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JOSÉ GERALDO BARBOSA 2, HERMÍNIA EMÍLIA PRIETO MARTINEZ2 e ATELENE NORMANN KAMPF3
INTRODUÇÃO
1 Aceito para publição em 8 de outubro de 1998.
Trabalho extraído da Tese de Doutorado do primeiro autor e parcial-
mente financiado pelo CNPq. Com a evolução dos conhecimentos sobre as
2 Eng. Agr., D.S., Prof. Adjunto, Dep. de Fitotecnia da UFV, Av. P.H. exigências das plantas quanto à nutrição, aeração,
Rolfs, s/n, CEP 36571-000 Viçosa, MG. E-mail: jgeraldo@mail.ufv.br
3 Eng. Agr., Ph.D., Prof. Titular, Dep. de Horticultura, UFRGS, irrigação e sanidade, torna-se constante a busca das
Av. Bento Gonçalves, 7712, CEP 91501-970 Porto Alegre, RS. melhores condições para o seu crescimento e
desenvolvimento. Nesse aspecto, o cultivo sem solo misturas de solo e material orgânico, colocadas em
vem se tornando importante, já que o controle das canteiros, onde se realizam adubações concentradas,
propriedades físicas e químicas do meio é mais fácil buscando-se o máximo de qualidade e rendimento.
que no solo in situ. Entre os vários tipos de Entretanto, é comum ocorrerem problemas como:
cultivo sem solo destaca-se a hidroponia. perdas de adubo e salinização da mistura usada para
No cultivo hidropônico, podem ser utilizadas vários ciclos de produção, criando condições
água e nutrientes ou adicionar-se substratos para dar prejudicais às plantas. De acordo com Wilson
suporte à planta e propiciar melhores condições de & Finlay (1995), é comum a produção de crisânte-
oxigenação das raízes e exaustão dos gases gerados mo no solo, e os trabalhos de pesquisa de cultivo
pelo sistema radicular. Nos sistemas hidropônicos hidropônico sempre foram encarados como de alto
fechados, a água circula, obtendo-se economia de custo e risco de doenças do sistema radicular. O
fertilizantes e de água, ao mesmo tempo em que se interesse renovou-se, em face dos problemas
evita a poluição, sem comprometer o desenvolvi- freqüentes de contaminação do subsolo por excesso
mento das plantas (Serra, 1994). Além dos substratos de nutrientes nos cultivos convencionais, e graças à
orgânicos, outros, como perlita, poliestireno, melhora potencial na qualidade das hastes floríferas
lã-de-rocha e argila expandida têm sido amplamen- das plantas cultivadas em meio hidropônico, princi-
te utilizados no crescimento das plantas, por apre- palmente no inverno.
sentarem boas propriedades físicas (Verdonck, Assim, este trabalho visou avaliar a produção de
1983). Substratos de baixa atividade química, com matéria seca e estado nutricional do crisântemo
baixa capacidade de retenção de água e nutrientes, cultivado no sistema convencional e no hidropônico,
apresentam boas características para serem utiliza- utilizando-se como substrato a argila expandida, sob
dos em hidroponia, pois promovem boa aeração e sistema circulante de nutrientes, em diferentes
baixo acúmulo de sais (Pittenger, 1986; Serra, 1994). condições sazonais.
A argila expandida é um substrato bastante
comum para o cultivo sem solo, e é muito utilizada MATERIAL E MÉTODOS
na Inglaterra e Alemanha visando à produção de
plantas para flor-de-corte e ornamentais, especifi- Conduziu-se um experimento no outono/inverno e
camente em sistemas fechados (Kämpf et al., 1992; outro na primavera/verão, no Setor de Floricultura da
Fischer & Meinken, 1995). Universidade Federal de Viçosa, MG, em condições de
O cultivo hidropônico pode incluir uma ou mais casa de vegetação, com controle fotoperiódico. Foi usada
a cultivar de crisântemo Yellow Polaris.
soluções suplementares, além da solução nutritiva
No experimento realizado no outono/inverno,
básica ou inicial, que é circulada contínua ou inter-
usou-se argila expandida com quatro classes
mitentemente. As concentrações dos nutrientes granulométricas (4-10, 10-13, 4-13 e 13-20 mm de
variam entre as diversas soluções nutritivas propos- diâmetro) em duas freqüências diárias de saturação por
tas por vários pesquisadores. Uma das soluções solução nutritiva (F1= saturação das 10h às 10h30 e 15h
básicas mais usadas para hortaliças é a solução às 15h30 e F2 = saturação das 8h às 8h30, 12h às 12h30 e
universal de Steiner (Steiner, 1984), assim denomi- 15h às 16h), num esquema bifatorial mais um tratamento
nada por se adequar a várias culturas hortícolas. adicional (4 x 2+1), delineados em blocos casualizados,
O ajuste da solução nutritiva compreende o com quatro repetições, num total de 36 parcelas. O
monitoramento do nível da água, da concentração tratamento adicional constituiu-se de uma mistura
dos nutrientes e do valor do pH. Durante o período convencional de solo, areia, esterco de gado e casca de
arroz carbonizada na proporção volumétrica 2:0,5:1,5:0,5.
de cultivo, os sais podem acumular-se quando o con-
A adubação foi feita com 1 g de 5-15-5 por litro de
sumo da água pelas plantas for superior ao consu- substrato.
mo de nutrientes, causando danos às raízes, quando A caracterização da argila expandida e substrato
esse nível se torna crítico (Noordegraaf, 1994). convencional quanto à liberação de água sob tensões de
Convencionalmente, no Brasil, o cultivo de 10, 50, e 100 cm de coluna de água foi realizada pelo
crisântemo orientado para flor-de-corte é feito em método do funil de Buchner (Kiehl, 1979), utilizando-se
amostras de 300 mL (Tabela 1). A água liberada entre 0 e colheita, que ocorreu em 1/10/94. Aos oito dias após o
10 cm de tensão correspondeu ao espaço de aeracão; a plantio, procedeu-se a desponta apical, e aos 20 dias a
liberada entre 10 e 50 cm de tensão correspondeu à água desbrota lateral, conduzindo-se duas hastes/planta. A
facilmente disponível, e a liberada entre 50 e 100 cm de eliminação do botão principal foi realizada 65 dias após o
tensão correspondeu à água de reserva. plantio.
Foram feitos dois canteiros em alvenaria, 8,5 x 1,0 m Para evitar problemas de salinização, o volume total
cada, impermeabilizados internamente com asfalto líqui- da solução foi completado com água a cada cinco dias no
do. Cada parcela compreendia 100 x 36 cm, onde foram primeiro mês, e posteriormente, a cada dois dias, e, aos
plantadas 18 mudas de crisântemo, com espaçamento de 60 dias, foi feita a renovação da solução. A leitura da
12 x 16,5 cm. Foram usados 65 litros de substrato argila condutividade elétrica foi feita a cada sete dias. Os
expandida, obtendo-se uma altura de 20 cm. A solução nutrientes absorvidos pelas plantas foram repostos, com
nutritiva utilizada foi a indicada por Barbosa (1996), com base na leitura da condutividade elétrica, aos 37, 80 e 100
14,39, 1,95, 12,9, 1,51, 1,00 e 0,5 mmol/L de N, P, K, Ca, dias do plantio.
Mg e S, respectivamente. As concentrações de No cultivo de primavera/verão, os tratamentos,
micronutrientes foram de 30, 5, 50, 40, 2, e 0,1 µmol/L delineamento experimental e a metodologia foram iguais
para B, Cu, Fe, Mn, Zn e Mo. aos do cultivo no período de outono/inverno, exceto quanto
Para circular a solução nutritiva, utilizou-se uma ao período de saturação da argila expandida, que passou
moto-bomba de 0,5 CV, que elevava a solução do de 30 para 60 minutos.
reservatório inferior para o superior, com capacidade para O plantio foi realizado em 25/11/94, sob dias longos
2.000 litros. Do reservatório superior para as parcelas e (suplementação com três horas de luz noturna). A
para o reservatório inferior, a circulação ocorreu por desponta apical e desbrota lateral ocorreram aos 10 e 25
gravidade, controlada por válvulas solenóides, de acordo dias após o plantio, respectivamente, e a eliminação do
com os tratamentos. botão principal ocorreu aos 75 dias do plantio. O período
O tratamento adicional recebeu adubação em cobertu- vegetativo foi de 55 dias, após os quais aplicaram-se
ra, aplicando-se 6 g de NH4NO3 por parcela aos 10 dias 41 dias curtos (onze horas de luz natural), deixando-se
após o plantio e 6 g de KNO3, posteriormente, a cada 10 posteriormente dias normais até a colheita, que ocorreu
dias, até o fim do ciclo. em 27/03/95.
O plantio foi realizado em 10/6/94 sob dias longos Procedeu-se a colheita quando 60% das hastes
(suplementação com quatro horas de luz noturna), que apresentavam inflorescências no ponto de comercialização
persistiram até aos 53 dias. Após esse período, foram (1/2 a 2/3 das flores das inflorescências abertas), avalian-
aplicados dias curtos (onze horas de luz natural) por 34 do-se a produção de material seco, concentração e
dias, deixando-se, posteriormente, dias normais até a conteúdo de macronutrientes da planta. Os resultados
TABELA 1. Volume de água liberado nas quatro classes granulométricas de argila expandida e pela mistura
solo-areia-esterco-casca de arroz carbonizada (2:0,5:1,5:0,5) a 10 1, 50 2 e 100 3 cm de
tensão de coluna de água.
Classes Volume de água liberado (%) Volume de água lib./parc. (mL) Volume total
granulomé- de água
10 cm 50 cm 100 cm 10 cm 50 cm 100 cm
tricas liberado por
de de de de de de
(mm) parcela (mL)
tensão tensão tensão tensão tensão tensão
4-10 24 74 2,0 1.060 3.270 88 4.420
4-13 26 74 0,0 1.025 2.919 0 3.945
10-13 31 69 0,0 826 1.838 0 2.665
13-20 40 60 0,0 743 1.115 0 1.859
Substrato
convencional 2,5 91 6,5 513 18.702 1.335 20.552
1 Espaço de aeração: água liberada entre 0 e 10 cm de tensão.
2 Água facilmente disponível: água liberada entre 10 e 50 cm de tensão.
3 Água de reserva: água liberada entre 50 e 100 cm de tensão.
obtidos foram submetidos à análise de variância e regres- expandida, foram significativamente superiores aos
são, sendo o erro experimental estimado pelo coeficiente do cultivo em sistema convencional, exceto na
de variação. Para comparar o tratamento testemunha com granulometria de 13-20 mm, quando saturada três
os demais, os experimentos foram analisados como vezes/dia. Os conteúdos N, P, K, Ca e Mg das
blocos casualizados (9 tratamentos), sendo utilizado o teste plantas cultivadas em argila expandida foram signi-
Dunnet. Para comparar classes granulométricas e ficativamente superiores aos das cultivadas no
frequëncia de saturação, o experimento foi analisado como sistema convencional, variando de 459,1 a 386,5 mg
blocos casualizados num arranjo fatorial 4 x 2, sendo de N; de 58,20 a 53,20 mg de P; de 835,6 a 701,20 mg
usado o teste de Duncan. de K; de 292,1 a 233,6 mg de Ca; e de 24,1 a
21,3 mg de S, por planta, da menor para a maior
RESULTADOS E DISCUSSÃO granulometria, respectivamente. No sistema conven-
Cultivo de crisântemo em argila expandida no
cional, os conteúdos foram de 306,5, 37,80, 539,0,
outono/inverno 190,30 e 18,2 mg/planta. O conteúdo de Mg das
plantas cultivadas em argila expandida foi semelhan-
No cultivo em argila expandida, as concentrações te ao do cultivo convencional (Tabela 3).
de N, P, K , Ca, Mg e S nas folhas superiores varia- Esses resultados mostram a vantagem do forne-
ram de 4,48 a 4,58; de 0,28 a 0,32; de 6,51 a 7,56; cimento de nutrientes via solução nutritiva, utilizan-
de 2,23 a 2,46; de 0,12 a 0,14 e de 0,20 a do como meio de crescimento a argila expandida,
0,21 dag/kg, respectivamente. No cultivo convenci- pois as concentrações dos nutrientes preconizadas
onal, esses valores foram de 3,56, 0,26, 7,18, 2,38, são mantidas durante o período de crescimento e
0,22 e 0,22 dag/kg, respectivamente (Tabela 2). Os desenvolvimento da planta. Além disso, a pronta
macronutrientes N, P, Mg e S ficaram no limite
disponibilidade desses nutrientes, o controle rígido
inferior, e K e Ca, no limite superior das concentra-
ções indicadas como adequadas para folhas de do pH e as condições favoráveis de aeração e
crisântemo em cultivo convencional, segundo Reuter umidade aumentam sobremaneira a eficiência da
& Robinson (1988). Por isso, não foram observados absorção.
sintomas de toxidez ou deficiência provocados por O cultivo em argila expandida de classe
esses nutrientes. granulométrica de 4-10 mm de diâmetro possibili-
Os valores de produção de material seco da tou maior produção de material seco da planta e da
planta e da haste obtidos no cultivo em argila haste, sendo semelhantes aos obtidos no cultivo nas
classes granulométricas de 4-13 e 10-13 mm de influência das classes granulométricas nos conteú-
diâmetro e significativamente superiores aos obti- dos de P e K. Os macronutrientes Ca, Mg e S apre-
dos na classe de 13-20 mm de diâmetro. Estes valo- sentaram maiores conteúdos nas classes de 4-10 e
res foram de 17,96, 17,30, 16,73 e 15,47 g nas plan- 4-13 mm de diâmetro, valores esses significativa-
tas e de 8,64, 8,32, 8,04 e 7,44 g nas hastes mente superiores aos obtidos na maior classe
(Tabela 4). (Tabela 4).
O conteúdo de N no material seco das plantas Obteve-se maior produção de material seco de
cultivadas em argila expandida na classe planta e de haste quando a freqüência de saturação
granulométrica 4-10 mm de diâmetro foi significa- da argila expandida com solução nutritiva foi de duas
tivamente superior ao da maior granulometria, não vezes ao dia. Os valores de produção de material
diferindo das intermediárias. Não se observou seco das plantas foram de 17,58 e 16,15 g e da haste
de 8,44 e 7,78 g, sob duas e três freqüências de satu- determinação, que variaram de 0,84 a 0,95 para N,
ração da argila expandida com solução nutritiva, K e Ca, e de 0,75 a 0,92 para P, Mg e S (Tabela 5).
respectivamente. O mesmo ocorreu com os conteú- Esses resultados evidenciam eficiência no culti-
dos de N, K e Ca, que foram de 436,47, 816,82 e vo do crisântemo em argila expandida na classe
278,55 mg/planta, em duas freqüências de satura- granulométrica de 4-10 mm de diâmetro, sob suas
ção, e de 405,40, 752,67 e 253,07 mg por planta, duas freqüências de saturação com solução nutriti-
em três freqüências de saturação. O peso de materi- va, o que mostra que essa associação possibilitou as
al seco da inflorescência e os conteúdos de Mg e S melhores condições de cultivo no que diz respeito à
na planta, embora com a mesma tendência, não disponibilidade de nutrientes para o sistema
apresentaram variações significativas (Tabela 4). radicular.
Não se observou interação significativa entre
classes granulométricas e freqüência de saturação. Cultivo de crisântemo em argila expandida na prima-
Quando foram relacionados o espaço de aeração, vera/verão
que corresponde ao volume de água liberado a
10 cm de tensão, e os pesos de material seco das As concentrações de N, K, Ca e S nas folhas
plantas e das hastes, observou-se que o seu aumento superiores comportaram-se de forma semelhante em
reduziu a produção de material seco. Isso foi confir- todos os tratamentos, e a concentração de P no
mado pelos altos coeficientes de determinação obti- sistema convencional foi inferior ao cultivo em
dos em ambas as freqüências de saturação, que fica- argila expandida, nas classes granulométricas de
ram entre 0,89 e 0,94 (Tabela 5). Constatou-se, ain- 4-10 e 4-13 mm, sob duas freqüências de saturação,
da, que os conteúdos de macronutrientes nas plan- e a de Mg foi superior a todos os cultivos em argila
tas de crisântemo foram inversamente proporcionais expandida (Tabela 6).
ao espaço de aeração, havendo uma redução dos No cultivo em sistema convencional, a produção
conteúdos com o seu aumento, sendo mais consis- de material seco da planta, haste, raízes, caule e
tentes quando a freqüência de saturação foi de duas inflorescência, não diferiu dos valores obtidos no
vezes ao dia, representados por altos coeficientes de cultivo em argila expandida. Esses valores variaram
TABELA 5. Produção de material seco das hastes e das plantas e conteúdos de macronutrientes de plantas de
crisântemo cultivadas em argila expandida (4 classes granulométricas), sob duas freqüências de
saturação com solução nutritiva, em função do espaço de aeração1, no outono/inverno.
2
Variáveis Freqüência de saturação Equações de regressão r
Produção de material seco da planta 2 vezes/dia Y = 22,67 - 0,17PSPL 0,94**
Produção de material seco da haste 2 vezes/dia Y = 10,82 - 0,08PSH 0,94**
Conteúdo de N 2 vezes/dia Y = 531,52 - 3,23 N 0,88**
Conteúdo de K 2 vezes/dia Y = 920,57 - 3,38 K 0,95**
Conteúdo de Ca 2 vezes/dia Y =363,55 - 2,77 Ca 0,90**
Conteúdo de P 2 vezes/dia Y = 65,56 - 0,35 P 0,84**
Conteúdo de Mg 2 vezes/dia Y =32,42 - 0,24 Mg 0,86**
Conteúdo de S 2 vezes/dia Y = 29,14 - 0,19 S 0,92**
Produção de material seco da planta 3 vezes/dia Y = 20,20 - 0,135PSPL 0,89**
Produção de material seco da haste 3 vezes/dia Y = 9,75 - 0,065PSH 0,90**
Conteúdo de N 3 vezes/dia Y = 485,68 - 2,58 N 0,85**
Conteúdo de K 3 vezes/dia Y = 941,58 - 6,17 K 0,93**
Conteúdo de Ca 3 vezes/dia Y = 331,67 - 2,57 Ca 0,82**
Conteúdo de P 3 vezes/dia Y = 64,13 - 0,28 P 0,81**
Conteúdo de Mg 3 vezes/dia Y = 32 79 - 0,16 Mg 0,78**
Conteúdo de S 3 vezes/dia Y = 27,66 - 0,16 S 0,75**
1 Água liberada entre 0 e 10 cm de tensão.
de 13,28 a 14,86 g nas plantas, e de 6,52 a 7,28 g expandida para N, Mg e S. Os conteúdos de N das
nas hastes nos cultivos em argila expandida, e fo- plantas cultivadas em sistema convencional foram
ram de 15,44 e 7,62 g por haste, no cultivo em siste- superiores aos apresentados pelas plantas cultiva-
ma convencional. A produção de material seco das das em argila expandida, na granulometria de
folhas foi significativamente superior no sistema 4-10 mm, sob duas frequências diárias de saturação
convencional (Tabela 7). de 4-13, 10-13 e 13-20 mm sob três freqüências de
Os conteúdos de macronutrientes das plantas saturação, à semelhança do S. O conteúdo de Mg
cultivadas no sistema convencional foram signifi- das plantas cultivadas em sistema convencional foi
cativamente superiores aos das cultivadas em argila sempre superior. Em relação a N, P, K e Ca, os
valores variaram de 350,76 a 398,98, de 43,04 a melhor crescimento ocorreu na concentração de 200
48,84, de 606,54 a 689,88 e de 120,42 a 135,79 mg mg/L. Outro efeito indesejável da temperatura seria
por planta, para o cultivo em argila expandida. No a elevada evaporação, ocorrendo redução da umi-
cultivo em sistema convencional, esses valores dade disponível para as raízes, levando ao estresse
foram de 439,5, 49,10, 714,77 e 138,67 mg por da planta. Segundo Chaves, citado por Silva et al.
planta, respectivamente (Tabela 7). (1995), a falta de água por curtos períodos, pode
Como o fornecimento de nutrientes via solução causar inibição no crescimento, sem qualquer
nutritiva pode aumentar a absorção, por possibilitar sintoma apreciável, podendo seu efeito cumulativo
a disponibilidade de uma concentração favorável e ser significante. Rein et al. (1991) relataram que
constante de nutrientes durante todo o ciclo de o desenvolvimento e a sobrevivência das raízes
cultivo e um controle do pH, os resultados obtidos adventícias é maior, em teores mais elevados de
indicam que outros fatores, tais como época de umidade do substrato. Em crisântemo, essa
cultivo e temperatura, podem ter limitado uma
deficiência no suprimento de água leva à redução
melhor eficiência das plantas cultivadas em argila
no crescimento, manifestada pela redução na pro-
expandida. Isso pôde ser comprovado neste experi-
dução de material fresco e seco, da altura da haste e
mento, onde se observou que as temperaturas máxi-
do número de flores (Karlovich & Fonteno, 1986).
mas diurnas variaram de 28oC a 45°C, principalmen-
te no período intermediário de crescimento da cul- A produção de material seco total e de partes da
tura. Essas temperaturas estão muito além do exigi- planta, bem como seu conteúdo de macronutrientes,
do pela maioria das espécies, principalmente crisân- não foram influenciados pela granulometria e pela
temo, cuja temperatura favorável fica entre 18oC e freqüência de saturação da argila expandida com
22οC (Lopes, 1985), sendo limitantes, temperaturas solução nutritiva. Os pesos de material seco das
superiores a 30oC por períodos prolongados (Larson, plantas e das hastes e os conteúdos de N, P, K e Ca
1992). Estudando o efeito da temperatura no cresci- foram de 13,82 e 13,48 g, de 6,79 e 6,63 g, de 373,14
mento e absorção de N pelas plantas de crisântemo e 363,66 mg, de 45,28 e 44,83 mg, de 647,35 e
em cultivo hidropônico, Kageyama et al. (1994) 613,39 mg e de 128,17 e 122,61 mg, para a satura-
observaram que a 20oC houve melhor crescimento, ção de duas e três vezes ao dia, respectivamente. Os
independentemente da concentração de N. Plantas valores de produção de material seco da planta e
cultivadas a 15 oC e 20oC absorveram igual quanti- conteúdos de macronutrientes nas plantas apresen-
dade de N na concentração de 100 mg/L, sendo taram-se bastante homogêneos, não permitindo
maior que a absorvida em 200 mg/L. A 30oC, o observar qualquer tendência (Tabela 8).