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PRESENÇA DA IGREJA NA UNIVERSIDADE

E NA CULTURA UNIVERSITÁRIA1

Nota preliminar: natureza, finalidade, destinatários

A Universidade e, dum modo geral,a cultura universitária constituem uma realidade de importância
decisiva. Estão em causa questões vitais neste campo e as profundas mudanças culturais com
consequências desconcertantes suscitam novos desafios. A Igreja deve tê-los em conta na sua
missão de anunciar o Evangelho.

De facto, a presença da Igreja na Universidade não é de modo nenhum uma tarefa que permanecerá
dalgum modo exterior à missão de anunciar a fé. « A síntese entre cultura e fé não é somente uma
exigência da cultura mas também da fé... Uma fé que não se torna cultura é uma fé que não é
plenamente acolhida, inteiramente pensada e fielmente vivida ». A fé que a Igreja anuncia é uma «
fides quaerens intellectum », que exige a penetração da inteligência e do coração do homem e ser
pensada para ser vivida.A presença eclesial não se deverá limitar a uma intervenção cultural e
científica. Ela deve proporcionar a possibilidade dum encontro com Cristo.

1. Presença nas estruturas da Universidade

A Igreja, enviada por Cristo aos homens de todas as culturas, esforça- -se por partilhar com eles a
boa nova da salvação. Depositária da Verdade revelada acerca de Deus e do homem por meio de
Cristo, ela tem a missão de se abrir à autêntica liberdade mediante a mensagem de verdade.
Baseando-se no mandato recebido de Cristo ela abre-se para iluminar os valores e as expressões
culturais, para as corrigir e purificar à luz da fé, se necessário, para as conduzir à sua plenitude de
sentido. Na sua rica complexidade, a acção pastoral da Igreja no seio da Universidade comporta em
primeiro lugar um aspecto subjectivo:a evangelização das pessoas. Nesta perspectiva, a Igreja entra
em diálogo com as pessoas concretas: homens e mulheres, professores, estudantes, empregados e
através deles também com as correntes culturais que caracterizam este meio. Não se deverá
esquecer o aspecto objectivo, isto é, o diálogo entre a fé e as diversas matérias do saber. A aparição
de novas correntes culturais,no contexto da Universidade, está, com efeito, estrictamente ligada às
grandes questões do homem, ao seu valor, ao sentido do seu ser e do seu agir, particularmente à sua
consciência e à sua liberdade. Aqui toca prioritariamente aos intelectuais católicos a promoção
duma síntese renovada e vital entre a fé e a cultura.

SUGESTÕES E ORIENTAÇÕES PASTORAIS

3. Ao nível diocesano, nas cidades universitárias é conveniente encorajar a constituição duma


comissão especializada, composta de padres, de universitários e de estudantes católicos,
susceptíveis de fornecer indicações úteis para a pastoral universitária e para a acção dos cristãos nos
meios de ensino e de investigação. Esta comissão ajudaria o Bispo a exercer a sua missão própria de
suscitar e autenticar as diversas iniciativas da diocese e de as colocar em relação com as iniciativas
de caracter nacional ou internacional. Revestido do encargo pastoral ao serviço da Igreja, o Bispo
diocesano é o primeiro responsável pela presença e pela pastoral da Igreja tanto nas Universidades
de Estado como nas Universidades Católicas e nas outras instituições privadas.

4. No plano paroquial, será de desejar que as comunidades cristãs, padres, religiosos e fiéis
prestem maior atenção aos estudantes e aos professores, bem como ao apostolado realizado pelas
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Síntese do documento publicado em 1994 pela Congregação da Educação Católica; Pontíficio Conselho dos Leigos;
Pontíficio Conselho da Cultura. Disponível na íntegra no site do Vaticano: http://www.vatican.va

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capelanias universitárias. A paróquia é por natureza uma comunidade,no seio da qual se podem
estabelecer frutuosas relações para mais eficientemente servir o Evangelho. Pela sua capacidade de
acolhimento, ela tem um papel apreciável, principalmente quando favorece a fundação e o
funcionamento de Lares de Estudantes e de Residências universitárias. O êxito da evangelização da
Universidade e da cultura universitária depende em grande parte do empenho de toda a Igreja local.

5. A paróquia universitária é, de certa maneira, uma instituição mais do que nunca necessária. Ela
supõe a presença activa dum ou mais padres bem preparados para este apostolado específico. Esta
paróquia é um meio único de comunicação com o mundo académico na sua variedade. Ela permite
estabelecer relações com as personalidades da cultura, da arte e da ciência,e assegura ao mesmo
tempo uma penetração da Igreja neste meio tão complexo na sua singularidade multiforme. Lugar
de encontro, de reflexão cristã e de formação, ela abre aos jovens as portas duma Igreja
desconhecida ou mal conhecida, e abre a Igreja à juventude estudantil, às suas questões e ao seu
dinamismo apostólico. Lugar privilegiado da celebração litúrgica dos sacramentos, ela é antes de
tudo o lugar da eucaristia, coração de toda a comunidade cristã, fonte e cume de todo o apostolado.

6. Em toda a parte onde isso é possível,a pastoral universitária deveria criar ou intensificar relações
frutuosas entre as Universidades ou Faculdades católicas e todos os outros meios universitários,
segundo as formas variadas de colaboração.

7. A situação actual convida urgentemente a organizar a formação de agentes pastorais qualificados


no seio das paróquias, dos movimentos e das associações católicas. Ela convida com urgência a pôr
em prática uma estratégia de longa duração, porque a formação cultural e teológica exige uma
preparação apropriada. Concretamente, muitas dioceses são incapazes de estabelecer e de levar a
bom termo uma tal formação de nível universitário. Pondo em comum os recursos das dioceses, dos
institutos religiosos especializados e dos grupos de leigos poder-se-á fazer face a esta exigência.

8. Em todas as situações, trata-se de conceber a «presença » da Igreja como uma « plantatio » da


comunidade cristã no meio universitário, através do seu testemunho, do anúncio do Evangelho, do
serviço da caridade. Esta presença engrandecerá os « christifideles » e ajudará a aproximar os que
estão longe de Jesus Cristo. Nesta perspectiva, parece importante desenvolver e promover:

— uma pedagogia catequética de caracter « comunitário », que proporcione uma diversidade de


propostas,apresente a possibilidade de itinerários diferenciados e de respostas adaptadas às
verdadeiras necessidades das pessoas concretas.

— uma pedagogia de acompanhamento pessoal, de acolhimento, de disponibilidade e de amizade,


de relações interpessoais, de discernimento das situações vividas pelos estudantes e pelos meios
concretos para as melhorar.

— uma pedagogia de aprofundamento da fé e da vida espiritual, enraizada na Palavra de Deus,


aprofundada e partilhada na vida sacramental e litúrgica.

9. A presença da Igreja na universidade exige, finalmente, um testemunho comum dos cristãos.


Inseparável da sua dimensão missionária, este testemunho ecuménico constitui um contributo
importante para a unidade dos cristãos. Segundo as modalidades e dentro dos limites fixados pela
Igreja, e sem prejuízo para a cura pastoral a prestar aos fiéis católicos, esta colaboração ecuménica,
que supõe uma formação adequada, será particularmente frutuosa no estudo das questões sociais e,
duma maneira geral, no aprofundamento de todas as questões ligadas ao homem, ao sentido da sua
existência e da sua actividade.

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2. Desenvolver o apostolado dos leigos, principalmente dos professores

« A vocação cristã é por sua própria natureza vocação ao apostolado ». Esta afirmação do
Concílio Vaticano II, aplicada à pastoral universitária, repercute como um apelo vibrante à
responsabilidade dos professores, dos intelectuais e dos estudantes católicos. O empenho apostólico
dos fiéis é um sinal de vitalidade e de progresso espiritual de toda a Igreja. Desenvolver esta
consciência do dever apostólico nos universitários está na linha directa das orientações pastorais do
Concílio Vaticano II. Assim, em pleno coração da comunidade universitária, a fé torna-se fonte
resplandecente duma nova vida e duma autêntica cultura cristã. Os fiéis leigos gozam duma
autonomia legítima, para exercer a sua vocação apostólica específica. Para favorecê-la, os pastores
são convidados, não somente a reconhecer esta especificidade, mas também a sustentá-la
calorosamente. Este apostolado nasce e desenvolve-se a partir das relações profissionais, dos
interesses culturais comuns, da vida quotidiana partilhada nos diversos sectores da actividade
universitária. O apostolado pessoal dos leigos católicos é « o princípio e a condição de todo o
apostolado dos leigos, mesmo colectivo,e nada o pode substituir ».8 Permanece todavia necessário
e urgente que os católicos presentes na Universidade dêem um testemunho de comunhão e de
unidade. Neste aspecto,os movimentos eclesiais são particularmente preciosos.

Os professores católicos têm um papel fundamental para a presença da Igreja na cultura


universitária. A sua qualidade e a sua generosidade podem mesmo suprir em certos casos as
imperfeições das estructuras. O empenho apostólico do professor católico, dando prioridade ao
respeito e ao serviço das pessoas, colegas e estudantes, oferece-lhes este testemunho do homem
novo « sempre pronto a dar conta, a quem lho pede, da esperança que nele existe, com amabilidade
e respeito » (cf.1 Ped 3, 15-16). A Universidade constitui certamente um sector limitado da
sociedade, mas exerce nela qualitativamente uma influência que ultrapassa muito largamente a sua
dimensão quantitativa. Ora, em contraste com este aspecto, a figura mesma do intelectual católico
parece ter quase desaparecido de certos espaços universitários, onde os estudantes carecem
cruelmente de verdadeiros mestres cuja presença assídua e disponibilidade para com os estudantes
asseguraria uma camaradagem de qualidade.

Este testemunho do professor católico não consiste certamente em divagar por temáticas
confessionais à custa das disciplinas a ensinar, mas em abrir o horizonte às questões últimas e
fundamentais, na generosidade estimulante duma presença activa aos pedidos frequentemente não
formulados dos jovens espíritos à procura de pontos de referência e de certezas, de orientação e de
finalidades. A sua vida de amanhã na sociedade depende disso. Com maior razão, a Igreja e a
Universidade esperam dos sacerdotes professores encarregados do ensino na Universidade uma
competência de alto-nível e uma sincera comunhão eclesial.

A unidade promove-se na diversidade, sem ceder à tentação de querer unificar ou formalizar as


actividades: a variedade de estímulos e de meios apostólicos longe de se opôr à unidade eclesial,
exige-a e enriquece-a. Os pastores terão em conta as legítimas características do espírito
universitário: diversidade e espontaneidade, respeito da liberdade e da responsabili dade pessoais,
oposição a toda a tentativa de uniformização imposta.

Convém encorajar a multiplicação e o desenvolvimento dos movimentos ou grupos católicos, mas é


necessário também reconhecer e revitalizar as associações de leigos católicos cujo apostolado
universitário é recomendado por uma longa e fecunda tradição. Exercido por leigos, o apostolado é
frutuoso na medida em que é eclesial. Entre os critérios de apreciação, o da coerência doutrinal dos
diversos empenhos com a identidade católica está unido à exemplaridade moral e profissional,
garantia da autenticidade resplandecente do apostolado laical, de que a vida espiritual é o penhor.

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