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A Interdependência das Nações

O Sistema Internacional .......................................................................................... 2


O Estado Global segundo Heinz Dieterich .............................................................. 2
O Modelo da Interdependência Complexa .............................................................. 3
Sobre Globalização Transnacional, Novo Regionalismo e Governança Regional .. 4
As etapas da Integração econômica em Blocos...................................................... 5
A Interdependência Segundo Marx ......................................................................... 5
O Fenômeno ........................................................................................................... 8
O que há de novo.................................................................................................... 9
A Teoria Sistêmica não da conta de Todo o Fenômeno de interdependência ........ 9
A Natureza das Instituições Internacionais ........................................................... 10
Singularidades do Fenômeno da Interdependência dos Estados ......................... 11
Conclusão ............................................................................................................. 13
Bibliografia:............................................................................................................ 14

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TEORIAS SOBRE A GOVERNANÇA GLOBAL:

O SISTEMA INTERNACIONAL :
Segundo Boaventura de Souza Santos, o sistema internacional pode ser
abordado a partir da compreensão de três esferas de poder distintas e
entrelaçadas: a Constelação pública, domínio dos Estados Nacionais; a
Constelação Privada, domínio das corporações empresariais; a Constelação
Social, domínio das organizações não-governamentais e outras organizações
sociais.
Essas instâncias, de dimensões mundiais, possuem distintas lógicas de
funcionamento e interferem no desempenho mútuo. Daí decorre a idéia de
Interdependência Complexa em que nenhum dos atores mundiais possui
independência de ação em relação aos demais, sejam Estados, empresas ou
organizações sociais.

O ESTADO GLOBAL SEGUNDO HEINZ DIETERICH :


Grupo G-7: Gabinete/Diretório Global (Supervisores Mundiais)

Esferas da Estrutura Executiva do Estado global:

• Econômica: Banco Mundial, FMI, OCDE e OMC.


• Política: ONU, Conselho de Segurança.
• Social/Ideológica: ONU, Assembléia Geral, UNESCO,
PNUMA, PNUD, OIT.
• Militar: OTAN

Dieterich salienta a necessidade de um profundo processo de


democratização do sistema mundial, considera o Conselho de Segurança da
ONU um regime oligárquico-elitista profundamente anti-democrático, onde
apenas cinco países são membros permanentes possuindo poder de veto (
EUA, França, Reino Unido, China e Rússia). Para ele a Assembléia Geral da
ONU constitui a única representação política universal do tipo e que, com
efeito, mostra uma estrutura formal-democrática no sentido de que cada nação
dispõe de um voto.

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O MODELO DA INTERDEPENDÊNCIA COMPLEXA :

O modelo da Interdependência nas relações internacionais, proposto por


Robert Keohane e Joseph Nye (1977), traz os Estados não mais como únicos
atores mundiais. Empresas, ONG´s e indivíduos possuem também influência
na Política Mundial.
A igualdade no trato interno dos princípios morais e democráticos das
relações internacionais tende a ser um objetivo para as relações entre Estados
e o demais atores mundiais. Ainda que difícil de ser obtida essa igualdade se
coloca como algo a ser tentado.
Dada esta primeira e principal característica do modelo de
interdependência, da “aceitação” de outros atores políticos além dos Estados e
organizações internacionais, tem-se uma maior abertura para outros temas,
como os demográficos, econômicos e ambientais, em detrimento das questões
de poder e de segurança. Mais que isto esses temas criam a interdependência
entre os atores mundiais. Assim, cooperação e negociação se tornam palavras
de ordem, uma vez que Estados, Empresas e organizações representantes das
sociedades locais e mundial se entrelaçam em um emaranhado de relações
econômicas, políticas, demográficas e ambientais.
O conceito de interdependência evolui com as idéias de Johan Galtung
(1995), cuja abordagem destaca: os conceitos da “paz positiva” e da “paz
negativa”.
Para Galtung, a “paz negativa”, simplesmente, implica a inexistência da
guerra e da violência, o que, necessariamente, não se traduz em cooperação
entre povos e nações. Ao contrário, a eventual predisposição para a guerra e a
rivalidade entre as nações e a falta de cooperação podem continuar a vigorara
na “paz negativa”. A “paz negativa” é, portanto, omissa em relação aos
problemas mundiais, pois visa quase que exclusivamente, a solução dos
problemas locais, ou seja, do estado singular.
A “paz positiva”, por outro lado, implica, além do abandono definitivo
da idéia de guerras e de rivalidade, a idéia de cooperação entre povos e nações
com vistas à interação da sociedade humana. Essa verdadeira paz é
conseqüência de ações contra a violência e a guerra, através da proteção dos
direitos humanos, do combate às injustiças socioeconômicas, do
desarmamento e da desmilitarização.

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SOBRE GLOBALIZAÇÃO TRANSNACIONAL, NOVO REGIONALISMO E
GOVERNANÇA REGIONAL .

Desde o início dos anos oitenta, a globalização da economia mundial,


com seus sistemas (financeiro, produtivo, comercial) e principais atores
(corporações transnacionais, grandes investidores financeiros e organizações
internacionais), que não dirigidos ou modelados pelos interesses de territórios
e normas nacionais, constrange e estimula os Estados-nação a criarem ou
reforçarem um nível de regulação regional, como resultado de uma dupla
constatação: 1) o debilitamento ou ineficácia dos instrumentos tradicionais de
regulação nacional nas áreas de finança, produção e comércio; 2) as pressões
para adaptar-se às expectativas e requerimentos dos atores e sistemas
transnacionais através de reformas econômicas “orientadas para o mercado”.
A governança regional nessas áreas surge, então, como resposta aos efeitos da
globalização econômica, com a finalidade de fornecer aos Estados e às
coalizões políticas dominantes que os controlam ( e os respectivos blocos de
poder compostos de forças de ‘dentro” e de “fora”, que elas expressam) novos
instrumentos de poder e legitimação, tanto no plano doméstico quanto
internacional. É que através dela os estados, embora percam margens de
autonomia com relação aos Estados sócios com quem interagem de forma
cooperativa, ganham (ou têm a expectativa de ganhar) capacidade decisória
em escala regional, incrementando as condições de competitividade (divisão
do trabalho, economia de escala, modernização tecnológica, etc.) e reforçando
o poder de barganha e de atração da região à outros atores internacionais e
transnacionais (investidores, Estados, blocos regionais).
Assim, os Estados podem ver incrementada sua influência tanto na
política doméstica quanto internacional. Isto é: a governança regional pode
complementar aquela nacional através de uma tomada de decisão articulada,
mediante arranjos institucionais, intergovernamentais ou supranacionais.

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AS ETAPAS DA INTEGRAÇÃO ECONÔMICA EM BLOCOS :

A integração de economias regionais obtém-se pela aproximação das


políticas econômicas e da pertinente legislação dos países que fazem parte de
uma aliança. Com isso, pretende-se criar um bloco econômico que possibilite
um maior desenvolvimento para todos os membros da associação. Vejamos a
seguir cada etapa do processo:

1ª Etapa: Zona de livre comércio – criação de uma zona em que as


mercadorias provenientes dos países membros podem circular livremente.
Nessa zona, as tarifas alfandegárias são eliminadas e há flexibilidade nos
padrões de produção, controle sanitário e de fronteiras.
2ª Etapa: União Aduaneira – além da zona de livre comércio, essa etapa
envolve a negociação de tarifas alfandegárias comuns para o comércio
realizado com outros países.
3ª Etapa: Mercado comum – engloba as duas fases anteriores e acrescenta a
livre circulação de pessoas, serviços e capitais.
4ª Etapa: União Monetária – essa fase pressupõe a existência de um
mercado comum em pleno funcionamento. Consiste na coordenação das
políticas econômicas dos países membros e na criação de um único banco
central para emitir a moeda que será utilizada por todos (adoção de uma
moeda única, como por exemplo, o EURO na U.E.).
5ª Etapa: União Política – a união política engloba todas as anteriores e
envolve também a unificação das políticas de relações internacionais, defesa,
segurança interna e externa (Ex: Processo de votação da Constituição da
União Européia entre os seus países membros).

A INTERDEPENDÊNCIA SEGUNDO MARX :


De acordo com a teoria de Marx, sobre a gênese e o desenvolvimento
do capitalismo, este modo de produção e processo civilizatório nasce
transnacional. Desde os seus primórdios, as relações, os processos e as
estruturas que o constituem desenvolvem-se em âmbito mundial. A
acumulação originária, compreendendo as grandes navegações, os
descobrimentos, as conquistas, o mercantilismo, a pirataria, o tráfico de
escravos, as diversas formas de trabalho forçado, é um processo que se lança
em escala mundial, ainda que polarizado em algumas metrópoles e colônias.
Na medida em que se desenvolve o capitalismo, dinamizam-se e generalizam-

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se as forças produtivas e relações de produção, compreendendo o capital, a
tecnologia, a força de trabalho, a divisão do trabalho social, o mercado, o
planejamento, a violência, o direito, as instituições jurídico-políticas, as
ideologias e outras produções e articulações da vida social. São forças
produtivas e relações de produção concretizadas nos processos de
concentração do capital, ou reinversão continuada de ganhos, lucros ou mais-
valia; e de centralização do capital, ou a absorção reiterada de outros capitais e
empreendimentos. A concentração e a centralização fundamentam o
colonialismo e o imperialismo, o que se concretiza em monopólios, trustes,
cartéis, multinacionais e transnacionais. Concretizam o desenvolvimento
desigual e combinado do capitalismo pelo mundo; e são indispensáveis para a
compreensão da globalização.
Desde os primeiros momentos do século XVI, e cada vez
mais nos seguintes, acelerando-se ainda mais no século XX
com as tecnologias de eletrônica, em toda essa história o
capitalismo expande-se pelo mundo afora. “A necessidade
de mercados cada vez mais extensos para seus produtos
impele a burguesia para todo o globo terrestre. Ela deve
estabelecer-se em toda parte, instalar-se em toda parte,
criar vínculos em toda parte. Através da exploração do
mercado mundial, a burguesia deu um caráter cosmopolita
á produção e ao consumo de todos os países. Para grande
pesar dos reacionários, retirou debaixo dos pés da indústria
o terreno nacional. As antigas indústrias nacionais foram
destruídas e continuam a ser destruídas a cada dia. São
suplantadas por novas indústrias, cuja introdução se torna
uma questão de vida ou morte para todas as nações
civilizadas – indústrias que não mais empregam matérias-
primas locais, mas matérias-primas provenientes das mais
remotas regiões, e cujos produtos são consumidos não
somente no próprio país, mas em todas as partes do mundo.
Em lugar das velhas necessidades, satisfeitas pela produção
nacional, surgem necessidades novas, que para serem
satisfeitas exigem os produtos das terras e dos climas mais
distantes. Em lugar da antiga auto-suficiência e do antigo
isolamento local e nacional, desenvolve-se em todas as
direções um intercâmbio universal, uma universal
interdependência das nações. E isso tanto na produção
material quanto na intelectual. Os produtos intelectuais de
cada nação tornam-se patrimônio comum. A unilateralidade

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e a estreiteza nacionais tornam-se cada vez mais
impossíveis, e das numerosas literaturas nacionais e locais
forma-se uma literatura mundial. Com o rápido
aperfeiçoamento de todos os instrumentos de produção, com
as comunicações intensamente facilitadas, a burguesia
arrasta pára a civilização todas as nações, até mesmo as
mais bárbaras. Os baixos preços de suas mercadorias são a
artilharia pesada com que derruba todas as muralhas
chinesas, com que força à capitulação o mais obstinado
ódio dos bárbaros aos estrangeiros. Obriga todas as nações,
sob pena de extinção, a adotarem o modo de produção da
burguesia; obriga-as a ingressarem no que ela chama de
civilização, isto é, a se tornarem burguesas. Numa palavra,
(a burguesia) cria um mundo à sua imagem e semelhança.”
(Marx e Engels, O Manifesto do Partido Comunista –
capítulo1, p. 49).
A teoria marxiana funda-se no princípio de que a realidade social é
essencialmente dinâmica. É dinâmica, complexa e contraditória, já que
envolve relações, processos e estruturas de dominação política e apropriação
econômica, contexto no qual se produzem movimentos de integração e
fragmentação. Ocorre que a mesma dinâmica social que produz identidades e
diversidades produz desigualdades e contradições. Nesse sentido é que essa
teoria contempla não só o movimento, a mudança e a transformação, mas
também a ruptura e a revolução. Seja local, nacional, regional ou mundial, a
realidade social, ou a configuração geoistórica, está sempre em movimento,
atravessada por contradições, envolvendo indivíduos, famílias, grupos,
classes, setores de classes, etnias, religiões, línguas e outras determinações
constitutivas da sociedade. Tudo isso pode significar que o globalismo se
revela um imenso e fantástico palco de forças sociais e lutas sociais, algumas
das quais surpreendentes, desconhecidas, carentes de interpretação; e outras
conhecidas ou que se supunham conhecidas, mas que mudaram de
significação.

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O FENÔMENO

A questão da interdependência das nações , segundo Luis Fernandes( ver


bibliografia), já era discutida até mesmo por Adam Smith e Marx nos sec
XVIII e XIX, cabe aqui tratar desta questão como ela se dá nos dias atuais,
mas acreditamos também que seria interessante abordarmos este assunto
dentro do percurso que ele percorreu durante as história, para isso seria
interessante talvez aborda-lo nos seus últimos cem anos, começando com o
final do sec XIX. É conhecido por todos que no final do sec XIX o comércio
mundial era feito numa escala gigantesca se fizermos a comparação em
relação ao PIB destas mesmas nações que se entrecruzavam por meio do
comercio. Já no começo do sec XX o comércio ainda que maior em termos de
cifras, apresentou um decréscimo na relação com o PIB destas nações
comerciais, ou seja há uma contração da participação do PIB nacional no
mercado externo, um fator que contribui para isso são as guerras da 1ª metade
do século que desviam recursos e forças produtivas para a produção bélica.
Mas vale ressaltar que neste mesmo período os investimentos no exterior
continuam sendo implementados, o que vale notar é que estes investimentos
não eram dirigidos para produção dirigida para a exportação pelo contrário
investia-se em outros países e esta produção gerada era voltada para o
mercado interno. Percebe-se então que as relações entre as nações em termos
de intercâmbio comercial se esfriam no inicio do sec XX. No brasil isto é
perceptível apartir da década de 30 onde investimentos externos se dão em
grande quantidade no pais, mas voltados para produção que tem por alvo este
mercado interno, sobretudo a implementação das industrias de base, até
mesmo o café produto forte na pauta de exportações passa por uma grave crise
neste momento, em grande parte também em função da crise da década de 30.
No terceiro quartel do sec XX o comércio internacional aumenta
consideravelmente, mas não chega a pujança do fim de sec XIX se novamente
levar-se em conte e relação do PIB participante destas trocas; a produção
voltada para troca internacional ainda é reduzida em relação ao contexto do
fim do sec. XIX, interessante notar que neste período o Brasil adota uma
política em que se coloca como uma nação que foi prejudicada no processo
econômico ao longo de sua historia, e por isso reclama os favores das nações
com grande poder econômico.
Agora se tomarmos o ultimo quartel do sec. XX percebe-se este ressurgir
do comercio mundial com as características do fim do sec. XIX. Uma grande
concentração de valores sendo comercializados internacionalmente. Somado

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ao grande aumento participação do PIB neste intercâmbio comercial; por ai
percebe-se as relações entre as nações assumindo uma enorme pujança no
final do séc. XX.
No caso do brasil sobretudo na década de 90 não há mais esta posição de
nação como alijada no processo mundial de comércio, mas já sim o
posicionamento por uma maior solidariedade entre as nações. Solidariedade
esta que se traduz em cooperação, seja ela econômica, institucional, militar,
técnica , etc.
O Brasil assim como a grande maioria das nações começa a assumir uma
política onde se advoga a necessidade de haver uma mundialização solidaria,
administrada de forma compartilhada. Esta mudança é notável sobretudo nos
discursos de campanha eleitoral para cargos à presidência da República nos
últimos 15 anos no Brasil.

O QUE HÁ DE NOVO

Mundo a fora, dentro desta idéia de gerencia compartilhada das demandas


internacionais, há uma intensificação das atividades conjuntas entre nações,
onde não somente se trabalhe em conjunto mas também se decida desta forma.
O germe deste tipo de relação esta bem delineado no encontro de Bretton
Woods (1947) e de San Francisco (1948); nestes encontros fornam-se as mais
conhecidas agencias de cooperação internacional ( BIRD, FMI e ONU
respectivamente); é dentro deste contexto que surge de forma muito intensa
aquilo que chamamos aqui de interdependência das nações, que esta
enquadrada dentro da teoria sistêmica dos estados.

A teoria sistêmica pressupõe a existência de relações de mutua


dependência entre os elementos constituintes desta relação, isto se da
principalmente através dos mecanismos de diferenciação, diferenciação esta
que quando tomada ao nível dos estados leva à idéia de diferenciação e
especialização entre os vários estados e com isso a necessidade de
complementariedade entre estes.

A TEORIA SISTÊMICA NÃO DA CONTA DE TODO O FENÔMENO DE


INTERDEPENDÊNCIA

Dentro da idéia de interdependência das nações há algo mais que precisa


ser explorado pois não é somente em função da busca de elementos
complementares que as nações se relacionam e estabelecem relações

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interdependentes; cabe aqui explorar estes elementos que aprofundam esta
situação de interdependência entre estados. É conhecido que até bem pouco
tempo os estados funcionavam como espécies de autarquias, onde cada um era
autônomo nas suas políticas, fossem elas econômicas, de saúde, alfandegárias,
de migração, etc...
Hoje o contexto é muito diferente, quase todas estas decisões são tomadas em
conjunto pelos vários estados, este processo tem grande ligação com o
processo de desenvolvimento tecnológico, sobretudo nos sistemas de
comunicação, o que possibilitou um avanço enorme nas relações entre órgãos
e pessoas no âmbito mundial, dentro deste contexto de proximidade
estabelecido pelas comunicações, muitas das relações estabelecidas entre
pessoas e/ou órgãos ao nível de seus próprios estados, passou agora a
desenvolver-se também ao nível internacional, e estas relações são as mais
variadas, vão desde a difusão de intercâmbios entre Estados - esfera pública;
passando também pela esfera privada, onde há intensificação da difusão de
credos, passando pelo intercâmbio cultural e chegando até mesmo ao trafico
de drogas, contrabando de armamentos, e intensificação da exploração sexual.
São todos processos que ultrapassaram as fronteiras do estado, antes
mesmo da maioria dos estados se darem conta do inicio da maioria destes
processos.
Estas são situações que anteriormente eram de fórum nacional, mas que
com a complexificação das comunicações passaram para um plano muito
maior que é o plano internacional. O que não significa que com isso os estados
ficaram isentos de darem conta da demanda por resoluções destas
problemáticas, pelo contrário, o que acontece é que cada estado sozinho não é
capaz de dar conta de cada uma destes problemas, e com isso se vêem
necessitados de colaborarem entre si para dar resolução a estas demandas
amplificas geograficamente. Estes novos processos vem mudando
significativamente as agendas dos países.

A NATUREZA DAS INSTITUIÇÕES INTERNACIONAIS

Cabe ressaltar que estas ações compartilhadas nem sempre são amistosas,
pois cada estado tem seus costumes, história, suas próprias instituições e leis
portanto; é neste contexto que surgem com muita força as instituições
internacionais ou transacionais como a ONU, BIRD, FMI, OIT, FAO, etc. são
elas organizações que servem como espaço de regulamentação e
institucionalização destas relações e decisões mutuas entre os estados.
Diferente do que muitos pensam elas não surgem como meros usurpadores
de poder dos estados, pois elas são criadas pelos estados, são órgãos que

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gerenciam estas relações mas pautadas entre acordos pré estabelecidos
anteriormente pelos estados, não são elas entes que surgiram fora do contexto
dos estados, mas sim dentro e em meio a estes. São estas instituições que
equalizam as divergências entre os estados, segundo Octavio Ianni elas são
agencias de serviço dos estados. São através destas instituições que
estabelecem-se as relações de mutua cooperação entre os estados, é claro que
para isso acontecer as agencias tornam-se órgãos com poder de decisão
também, e isto só acontece segundo alguns autores quando os estados delegam
parte de sua soberania a estes órgãos:

São estes os termos utilizados pelos autores:


Castels: soberania compartilhada
Ianni: delegação de tarefas e recursos
Giddens: abdicação de um grau de soberania
Dupas: cessão de soberania

Esta cessão de soberania se dá afim de resolver as miriades de problemas que


agora ultrapassam as fronteiras dos estados, são gestões compartilhadas, mas
que necessitam dos estados para dar forma a elas, afinal as instituições
internacionais precisam de órgãos que as legitimem, e os estados também
servem a este papel, o que demostra a forte importância ainda do estado
nação. São na realidade ações conjuntas e necessárias neste contexto global de
relações, relações que muitas vezes antecedem o estado como no caso das
ações transculturais entre outras que se dão mesmo sem uma regulamentação
para tanto, são todos estes fatores que chamam os estados para estas questões.

SINGULARIDADES DO FENÔMENO DA INTERDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS

Cabe aqui ressaltar o que faz do fenômeno da interdependência algo


singular e tão discutido nos dias atuais, a começar pela intensificação da
tecnologia e da quantidade dos meios de comunicação que interligam o mundo
de forma nunca antes vista. Com isso as varias relações entre pessoas de
várias nacionalidades nas mais diversas localizações se intensificaram e
aproximaram, o que fez com que todo tipo de interesse e necessidade ganhasse
meios para serem efetivados a partir dos contados possibilitados pelos meios
de comunicação. As trocas comercias se intensificaram, assim como novas
relações surgiram, multiplicaram-se e complexificaram-se; vão desde trocas
culturais, negócios legais e ilegais, trocas de informações, trafico de drogas e

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armas, contrabando, terrorismo, gestões compartilhadas, cooperações
internacionais, etc.
Disso surgem novos fatores que se somam para colaborarem na
administração dos estados, mas muitos mais que dificultam e põem em xeque
o poder dos estados, são poderes paralelos, ações que fogem as fronteiras do
estados entre outras, tudo isso na medida em que estas ações se
internacionalizam.

Isso faz com que os estados ajam e decidam em conjunto, isto se dá


também em função da incapacidade de cada estado de forma autônoma dar
conta destas novas problemáticas que os circundam. Não se tratam na maioria
das vazes de ações de longo tempo programadas e com fins específicos
almejados, tratam-se antes sim de ações que se fazem obrigatórias em função
das necessidades que se multiplicam e são sempre novas. Esta relação pode
ser considerada de interdependência porque cada um dos estados depende da
colaboração dos demais para alcançar os resultados desejados e reivindicados.
Não são os estados que estão diminuindo em poder e soberania, ainda que
esta seja de certa forma cedida a outros estados e instituições internacionais;
mas são os problemas antes endógenos que agora estão assumindo dimensões
globais, que acabam por repercutir no rearranjo político internacional, afinal
as novas questões exigem respostas e por possuírem uma nova natureza, se
fazem necessários estes novos rearranjos entre os poderes dos estados.
Embora muitos se valem da “Teoria Sistêmica” para explicarem a relação de
interdependência das nações, cumpre aqui esclarecer alguns pontos sobre esta
teoria. Primeiramente a idéia de sistema traz a noção de um globo totalmente
interligado e homogeneamente arranjado, mas não o é assim na realidade, há
vários espaços excluídos deste processo como a África por exemplo, alem de
bolsões de pobreza por varias partes do globo. São como vácuos dentro do
sistema, espaços onde este tipo pregado de globalização e
complememtarização ainda não chegou. Outro ponto a ressaltar é que, na
teoria sistêmica logo se pretende um equilíbrio entre os elementos
constituintes do mesmo sistema, uma espécie de harmonia do tipo feedback.
Isso se dá através da idéia de relação de interdependência entre nações
soberanas sem levar em conta as implicações que dizem respeito à hegemonia
de certos estados, que acabam por influenciar quando até mesmo decidir as
agendas internacionais e as políticas adotadas coletivamente, exercendo
influencia nas políticas de blocos, nas agencias internacionais, nos acordos
comerciais entre outras relações. Podem serem citadas como exemplos certas
ações dos EUA.

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CONCLUSÃO

Por fim pode-se concluir que hoje o processo de interdependência das


nações é algo concreto mas que ao contrario do que teorizam alguns, trata-se
de uma interdependência carregada de desequilibro e portanto trata-se de um
processo desigual entre os estados participantes. A interdependência trata
sobretudo de relações entre Estados em uma morfologia de poderes em forma
de rede, carregada de descontinuidades.
Um processo que apresenta-se como homogêneo sobre o globo mas que na
realidade não abarca todos os espaços do globo, e onde chega não contempla a
todos. É notável a existência de um processo internacional, mundializador,
que aprofunda as relações de mutua dependência entre estados; mas que não é
capaz de eliminar as forcas hegemônicas envolvidas neste mesmo processo, o
que acaba por gerar desigualdades neste fenômeno global de interdependência.
Pode-se sim tratar este fenômeno como um processo de interdependência,
mas de modo algum pode-se supor com isso uma relação de equilíbrio,
igualdade e equidade nas relações inter-estatais.
Apesar destas conclusões não há meios possíveis de definir por completo
este fenômeno, pois ainda que trate-se de um fenômeno que vem se
desenvolvendo e aprofundando já de longa data; tratamos de um fenômeno
que ainda esta em processo de formação e desenvolvimento, o que torna se
não impossível neste momento pelo menos complexa e difícil a tarefa de
explicar completamente a interdependência das nações.

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FERNANDES, Luiz – As Armadilhas da Globalização - Globalização, neoliberalismo, privatizações.


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Globalização, neoliberalismo, privatizações. Quem decidirá este jogo? – Ed da Universidade, Porto Alegre,
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ALMEIDA, Paulo Roberto


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