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Assim, eliminar a vida de um ser humano é conduta que se amolda à norma penal
incriminadora disposta no art. 121 do Código Penal (homicídio), que prevê pena de
reclusão de seis a vinte anos para o autor deste delito.
a) Atualidade do perigo: consiste na exigência de que o perigo seja atual ou que esteja
na iminência de ocorrer. A caracterização de um simples perigo eventual não legitima a
aplicação da excludente da ilicitude;
b) Inevitabilidade do perigo: a situação deve estar de tal forma configurada que não
admita outra forma de o sujeito resguardar o bem jurídico sem violar direito alheio.
Também deflui deste requisito que o meio empregado pelo sujeito deve ser o menos
nocivo possível. O sacrifício de bem jurídico de terceiro inocente só é admitido pelo
ordenamento jurídico como recurso último para que o sujeito proteja direito seu ou de
teceiro;
Relativamente ao caso que aqui se estuda nota-se que (a) o perigo de morte era
iminente, tendo o próprio médico da equipe de salvamento admitido que eram
praticamente inexistentes as chances de sobreviverem os exploradores pelo período
mínimo estimado de dez dias para o sucesso das operações de salvamento; (b) a caverna
calcárea na qual encontravam-se enclausurados os exploradores não oferecia qualquer
forma de alimento que pudesse ser utilizada ao invés da própria carne humana dos
próprios exploradores. Matar um companheiro para da sua carne se alimentar foi o
único recurso possível para satisfazer a necessidade vital de alimentação; (c) ao perigo
de morte por inanição nenhum dos exploradores tinha dado causa já que a caverna
subterrânea em que se encontravam presos teve sua saída bloqueada por um
desmoronamento natural; (d) os bens jurídicos em conflito são a vida de cada um dos
exploradores não sendo razoável exigir que um deles sacrificasse a vida para resguardar
a dos outros.