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1.

Introdução

Este relatório apresenta o Plano Municipal de Redução de Riscos de


São Vicente. Trata-se do terceiro produto definido no Contrato N˚ 145/08,
Processo Administrativo nº 21537/08. Este estudo se insere no convênio
firmado entre a Prefeitura Municipal de São Vicente e a Caixa Econômica
Federal / Ministério das Cidades, por meio do Programa de Urbanização,
Regularização e Integração de Assentamentos Precários/Ação de Apoio à
Prevenção e Erradicação de Riscos em Assentamentos Precários.
O Plano Municipal de Redução de Risco (PMRR) expressa os
resultados de levantamentos, estudos e análises realizados sobre (a) as
condições atuais de risco geológico-geotécnico a que estão submetidas
porções da área urbana do município de São Vicente; (b) as intervenções
estruturais necessárias para eliminar, reduzir e/ou controlar estas situações de
risco; (c) as estimativas de custos para cada situação de risco identificada, (d)
a legislação ambiental e urbanística incidente sobre as áreas estudadas, (e) as
ações, projetos e programas compatíveis com as intervenções para redução de
riscos e as alternativas de fontes de recursos a serem captados para este fim.
Apresenta ainda (f) uma sugestão de escala de prioridades de intervenção para
as situações de risco estudadas e (g) uma proposta estratégica para o
gerenciamento, redução e erradicação dos riscos geológico-geotécnicos
identificados nos assentamentos precários do município.
O Plano Municipal de Redução de Risco (PMRR) tem por objetivo a
construção de referenciais técnicos e gerenciais que possibilitem a Prefeitura
Municipal implementar intervenções estruturais e ações não estruturais em
assentamentos precários necessárias à erradicação das situações de riscos
associados a escorregamentos em encostas. É, principalmente, um importante
subsídio ao Plano Diretor, à implementação do Plano Municipal de Habitação
de Interesse Social e à gestão permanente do ambiente urbano que está sendo
construída como política pública no município de São Vicente.
Este trabalho enfoca prioritariamente as situações de risco associadas a
processos atuantes de instabilização de taludes em encostas que possam
afetar a segurança de moradias implantadas nos assentamentos precários e

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irregulares do município, mas também engloba algumas áreas da cidade formal
e regular e perigos que podem afetar a infra-estrutura urbana.
As seguintes áreas com potencialidade de apresentarem situações de
riscos associados a escorregamentos em encostas no município de São
Vicente foram indicadas pela Prefeitura, vistoriadas e analisadas neste estudo:

Quadro 1. Relação e localização das áreas selecionadas


N˚ Nome da área Localização
Morro Itararé - divisa com
1 Morro da Asa Delta 23˚57'58.12'' S 46˚21'25.76'' O
Santos
Rua da Constituição/ Rua
2 Rua da Constituição 23˚58’09.38’’ S 46˚21'51.87'' O
Coaracy Paranhos
Complexo Viário Roberto
Clube Itararé/
3 Mário Santini/ Rua 23˚58'07.34'' S 46˚22'09.32'' O
Concretex
Marechal Deodoro
Rua San Martin - Viela San
4 Carrefour 23˚57'52.88'' S 46˚22'07.54'' O
Martin
Av. Juiz de Fora - Horto
5 Bananal 23˚57'40.90'' S 46˚21'55.89'' O
Florestal
Morro Voturuá/
Rua Monteiro Lobato com
6 Linha Vermelha 23˚57'27.78'' S 46˚22'10.62'' O
Rua Cinco

7 Ilha Porchat - 23˚58'29.22'' S 46˚22'15.62'' O


Av. Getulio Vargas/Rua
8 Morro dos Barbosas Newton Prado/ Rua do 23˚58'14.99'' S 46˚23'10.85'' O
Colégio
Av. Saturnino de Brito / Rua 23˚58'40.05'' S 46˚23'14.67'' O
9 Parque Prainha
Benedito Calixto 23˚58'40.19'' S 46˚23'14.86'' O
Av. Tupiniquins ~600,
10 Curtume pouco à frente do Porto das 23˚58'29.21'' S 46˚23'29.21'' O
Naus
Rua Joaquim Barbosa dos
11 Japui 23˚59'14.72'' S 46˚23'30.06'' O
Santos
Estrada do Acarau - Área
12 Acarau 23˚56'18.91'' S 46˚23'29.21'' O
Continental
Fonte: Elaboração própria, 2009.

2. ASPECTOS TEÓRICO-CONCEITUAIS REFERENTES A


GESTÃO DE RISCOS.

Nas últimas três décadas, a conceituação teórica no campo de


conhecimento dos riscos ambientais (riscos naturais, geológicos, geotécnicos,
geo-ambientais, sócio-ambientais) vem sofrendo enormes avanços
determinados, principalmente, pela interação entre o meio técnico-científico e a
gestão de riscos nas administrações públicas.

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Este período registra uma intensa busca de alternativas para a crise
urbana das grandes e médias cidades: déficit habitacional, irregularidade,
precariedade das habitações, da infra-estrutura e dos serviços urbanos,
exclusão espacial e social, degradação do ambiente. A degradação do
ambiente urbano refere-se à totalidade ambiental: o natural, o físico e o social
(Lavell, 1996).
Rolnik (2001) utiliza o termo urbanização de risco referindo-se ao
processo de ocupação do espaço no qual as oportunidades de trabalho, cultura
e lazer ficam concentradas na porção da cidade legal, rica e dotada de infra-
estrutura, em contraposição às periferias ilegais, pobres e precárias, onde os
moradores pouco acesso têm a estas oportunidades de desenvolvimento. Esse
mecanismo é um dos fatores que “acabam por estender a cidade
indefinidamente”. À população de baixa renda geralmente só é possível ocupar
as terras periféricas, mais baratas por não possuírem infra-estrutura, ou as
áreas frágeis ambientalmente, cuja urbanização requisitaria recursos
financeiros e tecnológicos, inacessíveis a esta população.
É apenas nesta década, após a regulamentação do Estatuto da Cidade
(Lei Federal n˚ 10.257, de 2001), que os municípios brasileiros de maneira
geral passam a enfrentar o necessário processo de conhecer em detalhe,
analisar e planejar o desenvolvimento do ambiente urbano e a correção das
disfunções resultantes do crescimento rápido e caótico das cidades. Até então,
isto havia ocorrido em raros municípios do país.
O planejamento ambiental fundamenta-se na interação e integração dos
sistemas que compõem o ambiente. Tem o papel de estabelecer as relações entre os
sistemas ecológicos e os processos da sociedade, das necessidades sócio-culturais a
atividades e interesses econômicos, a fim de manter a máxima integridade possível
dos seus elementos componentes. O planejador que trabalho sob esse prisma, de
forma geral, tem uma visão sistêmica e holística, mas tende a compartimentar o
espaço, para depois integrá-lo (Santos, 2004)
É dentro deste movimento de reorganização do ambiente urbano que a
temática de riscos ambientais urbanos se evidencia, embora sejam conhecidos
registros de acidentes ambientais desde o início das cidades brasileiras.
De acordo com a geógrafa francesa Yvette Veyret

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o risco, objeto social, define-se como a percepção do perigo, da catástrofe
possível. Ele existe apenas em relação a um indivíduo e a um grupo social ou
profissional, uma comunidade, uma sociedade que o apreende por meio de
representações mentais e com ele convive por meio de pr[atiças específicas.
Não há risco sem uma população ou indivíduo que o perceba e que poderia
sofrer seus efeitos. (...) O risco é a tradução de uma ameaça, de um perigo
para aquele que está sujeito a ele e o percebe como tal (Veyret, 2007, p.11).
Marques de Castro et al (2005) consideram que risco pode ser tomado
como uma categoria de análise associada, a priori, às noções de incerteza,
exposição ao perigo, perda e prejuízos materiais, econômicos e humanos em
função de processos de ordem "natural" (tais como os processos exógenos e
endógenos da Terra) e/ou daqueles associados ao trabalho e às relações
humanas. O risco (lato sensu) refere-se, portanto, à probabilidade de
ocorrência de processos no tempo e no espaço, não constantes e não-
determinados, e à maneira como estes processos afetam (direta ou
indiretamente) a vida humana.

O termo risco (Nogueira, 2006) indica a probabilidade de ocorrência de


algum dano a uma população (pessoas ou bens materiais). É uma condição
potencial de ocorrência de um acidente. Embora pareça (e seja) complicada, a
fórmula apresentada a seguir é muito adequada para o exercício da gestão de
riscos:

onde um determinado nível de risco R representa a probabilidade P de ocorrer um


fenômeno físico (ou perigo) A, em local e intervalo de tempo específicos e com
características determinadas (localização, dimensões, processos e materiais
envolvidos, velocidade e trajetória); causando conseqüências C (às pessoas, bens
e/ou ao ambiente), em função da vulnerabilidade V dos elementos expostos; podendo
ser modificado pelo grau de gerenciamento g.

Essa equação nos diz que, ao olharmos para uma “situação de risco”,
devemos, em primeiro lugar, identificar qual é o perigo, que processos naturais
ou da ação humana o estão produzindo, em que condições a sua evolução
poderá produzir um acidente e, qual a probabilidade deste fenômeno físico

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ocorrer. Após chegar a este ponto – o de vislumbrar o processo gerador do
acidente – devemos avaliar as conseqüências que ele causará. Não há risco
sem alguma probabilidade de acidente nem acidente sem qualquer
conseqüência de perda ou de dano. Finalmente, podemos atuar sobre o
problema, diminuindo ou erradicando o risco através de um melhor
gerenciamento.
O primeiro termo da equação acima – P(ƒA) – representa a
probabilidade de ocorrência do fenômeno físico (A) responsável pela situação
de risco. Esta probabilidade é também chamada de “perigo”. Assim, devemos,
em primeiro lugar, identificar qual é o perigo, respondendo às seguintes
questões: (1) que processos naturais ou da ação humana são responsáveis por
este perigo; (2) em que condições a sua evolução poderá produzir um acidente;
e, (3) qual a probabilidade deste fenômeno físico ocorrer.
São vários os processos do meio físico que podem causar situações de
perigo de movimentos de encostas: escorregamentos de taludes naturais ou
encostas; quedas de blocos rochosos; desabamentos de moradias provocadas
por erosão ou por solapamento de margens de córregos; enxurradas; corridas
de lama, de blocos ou de lixo; deslizamentos de aterros; deslizamentos de lixo
e de entulhos lançados nas encostas; rompimentos dos muros. As condições
que podem levar à deflagração de um processo de escorregamento de talude
natural são, normalmente, diferentes das condições de ocorrência de um
processo de erosão de margens ou de queda de um bloco rochoso.
Assim, entender exatamente qual o tipo de processo que pode ocorrer
num determinado local é fundamental para avaliar o perigo, ou seja, o que
pode ocorrer, em que condições e com que probabilidade.

O segundo termo da equação – C(ƒA) – discute a possível


conseqüência do acidente previsto.
Para que haja risco, é necessário que o processo ou fenômeno perigoso
potencial estudado no termo anterior da equação gere um acidente,
provocando danos ou conseqüências sociais e/ou econômicas sobre um dado
elemento, grupo ou comunidade.
Em análises de risco, podem ser consideradas diversas tipologias de
conseqüências em função de um acidente, envolvendo pessoas, bens

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(edificações, veículos), infraestrutura (estradas, ruas, calçadas, rede de água e
iluminação, etc.), recursos do ambiente, etc.
Carvalho (2000) afirma que a avaliação das conseqüências “... envolve
sempre um julgamento a respeito dos elementos em risco e de sua
vulnerabilidade. É comum que, nas análises de risco em favelas, apenas as
moradias sejam consideradas como elementos em risco”.

Quanto maior a vulnerabilidade, maior o risco. Vulnerabilidade pode ser


definida como o grau de perda para um dado elemento, grupo ou comunidade
dentro de uma determinada área passível de ser afetada por um fenômeno ou
processo. (Carvalho et al., 2007)
Para Veyret & Richemond (2007), a álea (acontecimento possível e sua
probabilidade de realização) “ não cria o risco; para fazê-lo, o indivíduo ou
grupo social devem integrar o perigo, perceber o espaço como perigoso (...). O
risco se inscreve, portanto, em um dado contexto social, econômico, cultural e
apresenta uma grande dose de subjetividade que se traduz em diferentes
limites de sua aceitabilidade.”
Para que haja uma ameaça ou um perigo, é necessária a existência de
vulnerabilidade. “ Se não há propensão para a ocorrência de danos frente a um
determinado evento físico, não há ameaça, não há risco, há apenas um evento
físico, natural, social ou tecnológico sem repercussão na sociedade” (Lavell,
2001). Por outro lado, afirma Cardona (2003), também não há riscos
ambientais sem a existência de uma ameaça física concreta, à qual esteja
exposto um elemento vulnerável.
Deyle et al. (1998, apud Marques de Castro et al. 2005, p. 25)
consideram a existência de três níveis de avaliação de riscos naturais: a
identificação dos perigos; a avaliação da vulnerabilidade e a análise de risco.
Constatam que apenas a identificação dos perigos (hazard identification) é
amplamente empregada na gestão e planejamento do uso do solo, pois podem
ser diretamente incorporados aos instrumentos de planejamento e gestão.
Quanto ao emprego da avaliação da vulnerabilidade e da análise de risco,
apontam como obstáculos a falta de conhecimento e preparo de planejadores e
funcionários públicos nestes temas.

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Para a Organização Mundial de Saúde (WHO, 2001), vulnerabilidade
está relacionada à suscetibilidade (condição de exposição e proximidade a um
determinado perigo) e à resiliência (nível de resistência e capacidade de
absorver impactos externos de uma sociedade ou de um sub-componente
desta ).
Wilches-Chaux (1993) classifica a vulnerabilidade de uma população
frente a uma determinada ameaça em dez diferentes tipologias: física (ou
locacional), econômica, social, política, técnica, ideológica, cultural,
educacional, ecológica e institucional
Estamos falando aqui que problemas de mesma natureza e dimensão
afetam de modo bem diferente um trecho da cidade formal de uma área de
ocupação precária, desorganizada espacialmente e desprovida de
infraestrutura mínima. Estes assentamentos, que estamos tratando aqui por
precários, são mais vulneráveis às enchentes, aos deslizamentos, às
enxurradas, às erosões que o resto da cidade. Quase sempre estão ocupando
os locais mais sujeitos à ação destrutiva destes fenômenos (vazios urbanos em
encostas, grotas ou margens de córregos, ou áreas de menor valor imobiliário
situadas próximas a aterros sanitários, depósitos de lixo e outros materiais
contaminantes ou em áreas degradadas por mineração ou movimentação de
terra), suas edificações são mais frágeis e muitas vezes implantadas de
maneira técnico-construtiva inadequada (em função do menor acesso a
tecnologias construtivas, do grau de organização social da comunidade, das
condições de emprego e renda, da velocidade de implantação da relação do
assentamento com a cidade formal, da acessibilidade e capacidade de
transporte dos materiais de construção, etc.) e a infra-estrutura urbana e de
serviços públicos (como calçamento de acessos, drenagens, coleta de águas
servidas, esgotos e coleta de lixo) geralmente é ausente ou insuficiente.
Quando afetadas por um acidente ambiental, as populações destes
assentamentos precários encontram enorme dificuldade para restabelecer a
sua condição anterior (baixa resiliência) 1..

1
Na maioria das cidades brasileiras onde estão sendo construídos planos de gestão de
risco, os assentamentos sujeitos a processos de escorregamentos caracterizam-se pela
precariedade e exclusão espacial. Em São Vicente, entretanto, as áreas aqui estudadas, com
exceção do Acarau, localizam-se nas proximidades de áreas centrais e, em geral, são áreas

7
Nestas áreas, em função dos inúmeros aspectos que podem configurar
a vulnerabilidade do meio exposto, as conseqüências potenciais de um
acidente são maiores e, portanto, maior também é o risco. Quando falamos
aqui de acidentes, não estamos nos referindo exclusivamente aos
deslizamentos catastróficos e inundações que são noticiadas nas manchetes
dos jornais. Os pequenos acidentes e agravos ambientais, de ocorrência
sistemática e reincidente nas áreas degradadas das cidades, afetam muito o
cotidiano das populações que vivem nos assentamentos precários, com perdas
materiais significativas para o padrão econômico da população, reduzindo sua
possibilidade de desenvolvimento.
Não se conhecem estudos que quantifiquem o impacto dos acidentes
ambientais sobre a economia brasileira. Hermelin (2000) calcula que, para a
Colômbia, as perdas representam cerca de 4,4% do Produto Nacional Bruto,
índice superior à média anual de crescimento.

O último fator da equação é a gestão, o gerenciamento de risco. De


acordo com a equação (g-1), o risco diminui à medida que aumenta o
gerenciamento de riscos. Como as prefeituras podem atuar para evitar
acidentes, atender as emergências, reduzir e até mesmo erradicar os riscos
ambientais nas áreas de assentamentos precários do seu município?

Os anos 1990 foram declarados pela Organização das Nações Unidas


como a Década Internacional de Redução dos Desastres Naturais.
Entre os muitos resultados positivos da Década Internacional de
Redução dos Desastres Naturais está a formulação das quatro estratégias
indispensáveis para o gerenciamento de riscos (UNDRO, 1991):

• Identificação e análise de riscos (conhecimento dos problemas);


• Adoção de medidas estruturais para a prevenção de acidentes e a redução
dos riscos;

formais ou, localizadamente, são setores nas bordas de assentamentos regulares. Os


processos geradores dos riscos também, na maioria das vezes, são condicionados mais
fortemente pelo componente geológico do que pela ação humana.

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• Adoção de medidas não estruturais com Implantação de planos preventivos
de defesa civil para os períodos das chuvas mais intensas, monitoramento e
atendimento das situações de emergência;
• Informação pública e capacitação para prevenção e autodefesa.

A estratégia que compreende o diagnóstico dos riscos atuantes nos


assentamentos precários, é a primeira e indispensável atividade para o seu
gerenciamento. Sem conhecer o tamanho do problema, não há como planejar
e agir adequadamente para resolvê-lo.
A segunda estratégia aponta para a execução de um plano de
intervenções estruturais voltado para a redução ou a erradicação dos riscos.
Mostra que é essencial implantar as obras – muros de arrimo, sistema de
drenagem de águas pluviais, revegetação, remoção de moradias, etc. – de
forma planejada, levando em conta tanto os níveis de risco como as
disponibilidades orçamentárias do próprio município ou das fontes externas a
que ele possa recorrer.SÃO
Em grande parte dos assentamentos precários brasileiros, o risco é
resultado da ausência de cidade nestas porções urbanas excluídas da infra-
estrutura, do planejamento, dos serviços de manutenção e de saneamento
ambiental disponíveis na cidade formal.
Diversas experiências municipais têm mostrado bons resultados ao
incorporar os projetos de intervenção para redução de risco nos projetos
globais de urbanização e regularização dos assentamentos onde o risco se
manifesta. Por outro lado, é preciso ressaltar as situações de riscos como
referência para a priorização das intervenções e para o monitoramento
permanente enquanto estas não se realizam. Priorizar a redução de risco e a
qualificação dos assentamentos precários é um importante investimento para
toda a cidade.
A terceira estratégia indica que é necessário planejar e implementar
formas de monitoramento permanente e prevenção de acidentes nas áreas
de risco enquanto não se executam intervenções emergenciais ou definitivas.
Monitoramento envolve a fiscalização e o controle:
• de novas ocupações em locais suscetíveis a risco;
• do adensamento das áreas de risco ocupadas;

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• da execução de intervenções inadequadas (cortes, aterros, fossas)
• de incidentes geradores de risco (vazamento de tubulações, lançamento de
entulhos, obstrução de valas e drenagens, etc.)
• da evolução de situações de risco identificadas.
Os escorregamentos são causados principalmente pela ação das
chuvas mais intensas ou prolongadas. Estes períodos, em muitas das grandes
e médias cidades brasileiras, produzem enormes transtornos no funcionamento
urbano e muitos danos para a municipalidade e para os cidadãos,
especialmente aqueles que vivem nas áreas sujeitas a perigos por ação das
águas. O conhecimento atualizado das situações de risco no município e o
planejamento antecipado de procedimentos para minimizar as conseqüências
dos acidentes e para o atendimento de emergências têm como resultado a
redução de vítimas e de danos.
Vários municípios brasileiros operam planos de contingência (ou
planos preventivos de defesa civil) durante os períodos mais chuvosos,
procurando intensificar a capacidade de previsão de acidentes para poder
melhorar sua capacidade de prevenção, impedindo que aconteçam ou
reduzindo as suas conseqüências.
A quarta estratégia destaca a importância da informação pública e da
capacitação, tanto para os agentes públicos municipais quanto para os
moradores dos assentamentos sujeitos a riscos.
O diagnóstico dos riscos urbanos e os planos de ação para sua redução
e erradicação são assuntos de interesse de toda a cidade. Por isso, devem ser
conhecidos por todos os órgãos da administração pública (especialmente os
vinculados à defesa civil, obras e serviços urbanos, planejamento, habitação,
assistência social, saúde e educação), pelas Câmaras Municipais, pelo
Ministério Público e por toda a sociedade, em particular, pelos moradores das
áreas de risco.

3. GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E PROCESSOS


GEODINÂMICOS MAIS FREQUENTES NA ÁREA ESTUDADA.
Todas as áreas estudadas, com exceção da área 12, localizam-se em
encostas ou no sopé de morros do maciço de Santos e São Vicente. Este

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maciço pertence ao mesmo conjunto definido pela serra do Mar. E, como ela,
tem nos escorregamentos seu principal mecanismo natural atual de evolução
do relevo (IPT, 1979).
Predomina nessas encostas a seguinte litologia:
• Granito Santos - constitui a rocha predominante nas encostas onde ou a
jusante das quais se situam as áreas 1 a 6. Trata-se de um granito
intrusivo, não orientado, de coloração bege a rósea e granulação fina a
média. É a litologia mais resistente à erosão, apresentando geralmente
solos rasos. Os processos mais freqüentes de escorregamentos em
encostas deste material estão associados a desplacamentos ou quedas
de blocos e lascas rochosas.
• Granitóide embrechítico ou granito com megacristais orientados – estão
presentes nas encostas a montante da Rua Coaracy Paranhos (área 2),
e nas áreas 8 a 11. São rochas com grandes cristais alongados de
feldspato branco a róseo, em matriz de gnaisse, cinzenta, orientada,
com granulação média a grossa. A alteração destas rochas resulta em
solos pouco espessos, matacões esparsos e lajes expostas na crista
dos maciços. Pode-se observar, por exemplo, no Morro dos Barbosas,
um solo de alteração com muitos blocos rochosos centimétricos imersos
nesta matriz.
• Migmatitos estromatíticos compõem o maciço da Ilha Porchat (área 7), que
também é cortado por dique de diabásio. Os migmatitos são rochas
bandadas, com os minerais orientados, de coloração cinza e granulação
média a fina. Ao se decompor, formam solos espessos, com até pouco
mais de 10 metros, formando raramente matacões. Quando estas
rochas aparecem à meia encosta, possibilitam a formação de
reentrâncias e patamares que, quando acumulam material detrítico,
geram depósitos de encosta instáveis.
Nos morros de Santos e São Vicente é possível se classificar as
encostas em dois grupos geomorfológicos: aquelas voltadas para as planícies
alveolares, como a da Nova Cintra, em Santos; e as encostas marginais,
voltadas para as planícies costeiras. Nestas encostas marginais se
reconhecem duas formas básicas: os anfiteatros de erosão e as encostas
lineares (IPT, 1979).

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Figura 1. Encosta marginal linear sustentada pelo granito Santos, a montante
da Rua da Constituição.
Autor: Waldemar Siqueira Filho (2008).

Figura 2. Encosta marginal com anfiteatro de erosão sustentada pelo granitóide


embrechítico, a montante da Rua Joaquim Barbosa dos Santos, bairro do Japui.
Autor: Waldemar Siqueira Filho (2008).

Nos estudos realizados para o diagnóstico dos riscos, foram


identificados os seguintes processos geodinâmicos mais freqüentes e
potencialmente perigosos para as ocupações urbanas: queda ou rolamento de

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blocos ou lascas rochosas, escorregamentos de solo e de blocos rochosos e
escorregamentos de solo em taludes de corte.
A queda de blocos ou lascas rochosas é um fenômeno extremamente
rápido, comum no Granito Santos, ocorrendo secundariamente nos granitóides
embrechíticos. Ocorre pela ação combinada de vários fatores, como a ciclagem
térmica nas rochas, a perda de apoio de blocos causada pela ação erosiva da
água, o processo de desconfinamento lateral de maciços rochosos decorrentes
de linhas de entalhe recentes, pressão hidrostática ao longo de fraturas
verticais, ação de raízes (IPT, 1980, p.23). Tais processos causaram grandes
acidentes na Rua da Constituição em 1988 e no antigo Clube Itararé, na área
aqui denominada Concretex, em 1976. Rolamentos de blocos rochosos são
freqüentes no Morro dos Barbosas.
Escorregamentos de solo ou deslizamentos são movimentos rápidos,
com limites laterais e profundidades bem definidos. Os escorregamentos
planares ou translacionais de solo são o tipo mais comum nos morros de São
Vicente. Sua geometria caracteriza-se por pequenas espessuras e forma
retangular estreita. Ocorrem em solos pouco desenvolvidos, solos saprolíticos,
saprolitos e rochas, condicionados por um plano de fraqueza desfavorável à
estabilidade, relacionado a estruturas geológicas diversas, como foliação,
xistosidade, fraturas, falhas, etc. (Carvalho et al., 2007, p.35). O principal
agente deflagrador deste processo são as chuvas. Foram identificados riscos
associados a escorregamentos de solo na Ilha Porchat, no Japui, no Parque
Prainha, entre outros. Cortes em taludes da encosta para implantação das
moradias podem ocasionar escorregamentos localizados, como pode ocorrer
em alguns das moradias das áreas Morro da Asa Delta, Bananal, Morro dos
Barbosas e Parque Prainha.

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4. DIAGNÓSTICO DE RISCOS E INDICAÇÃO DE
INTERVENÇÕES

4.1. Metodologia e Procedimentos Empregados


O Programa de Controle e Erradicação de Riscos do Ministério das
Cidades propõe:
[...] a adoção de um método de análise de risco de caráter qualitativo, em que a
experiência dos técnicos encarregados da análise é utilizada para estimativa
da probabilidade de ocorrência dos eventos destrutivos e das suas
conseqüências potenciais. Nas análises qualitativas de risco, a probabilidade
de ocorrência dos eventos destrutivos é avaliada de forma subjetiva e expressa
em termos literais (por exemplo: muito alta, alta, média ou baixa). Uma vez que
a probabilidade de ocorrência do processo destrutivo depende do período de
tempo considerado, considera-se nas análises o período de um ano, que
engloba ao menos uma estação chuvosa. Assim, ao estimar a probabilidade de
ocorrência dos eventos destrutivos, os técnicos encarregados da análise
avaliam a probabilidade de ocorrência do evento destrutivo por ocasião de um
episódio de chuvas intensas e prolongadas. (BRASIL, 2004, p. 2)
O procedimento proposto compreende: (a) a avaliação qualitativa da
probabilidade de ocorrência do processo destrutivo no decorrer de um episódio
de chuvas intensas e prolongadas, realizada a partir dos indicadores de
instabilidade, de evidências de ocorrências pretéritas de eventos destrutivos e
de entrevistas com moradores; e, (b) a definição do grau de probabilidade do
setor, expressão qualitativa da probabilidade de ocorrência do processo
destrutivo.

Para a definição do grau de probabilidade de ocorrência de acidentes


nas situações de riscos associados a escorregamentos e solapamentos, o
documento propõe os critérios do Quadro 22 apresentado a seguir.

Quadro 2. Critérios para definição do grau de probabilidade de ocorrência de


processos de instabilização do tipo escorregamentos em encostas ocupadas.
Grau de
Descrição
probabilidade
Os condicionantes geológico-geotécnicos predisponentes (declividade, tipo de
terreno etc.) e o nível de intervenção no setor são de baixa potencialidade
para o desenvolvimento de processos de escorregamentos. Não há indícios
Baixo a
de desenvolvimento de processos de instabilização de encostas. É a condição
inexistente
menos crítica.
(R1)
Mantidas as condições existentes, não se espera a ocorrência de eventos
destrutivos no período de um ciclo chuvoso.

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Os condicionantes geológico-geotécnicos predisponentes (declividade, tipo de
terreno etc.) e o nível de intervenção no setor são de baixa potencialidade
para o desenvolvimento de processos de escorregamentos. Observa-se a
Médio presença de alguma(s) evidência(s) de instabilidade, porém incipiente(s).
(R2)
Mantidas as condições existentes, é reduzida a possibilidade de ocorrência
de eventos destrutivos durante episódios de chuvas intensas e prolongadas, no
período de um ciclo chuvoso.
Os condicionantes geológico-geotécnicos predisponentes (declividade, tipo de
terreno, etc.) e o nível de intervenção no setor são de alta potencialidade para
o desenvolvimento de processos de escorregamentos. Observa-se a presença
de significativa(s) evidência(s) de instabilidade (trincas no solo, degraus de
Alto
abatimento em taludes etc.).
(R3)
Mantidas as condições existentes, é perfeitamente possível a ocorrência de
eventos destrutivos durante episódios de chuvas intensas e prolongadas, no
período de um ciclo chuvoso.
Os condicionantes geológico-geotécnicos predisponentes (declividade, tipo de
terreno, etc.) e o nível de intervenção no setor são de alta potencialidade para
o desenvolvimento de processos de escorregamentos. As evidências de
instabilidade (trincas no solo, blocos e lascas rochosas individualizados,
fraturamento do maciço rochoso, degraus de abatimento em taludes, trincas
Muito Alto em moradias ou em muros de contenção, árvores ou postes inclinados,
(R4) cicatrizes de escorregamento, feições erosivas, etc.) são expressivas e estão
presentes em grande número e/ou magnitude.
É a condição mais crítica. Mantidas as condições existentes, é muito provável
a ocorrência de eventos destrutivos durante episódios de chuvas intensas e
prolongadas, no período de um ciclo chuvoso.

Os trabalhos de campo constituem-se basicamente em


investigações geológico-geotécnicas de superfície, buscando identificar
condicionantes dos processos de instabilização, evidências de instabilidade e
indícios do desenvolvimento de processos destrutivos. Os procedimentos
seguintes são recomendados por Cerri et al (2007):

• Obter a localização das áreas de risco, por meio de utilização de GPS


(Global Positioning System), com no mínimo um ponto de leitura por
área mapeada;
• delimitar setores de risco, com base em julgamento dos profissionais
responsáveis, atribuindo, para cada setor, um grau de probabilidade de
ocorrência de processo de instabilização (escorregamento de encostas
ou solapamento de margens de córregos), considerando o período de
um ano, com base nos critérios descritos no Quadro 12;
• um setor de risco indica um espaço definido dentro do assentamento sujeito
a um determinado processo destrutivo potencial, cujas evidências ou
indicadores predisponentes foram identificados em campo;

15
• representar cada setor de risco identificado em cópias de fotografias aéreas
oblíquas de baixa altitude, imagens de satélite ou fotografias de solo,
cuja escala permita a identificação das moradias existentes no setor;
• estimar as conseqüências potenciais do processo de instabilização, por
meio da avaliação das possíveis formas de desenvolvimento do
processo destrutivo atuante (por exemplo, volumes mobilizados,
trajetórias dos detritos, áreas de alcance etc.), definir e registrar o
número de moradias ameaçadas (total ou parcialmente), em cada setor
de risco;
• os resultados das investigações geológico-geotécnicas e das interpretações
devem ser registrados em fichas de campo apresentadas abaixo
(Quadro 3 e Quadro 44). O Quadro5 e o Quadro6 servem como
referência para a análise de campo.

16
Quadro 3. Ficha geral de campo para uma área

FICHA GERAL DE CAMPO


Local: ______________________________________ Área: ___

Equipe: _____________________________________ Data: __/__/__

Localização da Área: ___________________________ GPS: _________________

Identificação da Foto Oblíqua: ____________

Caracterização da Ocupação (padrão, tipologia das edificações, infra-estrutura):

Caracterização Geológica:

Caracterização Geomorfológica:

Setor Grau de
Nº de moradias ameaçadas Alternativa de intervenção
nº probabilidade

17
Quadro 4. Ficha de campo para um setor de risco

FICHA DE CAMPO
Encosta
Margem de Córrego

Local: __________________________________ Área nº:_______ Setor: ____________


Referência _________________________________________________________________
Equipe: ___________________________________________________ Data: __ / __ / ____

Diagnóstico do setor (condicionantes e indicadores do processo de instabilização):

Descrição do Processo de Instabilização: (escorregamento de solo / rocha / aterro;


naturais / induzidos; materiais mobilizados; solapamento; ação direta da água etc):

Observações (incluindo descrição de fotos obtidas no local):

Grau de Probabilidade:

Indicação de intervenção:

Quantitativos para a intervenção sugerida:

Estimativa de n° de edificações no setor:

18
Quadro 5. Check list para o diagnóstico do setor e descrição do processo
de instabilização
CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL EVIDÊNCIAS DE MOVIMENTAÇÃO
Talude natural/ corte Trincas moradia/aterro
Altura do talude Inclinação de árvores/postes/muros
Aterro compactado/lançado Degraus de abatimento
Distância da moradia Cicatrizes de escorregamentos
Declividade Feições erosivas
Estruturas em solo/rocha desfavoráveis Muros/paredes “embarrigados”
Presença de blocos de rocha/matacões/ ÁGUA
paredões rochosos Concentração de água de chuva em superfície
Presença de lixo/entulho Lançamento de água servida em superfície
Aterro em anfiteatro Presença de fossas/rede de esgoto/rede de água
Ocupação de cabeceira de drenagem Surgências d’água
Vazamentos
VEGETAÇÃO NO TALUDE OU MARGENS DE CÓRREGO
PROXIMIDADES Tipo de canal (natural/sinuoso/retificado)
Presença de árvores Distância da margem
Vegetação rasteira Altura do talude marginal
Área desmatada Altura de cheias
Área de cultivo Trincas na superfície do terreno

Quadro 6. Referências para a caracterização da ocupação

CATEGORIA DE OCUPAÇÃO CARACTERÍSTICAS

Áreas densamente ocupadas, com infra-estrutura


Área consolidada
básica.

Áreas em processo de ocupação, adjacentes a


áreas de ocupação consolidada. Densidade da
Área parcialmente consolidada
ocupação variando de 30% a 90%. Razoável infra-
estrutura básica.

Áreas de expansão, periféricas e distantes de


Área parcelada núcleo urbanizado. Baixa densidade de ocupação
(até 30%). Desprovidas de infra-estrutura básica

Nesses casos, caracterizar a área quanto a


Área mista densidade de ocupação e quanto a implantação de
infra-estrutura básica.

Ainda em campo, também deverão ser indicada(s) a(s)


alternativa(s) de intervenção(ões) adequada(s) para cada setor de risco. Nos
casos de ser possível a adoção de mais de uma alternativa de intervenção,
essa possibilidade deve ser explicitada nas fichas de campo.

Também devem estar registrados na ficha de campo os


quantitativos (como extensões, áreas e/ou volumes) para posterior estimativa
de custos da intervenção sugerida. A tipologia das intervenções a ser adotada
é apresentada no Quadro 7.

19
Quadro 7. Tipologia de intervenções voltadas à redução de riscos
associados a escorregamentos em encostas ocupadas e a solapamentos de
margens de córregos
TIPO DE
DESCRIÇÃO
INTERVENÇÃO
Serviços de limpeza de entulho, lixo etc. Remoção de bananeiras.
SERVIÇOS DE LIMPEZA E Recuperação e/ou limpeza de sistemas de drenagem, esgotos e acessos.
RECUPERAÇÃO Também incluem obras de limpeza de canais de drenagem. Correspondem
a serviços manuais e/ou utilizando maquinário de pequeno porte.
Implantação de sistema de drenagem superficial (canaletas, rápidos, caixas
de transição, escadas d´água etc.). Implantação de proteção superficial
vegetal (gramíneas) ou biomanta em taludes com solo exposto. Implantação
OBRAS DE DRENAGEM E de proteção superficial por meio de “argamassa chapada”. Eventual
PROTEÇÃO execução de acessos para pedestres, como por ex. calçadas, escadarias,
SUPERFICIAL lajes de concreto, integrados ao sistema de drenagem. Proteção vegetal de
margens de canais de drenagem. Predomínio de serviços manuais e/ou
com maquinário de pequeno porte.
Alteração da geometria do terreno por meio da execução de cortes e/ou
aterros localizados, visando à obtenção de taludes com ângulos de
RETALUDAMENTO inclinação menores. Predomínio de serviços manuais e/ou com maquinário
de pequeno porte.

DESMONTE DE BLOCOS Desmonte de blocos rochosos e matacões, por meio de serviços manuais,
E MATACÕES eventualmente com o uso de explosivo.
Execução de sistema de drenagem de subsuperfície (trincheiras drenantes,
OBRAS DE DRENAGEM DHP, poços de rebaixamento etc.). Correspondem a serviços parcial ou
DE SUBSUPERFÍCIE totalmente mecanizados.
Execução de serviços de terraplenagem. Execução combinada de obras de
OBRAS DE TERRAPLE- drenagem superficial e proteção vegetal (obras complementares aos
NAGEM DE MÉDIO A serviços de terraplenagem). Obras de desvio e canalização de córregos.
GRANDE PORTE Predomínio de serviços mecanizados.
Implantação de estruturas de contenção (localizadas ou não), como muros a
ESTRUTURAS DE CON- flexão (em concreto ou alvenaria estrutural), muros de gravidade, como
TENÇÃO DE PEQUENO gabiões, “bolsacreto”, muro de solo cimento ensacado (“rip-rap”), muros
PORTE (hmax ≤ 3 m) sobre estacas escavadas. Correspondem a serviços manuais ou
parcialmente mecanizados.
Implantação de estruturas de contenção (localizadas ou não), envolvendo
ESTRUTURAS DE CON- muros em concreto a flexão, muros de gravidade (gabiões), chumbadores,
TENÇÃO DE MÉDIO A solo grampeado, microestacas e cortinas atirantadas. Poderão envolver
GRANDE PORTES serviços complementares de terraplenagem. Predomínio de serviços
(hmax > 3 m) mecanizados.
Obras lineares de proteção de margens de canais, por meio de obras de
OBRAS LINEARES DE gravidade (gabiões, muros de concreto, massa etc.) ou pré-moldados em
PROTEÇÃO DE concreto armado. Correspondem a serviços parcial ou totalmente
MARGENS DE CANAIS mecanizados.

REMOÇÃO DE As remoções podem ser definitivas ou preventivas e temporárias, por


MORADIAS exemplo, para implantação de uma obra.

A seleção da tipologia de intervenção adequada deve necessariamente


buscar uma perfeita sintonia com as características do processo geológico-
geotécnico identificado no local. Isto implica na necessidade de se buscar a
aderência entre o tipo de processo geológico-geotécnico e a intervenção

20
escolhida, bem como a combinação das intervenções gerais propostas para o
assentamento com as sugestões de obras localizadas.

Deve-se, também, buscar a indicação das obras mais simples, de menor


custo e mais compatíveis com a capacidade gerencial-financeira do município,
visando à redução de risco.

Utilizando as referências acima apresentadas, o diagnóstico de


riscos foi executado conforme se relata a seguir:

• No dia 12 de novembro de 2008, junto ao arquiteto Diego Costa Rozo


Guimarães, Chefe do Departamento de Desenvolvimento de Projetos
Habitacionais e Tânia Mangolini, Diretora de Participação Comunitária
da Secretaria Municipal de Habitação, foram vistoriadas e delimitadas
todas as áreas a serem estudadas. Em pontos extremos de cada área
foram realizadas leituras de coordenadas com GPS (Global Positioning
System). As áreas foram numeradas e sua denominação foi pactuada
com os técnicos municipais que acompanharam os trabalhos (ver
Quadro 1).
• No dia 1° de dezembro p. p. foi realizado um sobrevôo em avião sobre as
áreas indicadas acima, para execução de fotografias aéreas de baixa
altitude (a alturas em média entre 100 a 150 metros do solo).
• Cópias das fotos obtidas neste vôo foram impressas para os trabalhos de
campo.
• Os trabalhos de campo foram realizados entre os dias 9 e 18 de dezembro
de 2008. Todas as atividades de campo foram acompanhadas por
técnicos da PMSV, cujos nomes constam das fichas de campo anexas,
e que tiveram o importante papel de relatar características da ocupação,
indicar pontos de ocorrência pretérita de acidentes e outros problemas
ambientais e facilitar contatos com os moradores.
• Em cada uma das áreas, foram vistoriadas todas as porções do
assentamento que ocupam taludes de encosta ou o seu sopé, com
maior detalhamento de investigação e análise nos trechos com histórico
de ocorrência de instabilidades nos taludes ou de acidentes.
• Em cada uma das situações onde se identificava potencialidade para a
ocorrência de um acidente que pudesse afetar uma ou mais moradias,

21
foi realizada detalhada investigação no terreno circundante e nas
porções internas e externas das edificações, além de coleta de
informações junto aos técnicos da Prefeitura que acompanhavam o
trabalho de campo e aos moradores do local, procurando responder as
seguintes questões: (1) que processos naturais ou da ação humana são
responsáveis por este perigo? (2) em que condições a sua evolução
poderá produzir um acidente? (3) qual a probabilidade deste fenômeno
físico acontecer? (Nogueira, 2006) (4) quais as moradias que podem ser
afetadas se isso ocorrer? Imediatamente após responder estas
questões, buscavam-se alternativas de ações preventivas e
intervenções estruturais que pudessem interromper o processo
destrutivo detectado ou minimizar suas conseqüências.
• Tendo formulado uma proposta de intervenção, ainda em campo colhiam-se
algumas indicações quantitativas que permitissem a posterior estimativa
de custos para a sua execução (medidas em comprimento, altura, área,
volume etc.)
• Essas informações foram lançadas (a) nas fotografias aéreas de baixa
altitude foram lançadas: delimitação do setor de risco (moradias que
podem ser afetadas pelo processo destrutivo identificado) e indicação de
eventual aspecto significativo do processo (como, por exemplo,
cicatrizes de escorregamento, blocos rochosos, linhas de drenagem
etc.), além da denominação das vias de referência para a localização do
setor; em alguns setores, foram também indicadas nas fotografias
aéreas de baixa altitude as intervenções estruturais propostas; (b) nas
fichas gerais e de campo (ver Quadro e Quadro 4).
• Condicionantes ou evidências de risco foram registrados por fotografias de
detalhe (FC).

4.2. Resultados do diagnóstico de riscos


• Nas 12 áreas selecionadas para o mapeamento, foram delimitados 19
setores de risco (ver relatório contendo Diagnóstico de Riscos e
Proposição de Intervenções), afetando 113 edificações (uni e
multifamiliares) e 3 pontos do sistema viário;

22
• Em três áreas (Carrefour, Bananal e Acarau) considerou-se o risco às
moradias baixo a inexistente;
• Foram identificados três setores de risco muito alto, a que estão sujeitas 5
edificações e dois pontos do sistema viário;
• Foram identificados três setores de risco alto, a que estão sujeitas 28
edificações e um ponto do sistema viário;
• Oitenta edificações estão em situações de risco médio.
• Em termos dos processos perigosos identificados, cerca de 44% estão
associados a queda ou rolamento de blocos ou lascas rochosas, 33% a
escorregamentos de solo e blocos rochosos, 11% a escorregamentos de
solo em taludes de corte. Não foram observados depósitos artificiais de
encostas instáveis (lixo, aterro e entulho) nas áreas vistoriadas.
• Foi sugerida a remoção de um total de 16 moradias em função do grau de
risco e da existência de um projeto viário em andamento que não
justifica a implantação de intervenções de segurança de alto custo
necessárias para a consolidação da ocupação.

5. ESTIMATIVA DE CUSTOS
5.1. Procedimentos Adotados.

Conforme relatado no item 4.1, para cada setor de risco identificado


foram sugeridas intervenções estruturais para redução de riscos e indicados
quantitativos para estas intervenções. Com base nessas informações, foi
elaborada uma estimativa de custos das intervenções estruturais
recomendadas para todos os setores identificados.
Para composição dos custos das intervenções foram adotadas como
referência as tabelas de composição intermediária de custos da TCPO 10, da
Editora PINI, e de preços de insumos da revista Guia da Construção, da
Editora PINI, de dezembro de 2008, recomendada pela contratante. As
planilhas apresentada no Quadro 9 apresenta os principais itens que compõem
as estimativas de custos para as intervenções propostas.

23
COMPOSIÇÃO INTERMEDIÁRIA DE CUSTO

DESCRIÇÃO SERVIÇO/INSUMO ÍNDICE UNI- PREÇO PREÇO PREÇO DO


DADE UNITÁ- SERVIÇO
RIO
Broca m 26,12

Cimento 9 kg 0,43 3,90

Areia média ou grossa 0,029 m3 73,25 2,12

Brita 2 0,0263 m3 66,52 1,75

Aço CA-25 de 6,3 mm 0,63 kg 4,60 2,90

Arame recozido n° 18 0,013 kg 7,26 0,09

Betoneira 0,0224 h

Pedreiro 0,16 h 8,77 1,40

Ferreiro 0,05 h 7,34 0,37

Ajudante de Ferreiro 0,05 h 7,34 0,37

Servente + betoneiro 1,8 h 7,34 13,22

Bloco de 15 m2 40,69

Cimento 5,2 kg 0,43 2,25

Cal hidratada 0,65 kg 0,37 0,24

Areia média 0,013 m3 73,25 0,95

Bloco de concreto 13,13 un 1,79 23,54

Andaimes

Pedreiro 0,8 h 8,77 7,02

Servente 0,91 h 7,34 6,68

Bloco de 20 m2 49,99

Cimento 7,03 kg 0,43 3,04

Cal hidratada 0,88 kg 0,37 0,33

Areia média 0,0176 m3 73,25 1,29

Bloco de concreto 13,13 un 2,39 31,34

Andaimes

Pedreiro 0,8 h 8,77 7,02

Servente 0,95 h 7,34 6,98

Armadura kg 6,72

Aço CA-50 6,3 a 10 mm 1,15 kg 4,60 5,29

Arame recozido n° 18 0,02 kg 7,26 0,15

Ferreiro 0,08 h 8,77 0,70

Ajudante 0,08 h 7,34 0,59

Caixa de passagem 40x40 un 136,36

Tijolo comum maciço 101 un 0,22 22,27

Cal hidratada 5,46 kg 0,43 2,36

24
Areia 0,105 m3 73,25 7,69

Cimento 26,178 kg 0,43 11,33

Pedra britada 1 0,01 m3 66,52 0,67

Pedra britada 2 0,032 m3 66,52 2,13

Tábuas Pinho de l"x 12" de 3a 0,43 m 4,90 2,10

Arame cozido n° 18 0,022 kg 7,26 0,16

Aço CA-60B 1,317 kg 8,77 11,55

Ajudante carpinteiro 0,605 h 7,34 4,44

Carpinteiro 0,605 h 8,77 5,31

Ajudante ferreiro 0,115 h 7,34 0,84

Ferreiro 0,115 h 8,77 1,01

Servente 5,308 h 7,34 38,98

Pedreiro 2,907 h 8,77 25,50

Caixa de passagem 55x55 un 215,85

Tijolo comum maciço 141 un 0,22 31,09

Cal hidratada 7,644 kg 0,43 3,31

Areia 0,161 m3 73,25 11,79

Cimento 41,909 kg 0,43 18,14

Pedra britada 1 0,02 m3 66,52 1,33

Pedra britada 2 0,057 m3 66,52 3,79

Tábuas Pinho de l"x 12" de 3a 0,86 m 4,90 4,21

Arame cozido n° 18 0,044 kg 7,26 0,32

Aço CA-60B 2,582 kg 8,77 22,65

Ajudante carpinteiro 1,185 h 7,34 8,70

Carpinteiro 1,185 h 8,77 10,40

Ajudante ferreiro 0,225 h 7,34 1,65

Ferreiro 0,225 h 8,77 1,97

Servente 8,194 h 7,34 60,18

Pedreiro 4,139 h 8,77 36,31

Concreto lançamento m3 102,62

Pedreiro 5 h 8,77 43,86

Servente 8 h 7,34 58,76

Forma de tábuas m2 29,87

Tábua de pinho de 3a 1x12" 1 m 4,90 4,90

Sarrafo de pinho de

10 x 2,5 cm (travessas) 0,5 m 1,78 0,89

Prego 18 x 27 0,15 kg 6,43 0,96

25
Desmoldante para formas 0,4 l 5,42 2,17

Carpinteiro 1,3 h 8,77 11,40

Ajudante 1,3 h 7,34 9,55

Laje pré m2 64,63

Laje pré-fabricada 8 cm 1 m2 24,28 24,28

Cimento 15 kg 0,43 6,49

Areia média 0,0489 m3 73,25 3,58

Brita 1 0,0111 m3 66,52 0,74

Brita 2 0,0332 m3 66,52 2,21

Betoneira 0,04 h

Aço CA-50 0 6,3 mm 1,89 kg 4,60 8,69

Tábua de pinho de 3a 1x12" 0,56 m 4,90 2,74

Pontalete de pinho de 3a 3x3" 1,71 m 2,28 3,89

Sarrafo de pinho de 3a 1x4" 0,97 m 1,78 1,73

Prego 18 x 27 0,03 kg 6,43 0,19

Pedreiro 0,37 h 8,77 3,25

Servente + betoneiro 0,93 h 7,34 6,83

Sarjetão m3 422,36

Cimento 304 kg 0,43 131,57

Areia média ou grossa 0,9038 m3 73,25 66,20

Brita 1 0,209 m3 66,52 13,90

Brita 2 0,627 m3 66,52 41,71

Brita 3 0,4 m3 66,52 26,61

Aço CA- 50 de 12.5 mm 1,6 kg 4,60 7,36

Tábua de pinho de 3a 1 x 12" 1,17 m3 4,90 5,73

Pedreiro 12,51 h 8,77 109,74

Servente 2,66 h 7,34 19,54

Lastro de brita m3 98,19

Brita 1,2 m3 66,52 79,82

Servente 2,5 h 7,34 18,36

Filtro m 8,96

Geotextil 0,75 m2 5,27 3,95

Brita 0,04908 m3 66,52 3,27


8
Buzinote 1 pç 1,75 1,75

Escavação e transporte m3 44,29

Servente 6,03 h 7,34 44,29

Reaterro apiloado m3 28,78

26
Pedreiro 0,35 h 8,77 3,07

Servente 3,5 h 7,34 25,71

Dreno enterrado m 24,30

Escavação 0,1 m3 44,29 4,43

Geotextil 1 m2 5,27 5,27

Brita 0,0325 m3 98,19 3,19

Tubo dreno 1,05 m 6,76 7,10

Reaterro 0,15 m3 28,78 4,32

Retaludamento m2 32,84

Escavação e transporte 0,5 m3 44,29 22,14

Grama em placas 0,9 m2 4,16 3,74

Terra vegetal 0,075 m3 73,50 5,51

Servente 0,196 h 7,34 1,44

Tubo de concreto enterrado m 88,66

Escavação 0,3 m3 44,29 13,29

Lastro de brita 0,05 m3 98,19 4,91

Tubo de concreto 1,05 m 63,70 66,89

Reaterro 0,1244 m3 28,78 3,58

Rasgo em concreto unid 11,02

Ajudante 1,5 h 7,34 11,02

Tubos de 100 mm m 19,63

Tubo de PVC de 100 mm 1,01 m 6,76 6,83

Adesivo para PVC 0,0083 l 25,00 0,21

Solução Limpadora 0,013 l 0,00 0,00

Encanador 0,52 h 8,77 8,77

Ajudante 0,52 h 7,34 3,82

Chumbamento de ralo unid 20,71

Ralo de 100 mm de diâmetro 1 unid 4,92 4,92

Encanador 0,98 h 8,77 8,60

Ajudante 0,98 h 7,34 7,20

Oficial 0,155 h 8,77 1,36

Servente 1,55 h 7,34 11,38

Demolição de concreto simples m3 106,88

Oficial 1,3 h 8,77 11,40

Servente 13 h 7,34 95,48

Demolição de alvenaria m2 49,33

Oficial 0,6 h 8,77 5,26

27
Servente 6 h 7,34 44,07

Remoção de entulho m3 14,00

Caçamba 0,2 unid 70,00 14,00

Tubo de PVC 100 mm enterrado 24,16

Escavação 0,1 m3 44,29 4,43

Tubo de PVC de 100 mm 1,01 m 6,76 6,83

Adesivo para PVC 0,0083 l 25,00 0,21

Solução Limpadora 0,013 l 0,00 0,00

Encanador 0,52 h 8,77 4,56

Ajudante 0,52 h 7,34 3,82

Reaterro 0,15 m3 28,78 4,32

Muro de gabião de 2,0 m de altura m 856,99

Gabião 2,5 m3 233,79 584,48

Pedra de mão 3 m3 59,62 178,86

Retroescavadeira 0,63 h 70,55 44,45

Servente 6,7 h 7,34 49,21

Muro de gabião de 4,0 m de altura m 2.227,46

Gabião 6,5 m3 233,79 1.519,64

Pedra de mão 7,8 m3 59,62 465,04

Retroescavadeira 1,63 h 70,55 115,00

Servente 17,4 h 7,34 127,79

Pavimento intertravado m2 46,46

Areia lavada tipo fina 0,005 m³ 73,25 0,37

Areia lavada tipo média 0,05 m³ 73,25 3,66

Bloco de concreto para pavimentação intertravado 35 un 0,98 34,30


(espessura: 80 mm / comprimento: 222,00 mm /
largura: 156,00 mm)
COMPACTADOR de placa vibratória, diesel, 0,03 h prod 91,39 2,74
potência 9 HP (6,7 kW) - vida útil 10.000 h
Calceteiro 0,23 h 8,77 2,02

Servente 0,46 h 7,34 3,38

Guia pré fabricada de concreto m 30,37

Guia 1 m 17,96 17,96

Concreto fck + 150 MPa 0,04 m3 204,50 8,18

Pedreiro 0,18 h 8,77 1,58

Servente 0,36 h 7,34 2,64

CAIXA DE INSPEÇÃO em alvenaria -tampa e=5 unid 503,74


cm, dimensões 100 x 100 x 60 cm
Areia lavada tipo média 0,4428 m³ 73,25 32,44

Pedra britada 1 0,0384 m³ 66,52 2,55

Pedra britada 2 0,1512 m³ 66,52 10,06

28
Cal hidratada CH III 29,8656 kg 0,37 11,04
Cimento Portland CP II-E-32 (resistência: 32,00 104,623 kg 0,43 45,28
MPa) 2
Chapa compensada resinada (espessura: 12,00 0,3888 m² 11,86 4,61
mm)
Barra aço CA-60 (bitola: 5,00 mm / massa linear: 5,1216 kg 4,60 23,56
0,154 kg/m)

Tijolo comum maciço 5,7 x 9 x 19 (comprimento: 458,4 un 0,22 101,08


190,00 mm / largura: 90,00 mm / altura: 57,00 mm)

Arame recozido (diâmetro do fio: 1,25 mm / bitola: 0,0864 kg 7,26 0,63


18 BWG)

Tábua 3a. construção (seção transversal: 1x12 " / 0,1164 m² 4,90 0,57
tipo de madeira: cedrinho)

Ajudante de carpinteiro 2,352 h 7,34 17,27


Ajudante de armador 0,4956 h 7,34 3,64
Carpinteiro 2,352 h 8,77 20,63
Armador 0,4956 h 8,77 4,35
Pedreiro 9,8532 h 8,77 86,44
Servente 19,008 h 7,34 139,60
Fixação de Tubo PVC 100 mm armado unid 16,92
Tubo PVC 100 mm 1,5 m 6,76 10,14
Cimento 2,25 kg 0,43 0,97
Areia média ou grossa 0,00725 m3 73,25 0,53
Brita 2 0,00657 m3 66,52 0,44
5
Aço CA-25 de 6,3 mm 0,1575 kg 4,60 0,72
Arame recozido n° 18 0,00325 kg 7,26 0,02
Betoneira 0,0056 h 0,00 0,00
Pedreiro 0,04 h 8,77 0,35
Ferreiro 0,0125 h 8,77 0,11
Ajudante de Ferreiro 0,0125 h 7,34 0,09
Servente + bet 0,48154 h 7,34 3,54
9
Cerca com mourões de concreto m 69,30
Areia lavada tipo média 0,0201 m³ 73,25 1,47
Pedra britada 2 0,0253 m³ 66,52 1,68
Cimento Portland CP II-E-32 (resistência: 32,00 7 kg 0,43 3,03
MPa)
Mourão concreto armado curvo com furos (formato 0,4 un 21,40 8,56
da seção transversal: T / comprimento: 150,00 mm /
largura: 130,00 mm / altura: 2,60 m / altura da
inclinação: 0,40 m)
Tela de arame galvanizado para alambrado zincado 2,1 m² 15,69 32,94
pesado (dimensões da trama: 2X2 " / tipo da malha:
QUADRANGULAR / número do fio: 12)

Arame farpado (dimensões da trama: 100X100 mm / 0,141 kg 7,32 1,03


bitola: 16 BWG)

Arame galvanizado (bitola: 10 BWG) 0,15 kg 7,26 1,09


Arame galvanizado (bitola: 14 BWG) 0,06 kg 7,26 0,44
Ajudante 1,6 h 7,34 11,75
Montador 0,8 h 8,77 7,02
Servente 0,04 h 7,34 0,29
Muro de arrimo atirantado m2 326,11
Areia lavada tipo média 0,18 m³ 73,25 13,19
Pedra britada 1 0,24 m³ 66,52 15,96
Cimento Portland CP II-E-32 (resistência: 32,00 67,5 kg 0,43 29,21
MPa)
Forma 2 m2 29,87 59,74

29
Concreto fck =30 Mpa 0,15 m3 246,01 36,90
Lançamento de concreto 0,15 m3 102,62 15,39
Armação 15 kg 4,60 69,00
Barra de aço CA-25 1/4" (bitola: 6,30 mm / massa 0,82 kg 4,60 3,77
linear: 0,245 kg/m)

Barra de aço CA-50 3/8" (bitola: 10,00 mm / massa 11,5 kg 4,60 52,90
linear: 0,617 kg/m)

Arame recozido (diâmetro do fio: 1,25 mm / bitola: 0,2 kg 7,26 1,45


18 BWG)

Prego (tipo de prego: 18x27) 0,09 kg 6,43 0,58


Armador 0,3 h 8,77 2,63
Pedreiro 0,8 h 8,77 7,02
Servente 2,5 h 7,34 18,36
Fundação para muro de arrimo atirantado m 193,38
Areia lavada tipo média 0,21 m³ 73,25 15,38
Pedra britada 1 0,24 m³ 66,52 15,96
Cimento Portland CP II-E-32 (resistência: 32,00 100 kg 0,43 43,28
MPa)
Barra de aço CA-25 1/4" (bitola: 6,30 mm / massa 6,5 kg 4,60 29,90
linear: 0,245 kg/m)

Barra de aço CA-50 3/8" (bitola: 10,00 mm / massa 13,5 kg 4,60 62,10
linear: 0,617 kg/m)

Arame recozido (diâmetro do fio: 1,25 mm / bitola: 0,4 kg 7,26 2,90


18 BWG)

Prego (tipo de prego: 18x27) 0,06 kg 6,43 0,39


Armador 0,5 h 8,77 4,39
Pedreiro 0,5 h 8,77 4,39
Servente 2 h 7,34 14,69

COMPOSIÇÃO UNITÁRIA DOS CUSTOS


DESCRIÇÃO UN. PR. UNIT (R$)
Muro de espera h=1,0m por metro linear de alvenaria armada de bloco de
331,16
20 m
Muro de espera h=1,2m por metro linear de alvenaria armada de bloco de
347,32
20 m
Muro de espera h=1,4m por metro linear de alvenaria armada de bloco de
365,88
20 m
Escada de drenagem de 0,20 de largura m 176,92
Escada de drenagem de 0,50 de largura m 250,72
Canaleta moldada no local largura 0,5m por metro linear m 16,89
Mureta de 20 cm de altura m 8,14
Linha de 5 m de tubo de PVC de 100 mm chumbado na laje cj 134,80
Demolição de edificação m2 130,74
Construção de habitação padrão popular m2 867,34
Retaludamento m2 32,84
Linha dupla de tubulação de PVC 100mm enterrada conj 5.378,70
Muro de gabião m 856,99
Remoção de material m3 58,29
Sarjeta m 16,89
Pavimentação intertravada m2 46,46
Sarjetão de 1,0 m de largura m 42,24
Guia e sarjeta m 47,26
Caixa de inspeção de 1,0 x 1,0m unid 503,74
Barreira com tubos PVC 100 mm (3 por metro) m 168,30
Cerca de divisa com muro de espera e canaleta m 783,52
Muro de arrimo atirantado m2 422,80
Caixa de inspeção de 0,55 x 0,55m unid 215,85
Caixa de inspeção de 0,4 x 0,4m unid 136,36
Quadro 8. Síntese das planilhas utilizadas para quantificação dos custos das
intervenções propostas para a redução de riscos nas áreas estudadas.

30
Os quantitativos (como extensões, áreas e/ou volumes) foram estimados
em campo, ou graficamente dependendo da situação. Estabelecidas as obras
necessárias para a eliminação de risco de cada setor, foram estimados os
custos necessários para cada obra / serviço chegando-se ao orçamento
individualizado das intervenções para cada setor de risco. Na totalização dos
orçamentos individualizados, foram incluídos serviços complementares (7%),
BDI (23%) e projeto básico ou executivo (3%).
Ressalta-se que não foram consideradas, para efeito de composição do
orçamento, as ações referentes a monitoramento, planos preventivos de defesa
civil, e outras ações não estruturais. Igualmente não estão incluídos os custos
das “faxinas de encosta” (ver item 9.1, p. 82). Estima-se que a contratação de
uma equipe de quatro canteiros para a execução deste serviço custaria cerca
de R$7.500,00 por mês.

5.2. Resultados obtidos.


As estimativas de custos para cada uma das intervenções estruturais
sugeridas e para cada setor de risco, exceto aquelas destacadas no item
anterior, podem ser encontradas no quadro 9.
O total de recursos necessário para execução das intervenções
estruturais previstas foi estimado em R$ 3.232.287,00, já incluídos os
percentuais referentes aos serviços complementares (7%), BDI (23%) e
projetos (3%).

31
Quadro 9. Estimativa de custos das intervenções estruturais por
setor de risco

32
6. LEVANTAMENTO E ANÁLISE DA LEGISLAÇÃO
URBANÍSTICA E AMBIENTAL INCIDENTE SOBRE AS ÁREAS
ESTUDADAS
6.1. Procedimentos adotados
Para o levantamento da legislação urbanística e ambiental incidente sobre as
áreas estudadas foram realizadas as seguintes entrevistas:
• Dia 6 de novembro de 2008, com Diego Costa Rozo Guimarães e Juliana
Pereira Nascimento, respectivamente chefes de departamento de
Desenvolvimento de Projetos Habitacionais e de Urbanização de
Assentamentos Subnormais, da Secretaria Municipal de Habitação;

• Dia 23 de março de 2009, com Elza Neide Castro Correia, arquiteta da


equipe contratada para elaboração do Plano Local de Habitação de
Interesse Social de São Vicente;

• Dia 27 de março de 2009, com Osi Paes, Fiscal de Obras, da Secretaria


Municipal de Obras.

Foi realizada, também, uma vistoria nas áreas selecionadas, em 17 de março


de 2009, acompanhada por Diego Rozo.
A partir dos dados coletados nas entrevistas e na vistoria procedeu-se a
pesquisa e levantamento do marco legal urbanístico e ambiental, das três
esferas de governo, incidente sobre o Município de São Vicente, em especial
sobre as áreas selecionadas. Para esta finalidade, foram utilizadas as
seguintes referências legais e técnicas:

• Lei Orgânica do Município de São Vicente, de 5 de abril de 1990;

• Lei Complementar N° 271, de 29 de dezembro de 1999, que disciplina o


Uso e Ocupação do Solo do Município de São Vicente;

• Lei Complementar N° 270, de 29 de dezembro de 1999, que instituiu o


Plano Diretor do Município de São Vicente;

• Lei Complementar N° 165-A, de 3 de junho de 1993, que cria o Conselho


Municipal de Habitação;

• Lei Complementar N° 164-A, de 3 de junho de 1993, que cria o Fundo


Municipal de Habitação;

33
• Lei N° 46-A, de 29 de agosto de 1991, estabelece exigências para
aprovação de projetos nos morros da Cidade, alterada pela Lei
Complementar N° 424, de 17 de dezembro de 2003;

• Diagnóstico Consolidado do Plano de Habitação de Interesse Social de


São Vicente;

• Constituição do Estado de São Paulo, alterada pela Emenda


Constitucional N° 23, de 31 de janeiro de 2007;

• Decreto estadual N° 37.536, de 27 de setembro de 1993, que cria o


Parque Estadual Xixová-Japuí;

• Relatório Final do Programa Regional de Identificação e Monitoramento de


Áreas Críticas de Inundações, Erosões e Deslizamentos (PRIMAC) –
Região Metropolitana da Baixada Santista (RMBS);

• Lei Federal N° 10.257, de 10 de julho de 2001, Estatuto da Cidade;

• Lei Federal N° 11.888, de 24 de dezembro de 2008, garante assistência


técnica pública e gratuita para habitação de interesse social;

• Medida Provisória N° 2.220, de 4 de setembro de 2001, disciplina a


Concessão de Uso Especial;

• Medida Provisória N° 459, de 25 de março de 2009, Programa Minha


Casa, Minha Vida - PMCMV;

• Lei N° 4.771, de 15 de setembro de 1965, Código Florestal;

• Resolução Conama N° 369, de 28 de março de 2006;

• Lei Federal N° 6.766, de 19 de dezembro de 1979, Lei de Parcelamento


do Solo, alterada pela Lei N° 9.785, de 29 de janeiro de 1999 (que trata
também de Registros Públicos);

• Lei Federal N° 6.015, de 31 de dezembro de 1973, Lei de Registros


Públicos, alterada pela Lei Federal N° 10.931, de 2 de agosto de 2004,
(que trata também de incorporações imobiliárias).

34
6.2. Análise da legislação urbanística e ambiental incidente
sobre as áreas selecionadas
6.2.1. Introdução

Do ponto de vista do processo de urbanização, as áreas selecionadas para o


PMRR de São Vicente, possuem, majoritariamente, características diversas
das áreas suscetíveis a risco de deslizamento dos maiores municípios da área
central da Região Metropolitana: Santos, Cubatão e Guarujá. Enquanto nestes
municípios o risco de deslizamentos está preponderantemente associado às
ocupações subnormais onde predomina população de baixa renda (entre 0 e 3
s. m.), em São Vicente, algumas das áreas mapeadas estão em setores
censitários onde a renda média situa-se em faixas superiores. Este é o caso
das áreas 2, 3, 7, 8 e 9. Mas, mesmo nessas áreas, alguns setores apresentam
situações de risco provenientes de ocupações de baixa renda, associadas a
irregularidade fundiária e habitações precárias.

Uma exceção é a situação da área 7, Ilha Porchat, em que o risco está


desvinculado dessa dinâmica, pois ocorre em logradouros públicos, em função
de problemas de drenagem e manutenção de muro de gabião.

A situação mais recorrente é a observada nas áreas 5, 8, 9 e 11, onde existe


risco associado a ocupações em franjas de loteamentos, que demandam o
aprimoramento do controle da ocupação.

Do ponto de vista fundiário, ressalta-se a situação das áreas 1, 3, 4, 5 e 6,


situadas no maciço central de morros da área insular, que são de propriedade
da Santa Casa de Misericórdia de Santos, incidindo sobre as mesmas
cobrança de “aluguel de chão”2, resultando em irregularidade urbanística e
jurídica.

Tendo em vista esta situação, no item seguinte apresentar-se-á uma análise da


incidência da legislação urbanística e ambiental de nível municipal, estadual e

2
O chamado “aluguel de chão” consiste na cobrança de aluguel pelo uso do terreno, onde o
locatário edifica sua benfeitoria, normalmente de uso residencial. Desta forma, vincula-se a
edificação de propriedade de outrem, ao terreno de propriedade do dono da gleba,
estabelecendo-se uma relação não prevista na Lei Federal 6.766, de 1979, que disciplina o
Parcelamento do Solo para fins de urbanização. Na prática é uma forma irregular de
parcelamento, sem a implantação das benfeitorias e infra-estruturas necessárias. Contudo, no
caso em tela, cabe ressaltar que a relação locatícia surgiu anteriormente à vigência da referida
norma.

35
federal, supra mencionada, sobre as áreas selecionadas, destacando as
alternativas de intervenção sobre as mesmas. Para uma leitura sintética da
incidência desta legislação, apresenta-se, no final deste Capítulo, o Quadro 13,
contendo resumo dos principais aspectos que serão discutidos a seguir.

6.2.2. Análise da legislação

A Lei Orgânica do Município de São Vicente, em seu Capítulo II, que dispõe
sobre o Desenvolvimento Urbano, na Seção I, que estabelece Objetivos e
Diretrizes, aborda aspectos importantes no tocante a regularização fundiária. O
artigo 220, que fixa diretrizes e normas relativas ao desenvolvimento urbano,
em seu inciso I, estabelece que estas deverão assegurar:

I - a urbanização, a regularização fundiária e a titulação das áreas onde


estejam situadas as populações faveladas e de baixa renda, sem remoção
dos moradores, salvo em áreas de risco ou de urbanização impossível,
mediante consulta obrigatória à população envolvida. [grifo meu]
O artigo 231, da mesma seção, estabelece que “Lei municipal disporá sobre as
seguintes áreas especiais”:

I - de urbanização preferencial;
II - de renovação urbana;
III - de urbanização restrita;
IV - de regularização fundiária;
V - de integração regional.
§ 1º - Áreas de urbanização preferencial são as destinadas a:
a) ordenação e direcionamento da urbanização;
b) implantação prioritária dos equipamentos urbanos e comunitários;
c) indução de ocupação de terrenos edificáveis;
d) adensamento de áreas edificadas.
§ 2º - Áreas de urbanização restrita são aquelas em que a urbanização
deva ser desestimulada, contida ou proibida em decorrência de:
a) seus elementos naturais e de características de ordem fisiográfica;
b) sua vulnerabilidade a intempéries, calamidades e outras condições
adversas;
c) necessidade de preservação do patrimônio histórico, artístico,
arqueológico e paisagístico;
d) necessidade de proteção aos mananciais, às praias, margens de rios e
canais;
e) necessidade de proteção ambiental;
f) manutenção do nível de ocupação da área.
§ 3º - Áreas de regularização fundiária são as habitadas por população de
baixa renda e que devam, no interesse social, ser objeto de ações visando
à legalização da ocupação do solo e à regulamentação específica da
urbanização, bem como da implantação prioritária dos equipamentos
urbanos e comunitários.

36
§ 4º - Áreas de renovação urbana são as destinadas à melhoria das
condições de áreas urbanas deterioradas ou inadequadas às funções
previstas na lei de uso do solo.
§ 5º - Áreas de integração regional são aquelas em que, em função da
ordenação de uso do solo regional, seja necessária a ação integrada dos
municípios limítrofes. [grifo meu]
Também no Capítulo II, a Seção III, que trata do Regime Urbanístico, em seu
artigo 236, estabelece os seguintes “instrumentos para consecução do
desenvolvimento urbano”:

I - o plano diretor do Município;


II - os instrumentos tributários e financeiros, em especial:
a) imposto predial e territorial urbano, progressivo e regressivo;
b) taxas e tarifas diferenciadas em função de projetos de interesse social;
c) contribuição de melhoria;
d) incentivos e benefícios fiscais e financeiros;
e) fundos destinados ao desenvolvimento urbano;
III - os seguintes institutos jurídicos:
a) desapropriação;
b) servidão administrativa;
c) limitação administrativa;
d) tombamento;
e) direito real de concessão de uso;
f) parcelamento, edificação ou utilização compulsórios;
g) direito de preempção.
IV - a regularização fundiária;
V - outros instrumentos previstos em lei.
Parágrafo único - A desapropriação, a servidão administrativa, a limitação
administrativa, o tombamento de bens e o direito real de concessão de uso
regem-se pela legislação que lhes é própria.
Portanto, a lei maior do Município recepcionou os instrumentos de política
urbana estabelecidos pela Lei Federal N° 10.257, de 10 de julho de 2001,
Estatuto da Cidade, com destaque para o Plano Diretor.

A Lei Complementar N° 270, 29 de dezembro de 1999, que estabelece o Plano


Diretor do Município de São Vicente, no artigo 1°, do Capítulo I, do Título I, que
trata das definições, regulamenta a Lei Orgânica, assim dispondo:

O Plano Diretor de São Vicente é o instrumento básico da política de


desenvolvimento e da expansão urbana, cujo objetivo principal é conduzir
o crescimento ordenado da cidade, proporcionando uma melhor qualidade
de vida a seus habitantes e garantindo o cumprimento da função social da
cidade.
Por sua vez, o artigo 2º do mesmo capítulo, constitui objetivos político-
econômicos, físico-territoriais e sociais do Município, atinentes às intervenções

37
de médio e longo prazo, necessárias ao enfrentamento e prevenção das
situações de risco verificadas no mapeamento de risco, que são os seguintes:

[...]
IV – estabelecer normas gerais de proteção, recuperação, uso e ocupação
do solo, adequando-as às normas estaduais e federais;
[...]
VIII - estabelecer instrumentos de política habitacional, proporcionando a
gestão de reserva de terras no Município, assim como o processo
integrado de urbanização e regularização fundiária de áreas ocupadas
espontaneamente e loteamentos clandestinos.
No mesmo diapasão, o artigo 4º do Plano Diretor estabelece as seguintes
Diretrizes Físico-Territoriais:

I - integrar a parte insular e continental do Município, através da


urbanização e a ocupação ordenada e legal do solo;
II - coibir a ocupação do solo de forma desordenada e degradante da
condição humana, adequando seu uso às necessidades fundamentais de
habitação, trabalho, educação, circulação, saúde e lazer da população;
[...]
c) propor e admitir novas formas de urbanização adequadas às
necessidades decorrentes de novas tecnologias e modo de vida, inclusive
para recuperação de áreas consideradas irregulares;
[...]
e) estimular a construção de habitações de interesse social;
[...]
g) garantir a preservação do meio ambiente, dos ecossistemas primitivos,
assim como incentivar a recuperação de áreas degradadas.
Também no campo das diretrizes, o artigo 6°, no que tange as questões
habitacionais, relaciona o seguinte:

I – proporcionar acesso à moradia a todas as camadas da população,


viabilizado através de normas, projetos, parcerias, programas, convênios e
outras formas;
II - promover a urbanização e regularização fundiária das áreas ocupadas
irregularmente, respeitadas as condições físicas do meio ambiente;
III - realizar estudos e pesquisas visando à implantação de projetos de
realocação e reurbanização de assentamentos residenciais, em áreas
insalubres e de risco;
IV – estimular, junto à iniciativa privada, a construção de habitações de
interesse social;
V – delimitar as áreas de atendimento e incentivo à realização de
empreendimentos habitacionais;
VI – garantir recursos financeiros, institucionais, técnicos e administrativos,
especialmente promovendo sua captação em fontes privadas e

38
governamentais, dentro ou fora do Município, para investimentos em
habitações de interesse social, principalmente para atender à população
residente em áreas de risco e favelas;
VII – adotar instrumentos de política urbana visando aumentar a oferta de
espaços para habitações de interesse social;
VIII - estabelecer padrões especiais de uso e ocupação do solo que
possibilitem regularização jurídica e urbanística de assentamentos
populares, já existentes ou a serem implantados, permitindo a fixação da
população de baixa renda. [grifo meu]
Outro importante aspecto está previsto no artigo 14, do Título II, que apresenta
as Disposições Finais, assim estabelecendo:

As áreas deterioradas, estagnadas e/ou descaracterizadas em relação à


previsão de uso e ocupação do solo, deverão receber intervenção pública
ou privada incentivada, que propiciem a melhoria das condições urbanas,
para cumprir a função definida no Plano Diretor e na Lei de Uso e
Ocupação do Solo.
No Quadro Política de Desenvolvimento Urbano, apresentado no Anexo I do
Plano Diretor, são classificadas as distintas áreas do Município, consoante às
diretrizes de urbanização. Assim, as áreas enquadradas como Urbanização
Preferencial 1 – Imediata – são aquelas “urbanizadas, loteadas ou parceladas”,
que apresentam “diferentes níveis de infra-estrutura urbana, e de
equipamentos urbanos e comunitários”, e que sobre as quais incidem:

Diretriz geral/ação: Estabelecer programas de regularização e fiscalização


tributária;
Programa e Projeto: Programa de Regularização e Fiscalização de Obras.
As áreas enquadradas como Urbanização Preferencial 4 – Desenvolvimento
Turístico – “são áreas lindeiras a praias, rios e recursos naturais e
paisagísticos que apresentam grande potencial para o turismo tradicional ou
ecoturismo”, e sobre elas incidem:

Diretriz geral/ação: Propor áreas de intervenção, desenvolvendo para cada


área: programas e os projetos de desenvolvimento integrado, instrumentos
legais complementares necessários, e estratégia de parceria com o setor
privado e de captação de recursos externos (outras esferas de governo,
entidades, países, dentre outras).
Programa e Projeto: Projetos de Urbanização do Itararé, Praínha, Avenida
Tupiniquins, Canal dos Barreiros, Rua Japão, Ilha Porchat, Lagoa do
Mariana, Avenida Pres. Getúlio Vargas, Pavilhão de Exposições, Morro do
Itararé, Hotel-Escola, Marinas; e Programa de Desenvolvimento Turístico.
[grifo meu]

39
Portanto, o Plano Diretor estabelece instrumentos, diretrizes e programas
necessários ao enfrentamento das situações de risco, porém, os mesmo não
são auto-aplicáveis, dependendo de regulamentação específica.

No tocante à Lei Complementar N° 271, de 29 de dezembro de 1999, que


disciplina o Uso e Ocupação do Solo, o Quadro 10 apresenta o enquadramento
dos setores de risco das 12 áreas objeto deste PMRR, no tocante ao
zoneamento estabelecido pela referida Lei.

Quadro 10 - Enquadramento das áreas objeto do PMRR segundo o zoneamento


N° de
Área Nome Zona
setores
S1 UP1/CA2

1 Morro do Itararé/ Asa Delta 5 S2 CA2

S3, S4 e S5 UP4
Morro do Itararé/ Ruas da Constituição e
2 3 UP1
Coaracy Paranhos
Clube Itararé (Concretex) - Rua Marechal
3 1 UP1
Deodoro
4 Carrefour - Rua General San Martin 1 UP1/RA

5 Bananal - Rua Juiz de Fora 2 UP1/PPDS


Voturuá/Linha Vermelha (próx. Av. Minas
6 1 UP1/PPDS
Gerais)
7 Ilha Porchat 2 UP4

S1 UP4/CA2

8 Morro dos Barbosas 3 S2 CA2/UP3-A1

S3 UP3-A1
Parque Prainha (Rua Saturnino de Brito e
9 1 UP4/PPDS
Benedito Calixto)
10 Curtume (Av. Tupiniquins) 1 UP4

11 Japui 2 UP1

12 Acarau 1 CA1

Fonte: Elaboração própria, 2009.


De modo geral, todos os setores de risco se encontram em Zonas Urbanas ou
Urbanizáveis disciplinadas pelo inciso I, do artigo 7° da Lei de Uso e Ocupação
do Solo, ou em Zonas Não Urbanizáveis, disciplinadas pelo inciso II, do mesmo
artigo. São as seguintes as definições das zonas onde se encontram os setores
de risco:

40
I - Zonas Urbanas ou Urbanizáveis: são as áreas já ocupadas e de
ocupação futura para atender às demandas geradas pelo crescimento
populacional e pelo desenvolvimento das atividades econômicas, sociais,
culturais, de turismo, lazer e recreação, dividindo-se em:
a) Urbanização Preferencial - UP: são áreas destinadas à ordenação e
melhoria das condições de urbanização, através da implantação prioritária
de equipamentos urbanos e comunitários, do adensamento de áreas já
edificadas, e da indução à ocupação dos terrenos edificáveis, subdividindo-
se em:
1) Imediata - UP 1: são áreas urbanizadas, loteadas ou parceladas que
apresentam diferentes níveis de infra-estrutura urbana e de equipamentos
urbanos e comunitários;
[...]
3) Industrial, Comercial e de Serviços - UP 3:
3.1 - UP 3 - A - são áreas que apresentam condições favoráveis para a
implantação de indústria, comércio e serviços de pequeno e médio portes,
principalmente por sua localização estratégica ao longo de corredores em
zonas urbanas, subdividindo-se na subzona UP 3-A1, que corresponde ao
Centro, onde serão permitidos recuos diferenciados.
[...]
4) Desenvolvimento Turístico – UP 4: são áreas lindeiras a praias, rios e
recursos naturais e paisagísticos que apresentam grande potencial para o
turismo tradicional ou ecoturismo, integrados inclusive pelos lotes com uma
das faces para os logradouros pertencentes a essa Zona, que se subdivide
na subzona UP 4-A, no bairro Itararé, cujo uso e ocupação do solo estão
previstos no Título IV desta Lei Complementar.
[...]
II - Áreas Não Urbanizáveis: são áreas que apresentam ecossistemas
significativos, em diferentes estágios de conservação, e necessárias ao
equilíbrio ecológico e ambiental, demandando ações de preservação,
conservação ou recuperação do patrimônio ambiental, dividindo-se em:
a) Preservação Permanente para Desenvolvimento Sustentado -
PPDS: são áreas preservadas pela legislação federal e estadual, nas quais
se mantêm predominantes os ecossistemas primitivos em pleno equilíbrio
ambiental, ocorrendo composição diversificada de espécies e organização
funcional capazes de manter, de forma sustentada, uma comunidade de
organismos balanceada, integrada e adaptada, podendo ocorrer atividades
humanas de baixos efeitos impactantes, onde será permitida a ocupação
de até 5% da área total, dentro da qual caberá a estrutura viária de
transposição, sendo que para todas as atividades compatíveis será exigida
a avaliação dos impactos ambientais e controle permanente, subdividindo-
se em:
1) Parque Estadual da Serra do Mar;
2) Parque Estadual Xixová-Japuí;
3) Parque Municipal do Voturuá;
4) Cursos d’água, áreas de mangues e restingas.
b) Conservação Ambiental – CA: são áreas que apresentam alterações
nos ecossistemas originais, possuem ocupação rural e potencialidade para

41
o cultivo de espécies nativas, ou que demandam proteção específica
devido à sua localização, classificando-se em:
[...]
2) Proteção Ambiental – CA 2: são áreas que apresentam os
ecossistemas parcialmente modificados, com dificuldades de regeneração
natural pela exploração, supressão ou substituição de algum de seus
componentes, em razão de ações antrópicas, localizando-se em extensões
territoriais contíguas a cursos d’água ou áreas significativas de mangue ou
restinga, servindo como anteparo entre os assentamentos humanos e as
encostas de morros.
c) Recuperação Ambiental – RA: são áreas que apresentam os
ecossistemas primitivos profundamente modificados pela supressão de
componentes, descaracterização de substratos terrestres e marinhos,
alteração da drenagem ou da hidrodinâmica e pela ocorrência de
assentamentos em locais inadequados, necessitando de intervenções
diferenciadas para sua regeneração parcial; são áreas contaminadas por
resíduos tóxicos, degradadas por mineração e áreas de mangues
alteradas por assentamentos urbanos,cujas condições de implantação das
atividades e categorias de uso serão definidas após avaliação do estágio
de recuperação de cada área, levando-se em consideração o grau de
degradação e o uso pretendido. [grifos meus]
Na área 1, o setor 1 localiza-se na confluência dos perímetros das zonas UP1,
UP4 e CA2, porém as moradias se encontram parcialmente em UP1, zona que
admite a categoria de uso residencial unifamiliar. Contudo, a parte de trás da
moradia já se encontra em CA2, zona destinada à proteção ambiental e que
não admite uso residencial de qualquer espécie. O setor 2, desta área se
encontra inteiramente nesta mesma zona, portanto, conforme a norma
municipal a moradia não pode ser objeto de plano de regularização fundiária.
Os setores 3, 4 e 5, encontram-se em UP4, zona para o desenvolvimento de
atividades de fins turísticos e que também admite uso residencial unifamiliar.
Portanto, é passível de regularização.

Desta forma, os setores 1, 3, 4 e 5 podem ser objeto de regularização fundiária,


mas são moradias objeto de cobrança de “aluguel de chão” por parte da Santa
Casa, fato que indica a necessidade de negociação, que poderá ser
intermediada pelo Poder Público Municipal, utilizando-se, para isto alguns dos
instrumentos de política urbana do Estatuto da Cidade, como será detalhado
adiante. Outro aspecto a ser observado, em eventual processo de
regularização é o enquadramento dos setores 3, 4 e 5 como Área de Proteção
Permanente (APP), nos termos da alínea “e”, do artigo 2°, da Lei Federal N°
4.771, de 15 de setembro de 1965, Código Florestal, por estarem localizadas

42
em patamares de encosta com declividade superior a 45%. A flexibilização
deste princípio, para fins de regularização fundiária de habitações de interesse
social (HIS), pode estar amparada em dois instrumentos: a Resolução N° 369,
de 28 de março de 2006, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), e
a recém publicada Medida Provisória N° 459, de 25 de março de 2009, que cria
o Programa Minha Casa, Minha Vida - PMCMV.

No tocante à Resolução N° 369/06, que define os casos excepcionais em que o


órgão ambiental pode autorizar a intervenção ou supressão de vegetação em
APP, definidas pelo Código Florestal, para a implantação de obras, planos,
atividades ou projetos de utilidade pública ou interesse social, dentre outras
intervenções, em seu artigo 2°, o interesse social é definido como a
“regularização fundiária sustentável de área urbana” e em seu artigo 9°, a
Resolução estabelece que a intervenção ou supressão de vegetação em APP
para regularização fundiária sustentável de área urbana poderá ser autorizada
pelo órgão ambiental competente, observado o disposto nas disposições gerais
desta Resolução, além dos seguintes requisitos e condições:

I - ocupações de baixa renda predominantemente residenciais;


II - ocupações localizadas em área urbana declarada como Zona Especial
de Interesse Social (ZEIS) no Plano Diretor ou outra legislação municipal;
III - ocupação inserida em área urbana que atenda aos seguintes critérios:
a) possuir no mínimo três dos seguintes itens de infra-estrutura urbana
implantada: malha viária, captação de águas pluviais, esgotamento
sanitário, coleta de resíduos sólidos, rede de abastecimento de água, rede
de distribuição de energia;
b) apresentar densidade demográfica superior a cinqüenta habitantes por
hectare
IV - localização exclusivamente nas seguintes faixas de APP:
a) nas margens de cursos de água, e entorno de lagos, lagoas e
reservatórios artificiais, conforme incisos I e III, alínea "a", do art. 3 o da
Resolução CONAMA n o 303, de 2002, e no inciso I do art. 3 o da
Resolução CONAMA n o 302, de 2002, devendo ser respeitada faixas
mínimas de 15 metros para cursos de água de até 50 metros de largura e
faixas mínimas de 50 metros para os demais;
b) em topo de morro e montanhas conforme inciso V, do art. 3 o , da
Resolução CONAMA n o 303, de 2002, desde que respeitadas as áreas de
recarga de aqüíferos, devidamente identificadas como tal por ato do poder
público;
c) em restingas, conforme alínea "a" do IX, do art. 3 o da Resolução
CONAMA n o 303, de 2002, respeitada uma faixa de 150 metros a partir da
linha de preamar máxima;

43
V - ocupações consolidadas, até 10 de julho de 2001, conforme definido na
Lei n o 10.257, de 10 de julho de 2001 e Medida Provisória n o 2.220, de 4
de setembro de 2001;
Contudo, o Ministério Público estadual vem restringindo a utilização deste
dispositivo, para finalidade de regularização fundiária de assentamentos
subnormais, em função da referida resolução ser hierarquicamente inferior ao
Código Florestal.

No entanto, novo enfoque para esta questão foi proporcionado pela publicação
da Medida Provisória N° 459, de 2009, em seu Capítulo III, que trata da
Regularização Fundiária de Assentamentos Urbanos, as Seções II e III
dispõem de critérios para a regularização, respectivamente, de assentamentos
irregulares ocupados por população de baixa renda e por população com
rendimentos superiores, da seguinte forma:

Seção II
Da Regularização Fundiária de Interesse Social
Art. 57. A regularização fundiária de interesse social depende da análise e
da aprovação, pelo Município, do projeto de que trata o art. 55.
Art. 58. O projeto de regularização fundiária de interesse social deverá
considerar as características da ocupação e da área ocupada para definir
parâmetros urbanísticos e ambientais específicos, além de identificar os
lotes, as vias de circulação e as áreas destinadas a uso público.
§ 1° O Município poderá, por decisão motivada, admitir a regularização
fundiária de interesse social em Áreas de Preservação Permanente,
ocupadas até 31 de dezembro de 2007 e inseridas em área urbana
consolidada, desde que estudo técnico comprove que esta intervenção
implica a melhoria das condições ambientais em relação à situação de
ocupação irregular anterior.
§ 2° O estudo técnico referido no § 1° deverá ser elaborado por profissional
legalmente habilitado, compatibilizar-se com o projeto de regularização
fundiária e conter, no mínimo, os seguintes elementos:
I - caracterização da situação ambiental da área a ser regularizada;
II - especificação dos sistemas de saneamento básico;
III - proposição de intervenções para o controle de riscos geotécnicos e de
inundações;
IV - recuperação de áreas degradadas e daquelas não passíveis de
regularização;
V - comprovação da melhoria das condições de sustentabilidade urbano-
ambiental, considerados o uso adequado dos recursos hídricos e a
proteção das unidades de conservação, quando for o caso;
VI - comprovação da melhoria da habitabilidade dos moradores propiciada
pela regularização proposta; e

44
VII - garantia de acesso público às praias e aos corpos d'água, quando for
o caso.
Art. 59. Na regularização fundiária de interesse social, caberá ao Poder
Público, diretamente ou por meio de seus concessionários ou
permissionários de serviços públicos, a implantação do sistema viário e da
infra-estrutura básica, previstos no art. 2°, § 6° da Lei n° 6.766, de 19 de
dezembro de 1979, ainda que promovida pelos legitimados previstos nos
incisos I e II do art. 54.
Parágrafo único. A realização de obras de implantação de infra-estrutura
básica pelo Poder Público, bem como sua manutenção, pode ser realizada
mesmo antes de concluída a regularização jurídica da situação dominial do
imóvel.
Art. 60. O Poder Público responsável pela regularização fundiária de
interesse social poderá lavrar auto de demarcação urbanística, com base
no levantamento da situação da área a ser regularizada e na
caracterização da ocupação.
§ 1° O auto de demarcação urbanística deve ser instruído com:
I - planta e memorial descritivo da área a ser regularizada, nos quais
constem suas medidas perimetrais, área total, confrontantes, coordenadas
preferencialmente georreferenciadas dos vértices definidores de seus
limites, bem como seu número de matrícula ou transcrição e a indicação do
proprietário, se houver;
II - planta de sobreposição do imóvel demarcado com a situação da área
constante no registro de imóveis; e
III - certidão da matrícula ou transcrição da área a ser regularizada, emitida
pelo registro de imóveis ou, diante de sua inexistência, das circunscrições
imobiliárias anteriormente competentes.
§ 2° Na possibilidade de a demarcação urbanística abranger área pública
ou com ela confrontar, o Poder Público deverá notificar previamente os
órgãos responsáveis pela administração patrimonial dos demais entes
federados, para que informem se detêm a titularidade da área, no prazo de
trinta dias.
§ 3° Na ausência de manifestação no prazo previsto no § 2°, o Poder
Público dará continuidade à demarcação urbanística.
§ 4° Verificada a existência de área pública, esta será excluída do auto de
demarcação urbanística.
[...]
Seção III
Da Regularização Fundiária de Interesse Específico
Art. 66. A regularização fundiária de interesse específico depende da
análise e da aprovação do projeto de que trata o art. 55 pela autoridade
licenciadora, bem como da emissão das respectivas licenças urbanística e
ambiental.
§ 1° O projeto de que trata o caput deverá observar as restrições à
ocupação de Áreas de Preservação Permanente e demais disposições
previstas na legislação ambiental.

45
§ 2° A autoridade licenciadora poderá exigir contrapartida e compensações
urbanísticas e ambientais, na forma da legislação vigente.
Art. 67. A autoridade licenciadora deverá definir, nas licenças urbanística e
ambiental da regularização fundiária de interesse específico, as
responsabilidades relativas à implantação:
I - do sistema viário;
II - da infra-estrutura básica;
III - dos equipamentos comunitários definidos no projeto de regularização
fundiária; e
IV - das medidas de mitigação e de compensação urbanística e ambiental
eventualmente exigidas.
Parágrafo único. A critério da autoridade licenciadora, as
responsabilidades previstas no caput poderão ser compartilhadas com os
beneficiários da regularização fundiária de interesse específico, com base
na análise de, pelo menos, dois aspectos:
I - os investimentos em infra-estrutura e equipamentos comunitários já
realizados pelos moradores; e
II - o poder aquisitivo da população a ser beneficiada. [grifos nossos]
Assim, no que tange ao inciso II, do artigo 9°, da Resolução Conama, e às
Seções II e III, do Capítulo III, da MP N° 459/09, os setores 3, 4 e 5, da área 1,
poderão ser objeto de regularização fundiária, com as ressalvas apresentadas
acima, em especial quanto à faixa de renda da população residente, para a
correta aplicação do disposto no parágrafo 1°, do artigo 58, da MP N° 459/09.

Destaca-se, ainda, que estes setores são contíguos à Zona Especial de


Interesse Social (ZEIS) do Morro José Menino, conforme a Lei Complementar
N° 53, de 1992, do Município de Santos. Portanto, uma alternativa a ser
considerada, no processo de regularização destas moradias, é a adoção de
zoneamento correlato, previsto pela Lei de Uso e Ocupação do Solo de São
Vicente: Zonas Habitacionais de Interesse Social (ZHIS), assim disciplinadas
pelo inciso II e pelos parágrafos 1° a 4°, do artigo 18, da referida lei:

II – loteamentos de interesse social são aqueles realizados com a


intervenção do Poder Público ou não, em que os valores dos padrões
urbanísticos são especialmente estabelecidos, com o objetivo de estimular
a construção de habitações de interesse social nas Zonas Habitacionais
de Interesse Social (ZHIS);
[...]
§ 1º - A localização das zonas de interesse social está demarcada no
Anexo I desta Lei Complementar.
§ 2º - Nos loteamentos de interesse social, a cada família será destinado
um único lote ou unidade habitacional, admitindo-se a destinação de um
segundo lote quando o primeiro já estiver edificado e este tenha uso

46
exclusivo não-residencial, visando, comprovadamente, à sustentação da
economia familiar.
§ 3º - Nos loteamentos de interesse social será destinado o mínimo de
50% (cinqüenta por cento) dos lotes ou das unidades habitacionais à
aquisição por famílias com renda familiar de até 5(cinco) salários mínimos.
§ 4º - Nos loteamentos de interesse social, as taxas municipais serão
reduzidas em 50% (cinqüenta por cento), servindo essa redução também
para a regularização e construção de habitação em Zona de Interesse
Social. (Alterado pela LC 355/01)
O parágrafo 2°, do artigo 6° também dispõe acerca das ZHIS, apresentando
alternativa interessante para o enquadramento dos setores da área 1, passíveis
de regularização:

§ 2º - Fica o Poder Executivo autorizado a considerar Zonas Habitacionais


de Interesse Social as áreas públicas ou privadas, não constantes do
Anexo I, que seguirão os padrões de uso e ocupação do solo dessa Zona,
sendo as públicas transferidas da classe dos bens de uso comum do povo
para a dos bens patrimoniais do Município.
Os parágrafos 2° e 3°, do artigo 45, também tratam de prescrições para a
aprovação de projetos em ZHIS:

§ 2º - Para efeito de parcelamento em ZHIS - Zona Habitacional de


Interesse Social, fica estipulado que o lote para a área já ocupada será
determinado pelas possibilidades de adequação com condições mínimas
de salubridade e lote mínimo de 60,00 m²(sessenta metros quadrados),
para a área ainda não ocupada;
§ 3º - Excetuam-se das prescrições do presente artigo os lotes resultantes
da urbanização de terrenos para empreendimentos de interesse social
executados pelo poder público, os quais poderão receber edificações do
tipo de moradias econômicas, após a conclusão dos serviços e obras de
terraplenagem e de colocação de guias e sarjetas, desde que a rua
considerada tenha acesso a logradouro público, diretamente ou por
intermédio de outra rua do mesmo terreno, devendo, contudo, estar
concluída a infra-estrutura básica para que seja permitida a ocupação
pelos moradores.
No que se refere à população de baixa renda, conforme o Quadro 12,
apresentado no final deste Capítulo, observa-se que o Plano Local de
Habitação de Interesse Social – PLHIS delimitou estes setores dentro da área
16 - Núcleo Morro da Asa Delta -, no Complexo Leste, da Área Insular (Figura
1), para os quais está prevista a consolidação de moradias ocupadas por 55
famílias e o reassentamento de moradias ocupadas por 83 famílias. Portanto, é
necessário verificar, no âmbito do PLHIS, como se enquadram as moradias
contidas nos setores que são objeto deste PMRR.

47
O PLHIS também procederá ao levantamento dos marcos regulatórios e legais
existentes relacionados com o direito à cidade e à garantia do acesso à
moradia digna para, apontando alterações e complementações necessárias ao
conjunto da legislação incidente. Portanto, tanto os referidos setores da área 1,
como os demais, onde há população da baixa renda residente, serão objeto de
análise do PLHIS3, inclusive com referência ao setor 2, da área 1, que do ponto
de vista legal possui sérias restrições para a regularização.

Figura 1 – Localização das áreas e setores do PMRR, sobre planta do Complexo Leste,
da Área Insular, do PLHIS.
Fonte: PLHIS, 2009.
Com referência aos setores 1, 2 e 3, da área 2, estes se encontram em UP1,
zona que admite as categorias de uso residencial unifamiliar e multifamiliar,
assim como de comércio e serviços do tipo CSH3 - pensões, hospedarias,
pousadas e albergues -, compatível com o padrão encontrado no local, exceto
no caso do drive in situado na Rua Coaracy Paranhos, atividade que não
possui previsão legal, embora possa ser enquadrado por similaridade com
motéis, uso não admitido em UP1. Destaca-se o edifício de três pavimentos
situado na Rua da Constituição, 96, que se encontra ocupado por população de
baixa renda e que merece, junto com a casa de n° 66, incendiada
recentemente, tratamento urbanístico adequado, pois se localizam em área
bem servida por infra-estrutura e serviços. É necessário cadastrar os
ocupantes do referido edifício, que está interditado, e propor solução

3
A situação atual do PLHIS será tratada mais adiante.

48
habitacional adequada para os mesmos, que poderá envolver a recuperação
do próprio edifício, que possui características arquitetônicas relevantes.

No que concerne ao setor 1, da área 3, embora as residências, todas bastante


precárias e o Clube Itararé estejam situados em UP1, a ocupação é irregular,
do ponto de vista urbanístico, pois também é objeto de cobrança de “aluguel de
chão”, por parte da Santa Casa. A condição de alto risco presente no setor está
associada às características dos terrenos, com pouca profundidade e
possibilidade de aproveitamento, limitadas por um lado pela encosta e por
outro, pelo sistema viário, incluindo a faixa de domínio de 15m, da Companhia
Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), na qual está previsto o percurso do
Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). Esta situação torna bastante onerosa a
possibilidade de regularização das benfeitorias existentes e, portanto, não
indicada.

Cabe ressaltar que o PLHIS delimitou este setor dentro da área 19 - Núcleo
Clube Itararé -, no Complexo Leste, da Área Insular (Figura 1). A previsão de
intervenção consiste em reassentar todas as 28 famílias residentes nesta área.

Assim, é necessário buscar alternativas habitacionais para as famílias


residentes. Neste aspecto, poderá ser avaliada a utilização dos imóveis
situados na área 2, à Rua da Constituição 66 e 96, mencionados
anteriormente.

Outra questão que deve ser examinada é a destinação da área após a


remoção das famílias. Neste aspecto, é recomendável discutir uma possível
incorporação da mesma ao projeto do VLT, nos termos de uma operação
urbana, que destinasse recursos para a solução do passivo social e ao mesmo
tempo permitisse a implantação de equipamento vinculado ao próprio VLT.
Contudo, o valor das intervenções na encosta do setor deve ser considerado
para esta análise.

A área 4 não possui setor de risco e está parcialmente em UP1 e parcialmente


na RA do Morro do Itararé, indicando a necessidade de avaliação específica,
nos termos da Lei de Uso e Ocupação do Solo. A ocupação é irregular,
também de propriedade da Santa Casa, incidindo cobrança de “aluguel de
chão”, e constituída na maior parte por moradias que devem ser consolidadas

49
mediante plano urbanístico. O PLHIS delimitou a parcela desta área ocupada
por residências dentro da área 18 - Núcleo Carrefour -, no Complexo Leste, da
Área Insular (Figura 1).

O setor 1, da área 5, possui duas moradias que também são objeto de


cobrança de “aluguel de chão”, pela Santa Casa, situadas em UP1, em área
onde não há rede de drenagem e de esgoto, ainda que as edificações estejam
na franja de um loteamento que possui disponibilidade desses serviços e
regularidade urbanística. A situação das referidas edificações, muito próximas
à encosta, situada em PPDS, indica a necessidade de monitoramento
constante quanto à possibilidade de ampliação da ocupação, caso a alternativa
urbanística escolhida seja a integração ao loteamento lindeiro. O mesmo
raciocínio se aplica às ocupações mais próximas a encosta, contíguas
imediatamente a sudoeste das duas edificações do setor 1. Neste aspecto,
vale ressaltar que o PLHIS delimitou este setor dentro da área 17 - Núcleo
Bananal -, no Complexo Leste, da Área Insular (Figura 1). A previsão é a
consolidação de ocupações onde residem 36 famílias e reassentamento de 9
famílias. Portanto, é necessário verificar em que categoria estão incluídas as
duas moradias que integram o setor.

A área 6 não possui setor de risco e está parte situada em UP1 e parte em
PPDS ou RA, do Morro Voturuá. Neste caso aplicam-se as mesmas
recomendações relativas às ocupações próximas à encosta da área 5, em
especial quanto às moradias situadas nos trechos finais das ruas Quatrocentos
e Morvan Dias de Figueiredo, destacando-se o fato de que as moradias
situadas no final do primeiro logradouro citado encontram-se parcialmente em
PPDS.

A área 7 apresenta dois setores localizados na UP4 da Ilha Porchat, área de


moradias de alto padrão, com população fixa e flutuante, e também de serviços
de lazer e turísticos, cujas situações de risco estão vinculadas a conservação e
manutenção de logradouros públicos, em área com oferta adequada de infra-
estrutura e serviços públicos. Desta forma, não cabe para esta área qualquer
recomendação de cunho urbanístico.

50
O setor 1 da área 8, é formado por edificações de alto padrão, situadas em
UP4, na Avenida Getúlio Vargas, com regularidade urbanística e sujeitas a
situação de risco, cujo controle depende em grande medida da adequada
manutenção da drenagem da Rua Frederico Ozanan, onde as edificações
possuem o mesmo padrão, mas estão majoritariamente em UP4. Apenas as
moradias localizadas no alinhamento sul deste logradouro encontram-se na
CA2 do Morro dos Barbosas, o que veda suas regularizações. O setor 2 da
mesma área, possui residências de alto e médio padrões, situadas na CA2,
zona que veda o uso residencial. Portanto, trata-se de desconformidade
urbanística associada a risco de nível médio. A única exceção é a edificação de
N° 484, que está localizada em área com oferta de infra-estrutura e serviços
públicos adequados, em UP3A1, onde o uso residencial unifamiliar é admitido.
Portanto, deve-se avaliar a possibilidade de regularizar o conjunto das
ocupações, desde que seja possível monitorar os fundos de lotes. O setor 3 da
área 8 é composto por moradias de fundos, de baixo padrão, situadas em
UP3A1. Contudo, embora o zoneamento admita a regularização das
edificações, é importante que seja avaliada a capacidade de monitoramento de
possível ampliação destas ocupações, que poderão elevar o nível de risco a
que estão suscetíveis.

A área 9, Parque Prainha, é composta por um único setor de risco, com


edificações de padrão variado, com uso residencial, comércio e serviços
vinculados a atividades de turismo e lazer.

Parte do setor, entre os imóveis de números 9 e 62 da Rua Saturnino de Brito,


é integrante do loteamento “Parque Prainha”, com “arruamento” aprovado em
1928, pelo processo administrativo N° 431, em nome da Sociedade
Exportadora Santista de Produção Agrícola S.A., segundo informações obtidas
junto à Secretaria de Obras de São Vicente. Segundo esta fonte, este
“arruamento” foi modificado pelo processo administrativo N° 245/1938, em que
figura a Companhia Industrial e Construtora São Paulo e Santos, como co-
responsável pelo empreendimento. Em 1948 e 1952 houve alterações no
projeto, com acréscimo de áreas. A abertura das vias somente veio a ocorrer
em 1953, tendo sido embargadas, em seguida. Desta forma, os lotes
localizados no referido logradouro não foram levados a registro, por questões

51
legais, com exceção de alguns casos resultantes de ações de usucapião.
Portanto, o parcelamento não atende à Lei Federal N° 6.766, de 1979.

Parte do setor situa-se na encosta a montante dos lotes localizados entre os


imóveis de números 62 e 444 da Rua Saturnino de Brito, sendo que a
construção aos fundos do imóvel de número 380 invade parcialmente os limites
do Parque Estadual Xixová-Japuí, delimitado pelo Decreto Estadual Nº 37.536,
de 27 de setembro de 1993.

A extremidade leste do setor, situada na encosta a montante dos lotes situados


no alinhamento sul da Rua Benedito Calixto, está parcialmente dentro dos
limites do Parque Estadual Xixová-Japuí, destacando-se a ocupação de
número 672 altos, que se encontra dentro do Parque. Segundo a citada fonte
da Secretaria de Obras, os lotes existentes na Rua Benedito Calixto, com
exceção de um único lote em seu alinhamento norte, são irregulares, mesmo
com relação ao “arruamento” Parque Prainha, pois não acompanham o
desenho dos lotes.

As edificações do início da Rua Saturnino de Brito situam-se em UP4. A já


mencionada edificação existente nos fundos da moradia de número 380 situa-
se na divisa entre esta mesma zona e a PPDS do Parque Xixová-Japuí. As
edificações localizadas a montante da Rua Benedito Calixto encontram-se na
mesma situação, e a exemplo daquela, demandam um processo de
monitoramento constante, desaconselhando a regularização das mesmas.
Destaca-se que o PLHIS não delimitou qualquer área deste setor, que não tem
predominância de população de baixa renda. Portanto, a regularização do
Parque Prainha deve observar o disposto na Lei Federal N° 6.766, de 1979,
com o custo do processo sendo arcado pelos interessados. Contudo, é
importante que se considere o atendimento das famílias de baixa renda
eventualmente residentes no setor, no programa municipal de HIS, em outra
área.

O setor 1, da área 10, é formado por ocupações de baixo padrão, em sua maior
parte residenciais, situadas no sopé da encosta contígua ao alinhamento
sudeste da Avenida dos Tupiniquins, que, neste local, acima da cota 25m já
pertence aos domínios do Parque Estadual Xixová-Japuí (PDDS). Todo o setor

52
está em UP4, que admite uso residencial. Porém, trata-se de um assentamento
com potencial de crescimento no vetor da encosta, fator que desaconselha a
regularização das edificações situadas nos fundos de lote, sobretudo pela
dificuldade de fiscalização. O PLHIS não delimita esta área, mas pelo padrão
das moradias é importante que se considere o atendimento das famílias
residentes nos fundos de lote, no programa municipal de HIS, em outra área.

Os setores 1 e 2, da área 11, Japui, são formados por ocupações residenciais


de baixo padrão, em situação de irregularidade urbanística, na franja de um
parcelamento regular particular, no sopé da encosta do Parque Estadual
Xixová-Japuí. O setor 1 localiza-se na extremidade da Rua Joaquim Barbosa
dos Santos e setor 2, na extremidade da Rua Sebastião Alves Delmar. Ambos
se encontram em UP1, o que permite a regularização das construções,
processo que deve observar as indicações de monitoramento e demolição
parcial e embargo de obra constantes na Ficha Geral e de Campo dos setores
(ver relatório contendo Diagnóstico de Riscos e Proposição de Intervenções do
PMRR, p. 122 a 124).

Outro aspecto a considerar é a possível ocupação de área institucional do


loteamento, conforme foi aventado por fonte da Secretaria de Habitação, em
vistoria realizada no local. Se confirmada esta informação, as ocupações
situadas nesta área poderão ter eventual processo de regularização vedado
nos termos do Inciso VII, do artigo 180, da Constituição do Estado de São
Paulo, em que pese a flexibilização, para finalidade de regularização de
ocupações de interesse social, possibilitada pela Emenda Constitucional N° 23,
de 31 de janeiro de 2007, cuja aplicabilidade ainda é polêmica.

Por outro lado, é importante ressaltar que o Japuí é formado por loteamentos
de média densidade demográfica, onde existem alguns lotes não edificados,
que poderão ser utilizados em projeto de remoção da população residente nas
moradias, caso seja necessário.

Conforme demonstra a Figura 2, ambos os setores da área 11 foram incluídos


na área 24 - Núcleo Japuí -, do Vetor Japuí, da Área Continental do PLHIS,
onde está prevista a consolidação de moradias onde residem 44 famílias e a
remoção de 44 famílias. Desta forma, é necessário verificar em que categoria

53
estão as ocupações existentes dentro dos setores. No entanto, em função da
localização das mesmas, seria mais indicada a utilização de áreas disponíveis,
dentro do loteamento, para remoção das famílias.

Figura 2 – Localização das áreas e setores do PMRR, sobre planta do Vetor Japuí, da
Área Continental, do PLHIS.
Fonte: PLHIS, 2009.
A área 12, Acarau, localizada na Área Continental, não apresenta setor de
risco, e está situada integralmente em CA1. Trata-se de área rural, com
ocupações de baixa densidade demográfica, que embora não tenham
provocado, até o momento, situação de risco, merecem o monitoramento
constante, inclusive para evitar a expansão do núcleo, o que é
desaconselhável, em função da distância do mesmo em relação à área urbana
e das condições ambientais extremamente frágeis do sítio. As moradias de 65
famílias residentes nesta área estão incluídas na área 1 - Núcleo Acarau -, da
Área Rural, da Área Continental do PLHIS, com indicação de consolidação de
65 unidades habitacionais. Dentro deste processo é imprescindível que sejam
garantidas medidas de controle das ocupações.

Por último, merece menção a Lei Municipal N° 46-A, de 29 de agosto de 1991,


alterada pela Lei Complementar N° 424, de 17 de dezembro de 2003, que
estabeleceu exigências para a aprovação de projetos de “edificações de toda e
qualquer obra ou serviço em área de risco”, situadas nos morros do Município,
“identificadas pela Carta Geotécnica atualizada dos morros de Santos - São

54
Vicente, elaborada pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São
Paulo - IPT” (SÃO VICENTE, 1991). A partir da promulgação desta lei, o
licenciamento destas obras passou a ser condicionado à apresentação de
laudo técnico do IPT, à aprovação do projeto pela CETESB e Secretaria de
Estado de Saúde, assim como do DEPRN, em caso de supressão de
vegetação, além de apresentação de “projeto das obras de contenção,
estabilização e drenagem”, dentre outras providências, conforme disposto no
artigo 1° da Lei.

Este dispositivo trazia uma inconstitucionalidade clara, pois não pode uma
norma municipal estabelecer exigências a serem cumpridas por outra esfera de
governo. Este fato pode ter conduzido à não aplicabilidade da lei, e sua
posterior alteração pela Lei Complementar N° 424, de 2003. Esta última
modificou o artigo 1° da Lei N° 46-A, de 1991, estabelecendo exigência de
apresentação de “laudo geotécnico” e “projeto das obras de contenção,
estabilização e drenagem”, elaborados por profissionais habilitados. Contudo,
ainda que estas exigências sejam absolutamente necessárias e corretas, cabe
ressaltar que esta lei é de difícil atendimento no caso de assentamentos
constituídos por população de baixa renda, como os existentes em algumas
das áreas selecionadas, sobretudo aquelas em que a Santa Casa é proprietária
das glebas. Desta forma, é importante que a Prefeitura Municipal de São
Vicente implemente uma política municipal de assistência técnica em HIS,
regulamentando a Lei Federal N° 11.888, de 24 de dezembro de 2008, que
“assegura o direito das famílias de baixa renda à assistência técnica pública e
gratuita para o projeto e a construção de habitação de interesse social, como
parte integrante do direito social à moradia” previsto no artigo 6° da
Constituição Federal.

6.2.3. Potencialidades do marco legal e institucional

Com referência ao marco legal que orienta as intervenções em fase de


planejamento e aquelas a serem planejadas, no Quadro 13, apresentado no
final deste Capítulo, verifica-se uma série de possibilidades de atuação em
assentamentos precários, abertas, sobretudo após a sanção do Estatuto da
Cidade (Lei Federal N° 10.257, de 10 de julho de 2001), da Medida Provisória

55
N° 2.220, de 4 de setembro de 2001 e da Medida Provisória N° 459, de 25 de
março de 2009. Mas o potencial da aplicação dos instrumentos disciplinados
pelas normas supramencionadas está condicionado à inserção dos
assentamentos em áreas que vedem a regularização fundiária para fins de
implantação de projetos de HIS, ou mesmo para parcelamentos de outra
natureza. Outro aspecto importante, é que parte das áreas selecionadas não
apresenta características de assentamentos precários, não cabendo nesses
casos, a aplicação de alguns dos instrumentos contidos nas referidas normas.

Por exemplo, para os núcleos situados em áreas não consideradas APP é


possível a aplicação de uma série de instrumentos de política urbana que o
Estatuto da Cidade criou, com base nos conceitos de função social da cidade e
da propriedade imobiliária urbana, estabelecidos nos artigos 182 e 183 da
Constituição Federal. O Estatuto tem como princípio a importância da
participação ativa da sociedade no processo de planejamento das cidades e
prevê a criação, em nível municipal, de instâncias de gestão democrática como
fóruns ou conselhos de política urbana, audiências e consultas públicas,
debates e conferências.

O Plano Diretor, segundo o artigo 4° do Estatuto da Cidade, é um dos


instrumentos básicos da política de desenvolvimento e expansão urbana do
município, que deve definir diretrizes de planejamento territorial e condições
para que seja cumprida a função social da propriedade. No Plano Diretor,
conforme artigos 39 a 42 do Estatuto da Cidade, devem ser regulamentados os
instrumentos previstos nos artigos 5° a 38. Neste aspecto, embora sancionado
anteriormente ao Estatuto da Cidade, o Plano Diretor de São Vicente dispõe
acerca de alguns de seus instrumentos de política urbana, em suas
Disposições Finais. Mas o Plano não detalha estes e outros instrumentos com
os quais o Município poderia implementar uma política de desenvolvimento
urbano direcionada às áreas selecionadas neste PMRR e em especial aos
assentamentos onde é estratégica a implementação de uma política
habitacional de interesse social, o que certamente deverá ser abordado na
elaboração do PLHIS.

Por outro lado, a Lei de Uso e Ocupação do Solo, no Título VI – Dos


Instrumentos Urbanísticos de Incentivo, nos artigos 92 a 112, trata da

56
regulamentação da Outorga Onerosa do Direito de Construir, então
denominada “Adicional Oneroso de Coeficiente de Aproveitamento” e da
Transferência de Potencial Construtivo. Mas outros instrumentos introduzidos
pelo Estatuto da Cidade não são regulamentados.

O envolvimento da iniciativa privada em projetos de Habitação de Interesse


Social ou na reurbanização e regularização de assentamentos não é comum,
sendo o mais freqüente que o Poder Público, em qualquer uma de suas
esferas, seja o responsável por projetos desta natureza. Contudo, nos últimos
anos, sobretudo após a sanção do Estatuto da Cidade e da criação do
Ministério das Cidades, vem sendo estruturado o Sistema Nacional de
Habitação de Interesse Social (SNHIS), que pressupõe a participação dos
estados e municípios. Como já mencionado, o SNHIS está baseado no tripé
formado por instrumentos de financiamento - Fundo de Habitação de Interesse
Social -, de controle urbanístico e licenciamento - legislação de Habitação de
Interesse Social - e de controle e fiscalização popular (conselhos) em todos os
níveis. Desta forma, o Ministério das Cidades, por meio das Conferências
Nacionais das Cidades, promoveu a implantação deste sistema no nível
nacional, com a Criação do Conselho Nacional das Cidades, do Fundo
Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS) e vem fomentando a
implantação de sistemas equivalentes em estados e municípios. Assim, a
destinação de recursos federais aos municípios para projetos de Habitação de
Interesse Social, sobretudo dos novos programas coordenados pelo Ministério,
como Crédito Solidário (recursos do Fundo de Desenvolvimento Social),
Resolução N° 460 do Conselho Curador do FGTS e recursos do FNHIS, vem
sendo condicionada à constituição de sistemas municipais de Habitação de
Interesse Social.

Neste aspecto, destaca-se que o Município de São Vicente já solicitou adesão


ao SNHIS e vem atendendo aos requisitos estabelecidos pela Lei Federal N°
11.124, de 24 de junho de 2005, para esta adesão, quais sejam, além de
assinar termo de adesão: constituir Fundo de Habitação de Interesse Social,
criar Conselho Gestor do Fundo, elaborar Plano Local de Habitação de
Interesse Social e elaborar relatórios de gestão. O Fundo Municipal de
Habitação foi regulamentado pela Lei Complementar N° 164-A, de 3 de junho

57
de 1993, e o Conselho Municipal de Habitação, pela Lei Complementar N° 165-
A, sancionada na mesma data. Quanto ao PLHIS, já foram entregues os
seguintes produtos: Proposta Metodológica, Perfil do Município, Quadro da
Produção Habitacional e Caracterização das Necessidades Habitacionais. A
entrega da Pré-Proposta de Estratégias de Ação está prevista para o final de
abril de 2009. Por último, será entregue o Relatório Final.

No tocante à parte do tripé que forma o Sistema Municipal de Habitação de


Interesse Social e que diz respeito à legislação, além das ZEIS (ou ZHIS), cuja
regulamentação, no caso de São Vicente, ainda carece de maior detalhamento,
é importante a regulamentação dos instrumentos de política urbana previstos
no Estatuto da Cidade, dos quais o atual Plano Diretor trata parcialmente.
Dentre estes, estão aqueles previstos nos artigos 5° a 8° desta lei federal, com
o objetivo de permitir a criação de um estoque de terras para o
desenvolvimento da política municipal de Habitação de Interesse Social,
fundamental para os projetos que implicam em relocação.

É importante aplicar instrumentos como parcelamento, edificação ou utilização


compulsórios, determinados em lei municipal específica. Não sendo cumpridas
as condições estabelecidas para o aproveitamento da área, o Município
passará a aumentar, durante 5 anos consecutivos, a alíquota do Imposto
Predial e Territorial Urbano (IPTU), até o limite máximo de 15%, mantendo a
cobrança progressiva pela alíquota máxima, até que o proprietário proceda ao
aproveitamento do terreno. Decorridos 5 anos de cobrança do IPTU
progressivo, sem que o proprietário cumpra a obrigação de adequar o seu
aproveitamento, o Município pode desapropriar o imóvel, com pagamento em
títulos da dívida pública. O Estatuto da Cidade prevê que o não cumprimento
desta obrigação será considerado ato de improbidade administrativa do
Prefeito.

Outro instrumento previsto, conforme artigos 9° ao 14 do Estatuto da Cidade, é


a usucapião especial de imóvel urbano, pela qual o cidadão que ocupar área
ou edificação urbana de até 250 m2 para sua moradia ou de sua família, por 5
anos consecutivos, sem que o proprietário apresente oposição, terá garantido o
direito à posse, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou

58
rural. Neste caso, os beneficiários deverão se organizar e a Prefeitura poderá
proceder à urbanização dessas áreas.

A Prefeitura pode obter, ainda, o direito de preferência na compra de imóvel


urbano, denominado Direito de Preempção e regulamentado pelos artigos 25 a
27 do estatuto da Cidade. Este dispositivo poderá ser usado para regularização
fundiária, execução de projetos habitacionais de interesse social, constituição
de reserva fundiária, ordenamento da expansão urbana, implantação de
equipamentos comunitários ou criação de espaços de lazer e áreas verdes nos
assentamentos.

Conforme estabelecido nos artigos 28 a 31 do Estatuto da Cidade, o Município


deve delimitar no Plano Diretor as áreas onde poderá haver maior
adensamento populacional com o aumento da área construída e conceder o
direito de construir acima do coeficiente de aproveitamento básico fixado. O
excedente de área a ser construída será cobrado nas condições estabelecidas
em lei municipal específica e os recursos obtidos com a aplicação deste
instrumento poderão ser revertidos em beneficio da população de baixa renda.
Este instrumento, como se observou anteriormente, já está previsto na Lei de
Uso do Solo, ainda que com denominação diversa.

O Estatuto da Cidade estabelece, também, nos artigos 32 a 34, critérios para


implementação das Operações Urbanas Consorciadas, que são um conjunto
de intervenções coordenadas pelo Poder Público municipal, com a participação
de proprietários, moradores, usuários permanentes e investidores privados,
com o objetivo de promover transformações significativas em determinada
área, como modificação de características de parcelamento, das normas de
uso e ocupação do solo, das leis edilícias, ou regularização de edificações.
Esta é uma alternativa que pode ser considerada para áreas de incidência de
“aluguel de chão”, como as da Santa Casa.

Em seu artigo 35, o Estatuto da Cidade disciplina a Transferência do Direito de


Construir, que pode permitir ao proprietário de imóvel urbano transferir este
direito para outro terreno, ou a venda do potencial construtivo ao qual teve
direito garantido no Plano Diretor, quando o imóvel for necessário para

59
programas de regularização fundiária e urbanização de assentamentos de
baixa renda. Este instrumento também está previsto na Lei de Uso do Solo.

Por sua vez, a Medida Provisória (MP) N° 2.220, de 2001, que trata da
Concessão de Uso Especial, oferece mais um instrumento ao Município, para a
regularização e urbanização de assentamentos subnormais em áreas públicas.
Esta MP estabelece critérios para que aqueles que, até 30 de junho de 2001,
possuíssem “como seu, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, até
duzentos e cinqüenta metros quadrados de imóvel público situado em área
urbana, utilizando-o para sua moradia ou de sua família”, tenham o direito à
concessão de uso especial para fins de moradia em relação ao bem objeto da
posse, desde que não seja proprietário ou concessionário, a qualquer título, de
outro imóvel urbano ou rural.

No âmbito da legislação municipal de São Vicente, destaca-se que ainda que


as ZHIS (ou ZEIS) ainda careçam de regulamentação mais detalhada, o PLHIS
deverá apontar alternativas para aperfeiçoar este instrumento, pois nos
municípios onde as ZEIS estão regulamentadas de forma mais efetiva, estas
vêm se constituindo em valioso instrumento de implementação da política
habitacional. Contudo, deve-se destacar que São Vicente possui uma ampla
experiência, com utilização deste dispositivo, para a reurbanização de favelas
em áreas de marinha.

Para a implementação da política habitacional, deve ser considerada, também,


a Lei Federal N° 6.766, de 19 de dezembro de 1979, com as alterações
impostas pela Lei Federal N° 9.785, de 29 de janeiro de 1999. As alterações
nesta matéria, que dispõe sobre os critérios para parcelamento do solo e sobre
o registro público dos parcelamentos vieram no sentido de reconhecer a
necessidade de intervenção em assentamentos subnormais. Contudo, as
alterações de 1999 ainda não removeram totalmente os entraves da Lei N°
6.766, fato que motivou a elaboração de projeto de lei que atualmente
encontra-se em discussão no Congresso Nacional. De qualquer maneira, o
parágrafo 5° do artigo 2° da referida lei estabelece as exigências mínimas para
implantação de infra-estrutura em parcelamentos situados em zonas
habitacionais declaradas por lei como de interesse social (ZHIS). O parágrafo
5°, do artigo 40 e o artigo 41 desta lei apresentam critérios para regularização

60
fundiária, conferindo maior importância às disposições estabelecidas no Plano
Diretor. Por sua vez, o artigo 53 da lei de parcelamentos considera

de interesse público os parcelamentos vinculados a planos ou programas


habitacionais de iniciativa das Prefeituras Municipais e do Distrito Federal,
ou entidades autorizadas por lei, em especial as regularizações de
parcelamentos e de assentamentos.
Em seu parágrafo único, neste mesmo dispositivo fica dispensada, para estes
planos e programas, a apresentação de documentação

que não seja a mínima necessária e indispensável aos registros no cartório


competente, inclusive sob a forma de certidões, vedadas as exigências e
as sanções pertinentes aos particulares, especialmente aquelas que visem
garantir a realização de obras e serviços, ou que visem prevenir questões
de domínio de glebas que se presumirão asseguradas pelo Poder Público
respectivo.
Portanto, a Lei N° 6.766 apresentou alguns avanços que concorrem para a
implementação da política habitacional de interesse social dos municípios. Da
mesma forma, a Lei Federal N° 10.931, de 2 de agosto de 2004, que trata de
incorporações imobiliárias, em seu artigo 59 altera os parágrafos 11 e 15, do
artigo 213, da Lei Federal N° 6.015, de 31 de dezembro de 1973, que trata dos
Registros Públicos, respectivamente, dispensando de retificação, em casos em
que não haja alteração das medidas perimetrais, os lotes que já estiverem
cadastrados individualmente ou com lançamento fiscal há mais de vinte anos,
referentes a projetos de regularização fundiária de interesse social realizados
em ZEIS (ou ZHIS), pelo Poder Público municipal, nos termos do Estatuto da
Cidade, e exime de custas e emolumentos notariais os registros referentes a
estes projetos. No tocante à redução de custas no processo de registro, a
Medida Provisória N° 459, de 25 de março de 2009, merece especial destaque
e trás grandes mudanças, que poderão representar significativa redução dos
custos dos processos de regularização.

A seguir, no Quadro 11, apresenta-se um resumo das recomendações


concernentes às áreas selecionadas neste PMRR.

Quadro 11 – Síntese das Recomendações propostas para as áreas selecionadas

Área Nome Recomendação


1 Morro do Itararé/ Asa S1 Regularização fundiária (implantação de
Delta ZEIS/eliminação do “aluguel de chão”),
compatibilizar consolidações com PLHIS;
Ocupações no limite de CA2 requerem
monitoramento preventivo.

61
Avaliar cuidadosamente a possibilidade de
S2 regularização fundiária levando em conta a
localização mais esparsa das ocupações.
Regularização fundiária (implantação de
S3, S4
ZEIS/eliminação do “aluguel de chão”),
e S5
compatibilizar consolidações com PLHIS.
Morro do Itararé/ Ruas Cadastrar ocupantes do edifício da R. da Constituição, 96 e
2 da Constituição e utilizá-lo, junto com a casa incendiada para o programa
Coaracy Paranhos municipal de HIS.
Remoção total e reassentamento conforme PLHIS;
Clube Itararé
Estudar possível Operação Urbana articulada com
3 (Concretex) - Rua
Santa Casa e Governo do estado (VLT);
Marechal Deodoro
Revisão do zoneamento.
Regularização fundiária (implantação de
Carrefour - Rua
4 ZEIS/eliminação do “aluguel de chão”), compatibilizar
General San Martin
consolidações com PLHIS.
Regularização fundiária (implantação de
ZEIS/eliminação do “aluguel de chão”), compatibilizar
Bananal - Rua Juiz de
5 consolidações com PLHIS;
Fora
Ocupações no limite de PPDS requerem monitoramento
preventivo..
Voturuá/Linha
Ocupações no limite de CA2 requerem monitoramento
6 Vermelha (próx. Av.
preventivo.
Minas Gerais)
Adequação urbanística com necessidade de
7 Ilha Porchat intervenções no sistema de contenção e drenagem no
sistema viário.
Ocupações de alto padrão na R. Frederico
S1
Ozanan em irregularidade urbanística.
Maior parte das ocupações de alto e médio
padrões, na R. Newton Prado, em situação de
S2 irregularidade urbanística, passível de
8 Morro dos Barbosas
regularização;
Monitorar os fundos de lotes.
Situação de adequação urbanística;
S3 Monitorar a ampliação de edificações nos fundos
de lotes.
Remover ocupações que invadem os limites do Parque
Estadual Xixová-Japuí;
Parque Prainha (Rua Regularizar parcelamento nos termos da Lei N° 6.766/79,
9 Saturnino de Brito e com ressalvas quanto às ocupações a montante da R.
Benedito Calixto) Benedito Calixto;
Se forem constatadas famílias de baixa renda residentes no
setor, atender no programa municipal de HIS.
Adequação urbanística, com necessidade de controle
Curtume (Av.
10 das ocupações existentes a montante da encosta,
Tupiniquins)
sobretudo as existentes em fundos de lotes.
Rever o perímetro da UP1, de forma a limitar as
ocupações no sopé da encosta, em área limítrofe ao
Parque Estadual Xixová-Japuí;
Identificar áreas públicas ou privadas adequadas para
11 Japui desadensamento das ocupações nas franjas do
loteamento, compatibilizando com as remoções
apontadas pelo PLHIS;
Embargar e demolir obras apontadas no relatório do
PMRR.
Regularização fundiária das ocupações, conforme
12 Acarau apontado pelo PLHIS, mantendo o padrão de baixa
densidade demográfica.

62
Fonte: Elaboração própria, 2009.

63
Quadro 12 - PLHIS de São Vicente: Propostas de intervenção em assentamentos também selecionados pelo PMRR

(N° e % famílias) Núcleo não


Assentamento Década N° Total Área Total Consolidável Categoria de Intervenções Propriedade
Origem
Precário Ocupação Domicílios (m²) Rema- Reassen (N° e % Intervenção Realizadas da Terra
Consolidar famílias)
nejar -tar
Área Insular - Complexo Leste
Com
Núcleo Morro Urbanização
Ocupação 1930 (a) 138 167.654,75 55 40% 0 0% 83 60% 0 0% intervenções Particular
da Asa Delta Complexa
pontuais
Com
Núcleo Urbanização
Loteamento 1960 (a) 45 15.877,86 36 80% 0 0% 9 20% 0 0% intervenções Particular
Bananal Simples
pontuais
Com
Núcleo Urbanização
Ocupação 1960 (a) 50 12.983,65 40 80% 0 0% 10 20% 0 0% intervenções Particular
Carrefour Simples
pontuais
Com
Núcleo Clube Reassenta-
Ocupação 1960 (a) 28 4.739,48 0 0% 0 0% 0 0% 28 100% intervenções Particular
Itararé mento
pontuais
Área Continental – Vetor Japuí
Urbanização Sem
Núcleo Japui Loteamento 1960 (b) 78 24.895,55 34 44% 0 0% 0 0% 44 56% Particular
Complexa intervenção
Área Continental – Área Rural
Urbanização Sem
Núcleo Acarau Ocupação Não inf. (c) 65 Não inf. 65 100% 0 0% 0 0% 0 0% Não inf.
Simples intervenção
Notas:
(a) Número de famílias conhecido através do cadastro elaborado pela "Associação de Moradores das Áreas da Santa Casa”.
(b) Número de famílias conhecido através de contagem in loco e área delimitada através do reconhecimento por ortofoto - junho de 2006.
(c) Número de famílias conhecido por meio da "Caracterização Física e Sócio-econômica dos Assentamentos Precários de São Vicente" elaborada pela
Empresa Fernando e Terruggi Consultores Associados S/C LTDA.
Fonte: Plano Local de Habitação de Interesse Social do Município de São Vicente, 2009.

64
Quadro 13 – Síntese do Marco Legal incidente sobre as áreas selecionadas
Esfera Instrumento Legal Dispositivos Objetivo
Federal Instrumentos de Política Urbana
regulamentados pelos artigos 5° ao 38
Disciplinar a função social da
(ZEIS, Parcelamento, Edificação ou
cidade e da propriedade
Utilização Compulsórios, IPTU
imobiliária urbana, criando
Estatuto da Cidade, Lei Federal N° 10.257, de Progressivo, Usucapião Especial, Direito
oportunidades de distribuir
10 de julho de 2001. de Preempção, Outorga Onerosa,
equitativamente os benefícios
Operações Urbanas Consorciadas,
da urbanização, combatendo a
Transferência do Direito de Construir) de
segregação espacial.
acordo com o Plano Diretor regulamentado
pelos artigos 39 a 42.
Poderá ser aplicada
articuladamente à Lei N°
Garante assistência técnica pública e
Complementa a Lei 46-A, de
Lei Federal N° 11.888, de 24 de dezembro de gratuita para projeto e construção de
29 de agosto de 1991, que
2008. habitação de interesse social, para famílias
estabelece exigências para
com renda mensal até 3 s.m.
licenciamento de obras nos
morros de São Vicente.
Complementa o estatuto da
Cidade, permitindo a
Medida Provisória N° 2.220, de 4 de setembro regularização e urbanização
Concessão de Uso Especial.
de 2001. de assentamentos subnormais
em áreas públicas ocupadas
por população de baixa renda.
Incentiva a produção de
unidades habitacionais e
Medida Provisória N° 459, de 25 de março de Cria o Programa Minha Casa, Minha Vida – regularização fundiária de
2009. PMCMV. assentamentos residenciais,
flexibilizando, dentre outros
aspectos, o Código Florestal.
Lei N° 4.771, de 1965, Código Florestal. Cria proteção sobre as APP Proteção da mata ciliar (incide
sobre o assentamento Água
Fria).

65
Possibilita Regularização
Fundiária e implantação de
Resolução N° 369, de 28 de março de 2006, Supressão de vegetação em APP para
infra-estrutura de saneamento
do Conama. projetos de interesse social: artigos 2° e 9°.
para assentamentos
subnormais em APP.
Exigências mínimas para implantação de
infra-estrutura em parcelamentos situados
em zonas habitacionais declaradas como
Lei de Parcelamento do Solo, Lei N° 6.766, de
de interesse social (ZHIS): parágrafo 5° do Reduz as exigências para
19 de dezembro de 1979, alterada pela Lei N°
artigo 2°; aprovação de parcelamentos
9.785, de 29 de janeiro de 1999 (que trata
critérios para regularização fundiária: de interesse social.
também de Registros Públicos).
parágrafo 5°, do artigo 40 e artigo 41;
declara de interesse público parcelamentos
habitacionais de iniciativa das prefeituras.
Lei Federal N° 10.931, de 2 de agosto de Incorporações Imobiliárias e Registros Dispensa de retificação, em
2004. Públicos: artigo 59 (altera os parágrafos 11 casos em que não haja
e 15, do artigo 213, da Lei Federal N° alteração das medidas
6.015, de 31 de dezembro de 1973). perimetrais, os lotes que já
estiverem cadastrados
individualmente ou com
lançamento fiscal há mais de
vinte anos, referentes a
projetos de regularização
fundiária de interesse social
realizados em ZEIS, nos
termos do Estatuto da Cidade,
e exime de custas e
emolumentos notariais os
registros referentes a estes
projetos.

66
Define critérios para regularização de
assentamentos de interesse social em
APP:
Define casos excepcionais em
O artigo 2° define como interesse social a
que pode ser autorizada a
regularização fundiária sustentável de área
intervenção ou supressão de
urbana;
Resolução Conama N° 369, de 28 de março vegetação em APP para a
O artigo 9° estabelece que a intervenção
de 2006. implantação de obras, planos,
ou supressão de vegetação em APP para
atividades ou projetos de
regularização fundiária sustentável poderá
utilidade pública ou interesse
ser autorizada pelo órgão ambiental
social.
competente, observado o disposto nas
disposições gerais da Resolução, além de
requisitos e condições específicas.
Constituição do Estado de São Paulo, Flexibiliza a regularização de
alterada pela Emenda Constitucional N° 23, Altera o Inciso VII, do artigo 180. ocupações de HIS em áreas
de 31 de janeiro de 2007. institucionais de loteamentos.
Estadual
Delimita unidade de
Decreto estadual N° 37.536, de 27 de
Cria o Parque Estadual Xixová-Japuí. conservação contígua às
setembro de 1993.
áreas 9, 10 e 11.
Fixa diretrizes e normas relativas ao Fixa diretrizes de
desenvolvimento urbano e prevê a desenvolvimento Urbano e
Lei Orgânica de São Vicente. elaboração do Plano Diretor e a prevê a regulamentação de
regulamentação de instrumentos do critérios para regularização
Estatuto da Cidade. fundiária.
Define critérios, diretrizes e
Lei Complementar Nº 271, de 29 de Estabelece Normas sobre o Uso e limites de ocupação e uso de
dezembro de 1999. Ocupação do Solo. glebas e lotes, nas áreas
selecionadas pelo PMRR.
Aborda aspectos vinculados a
Municipal
Lei Complementar Nº 270, de 29 de Cria o Plano Diretor de São Vicente e fixa reurbanização ou realocação
dezembro de 1999. diretrizes físico-territoriais. de assentamentos em áreas
de risco.
Permite gestão participativa do
Lei Complementar Nº 165-A, de 3 de junho de
Cria o Conselho Municipal de Habitação. programa municipal de HIS e
1993.
permite a adesão ao SNHIS.
Permite alocação de recursos
Lei Complementar Nº 164-A, de 3 de junho de exclusivos para a execução do
Cria o Fundo Municipal de Habitação.
1993. programa municipal de HIS e
permite a adesão ao SNHIS.

67
Exige a apresentação de
Laudo do IPT, “favorável à
Lei N° 46-A, de 29 de agosto de 1991, realização da edificação” para
Estabelece exigências para aprovação de
alterada pela Lei Complementar N° 424, de 17 aprovação de projetos em
projetos nos morros da Cidade.
de dezembro de 2003. “áreas de risco”, de acordo
com a Carta Geotécnica do
IPT.

68
7. IDENTIFICAÇÃO DE FONTES DE RECURSOS POTENCIAIS
E DE PROJETOS COMPATÍVEIS PARA IMPLANTAÇÃO DAS
INTERVENÇÕES PRIORITÁRIAS PARA REDUÇÃO DE RISCO

7.1. Projetos compatíveis para implantação das intervenções


prioritárias para redução de risco
Para o levantamento de projetos compatíveis para implantação das
intervenções prioritárias para redução de risco foram realizadas as seguintes
entrevistas:
• Dia 23 de março de 2009, com Elza Neide Castro Correia, arquiteta da
equipe contratada para elaboração do Plano Local de Habitação de
Interesse Social de São Vicente;

• Dia 27 de março de 2009, com Marcos de Marco, Diretor de


Planejamento e Manutenção, da Secretaria Municipal de Educação.

Para esta mesma finalidade, foi consultada, ainda, a Publicação Agenda


21/São Vicente (SÃO VICENTE, 2008).

No âmbito do Plano Local de Habitação de Interesse Social - PLHIS -, a Pré-


Proposta de Estratégias de Ação deverá apontar alternativas de intervenção
nas áreas selecionadas pelo PMRR, contidas neste Plano, conforme
apresentado no Capítulo anterior. Estas intervenções deverão estar
consolidadas no Relatório Final do PLHIS, que é o principal Plano incidente
sobre as referidas áreas. Estas propostas serão essenciais para a
regularização fundiária e para o controle da ocupação em algumas das áreas
selecionadas para o PMRR.

Além do PLHIS, apenas uma ação da Prefeitura Municipal foi identificada


para as áreas selecionadas, referente à área 12, Acarau, mas que não se
relaciona com as questões abordas no PMRR. Trata-se do transporte diário
de 84 estudantes de educação infantil e ensinos fundamental e médio,
residentes neste núcleo, para escolas situadas no bairro Humaitá, na Área
Continental.

No tocante à Agenda 21/São Vicente, no quadro referente à Urbanização e


Habitação (SÃO VICENTE, 2008, p. 249 a 262), integrante do Plano Local de

68
Desenvolvimento Sustentável – PLDS -, dentre outras, estão previstas as
seguintes ações:

• Implementar zoneamento de áreas vazias no município, visando


ampliar a oferta de alternativas habitacionais e o acesso à moradia
adequada – responsável: Secretaria de Assentamentos Urbanos,
Desenvolvimento Habitacional e Inclusão Social; prazo: imediato;

• Introduzir nas ações do Conselho Municipal de Habitação uma


atuação constante, visando efetiva participação da sociedade no
planejamento e na gestão do Município – responsável: Conselho
Municipal de Habitação; prazo: imediato;

• Criar Fundo Municipal de Habitação visando ampliar a oferta de


alternativas habitacionais e o acesso à moradia adequada para os
munícipes de baixa renda – responsável: Câmara Municipal, Prefeito e
Secretaria de Assentamentos Urbanos, Desenvolvimento Habitacional e
Inclusão Social; prazo: médio;

• Promover a regularização fundiária das áreas da Santa Casa de


Misericórdia de Santos [...] tais como: Ruas Juiz de Fora, General São
Gonçalo, General San Martin, Viela Itararé, Carlos Alberto Curado –
antiga Rua 1 e Morro do Itararé: ruas 4, 5 etc., em conformidade com
os dispositivos constitucionais e com a legislação federal, estadual, e
municipal pertinente, visando assegurar a função social da propriedade e
do direito de acesso à moradia adequada a todos – responsável:
Secretaria de Assentamentos Urbanos, Desenvolvimento Habitacional e
Inclusão Social; prazo: imediato;

• Impedir a produção e comercialização irregular e ilegal de lotes urbanos


no município, pela aplicação efetiva de instrumentos de regularização do
solo urbano e rural, e mecanismos de controle e fiscalização eficazes
com participação da comunidade – responsável: Secretaria de
Assentamentos Urbanos, Desenvolvimento Habitacional e Inclusão
Social; prazo: imediato;

69
• Instituir Plano Diretor para Paratinga/Acarau, área rural de São Vicente
– responsável: Câmara Municipal e Secretaria Municipal de
Planejamento; prazo: imediato. [grifos nossos]

Analisando estas propostas, originadas da contribuição da população no


processo de elaboração da Agenda 21, observa-se que em parte são objeto
do PLHIS, mas carecem de implementação futura, e em parte estão sendo
atendidas no âmbito da adesão do Município ao SNHIS. Contudo, as ações
de regularização fundiária e aprimoramento dos mecanismos de fiscalização
e controle de ocupação ainda merecem atenção especial no tocante às
franjas de loteamentos.

7.2. Identificação de fontes de recursos potenciais para as


intervenções prioritárias para redução de risco
Para a identificação de fontes de recursos potenciais e de projetos
compatíveis para implantação das intervenções prioritárias para redução de
risco foram realizadas consultas às Secretarias Nacionais de Habitação e de
Programas Urbanos do Ministério das Cidades (BRASIL, 2009) e à
Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU, 2009) para a
definição dos programas habitacionais potencialmente aplicáveis aos
assentamentos selecionados para o PMRR de São Vicente.

Desta forma, a seguir serão apresentadas algumas alternativas de


financiamento de programas e projetos, de natureza diversa, existentes nas
esferas federal e estadual, que poderão ser utilizados para as áreas
mapeadas e que ainda não possuem alternativa de intervenção definida,
ressalvando o fato de que o PLHIS deverá detalhar mais apropriadamente as
intervenções destinadas às áreas ocupadas por população de baixa renda.

No âmbito federal, destacam-se os seguintes programas:

I. Habitação de Interesse Social e Urbanização, Regularização e


Integração de Assentamentos Precários, com recursos do Fundo
Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS), Orçamento Geral
da União (OGU).

Este programa tem como objetivo a produção de moradias, a melhoria


habitacional, a produção de lotes urbanizados, a urbanização de áreas e a

70
requalificação urbana. Destina-se a famílias com renda familiar mensal até
três salários mínimos. O contrato de repasse das propostas selecionadas é
celebrado por intermédio da Caixa Econômica Federal, após
encaminhamento e análise das propostas dos municípios. Para a obtenção
de recursos deste e outros programas geridos pelo Ministério das Cidades,
preconiza-se a adesão do município ao SNHIS.

II. Programa de Subsídio à Habitação de Interesse Social (PSH), com


recursos do OGU.

Tem como objetivo a produção ou aquisição de unidade habitacional,


subsidiando a produção ou aquisição de unidade habitacional e subsidiando
a administração e manutenção do financiamento. Destina-se a famílias com
renda familiar mensal até R$ 1.245,00. A Secretaria Nacional de Habitação
(SNH) do Ministério das Cidades e a Secretaria do Tesouro Nacional (STN)
ofertam, sob forma de leilão, os créditos habitacionais. As instituições
financeiras habilitadas no leilão recebem os recursos da União para
complementação dos financiamentos concedidos a pessoas físicas para
aquisição de unidades habitacionais. Os municípios participam do PSH
apresentando suas propostas às instituições financeiras habilitadas,
aportando recursos, bens ou serviços e selecionando as famílias
beneficiárias.

III. Resolução N° 460 do Conselho Curador do FGTS.

É um modelo de concessão de subsidio dirigido aos financiamentos a


pessoas físicas com renda familiar mensal de até 5 salários mínimos. As
melhores condições de subsídio ocorrem nas operações realizadas de forma
coletiva, em parceria, considerando-se, também, a diversidade dos custos de
produção e aquisição de imóveis, o porte e localização dos municípios.

IV. Programa Carta de Crédito Individual e Associativo, com recursos do


FGTS.

Tem como objetivo aquisição, construção, conclusão, ampliação, reforma e


melhoria de unidade habitacional, e aquisição de cesta básica de material de
construção, para imóveis novos e usados, e produção de lotes urbanizados.
Destina-se a famílias com renda mensal entre R$ 1.500,00 e até R$ 3.900,00

71
mil, dependendo da modalidade. O financiamento a pessoas físicas é
concedido individualmente ou organizadas por associações, condomínios,
cooperativas, sindicatos, entidades privadas ou COHABs. Os municípios
podem participar do Programa Carta de Crédito, organizando a demanda,
complementando os recursos e oferecendo assistência técnica e jurídica.

V. Programa Pró-Moradia, com recursos do FGTS.

Tem como objetivo financiar ao setor público para a produção de moradias,


lotes urbanizados e urbanização de assentamentos precários, e ainda no
desenvolvimento institucional dos governos locais. Destina-se a famílias de
baixa renda, em média com três salários-mínimos. Os municípios
encaminham ao agente financeiro carta-consulta e documentos que permitam
verificar o atendimento de formalização de pedidos de contratação de
operações de crédito estabelecidos pela STN do Ministério da Fazenda. Após
a análise de capacidade de pagamento do proponente, indicando o seu limite
de crédito, o Agente Financeiro encaminha a proposta à Secretaria Nacional
de Habitação do Ministério das Cidades que realizará o processo de
enquadramento, hierarquização e seleção.

VI. Programa de Arrendamento Residencial (PAR), com recursos do


Fundo de Arrendamento Residencial (FAR).

Tem como objetivo a construção, recuperação ou reforma de


empreendimentos destinados ao arrendamento, com exercício da opção de
compra ao final do prazo contratado. Destina-se a famílias com renda mensal
de até seis salários mínimos, inclusive nos municípios integrantes das
regiões metropolitanas. A CEF é responsável pela alocação dos recursos e
contratação das empresas de Construção Civil que produzem ou recuperam
os empreendimentos nas áreas contempladas pelo Programa. Os municípios
atuam na promoção de ações facilitadoras à implantação dos projetos.

VII. Programa Crédito Solidário, com recursos do Fundo de


Desenvolvimento Social (FDS).

Tem como objetivo financiar a aquisição de terreno e construção, e de


material de construção para construção em terreno próprio, ou conclusão,
ampliação e reforma de unidades habitacionais. Destina-se a famílias,

72
organizadas em associações ou cooperativas, com renda bruta mensal de
até cinco salários mínimos, residentes em áreas urbanas ou rurais. Este
Programa é operado com recursos do FDS, sendo a contrapartida mínima do
mutuário de 5% do valor do investimento habitacional, que poderá ser
integralizada com recursos próprios, com itens do investimento não
financiados com recursos do FDS. Podem ser adicionados ao Programa
recursos financeiros e também bens e serviços que agreguem valor ao
investimento proveniente de estados e municípios.

VIII. Programa Papel Passado

É uma ação da Secretaria Nacional de Programas Urbanos – SNPU -, que


apóia a regularização fundiária sustentável, cuja intenção é que os
municípios tenham condições de implementar nesses locais projetos de
regularização urbanística ambiental e jurídico-legal. O Papel Passado atua
segundo uma estratégia que visa a remoção dos obstáculos para a
regularização, a disponibilização de terras públicas federais e a aplicação
direta de recursos do OGU.

Além disso, existem ações na SNPU que visam minimizar os conflitos


envolvidos com o acesso a terra e a regularização fundiária e ações de
capacitação de técnicos e operadores de direito para que o processo de
regularização fundiária e seus instrumentos possam ser assegurados nos
municípios.

Às ações de apoio direto a regularização fundiária, através de destinação de


recursos do OGU, somam-se às ações de disponiblização de terras públicas
federais, às ações de sensibilização, mobilização e capacitação de técnicos,
gestores e operadores do direito.

No âmbito estadual, destacam-se os seguintes programas no âmbito do Pró-


Lar, operados pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano
(CDHU):

I. Atuação em Favelas e Áreas de Risco,

Com objetivo de recuperação de assentamentos irregulares ou áreas de


urbanização informal, impondo ao poder público o planejamento e execução
de ações multissetoriais. Este Programa oferece um leque de ações voltadas

73
à promoção dos assentamentos irregulares, visando atenuar o padrão
informal de crescimento das cidades, por meio de investimento na melhoria
da infra-estrutura urbana das áreas selecionadas e de suas edificações, do
atendimento de soluções habitacionais adequadas às populações que
precisam ser deslocadas de área de risco ou devido a necessidade de
reassentamento total ou parcial, do fomento a ações sociais complementares,
visando à melhoria da qualidade de vida das populações participantes. Este
Programa atua em parceria com governos municipais, atribuindo-lhes papel
central no planejamento e execução de projetos. Este Programa prevê a
remoção total das famílias para novas unidades dotadas de infra-estrutura,
com contrapartida do Município, que pode ser a doação do terreno ou a
implantação da infra-estrutura. As unidades poderão ser construídas em
regime de autoconstrução ou diretamente pela CDHU.

II. Pró-Lar Melhorias Urbanas,

Visa a recuperação de assentamentos irregulares, ou áreas de urbanização


informal, através do planejamento e execução de projetos que consistem na
cobertura dos serviços públicos e sociais básicos à população residente,
visando a sua fixação, e a melhoria de conjuntos habitacionais de interesse
social já ocupados. Este Programa pode ser utilizado para a melhoria de
conjuntos habitacionais já implantados e ocupados, da CDHU ou de outros
agentes promotores que necessitem de melhorias urbanas e/ou de
implantação, ou reforma, de equipamentos coletivos. Como solução de
atendimento habitacional está prevista a implantação de infra-estrutura
básica, realização de obras de estruturação ou recuperação urbana,
implantação de equipamentos e serviços públicos, melhoria nas habitações,
ações de inclusão social e regularização fundiária do assentamento e
repasse da posse ou propriedade da terra às famílias beneficiadas. Para
habilitar-se a este programa, a área deve ser pública e passível de
regularização. Destina-se a famílias moradoras de favelas em áreas públicas.
O Município deve prestar uma série de contrapartidas, para a implementação
do programa.

III. Programa Núcleo Habitacional por Empreitada Integral (EI),

74
Tem como objetivo a implantação de conjuntos habitacionais, destinados à
demanda de interesse social em geral, cujas unidades habitacionais são
distribuídas por meio de sorteio público. As obras são contratadas e
financiadas pela CDHU, por concorrência pública, em conformidade com a
Lei de Licitações. Neste programa, a empresa construtora contratada é
responsável pela aquisição do terreno, pelo parcelamento e urbanização do
solo, inclusive pela implantação de toda a rede de serviços e pela edificação
das moradias (geralmente edifícios de apartamentos), devendo entregar o
imóvel regularizado e averbado no registro de imóveis. Destina-se a famílias
com renda entre 1 a 10 salários mínimos, que residem e/ou trabalham no
município onde se localiza o empreendimento há pelo menos três anos e que
não sejam proprietárias de imóvel residencial. O processo de escolha das
famílias para o financiamento das unidades habitacionais prevê que 7% das
moradias sejam destinadas a famílias que possuem portadores de
deficiência, 5% ao Programa de Atendimento ao Idoso, conforme edital
específico e 4% à Polícia Civil, Militar e Científica do Estado de São Paulo.

IV. Programa Núcleo Habitacional por Empreitada Global (EG)

Tem como objetivo principal a implantação de conjuntos habitacionais,


destinados à demanda de interesse social em geral, cujas unidades
habitacionais são distribuídas por meio de sorteio público. Este Programa é
desenvolvido em todo território paulista, em terrenos doados pelas prefeituras
municipais, ou em terrenos adquiridos pela CDHU, geralmente na Região
Metropolitana de São Paulo. O financiamento das edificações é de
responsabilidade do Estado. A contratação dos empreendimentos é feita em
conformidade com a Lei de Licitações e a execução das obras de edificação
é realizada por empreitadas. As redes e serviços de infra-estrutura ficam a
cargo de parcerias entre Governo do Estado e as Prefeituras dos Municípios,
Os critérios de seleção da demanda são idênticos ao Programa EI.

V. Programa Paulista de Mutirão (PPM)

Visa ao incentivo da produção de moradias de interesse social em parceria


com as Associações Comunitárias. Este programa caracteriza o trabalho em
regime de mutirão como de participação voluntária e não remunerada das

75
famílias interessadas em adquirir uma unidade habitacional, e que estejam
dispostas a contribuir com sua mão-de-obra na construção das mesmas. Este
Programa consiste em repasse de recursos direto às Associações
Comunitárias contratadas, para construírem as unidades habitacionais com o
apoio técnico, administrativo e social de uma Assessoria Técnica.

Destaca-se, também, a criação pelo Banco Interamericano de


Desenvolvimento BID, do Fundo para a Prevenção de Desastres Naturais
que oferece recursos para apoiar atividades como a identificação de riscos,
preparação de projetos de prevenção, elaboração de investimentos de
prevenção em áreas de alto risco e melhoria de sistemas de alarme
antecipado, comunicações e informação pública. Este fundo também poderá
financiar pesquisas sobre desastres naturais para reunir informação e
experiências úteis para aperfeiçoar a gestão de riscos, assim como o
planejamento de projetos de reconstrução, ordenamento territorial e gestão
ambiental para reduzir a vulnerabilidade. Segundo o BID, este novo
instrumento de financiamento poderá ser destinado, também, a financiar
projetos para fortalecer os mercados regionais de seguros e criar redes de
analistas em avaliação de riscos, prevenção de desastres, emergências e
reconstrução.

76
8. ESTABELECIMENTO DE ORDEM DE PRIORIDADES PARA
AS INTERVENÇÕES ESTRUTURAIS.

8.1. Critérios para priorização das intervenções estruturais.

Para o estabelecimento de uma ordem de prioridade entre as áreas e


setores a serem atendidas por intervenções estruturais de redução de risco,
Alheiros (2006, p. 69) sugere a consideração de diversos critérios, como:
 Grau de risco
 População beneficiada
 Custo da intervenção
 Dimensão da área a ser tratada
 Demandas anteriores da população
 Tempo de moradia
 Viabilidade técnica da intervenção
 Viabilidade financeira
 Inclusão da área em outros projetos

Foram consolidades junto a técnicos representantes de várias


secretarias em reunião no dia 1 de abril de 2009, os seguintes critérios para
hierarquizar as intervenções estruturais em São Vicente:

a. O grau de risco (probabilidade de ocorrência de acidentes).


R4 > R3 > R2
b. O porte do setor (prioridade para os casos que resultem em maior
número de moradias beneficiadas diretamente com a intervenção proposta).
c. A relação custo/moradia da intervenção estrutural;
Com prioridade para as situações que apresentam menor relação
custo/moradia.
d. Proposta de remoção das moradias
Adquire prioridade no sentido de impedir a consolidação da ocupação.
e. A inclusão da área ou setor em programas municipais de urbanização,
regularização fundiária ou saneamento, desde que esse critério não inverta o
foco de prioridade de redução de riscos expresso pelos demais critérios.

77
Adquire prioridade por se tratar de situação em que o tratamento do
risco contribui para a regularização fundiária e urbanística do assentamento
.
O quadro 14, apresentado a seguir, expõe elementos para a aplicação
destes critérios.
Quadro 14. Informações para a priorização dos setores de risco.

Grau de Probabilidade

Nº. de moradias
Estimativa de

ameaçadas
custos
Setor

Intervenções
Nº. Nome da área por setor e por
sugeridas
moradia
diretamente
atendida
(R$)

Médio Construção de um muro 4.404,00


S1 2
(R2) de espera. 2.202,00
Médio
S2 9 Monitoramento.
(R2)

Médio 5.300,00
Drenagem de águas
S3 (R2) 5 1.060, 00
pluviais.

Morro da Asa Delta


1
(Morro Itararé) Drenagem de águas
pluviais, remoção da
Alto touceira de bambu e 2.456,00
S4 1
(R3) desmonte de blocos e 2.456,00
lascas rochosos
instáveis.

Médio Condução das águas 447,00


S5 1 447,00
(R2) pluviais.

Interdição das moradias


até a execução da
intervenção. Desmonte
manual de lascas
instáveis. Demolição de 28.860,00
Muito cômodos aos fundos das 7.215, 00
S1 alto 4 moradias. Construção de
(R4) estruturas de espera ou
proteção. Desmonte de
Rua da Constituição
2 blocos instáveis e/ou
(Morro Itararé)
individualizados na
porção superior da
encosta.
Monitoramento;
Desmonte de blocos
Médio instáveis e/ou
S2 10
(R2) individualizados na
porção superior da
encosta.

78
Alto Conclusão da obra de
S3 13 1.204.489,00
(R3) contenção interrompida.
92.653,00
Monitoramento/ “faxina”
sistemática de lascas e
Clube Itararé Alto blocos rochosos com 1.061.960, 00
3 S1 10
(Concretex) (R3) instabilidade 106.196,00
potencial/remoção
integral das moradias.
Inexis-
tente a Fiscalização e controle
4 Carrefour - -
baixo da ocupação
(R1)
6.803,00
Médio Retaludamento; muro de
5 Bananal S1 2 3.401,50
(R2) espera.

Inexis-
Monitoramento. Faxina
Linha Vermelha/ tente a
6 - - de blocos rochosos
Voturuá baixo
individualizados.
(R1)
Condução das águas
pluviais da moradia a
Alto montante do terreno. 12.379,00
S1 Viário
(R3) Limpeza do depósito de Viário importante
encosta (lixo + solo
escorregado).

7 Ilha Porchat Recomposição do muro


de gabião; limpeza do 75.055,00
Viário/ depósito de encosta; Viário importante
Muito
estacio- recomposição da
S2 alto
namento cobertura vegetal do
(R4)
do Juá talude em grama;
condução de águas
pluviais.

Sistema
viário/ Monitoramento/faxina
estaciona- sistemática de blocos
mento de rochosos 204.793,00
Muito
veículos a individualizados e Viário importante
S1 alto
jusante + instáveis;
(R4)
um Direcionamento das
edifício águas pluviais;
plurihabita Muro de espera.
-cional

8 Morro dos Barbosas Monitoramento/ faxina


sistemática de blocos
Médio
S2 8 rochosos
(R2)
individualizados e
instáveis na encosta.

Monitoramento/faxina
sistemática de blocos
Médio
S3 2 rochosos
(R2)
individualizados e
instáveis na encosta.
Parque Prainha S1 Cerca de Monitoramento/faxina
9 Médio 35 sistemática de blocos
(R2) rochosos
individualizados e
instáveis. Intervenções
localizadas de contenção 619.081,00
e drenagem. Muro de 17.688,00

79
espera e drenagem no
cercamento do Parque
3
(uma das
Médio
10 Curtume S1 quais Monitoramento.
(R2)
desocupa-
da)
4
(3 moradias Desmonte de blocos
+ rochosos; demolição 6.260,00
Alto
S1 1 parcial de moradias; 1.565, 00
(R3)
11 Japui edificação embargo e/ou demolição
em de obra.
construção)
Médio
S2 3 Monitoramento.
(R2)

Inexis-
tente a Controle e planejamento
12 Acarau - -
baixo da ocupação.
(R1)

Legendas:
R4 > R3 > R2
Setor de grande porte ; Setor de médio porte; Setor de pequeno porte viário
Monitoramento ; Serviços basicamente manuais ; remoção de moradias ; assentamento incluído em
regularização ou urbanização
Custos por moradia < R$1.000,00 >R$1.000,00 a R$5.000,00 >R$5.000,00 a R$10.000,00
> R$10.000,00 a R$20.000,00 >R$20.000,00
Obs. Todos os setores onde foram identificadas situações de risco devem ser monitorados periodicamente,
especialmente nos períodos chuvosos.

8.2. Proposta de ordem de prioridade para as intervenções


estruturais.
Para a implementação das intervenções estruturais sugeridas neste estudo,
propõe-se a adoção da escala de prioridades apresentadas no quadro 15,
elaborado de acordo com os critérios propostos no item 8.1.
Ordem de N˚ da(s) Nome(s) da(s) Área(s) Setor(es) N˚ de Observação/ Justificativa
prioridade Área(s) moradias
1 ÁREA 2 RUA DA CONSTITUIÇÃO / SETOR 1 4
RUA COARACY PARANHOS Setores com
probabilidade muito alta
ÁREA 8 MORRO DOS BARBOSAS – SETOR 1 (R4) de ocorrência de
AV. GETULIO VARGAS acidentes, com
potencialidade de grave
ÁREA 7 ILHA PORCHAT – SETOR 2 conseqüência
ESTACIONAMENTO DO JOÁ
2 ÁREA 1 MORRO DA ASA DELTA SETOR 4 Setores com
probabilidade alta (R3) de
JAPUI ocorrência de acidentes,
ÁREA 11 SETOR 1 com propostas de
intervenções pouco
ILHA PORCHAT complexas e de baixo
ÁREA 7 SETOR 1 custo
3 ÁREA 2 RUA DA CONSTITUIÇÃO SETOR 3 Setores com
probabilidade alta (R3) de
ocorrência de acidentes,
com propostas de

80
ÁREA 3 CLUBE SETOR 1 intervenções complexas e
ITARARÉ/CONCRETEX de alto custo
4 ÁREA 9 PARQUE PRAINHA SETOR 1 Setor de grande porte
com média probabilidade
(R2) de ocorrência de
acidentes e propostas de
intervenções
medianamente complexas
e de alto custo
5

6
7
Quadro 15. Proposta de ordem de prioridade para a execução das intervenções
estruturais sugeridas.

9. O PLANO MUNICIPAL DE REDUÇÃO DE RISCOS DE SÃO


VICENTE

9.1. Considerações Gerais.


Para a elaboração de um plano estratégico de redução de riscos é
indispensável a análise do ambiente urbano, mas também a compreensão de
como se dá a gestão da cidade, ou seja, do ambiente urbano e, mais
particularmente, das políticas públicas voltadas para a habitação, o
desenvolvimento urbano, o meio ambiente, o planejamento e a defesa civil.
A gestão dos riscos urbanos compreende o conjunto de medidas de
organização e operação institucional para o tratamento das situações de risco
existentes, mas sua eficiência é diferenciadamente maior quando estas
ações fazem parte da gestão do ambiente urbano e compreendem, além do
gerenciamento dos riscos, políticas públicas de desenvolvimento urbano, de
provisão habitacional, de proteção e recuperação ambiental e de inclusão
social e mecanismos de regulação e aplicação dessas políticas.
Com esta perspectiva presente, é indispensável estabelecer também
estratégias específicas para o gerenciamento dos riscos identificados.
Adotam-se aqui as quatro estratégias de ação a seguir descritas, adaptadas
da metodologia proposta pela agência das Nações Unidas voltada para a
redução de desastres (UNDRO, 1991):

 Identificação e análise dos riscos (conhecimento dos problemas);


 Planejamento e implementação de intervenções estruturais para a
redução ou erradicação dos riscos;

81
 Monitoramento permanente das áreas de risco, atendimento de
emergências e implantação de planos preventivos de defesa civil;
 Informação pública, capacitação e mobilização social para ações
preventivas e de autodefesa.

As duas primeiras estratégias estão sistematizadas pelo Relatório de


Diagnóstico de Riscos e Proposição de Intervenções Estruturais e pelo
presente relatório. No item 9.2, a seguir, são apresentadas propostas para
intervenções estruturais e ações não estruturais para redução, controle e
erradicação dos riscos, que no dia 1 de abril foram apresentadas e
consolidadas em reunião com representantes das Secretarias Municipais de
Habitação, de Meio Ambiente, de Desenvolvimento Urbano, Manutenção
Viária e Defesa Civil, de Obras, Urbanismo e Serviços Públicos e da Unidade
Executora Municipal-UEM.
Nas áreas selecionadas para o mapeamento, foram delimitados 19
setores de risco, onde estão instaladas cerca de 113 edificações multi ou
unifamiliares. Para a erradicação ou redução do risco identificado, foram
sugeridas intervenções que envolvem a remoção de cerca de 16 moradias e
obras e serviços com custo total estimado em R$ 3.232.287,00. Além das
intervenções estruturais, foram também sugeridas diversas ações não-
estruturais para o controle dos riscos.

Medidas estruturais são aquelas onde se aplicam soluções de


engenharia, executando-se obras de estabilização de encostas, sistemas de
micro e macro-drenagem, obras de infra-estrutura urbana, relocação de
moradias, etc. (...).
As ações não-estruturais são aquelas onde se aplica um rol de
medidas relacionadas às políticas urbanas, planejamento urbano, legislação,
planos de defesa civil e educação. São consideradas tecnologias brandas e,
normalmente, têm custos muito mais baixos que as medidas estruturais
(tecnologia dura), além de apresentar bons resultados, principalmente na
prevenção de acidentes. (Carvalho et al, 2007)

82
Monitoramento permanente é uma das medidas não estruturais
apontadas como forma de controle de riscos para vários setores.

Monitoramento envolve a fiscalização e controle de novas ocupações em


locais suscetíveis a risco; do adensamento das áreas de risco ocupadas; da
execução (por parte dos moradores e mesmo do poder público) de
intervenções inadequadas (cortes, aterros, fossas, deposição de lixo e
entulhos, lançamento de águas servidas); de incidentes geradores de risco
(vazamento de tubulações, lançamento de entulhos, obstrução de valas e
drenagens, etc.); da evolução das situações de risco identificadas (Nogueira,
2006, p.36).

Entre as intervenções estruturais sugeridas, aparece em vários setores


a sugestão de “faxina sistemática de blocos rochosos instáveis”. Esta
ação representa uma importante medida de manutenção das encostas,
juntamente com a limpeza de drenagens naturais e implantadas. Este serviço
deve ser feito por
equipes de canteiros especializados em técnicas manuais de desmontes de
rochas, em indução preventiva de lascas e blocos rochosos instáveis e em
retaludamentos . Nas encostas íngremes cobertas por solos de alteração de
granitos e granitóides, onde o rolamento de blocos e o escorregamento de
lascas de dimensões variadas eram freqüentes, estas equipes realizavam
serviços sistemáticos de desmonte e remoção das porções individualizadas
de rochas. Este serviço era denominado de “faxina de encosta”. O material
rochoso fragmentado (“rachão”) era empregado em muros de gravidade e
gabiões.Esta experiência inspirou, nos anos seguintes, um programa
municipal de geração de renda por meio da constituição de cooperativas de
canteiros em Ribeirão Pires, na região metropolitana de São Paulo.
Trabalhadores desempregados das pedreiras locais foram Incentivados a se
organizar em cooperativas e capacitados por técnicos da prefeitura, com
apoio de geólogos do IPT, a prestar serviços de cantaria e de desmonte de
rochas (Nogueira, 2002).

Os resultados do mapeamento e as intenções do PMRR devem ter


ampla divulgação pública, tanto no sentido de informar e comprometer a
sociedade civil com as propostas de redução de riscos, quanto para capacitar

83
os moradores das áreas de risco a desenvolver parceria com a Prefeitura de
São Vicente em ações preventivas e de autodefesa.
Atividades que estiveram no escopo deste trabalho, como as reuniões
de informação e consulta, a audiência pública e os cursos de capacitação são
alguns exemplos de ações apontadas na quarta estratégia, que pode se
consolidar mais efetivamente se forem constituídos os núcleos de defesa
civil entre os moradores das áreas de risco.
As intervenções estruturais sugeridas e apresentadas neste PMRR
estão subordinadas, quase que exclusivamente, à avaliação das condições
de risco (ao processo perigoso identificado, ao seu estágio de
desenvolvimento e à tipologia de obra adequada à eliminação ou redução da
possibilidade de ocorrência do processo perigoso, ou processo destrutivo). À
municipalidade São Vicente caberá optar por solução diversa daquela
indicada se, porventura, às alternativas de intervenção para redução de risco
se sobrepuserem projetos de interesse coletivo, de proteção ambiental ou de
desenvolvimento urbano que requisitem a remoção de assentamentos ou de
moradias.
Recomenda-se que os resultados deste estudo sejam encaminhados
ao Ministério das Cidades, como contribuição ao banco de dados de riscos
nas cidades brasileiras e que o Município solicite a este Ministério recursos
para elaboração de projetos básicos de engenharia a serem empregados
nas intervenções estruturais sugeridas.
Esta é uma das modalidades da Ação Apoio à Prevenção e
Erradicação de Riscos em Assentamentos Precários, do Programa
Urbanização, Regularização e Integração de Assentamentos Precários da
Secretaria Nacional de Programas Urbanos deste Ministério.
Esta modalidade se destina a apoiar as administrações municipais a
elaborarem projetos básicos de engenharia voltados para as áreas de risco
de deslizamentos em encostas. O objetivo da modalidade é fornecer ao
poder público recursos para desenvolver soluções de engenharia para
estabilização de encostas em áreas de risco de deslizamentos.
Para habilitar-se à inserção na modalidade, o proponente deverá estar
com o Plano Municipal de Redução de Riscos concluído ou em
desenvolvimento.

84
9.2. Propostas estratégicas para a redução e erradicação dos
riscos

9.2.1. Incorporar a gestão de risco nas políticas de habitação e de


desenvolvimento urbano do Município
a. que o PMRR seja utilizado como subsidio ao Programa Municipal de
Habitação de Interesse Social e que futuras captações de recursos para
regularização fundiária e urbanização de assentamentos incorpore em seus
projetos as informações aqui contidas.
b. que a Prefeitura Municipal de São Vicente prioriza o enfrentamento do
“aluguel de chão” nas áreas da Santa Casa, envolvendo etapas de
negociação e regularização fundiária das áreas sujeitas a esta situação de
ilegalidade;
c. Revisão do zoneamento (inclusive das ZHIS/ZEIS);
d. Operação urbana Concretex/Rua da Constituição;
e. Implantação dos instrumentos de Pol. Urb. do Est. da Cidade (ex.: estoque
de lotes p/ HIS x imóveis ociosos).

9.2.2. Estabelecer negociações institucionais entre PMSV e Governo do


Estado
f. que a Prefeitura de São Vicente estabeleça junto à Fundação Florestal
negociações de parceria para o cercamento do Parque Estadual Xixová-
Japui na cota 50 da encosta onde está o Parque Prainha, empregando como
base a proposta de mureta de espera com drenagem para redução do risco a
que estão submetidas as moradias e controle da ocupação (ver figura 3).
g. que a Prefeitura de São Vicente estabeleça junto ao órgão do governo do
Estado de São Paulo responsável pela implantação do VLT (Veiculo Leve
sobe Trilhos) diálogo sobre possível operação urbana para incorporar a área
ocupada hoje pela área 3 (Clube Itararé-Concretex) no projeto, em troca do
passivo social da remoção das moradias.

85
Figura 3. Corte esquemático da proposta de intervenção

9.2.3. Captar recursos para as ações e intervenções propostas no PMRR


h. que o Governo Federal, por meio do Ministério das Cidades, da Caixa
Econômica Federal e da Secretaria Nacional de Defesa Civil / Ministério da
Integração Nacional, e o Governo Estadual, por meio da Coordenadoria
Estadual de Defesa Civil, da CDHU e de outros órgãos, estabeleçam meios
de cooperação com a Prefeitura de São Vicente para a captação de
recursos e no estabelecimento de parcerias para as intervenções estruturais
nas áreas de risco, especialmente quando associadas a programas de
habitação e melhorias urbanas para assentamentos subnormais.
i. que o CONDESB ( Conselho de Desenvolvimento Metropolitano da
Baixada Santista ) disponibilize recursos do Fundo de Desenvolvimento
Metropolitano da Baixada Santista, para a implementação das obras e
ações deste PMRR.
j. que a PMSV incorpore, nos seus projetos de provimento habitacional, os
moradores das edificações apontadas neste PMRR para remoção.
k. que a PMSV sensibilize os deputados estaduais e federais da região para
que incluam as obras e ações do PMRR na emendas parlamentares aos
orçamentos da União e do Estado de São Paulo.

86
9.2.4. Criar programa de fiscalização, prevenção e controle da
ocupação/ manutenção dos morros/ monitoramento dos riscos
l. que a PMSV elabore e implemente um Programa de Fiscalização,
Prevenção e Controle de ocupações precárias e irregulares no município
de São Vicente, que tenha como finalidade impedir o crescimento
desordenado da ocupação urbana em franjas de loteamentos e áreas
indicadas para remoção e outras áreas impróprias para moradias, seja por
serem áreas de risco ou por serem áreas de preservação ambiental.
m. que este Programa tenha como referência os planos e projetos de
desenvolvimento de São Vicente e que opere através de procedimentos
preestabelecidos e sob coordenação centralizada.
Aos agentes deste Programa, caberia também o monitoramento
permanente das áreas de risco
n. que seja atualizado permanentemente o conhecimento dos riscos no
município, sistematizando e registrando informações coletadas durante
vistorias periódicas de fiscalização e monitoramento dos assentamentos
precários.
o. que sejam contratados profissionais de geociências para atualização
permanente do mapeamento de riscos e monitoramento sistemático dos
morros de São Vicente.
p. que sejam contratados serviços de canteiros para realização de
“faxina”sistemática de blocos rochosos individualizados e/ou instáveis nos
morros.

9.2.5. Aprimorar e qualificar o Plano Preventivo de Defesa Civil no


município
q. aprimorar o Plano Preventivo de Defesa Civil - PPDC implantado
anualmente no município, de modo que tal medida implique: a) na avaliação
prévia de todas as áreas sujeitas a risco e na adoção de ações emergenciais
e preventivas que antecedam o período chuvoso; b) na realização de
reuniões com moradores para informar sobre os riscos existentes e orientar
sobre as medidas preventivas ou emergenciais a serem adotadas; c) na
organização de estrutura institucional de apoio à COMDEC para o
monitoramento das áreas de risco durante os períodos chuvosos, para a

87
ação preventiva em situações críticas identificadas e para o atendimento de
emergências, quando necessário.
r. constituir, junto aos moradores das áreas de risco e voluntários, núcleos
comunitários de defesa civil (NUDECs) e capacitá-los para o
compartilhamento com a gestão municipal das atividades de controle da
ocupação, prevenção de riscos, autodefesa e atendimento emergencial.
s. implantar rede local de pluviômetros que permita monitorar
adequadamente as chuvas e construir um registro histórico da pluviometria
local.
t. estabelecer convênio com a Fundação FCTH/ DAEE para o recebimento de
informações do Radar Meteorológico de Ponte Nova.

9.2.6. Constituir uma Comissão Intersecretarial responsável pela


implementação das ações
u. Constituir uma Comissão Intersecretarial responsável pela implementação
das ações sugeridas por este PMRR, sob a coordenação da Secretaria
Municipal de Desenvolvimento Urbano, Manutenção Viária e Defesa Civil e
composta pelas Secretarias de Habitação, de Obras, Urbanismo e Serviços
Públicos, de Meio Ambiente e pela UEM- Unidade Executora Municipal.
Caberia a esta Comissão (1) manter atualizadas as informações sobre
a situação dos setores de risco; (2) fiscalizar e coibir a ampliação da
ocupação e a geração de novas situações de risco até a criação do Programa
sugerido na proposta 9.2.4; (3) planejar a execução das intervenções
necessárias e formas de captação de recursos para tal fim; (4) manter
diálogo permanente com os moradores das edificações em risco, informando-
os sobre o andamento das ações previstas.

9.2.7. Estabelecer meta de implementação de ações de monitoramento,


fiscalização e controle, bem como erradicação de todas as situações de
risco alto e muito alto identificadas pelo PMRR, até 2012.

10. REFERÊNCIAS

88
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Programa Regional de Identificação e Monitoramento de Áreas Críticas de
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91

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