TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC - 05935/07

ubticado no O. O. E, DENÚNCIA formulada por Vereador da Câmara

Princesa Isabel contra atos de responsabilidade
Municipal de
do Prefeito
Em, )JU '0 1:I o,Cj daquela Edilidade. Procedência. Multa.

RELATÓRIO:
Trata-se de denúncia trazida a esta Corte de Contas em 13/08/2007 pelo Sro Domingos Sávio
Maximiano Roberto, Vereador da Câmara Municipal de Princesa Isabel, contra atos de
responsabilidade do Prefeito da referida Edilidade, na pessoa do Sro Thiago Pereira de Sousa Soares,
referente ao exercício de 2007.
Em 13/08/2007, foram formalizados os presentes autos, e, por determinação da Presidência (f!. 20),
procedeu-se o envio de cópia do teor da denúncia a DILlC, em processo próprio, bem como, passou-
se a averiguação os fatos denunciados pela Divisão de Auditoria da Gestão Municipal IV (DIAGM IV).
A Auditoria em seu relatório (fls. 28/29), posicionou-se pela procedência da denúncia, nos termos
seguintes:
1. Não realização de processo Iicitatório para aluguel de carro, além de realização de despesa
em descumprimento ao contrato firmado;
2. Realização de despesa com fornecimento de refeições para o Delegado da Polícia Civil,
Escrivão e Agente sem convênio prévio.

Em homenagem aos sagrados princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório, o Relator

determinou a notificação do Sro Thiago Pereira de Sousa Soares (f!. 30), Prefeito do município de
Princesa Isabel, o qual apresentou defesa (fls. 34/38), sendo esta analisada pelo Órgão de Instrução,
porém, sem que houvesse qualquer alteração no entendimento inicialmente exarado.
Chamado a se manifestar, o Ministério Público Especial, da lavra do ilustre Procurador Marcílio
Toscano Franca Filho, de forma singela (f!. 103, verso), assim opinou:
1. Procedência integral da denúncia;
2. Aplicação de multa legal ao Sro Thiago Pereira de Sousa Soares, Prefeito do Município de
Princesa Isabel.
O Relator agendou o processo para a presente sessão, determinando as notificações dos
interessados.

VOTO DO RELATOR:
O interessado - que foi alçado à condição de gestor por decisão judicial, oriunda do Tribunal Regional
Eleitoral, em 05/03/2007 - quando da apresentação da defesa, alegou que a assinação do contrato,
firmado para locação de automóvel, não observou os preceptivos da Lei n° 8.666/93, em face da
situação caótica decorrente do boicote, promovido por membros da administração anterior, contrários
a sua assunção ao Poder, o qual ensejou a adoção de medidas pertinentes, de caráter de urgência,
para atendimento das necessidades da coletividade, entre elas, a locação de veículo sem o regular
processo licitatório.
O argumento trazido não sensibilizou a Auditoria, que, com propriedade, rechaçou-o com base na
ausência de estribo legal, para a dispensa de licitação, nos dizeres da Lei n08.666/93, mais
precisamente no inciso IV do art. 24, in verbis:
"Art. 24. É dispensável a licitação:
IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando
caracterizada urgência de atendimento de situação que possa ocasionar
prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços,
equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para os
bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e
para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo
máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados
da ocorrência da emergência ou calamidade, ved~a a prorrogação dos
respectivos contratos; u r>.
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Portanto, locação de veículo para atendimento das necessidades do Gabinete do Prefeito não se
configura em situação que possa causar prejuízos ou comprometer a segurança de pessoas ou
coisas que devam ser asseguradas pelo Executivo. Sendo assim, tal despesa não poderia ser
deixada à margem do devido processo licitatório.
Depreende-se do art. 62, 11da LRF, abaixo indicado, que o fornecimento de refeições a membros da
Polícia Civil, que são servidores estaduais, poderia ser concretizado, unicamente, se houvesse
instrumento legal prévio, nos termos do diploma declinado, autorizando a assunção da despesa.
Dessarte, diante da ausência de pactuação prévia, deve ser considerada irregular a despesa em tela.
Art. 62. Os Municípios s6 contribuirão para o custeio de despesas de
competência de outros entes da Federação se houver:
1/- convênio, acordo, ajuste ou congênere, conforme sua legislação.
Em função do explanado e entendendo serem dispensáveis demais comentários, alicerço meu voto
pelos fatos narrados, em harmonia com o posicionamento do Parquet, a saber:
I. conhecimento da presente denúncia, ante o universal direito de petição previsto no art. 5°,
inciso XXXIV da CF e, da mesma forma, assegurada pela RN TC nO02/06;
11. procedência integral;
11I. aplicação de multa pessoal, no valor de R$ 1.500,00, ao Sro Thiago Pereira de Sousa
Soares, Prefeito do Município de Princesa Isabel, com fulcro no art. 56, li, da LOTCE/PB,
por infração grave à norma legal, assinando-lhe o prazo de 60 (sessenta) dias para o
recolhimento voluntário;
IV. comunicação às partes interessadas.

DECISÃO DO TRIBUNAL PLENO:

Vistos, relatados e discutidos os autos do Processo TC nO05935/07, os Membros do TRIBUNAL DE
CONTAS DO ESTADO DA PARAIBA (TCE/Pb), ACORDAM, na sessão plenária realizada nesta data,
à unanimidade, com impedimento declarado do Presidente, Conselheiro AntOnio Nominando Diniz
Filho, pelo(a):

I. conhecimento da presente denúncia, ante o universal direito de petição previsto no art. 5°,
inciso XXXIV da CF e, da mesma forma, assegurada pela RN TC nO02/06;
11. procedência integral da denúncia apresentada;
11\. aplicação de multa pessoal, no valor de R$ 1.500,00 (um mil e quinhentos reais), ao Sro
Thiago Pereira de Sousa Soares, atual Prefeito do Municipio de Princesa Isabel, com fulcro
no art. 56, li, da LOTCE/PB, por infração grave à norma legal, assinando-lhe o prazo de 60
(sessenta) dias, a contar da publicação deste ACÓRDÃO no Diário Oficial do Estado, para o
recolhimento voluntário ao Fundo de Fiscalização Orçamentária e Financeira Municipal -
mediante a quitação de Documento de Arrecadação de Receitas Estaduais (DAE) com código
"4007" - Multas do Tribunal de Contas do Estado dos débitos e multas, sob pena de cobrança
executiva, desde logo recomendada, observado o disposto nos parágrafos 3° e 4° do art. 71
da Constituição do Estado;
IV. comunicação às partes interessadas.

Comunicação às partes interessadas

Publique-se, intime-se, registre-se e cumpra-se
TCE - PLENÁRIO MINISTRO JOÃO AGRIPINO

c~ .•

Conselheiro Ferna Rodrigues Catão

Presi ente em exercício
I~
!~ C.C
Fui presente,
I~ Terê~~--NÓb~ga"'J·~ <e-:
Procuradora Geral do Ministério Público junto ao tCE-Pb