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Spirit: Por que você acha "obsceno" que tais vozes foram
omitidas das histórias que você pesquisou?
Whitaker: Porque é como fazê-los não serem pessoas. Eles não
contam. Sua experiência não conta. Nós sabemos quando você
fizer algo semelhante para alguém, isto é um ato obsceno, se isso
foi feito para judeus ou escravos ou qualquer pessoa oprimida.
Nós viemos a entender que negar experiência de alguém, negar
isto, é uma coisa obscena a ser feita. E ainda assim, para grupos
como esse, como sociedade, nós ainda não permitimos que eles
falem por si mesmos.
Pense sobre quem fala atualmente sobre doença mental neste
país. Raramente alguém denominado de mentalmente doente fala
por isso. Quando eles fazem um artigo no jornal que será uma
citação da NAMI [Aliança Nacional para Doentes Mentais] com
o ponto de vista da família, ou então lá estarão as companhias
farmacêuticas ou os médicos. Mas com que freqüência você
realmente consegue o ponto de vista do paciente? É com muito
pouca freqüência.
Isso foi uma das coisas que eu resolvi fazer, examinar a história
oficial através da história, porém contando o que os pacientes por
si mesmos estão dizendo sobre tais terapias. E que seja permitido
examinar, numa perspectiva histórica, qual grupo parece ser mais
preciso, mais verdadeiro - em outras palavras, qual a história se
sustentará com o passar do tempo. Por exemplo, se você lembrar-
se dos pacientes submetidos ao eletro-choque nos anos 1940 que
tiveram que ser arrastados para fora da mesa. Bem, naquele
momento, claro, a história foi de que era isto seria bom para eles,
certo? Mas o que nós sabemos hoje? Nós sabemos que isso foi
tão abusivo quanto o inferno. Foi horrível.
Spirit: Você entende que deve ser por isso que os estudos da
OMS mostraram que os pacientes nos Estados Unidos são mais
propensos à uma esquizofrenia de longo curso em relação aos
pacientes de países pobres onde não estão sendo prescritos
neurolépticos pelo resto da vida dessas pessoas?
Whitaker: Penso que seguramente essa é resposta correta. O que
acontece, no curso natural daqueles diagnosticados com
esquizofrenia, numa boa porcentagem, se não tratados com as
drogas, é que eles melhoram ou se recuperam. Durante o estudo
da OMS, só 16 por cento de pacientes em países
subdesenvolvidos são mantidos sob uso de drogas, ainda assim
eles tiveram aproximadamente 65 por cento na categoria dos
melhores resultados. Até em nossos próprios estudos, se você
reportasse aos tempos quando eram tentadas alternativas sem o
uso de medicamentos, você veria mais de 50 por cento de bons
resultados em follow-ups de dois anos a de três anos.
Se você examinar para o espectro natural das pessoas
diagnosticadas com esquizofrenia ou desordem esquizo-afetiva, e
se você não os tratasse com drogas, algo ao redor de pelo menos
50 por cento, após um período de seis meses a um ano, se
recuperaria e continuaria com suas vidas. Mas o que acontece
uma vez que você os põe sob estas drogas, e os mantém sob
essas drogas, você os empurra para uma cronicidade vitalícia!
Eu acredito que existe acachapante evidência que mostra que é
isto que realmente acontece. É por isso que a Organização de
Saúde Mundial encontrou esta diferença nos resultados -
crônicos nos Estados Unidos contra muitas pessoas que se
recuperam nos países mais pobres.
AGUARDE:
"Drogas Psiquiátricas: Um Assalto à Condição Humana."
Nas próximas semanas nesse site!
Entrevista do The Street Spirit com Robert Whitaker
Entrevistado por Terry Messman
Tha street spirit entre vistou Robert Whitaker sobre esta nova
“epidemia” de desordens mentais, e como as companhias
farmacêuticas lucraram ao venderem drogas que nos tornam mais
enfermos.
A entrevista:
Street Spirit: Sua nova linha de pesquisa indica que
existe um enorme aumento na incidência de doença
mental nos Estados Unidos, apesar dos aparentes
avanços na nova geração das drogas psiquiátricas. Por
que você se refere a este aumento como uma epidemia?
Robert Whitaker: Até mesmo pessoas como o psiquiatra
E. Fulier Torrey, que escreveu isso recentemente em um
livro, podem dizer que parece que nós estamos tendo uma
epidemia de doença mental. Quando o Instituto Nacional
de Saúde Mental publica seus gráficos sobre a incidência
de doença mental, você vê estes crescentes números de
pessoas mentalmente enfermas. Alguns relatórios
recentes dizem que quase 20 por cento dos americanos
estão mentalmente doentes na atualidade.
Então o que eu quis fazer foi em dobro. Eu quis examinar
exatamente o quão dramático é este aumento na doença
mental, e principalmente na doença mental severa. Parte
desta subida no número das pessoas ditas serem
mentalmente doentes é apenas por redefinição.
Atualmente nós concebemos um espectro muito grande
onde lançamos todos os tipos de pessoas naquelas
categorias de doença mental. Então, crianças que não
ficam sentadas um tempo suficiente nas suas salas de
aula parecem ter o Distúrbio de Déficit de Atenção e
Hiperatividade (DDAH), além de nós criarmos uma nova
enfermidade chamada de Distúrbio de Ansiedade Social.
Street Spirit: Então o que costumava ser chamada
simplesmente de timidez ou ansiedade no relativo às
pessoas, está agora sendo etiquetado como uma
desordem mental, e você supostamente necessitará de
um antidepressivo como a paroxetina para um tal de
distúrbio de ansiedade social.
RW: Exatamente. Ou você precisa de um estimulante
como Ritalina® para DDHA.
Street Spirit: Isso aumenta os clientes em psiquiatria,
como também não aumenta o número de pessoas para as
quais essas gigantescas companhias farmacêuticas
podem vender suas drogas psiquiátricas?
RW: Evidente. Então parte do que nós estamos vendo
é nada mais do que a criação de um mercado maior para
tais medicamentos. Se você pensar sobre isto, uma vez
que nós desenhamos um círculo tão grande quanto
possível, ao expandir os limites da doença mental, a
psiquiatria pode ter mais clientes e vender mais drogas.
Então existe um incentivo econômico intrínseco para que
se defina doença
mental nas mais amplas perspectivas possíveis, e dessa
formar transformar situações ordinárias, emoções
estressantes ou comportamentos que algumas pessoas
podem não gostar, tudo isso poderia ser rotulado como
doença mental.
Street Spirit: Sua pesquisa também mostra que existe
um aumento real nas pessoas que têm uma desordem
mental severa. Agora, embora isso possa parecer
contraditório, mas na verdade você acredita que muito
deste aumento seria causado pelo excesso de uso de
algumas dessas novas gerações de drogas psiquiátricas?
RW: Sim, exatamente. Eu examinei ao número daqueles
classificados como doentes mentais severamente inválidos
pessoas que não estão trabalhando, ou que são de
alguma maneira disfuncional por causa da doença mental.
Então eu tentei classificar ao longo da história a
porcentagem da população que é considerada como um
doente mental incapacitado.
Então, em 1903, nós vemos que aproximadamente 1 de
cada 500 pessoas nos Estados Unidos era hospitalizada
por doença mental. Em 1955, no começo da era moderna
das drogas psiquiátricas, aproximadamente uma de cada
300 pessoas era inválida por doença mental. Mais tarde,
vamos para 1987, o final da primeira geração de drogas
antipsicóticas; e de 1987 adiante nós alcançamos as
drogas psiquiátricas modernas. De 1955 até 1987, durante
esta primeira era de drogas psiquiátricas as drogas anti
psicóticas Amplictil® e Haldol® e os antidepressivos
tricíclicos (como Tryptanol® e Anafranil®) nós
verificamos que o número de doentes mentais
incapacitados aumentar em quatro vezes, chegando ao
ponto onde aproximadamente uma de cada 75 pessoas
serem julgadas como inválidas por doença mental.
Pois bem, ocorreu uma mudança na forma como nós
cuidamos do doente mental entre 1955 e 1987. Em 1955,
nós os estávamos hospitalizando. Porém, em 1987, nós
passamos por uma mudança social, e a partir daí nós
estávamos colocando essas pessoas em abrigos, casas
de apoio, ou outro tipo de cuidado comunitário, além de
dar a eles pagamentos da seguridade social (SSl/SSDI
payments) por inaptidão mental. Em 1987, nós começamos
a utilizar os supostamente melhores, medicamentos
psiquiátricos de segunda geração como o Prozac® e os
demais antidepressivos ISRS — inibidores seletivos de
recaptação de serotonina. Logo em seguida, nós
recebemos essas novas drogas, os antipsicóticos atípicos
como Zyprexa® (olanzapine), Leponex® e Risperidal®.
O que tem acontecido desde 1987? Bem, a taxa de
inaptidão continuou a aumentar até chegar aos atuais: um
para cada 50 americanos. Reflita sobre isto: um de cada
50 americanos é inválido por doença mental na atualidade.
E isso ainda está num crescente. O número das pessoas
mentalmente inválidas nos Estados Unidos tem
aumentado na taxa de 150.000 pessoas por ano desde
1987. Isto é um aumento diário, ao longo dos últimos 17
anos, de 410 pessoas por dia ficando incapacitada por
doença mental.
Street Spirit: Isso nos leva a pergunta óbvia. Se
psiquiatria introduziu estas drogas tidas como
maravilhosas como Prozac® e Zoloft® e Zyprexa®, porque
a incidência da doença mental está subindo
dramaticamente?
RW: Essa é a questão. Isto é uma pergunta científica.
Nós temos uma forma de atendimento onde nós estamos
usando estas drogas de um modo cada vez mais inclusivo,
como supostamente nós temos medicamentos melhores e
eles são a base dos nossos tratamentos,
conseqüentemente nós deveríamos ver taxas de inaptidão
decrescente. Esse seria o cenário esperado.
Mas ao contrário, de 1987 até o presente, nós vimos um
aumento no número das pessoas mentalmente inválidas
que passou de 3.3 milhões de indivíduos até os atuais 5.7
milhões nos Estados Unidos. Nesse período, nossos
gastos com drogas psiquiátricas aumentaram a um nível
surpreendente. Os gastos combinados com medicamentos
antidepressivos e antipsicóticos saltaram de algo ao redor
de US$500 milhões em 1986 para quase US$20 bilhões
em 2004. Por isso nós levantamos a questão: seria o uso
dessas drogas que realmente, de algum modo, alavancou
este aumento no número de doentes mentais?
Quando você examina a literatura de pesquisa, você
encontra um padrão claro nos resultados com todos esses
remédios você vê isto com os antipsicóticos, os
antidepressivos, as drogas antiansiedade e os
estimulantes como Ritalina® usada para tratar ADHD.
Todas estas drogas podem restringir um sintoma alvo de
forma ligeiramente mais eficaz do que um placebo o faz,
por um período pequeno de tempo, digamos seis
semanas. Um antidepressivo pode melhorar os sintomas
de depressão melhor do que um placebo por um curto
prazo.
Você verifica com qualquer classe dessas drogas
psiquiátricas uma agravação do sintoma alvo de uma
depressão ou psicose ou ansiedade a longo prazo, em
comparação aos pacientes tratados com placebo. Então,
mesmo nos sintomas alvo, existem maior cronicidade e
severidade nos sintomas. E você vê uma porcentagem
bastante significativa de pacientes onde sintomas
psiquiátricos novos e mais severos são ativados pela
própria droga.
Street Spirit: Novos sintomas psiquiátricos são criados
pelas inúmeras drogas que as pessoas utilizam pois foram
informadas que lhes ajudaria a recuperação?
RW: Exato. O caso mais óbvio é com os antidepressivos.
Uma porcentagem das pessoas colocadas sob uso de
ISRSs, porque eles têm algum grau de depressão sofrerá
ou um ataque maníaco ou psicótico —
induzido por drogas. Isto está bem reconhecido. Então
agora, em vez de só lidar com depressão, eles estão
lidando com mania ou sintomas psicóticos. E uma vez que
eles apresentem um episódio maníaco induzido por
drogas, o que acontece? Eles vão para um quarto de
emergência, e naquele momento eles estarão sendo
novamente diagnosticados. A partir de então serão
informados de serem bipolares e lhes será adicionado um
antipsicótico ao uso do antidepressivo; E, naquele
momento, eles estão movendo ladeira abaixo para uma
incapacidade crônica.
Street Spirit: A moderna psiquiatria reivindica que esses
medicamentos psicoativos corrigem uma química cerebral
pato/á gica. Existe alguma evidência que suporte essa
apologia de que uma química cerebral anormal é a
culpada pela esquizofrenia e depressão?
RW: Isso é o aspecto chave que todo mundo precisa
entender. Realmente é a resposta que destranca este
mistério do porque as drogas teriam aquele efeito
problemático a longo prazo. Começamos pela
esquizofrenia. Eles imaginaram que tais drogas trabalham
corrigindo um desequilíbrio de um neurotransmissor: a
dopamina no cérebro.
A teoria seria que as pessoas com esquizofrenia teriam
sistemas dopaminérgicos hiperativos; e esses
medicamentos, ao bloquear a dopamina no cérebro,
consertariam tal desequilíbrio químico. Dessa forma, você
obtém a metáfora de que eles são como insulina é para a
diabetes; eles estão consertando uma anormalidade. Com
os antidepressivos, a teoria seria de que as pessoas com
depressão teriam níveis muito baixos de serotonina; As
drogas elevam os níveis de serotonina no cérebro e dessa
forma eles estão equilibrando essa química no cérebro.
Em primeiro lugar, essas teorias nunca surgiram de
investigações sobre o que realmente estava acontecendo
com as pessoas. Pelo contrário, como eles descobriram
que os antipsicóticos bloqueavam a dopamina eles
teorizaram que tais indivíduos teriam um sistema
dopaminérgico hiperativo. O mesmo aconteceu com os
antidepressivos. Eles verificaram que os antidepressivos
elevavam os níveis de serotonina; então, eles teorizaram
que as pessoas com depressão deveriam ter níveis baixos
de serotonina.
Mas esse é o aspecto que eu desejaria que toda a
América precisa saber e desejaria que a psiquiatria
devesse esclarecer: Eles nunca puderam verificar que as
pessoas com esquizofrenia teriam sistemas hiperativos de
dopamina. Eles nunca puderam constatar que as pessoas
com depressão teriam um sistema de serotonina hipoativo.
Eles nunca provaram de forma consistente que quaisquer
dessas enfermidades são associadas com qualquer
desequilíbrio de substâncias químicas no cérebro. A
história de que as pessoas com desordens mentais têm
reconhecidos desequilíbrios químicos isto é uma mentira.
Nós definitivamente não sabemos. E algo dito apenas para
ajudar vender tais drogas e ajudar a vender o modelo
biológico das desordens mentais.
Mas o ponto é esse. Nós sabemos, de fato, que estas
drogas perturbam a forma como estes mensageiros
químicos trabalham no cérebro. O paradigma real é: As
pessoas diagnosticadas com desordens mentais não têm
nenhum problema conhecido em seus sistemas de
neurotransmissores; e estas drogas perturbam a função
normal dos neurotransmissores.
Street Spirit: Então em lugar de corrigir um desequilíbrio
químico, esses medicamentos infinitamente prescritos
corrompem a química cerebral e a tornam enferma.
RW: Com certeza. Stephen Hyman, um famoso neuro
cientista e antigo diretor do Instituto Nacional de Saúde
Mental (INSM), escreveu um artigo em 1996 que avaliava
como as drogas psiquiátricas afetam o cérebro. Ele
escreveu que todas estas drogas criam perturbações em
funções dos neurotransmissores. E ele observa que o
cérebro, em resposta para esta droga externa, altera suas
funções normais e interpõe uma série de adaptações
compensatórias.
Em outras palavras, tenta se adaptar para o fato que uma
droga antipsicótica está bloqueando as funções normais
da dopamina. Ou no caso dos antidepressivos, tenta
compensar o fato de que você está bloqueando a re
captação da serotonina. A maneira como ele faz isso é se
adaptar no sentido oposto. Então, se você for bloquear a
dopamina no cérebro, o cérebro tenta liberar mais
dopamina e realmente aumenta o número de receptores
de dopamina. Dessa forma uma pessoa colocada sob
drogas antipsicóticas acabam tendo um número
anormalmente alto de receptores de dopamina no cérebro.
Se você der a alguém um antidepressivo, e isso tenta
manter os níveis de serotonina muito elevados no cérebro,
ele faz exatamente o oposto. Ele cessa a produção da
serotonina habitual e reduz o número de receptores de
serotonina no cérebro. Então alguém que está sob uso de
antidepressivo, depois de um tempo acaba com um nível
anormalmente baixo de receptores de serotonina no
cérebro. Assim o que Hyman concluiu sobre isso: Depois
que estas mudanças aconteceram, o cérebro do paciente
fica funcionando de um modo que é “qualitativamente
tanto quanto quantitativamente diferente do estado
normal.’ Então o que Stephen Hyman, antigo diretor do
INSM, fez foi definir o presente paradigma de como estas
drogas afetam o cérebro mostrando que elas estão
induzindo a um estado patológico.
Street Spirit: Então o paradoxo é que não existe
nenhuma evidência que suporte ao conclame da
psiquiatria moderna de que existe algum desequilíbrio
bioquímico patológico no cérebro que causa doença
mental,
mas se você tratar pessoas com estas novas drogas
espetaculares, então você cria esses desequilíbrios
patológicos?
RW: Sim, estas drogas corrompem a química normal do
cérebro. Temos então aqui o real paradoxo! E a tragédia
real é, que até que nós negociamos essas drogas como
equilibradores químicos, fixadores químicos, quando na
verdade nós estamos fazendo justamente o oposto. Nós
estamos tomando um cérebro que não tem qualquer
desequilíbrio químico sabidamente anormal, e ao colocar
essas pessoas sob drogas, nós estamos instabilizando
aquela química normal. Aqui é como Barry Jacobs, um
neurocientista de Princeton, descreve o que acontece
com uma pessoa que recebe um antidepressivo da família
dos ISRSs. “Estas drogas,” ele disse, “alteram o nível da
transmissão sináptica para fora de taxas fisiológicas
alcançadas sob condições biológicas ambientais normais.
Deste modo, qualquer mudança no comportamento ou
fisiologia produzida sob essas condições deveria ser
apropriadamente considerada patológica ao invés de
refletir o papel biológico normal da serotonina.”
Street Spirit: Um dos antidepressivos ISRS que é
amplamente creditado em ser uma droga maravilhosa é o
Prozac®. Porém sua pesquisa verificou que o FDA
(Administração de Alimentos e Medicamentos Federal dos
EEUU) tem recebido mais relatos de efeitos colaterais
sobre o Prozac® do que qualquer outro medicamento.
Qual tipo de efeitos maléficos as pessoas estão
relatando?
RW: Em primeiro lugar, o Prozac® e os demais
sucessores da mesma família ISRSs, tem seu nível de
eficácia sempre num caráter marginal. Em todos os testes
clínicos dos antidepressivos, aproximadamente 41 por
cento dos pacientes melhoram num curto prazo contra 31
por cento dos pacientes com placebo. Agora veja a
advertência disso! Se você usar um placebo ativo nestes
testes um placebo ativo causa uma mudança fisiológica
sem benefício, como uma boca seca qualquer diferença
no resultado entre o antidepressivo e placebo virtualmente
desaparece.
Street Spirit: Os testes medicamentosos mais iniciais
com o Prozac® foram tão pouco promissores que eles
tiveram que manipular os resultados dos testes para
conseguir a aprovação do FDA?
RW: O que aconteceu com Prozac® é uma história
fascinante. Desde o início, eles notaram uma eficácia
discretamente acima de um placebo; e eles observaram
que eles tiveram alguns problemas com suicídio. Existiriam
aumentadas respostas suicidas comparadas ao placebo.
Em outras palavras, as drogas estavam agitando as
pessoas e tornando pessoas suicidas que não tinham
potencial suicida prévio. Eles estavam obtendo respostas
maníacas em pessoas que não tinham sido maníacas
anteriormente. Eles estavam obtendo episódios psicóticos
nas pessoas que não tinham quadros psicóticos prévios.
Então você estava vendo estes efeitos colaterais muito
problemáticos até ao mesmo tempo em que você estava
observando alguma eficácia muito modesta, se alguma,
maior do que um placebo para melhorar a depressão.
Basicamente, o que a Eh Lilly (Fabricante do Prozac®)
teve que fazer foi encobrir a psicose, encobrir a mania; e,
dessa maneira, podia conseguir obter a aprovação para
essas drogas. Um revisor do FDA até advertiu que o
Prozac® parecia ser uma droga perigosa, mas seria
aprovada de qualquer maneira.
Nós aparentemente estamos sabendo de tudo isso
somente agora: “Oh, o Prozac® pode causar impulsos
suicidas e todos esses ISRSs podem aumentar o risco de
suicídio.” O ponto é: isso não era nada novo. Aqueles
dados já estavam documentados desde os primeiros
ensaios. Você teve pessoas na Alemanha dizendo, “eu
penso que esa é uma droga perigosa.”
Street Spirit: Mesmo voltando ao final dos anos 1980,
eles já eram conhecidos?
RW: Antes do final dos anos 1980 no início dos anos 80,
antes do Prozac® ser aprovado. Basicamente o que a Eh
Lilly teve que fazer foi encobrir os riscos de mania e
psicose, ocultar que algumas pessoas estavam ficando
suicidas porque eles estavam ficando com esta agitação
nervosa do Prozac®. Essa foi a única maneira para obter
aprovação.
Existiriam várias maneiras que eles utilizaram para esse
encobrimento. Uma seria simplesmente remover os relatos
de psicose da base de dados. Eles também voltaram e
recodificaram alguns dos resultados dos ensaios. Vamos
dizer que alguém teve um episódio maníaco ou um
episódio psicótico; em vez de assinalar isto, eles só
apontariam para um retorno da depressão, ou coisa
parecida. Então existia uma necessidade básica em
esconder estes riscos desde o início, e isso foi feito.
Então o Prozac® é aprovado em 1987, e é lançado em
uma campanha de marketing surpreendente. A pílula
propriamente foi apresentada na capa de várias revistas! É
como a Pílula do Ano [risos]. E ele parece ser muito mais
seguro: um remédio dos sonhos. Nós temos médicos
dizendo, “Oh, o problema real com esta droga é que nós
podemos agora criar qualquer personalidade que nós
desejamos. Nós ficamos tão qualificados com essas
drogas que se você quiser ter muito prazer o tempo todo,
tome sua pílula!”
Isso era uma tolice completa. As drogas eram apenas
fracamente melhores do que placebos no alivio de
sintomas depressivos no curto prazo. Você teve todos
estes problemas; e nós ainda estávamos elogiando em
demasia estas drogas, dizendo: “Oh, os poderes da
psiquiatria são tais que nós podemos dar
a você a mente que você quer — projetamos uma
personalidade! Era absolutamente obsceno. Entretanto,
qual foi o medicamento, que depois de ser lançado, que
mais rapidamente se transformou na droga com mais
reclamações nos Estados Unidos? O Prozac®!
Street Spirit: Qual foi o índice de reclamações quando o
Prozac® chegou ao mercado?
RW: Nesta aferição, nós temos o Medwatch, um sistema
de relato onde nós reportamos eventos adversos das
drogas psiquiátricas ao FDA. A propósito, o FDA tenta
manter estes relatórios negativos distantes do público.
Então, em vez do FDA manter esses dados facilmente
disponíveis para o público, para que você possa conhecer
os riscos de tais medicamentos, é muito duro chegar a
estes relatórios.
Dentro de uma década, existiram 39.000 relatos adversos
sobre o Prozac® que foi enviado para o Medwatch.
Acreditase que o número de eventos adversos enviados
ao Medwatch represente só um por cento do número real
de tais eventos. Então, se nós conseguirmos 39.000
relatos de evento adversos sobre
o Prozac®, o número de pessoas que realmente sofreram
tais problemas é estimado ser 100 vezes maiores, ou
aproximadamente quatro milhões das pessoas! Isso faz do
Prozac® o medicamento mais reclamado da América, sem
dúvida. Existiram mais relatos de eventos adversos
recebidos sobre o Prozac® em seus primeiros dois anos
de mercado do que tinha sido reportado ao principal
antidepressivo tricíclico em 20 anos!
Lembre, o Prozac® foi lançado ao público Americano
como uma droga maravilhosamente segura, e sobre o que
as pessoas estão reclamando? Mania, depressão,
psicose, nervosismo, ansiedade, agitação, hostilidade,
alucinações, perda de memória, tremores, impotência,
convulsões, insônia, náusea, impulsos suicidas. É uma
grande variedade de sintomas graves.
E aqui temos o surpreendente. Não foi apenas o Prozac.
Uma vez que nós tivemos os demais ISRSs no mercado,
como o Zoloft® e Aropax®, em 1994, quatro
antidepressivos dessa família estavam entre os 20 “tops”
de reclamação entre as medicações da lista do Medwatch
do FDA. Em outras palavras, todas destas drogas trazidas
para comercialização começaram a ativar esta amplitude
de eventos adversos. E esses não eram eventos menores.
Quando você fala a respeito de mania, alucinações e
depressão psicótica estamos falando de eventos adversos
graves.
Prozac® foi lançado para o público americano como uma
droga maravilhosa. Foi apresentado nas capas de revistas
como tão seguras, e como um sinal de nossa habilidade
maravilhosa de induzir o cérebro da forma como nós
desejássemos. Na verdade, os relatórios estavam
mostrando que nós poderíamos ativar muitos eventos
perigosos, inclusive o suicídio e a psicose.
O FDA estava sendo advertido sobre isto. Eles estavam
recebendo uma inundação de relatórios de eventos
adversos, e o público nunca foi informado sobre isso para
um longo período de tempo. Levou uma década para que
o FDA começasse a reconhecer o aumento de suicídios e
de violência que pode ser ativados em algumas pessoas.
Isso só mostra como o FDA traiu o povo americano. Isto é
um exemplo clássico. Eles traíram sua responsabilidade
em agir como um cão de guarda para o povo americano.
Pelo contrário eles agiram como uma agência de
encobrimento dos danos e riscos dessas drogas.
Street Spirit: Levando em conta o fracasso do FDA para
nos advertir sobre Prozac®, qual foi sua recente
negligência no assunto do risco de suicídio com os
antidepressivos para crianças tratadas com remédios
como o Aro pax®? Não seriam os oficiais de saúde mental
da Inglaterra muito melhores que seus colegas
americanos no FDA na advertência sobre os perigos de
tentativas de suicídio quando esses antidepressivos foram
administrados aos adolescentes?
RW: Sim. A história das crianças é incrivelmente trágica.
Também é uma história realmente sórdida. Vamos voltar
um pouco para ver o que aconteceu às crianças sob
antidepressivos, O Prozac® chegou ao comércio em 1987.
No início dos anos 90, as companhias farmacêuticas que
fabricavam estas drogas estão dizendo, “O que podemos
fazer para expandir o mercado para os antidepressivos?
Porque é isso que as companhias farmacêuticas fazem
elas querem chegar a um número sempre maior de
indivíduos. Eles viram que eles tiveram um mercado em
aberto com as crianças. Então vamos começar a vender
essas drogas para crianças. E eles foram bem sucedidos.
Desde 1990, o uso de antidepressivos em crianças subiu
em torno de sete vezes. Eles começaram a prescrever por
bem ou por mal.
Atualmente, sempre que eles fazem testes pediátricos com
os antidepressivos, eles verificam que tais drogas não são
mais efetivas nos sintomas objetivos da depressão do que
o placebo. Isso aconteceu repetidamente nos testes
pediátricos com essas drogas antidepressivos. Então, o
que isso informa é que não existe nenhuma razão
terapêutica real para o emprego dessas drogas nesta
população de crianças, porque as drogas nem mesmo os
reduzem os sintomas alvo por um curto prazo de forma
melhor do que o placebo; e além do mais eles estavam
causando todos os tipos de eventos adversos.
Por exemplo, em uma pesquisa, 75 por cento das crianças
tratadas com antidepressivos sofreram algum evento
adverso de qualquer espécie. Em um estudo pela
Universidade de Pittsburgh, 23 % das crianças tratadas
com um ISRS desenvolveu mania ou sintomas tipo
maníaco; um adicional de 19 % desenvolveu hostilidade
drogainduzida. Os resultados clínicos estavam lhe
informando que você não conseguiu qualquer benefício na
depressão; e você podia criar todos os tipos de problemas
reais nas
crianças mania, hostilidade, psicose, e você pode até
induzir suicídio. Em outras palavras, não use estas drogas,
correto? Isso foi totalmente encoberto.
Street Spirit: Como foi ocultado?
RW: Nós tivemos psiquiatras – alguns desses obviamente
receberam dinheiro das companhias medicamentosas –
dizendo que as crianças estão subtratadas e eles estão
em risco de suicídio e como nós poderíamos
possivelmente tratar as crianças sem essas pílulas e que
tragédia seria se nós não pudéssemos usar estes
antidepressivos.
Finalmente, um pesquisador proeminente na Inglaterra,
David Healy, começou a fazer sua própria pesquisa na
habilidade destas drogas em promover suicídio. Ele
também conseguiu conseguir acesso a alguns dos
resultados de pesquisas e ele “soou o alarme”. Ele
primeiro soou esse alarme na Inglaterra e ele apresentou
esses dados em revisões por lá mesmo. E eles verificaram
que aparentemente essas drogas estão aumentando o
risco de suicídio e não existe realmente nenhum sinal de
benefícios nos sintomas objetivos de depressão. Então
eles começaram a se mobilizar por lá para advertir os
médicos a não prescrever tais drogas para a juventude.
O que acontece nos Estados Unidos? Bem, foi só depois
de existir muita pressão colocada sobre o FDA que eles
captaram a mensagem. O FDA reclassificou o risco
dessas drogas. Eles foram lentos até mesmo para por
advertências, faixas pretas, nas caixas desses produtos.
Por quê? As vidas das crianças não são um bem a ser
protegido? Se nós sabemos que temos demonstrações
científicas dos riscos que esses remédios apresentam ao
aumentar suicídio, não deveríamos ao menos publicar
uma advertência sobre isso? Mas o FDA foi negligente até
mesmo para colocar essa advertência nas embalagens
desses produtos.
Street Spirit: Se o Prozac® é o remédio mais reclamado
do país, se o Aropax® foi demonstrado ser um risco de
suicídio para a juventude, como foi que esses
antidepressivos continuaram a ter uma reputação tão
mágica de curas para a depressão? E por que o FDA
falhou em nos advertir sobre Aropax® e Prozac® para
tanto tempo?
RW: Existem algumas razões para isto. Os fundos do FDA
se modificaram em 1990. Um decreto permitiu que muito
dos fundos do FDA viessem das indústrias farmacêuticas:
o decreto PDUFA (Prescription Drug UserFee Act—
Decreto de Taxa de Usuário para Drogas de Prescrição).
Basicamente, quando as companhias farmacêuticas
solicitavam aprovação ao FDA eles teriam que pagar uma
taxa. Esses honorários se tornariam grande parte dos
recursos das revisões do FDA sobre as aplicações dos
medicamentos.
No final de contas, de repente, os recursos começaram a
vir da indústria farmacêutica; não vinha mais do povo.
Como esse decreto surgiu para renovação, basicamente
os lobistas das fábricas de medicamentos estão dizendo
que o trabalho do FDA não seria uma análise crítica das
drogas, mas sim aprovar rapidamente essas drogas. E
isso foi parte do pensamento de Newt Gingrich: seu
trabalho era obter drogas para comercializar. Comece a
ser parceiro da indústria farmacêutica e facilitar o
desenvolvimento de medicamentos. Nós perdemos a idéia
de que o FDA teria um papel de cão de guarda.
Também, de um modo humano, muitas pessoas que
trabalham para o FDA abandonam para acabar indo para
trabalhar para as companhias de medicamentos. A piada
velha é que o FDA é um tipo de vitrina para um futuro
emprego na indústria farmacêutica. Você vai lá, você
trabalha por algum tempo, então você sai para a indústria
de remédios. Bem, se esse é a progressão que as
pessoas fazem, em essência eles estão fazendo uma rede
de relações de bons meninos, para tanto eles não vão ser
tão severos com as companhias farmacêuticas. Então, é
isso que realmente aconteceu nos anos 1990. O FDA
receberia novas ordens de marcha. As ordens eram:
“Facilite a obtenção de medicamentos para o mercado.
Não seja muito crítico. E, de fato, se você quiser manter
seus recursos financeiros, que a partir de então estavam
vindo da indústria farmacêutica, tenha certeza que você
entendeu essas lições de sobrevivência.”
Street Spirit: Então as gigantes companhias
farmacêuticas têm um enorme poder de cozinhar os
resultados dos testes das drogas, fazendo os
pesquisadores e até o próprio FDA a se curvar para a sua
vontade?
RW: O FDA, em essência, foi submetido no início dos
anos 90, e nós realmente vimos isto com as drogas
psiquiátricas. O FDA se tornou um cão de colo para a
indústria farmacêutica, e não um cão de guarda.
É só agora isto se tornou de conhecimento público. Nós
temos Marcia Angel(*), uma antiga editora do New
England Journal of Medicine, escreva um livro em que ela
diz que o FDA se tornou um cão de companhia. Agora
está basicamente bem documentado esse declínio. Como
editora do New England Journal of Medicine, o o mais
prestigioso jornal médico que nós temos, Marcia AngelI é
alguém que estava bem no coração da Medicina
Americana, e ela concluiu que o FDA desaponta as
pessoas americanas. E ela perdeu seu emprego no New
England Journal of Medicine ao começar a criticar as
companhias farmacêuticas.
Ela era a editora do jornal no final dos anos 1990 e havia
um médico correspondente chamado Thomas
Bodenheimer que decidiu escrever um artigo sobre como
você não podia nem confiar no que era publicada nos
jornais médicos por causa de toda a manipulação de
resultados.
Então eles fizeram uma investigação sobre como as
companhias farmacêuticas financiavam todas as
pesquisas e manipulavam os resultados dos ensaios
científicos, então você não poderia realmente ter confiança
no que você lê nesse tipo de publicação. Eles assinalaram
que quando eles tentaram conseguir um perito para revisar
a literatura científica relacionada aos antidepressivos, eles
basicamente não conseguiram encontrar alguém que não
tivesse recebido algum dinheiro das companhias
farmacêuticas.
Agora, o New England Journal of Medicine é publicado
pela Sociedade Médica de Massachusetts que publica
muitos outros jornais, e eles têm muita publicidade
farmacêutica. Então o que acontece depois que aquele
artigo ser publicado por Thomas Bodenheimer e um
editorial acompanhado de Marcia AngelI sobre o estado
deplorável da medicina americana a respeito disto? Ambos
perdem seus empregos! Ela foi demitida e o mesmo
aconteceu com Thomas Bodenheimer. Pense sobre isso.
Nós temos o principal jornal médico demitindo pessoas,
deixandoos partir, porque eles ousaram criticar uma
ciência desonesta e o processo desonesto que estava
envenenando a literatura científica.
Então nós temos o FDA que está agindo como cães de
companhia. Você não pode confiar na literatura científica.
Tudo isso mostra como o público americano foi traído e
não sabia sobre todos os problemas com estas drogas e
por que foi ocultado deles. Isso tem a ver com dinheiro,
prestígio e redes de velhos bons meninos”.
Street Spirit: Isso também a ver com o silenciamento dos
críticos. A Eh Lilly usa a mídia para alardear benefícios do
Prozac® e dar vantagens para médicos que freqüentam
conferências para ouvir sobre seus benefícios, e suborna
pesquisadores. Mas eles também não usam seu poder e
dinheiro para silenciar seus críticos?
RW: Um exemplo é Dr. Joseph Glenmullen, um psiquiatra
que também trabalha para o Serviço de Saúde da
Universidade de Harvard, e que escreveu um livro
chamado Prozac Backlash (O Jogo Prozac) que advertia
sobre os perigos do Prozac®. Ele entende que essas
drogas estão sendo abusadas e que causam efeitos
colaterais severos. Ele até levanta questões sobre os
problemas de memória a longo prazo com as drogas e
deficiência orgânica cognitiva. Bem, a Eh Lilly construiu
uma campanha de marketing para tentar desacreditálo.
Eles divulgaram notícias para a mídia questionando sua
afiliação com a Escola Médica de Harvard, etc. Fazem
tudo para silenciar os críticos.
Se você cantar a melodia que as companhias de droga
querem, aos mais elevados níveis, você é pago com muito
dinheiro para voar pelo mundo e dar apresentações sobre
as maravilhas dessas drogas. E aqueles que vêm, e não
fazem quaisquer perguntas embaraçosas, conseguem
jantares de lagosta e talvez eles obtenham honorários
para freqüentar essa reunião educacional. Então se você
quiser ser parte dessas vantagens, você pode. Você canta
as maravilhas dessa droga, e você não fala sobre seus
efeitos colaterais sórdidos, e você pode conseguir um
generoso pagamento como um de seus locutores
convidados, ou como um de seus peritos.
Mas se você for um daqueles que estão dizendo: “E a
respeito da mania, que tal a psicose? Eles silenciam
você. Olhe para o que aconteceu para David Healy. Healy
é até o melhor exemplo. David Healy tem esta reputação
de extrema qualidade na Inglaterra. Ele é o escritor de
vários livros na história da psicofarmacologia. Ele é como
um antigo Secretário da Associação de Psicofarmacologia
de lá. Ele recebeu uma oferta de trabalho na Universidade
de Toronto para encabeçar seu departamento de
psiquiatria. Então enquanto ele está esperando assumir
aquela posição na Universidade de Toronto, ele vai para
Toronto e preparou uma conferência sobre o risco elevado
de suicídio com Prozac® e alguns outros ISRSs. Quando
ele volta para casa, a oferta de trabalho foi rescindida.
Agora Eh Lilly doa algum dinheiro para a Universidade de
Toronto? Absolutamente. Então, respondendo sua
pergunta, sim, a Eh Lihhy silencia seus dissidentes
também.
Street Spirit: Qual é a história por detrás do pagamento
secreto entre Eh Lilly e os sobre viventes que processaram
a companhia depois que Joseph Wesbecker atirou em 20
colegas de trabalho após ser colocado sob uso de
Prozac®?
RW: Durante esse julgamento em que a Eh Lihhy estava
sendo processada, o juiz iria permitir a demonstração de
evidências muito prejudiciais contra a Eh Lihhy. O juiz
disse, “Vá em frente e apresente isso no julgamento.” Mas
a próxima coisa você já sabe, eles não apresentaram
essas evidências; e de fato, de repente, os demandantes
não mais estão apresentando as evidências mais
significativas para continuarem seu julgamento. Então o
juiz perguntase por que eles não estão apresentando seu
melhor testemunho. Isso cheira a sujeira. Ele suspeita que
a Eh Lihhy pagou aos demandantes secretamente e parte
do negócio era isso, os demandantes irão em frente com
uma tentativa de fingimento de forma que a Eh Lihhy
ganhará o litígio. Então a Eh Lihhy pôde conchamar, “Veja:
nossa droga não faz as pessoas ficarem violentas.”
E, realmente, foi isso que aconteceu. A Eh Lihhy sentiu
que iria perder esse julgamento. Eles foram aos
demandantes e disseram que lhes dariam muito dinheiro.
Eles concordaram em ir em frente e arranjaram o caso,
pois mantiveram os demandantes a irem até o final do
julgamento. Desse modo a Eh Lilly pode publicamente
reivindicar que eles ganharam a causa e que o Prozac®
não causa dano.
Street Spirit: Como ficamos sabendo disso?
RW: Nós nunca teríamos conhecido essa história se não
fosse por duas coisas. Uma, acredite nisto ou não, o juiz,
em essência, apelou da decisão em seu próprio tribunal.
Ele disse, sinto mau cheiro nisso.” E por isto, ele descobriu
que existia esta determinação secreta e que era um
processo de fingimento na sua continuação. Ele disse que
era umas das piores violações à integridade do processo
legal que ele já tinha visto. E segundo, um jornalista inglês
chamado John Cornwell escreveu um livro chamado:
Power to Harm: Mmd, Medicine, and Murder on Trial
(Poder para prejudicar: Mente, Medicina, e
Assassinato no tribunal). Ele escreveu sobre este caso,
e ainda nos Estados Unidos, nós praticamente não
obtemos quase nenhuma notícia sobre esta determinação
secreta e esta ampla perversão do processo legal. Seri um
jornalista inglês que estariaa expondo esta história.
Meu ponto aqui é esse: eles silenciam pessoas como
Marcia AngelI. Eles pervertem o processo científico. Eles
pervertem o processo legal. Eles pervertem o processo de
revisão de medicamentos do FDA. Está em todos lugares!
E é por isso que nós como uma sociedade acabamos
acreditando nestas drogas psiquiátricas. Você fez a
pergunta há pouco tempo atrás, “Por que nós ainda
acreditamos no Prozac?” Uma das razões é que a história
sobre o Prozac é, na realidade, suportada. É publicamente
suportada porque nós mantemos esse silêncio sobre
essas questões.
A outra coisa para lembrar é que algumas pessoas sob
Prozac® se sentem melhores. Isto é verdade. Isso é o
divulgado, mas da mesma forma algumas pessoas com o
uso de placebos se sentem melhores. Mas aquelas são as
histórias que são repetidas: “Oh, eu tomei Prozac e eu
estou me sentindo melhor.” É aquele grupo seleto que faz
melhor para que essa história seja a informada, sendo a
história que o público ouve. Assim, é por isso que nós
continuamos a acreditar na história de que essas drogas
sejam uma maravilha, que sejam muito seguras, apesar de
todo esse material sujo que ficou coberto.
Street Spirit: Vamos agora nos mover dos
antidepressivos como Prozac® e considerar outro novo
grupo de drogas supostamente maravilhosos as novas
drogas antipsicóticas. Você escreveu que o uso a longo
prazo de drogas antipsicóticas — ambas, os originais
neurolépticos, remédios como o Amplictil © e HaldoI© e os
mais recentes “atípicos” como Zyprexa© e Risperidal©
causam mudanças patológicas no cérebro o que pode
levar a uma agrava ção dos sintomas de doença mental.
Quais mudanças na química do cérebro resultam dos anti
psicóticos, e como isso leva ao principal e mais
assustador aspecto que você descreveu — a doença
mental crônica que ao qual se fica preso por tais
substâncias?
RW: Essa é uma linha de pesquisa que atravessa 40
anos. Este problema de enfermidade crônica aparece de
tempo em tempo repetidamente na literatura de pesquisa.
Este mecanismo biológico está um pouco melhor
compreendido agora. Os antipsicóticos bloqueiam
profundamente os receptores de dopamina. Eles
bloqueiam entre 7090 por cento dos receptores de
dopamina no cérebro. Em resposta, o cérebro gera mais
ou menos 50 por cento de receptores extra de dopamina.
Tenta ficar hipersensível.
Então, em essência você teria criado um desequilíbrio no
sistema da dopamina no cérebro. É quase como se, em
uma mão, você tem o acelerador isto é: os receptores de
dopamina extra. E a droga é o freio tentando bloqueálos.
Mas se você libera esse freio, se você abruptamente para
com as drogas, você agora tem um sistema de dopamina
que é hiperativo. Você tem muitos receptores de
dopamina. E o que acontece? As pessoas que tentam
abruptamente largar os medicamentos tendem a ter graves
recaídas.
Street Spirit: Então as pessoas que foram tratadas com
estas drogas antipsicóticas têm uma propensão maior
para recaídas, e apresentar novos episódios de doença
mental, ao invés das pessoas que tiveram outros tipos de
terapias sem tais drogas?
RW: Exatamente, e isso foi entendido em 1979, que você
realmente estava aumentando a vulnerabilidade biológica
subjacente para a psicose. E a propósito, nós já
classificamos um entendimento de que se você mexe com
o sistema de dopamina, que você podia criar alguns
sintomas de psicose com anfetaminas. Então se você der
a alguém doses suficientes de anfetaminas, eles ficam sob
risco aumentado de psicose. Isto está bem conhecido. E o
que as anfetaminas fazem? Eles liberam dopamina. Então
existe uma razão biológica por que, se você for mexer com
o sistema de dopamina, você está aumentando o risco de
psicose. Isto é em essência o que estas drogas anti
psicóticas fazem, eles incrementam o sistema da
dopamina.
Veja aqui um impressionante estudo real sobre isso:
pesquisadores da Universidade de Pittsburgh nos anos 90
tomaram pessoas recentemente diagnosticadas com
esquizofrenia, e eles começaram a registrar imagens de
ressonância magnética dos cérebros destas pessoas.
Dessa forma nós conseguimos um retrato de seus
cérebros no momento de diagnóstico, e então nós teremos
imagens dos próximos 18 meses para verificar como esses
cérebros se modificam. A partir daí durante 18 meses, eles
estão sendo medicados com prescrições de anti
psicóticos, e o que os pesquisadores reportaram? Eles
reportaram o seguinte, após este período de 18 meses, as
drogas causaram um aumento dos gânglios da base, uma
área do cérebro que usa dopamina. Em outras palavras,
criaram uma mudança visível na morfologia, uma
mudança no tamanho de uma área do cérebro, e isto é
anormal. Isto é número um. Então nós temos uma droga
antipsicótica causando uma anormalidade no cérebro.
Agora aqui temos o ponto chave. Eles verificaram que
como aquela amplificação aconteceu, era associada com
uma agravação dos sintomas psicóticos, uma agravação
dos sintomas negativos. Então aqui você realmente tem,
com uma tecnologia moderna, um estudo muito poderoso.
Por processamento de imagens do cérebro, nós vemos
como agente externo entra, corrompe a química normal,
causa um aumento anormal dos gânglios da base, e
aquele aumento causa uma agravação de muitos sintomas
que deveria tratar. Agora isto realmente é, em essência, a
história de um processo de doença um agente externo
causa anormalidade, dá origem a sintomas...
Street Spirit: Mas neste caso, o agente externo que ativa
o processo de doença é o suposto tratamento para a
própria doença! A droga psiquiátrica é o agente causador
de enfermidade.
RW: Isto é exatamente assim. É um atordoante, uma
descoberta maldita. É o tipo de coisa que você diria, Oh
Cristo, nós devíamos ter feito algo diferente. Mas você
imagina que tipo de incentivo financeiro esse
pesquisadores receberam, após eles fazerem tal
descoberta?
Street Spirit: Não, qual? Eu imaginaria que eles
conseguiram recursos para executar estes mesmos
estudos em outras classes de drogas psiquiátricas.
RW: Eles conseguiram recursos para desenvolver um
implante, um implante no cérebro, que liberaria drogas
como o Haldol® de forma contínua e ininterrupta! Um
investimento para desenvolver um implante de liberação
de medicamentos, dessa forma você poderia implantar
isso nos cérebros das pessoas com esquizofrenia e assim
eles até não teriam qualquer oportunidade para não tomar
esses remédios!
Street Spirit: Incrível. Projetar um implante para fornecer
uma dose constante de uma droga que eles acabaram de
descobrir ser causa de patologia na química do cérebro.
RW: Certo, eles acabaram de verificar que eles estão
causando uma agravação dos sintomas! Então por que
você continuaria com um projeto de um implante
permanente? Porque seria para isso que o dinheiro viria.
E ninguém quis lidar com este achado horrível de um
aumento nos gânglios da base causado pelas drogas,
associado com a agravação dos sintomas. Ninguém quis
lidar com o fato de que quando você examinar as pessoas
medicadas com antipsicóticos, você começará a ver uma
redução dos lobos frontais. Ninguém quer falar sobre
nenhuma dessas coisas. Eles pararam essas pesquisas.
Street Spirit: Que outros efeitos colaterais são causados
por uso prolongado destas drogas antipsicóticas?
RW: Bem, você consegue a Discinesia Tardia (tardive
dyskinesia), uma deficiência orgânica cerebral
permanente; e a Acatisia, que seria uma agitação nervosa
incrível. Você nunca fica confortável. Você quer se sentar,
mas você não pode se sentar. É como se você estivesse
rastejando fora de sua própria pele. E está associado com
violência, suicídio e todos os tipos de coisas horríveis.
Street Spirit: Tais tipos de efeitos colaterais eram
notórios com a primeira geração de drogas antipsicóticas,
como Amplictll®, Haldol® e Stelazine®. Mas, da mesma
forma que com Prozac®, tantas pessoas estão ainda
elogiando em demasia a nova geração de antipsicóticos
atípicos — Zyprexa®, Leponex® e Risperidal® como
drogas mágicas que controlam a doença mental com
muito menos efeitos colaterais. Isto é verdade? O que
você verificou?
RW: Não, é apenas uma completa tolice. De fato, eu
penso que as mais novas drogas podem ser
eventualmente estabelecidas como mais perigosas do que
as antigas drogas, se isso fosse possível. Como você
sabe, os neurolépticos conhecidos como Amplictil® e
Haldol® tinham um relato reiterado de malefícios como a
discinesia tardia e acatisia no máximo.
Então quando nós conseguimos as novas drogas atípicas,
elas foram extraordinariamente badaladas como
infinitamente mais seguras. Mas com essas novas
atípicas, você consegue obter todos os tipos de
deficiências orgânicas metabólicas.
Vamos falar sobre Zyprexa®. Tem um perfil diferente. Ele
pode não causar muita discinesia tardia. Pode não dar
origem a tantos sintomas de parkinson. Mas ele causa um
amplo leque de novos sintomas. Então, por exemplo,
provavelmente causa mais diabete. E provavelmente
cause mais distúrbios pancreáticos. Provavelmente cause
mais obesidade e distúrbios no controle do apetite.
Na verdade, pesquisadores na Irlanda reportaram em
2003 que desde a introdução dos antipsicóticos atípicos, a
taxa de mortalidade em meio às pessoas com
esquizofrenia dobrou. Eles tomaram as taxas de
mortalidade das pessoas tratadas com neurolépticos
clássicos e posteriormente eles comparam com as taxas
de mortalidade das pessoas tratadas com antipsicóticos
atípicos, e essas taxas dobraram. Ela dobrou! Não houve
redução dos perigos. De fato, nesse estudo de sete anos,
25 de 72 pacientes morreram.
Street Spirit: Quais eram as causas de morte?
RW: Todos os tipos de enfermidades orgânicas, e isto é
parte do ponto. Estamos ficando com problemas
respiratórios, estamos tendo pessoas que morrem com
taxas de incrivelmente elevadas de colesterol, com
problemas de coração, com diabetes. Com olanzapina
(Zyprexa®), um dos problemas é que você está realmente
força de forma extrapolada o âmago do sistema
metabólico. É por isso que você alcança estes enormes
ganhos de peso, e você obtém uma diabetes. O Zyprexa®
basicamente corrompe o “equipamento” que nós somos e
que faz o processamento dos alimentos e da obtenção
energética dessa comida. Então esse aspecto
fundamental da função biológica humana é perturbado, e
em algum momento você terá todos estes problemas
pancreáticos, prejuízos da regulação da glicose, diabetes,
etc. Isto é realmente um sinal que você é mexendo com
algo muito fundamental para vida.
Street Spirit: Supostamente existe um aumento
alarmante de doença mental sendo diagnosticada em
crianças. Milhões são diagnosticados com depressão,
sintomas bipolares e psicóticos, distúrbio de déficit de
atenção e hiperatividade, e distúrbio de ansiedade social.
Essa explosiva nova pre valência de doença mental no
meio das crianças é um aumento real, ou é uma
campanha de marketing que enriquece a indústria de
drogas psiquiátricas, uma bonança para tais corporações
farmacêuticas?
RW: Você está tocando em algo que realmente se trata de
um escândalo trágico de proporções monumentais. Eu
converso às vezes com classes de acadêmicos, classes
de psicologia. Você não consegue acreditar qual é a
porcentagem de jovens que foi estabelecida que seria
mentalmente enferma desde crianças, de que algo estava
muito errado com elas. É absolutamente fenomenal. É
absolutamente cruel estar dizendo que tais crianças têm
cérebros falidos e enfermidades mentais.
Existem duas coisas que estão acontecendo aqui. Um,
claro, é que é uma completa tolice. Quando nos
lembramos de nós quando crianças, você tem energia
demais ou você se comporta às vezes de modo que não é
totalmente apropriado, e você tem esses extremos de
emoções, especialmente durante seus anos de
adolescência. Ambos, crianças e adolescentes podem ser
muito sentimentais. Então uma coisa que está
acontecendo é que eles tomam alguns comportamentos
da infância e começam a definir os comportamentos que
eles não gostam de patológicos. Eles começam a
definirem emoções que são desconfortáveis como
patológicas. Então parte do que nós estamos fazendo é
“patologização” da infância com uma definição inepta de
trivialidades. Nós estamos patologizando, criando
sofrimento no meio das crianças.
Por exemplo, se você for um filho de criação, e talvez você
tenha recebido pouco conforto na loteria da vida e crescido
em uma família disfuncional e você é colocado num
orfanato, você sabe o que acontece hoje? Você muito
provavelmente vai ser diagnosticado com uma desordem
mental, e você vai ser colocado sob um medicamento
psiquiátrico. Em Massachusetts, algo em torno de 60 a 70
por cento das crianças de orfanatos estão recebendo
medicações psiquiátricas. Essas crianças não são
mentalmente doentes! Elas conseguiram um tratamento
injusto na vida. Elas acabaram em um lar de proteção, o
que significa que eles estavam numa situação familiar
ruim, e o que nossa sociedade faz? Eles dizem: “Você tem
um cérebro defeituoso.” Não seria a sociedade que seria
ruim e você não conseguiu uma situação justa. Não, a
criança tem um cérebro defeituoso e tem que ser colocada
sob drogas. É absolutamente criminoso.
Deixeme falar sobre desordem bipolar entre crianças.
Como um médico disse, isso costumava ser tão raro que
seria quase inexistente. Agora nós estamos vendo isso a
todo momento. Os “bipolares” estão explodindo entre as
crianças. Bem, em parte você poderia dizer que nós
estamos apenas rotulando sem cautela as crianças mais
freqüentemente; mas de fato, existe algo realmente
acontecendo. Veja aqui o que está acontecendo. Você
pega crianças e as coloca sob antidepressivo que nós
nunca costumávamos fazer
ou você as coloca sob uso de um estimulante como
Ritalina®. Os estimulantes podem criar mania; os
estimulantes podem criar psicose.
Street Spirit: E antidepressivos também podem causar
mania, como você assinalou.
RW: Exatamente, então a criança pode acabar com uma
crise maníaca drogainduzida ou episódio psicótico. Uma
vez que elas têm isto, o médico na sala de emergência
não diz, “Oh, ele está sofrendo de um episódio induzido
por medicamentos.” Ele diz que ele é bipolar!
SS: Então eles dão a criança uma nova droga para uma
desordem mental causada pela primeira droga?
RW: Sim, eles dão a ele uma droga antipsicótica; e agora
a criança está sob um coquetel de drogas, e ela está em
no curso de ficar inválido por toda a vida. Isto é um
exemplo de como nós realmente estamos criando crianças
doentes.
Street Spirit: É como se a sociedade ou suas escolas
estejam tentando tornar eles manejáveis e eles acabam
pondo as crianças em uma montanha russa química
contra sua vontade.
RW: Absolutamente.
Street Spirit: Existe um número surpreendente de
crianças recebendo Ritalina® para tratar hiperatividade.
Mas qual menino de 10 anos de idade confinado em um
banco escolar não é hiperativo? Você descreve que o
efeito da Ritalina® no sistema da dopamina é bem
parecido com a cocaina e as anfetaminas.
RW: Ritalina® é metilfenidato. De fato o metilfenidato afeta
o cérebro exatamente do mesmo modo que a cocaína.
Eles dois bloqueiam uma molécula que é envolvida na re
captação da dopamina.
Street Spirit: Então ambos aumentam os níveis de
dopamina no cérebro?
RW: Exatamente. E eles fazem isto com um grau
semelhante de potência. Então o metilfenidato é bem
parecido com a cocaína. Agora, uma diferença é se você
está aspirando isto ou se está em uma pílula. Esse
aspecto modifica o quão rápido é sua metabolização. Mas
de qualquer forma, basicamente afeta o cérebro de igual
forma. Veja, o metilfenidato foi usado em estudos de
pesquisa para deliberadamente manipular a psicose em
esquizofrênicos. Uma vez que eles descobriram que você
podia tornar uma pessoa com uma propensão para
psicose, dê a eles metilfenidato, e produza a psicose. Nós
também descobrimos que as anfetaminas, como o
metilfenidato, podiam criar psicose nas pessoas que nunca
tinham sido psicóticas anteriormente.
Então pense sobre isso. Nós estamos dando uma droga
para crianças que é reconhecida em ter a possibilidade de
ativar uma psicose. Agora, o estranho sobre o
metilfenidato e as anfetaminas é o seguinte, em crianças,
eles são reconhecidos de produzir um efeito paradoxal. O
que a anfetamina faz nos adultos? Torna eles mais
nervosos e hiperativos. Por alguma razão, para as
crianças as anfetaminas as deixam realmente mais
aquietam sua atividade; realmente as manterá em suas
cadeiras e as tornam mais focadas. Então você captura as
crianças em escolas tediosas. Os meninos não estão
prestando atenção e eles são diagnosticados como DDHA
e são colocados sob uma droga que é conhecida em
promover psicose. A próxima coisa você já sabe, um
número considerável delas não estarão funcionando bem
quando elas tiverem uns 15, 16, ou 17 anos. Algumas
daquelas crianças falarão sobre como se sentiam quando
estando sob tais medicamentos a longo prazo, você
começa a sentir como um zumbi; você não sente como se
fosse você mesmo.
Street Spirit: Vazios, emoções embotadas. E isto está
sendo feito com milhões de crianças.
RW: Milhões de crianças! Pense sobre o que nós estamos
fazendo. Nós estamos roubando das crianças o seu direito
de ser criança, o seu direito de crescer, seu direito de
experimentar uma ampla possibilidade de plenas
emoções, e seu direito de experimentar o mundo no mais
amplo leque repleta de matizes de cores. Isso é que é o
crescimento, isso é viver a vida! E nós estamos roubando
das crianças do seu direito de ser. E tão criminoso. E nós
estamos falando sobre milhões de crianças que foram
afetadas desse modo. Existem algumas escolas onde algo
em torno de 40 a 50 por cento das crianças chegam com
uma prescrição psiquiátrica.
Street Spirit: Parece um enorme mecanismo de controle
social. A sociedade dá às crianças Ritalina® e
antidepressivos para subjugálos e o faz para eles se
ajustarem. Por um lado, é tudo controle e conformidade
social. Mas também tem um enorme marketing
recompensatório.
RW: Você está certo, cria clientes para os medicamentos,
e clientes esperados serem praticamente para toda a vida.
É assim que estamos sendo informados, certo? Eles são
informados que eles vão estar sob essas drogas por toda
vida. E num próximo estágio eles sabem, eles estarão sob
mais duas ou três ou quatro drogas. É brilhante do ponto
de vista capitalista. Também tem uma certa função de
controle social. Mas você captura uma criança, e você a
torna num cliente, e espero que ela seja um cliente
vitalício. E brilhante.
Atualmente nós gastamos com antidepressivos nesse país
que o Produto Nacional Bruto de países de tamanhos
médio como a Jordânia. Uma quantia surpreendente de
dinheiro. A quantia de dinheiro que nós gastamos em
drogas psiquiátricas neste país é mais que o Produto
Nacional Bruto de dois terços dos países do mundo.
Apenas sob esse paradigma mental incrivelmente lucrativo
em que você pode consertar desequilíbrios químicos do
cérebro com tais drogas. Isso funciona muito bem sob o
ponto de vista capitalista para a Eh Lilly. Quando o
Prozac® veio para o comércio, o valor da Eh Lilly na Wall
Street, sua capitalização, era ao redor de 2 bilhões de
dólares. Pelo ano 2000, o tempo quando Prozac era sua
droga número UM, sua capitalização alcançou 80 bilhões
de dólares um aumento de quarenta vezes.
Então, o que você necessariamente tem que examinar se
você quer compreender porque as companhias
farmacêuticas procuraram exaltar essa perspectiva com
tamanha determinação. Trouxe bilhões de dólares em
riqueza em termos de aumentos nos lucros para os donos
e gerentes dessas companhias. Também se beneficia o
stablishment psiquiátrico que se fortalece nas sombras
dos medicamentos; eles fazem isso muito bem. Existe
muito dinheiro que flui na direção daqueles que abraçaram
essa maneira de tratamento. Existem anúncios que
enriquecem a mídia. É tudo uma grande negociata.
Infelizmente, o custo é a desonestidade na nossa literatura
científica, a corrupção do FDA, e o dano absoluto feito
contra as crianças neste país tratadas neste sistema, e um
aumento de 150.000 pessoas inválidas a cada ano nos
Estados Unidos nos últimos 17 anos. Essa é um registro
impressionante do dano produzido.
Street Spirit: Todo mundo fica rico as companhias
farmacêuticas, os psiquiatras, os pesquisadores, as
agências de publicidade mas os clientes tornam suas
mentes drogadas e a danificadas por toda a vida.
RW: E você sabe o que é mais interessante? Ninguém diz
que a saúde mental do povo americano está melhorando.
Pelo contrário, todo mundo diz que nós temos este
problema num crescendo, eles culpam isto às tensões da
vida moderna ou algo desse tipo, mas eles não querem
examinar para o fato de que nós estamos produzindo
doença mental.
(tradução: José C B Peixoto, médico)
Artigo do site www.umaoutravisao.com.br
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