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RESUMO
Analisa-se e caracteriza-se por via experimental a ligação entre elementos de betão armado e
materiais compósitos, nomeadamente com base nas fibras de vidro. Fabricaram-se vigas de
betão armado que foram exteriormente reforçadas com GFRP. Os resultados obtidos
experimentalmente foram comparados com os resultados conseguidos por intermédio de
modelação computacional, recorrendo-se ao programa de cálculo ATENA 2D. Para melhor
modelação de elementos de interface, foram realizados ensaios de corte tendo-se obtido
valores que permitiram caracterizar a lei de rotura de Mohr-Coulomb. Os parâmetros
estudados foram a evolução das forças máximas absorvidas pelo reforço; as tensões de
aderência máximas; a distribuição das tensões de aderência.
Tensão de rotura no GFRP (MPa)
do betão aos 28 dias. 600
500
10
Caracterização experimental e modelação numérica da ligação GFRP/betão
Alçado
Planta
Alçado
40
tensões de aderência negativas no FRP 35
podem ser justificadas pelo aparecimento 30
de fissuras no betão. Quando as tensões 25
12
Caracterização experimental e modelação numérica da ligação GFRP/betão
Força (kN)
80
ensaios de corte para a obtenção dos dados 70
necessários para a modelação 60
4 - MODELAÇÃO NUMÉRICA
No modelo numérico considerou-se a
geometria dos provetes, as dimensões e a
área de ancoragem do GFRP iguais às dos
provetes ensaiados. As propriedades dos
Fig 8 - Ensaio de corte com compressão lateral da materiais, foram consideradas através das
ligação GFRP/betão leis constitutivas baseadas em resultados
dos ensaios experimentais.
No total, foram realizados quatro ensaios A modelação do comportamento dos
distintos: sem compressão lateral da ligação provetes foi realizada através de uma
(ensaio de corte simples) e com compressão análise plana não linear utilizando o
lateral, σcomp, da ligação com tensões de 0,5 software comercial desenvolvido na
MPa, 1,0 MPa e 2,0 MPa. Obtiveram-se Universidade de Praga (ATENA 2D).
assim os valores de 2,8 MPa para a coesão, Apesar da simetria dos provetes
c, (ensaio de corte simples) e de 62º para ensaiados à flexão, considerou-se no
ângulo de atrito interno da ligação, ϕ,. O modelo numérico todo o provete
ângulo de atrito interno da ligação foi pelo facto das armaduras não terem
obtido a partir da Expressão 4 [Cervenka ficado com uma disposição
(2006)]. perfeitamente simétrica. A malha de
ele-mentos finitos foi gerada
τ = c + ϕ ⋅σ (4) automa-ticamente com elementos
No gráfico da Figura 9 mostram-se as finitos triangulares e rectangulares
curvas força-deslocamento corresponden- com cerca de 10 mm de lado
tes aos ensaios de corte com e sem refinando-se esta malha junto à
compressão lateral da ligação GFRP/betão. ligação GFRP/betão com elementos
finitos de 2 mm de lado. O carre-
13
H.E.C. Biscaia, M.G. Silva, C. Chastre
14
Caracterização experimental e modelação numérica da ligação GFRP/betão
linear, o valor espectável seria aproxima- Tabela 4 - Comparação entre os valores médios
damente de 100 kN, atendendo a que obtidos experimentalmente e os valores obtidos pelo
ATENA 2D
incrementos na tensão de compressão,
σcomp, de 0,5 MPa correspondiam a Valor médio ATENA Erro
incrementos de força máxima, Fmax, de 15 experimental 2D cometido
kN. O facto deste valor não ter sido Carga na rotura (kN)
atingido pode ter ficado a dever-se ao 28,14 26,79 5,06%
ligeiro aumento na tensão de compressão Deslocamento na rotura (mm)
registado pelas células de carga numa fase 4,30 2,39 79,95%
mais avançada do ensaio. Aliás, o varão de
Força no GFRP (kN)
aço roscado responsável pela compressão
25,39 24,37 4,18%
da ligação não foi ensaiado pelo que se
julga que possa ter entrado em cedência e Tensões de aderência máx. (MPa)
tenha aliviado a deformação imediata- 3,71 2,77 33,93%
mente antes da rotura provocando a rotura Extensões máx. (%)
prematura da ligação (ver Figuras 9 e 12). 0,597 0,588 1,53%
Tensões normais máx. (MPa)
121,75 119.95 1,50%
Tensão na ligação (MPa)
2,5
2 Carga (kN)
40
35
1,5
30
1 25
mc-4 GR-REF-1
20
0,5 mc-3 GR-REF-2
mc-2 15
GR-REF-3
0 10
0 20 40 60 80 100 120 GR-REF-4
5
Força (kN) ATENA 2D
0
Fig 12 - Gráfico força-tensão de compressão na 0 1 2 3 4 5 6 7
ligação dos provetes ensaiados ao corte Deslocamento (mm)
15
H.E.C. Biscaia, M.G. Silva, C. Chastre
Força (kN)
80
Na Figura 18 apresentam-se os gráficos
70
das curvas força-tensão na ligação dos
60
diferentes ensaios experimentais associados
50
ao andamento verificado na análise
40
30
paramétrica. Constata-se da análise deste
20
gráfico que os desenvolvimentos das
10
mc-1
tensões de compressão na ligação são mais
mc-1: ATENA 2D
0
dispersos por vários motivos: i. no ensaio
0 1 2 3 4 5 6 7 mc-2 pelas razões apresentadas em 4.1.2; ii.
Deslocamento (mm) no ensaio mc-3 por se ter considerado, à
Fig 14 - Gráfico força-deslocamento do modelo semelhança do ensaio mc-4, os resultados
numérico ao corte mc-1 relativamente ao obtido de apenas um elemento finito junto à
experimentalmente ligação sensivelmente a meio do
comprimento de ancoragem do GFRP.
Força (kN)
100
60 2
40 mc-4
1,5
mc-3
20 mc-2
1 mc-2
mc-2: ATENA 2D
mc-4: ATENA 2D
0
0,5 mc-3: ATENA 2D
0 1 2 3 4 5 6 7
mc-2: ATENA 2D
Deslocamento (mm)
0
Fig 15 - Gráfico força-deslocamento do modelo 0 20 40 60 80 100 120 140
numérico ao corte mc-2 relativamente ao obtido Força (kN)
experimentalmente
Fig 18 - Gráfico força-tensão na ligação do modelo
numérico ao corte relativamente ao obtido
Força (kN)
80
70
experimentalmente
60
50 Tabela 5 - Comparação entre os valores médios
40 obtidos experimentalmente e os valores obtidos pelo
ATENA 2D
30
20 mc-3 Valor médio ATENA Erro
Ensaio
10 mc-3: ATENA 2D experimental 2D cometido
0
Força máxima na ligação (kN)
0 1 2 3 4 5 6 7
Deslocamento (mm) mc-1 19,40 19,47 0,37%
Fig 16 - Gráfico força-deslocamento do modelo mc-2 38,82 52,40 34,99%
numérico ao corte mc-3 relativamente ao obtido mc-3 35,04 35,09 0,02%
experimentalmente mc-4 27,56 27,53 0,10%
Deslocamento máximo (mm)
Força (kN)
80
70 mc-1 2,25 2,52 12,10%
60 mc-2 6,11 6,88 12,70%
50 mc-3 4,49 4,60 2,57%
40
mc-4 3,56 3,68 3,39%
30
Extensão máxima no GFRP (%)
20 mc-4
10
mc-1* - - -
mc-4: ATENA 2D
0
mc-2 0,85 1,28 33,59%
0 1 2 3 4 5 6 7 mc-3 0,76 0,86 11,60%
Deslocamento (mm)
mc-4 0,63 0,68 8,04%
Fig 17 - Gráfico força-deslocamento do modelo
numérico ao corte mc-4 relativamente ao obtido * Não houve leitura de extensómetros.
experimentalmente
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Caracterização experimental e modelação numérica da ligação GFRP/betão
de Mestre, Instituto Superior Técnico, fib bulletin 14, “Externally bonded FRP
Universidade Técnica de Lisboa, 2006 reinforcement for RC structures”, Technical
Eurocode 2 (EC2), “Eurocode 2: Design of Report, 2001
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and rules for buildings”, EN 1992-1-1, using Tyfo® S Epoxy”, Maio de 2002
December 2004 Ulrik, E. e Ribeiro, S.: “Aderência entre
Teng, J.G.; Chen, J.F.; Smith, S.T. e Lam, L.: compósitos reforçados com fibras de
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Department of Structural Engineering, Theory”, Setembro de 2006
Academic year 1999-2000
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