinham-se zanga-
respondia se lhe perguntava algo. do e ela ficara ofendida, mas era
De boca cerrada, mantinha-se assim, ofendia-se por tudo e por Direcção rejuvenescida
impassível, não sabia se ouvia as nada. Nesse dia dissera-lhe que
suas palavras, pois nem acena- ele tinha muito descaramento em
com sangue “antigo”
va sim ou não. Ele, mal chegava tentar controlar o dinheiro dela.
Benjamim Moniz, Manuel A.
a casa, ia para o computador ou Ora, alguém tinha que ter con-
Pereira e Emanuel Martins es-
sentava-se no sofá, que passara trole naquela casa, não fosse ela
tão de regresso à Direcção da
agora a ser também a sua cama, gastá-lo todo. Quando se zangava
Casa dos Açores do Quebeque
a ver televisão até altas horas da o melhor era não dizer nada e es-
(Caçorbec), em virtude das elei-
noite. Sabia que ela, mais tarde perar que voltasse a si. Era uma
ções realizadas no domingo de 8
ou mais cedo, tal como tantas mulher razoável e após a tempes-
do corrente em Assembleia Ge-
outras vezes, diria: “Temos que tade, vinha sempre ter com ele e,
ral Ordinária, para o Conselho
falar”, e falariam, melhor dito, ao acabar de responder às suas
de Administração e o Conselho
ela falaria. próprias perguntas, parecia ficar
Fiscal e de Deontologia. Em
Mas desta vez foi diferente. Ao satisfeita.
causa estava o preenchimento
fim de duas semanas de silêncio, Levantou-se, saiu rapidamente
de cinco posições, por via dos
chegou a casa e encontrou um do quarto, e decidiu chamar a
três membros cujos mandatos
bilhete sobre a mesa da cozinha, mãe dela, decerto que tinha ido dos Açores e da nossa cultura. Conselho Fiscal e de
terminam no fim do corrente
“Vou-me embora. Cuida-te, love para lá desabafar como o fizera Consequentemente, foi proposto Deontologia:
ano e de duas vagas.
you”. Ficou estupefacto com as muitas vezes. que se para tal fosse criada uma
Em carta dirigida aos membros,
palavras rabiscadas no papel A mãe disse, “Não, ela não está Comissão. Presidente - Francisca Reis
Damião Sousa, presidente em
onde geralmente escreviam a lis- aqui, porquê?” Ele respondeu, A mesa das eleições, dirigida
exercício, encorajara os associa-
ta das compras. A esta hora ela “Ficámos de sair a jantar e como por Mercês dos Reis, presidente; Quase a encerrar-se a reunião,
dos a fazerem um “esforço” e a
já devia estar em casa preparan- ainda não chegou a casa, pensei Carlos Pereira, secretário; Dora Benjamim Moniz agradeceu a
dedicarem-se “um pouco mais à
do o jantar e ouvindo os Gypsy que talvez se tivesse esquecido.” Barão e Vitor Raposo, escru- confiança que lhe acabavam de
Casa dos Açores, pois o volun-
Kings ou Bob Dylan, conforme a A mãe respondeu que de certeza tinadores, orientou diligente- depositar, ao mesmo tempo que
tariado prolonga a longevidade.
sua disposição. Depois de quin- não tardaria, talvez tivesse ido à mente depois os trabalhos que apelou para a “colaboração de
Venham e candaditem-se!”.
ze anos de casamento, ainda se loja comprar alguma roupa para haveriam de levar aos seguintes todos” neste seu mandato à fren-
Lembrou, depois, os problemas
amavam e eram considerados por levar ao jantar. resultados, no apuramento dos te dos destinos da Caçorbec.
que há em “recrutar jovens para
todos como um casal exemplar. É A mãe dela pelos vistos não sa- elencos directivos cujos manda-
a massa Associativa, quer na
verdade que as grandes conver- bia de nada. Mas talvez tivesse tos começam em l de Janeiro de
participação das actividades da
sas à volta da mesa eram menos razão. Ela se calhar tinha ido de 2010:
Caçorbec, quer em outras acti-
frequentes, para não dizer inexis- compras, gastar mais dinheiro
vidades comunitárias”.
tentes. Ela aborrecia-se porque em roupa ou sapatos que não ne- Conselho de Administração:
Seja como for, um interessante
ele deitava-se sempre tarde, pas- cessitava, e quando se cansasse
número de membros como não
sando horas no computador. Ele, viria para casa. Tinham que falar, Presidente - Benjamim Moniz
se via há anos, manteve com
por si, detestava as horas que ela lá porque tinha um maior ordena- Vice-Presidente - Fernando
muito interesse o desenrolar dos
passava lendo ou escrevendo. do à sua disposição, não era pas- Pacheco
trabalhos, embora se denotasse
Mas qual é o casal que não tem saporte para gastar dinheiro mal Secretário - Manuel A. Pereira
por vezes muita confusão e de-
dificuldades de vez em quando? gasto ou sem a sua autorização. Tesoureiro - Emanuel Martins
sacordo com algumas decisões,
Ainda pensou que era uma parti- Bem, mas agora o que importava
como por exemplo a atribuição
da de mau gosto. Subiu as escadas era que viesse para casa. O que Administradores: Damião
de medalhas de mérito a asso-
de dois a dois degraus e revistou importava era que voltasse à re- Sousa, Maria de Jesus Andrade,
ciados ou a membros da comu-
o quarto de cama. O guarda-fato alidade. Voltou para o quarto de Alice Macedo, José D. Silva
nidade açoriana que se distin-
parecia intacto, a mala deles de cama. e Gabriel Perdigão
guem pessoalmente ou em prol
viagem encontrava-se no mesmo Desta vez despiu-se, abriu a cama
lugar, mas pressentiu um abando- e deitou-se debaixo dos lençóis
no, faltava algo naquele quarto, e cobertor, adorava o cheiro de
mas o quê? Deitou-se sobre a col- lençóis lavados e podia ver que
cha da cama, um rasto a sabonete, ela acabara de os mudar, e as-
roupa perfumada e suor, mistura- sim ficou muito quieto à escuta,
do com o cheiro característico de atentamente, esperando ouvir o
livros permeavam todo o espaço. barulho da chave na porta de en-
Levantou-se rápido, não fora ela trada avisando a chegada da sua
chegar a casa e encontrá-lo dei- mulher.
tado na cama do quarto que já

Onésimo Teotónio implicações teóricas (sobretudo


no domínio da ética) do paradig-
de Almeida lança ma darwinista que no universo
“De Marx a intelectual suplantou hoje o mar-
xismo como explicação última
Darwin” do mundo”.
Onésimo Teotónio de Almeida é
O escritor e professor da Univer- doutorado em filosofia pela Bro-
sidade de Brown, nos EUA, Oné- wn University (EUA).
simo Teotónio de Almeida, pro- Desempenha as funções de Pro-
cedeu ao lançamento da sua obra fessor Catedrático no Departa-
“De Marx a Darwin – a descon- mento de Estudos Portugueses e
fiança das ideologias”, em Ponta Brasileiros e no “Wayland Colle-
Delgada. A obra foi lançada a 18 gium for Liberal Learning”.
de Novembro, pelas 21h30, na Dedica grande parte da sua inves-
Biblioteca Pública e Arquivo de tigação ao problema da formação
Ponta Delgada. de mundividências, ideologias e
A apresentação estará a cargo de valores.
Gabriela Castro e Berta Miúdo. O professor e escritor é natural
De acordo com uma nota de im- do concelho da Ribeira Grande,
prensa da Bilioteca Pública, este designadamente do Pico da
livro “pretende apenas levantar Pedra.
questões, interrogar-nos sobre as in Acorean Oriental
COLABORAÇÃO 9

Do Tempo e dos Homens


Manuel Calado Ventos da História
for aprovado agora, como tudo a América desta posição de ser a pessoas idosas e não os cidadaos
parece indicar, eles provarão que nação maior, mais forte e mais mais novos e sobretudo as crian-
mbcalado@aol.com continuam retrógrados e insensí- rica, a única a opôr-se a uma lei ças. O mesmo Medicare a que

E
veis aos ventos da evolução e da humana de protecção da saúde sempre se opuseram com igual
sta nação de nações, que ao serviço do capital, alcunham história. dos seus habitantes. veemência em 1935 e 1965, e a
é o país onde vivemos, os adversários, como “socialistas Apenas um punhado de republi- E o mais caricato é vermos os última vez, no tempo de Clinton.
está envolvido numa e comunistas”, e têm chegado ao canos liberais, cônscios da sua que se opôem à lei do seguro O Partido do Não, continua a ig-
discussão fenomenal, cúmulo de comparar o presidente responsabilidade como cidadãos de saúde, a defenderem agora o norar os “Ventos da História.”
com fervor político-religioso. E Obama a Hitler ! compadecidos, humanos e cris- Medicare, a que sempre se opu-
este é o pior aspecto da questão. Todas as leis e programas de ca- tãos, seria necessário para salvar seram, mas que protege apenas as
No fundo, não deixa de ser uma rácter social, têm sido aprovados
luta entre ricos e pobres. Os ricos com dificuldade, pelos liberais.
desejam a todo o custo proteger Os direitos humanos dos negros e
os seus capitais, acumulados nos das mulheres, o direito de voto, o
bancos “offshore”. Tudo o que de- Seguro Social, o Medicare e Me-
sejam é um “pequeno governo” e dicaid, o salário mínimo e a pro-
baixos impostos. Porque o Gover- tecção dos trabalhadores, tudo
no, segundo dizem, é o “proble- tem sido obra dos liberais, tanto
ma, não a solução”. O chamado democratas como republicanos.
“partido dos pobres, dos pretos e Porque antigamente os democra-
das minorias”, deseja um gover- tas do sul, eram mais retrógrados
no humano, “mais cristão”,mais do que os republicanos do norte.
compassivo, em suma, mais ami- Mas actualmente, não há um só
go do “próximo”. Mas as gentes republicano que enfileire ao lado
da “massa”, aparentemente, não dos democratas, na aprovação
estão interessadas na sorte, na desta medida básica de protecção
vida ou nos problemas huma- da saúde do povo, uma coisa que
nos do tal “próximo” que estes existe em todos os países livres e
“cristãos novos” não reconhe- desenvolvidos do Universo. Neste
cem, como gente. E este pecado capítulo a America, que deu car-
vem já dos “cristãos velhos”, que tas ao mundo, está no fundo da
nunca reconheceram os direitos tabela, e com tristeza o dizemos.
das mulheres nem dos escravos, Graças aos democratas, os mais
que eles baptizavam, antes de os velhos, estão hoje protegidos pelo
mandar, como animais, para os Seguro Social e o Medicare. Mas
farms do Novo Mundo. os mais novos não estão. Um es-
Mas agora, benza-os Deus, estão tudo da Johns Hopkins Universi-
mais interessados no embrião ty, verificou que as crianças hos-
do que nas pessoas, que tratam pitalizadas, sem seguro, têm mais
como cidadão encartado, e es- 60 por cento de possibilidades de
quecem os embriões que a des- morrer, do que as protegidas pelo
graça, a pobreza e a droga trou- seguro de saúde. E calculou que
xeram ao mundo, e se perdem mil crianças morrem, anualmen-
por essas ruas, sem emprego, te, nos Estados Unidos, por falta
sem instrução, sem a compaixão de tratamento médico. Talvez
dos carinhosos cristãos, agora mil crianças salvas pelos amigos
aliados áqueles que não lhes re- do embrião.
conhecem o direito a um seguro
de saúde, e servem apenas para Está hoje provado que aqueles
encher as prisões. que se opunham ao Seguro So-
Estes carinhosos cristãos repu- cial em 1935, e ao Medicare, em
blicanos, estão gastando centenas 1965, estavam errados, e que os
de milhões de dólares, para sa- seus receios de que o país fosse
botar a aprovação de um sistema para o “socialismo” ou a ditadu-
de seguro de saúde, para todos ra, estavam tão errados como os
os habitantes desta terra e não cabeças falantes da rádio e TV,
apenas alguns. E os slogans que que hoje estão fazendo as mes-
usam, são os mesmos que vêm mas acusações parvas e irrespon-
usando há mais de um século a sáveis, como então.
esta parte. Os cabeças falantes E se a lei do seguro de saúde não

Falecimento • Josefina Mendes


Josefina Mendes faleceu no dia 23 de No- to Judeu, Ilha Terceira, João de Sousa Borges mandade da Senhora do Carmo e do Sagrado
vembro, em San José, California. Nasceu no casado com Zaneida, no Rio de Janeiro e dois Coração de Jesus. Colaborou na Cozinha de
dia 12 de Setembro de 1941 na freguesia do irmãos já falecidos António e Luís Sousa. Santa Isabel da Igreja Nacional Portuguesa
Porto Judeu, e residiu na freguesia da Fonte Sogra: Cristina Mendes, na Ilha Terceira. das Cinco Chagas.
do Bastardo, Ilha Terceira. Era viúva de José Cunhados: Teresa Mendes viúva de Aniceto
da Costa Borges Mendes. Mendes, em Stevinson, California, Manuel e Tribuna Portuguesa envia sentidas condolên-
Deixa a chorar a sua morte: Conceição Rocha, cias a toda a família Mendes.
Filhos: José Roberto Mendes casado com Jose e Inês Fagundes, Natália, viuva de José Paz à sua alma.
Orlanda Mendes, Goretti Shifman, casada Machado Fagundes, e Lina Mendes na Ilha
com Larry Shifman, e John Mendes em San Terceira.
José, e Richard Mendes casado com Diane Vários sobrinhos e sobrinhas - na California,
Mendes, em Hollister. no Rio de Janeiro, Terceira, e Portugal Con-
Netos: Crystal, Catrina, Nathan e Caitlin tinental.
Mendes, Sophia e Joseph Shifman. Vários primos e primas - na California, Ter-
Irmãos: Francisca Rocha, viúva de Francisco ceira e Canadá.
Rocha, em Lemoore, California, Maria dos Josefina Mendes pertencia às seguintes or-
Santos Aguiar, viúva de José Aguiar, do Por- ganizações: IES e POSSO de San José, Ir-
10 COLABORAÇÃO 1 de Dezembro de 2009

Passagem de Modelos no PAC

No passado dia 14 de Novembro o Portuguese Athletic Club, de San José, promoveu cocktail e vestidos de noiva.
uma noite de passagem de modelos onde foram apresentados vários modelos confeccio- Estão de parabéns a Direcção do PAC e Mafalda Vieira, proprietária da Mafalda’s Bri-
nados pela Mafalda Bridal Shop, de Gilroy. Puderam presenciar-se modelos de noite, dal Shop, pelo belissimo trabalho apresentado. Fotos de Mário Ribeiro

Memorandum Mirante da Fraternidade


João-Luís de Medeiros
jlmedeiros@aol.com

C
uriosamente (não acham?)... sobre a opinião pública das comunidades o que sentiram àcerca do conteúdo poéti- Meu caro: reconheço o meu parentesco
hoje não me apresento, aqui, açorianas, o orvalho perfumado da soli- co de (Re)verso da Palavra: escritores com poetas-navegadores das caravelas do
como comentador voluntário do dariedade artística. Face ao cenário opaco Daniel de Sá, Cristóvão de Aguiar, Eduar- imaginário, perdidos e achados nas encru-
quotidiano sócio-político da grei da finitude humana, subscrevo o decreto do Bettencourt Pinto; artistas e académi- zilhadas da nossa ancestralidade comum:
açor-lusitana. Sim, já passaram mais de 30 de que é perda de tempo repetir a velei- cos Francisco Fagundes, Irene Blayer,
anos: os leitores mais lúcidos descobriram dade palavrosa de que a Vida é injusta... Célia Cordeiro, J.M. Lopes de Araújo, somos navega(dores)...
que não sou “assalariado” político, porque O observador atento reconhece que, em- Dionísio DaCosta, os tradutores John M.
tive a sina de escapar ao imperativo da ne- bora muito longe de imitar o altruísmo das Kinsella (Inglês) e Leons Briedis (Latvia),
cessidade de ser colunista “pago à linha” formigas, o ser humano é ainda capaz de sem todavia mencionar os que optaram ... a dor olha a vida pela vidraça
(sem desprimor pela dignidade profissio- galgar os píncaros do heroísmo para “es- pela sua inviolável privacidade... que disfarça o perfil oculto das origens.
nal dos colegas que pensam e actuam di- ticar” o bem-estar da comunidade onde se Não podemos penetrar o arco-íris
ferentemente). insere. Adiante. Considero que o mais humilhante da alegria ou do sofrimento
Gostaria de sugerir aos prezados leitores Hoje, gostaria de merecer a vossa compa- destino para um livro seria transformá-lo sem conhecer o alfabeto do silêncio
desta coluna a fineza de me acompanha- nhia nesta aliciante subida ao Mirante da em “altar-ego” para sacramentar o perfil impresso nas páginas que o vento
rem numa jornada de gratidão, pelo ges- Fraternidade. Estou a pedir às palavras do respectivo autor: prefiro dizer que livros esconde no cofre-forte da memória...
to publicamente assumido pelo professor que sirvam de fio-condutor ao sentimento são pássaros em liberdade que transportam
Nuno A. Vieira – colunista de rara probi- do poeta: socorro-me da expressão pau- nas suas asas o mistério duma mensagem Poetas são alavancas de recurso
dade opinativa e pedagógica, e com pre- lina – “love seeks not its own interests”. “que é de todos e não é de ninguém”. na tormenta de quem vive a prazo
sença credenciada em vários orgãos da Atrevo-me a opinar que o autor de “Notas Repito: o cronista Nuno A. Vieira veio aga- com licença da morte a respirar angústias
diáspora lusófona (vidé crónica “Notas de de Rodapé” pertence à gesta dos idealistas salhar a nudez das (minhas) palavras com e promessas de pátrias celestiais...
Rodapé” - edição do PT 11/04/09, e tam- que proclamam “nem só da razão vive o o tecido emocional da verdade, prima-irmã poetas-emigrantes, visionários do ideal:
bém no Diário Insular, de Angra do Hero- homem”. Creio que não fui o único a re- da liberdade; depois, vem convidar o leitor navega(dores) nos mares do espanto
ísmo, Terceira). parar na sua humildade corajosa ao tentar a poisar o olhar na proposta seareira dos no duelo com o vendaval do bem e do
Como assentei praça na vida em meados associar o meu nome aos vocábulos “liber- meus poemas; finalmente, presenteia-me mal...
do século XX, creio não me ter atrasado dade e verdade”. Já sinto os ombros a late- com o cuidado de abrasar a lareira da soli-
no treino exigido aos que continuam con- jar com o peso da responsabilidade ética e dariedade cultural, com o carvão fresco da Imaginar!... Imaginar é navegar sem rumo
fiantes na benignidade humana. Tenho artística, resultante da generosa expectati- afectividade humana. Obrigado, amigo! na contra-corrente da existência
procurado não faltar às aulas da vida, onde va que o nosso “cronista-semeador” Nuno Gostaria de relembrar que os poemas co- com destinos à proa, na ânsia de chegar...
a alegria suada da aprendizagem faz parte A.Vieira espalhou nos canteiros da opinião leccionados nas páginas de (Re)verso da bem-vinda seja a gota do presente
da aventura resultante da convivialidade pública da nossa pacata comunidade. Palavra são pertença emocional dos seus caída no charco do tempo que nos resta:
entre mestres e discípulos... sem vénias leitores. A poesia não merece a tristura de (cada episódio passa por nós a correr
ao estandarte dos promotores do martírio Entretanto, venho “pela primeira vez” fa- ser encarcerada nas estantes repletas do aragem do Nada que a eternidade empres-
alheio. zer um breve parêntesis para recordar vazio decorativo, não raro envernizadas ta...)
Ora aconteceu que o conceituado cronista e agradecer, publicamente, os companhei- pela indiferença impenetrável das mordo- (inédito)
Nuno A. Vieira veio há dias aspergir, por ros que já vieram a terreiro expressar mias culturais. JLM
COLABORAÇÃO 11

Temas de Agropecuária
“Hilmar Ingredients” nomeada
Egídio Almeida
egidioisilda@charter.net Exportadora do Ano

H
ilmar Cheese Company foi uma
pioneira na Industria de produ-
tos da proteína do soro. Hilmar
Ingredients a divisão de produ-
tos derivados da proteína do soro e lactose,
do Hilmar Cheese, que foi criada em 2004,
foi recentemente nomeada exportadora do
ano 2009 pelo “U.S. Dairy Export Coun-
cil” e de “Dairy Foods Magazine.
Este prestigioso galardão que vem reco-
nhecer a chefia de “Hilmar Ingredients”
em aumentar a demanda global para pro-
dutos das proteínas do leite dos Estados
Unidos, veio no momento oportuno em
que a companhia está celebrando 25 anos
de existência.
Ainda mesmo quando “Hilmar Cheese”
tem estado na vanguarda da produção de
queijo na Califórnia, e agora mais recente-
mente em Texas, desde 1984, a companhia

I
embarcou numa nova jornada quando en-
viou o seu primeiro contentor de produtos
de lactose e soro do porto de Oakland, na nfelizmente enquanto produtores parece um pouco mais claro, mas uma
California para a distante China em 1994, de leite lutam com dificuldades fi- recuperação total, que esteja ao alcan-
explorando um novo e potencial mercado. nanceiras pelos altos custos de pro- ce de todos será longa e difícil, tudo
10 anos mais tarde quando a companhia dução, baixos preços recebidos, e a depende da capacidade dos produtores
começou a produzir mais produtos da lac- contínua inclinação do Departamento da em conseguir o controlo da produção
tose e do soro criou uma divisão separa- Agricultura da Califórnia, de favorecer os e mantê-la em linha com a demanda
da “Hilmar Ingredients” esta divisão hoje processadores, estes estão desfrutando al- do consumidor, e não a demanda do
exporta para mais de 40 Países por todo o tíssimos lucros ao ponto do departamento processador.Quando os inventários de
mundo. de Estado estar investigando, e judicial- produtos do leite aumentam nos arma-
As exportações de U.S. Dairy produtos mente processando esses com números zéns e frigoríficos nacionais e globais,
totalizaram mais de $3.83 biliões de dó- mais duvidosos. Algumas companhias os preços à produção são os primeiros,
lares em 2008, números que infelizmente tem alargado a tal ponto a sua capacidade e não raras veses os únicos a baixar.
não foi possível igualar em 2009 pela falta que podem dominar os mercados em larga
de demanda devido à crise financeira que escala sem dificuldade, e quem perde são photo courtesy of
afectou os mercados globais. os produtores. Para o futuro, o horizonte Hilmar Ingredientes

SJGI tem o prazer


de apresentar

Eduardo da
Silveira, M.D.
Diplomado em
Gastroenterologia.
Especialista em Doenças
do Fígado e do Aparelho
Digestivo.

O Dr. Eduardo da Silveira


fala múltiplas línguas
incluindo o Português,
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12 PATROCINADORES 1 de Dezembro de 2009
COLABORAÇÃO 13

Agua Viva Lancha Espalamaca: 



Por favor “afundem-me”
com DIGNIDADE
Filomena Rocha
filomenarocha@sbcglobal.net

... nem há nada nem


ninguém que escape à crise

D
epois de um fim-de-semana tradicionalmente
alargado, espero que tenha havido ao mesmo
tempo, a devida abundância deste maior fe-
riado dedicado ao Imigrante, nas mesas e nas
casas de cada um, nos albergues e nos lugares inóspitos
onde habitualmente os sem abrigo experimentam o ca-
lor de uma ceia, que neste país de eleição e abundante
de tudo, devia acontecer todos os dias, e não apenas uma
vez por ano. Demasiado bom para ser verdade, se pensar-
mos que já não há nada nem ninguém que escape à cri-
se dos nossos dias. Até mesmo alguns daqueles em cujo
prato foi outrora servido o melhor manjar, de uma forma
ou outra se vão ressentindo e começando a fazer contas à
vida, porque os tempos trazem mudanças e ainda que as
vontades sejam fortes, nem sempre é possível ultrapassá-
las, sobretudo para quem não estava habitudo a viver em
condições menores. “Os pobres são os pobres. Têm a sua Mesmo que se conseguissem 200 bro de 2009 durante a nossa visita ao Quaresma dizendo:
pobreza”, não secessitam que lhes digam em jornal e o
ou 300 mil euros para reconstruir a Pico. - Ó Senhor João, as janelas do lado
que é mais triste em boletim paroquial que são os “sem
eira nem beira”, porque eles já se acomodaram com o seu “ESPALAMACA”, o mesmo proble- O Homem do Pico é um Homem de de estibordo da cabina de proa da
viver; sonharam tão devagar que não chegaram a alcançar ma de hoje manter-se-ia no futuro. coragem, por isso confiamos na sua “Espalamaca”, estão a meter água e
outra realidade que a de ser feliz com o pouco que a vida O Pico e qualquer das suas organiza- justa decisão. os passageiros estão a queixar-se !
lhes deu, mas devemos respeitá-los na mesma. Nem ouvir ções não têm capacidade financeira Segundo nos conta Francisco Me- Ao que o Sr. João Quaresma respon-
dizer frazes como esta: uma casa assim, de dois milhões para manter esta lancha, até porque deiros, numa das viagens a lancha deu:
de dólares, é que nunca vais ter...” Subir pode ser tão fácil a sua operação seria um tanto ou “Espalamaca”, ao chegar debaixo de - Ó José, as janelas das lanchas, se
como descer, com a diferença de que para os que já nasce- quanto dispendiosa, porque ela só mau tempo ao Porto da Madalena, não metessem água, as carreiras
ram com a riqueza, será mais difícil enfrentar o infortú- serviria para excursões à volta das tendo como mestre José Medeiros, eram feitas com “Camionetas”.
nio, o sabor amargo dos dias sem pão e sem abrigo, sem o Ilhas do Triângulo, nos meses de este dirigiu-se ao Gerente Sr. João
aconchego das cobertas e das palavras em família. jose avila
Verão e pouco mais.
As notícias trazem acontecimentos todos os dias e deviam
Por isso, é com tristeza que propo-
fazer corar de vergonha os que governam os países, que
em vez de trabalho, educação, condições humanas essen- mos o seu afundamento com a digni-
ciais dadas ao homem para respeito e dignidade pessoal, dade devida a quem serviu as popu-
preferem eles mesmos tomar o avião e irem de passeio lações das nossas Ilhas em tempos
ao país visinho e até mais longe, fazer as compras para a bons e em tempos de muita trabuza-
estação seguinte, assim como abusarem do seu poder para na. Salvou vidas e cumpriu escrupu-
confiscarem os bens de cada um com burlas, corrupção e losamente a sua função.
toda a espécie de engano. É uma bofetada sem mão, um Em vez de a vermos a apodrecer e
atentado à boa vontade dos que com as suas parcas eco- um dia qualquer a arder, como já
nomias conseguem matar a fome a milhões de crianças a aconteceu no passado, melhor será
viver em bairros de lata, em guetos e em favelas em todo o que a afundemos a meio do Canal
mundo. Que lição de humanidade algumas pessoas ainda
entre os Ilhéus e a Vila da Madalena,
nos dão. Assim todos a tomassem como modelo.
Que engraçada, pitoresca e até romântica é a tradição de que conheceu como poucos.
salvar-se a vida de um perú todos os anos neste País, mas Sempre que passarmos no Canal a
a quantos condenados à morte inocentes terá sido dado o Espalamaca será recordada.
previlégio de uma noite em quarto presidencial de hotel Quem é que tem coragem para o fa-
e o resto da vida na Disneylândia? Que alguma coisa se zer? Ou será melhor vê-la como está
cumpra pelo Natal. Oxalá! na fotografia que tirámos em Setem- A Espalamaca no Porto da Madalena num dia de mau tempo

NOTA DO EDITOR - na nossa última edição faltou a


parte final do artigo da Filomena que agora reproduzimos.
As nossas desculpas.
“Uma Igreja, não é só o Templo de oração e reconcilia-
ção com Deus. A Igreja, que somos todos nós, é tam-
bém o Arquivo de uma civilização que criou raízes e
fez História, e por isso mesmo deve ser guardado como
relíquia sagrada e a que nem todos devem ter acesso
sem os devidos conhecimentos e de forma leviana. Por
agora, que a Festa se cumpra enquanto houver tempo
de festejar e que se prepare com a dignidade que mere-
ce o centenário, onde cada um possa levar até ao Altar
um pedaço da sua alegria, do seu trabalho e do seu
orgulho de continuar a ser Português, pelas coisas que
cada um realiza dentro e fora da casa que habita, seja
ela pequena ou do tamanho de um palácio”.

Oração
Espírito Santo, Vós que me esclareceis tudo, Vós que
me iluminais todos os caminhos para que eu atinja o
meu ideal, Vós que me dais o Dom Divino de perdoar
e esquecer o mal que me fazem, e que em todos os
instantes da minha vida estás comigo, eu quero, neste
curto diálogo, agradecer-vos por tudo, e, confirmar
mais uma vez, que nunca me quero separar de Vós, por
maior que seja a ilusão material, não haverá o míni-
mo de um dia sem estar convosco e todos os os meus
irmãos na glória perpétua.
Obrigado mais uma vez.

A pessoa deve fazer esta Oração três dias seguidos sem


dizer o pedido. 1600 Colorado Avenue
Dentro de três dias será alcançada a graça por mais
difícil que seja.
Turlock, CA 95382
Publicar assim que receber a graça. I.A. Telefone 209-634-9069
14 FESTAS 1 de Dezembro de 2009
PATROCINADORES 15
M
16 FESTIVAL MUSICAL 1 de Dezembro de 2009

6° festival das filarmónicas portuguesas da california • TUlare

Um Successo usical
No dia 14, de Novembro, de 2009, realizou-se na cidade de Tulare o 6° Festival das Filar-
mónicas Portuguesas da California, promovido pela Filarmónica Portuguesa de Tulare.
Na Sexta-feira, a partir das 7 horas da noite, houve convívio entre todos os músicos e fami-
liares que chegaram de véspera para o Festival. O Sábado começou com a apresentação de
cada Filarmónica presente, num total de 14.
O mestre de cerimónias, Professor Diniz Borges, fez a apresentação de cada uma, que em
conjunto tocaram os hinos Americano e Português. Estiveram presentes o Presidente da
Câmara de Tulare, Superintendente do Condado de Tulare, Representante do Distrito de
Tulare e o Reverendo Padre Raul Marta.
Foi um dia muito bem organizado, e a Direcção da Filarmónica de Tulare está de parabéns
pelo belíssimo trabalho efectuado neste festival.
O próximo terá lugar na Cidade de San Diego.
Texto e fotos de David Borges

Padre Raul Marta abençoando as Filarmónicas presentes em Tulare


AÇORES 17

uma pérola da Terceira

Igreja de São Sebastião foi construída pelos primeiros povoado-


res da Ilha Terceira nos finais do século XV e reconstruída no século XVI.
Na sua fachada, destaque para o portal ogival assentes em colunelos
de capitéis lavrados com ornamentação vegetal. Interior de três naves
com admirável conjunto de pinturas a fresco, representando São Mar-
tinho, Santa Bárbara, a aparição de Jesus a Madalena, São Sebastião,
São Joaquim e Santa Ana, o Juízo Final e São Miguel Arcanjo. Trata-se
da única pintura a fresco existente nos Açores que está a colocar no
terreno novas metodologias de limpeza e conservação do valioso pa-
trimónio religioso Na sacristia, destaque para um lavabo de cantaria
lavrada, um armário de madeira brasileira e três painéis pintados sobre
tábua representando passos da vida do Mártir S. Sebastião. Encontra-
se classificada como Imóvel de Interesse Público.

in guiaturistico fotos de jose avila


18 COMUNIDADE 1 de Dezembro de 2009

Fundação Portuguesa de Educação Bolsas de Estudo

Salão de Nossa Senhora da Assunção - festa de entrega de bolsas de estudo e reconhecimento a várias entidades que marcam a diferença na nossa Comunidade.

Michael Lopes foi um dos 55 estudantes que receberam Bolsas de Estudo. A Educadora do Ano - Maria Freitas
COMUNIDADE 19

Mesa de Honra - Melissa e Filipe Lima (Vice-Presidente), António Costa Moura


(Cônsul-Geral de Portugal), Sérgio Pereira (Presidente), Padre Manuel Sousa (Pastor da
Maria Hortênsia apresentou os Empresários do Ano no Ramo da Agro- Igreja de Nossa Senhora da Assunção), Teresa Dias (Directora)
Pecuária - Irmãos Martins, de Hilmar - José Manuel, António Luís e George Martins.

Filipe Lima, Vice-Presidente da Fundação apresentou o Empresário do Ano:


Manuel Pires (ao centro), rodeado por Sérgio Pereira, Steve Nascimento (represen-
tando Congressman Dennis Cardoza), Kurt Vander Weide (rep. Congressman George
Radanovich) e Landon Whithey (em representação do Assemblyman Bill Berryhill)

Alunos do Ano - Luís e Rute Teixeira - marido e mulher, e ambos médico dentistas
com Clínica em Turlock. Apresentação feita pelo colega e amigo Jorge Duarte

Manuel E Vieira apresentou o Cidadão do Ano - Monsenhor Ivo Rocha, tendo a seu
lado o Presidente da Fundação, Sérgio Pereira
20 COLABORAÇÃO 1 de Dezembro de 2009

nem toureou...
Ao Sabor do Vento
José Raposo Nem viu vacas,
raposo5@comcast.net

E
nchi-me de coragem e vou es- esses rapazes, na minha opinião, estão en- ganadarias Portuguesas aqui do Vale. Um
crever sobre um assunto do qual tre os mais corajosos. dos touros, eu não vi, mas me disseram
percebo pouco: touros. Não sou perdido por touros, mas quando que era um bonito animal, que deveria pe-
Esses animais que passam uns vejo uma tourada aprecio a habilidade dos sar mais ou menos mil e trezentas libras,
três ou quatro anos a serem bem tratados, toureiros, as manobras de um bom cavalo que foi transportado para Las Vegas como
a comer da melhor palha e outras coisas e a força que tem um animal como o touro. os touros são transportados e não nessas
que compõem a sua alimentação, levam Quanto à sua inteligência, diz-me um ami- “motorhomes” de luxo, com boas camas e
uma vida de descanso para depois terem, go que é toureiro, que o touro é muito in- com comidas e bebidas à descrição. O tou-
na opinião de alguns, uns minutos de gló- teligente e aprende os movimentos do tou- ro chegou a Las Vegas e não foi corrido na
ria numa arena a serem espicaçados pelas reiro muito rápidamente. Talvez seja essa ria em Califórnia foi levado para o México praça. É provável que alguém ao chegar a
farpas. Será isso glória? Não sei. Mas, de uma das razões porque é morto depois de para ser toureado e, como é sabido, no Mé- este ponto do meu artigo pergunte:
qualquer forma, a arte tauromáquica existe ser corrido, acabando-se assim a sua bra- xico matam os touros. No entanto parece -Esse chato do Raposo por que não se
e existem os que gostam e os toureiros que vura e nobreza que tantas vezes mostra na que esse touro portou-se tão bem na praça cala?
se metem na frente de um touro de cornos praça. De qualquer forma eu não me que- que lhe perdoaram a morte. Não entendo Bem a razão é simples: por que se leva um
bem afiados e os cavaleiros que bem mon- ro ver à frente de um touro, quer ele seja muito disto, mas deve ter sido uma honra touro para Las Vegas, não é corrido e não
tados nos seus cavalos são por vezes um inteligente ou não. Quanto a nomes como para o ganadeiro e talvez um sofrimento se dá explicação? Será que o touro não

M
espectáculo digno de se ver. a muleta, o capote e mais não sei o quê, o mais prolongado para o touro. prestava ou os toureiros tiveram medo?
E os forcados? Para eles, então, como diz amigo Zé já me tentou explicar essa coisa as essas coisas são como Vai o pobre do bicho por aí abaixo aos
o Zé, tiro o meu chapéu. E nesse caso eu toda e eu cada vez percebo menos. são. Contaram-me também trambolhões e volta da mesma maneira.
tiro o meu chapéu e faço a minha vénia a Segundo me contaram, a última vez que eu que houve uma tourada em Nem foi ao casino, nem viu vacas, nem
todos: os bons e os menos bons, pois que fui ao vale, um touro aqui de uma ganada- Las Vegas, com touros de toureou.

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COLABORAÇÃO 21

Sabor Tropical
Decepção
Elen de Moraes
elendemoraes_rj@globo.com
Antes só que mal acompanhado

D
e todos os sentimentos que perderam no tempo diante da própria mo- Como disse Vinicius de Moraes “A gente de não ouvir jamais um “eu te amo”, um
navegam os oceanos das nos- dernidade – nos levam a conflitos existen- não faz amigos, reconhece-os”, entretan- “muito obrigado/a” ou tampouco um pedi-
sas emoções, a decepção cer- ciais, visto que somos sujeitos morais e éti- to isso só acontece quando as desilusões do de “perdão” e as pessoas que agem as-
tamente é o mais doloroso, o cos, embora até os indivíduos de formação nos revelam todos os tipos de amizade e sim, quando a relação acaba, além de não
mais devastador, porque envolve pessoas e educação mais elevadas, num momento aí, sim, estaremos aptos a reconhecer os se sentirem culpadas, jogam a responsabi-
nas quais investíamos confiança, esperan- de frustração, agridem pessoas e coisas, verdadeiros amigos. lidade no outro e ainda saem da história
ça e projetos edificados em cima de sonhos de forma vil, donde posturas ético-mo- E, finalmente, a mais freqüente e temida como super-vítimas.
que pretendíamos realizar, mas que em de- rais perdem seus significados intrínsecos decepção: a amorosa! Esta, dependendo Todos nós precisamos de carinho, atenção,
terminado momento se dissolveram como à convivência e conveniência social e se da nossa auto-estima, pode ir do estágio aceitação, amor, admiração e reconhe-
fumaça. percebe, claramente, que embora se tente “muito brando” até chegar a níveis insu- cimento e se a pessoa amada não supre
A decepção é tanto maior quantos forem uma postura retilínea (persona), adquirida portáveis. Quando entramos numa relação nossas necessidades emocionais, não nos
os investimentos feitos, seja em relação ao no convívio da família, da sociedade, na de intensa paixão não conseguimos en- valoriza, não nos abraça nos momentos de
amor, à amizade, à família, ao emprego, política, na religião, na cultura, questões xergar os defeitos do outro e se os vemos, dor, não nos estimula com os nossos dons,
etc. e o que mais nos desalenta, o que nos exteriores levam pessoas a se agredirem, achamos que teremos o poder de mudá-los, não nos estende as mãos nos despenhadei-
tira o chão, é saber que depois de uma de- mostrando realmente o que são e como são com o tempo. A princípio até se consegue, ros da vida, não nos beija a boca na hora
cepção nada será como antes. Ela marca (sombra)”. E continua: “Submetido a uma mas quando a “obsessão” vai se acalman- do sexo, etc., então estamos numa relação
o fim e quando algo se exaure deixa em ampla diversidade cultural, os indivíduos do, os defeitos emergem e começam os moribunda, que se estertora a cada novo
seu lugar a dor, a incerteza, a mágoa e o contemporâneos enfrentam uma grave cri- desentendimentos e as cobranças. E se a desentendimento, a cada decepção. E ou
desânimo, portanto é o divisor entre o so- se existencial, que os levam às decepções, pessoa que amamos tem no seu histórico se parte para reconstruí-la, amorosamente,
nho e o pesadelo, a fé e a desesperança, a tentando entender a sua identidade em “o defeito” de trair, ilusão pensar que vai ou se põe em prática o dito popular “antes
alegria que se aguardava e a tristeza que se meio à profunda dúvida e angústia exis- mudar. E pior do que essa decepção, é a só do que mal acompanhado”.
fez presente. tencial manifestada no conflito freqüente
Sabemos que o caminho mais curto para a entre os níveis do ser: o que sou; o que
decepção é criarmos expectativas em tor- penso que sou; o que os outros dizem que
no de alguém ou de alguma coisa e quando sou; o que eu gostaria de ser e o que os
a decepção se materializa no seio familiar, outros gostariam que eu fosse. Não sendo
a pergunta é a mesma: aonde foi que eu nada especificamente, o homem termina
errei? Talvez não nos decepcionássemos sendo tudo em potência e um nada exis-
tanto se demasiadas esperanças não co- tente”.
locássemos em realizações sobre as quais Quando a decepção nos atinge através de
não temos controle. Óbvio que queremos um amigo, então, dói muito mais cons-
o melhor para os nossos familiares, po- tatarmos a nossa ingênua credulidade
rém esse conceito de melhor e pior, bom e diante do muito que esperávamos da-
ruim, certo e errado, é nosso. São valores quela relação, do que propriamente o mal
criados e rotulados por nós, no entanto, que ela nos tenha causado. Só o tempo,
nem sempre as outras pessoas vêem o que a convivência e os desenganos nos ensi-
vemos pelo mesmo prisma. Nem sempre o nam o significado de ter e ser amigo. Tem
que desejamos são os seus desejos e daí, gente que se faz de amigo porque não lhe
pelo convívio, pela proximidade familiar, convém aquela pessoa como inimiga;
há o perigo da linha que separa a decepção outros, porque necessitam que seus se-
das agressões verbais e físicas, tornar-se gredos continuem bem guardados e ou-
tênue demais. tros, ainda, por alguma vantagem social
Segundo a poetisa e psicanalista brasilei- ou material. Esses tipos de amigos não
ra Reinadi Sampaio, as pessoas se decep- merecem a nossa eterna mágoa, porque
cionam porque esperam demais do outro não se respeitam. Prefiro ter um inimigo
e explica: “Determinados valores que se que eu admire do que ter um falso amigo.
22 DESPORTO 1 de Dezembro de 2009

Liga Portuguesa de Futebol


Porto vence; Sporting continua a 11 pontos

F.C. Porto-Rio Ave, 2-1 caseiro frente ao Leixões, 1-1, em jogo da Coimbra. E, desta vez, por números con-
11ª jornada da Liga. cludentes.
O F.C. Porto tirou máximo proveito da Os golos só surgiu na segunda parte. O V. Setúbal foi despachado por claros
«escorregadela» do Benfica no Estádio William inaugurou o marcador, aos 51 3-0 e ultrapassado na classificação pelo
de Alvalade com uma difícil vitória sobre minutos. Maykon surgiu no corredor adversário deste domingo. Manuel Fer-
o Rio Ave (2-1) no Estádio do Dragão, re- central e isolou Roncatto na área. Este nandes tem mesmo muito a fazer no Bon-
duzindo a diferença para o líder para três cruzou rasteiro para um desvio fácil de fim.
pontos. William, em zona de finalização. Sougou apontou dois golos (21 e 68 minu-
A equipa de Jesualdo Ferreira ganhou O empate chegou vinte minutos depois. tos, este de g.p.) e William Tiero também
vantagem aos 23 minutos, numa inicia- Jean Sony fez uma entrada desastrada fez o gosto ao pé na marcação de um livre
tiva individual de Hulk, mas a equipa de sobre Cristiano, dentro da área. Bruno directo (49).
Carlos Brito empatou dois minutos de- Paixão apontou para a marca de grande A Académica tem agora dez pontos e o V.
pois com uma cabeçada de João Tomás. penalidade. Hugo Morais fez a cobrança. Setúbal apenas oito.
A oito minutos do final, Farias e Varela,
que entraram na segunda parte, construí-
ram o golo da vitória.
O F.C. Porto passa a contar com 23 pon-
tos, menos três do que o Benfica e menos
dois do que o Sp. Braga que só joga esta
segunda-feira com o U. Leiria.

Sporting-Benfica, 0-0
Acabou empatado a zero o derby de Alva-
lade. Sporting e Benfica foram incapazes
de fazer funcionar o marcador e levam
um ponto cada.
Desta forma, os leões continuam a 11
pontos dos rivais da Luz: 15 para 26. A
partida, principalmente na segunda par-
te, foi bastante movimentada e ambos
os conjuntos tiveram boas ocasiões para
marcar.
Infelizmente, o duelo entre leões e águias
terminou como começou. O público que Nacional-Naval, 1-1 Belenenses-Marítimo, 2-2
preencheu as coloridas bancadas de Al-
valade foi para casa sem celebrar qual- A Naval 1º de Maio garantiu um ponto no O Belenenses desperdiçou uma oportuni-
quer golo. reduto do Nacional da Madeira (1-1), em dade soberana para somar a sua segun-
encontro referente à 11ª jornada da Liga da vitória na Liga ao ceder um empate
Olhanense-V. Guimarães, 0-2 2009/10. Camora marcou o primeiro golo diante do Marítimo (2-2), em jogo da 11ª
da partida, pouco antes do intervalo, mas jornada da Liga, depois de ter estado a
O Vitória de Guimarães deslocou-se a Mateus viria a restabelecer a igualdade. vencer por 2-0.
Olhão, na jornada 11 da Liga, e venceu Manuel Machado não orientou a equipa Um enorme balde de água fria para João
por 2-0. Os algarvios continuam sem insular, devido a internamento hospita- Carlos Pereira. A equipa do Restelo ga-
vencer desde a quarta jornada do campe- lar. A Naval apostou no contra-ataque e nhou vantagem aos 55 minutos, na trans-
onato, enquanto os minhotos confirmam conseguiu violar a baliza de Bracalli ao formação de uma grande penalidade,
o bom momento, após vitórias sobre Sp. minuto 44. convertida por Lima, num lance que di-
Braga, na Liga, e Benfica, na Taça de Os homens da casa, numa tarde pouco tou a expulsão de Peçanha, e aumentou-a,
Portugal. inspirada, não reagiram da melhor for- aos 69, na sequência de um rápido contra-
Nuno Assis abriu o marcador aos 21 mi- ma mas lograram evitar a derrota, com ataque do mesmo Lima.
nutos, de cabeça. O médio do Vitória ain- 91 minutos de jogo, na sequência de um Quando parecia que os «azuis» tinham
da desperdiçou uma grande penalidade, remate rasteiro de Mateus. garantido os três pontos, os madeirenses,
bem defendida por Ventura. Na segunda reduzidos a dez, carregaram e, em pou-
parte, porém, Targino fez o segundo golo Académica-V. Setúbal, 3-0 cos minutos, conseguiram o empate com
dos vimaranenses e sentenciou a partida. um «bis de Manú (78 e 88m). Já em tem-
A Académica não quer largar o estado de po de compensação, Lima voltou a surgir
P. Ferreira-Leixões, 1-1 graça proporcionado pelo efeito-Villas destacado, mas atirou ao lado.
Boas. Os estudantes somaram a segunda
O Paços de Ferreira concedeu um empate vitória desde que o novo técnico chegou a In maisfutebol

Bola de Ouro 2009 EURO 2012 - Portugal é cabeça de série


O português Cristiano Ronaldo (Man. argentino Messi. Portugal é um dos nove cabeças-de- sificados dos respectivos agrupamentos
U e Real Madrid) e o argentino Lionel O troféu foi conquistado pelos portugue- série no sorteio da fase de qualificação apuram-se directamente para a fase final.
Messi (FC Barcelona) surgem hoje na ses Eusébio (1965), Luís Figo (2000) e para o UEFA EURO 2012™, a decorrer Os restantes oito segundos classificados
lista dos 10 finalistas do troféu Bola de Cristiano Ronaldo (2008). em Varsóvia, na Polónia, no dia 7 de Fe- disputam uma ronda de “play-off” em
Ouro, na qual não consta o nome do vereiro de 2010. Novembro de 2011.
espanhol Fernando Torres (Liverpool). Lista dos 10 finalistas da Bola de Ouro Procedimentos do sorteio
A lista, apresentada por ordem alfabéti- 2009: Serão formados nove grupos, seis de seis Potes do sorteio
ca, foi divulgada pelo programa Téléfoot equipas e três de cinco, de onde sairão os
da cadeia de televisão francesa TF1 e Didier Drogba, Costa do Marfim (Chel- 14 finalistas que se juntarão à Polónia e Pote 1: Espanha (campeã), Alemanha,
Ucrânia, co-anfitriões do torneio. Os po- Holanda, Itália, Inglaterra, Croácia,
o vencedor do troféu será conhecido na sea).
tes são formados com base no sistema de Portugal, França, Rússia
edição de terça-feira, 01 de Dezembro, Samuel Eto’o, Camarões (FC Barcelona
coeficientes de “ranking” da UEFA, fina- Pote 2: Grécia, República Checa, Sué-
do France Football. e Inter Milão). lizado após o final do apuramento para cia, Suíça, Sérvia, Turquia, Dinamarca,
A ausência de “El Nino”, autor do golo Steven Gerrard, Inglaterra (Liverpool). o Campeonato do Mundo, sendo a Espa- Eslováquia, Roménia
que valeu à Espanha a conquista do Zlatan Ibrahimovic, Suécia (Inter Milan nha, campeã europeia, automaticamente Pote 3: Israel, Bulgária, Finlândia,
Euro2008, é a maior surpresa da lista e FC Barcelona). cabeça-de-série. Todos os grupos irão Noruega, República da Irlanda, Escó-
dos finalistas. Torres tem sido afectado Andres Iniesta, Espanha (FC Barcelona). incluir uma nação de cada um dos cinco cia, Irlanda do Norte, Áustria, Bósnia-
por problemas físicos e o Liverpool foi Kaka, Bras (AC Milan e Real Madrid). potes, ao passo que seis grupos irão in- Herzegovina
eliminado prematuramente da fase de Lionel Messi, Argentina (FC Barcelona). cluir ainda uma selecção do Pote 6. Pote 4: Eslovénia, Letónia, Hungria,
grupos da Liga dos Campeões. Cristiano Ronaldo, PORTUGAL (Man- Fase de qualificação Lituânia, Bielorrússia, Bélgica, País de
Lionel Messi é agora apontado como chester United e Real Madrid). As equipas de todos os grupos defron- Gales, República da Macedónia, Chipre
favorito à sucessão de Cristiano Ronaldo Wayne Rooney, Inglaterra (Manchester tam-se entre si, em casa e fora, e as Pote 5: Montenegro, Albânia, Estónia,
na lista dos vencedores do troféu, apesar jornadas serão marcadas consoante o Geórgia, Moldávia, Islândia, Arménia,
United).
do português também estar no “top-10”. calendário internacional de jogos, entre Cazaquistão, Liechtenstein
Xavi, Espanha (FC Barcelona). Setembro de 2010 e Outubro de 2011. Os Pote 6: Azerbaijão, Luxemburgo, Malta,
O FC Barcelona é o clube mais represen-
tado na lista de 10 finalista com quatro nove vencedores e os segundos classifi- Ilhas Faroé, Andorra, San Marino
jogadores: o sueco Zlatan Ibrahimovic, cados com melhores resultados contra os
os espanhóis Andres Iniesta e Xavi e o Sapo Desporto c/Lusa primeiro, terceiro, quarto e quinto clas- uefa.co
PATROCINADORES 23
24 TAUROMAQUIA 1 de Dezembro de 2009

Novo Livro sobre Forcados Quarto Tércio


José Ávila
Teve lugar no Campo Pequeno, em dedica cinco páginas ao historial de nados, em termos de cor, perfume
Lisboa, a 28 de Novembro de 2009, cada um dos 45 grupos de forcados e sabor da Festa Brava, ocorreu na josebavila@gmail.com
a apresentação do Livro “Forcados: em Portugal, uma dezena de grupos E.R.A de Évora aos treze anos, onde
Os Últimos Românticos da Festa!”, do México e aos 4 grupos da Cali- encontrou um ambiente fascinante
da autoria de Eurico Goncalves fórnia, incluindo também listagens no qual conviviam ganaderos, cava-
Tiro o meu
Lampreia. nominativas de todos os pratican- leiros tauromáquicos e forcados, que chapéu a Eurico
A festa de apresentação deste impor- tes da “classe”, desde os primórdios constituiam a base de recrutamento Lampreia pela publi-
tante livro contou com a presença de (1836) até à actualidade. dos grupos mais antigos e concen- cação de um livro tão
um painel de seis Oradores; O programa incluíu, projecção em trados, em cujo estabelecimento de importante como este
- De de um Júri constituído por oito ecrã gigante das 800 fotografias, em ensino teve oportunidade de privar sobre os Forcados de
personalidades. “slide-show”, ao longo do evento de com alguns dos maiores valores da todo o mundo.
- Uma Poetisa que irá declarar os po- apresentação do livro. forcadagem.
emas constantes do livro. Este facto originou que em 1970 in- Mesmo com a
- Atribuição de 92 distinções de Sobre o Autor: gressasse no G.F.A. de Lisboa onde temporada quase
Honra às Individualidades que mais permaneceu até 1980, ao serviço hibernada, há sempre excepções - já houve uma ferra
se destacaram ao serviço da festa do qual pegou 192 toiros, dos quais em Madera, nos campos do Ganadero Manuel Correia,
nos mais diversos sectores de acti- nove foram em pontas e doze sózi- um homem que não consegue estar longe dos toiros por
vidade. nho na arena, de que resultou a con- muito tempo. Também este fim de semana houve uma
- Existência de uma rubrica deno- quista de 24 troféus, através de uma importante tenta na ganadaria de Joe Rocha, em Turlock.
minada de “Êxitos vs Tragédias”, inescedível entrega à causa de pegar Mais um sinal de que mesmo quase hibernada a tem-
visando homenagear os quinze ele- toiros por amor à arte, assente num porada sempre mexe em alguns lugares. É sempre bom
mentos que perderam a vida no de- espírito de puro amadorismo de cujo pensar no futuro.
sempenho da actividade na arena conceito resulta a conotação: Na nossa próxima edição apresentaremos uma reporta-
(a titulo póstumo) e os que ficaram “dos últimos românticos da festa gem fotográfica dos dois eventos.
inutilizados para sempre. brava!”.
- Actuação de duas Sociedades Fi-
larmónicas. Eurico Gonçalves Lampreia, nas-
Fico com o meu chapéu no ar, preparado
para o atirar até à Lua, quando tiver a certeza que o Pico
- Actuação de Vários Fadistas e Gui- ceu no concelho de Mértola a 13 Um grupo de aficionados e forcados
dos Padres irá renascer e tornar-se um dos centros tauri-
tarristas. de Fevereirode 1952, frequentou o estão a pensar convidar o autor para
nos mais importantes da California como sempre foi no
- A previsão de presenças foi de Liceu Nacional Diogo Gouveia, em apresentar o seu livro no princípio
passado. Tudo está nas mãos do Ganadero Manuel Sousa
6500 aficionados para o que contri- Beja entre 1964/64, posteriormente da temporada de 2010.
Júnior. Que os Anjos e Arcanjos e mesmo o Menino
buem os seguintes factos: ingressou nas Escolas de Regentes Agradece-se desde já a todos a sua
Jesus o ajudem a decidir WISELY.
a) Convite dirigido a todos os forca- Agrícolas de Évora, tendo-se licen- preciosa ajuda.
dos que vestiram a jaqueta em repre- ciado em Engenharia Técnica Agrá- Possívelmente a sessão de apresen-
sentação dos seus grupos (Portugal ria em 1973. tação do livro acabará com um es- Para todos aqueles que irão ter responsabilidades
– México – Califórnia(USA) ). Cumpriu o Serviço Militar em Tavi- pectáculo de Fados. na contratação de cartéis e ganadarias, seria bom que
ra entre 1973/75. Quando soubermos mais pormeno- começassem a pensar a tempo e horas, quais são os seus
b) O livro menciona as vinte e seis Em 1976 iniciou a actividade profis- res desta importante apresentação objectivos, os seus orçamentos e o que gostavam de
Dinastias de Forcados (famílias) sional na Zona Agrária de Alcácer de um livro que nos conta a vida oferecer ao público aficionado.
mais expressivas de Portugal, à mé- do Sal, tendo transitado posterior- de todos os grupos de Forcados de Não deixem para amanhã o que se pode fazer hoje.
dia de dez/Dinastia mente para a D. I. Veterinária des- Portugal, Mexico e America, infor- Um conselho - por favor nao contratem sempre os mes-
c) Contém o Historial dos quarenta ta localidade, onde passou a residir maremos os nossos bons amigos afi- mos, inovem, façam coisas “out of the box”. Há tanto
e cinco Grupos de Forcados Portu- desde então. cionados. por onde escolher.
gueses, dos dez do México e quatro Em 1980 abandonou a função públi- Sejam diferentes, melhores. Sempre melhores!
da Califórnia. ca, tendo enveredado pela actividade Até lá, Felizes Festas e Boa Tempo-
d)Contém uma referência a todos empresarial, cuja iniciativa originou rada de 2010. Tiro o meu chapéu de coco à Tertúlia
os forcados que faleceram de morte a fundação da primeira empresa, a Tauromáquica Terceirense por ter sido galardoada pelo
natural. que se seguiram posteriormente ou- Jurado de Los Premios de la Associación Taurina
tras seis empresas, ao longo de vinte Parlamentaria com o Prémio “A la entidade de cá-
O livro é composto por aproxima- e três anos, em diferentes sectores racter público o privado que tanto a nivel nacional o
damente 800 páginas, ilustradas de actividade comercial. internacional haya destacado por su labor de pro-
com cerca de 800 fotografias, estru- Em 2006 reingressou na função pú- mócion e fomento de las actividades taurinas o de la
turadas em 37 capítulos, repartidos blica onde permaneceu enté 2008. potenciación de la Fiesta de los Toros”.
por dois volumes. A obra em causa, O primeiro contacto com os aficio- Parabéns da California.
PATROCINADORES 25
26 ARTES & LETRAS 1 de Dezembro de 2009

Liberdade e Verdade na Apenas


Duas
Poesia de João-Luís de Medeiros Palavras

Nuno A. Vieira Diniz Borges


d.borges@comcast.net

F
oi na Primavera deste ano de que já conhece de cor saudade.
2009, que em ambiente verda- as falas do meu sentir... Chegámos! Chegámos! Quem tem filhos tem (bons) cadilhos e o nosso
deiramente íntimo, se reuniram amigo Diniz aproveitou este provérbio tão po-
em Cambridge, no estado de quero quebrar as algemas Soldados, firme! Morrer, mas em
pular para estar junto de um deles alguns dias,
Massachusetts, três poetas açorianos, que adiam a verdade sentido!
e assim é da nossa escolha esta excelente apre-
para dialogar com uma audiência curio- trago na alma poemas (... e o silêncio a navegar lágrimas
ciação ao livro do nosso colaborador e
sa acerca do quando e do como da verve do livro da liberdade” do além-mar
e a espreitar o eco da crueldade penin- poeta, João-Luís de Medeiros, feita por Nuno
que os anima. Foram eles José Francisco
A terceira parte do livro (Re)Verso sular A. Vieira, que veio publicada no jornal “A
Costa, Cisaltina Martins, e João-Luís de
da Palavra intitula-se “Dor do Parto da que ensanguentou o dote das União” e no “Portuguese Times”.
Medeiros. Cada um leu poemas da sua
autoria com o cunho próprio de quem Liberdade” onde o autor explica que epopeias...)”
lhes deu o ser. Nenhum deles reivindi- “o eco da justiça está para além do Vale a pena ler com atenção.
cou mérito pessoal. Todos compartilha- grito”: O poeta dá-se conta de que as revolu-
ram a opinião de que a poesia é nascente ções têm consequências: Um abraço do
que corre em dia inesperado. “no cemitério da história há estátuas
O último livro que li foi (Re)Verso da erguidas “madre Autonomia no andor da história josé avila
Palavra de João-Luís de Medeiros – aos inventores da miséria escusada; sorrindo à revolução sem assustar
um livro de múltiplas vertentes, espa- são lengalengas à injustiça esculpidas ideias
ços, e idades. Assim, passarei a fazer por cinzéis da indiferença na pedra mas há aranhas assustadas pela
algumas observações ácerca deste livro lascada, mudança
publicado em 2007 pelo escritor-poeta lágrimas de mármore de mágoas a tecer no linho frágil das sapateias,
que desde há muito, do Rancho Mirage, antigas... telas de medo na aurora da esperança...”
na Califórnia, nos oferece uma análise
conscienciosa, sensível e erudita sobre romeiros afogados na tosse da má-sorte João-Luís de Medeiros, imigrante nos
variados problemas sócio-histórico- trazem espinhos na almofada do mito: Estados Unidos desde 1980, é conhece-
cultural-económico e políticos. Na tarde quem inventou a dor não merece a dor de todas as fases do drama que fre- João-Luís Medeiros, contabilista habituado à
dos três poetas, em Massachusetts, morte; quentemente acompanha o emigrante. medida matemática, escreve tanto em rima
João-Luís de Medeiros falou, em termos o perdão é irmão-gémeo do coração Conhece-lhe as lágrimas, a saudade, e como em verso livre. A sua poesia discorre numa
inequívocos, da sua atracção pelo belo contrito, as injustiças sociais, como se pode ver linguagem densa e fluida. Frequentemente con-
no ser humano, o belo da natureza, e o e o eco da justiça está para além do na quarta parte do seu livro, em “Sal- segue um efeito curioso ao incorporar, na sua
belo feminino. Em relação à mulher, grito...” mos da Distância”. No poema “Sucata composição poética, competências comunica-

A
escreveu: Humana” lê-se: tivas num contexto diferente do original. Por
guerra colonial coloca o es- exemplo, veja-se o uso que faz de termos grama-
“linda no seu enxoval / toda a noiva nos critor no emaranhado das “Quem são os donos dos danos huma- ticais no seguinte poema, intitulado “Operário
fascina: / - ó mulher partilhas do Tratado de nos? de Palavras”:
escultural / quem te fez bela menina? “ Tordesilhas e na fé perdida
nos cabos da Boa Esperança. Agora, em “...sonhei que a gramática da maldade
João-Luís de Medeiros, desde a meni- “Testamento Equatorial”, o poeta-com- Desconhece o verbo da fraternidade...
nice até à madureza dos anos, tem ar- batente dá nova ordem de comando ao
quivado “na memória do tempo” poe- navio transportador de tropas: lanças linguísticas de fala-padrão
mas de igualdade, liberdade e verdade navalha lusitana do sentimento
para todo e qualquer homem. Carregou “Meu caro Equador... fronteira mística ao latim bárbaro da nossa tradição
consigo este mandato, desde a terra aço- da coragem faz falta a língua do pensamento...
riana como estudante, através da antiga ordena à vertigem patriótica para mudar
colónia de Moçambique como militar, o rumo vénias verbais ao altar do discurso
e até à capital portuguesa como políti- da “nau-Niassa” da segunda metade de invejas inflamadas pela vaidade
co na Assembleia da República. Como do século vinte; ferro em brasa no dono da verdade
emigrante, nas duas costas extremas dos roda-lhe o leme triste em direcção a da língua da dúvida e do seu percurso
Estados Unidos, continua vigilante para Porto Alegre...”
que o ideal de liberdade de Jean Jacques tempos e verbos obedientes
Russeau se materialize em prol de to- Em terra moçambicana, o poeta sensibi- ao “mais-que-perfeito”entre os falantes
dos. liza-se com o mundo da criança, no seu trovas de amigos, juras de amantes
Em 1959, o jovem poeta, no auge da sua poema “Protesto”: sob o pálio gramatical dos crentes...
juventude, dá a seguinte folga às amar-
ras do silêncio: “pai-natal ocidental! Posso entrar? Já posso entrar? ...na língua imortal da saudade
milagreiro de brinquedos Pode. Já devia estar a trabalhar... há ausências magoadas de igualdade”.
“Mil gerações de ideias sepultaram nas árvores da escravidão... Afinal!... preciso ou não de licença
o pensamento dum adolescente: quando é que chega o natal p’ra viver...? Liberdade e verdade são presença assídua e
agora sou um simples descendente para os meninos-jesus Não! queremos apenas um corpo vesti- genuína na poesia de João-Luís
das ideias que outros já pensaram...” sem medicina nem pão? do: Medeiros – É ele quem afirma: “A liberdade
- aqui, o pensar é proibido... nunca é demais...”. Em poema
Em 1961, escreveu em “Mandamento” saldo infantil do destino dedicado ao padre Joe Ferreira (Moreno), o
poético: “Se andas de cabeça erguida/ e anjinhos sem firmamento “piece-work” – quebra braços à justiça; poeta escreve:
a Verdade tens por lema / transformaste com a fome sobre as mesas Dignidade desonrada não tem nome;”

A
a tua vida / num generoso poema.” Em e a doença a espreitar “tenho medo que o medo da verdade
Maio de 1974, quando ainda no piso das ... as velinhas sempre acesas temática da poesia de João- converta os valentões da mentira
ruas se viam as marcas dos cravos que para a morte nunca entrar” Luís Medeiros gira em torno ao evangelho das verdades-mentirosas”.
dariam início a uma nova caminhada, de tópicos de
João-Luís de Medeiros distribui, em De regresso da campanha colonial em conteúdo humano, como a
verso, “O Pão Fresco Da Liberdade”: Moçambique, o poeta-militar, ao chegar liberdade, a igualdade, e a justiça para
ao local de partida na terra lusíada, tes- todos. – Pão sobre a mesa, alfabetiza-
“avante! a multiplicação dos pães temunha em “Saldo Patriótico”: ção, assistência médica e integridade
já vai em marcha para a ceia fraternal política. Na sua poesia, a criança, a mu-
quero gritar ao silêncio do passado “Gaia à vista! Gaia à vista! lher, e o homem merecem consideração
o delírio magoado do verbo resistir a ponte Dom Luís é sentinela da individual.
COLABORAÇÃO 27

Do Vale à Montanha
Falando de Veterinária
Sergio Pereira
sergiopereiradvm@hotmail.com Redução de Custos
N
os tempos difíceis que ago- Use erva de teste médio com mais fibra ou “ketosis”, e vacas com valor relativo
ra passamos, todos procuram use palha para aumentar a fibra e melhorar baixo.
maneiras de diminuir custos. a digestão com a diminuição de custos .
Gostaria de passar algumas in- • Use o tratamento de pés quando tiver Neste momento devem prestar atenção ao
formações sobre como se podem diminuir mais animais e não de uma forma regular. conforto dos vossos animais, á ordenha em
alguns custos a breve prazo. Estas suges- Tenha em atenção que o uso de pessoal ex- condições adequadas, á alimentação dos
tões devem ser revistas aquando da melho- termo à leitaria aumenta os custos e este seus animais e ás condições de parição dos
ria das condições económicas. pessoal tende a usar sapatos e algumas seus animais. Fazendo as diversas tarefas
técnicas de uma forma desajustada e com de uma forma correcta e exigir isto dos
• Mude as injecções dos programas de custos elevados. Venda os animais man- seus trabalhadores é barato. Gaste tempo
Presynch/Ovsynch para serem iniciadas cos. (e não dinheiro) no treino, inspecção, qua-
aos 45 dias e tente inseminar as vacas após • Use companhias de trabalho dos campos lidade de trabalho e revisão.
as primeiras duas injecções de Prostaglan- especializadas que façam o trabalho por
dinas (Lutalyse, Prostamate, Estrumate), completo e assim evite a contratação de No próximo artigo darei algumas ideias de
assim poupará nas hormonas e nos tempos companhias diferentes com custos adicio- como reduzir os custos a nível de medica-
das inseminações programadas. nais. Se usa os seus trabalhadores para o mentos e de tratamentos médico-veteriná-
• Corte os custo do sémen, não usando sé- trabalho de campo, utilize estes também rios. Até lá, fiquem bem!.
men sexado e usando sémen de toiros no- para o maneio das camas, currais, jardina-
vos nos programas de inseminação. Tire gem, etc.
proveito dos descontos concedidos pelas • Evite o uso de tratamentos de silagem,
companhias de inseminação nestes toiros. estes tratamentos podem ser evitados
• Mude para uma pré-desinfecção à base quando os silhos são feitos com as condi-
de Cloro e uma pós-desinfecção à base ções de humidade e maturação adequadas.
de 1% de iodo. Faça pressão para que as Não devem desperdiçar a comida que pro-
companhias de químicos baixem os seus duzem na sua leitaria.
preços. • Use o potencial dos seus trabalhadores
• Elimine os banhos químicos de pés e ao máximo, evite a contratação de mão de
mantenham as linhas e currais limpos e obra extra. Evite a sobre carga dos orde-
secos. nhadores, estique o potencial dos trabalha-
• Reveja os seus protocolos de vacinação dores que não ordenham
com o seu veterinário, e se usa a vacina • VENDA, VENDA, VENDA os animais
Scour-Guard pode deixar de usar até que que não produzam adequadamente. Qual-
as condições económicas melhorem. quer vaca que produza menos do que 50
• Não use fertilizantes comerciais. Teste os libras, tenha uma gestação inferior a 100
solos e use o estrume. Processe ou venda o dias, e mais do que 150 dias de produção
estrume que resta. deve ser vendida. Venda as vacas com pro-
• Não compre erva com teste muito eleva- blemas crónicos, estas são: vacas magras
do (56-58 TDN). Esta é cara e pode causar e mancas, com mamites crónicos, vacas
falta de fibra na dieta dos seus animais. obesas com tendências de sindroma de

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28 ENGLISH SECTION 1 de Dezembro de 2009
ser v i ng t h e p o rtuguese – a m er i c an c o m m un i t i es s i n c e 1 9 7 9 • E N G L I S H S E C T IO N

Ideiafix
portuguese
Miguel Valle Ávila
miguelvalleavila@tribunaportuguesa.com

The Tale of the Crusts Exonome in Art


T I
he day before Thanksgiving, I went to our local chain n this presentation I will vigators who charted new routes and expressions of seedlings that
supermarket looking for graham cracker crusts to make explore aspects of identity, and remapped the world, led me have crossed the oceans, found
my mother’s condensed milk tart. I remember that golden roots and origins, place and geographically and symbolically new colors, new communities of
brown, silky smooth tasting tart coming out of our small displacement, crossings and across continents, space and time artists, were scattered all over my
oven on Avenida Infante Dom Henrique in the historic city of An- wanderings, new surroundings from Vila Franca do Campo in long voyage, redrawing the map
gra do Heroismo. It was a familiar aroma for our birthday celebra- and ever-changing reality and the Azores to California, via New of my identity as a painter.
tions and holiday dinners. how these experiences inform England. I’m part of a new gene- My work has been variously
As these crusts are common staples in our American superma- and transform the person and the ration of artists residing in Cali- described in terms of magic rea-
rkets, I was surprised — not to say, shocked — that this chain self and ultimately find artistic fornia where cultural diversity lism, expressionism in the Fauve
supermarket was out of stock on them. The employee asked if I
expression on the canvas. flourishes. We are the originators tradition, as having an “exotic,
wanted to do it the old fashioned way — by crushing the graham
Keeping in mind the wider con- of new topographies, paradigms, magical, surreal, magnetic exu-
crackers by hand to make the crust. Who? Me? Not if I can make
it the easy way! text and guiding theme of the symbols, a particular mode of ex- berance.”
So I drove to the local neighborhood market. They were also out project -- the aesthetical reflec- pression and being that reflect the For my part I strive to present
of the crusts. But not everything was lost. They had another ver- tion on contemporary Azorean significant cultural contributions the viewer with images that are
sion — the honey cracker crusts. I bought the two small crusts and artistic manifestations -- I will that immigrants have made in both familiar and alien, that eli-
depleted the market’s inventory. But these wouldn’t be sufficient nonetheless leave room for other this outpost state. Yet we are first cit a strong response and maybe a
for the large Thanksgiving gathering. intangibles pertaining to my and foremost artists and our first second take. And ultimately defy
I had not given up yet. craft. While recognizing and allegiance is to our calling and schools, labels and explanations.
And off I was to another chain supermarket. What a authentic asserting origins, one must be
zoo! It seemed that the world was ending and everyone was gra- careful not to neglect important
bbing their last supplies. After some misdirected steps, I finally influences and aspect’s of one’s
made it to the baking aisle. There, I observed a stack of large art in favor of background. That
graham cracker crusts. Was it possible? I blocked off the peri- could place artificial restrictions
phery, hoping that my arms would act like the yellow police tape on the artist’s vision.
in a crime scene. No touching, no grabbing, no sudden moves, or Exonome is a relatively new term
I’ll smack someone with a five which originated in an internet
pound bag of whole wheat flour. community and seeks to define/
I read and re-read the label on the describe an individual who has
first crust. It seemed to be what lived outside his/her homeland,
I needed. But there were four of original place, social group or
these crusts. There was a reason culture for an extended period
they were still there. Was it the
of time and “has adapted to the
wrong product? Expired? Retur-
new surroundings without losing
ned? Partially used?
As a Quality Assurance profes- awareness or characteristics of
sional, I looked for all evidence of his/her origins.” This adaptation
tampering, mislabeling, expi- does not mean one fully blends
ration dating, etc. Everything seemed normal. If I went through in with the new reality; yet one
all this trouble, I might as well buy the entire stack of crusts. I’m has changed enough to feel so-
Portuguese after all, and you never know when someone at the mewhat “foreign” in the place of
Joao de Brito
house might need another few graham cracker crusts. The scene origin. A full return is therefore
of pandemonium when I entered the supermarket came to mind. never possible. Having wandered I see myself as a wanderer, exo-
Was I doing exactly what those people were doing? Nuh… about and lived in many diffe- inner vision. nome in art.
rent places one can only return In my work I seek to understand I feel privileged to inhabit this
You can never have too many pie crusts in the house. The expi- as a new entity. One belongs to and incorporate roots through an nomadic space which allows me
ration dates are in late 2011, so no hurry to bake more condensed nowhere and everywhere. This identification with the land and to go beyond artificial cultural
milk tarts after Thanksgiving. suspended state, this nomadic the topographic islands of me- definitions/limitations and hope-
condition – exo (outside) + nome mory and emotion that I hope fully enter the realm of a primor-
(possible alter. of nomad) – is in will reach viewers on a visceral dial and universal reality.

Portuguese Tribune many ways an apt symbol or me-


taphor for the creative life. The
level. While I can plumb my own
personal story for subject matter By João de Brito
on Facebook
artist is a wayfarer, a nomad, a and ask myself what it means to
citizen of the world. This very be Portuguese American and an Text presented at the “Confe-
unsettling and unsettled state artist of Azorean origins, from rência Internacional—Reflexão
The Portuguese Tribune launched its page on Facebook on Novem- constitutes also paradoxically a the viewpoint on this other side sobre Mundividências da Aço-
ber 25, 2009 by sending a Thanksgiving greeting to all its fans on the privileged viewpoint from whi- of the world I’m also embracing rianidade” (REMA) on Novem-
world’s most used social network. ch to see anew, to recreate one’s the challenge to revive and trans- ber 19, 2009 at the Universidade
The first fan to join The Portuguese Tribune page was our subscriber world. form tradition, to question as- dos Açores in Ponta Delgada,
and author Rose Silva King of Modesto, CA. Like other Portuguese Ameri- sumptions and stereotypes and Azores.
The first event to be followed live on the Facebook page was the can artists, this journey, or sea reinvent roots. In my landscapes
soccer derby between Sporting Clube de Portugal and Sport Lisboa e voyage in the tradition of the na- and portraits you may detect hues
Benfica from Estádio José de Alvalade in Lisbon with the highlights
being shared live with The Portuguese Tribune fans. The final result
was Sporting 0, Benfica 0, Tribune 31.
The Portuguese Tribune can be found on Facebook by searching on
its name or by typing the following link:

www.facebook.com/pages/Portuguese-Tribu-
ne/199832355664
Follow The Portuguese Tribune on Facebook and
Twitter.

From left: Onésimo Teotónio de Almeida (Brown University, USA), Irene Blayer (Brock University, Canada),
Magda Costa Carvalho (moderator, Universidade dos Açores), António Machado Pires (Universidade dos
Açores), and João Brito (artist, USA). Photos courtesy of Emanuel Pacheco, Universidade dos Açores
ENGLISH SECTION 29

Macau celebrates 10 years as Special Administrative Region


The Macanese Community of California
celebrated last November 22 the 10th an-
niversary of the creation of the Special
Administrative Region of Macau with a
banquet and dance at the Asian Pearl Res-
taurant in Fremont, California.
Over 400 Macanese and guests attended
this historic event. Among the guests
were Gao Zhansheng, Consul General
of the Popular Republic of China in San
Francisco, Yang Shunfeng, Vice Consul,
Jiang WeiWei, Political and Press Office,
Al Merschen of the Macau Government
Tourist Office, Deolinda Adão, of the Por-
tuguese Study Program at the University
of California Berkeley, and Al Dutra, of
the Portuguese Historical Museum in San
Jose.
The musical band of maestro Leonel Se-
queira and renowned Macanese singer
Elsa Rosa Denton provided the entertain-
ment.
Macau was a Portuguese colony in Asia
for 450 years until it was transferred back
to China on December 20, 1999.
Text: Henrique Manhão
Photos: Nuno Prata da Cruz

About Macau
Macau lies on the western side of the Pearl River Delta, bordering Guangdong
province in the north and facing the South China Sea in the east and south. The terri-
tory has thriving industries such as textiles, electronics and toys, and a notable tourist
industry. This makes it one of the richest cities in the world.

Macau was both the first and last European colony in China. Portuguese traders
first settled in Macau in the 16th century and subsequently administered the region
until the handover on 20 December 1999. The Sino-Portuguese Joint Declaration and
the Basic Law of Macau stipulate that Macau operates with a high degree of autonomy
until at least 2049, fifty years after the transfer. Under the policy of “one country, two
systems”, the Central People’s Government is responsible for the territory’s defense
and foreign affairs, while Macau maintains its own legal system, police force, moneta-
Join us in bringing more content and even better qua- ry system, customs policy, immigration policy, and delegates to international organiza-
lity to the oldest Portuguese bilingual newspaper on tions and events.
the West Coast.
Source: Wikipedia
Subscribe TODAY for only $40/year!
30 ENGLISH SECTION 1 de Dezembro de 2009

The running of the bulls


California Chronicles
Ferreira Moreno

O
nce again, the Spanish and his patronage is invoked by
city of Pamplona held bathers, coopers, bakers and wi-
its centuries-old fes- ne-merchants. Furthermore, he
tival called Encierro, is considered to be the protector
better known in English as the against scurvy and shingles.
Running of the Bulls. The page- St. Firminus’ silver bedecked and
antry evolves annually from July dark—faced statue is on display
6 to July 14, with a day set aside on a chapel at the San Lorenzo
to honor St. Firminus, Pamplona’s parish church, from where it is
patron saint, equally esteemed as taken outdoors every year for a
San Firmin or San Fermin by the colorful procession on the streets
Spaniards. of Pamplona.
The succession of events achieved The nine-day, round-the-clock
great notoriety after the 1927 pu- festivities (singing, dancing and
blication of Ernest Hemingway’s drinking), also called Los San
novel The Sun Also Rises. The Firminos, start at noon on July 6
book was originally published with the sounds of church bells,
in Britain under the title FIES- and wind down with a candleli-
TA, by which it is still known in ght parade on the night of July
Spain. It became a major movie 14. Besides spectacular fireworks
in 1957, followed by another mo- and carnival features, there are
vie made for television in 1984. builfights every afternoon and, of
Presumably, the city of Pamplona course, the encierro or running of
derived its name from Pompey, a the bulls each morning. must not forget the risk of getting year in advance, but ten percent bullfighting in the town’s arena,
famous Roman general and sta- The encierro begins at 7 AM caught and gored by the bulls. In are reserved and sold at the bull- displays of the region’s lively folk
tesman, who established an out- with the launching of a chupiza- fact, serious injuries and even fa- ring each evening for the next dancing, and outdoor snacking

H
post in Spain in the year 75 BC, no (signal rocket) as a warning talities are not uncommon. day’s fights. on sardinhadas (grilled sardines),
and named it Pompeiopolis. to all participants. Seconds later, undreds of brave and/ The Running of the Bulls, which pork steaks and chicken.
Regarding 4th century St. Firmi- another rocket is launched signa- in Portuguese takes the name of
or foolhardy men run
nus, it is alleged that he was a na- ling the release of the bulls. If the Espera do Gado, is also an annu- Wearing a wide scarlet sash,
bulls (six in number) are not in a ahead of the bulls.
tive of Pamplona, who converted The runners sport the al tradition observed in Portugal, Tight breeches and white sto-
to the Catholic faith and went as a tight herd, a third rocket is fired, namely at Vila Franca de Xira, a ckings,
as a warning of the danger posed traditional costume of white shirt
missionary to Gaul, where he be- town situated on the west bank of The campino enters the fray
by a stray bull on a rampage. and pants, red beret, bandana and
came bishop of Amiens and was the River Tagus, 20 miles northe- On the fields of Vila Franca
Those bulls are accompanied by sash. Women are prohibited from ast of Lisbon.
martyred there. According to one
legend, he was killed by a bull, a small herd of calves and ste- participation, and those who at- During the first weekend of July When at a gallop he goes,
but another legend states he was ers to help keep them bunched tempt it are physically prevented. visitors flock to the site for the His whole being full of pride,
decapitated. up and therefore less dangerous. The Estafeta street leading to the Festival do Colete Encarnado, He is not troubled or tired
There are claims that his re- Once the bulls reach the Plaza de bullring is appropriately dubbed named after the scarlet waistcoat By the hottest sun in July
mains are kept at the Cathedral Toros (bullring), they are quickly Suicide Alley. worn by the mounted herdsmen
of Amiens, and that his relics can penned. At 6:30 PM the bullfights are held called the Campinos. The festivi-
be found at Pamplona. He is reve- The encierro lasts only a few in the Plaza de Toros. Tickets for ties include bull running and her-
red as patron saint of both cities, minutes. Despite all the fun, one the bullfights are sold almost a ding competitions in the streets,

Visita de alunos açorianos aos EUA


Um grupo de alunos de Mestra- pela Sata Internacional
do em Educação Pré-Escolar e e Governo Regional
Ensino do 1º Ciclo, do Departa- dos Açores, através
mento de Ciências da Educação da Direcção Regional
da Universidade dos Açores, das Comunidades e da
acompanhados da docente de Direcção Regional da
Metodologia de Ensino da Lín- Juventude.
gua Portuguesa, Graça Casta- No âmbito deste projec-
nho, encontra-se, presentemente, to, que visa divulgar as
nos EUA, a promover o projecto novas regras do Acordo
Acordar para o Acordo Ortográ- Ortográfico nos países
fico. de língua portuguesa
Do conjunto de actividades pre- e na diáspora lusa e
vistas, o grupo, em parceria com desenvolver acções de
o LusoCenter, e o seu respon- esclarecimento junto
sável, Professor José Francisco de públicos diversifi-
Costa, dinamizou uma Oficina de cados, outras acções
Trabalho, no Bristol Community estão programadas,
College, situado em Fall River, nomeadamente uma
Massachusetts, à qual assistiram Oficina de Trabalho
docentes universitários e de ou- para profissionais em
tros níveis de ensino, bem como geral que decorrerá no
alunos de língua portuguesa, tra- dia 28 de Novembro,
dutores e escritores. na Universidade dos
Numa actividade organizada pelo Açores, e outra para
Consulado Português de Newark, docentes de todos os
em New Jersey, os visitantes da níveis de ensino (En- próximo mês de Fevereiro, a fim
Universidade dos Açores apre- sino Básico, Ensino Secundário, de dar continuidade ao processo
sentaram as novas regras do Ensino Profissional, Ensino Par- de divulgação em curso junto de
Acordo Ortográfico a estudantes ticular e Ensino Universitário), universidades norte-americanas
de Português do referido estabe- prevista para o dia 5 de Dezem- de prestígio internacional.
lecimento de ensino superior. bro, também na Universidade. Os O projecto Acordar para o Acor-
Os alunos e a docente aprovei- alunos dos ensinos universitário, do Ortográfico integra-se numa
taram, ainda, a visita aos EUA secundário e profissional poderão abordagem nova de avaliação dos
para, na cidade de New York, frequentar uma das duas Oficinas alunos universitários, os quais,
visitarem museus, bibliotecas e previstas, a um preço simbólico segundo a Declaracao de Bolo-
pontos turísticos e assistirem a de 5 euros. Os restantes partici- nha, devem revelar competências
um espectáculo com temática pantes pagarão 10 Euros. não só ao nível dos conhecimen-
infanto-juvenil na Broadway. Com o montante conseguido nes- tos teóricos, mas igualmente
Esta deslocação só foi possível tas acções, outro grupo de estu- competências sociais e pedagógi-
devidos aos apoios concedidos dantes partirá para os EUA, no co-didácticas.
COMUNIDADE 31

Uma função à moda do Pico


“Vou-te oferecer uma vaca” diz-lhe o amigo.
“Para que é que eu quero uma vaca”, diz o outro.
“Podias fazer uma função à moda do Pico”
“Para isso preciso de duas vacas. Então fica assim, eu vou falar
com a minha família e se eles aceitarem a tua oferta, eu compro-te
a segunda vaca” diz o outro.
O negócio estava quase feito.

Esta conversa podia ser o princípio de uma ideia para uma dança
de carnaval, mas efectivamente é verdadeira e aconteceu entre dois
amigos - Manuel Morais, o que queria oferecer a vaca e Manuel
Eduardo Vieira, o que não sabia que fazer com ela.
E é assim que começam muitas das coisas que neste Vale de San
Joaquin acontecem.
Tal e qual como a função dos Beirões, em Napa Valley, a Festa de
Santo Cristo, em Buhach e tantas e tantas outras.
As coisas simples são sempre as mais bonitas e duradoiras.

O Manuel Vieira falou com toda a família e aceitaram o repto do


Manuel Morais.
A escolha das datas não foi fácil, mas tiveram a sorte do Sábado
escolhido ter sido um dia abençoado de bom tempo. Cerca de 600
pessoas apareceram em Atwater para participarem numa função à
moda do Pico.
Jaime e Márcia Vieira Bettencourt; Manuel e Laurinda Vieira; Ricardo e Miriam Vieira; Carlos e Asia Vieira
Foi uma festa muito simples - missa celebrada pelo Monsenhor Ivo
Rocha, com o coro da Igreja de Livingston, seguindo-se a parte
gastronómica - sopa, acompanhada de repolho e carne, finalizando
com arroz doce. Não pudemos saborear as batatas doces do Manuel
E Vieira, porque não é da tradição do Pico haver batatas na comida
da função. Além do arroz doce havia muitos doces para saborear,
trazidos por muitos amigos. Depois seguiram-se algumas chamarri-
tas e cantigas de função, acompanhadas por nove tocadores.
E a tarde tornou-se pequena para tanta alegria.
No fim do dia aproveitou-se a ocasião para se cantar o Parabéns a
Você, dedicado ao nosso amigo Miguel Canto e Castro.

Os planos para o ano já andam no ar.

Esq/dir: Carlos Arruda, Miguel Canto e Castro, Victor P. Reis, Chico Avila, Hélio Beirão, João Machado, Dimas Toledo, Humberto Silveira, Luis Garcia
32 ÚLTIMA PÁGINA 1 de Dezembro de 2009

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