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Essa decisão está alicerçada na firme convicção de que os diversos atos de violência
ocorridos na USP, sob ordem e tutela da Reitoria e do Governo do Estado, constituem
verdadeiros atentados contra todos os princípios que regem a universidade. O conjunto
das ações da Reitora Suely Vilela – na verdade um programa de truculência intelectual e
política - pretende, por meio de táticas brutais de silenciamento, condenar de antemão
toda ação organizada em defesa da melhoria do ensino público superior. Entendemos
que, diante desse quadro, a decisão tomada pela Assembléia Geral de pós-graduandos, e
que agora ratificamos, pode contribuir nas lutas de toda a comunidade acadêmica para
evitar que espaços como a FFLCH, destinados à livre circulação de idéias, sejam
transformados em palcos da ignorância.
Desde 2007 a Reitora Suely Vilela dá sinais de seu despreparo para o cargo, quando,
por exemplo, se recusou a participar de audiências públicas para debater o
posicionamento da USP em relação aos decretos promulgados pelo Governador José
Serra contra a autonomia universitária, fazendo, assim, com que os estudantes
ocupassem o prédio da reitoria como forma de protesto. No ano seguinte, a Reitora
tratou de desrespeitar uma das grandes conquistas daquela greve, o V Congresso da
USP, cujo objetivo era debater e formular uma proposta alternativa à reforma do
estatuto em curso no Conselho Universitário. Em primeiro lugar, a Reitora inviabilizou
a presença dos funcionários da USP no V Congresso, quando decidiu não suspender
todas as atividades da universidade, e, em segundo, como resposta às notícias de
protestos agendados para aquela semana, demonstrou sua vocação para o autoritarismo,
hoje tão clara: convocou um Conselho Universitário extraordinário em área com
segurança militar (IPEN), ocasião esta em que foi aprovado o parecer da Comissão de
Legislação e Recursos da USP – presidida pelo Prof. João Grandino Rodas –, que
autoriza, desde então, a entrada da Polícia Militar no campus, toda vez que,
supostamente, a “ordem universitária” for ameaçada. Ainda em 2008, a Reitoria
transferiu outra reunião do Conselho Universitário para o IPEN, mas, dessa vez, sem
justificativas e sem aviso prévio aos Representantes Discentes e ao Representante dos
funcionários. Aproveitando-se da ausência desses representantes, a Reitora inverteu a
ordem da pauta e aprovou o orçamento anual da Universidade, sem qualquer discussão
aprofundada com a comunidade acadêmica.
Entendemos que estes contínuos atos de desrespeito da Reitora Suely Vilela diante das
representações estudantis e de funcionários constituem apenas um reflexo da estrutura
de poder da própria USP, isto é, uma estrutura autoritária e, por isso, absolutamente
incoerente com o próprio regime democrático reconquistado em nosso país nos anos
1980 – graças à ação organizada da sociedade civil, entre outros espaços, a partir da
FFLCH. Essa história de conquistas democráticas torna as decisões da reitoria ainda
mais ofensivas, na medida em que se pretende justificá-las mediante um discurso que
distorce o próprio conceito de democracia, transformando-o em um princípio predatório
(ao invés de laudatório) da res publica.