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CURSO DE CONHECIMENTOS BÁSICOS DE EDUCAÇÃO


AMBIENTAL

MÓDULO 5 - METODOLOGIAS PARA PROJETOS DE EDUCAÇÃO


AMBIENTAL

Nesse módulo iremos buscar as possibilidades de como se trabalhar e


aplicar de forma eficiente a Educação Ambiental tanto em sala de aula, como em
qualquer local que se faça necessário um esclarecimento sobre EA. Seguir uma
receita pronta seria uma das últimas opções que poderíamos citar em se tratando de
educação, quanto mais em relação à Educação Ambiental. Não existe um método
mais certo ou mais adequado para se colocar em prática o ensino de EA, mas é
importante que o educador trace seus objetivos e utilize de forma organizada os
seus trabalhos, fazendo planejamento para incluir noções de meio ambiente em
suas aulas, fazendo com que seus alunos ou o público-alvo tenham os
conhecimentos necessários para que possam refletir sobre os mesmos.
Em se tratando de aula interdisciplinar, é importante que os educadores
estejam bem sintonizados com os conhecimentos de EA, para que possam
incorporar em seu dia-a-dia a abordagem sobre o meio ambiente e para isso é
preciso que conheçam alguma metodologia para essa aplicação. Visto que a EA,
muitas vezes, é entendida como um conhecimento que está mais ligada às ciências
naturais, acaba sobrando mais para essas matérias, como é o caso da biologia ou
geografia. O certo é que todas têm alguma relação direta e indiretamente com a EA.
Não queremos de forma nenhuma ditar mecanismo para se trabalhar esses
ensinamentos, mas sabemos o quanto o trabalho de cooperação é importante para
surtir maior efeito e melhor rendimento, e para isso é importante que haja bastante
diálogo e planejamento entre os envolvidos em promover EA numa escola ou numa
comunidade. Esses envolvidos precisam saber bem o que querem e como seus
objetivos irão obter resultados. Nesse nosso aprendizado queremos direcionar não
só para o ensino formal, mas principalmente para o informal onde está inserido o
maior público alvo que se deve fazer uma EA intensiva e qualitativa.
O educador ambiental, devidamente consciente, sabe que os seus
ensinamentos não devem se limitar à sua sala de aula ou ambiente comunitário,
devem ir além. Mas, por outro lado, também sabemos que ele não deve assumir
uma postura de “ecochato” – um pregador ambiental inconveniente – mas é possível
se posicionar sem precisar ir para nenhum lado dos extremos, assim assumindo
uma postura de bom exemplo, para não se contradizer com o que ensina. Merece
uma boa atenção, tal como ensinar que não se deve jogar lixo na rua e quando sair
de sala de aula ser o primeiro a jogar papel na rua.
A EA, diferente de outro tipo de educação, não pode se limitar a ensinar
conceitos e fórmulas, pois vai além disso, ela deve despertar valores humanos e
quebrar velhos paradigmas. Ao contrário de outras situações onde se estimula a
competitividade, na EA deve se estimular o trabalho de equipe para vencer o
problema em comum, que é a degradação do meio ambiente. Muitas vezes,
metodologia simples pode trazer grande rendimento para se guiar a uma
conscientização ecológica. Dispensando até mesmo materiais mais sofisticados,
desde que possa tocar o interesse da pessoa envolvida no processo educacional.
É importante ressaltar o comprometimento e a sensibilização do próprio
educador ambiental, que é fator primordial também em qualquer processo
metodológico que venha a aplicar. Em se tratando de metodologia, o educador
comprometido pode se utilizar de uma variedade de recursos que existem na hora
do processo educacional, agora para que haja melhor aplicação do que se está
construindo junto ao educando, é sempre bom lembrar que o educador é o agente
da facilitação do processo de conscientização, que desperta no educando a
consciência ambiental, ao educador cabe o papel de auxílio a esse processo.
A postura do educador é muito importante perante as descobertas, a
sensibilização que cada educando começa a ter sobre o meio ambiente, é comum
serem colocados para esse processo alguns tipos de materiais que auxiliem ao
educador, tais como vídeos, peças teatrais, feiras culturais, pesquisas, apresentação
de trabalhos e tantos outros recursos que auxiliam, mas que não deve ser esquecido
o despertar para o pensamento crítico sobre as problemáticas ambientais. Mesmo
que cada educador tenha a sua maneira de trabalhar para o despertar da
conscientização ambiental, é sempre bom lembrar que esse trabalho deve ser
trabalhado de forma generosa, sem causar grande drama, espanto catastrófico aos
seus educandos.
A Educação Ambiental é uma proposta pedagógica que procura incutir no
educando uma consciência crítica e sensibilizá-lo, a fim de possibilitar a construção
de uma sociedade mais justa e respeitosa para com todas as formas de vida e o
meio ambiente que as cerca. Uma educação global, que preza os aspectos afetivos
e emocionais e que deve adequar-se às características individuais de sentir,
perceber e pensar a realidade. Uma metodologia de EA deve se permitir ser
ideologicamente atenta e socialmente crítica.
Mesmo reconhecendo que nenhum valor educacional é politicamente neutro,
deve continuamente avaliar criticamente suas teorias e seus argumentos, sendo
ético normativo, estendendo a fronteira do cuidado e preocupação para além do
imediato e pessoal, em direção a um senso participativo de solidariedade para com
as outras pessoas, ambientes e espécies a distância, e as futuras gerações.
Quando planejamos trabalhar com a Educação Ambiental, visualizamos sua
importância para a melhoria da qualidade da educação e para a construção da
“cidadania ambiental”, capaz de definir e construir novos cenários futuros, que
incluam a possibilidade da justiça social e a felicidade das futuras gerações
humanas. A EA deve ser trabalhada de modo a contribuir para repensar a sociedade
em seu conjunto e, não apenas como um esforço para conservar e proteger a
natureza, na perspectiva dos atuais modelos de desenvolvimento.
Por isso, devemos entender a Educação Ambiental como uma atividade
motivadora de um processo maior: o de fazer com que os alunos de Educação
Ambiental desenvolvam a ética de um cidadão crítico e participativo, que seja capaz
de assumir suas responsabilidades sociais e ambientais para o exercício futuro da
cidadania. “O papel da Educação Ambiental é a sua importância para a melhoria da
qualidade da educação e para a construção de uma cidadania ambiental capaz de
definir e construir novos cenários futuros, que incluam a possibilidade da justiça
social e felicidade humana” (MININNI-MEDINA, 2000, p. 23).
Ao se propor qualquer processo educacional, apenas a compreensão do
conteúdo não é suficiente. O educador deve preocupar-se com a forma de
transmissão desse conhecimento, que compreenda a disponibilidade de textos
pertinentes ao assunto; a informação oral passada aos educandos (submetida à
interpretação do professor); a percepção e apreensão do assunto pelos educandos e
a capacidade de produção de textos sobre o assunto pelos próprios educandos.
Logo, vale dizer que, para construir uma “cidadania ambiental” que considere
também a construção de novos valores, habilidades e atitudes, é necessário
enfrentar uma situação de dupla natureza: ética e cognitiva.
Em ambas, um dos instrumentais a ser usado no processo, envolve a
construção de textos e organização de atividades, onde o educador deve se utilizar
da didática para que a sua prática tenha maiores resultados. A Educação Ambiental
deve estar concentrada no desenvolvimento de uma compreensão integrada do
meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos
físicos, biológicos, sociais, políticos, econômicos, culturais, científicos e éticos.
A Educação Ambiental deve ser espaço de interação entre a sociedade e o
seu meio, onde se possa buscar alternativas aos modelos de desenvolvimento
sócioambientais, e assim poder alavancar para amenizar as desigualdades sociais.
“O objetivo da Educação Ambiental é o de contribuir para a conservação da
biodiversidade, para a auto-realização individual e a comunitária e para a autogestão
política e econômica, através de processos educativos que promovam a melhoria do
meio ambiente e da qualidade de vida” (SORRENTINO, 1995, p. 87).
A EA deve ser vista como um processo de educação que exige
compromisso e responsabilidade, tendo uma esperança de converter as crianças de
hoje no ser humano pleno de amanhã, em condições de exercer a sua cidadania.
Seguindo a linha metodológica da Educação Ambiental derivada das orientações
dos marcos referenciais internacionais e nacionais que vimos no módulo 2 e dos
temas transversais dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ministério da
Educação, para alguns estudiosos como, por exemplo, Zeppone (1999, p. 55),
apresentam como referência quatro correntes:
Conservacionista - Apresenta-se vinculada à biologia e voltada para as
causas e consequências da degradação ambiental;
Educação ao ar livre - Envolve desde os antigos naturalistas até os
praticantes do escotismo, passando por grupos de espeleologia, montanhismo e
diversas modalidades de lazer e ecoturismo;
Gestão ambiental - É a mais política e envolve os movimentos sociais;
Economia ecológica - Estabeleceu-se a partir de reflexões sobre o
desenvolvimento econômico e o meio ambiente, principalmente a partir de 1970.
Outros autores, como Mininni-Medina, (1997, p. 68), ao fazerem a análise da
evolução histórica da Educação Ambiental, classificam-na em duas grandes
vertentes:
Ecológica – preservacionista;
Socioambiental - estabelecendo as mútuas relações entre elas.
Os educadores ambientais devem estar preparados para utilizar os mais
diversos materiais que o cotidiano apresenta, explorando a sua diversidade de forma
crítica. É imperioso estar atento a todos os aspectos da cultura e de outros
elementos que provenham do contexto do educando. Assim, a partir de uma análise
dos materiais impressos para a Educação Ambiental, observa-se que seriam
desejáveis os seguintes procedimentos:
• Fazer uma definição mais precisa de qual é o foco e o público alvo,
permitindo com isso eleger temáticas, linguagem e habilidades a serem
trabalhadas tendo em vista um interlocutor real;
• Definir os conceitos básicos, pois quando eles aparecem no texto precisam
ser explicados para integrar o leitor no discurso;
• Usar uma linguagem acessível, cuidando para que isso não resulte em
simplificação ou noções errôneas dos conceitos;
• Dar mais espaços para as dimensões de valores, habilidades e atitudes que,
comparando-se ao espaço dedicado à dimensão informativa, é pequeno;
• Valorizar o lúdico e o estético, pois eles facilitam a ampliação do diálogo, da
participação, da integração e da criatividade;
• Promover uma visão do ser humano inserido na natureza, e não um ser
separado, dominador ou destruidor. Isso deve ser acompanhado por um
enfoque mais real e menos idealizador da natureza;
• Realizar uma contextualização histórica, social e política das questões
ambientais, evitando uma visão parcial e fragmentada da realidade;
• Estimular a reflexão individual, a organização coletiva e a articulação com o
poder público na busca de soluções para problemas ambientais;
• Valorizar a experiência, como forma de aprendizagem e de construção do
conhecimento;
• Contribuir para a abertura de um maior espaço para a reflexão e a
argumentação em torno das questões ambientais, fugindo da
“conscientização” por imposição de ideias prontas e favorecendo a
incorporação de mudanças de comportamento no cotidiano;
• Trabalhar mais os temas ligados às medidas de preservação e aos problemas
de degradação ambiental, pois parece haver uma maior ênfase nos conceitos
biológicos e ecológicos, o que pode ser chamado de abordagem naturalística
em Educação Ambiental;
• Definição para as possibilidades concretas de integração entre preservação e
desenvolvimento, em excluir experiências e as dificuldades existentes;
• Realizar uma distribuição melhor sobre os diferentes tipos de temas nos
diversos materiais publicados. Em geral, os conceitos ditos científicos se
concentram nos livros didáticos e paradidáticos, enquanto os problemas
ambientais são mais abordados em cartilhas;
• Tornar mais presente alguns temas importantes que são poucos trabalhados
como, por exemplo, a questão dos recursos hídricos, o efeito estufa e a
camada de ozônio, os lixos comuns;
• Realizar uma reflexão profunda e trazer dados consistentes sobre temas com
grande destaque na mídia, e que são, muitas vezes, tratados de maneira
superficial.
Todos esses procedimentos devem ser analisados pelo educador ambiental,
ser acrescidos outros, se espelhando na metodologia das recomendações dos
marcos históricos da EA.

4.1 EDUCAÇÃO AMBIENTAL NÃO-FORMAL

A educação não-formal é um processo que se destina à comunidade como


um todo. Contempla desde a parte da população cuja faixa etária obrigaria estar no
processo formal de educação, até a outra parte que não está envolvida. O formato
de curso é o preferencial e as iniciativas são desenvolvidas por associações de
bairros, comerciais, industriais, organizações não-governamentais e até por
instituições públicas de ensino, como os cursos de extensão universitária.
A Educação Ambiental foi inicialmente sendo praticada por esses grupos,
por diversas razões. Primeiro, porque a ideia de envolvimento com a natureza,
apresenta a visão do paraíso, o sagrado no imaginário popular. Segundo, porque
muitas das atividades poderiam ser desenvolvidas pela comunidade local,
promovendo uma união, que resultaria em uma melhor qualidade de vida do grupo
envolvido. O espaço ocupado pela educação não-formal, com suas características
próprias, é um excelente ambiente para o desenvolvimento da racionalidade
ambiental (SORRENTINO, 1995, p. 90).
“A racionalidade ambiental ocorre quando o conjunto de determinadas
metodologias educacionais tem em comum o fato que a aprendizagem de qualquer
conceito ou informação, dar-se-á quando forem atingidos os três domínios básicos
do processo educacional: o cognitivo, o afetivo e o técnico” (SORRENTINO, 1995, p.
95). Assim, satisfeitos estes domínios, há a possibilidade da construção de uma
educação dirigida para a solução de problemas concretos das comunidades locais,
regionais, estaduais, nacionais e globais, levando a um novo conjunto de
informações, que tem como objeto de formação a construção de uma nova
racionalidade ambiental e de um saber ambiental integrado.
A Educação Ambiental não-formal visa atender aos atuais apelos da recente
Lei Federal de Educação Ambiental, que de acordo com a Política Nacional de
Educação Ambiental, Lei 9.795 de 27 de abril de 1999, em sua seção III, Art.13,
define a da Educação Ambiental Não-Formal, da seguinte maneira: “Entende-se por
educação ambiental não-formal as ações e práticas educativas voltadas à
sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e
participação na defesa da qualidade do meio ambiente.” Esse conteúdo sobre a Lei
de Educação Ambiental você encontrará no último módulo, sobre a Lei 9.795.
Como destaca Carvalho (2003, p. 29), o grande desafio da EA se passa em
nível ético. O fato de reservar especial atenção à dimensão ética do fazer Educação
Ambiental, mais dirigida a sua prática, advém igualmente do fato de não querer
apresentá-la como uma espécie de "remédio milagroso" solucionador de todos os
problemas ambientais. A ética deve ser o leme que irá direcionar o pensamento
ideológico que a EA será capaz de despertar e que esteja compromissada com a
busca da justiça social.
"A prática da EA deve ter como um de seus pressupostos, o respeito aos
processos culturais característicos de cada país, região ou comunidade. (...) Isto
significa reconhecer que há diferentes modos de relacionamento homem-homem e
homem-natureza. Na sociedade brasileira esses diferentes modos de
relacionamento determinam a existência de conhecimentos, valores e atitudes que
devem ser considerados na formulação, execução e avaliação da prática da EA."
A EA deve estar presente em todos os ambientes: escolas, praças, família e
comunidade. Atualmente os eventos que tratam da temática ambiental são
importantes espaços de discussão e realização de atividades formativas através de
cursos, grupos de trabalhos, oficinas etc. Os PCN´s recomendam que o processo
educativo deve romper com o adestramento e a simples transmissão de
conhecimentos, destacando que cada professor, dentro da especificidade de sua
área, deve adequar o tratamento dos conteúdos para contemplar o tema Meio
Ambiente, assim como os demais Temas Transversais.
De acordo com Lopes (1990 apud Guimarães, 1998), os objetivos gerais
para o planejamento participativo em EA são: participação ativa dos sujeitos,
unidade teoria-prática, realidade concreta como ponto de partida e a busca por
atingir o fim mais amplo da educação. Torna-se evidente que sem um processo
educativo consistente e participativo, que consiga abranger toda a sociedade, é
inviável a busca pela sociedade sustentável. Por isso, faz-se necessário captar as
representações de sociedade, educação, ambiente, natureza, indivíduo-sociedade,
escola e, finalmente cidadania.
A metodologia participativa, busca desenvolver em cada participante,
sentimentos de colaboração, dando mais sentido e modificando a relação homem-
natureza-homem, permitindo uma relação mais integrada e uma abertura de
consciência por parte dos sujeitos. Mais do que buscar um ativismo ecológico, o que
se pretende é caminhar para a assimilação e execução de uma nova
postura/mentalidade frente à realidade que se tem e se pretende modificar. E essa
mudança se faz na medida em que essa mesma realidade se mostra insustentável e
a reflexão sobre sua insustentabilidade leva a posturas modificadoras. Uma ideia de
educação e de ambiente, se expressa muito bem nas palavras de Maturana (1998,
pp. 34-35):
Para que educar? Para recuperar essa harmonia fundamental que não
destrói, que não explora, que não abusa, que não pretende dominar o
mundo natural, mas que deseja conhecê-lo na aceitação e respeito para que
o bem-estar humano se dê no bem-estar da natureza em que se vive.. Para
isso é preciso aprender a olhar e escutar sem medo de deixar de ser, sem
medo de deixar o outro ser em harmonia, sem submissão. Quero um mundo
em que respeitemos o mundo natural que nos sustenta, um mundo no qual
se devolva o que se toma emprestado da natureza para viver. (...) Quero um
mundo no qual seja abolida a expressão ‘recurso natural’, no qual
reconheçamos que todo o processo natural é cíclico e que, se
interrompermos seu ciclo, se acaba.

4.2 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO TEMA TRANSVERSAL

Os temas transversais referem-se às questões contemporâneas de relevante


interesse social, que atingem, pela sua complexidade, as várias áreas do
conhecimento. Estes exigem um planejamento coletivo e interdisciplinar, além da
identificação dos eixos centrais do processo de ensino-aprendizagem, para, em
torno deles, elaborar as propostas educacionais. O conceito de transversalidade
está expresso nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Meio Ambiente como: Os
conteúdos de meio ambiente serão integrados ao currículo através do que se chama
transversalidade, isto é, serão tratados nas áreas de conhecimento de modo a
impregnar toda a prática educativa e, ao mesmo tempo, criar uma visão global e
abrangente da questão ambiental (MMA, 2001, p. 21).
A Educação Ambiental, como tema transversal, postula-se dentro de uma
concepção de construção interdisciplinar do conhecimento e visa à consolidação da
cidadania a partir de conteúdos vinculados ao cotidiano e aos interesses da maioria
da população. Ela fundamenta-se em três perspectivas teóricas emergentes: a
pedagogia crítica, o pensamento complexo e o construtivismo num sentido amplo do
termo (Minini-Medina, 2000, p. 31).
A Educação Ambiental pretende ser um dos elementos de construção de um
projeto educacional que almeje o estabelecimento de relações sociais e éticas de
respeito às outras pessoas, à diversidade cultural e social, o respeito aos direitos
humanos e ao meio ambiente. É necessário que sejam buscados caminhos
metodológicos para a construção de uma realidade escolar coerente com os
princípios da transversalidade, sustentada nos Parâmetros Curriculares Nacionais,
ou seja, a busca da integração das áreas de conhecimento, à luz dos problemas de
relevante interesse social.
4.3 PROJETOS E PROGRAMAS

4.3.1 Como criar e desenvolver um programa de Educação Ambiental

Além da obrigatoriedade da nova disciplina nos cursos no Brasil, há como


dito a obrigatoriedade do Poder Público implementar a EA à população, o que
deverá ser feito através de programas, daí a importância de se estudar sistemáticas
e organogramas neste sentido. A criação e desenvolvimento de um programa de EA
podem ser elaborados utilizando-se várias formas, métodos e organogramas, mas a
utilização de uma sistemática bem elaborada é primordial para o seu sucesso.
Sugestões para criar e desenvolver um programa de EA para que se possa planejá-
lo e executá-lo de forma mais criteriosa e concreta possível, devem observar as
seguintes etapas:
1ª - Escolher o local a ser efetivado o programa;
2ª - Desenvolver pesquisas para identificação dos problemas ambientais
específicos da área;
3ª - Estudar e conhecer as necessidades e potenciais da comunidade;
4ª - Planejar o programa direcionando-o à comunidade;
5ª - Aplicar efetivamente o programa educacional;
6ª - Avaliar os resultados para eventuais mudanças ou adaptações.
Desenvolvendo-se cada etapa, sugere-se:

1ª etapa - Escolher o local a ser efetivado o programa.


Antes de se iniciar um trabalho é necessário primeiro escolher uma região
com problemas ambientais para direcioná-lo, de forma que os resultados sejam mais
efetivos e venham a atender as necessidades locais. Mesmo em se delimitando o
estudo a um determinado local podemos observar que os problemas ambientais que
o atingem podem ser locais, regionais ou nacionais que afetam outros lugares do
país e mesmo fora, internacional. Escolhido o local passa-se a delimitação do campo
de ação, examinando-se toda área de estudo com o maior levantamento possível
topográfico, faunístico, botânico, climático, social etc. Feito isso, passa-se à segunda
etapa.
2ª etapa - Desenvolvimento de pesquisas para a identificação dos problemas
ambientais específicos da área.
Devido à degradação generalizada, normalmente encontramos muitos
problemas ambientais em praticamente todos os locais, de modo que nesta fase
devemos desenvolver pesquisas para a identificação concreta de seus problemas
para especificar os que atingem a área. Estas pesquisas devem ser mais amplas
possíveis, não se podendo deixar de considerar nenhum dos aspectos do ambiente
para que se possam identificar os problemas com maior segurança, assim podemos
definir quais são os mais importantes, e assim passamos a terceira fase.

3ª etapa - Estudar e conhecer as necessidades e potenciais da comunidade.


Escolhido o local e identificados os problemas ambientais passamos aos
estudos da necessidade e potencialidade da comunidade, uma vez que um
programa de Educação Ambiental é dirigido às pessoas, daí porque devemos
conhecer as necessidades e potencialidades da comunidade para a implantação e
desenvolvimento do programa, sem o que será um trabalho sem acolhida pelas
pessoas do local.
Cada comunidade tem suas necessidades que refletem no ambiente, de
maneira que é importantíssimo conhecermos as necessidades básicas da
comunidade para que possamos aplicar adequadamente o programa, bem como
temos que conhecer também os anseios da sociedade estudada, para que
possamos também saber o que se pretende em um futuro próximo e a longo prazo,
para prepararmos um programa mais consistente.
Para este estudo devemos fazer um levantamento sócio-cultural
abrangente com as cooperativas, escolas, igrejas e órgãos públicos municipais e
estaduais, coletando de informações das pessoas. Assim podemos também saber
qual o público dentro daquela sociedade a que se destinará melhor o programa, bem
como quem poderá colaborar. Além do conhecimento dos problemas ambientais da
região, o educador ambiental deve conhecer plenamente o meio social em que vai
trabalhar. Deve ele estar inserido o máximo possível neste meio social, sem o que
não terá ideia exata da dimensão da problemática a ser trabalhada e
conseqüentemente, prejudicar a adequada educação ambiental ao público alvo.
O educador ambiental deverá procurar apoio dos líderes da comunidade
no desenvolvimento de seu trabalho, solicitando a colaboração de políticos,
autoridades públicas, professores e líderes de bairro, por exemplo. Com a ajuda da
liderança local o trabalho terá uma maior penetração e conseqüentemente maior
resultado, não se esquecendo que o potencial da comunidade deve ser estudado,
abrangendo este estudo a parte social educadora e econômica. Conhecendo-se o
potencial o educador saber até que ponto poderá ser desenvolvido o seu programa.

4ª - Planejamento do programa direcionado à comunidade.


Conhecendo-se a necessidade e o potencial da comunidade alvo, passa-
se ao planejamento do programa. Este para ter êxito tem que ser organizado com
muito cuidado e também direcionado aos objetivos, sem se desviar de sua
finalidade.
O educador ambiental deve:
a) fazer um projeto do programa com os motivos, métodos e objetivos;
b) identificar os problemas ambientais a ser trabalhado e como serão
resolvidos;
c) como será colocado em prática o programa como, por exemplo, de que
forma será desenvolvido ou como será divulgado;
d) qual o público alvo do programa;
Por fim, o educador deve fazer um organograma de trabalho
desenvolvendo a sua estratégia de ação.

5ª - Aplicação efetiva do programa educacional:


Nesse estágio de ação deve incluir:
a) visitas e exposições em escolas. As escolas locais devem ser
cadastradas e visitadas, fazendo-se exposições e palestras aos alunos e pais sobre
o programa ambiental, estimulando assim a participação dos presentes;
b) manter contato com entidades governamentais e não governamentais
(ONGs) para obtenção de apoio, procurando cadastrar todas as Ongs locais, ou que
tenham interesses ou escritórios na região, providenciando contato com explanação
do programa e solicitação de apoio;
c) tentar conseguir com as empresas, o comércio, entidades e mesmo
pessoas a obtenção de material de divulgação e de uso nas atividades a se
desenvolver;
d) apoio dos meios de comunicação locais;
e) divulgação do programa para toda a comunidade através dos líderes
locais e/ou pessoas interessadas. As pessoas influentes, quer econômica, social e
intelectualmente, têm grande poder de indução da população, de forma que devem
ser procuradas pelo educador ambiental para que abracem a causa, divulgando-a o
máximo possível.

6ª – Avaliação
Todo o trabalho desenvolvido deve ser avaliado de tempos em tempos para
que se possa fazer correções, adequando o Programa de Educação Ambiental cada
vez mais à comunidade a que é direcionada. A avaliação não tem prazo certo a se
realizar, mas deve em cada caso ser efetivada, observando o tempo necessário que
se entender necessário, devendo isso ser objeto de estudo, também. Deve ser
também muito criteriosa e isenta de preconceitos, para que se possa aceitar as
críticas, importantes ao aperfeiçoamento do trabalho. Do resultado devemos tirar as
novas diretrizes a serem seguidas, sempre com vistas ao objetivo do programa.
Além disso, a avaliação pode ser feita tanto no curso do programa quanto após
findo. (Wood, D. e Diane W. Wood, ob.cit.).

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