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DIREITO

ADMINISTRATIVO
I

com os particulares a administração atua na posição de 2.2.10. Princípio da ampla responsabilidade do


CONCEITO E OBJETO DO verticalidade, podendo constituir terceiros em obrigações, Estado: significa que os danos causados a terceiros,
DIREITO ADMINISTRATIVO mediante atos unilaterais, independentemente de sua pelos agentes públicos, devem ser reparados objetiva-
aquiescência, assim como pode, fundado em motivo de mente pela administração, isto é, independentemente
1. Conceito: pode-se definir o Direito Administrativo relevante interesse público, alterar, unilateralmente, as re- da apuração de culpa ou dolo do agente causador,
como o ramo do Direito Público, que tem por objeto lações já estabelecidas com os particulares. assegurado o direito de regresso contra este, (nos
os órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrati- 2.2. Indisponibilidade, pela administração, dos interes- casos de dolo ou culpa), mesmo porque, no Estado
vas que integram a Administração Pública, a atividade ses públicos: os interesses da coletividade não se encon- Democrático de Direito, vigora o postulado da ampla
jurídica não contenciosa que exerce e os bens de que tram à livre disposição dos agentes da Administração Pú- responsabilidade estatal.
se utiliza para consecução dos seus fins, de natureza blica. Desta máxima, decorrem alguns princípios que estão 2.2.11. Princípio do controle judicial dos atos admi-
pública. (Di Pietro, Maria Sylvia Zanella, Direito Admi- expressos ou implícitos na Constituição Federal. Vejamos: nistrativos: possibilita que todos os atos administrati-
nistrativo, 19ª Ed. São Paulo: Atlas, 2006, p. 66). 2.2.1. Princípio da legalidade: proíbe desmandos na ges- vos sejam apreciados pelo Judiciário. É uma exigência
tão pública. Tem como raiz a idéia de soberania popular do Estado de Direito a existência de órgão imparcial e
2. Objeto: se dedica à análise da função administrativa e de exaltação da cidadania. Implica que a administração independente para apreciação de todas as condutas
ou executiva, cujo campo de atuação varia de acordo só pode fazer aquilo que a lei permite, proibindo-se todos que não se enquadram nos parâmetros legais.
com cada tempo histórico, podendo incidir nas áreas os comportamentos não previstos ou não autorizados le- LINK ACADÊMICO 1
da saúde, educação, cultura, meio ambiente, previdên- galmente, pois a administração deve aplicar a lei de ofício.
cia e assistência social até as ações de intervenções Seu agir está condicionado à permissão legal. Admitem-se
na propriedade privada e no setor econômico. as restrições permitidas pela CF: Medidas Provisórias (art. PODERES ADMINISTRATIVOS: PODER
62, CF); declaração do estado de defesa (art. 236, CF) ou REGULAMENTAR E DE POLÍCIA
REGIME JURÍDICO do estado de sítio (arts. 137 a 139, CF).
E PRINCÍPIOS 2.2.2. Princípio da impessoalidade: dever que têm os 1. Noções Gerais: para a realização da função ad-
ADMINISTRATIVOS agentes encarregados da administração da coisa pública ministrativa, a administração é investida de poderes,
de tratar indistintamente todos os indivíduos. Duas inter- que devem ser concebidos como meros instrumentos
1. Conceitos fundamentais: para o perfeito enten- pretações são cabíveis diante do conteúdo deste princípio: para o cumprimento do seu dever de bem gerir os
dimento do regime jurídico-administrativo mister, se a) se todos são iguais perante a lei, a administração não interesses públicos. O exercício dos poderes confe-
faz relembrar alguns conceitos: a) Função admi- pode tratar com favoritismos ou perseguições as pessoas ridos à administração fica condicionado ao eficiente
nistrativa: entende-se como o poder conferido pelo que com ela se relacionam, devendo sagrar-se o tratamen- cumprimento das finalidades públicas a que se propõe
ordenamento jurídico ao Estado em razão do dever to isonômico aos administrados; b) os atos administrativos alcançar.
jurídico que se lhe atribui para alcançar finalidades de não são imputáveis aos agentes públicos que os praticam,
interesse da coletividade. Quem titulariza uma função mas ao órgão ou entidade administrativa como decorrência 2. Classificação: podem ser assim classificados: a)
administrativa atua em nome da coletividade e, por- natural do respeito à neutralidade. quanto à liberdade para a prática de seus atos: poder
tanto, não pode quedar-se em omissão; b) Função 2.2.3. Princípio da moralidade: dever de atuar em confor- vinculado e poder discricionário; b) quanto à punição
de Governo: corresponde às atividades preponderan- midade com padrões éticos e morais, pois seu comporta- dos que a ela se vinculam: hierárquico e disciplinar;
temente do Poder Executivo, não relacionadas dire- mento deve ser honesto, correto, sob pena de violação da c) quanto à finalidade normativa: regulamentar; e d)
tamente com a satisfação das necessidades básicas probidade administrativa. E, como desdobramentos, temos: quanto aos objetivos de contenção dos interesses in-
da coletividade, e não se submete ao mesmo regime os princípios da lealdade e da boa-fé. dividuais: de polícia.
jurídico administrativo utilizado para o exercício da 2.2.4. Princípio da publicidade: dever de manter total 2.1. Poder Vinculado: confere à administração com-
função administrativa; c) Atividade administrativa: transparência da atuação administrativa, garantindo-se a petência para a prática de certos atos administrativos
corresponde a todas as ações, por intermédio das todos os administrados a oportunidade de conhecer os atos sem nenhuma margem de liberdade decisória, uma
quais a função administrativa é exercida objetivando administrativos, evitando-se o sigilo, que só é admitido na vez que o legislador, antecipadamente, descreve todos
a realização da finalidade da própria razão de ser da forma do art. 5º, XXXIII, da CF. os elementos do ato (competência, objeto, finalidade,
administração. Por intermédio desta é que se concre- 2.2.5. Princípio da eficiência: determina que todo agente motivo e forma), vinculando a decisão a ser tomada no
tiza a função administrativa; e d) Interesse público: público, no desempenho de suas atividades, atue com zelo, caso concreto ao preceito legal.
deve ser conceituado como o interesse resultante do perfeição e apresente rendimento de modo a satisfazer as 2.2. Poder Discricionário: é a faculdade que tem o
conjunto dos interesses que os indivíduos pessoal- necessidades da coletividade por corresponder ao dever de agente administrativo para escolher, diante do caso
mente têm quando considerados em sua qualidade boa administração. concreto, uma das opções válidas e satisfatórias ao
de membros da sociedade e pelo simples fato de o 2.2.6. Princípio da finalidade: significa que o agente pú- atendimento do interesse público. Tem ele certa mar-
serem. (Bandeira de Mello, Celso Antônio, Curso de blico deve, ao praticar os atos administrativos, respeitar a gem de liberdade decisória permitida pela própria lei
Direito Administrativo, 2006, p. 51). finalidade prevista na lei, sob pena de desvio de poder ou na escolha da conveniência, oportunidade e conteúdo
de finalidade. É uma inerência do princípio da legalidade. do ato a ser praticado. Tal poder não confere ao agen-
2. Conceito e conteúdo de regime jurídico-admi- 2.2.7. Princípio da razoabilidade: proíbe provimentos in- te público a possibilidade de praticar atos arbitrários.
nistrativo: é o conjunto de regras e princípios perti- sensatos, não abrangidos pela regra de direito. O agente 2.3. Poder Hierárquico: é aquele que dispõe a Admi-
nentes ao Direito Administrativo que guardam entre si público não pode agir desarrazoadamente, de maneira nistração Pública para distribuir as suas funções, de
uma relação lógica de coerência e unidade; define as ilógica, incongruente, pois sua conduta deve concretizar, ordenar, de coordenar, de controlar, de fiscalizar e de
prerrogativas e sujeições administrativas; e reproduz, da melhor maneira possível, a finalidade pública prevista rever a atuação das pessoas a ela vinculadas, estabe-
no geral, as características do regime de Direito Pú- na lei. lecendo relação de coordenação e subordinação entre
blico, acrescidas daquelas que o especificam dentro 2.2.8. Princípio da proporcionalidade: exige que os os servidores do seu quadro de pessoal.
dele. Duas grandes máximas delineiam, fundamental- provimentos da administração devam guardar, em exten- 2.4. Poder Disciplinar: é a prerrogativa que tem a
mente, esse regime: a) supremacia do interesse pú- são e intensidade, relação de adequação proporcional ao administração de aplicar punição aos seus servidores
blico sobre o privado; e b) indisponibilidade, pela necessário para o cumprimento da finalidade do interesse infratores, assim como às demais pessoas que com
administração, dos interesses públicos. público pertinente. Busca a adequação, o equilíbrio entre ela se relacionam na prestação dos serviços públicos.
2.1. Supremacia do interesse público sobre o parti- os meios utilizados pela administração e os fins a serem 2.5. Poder Regulamentar: o regulamento é um ato
cular: derivam os seguintes princípios: a) Posição alcançados. administrativo de caráter normativo, emanado privati-
privilegiada da administração nas relações com 2.2.9. Princípio da motivação: dever que tem o agente pú- vamente pelo Chefe do Poder Executivo, com funda-
os particulares, trazendo algumas implicações, tais blico de expor as razões de fato e de direito que lhe impul- mento no art. 84, IV, da CF, e se exterioriza por meio de
como, presunção de veracidade e legitimidade dos sionaram a tomar a providência adotada, sobretudo diante Decreto. É um ato geral, de regra abstrato, destinado a
atos administrativos, assim como a concessão de pra- dos atos discricionários. Impede a enunciação de motivos dar fiel execução à lei a que se reporta, possibilitando
zos maiores para a intervenção da administração em falsos ou inexistentes que dificultam a apreciação da legi- a atuação uniforme de cada agente administrativo. Só
processos judiciais; e b) Posição de supremacia da timidade da atuação administrativa, devendo ser prévia ou deve ser exercido se a lei trouxer alguns aspectos de
administração implica considerar que nas relações contemporânea à expedição do ato. sua aplicação para serem desenvolvidos pela adminis-

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tração. Suas espécies são: em hierarquia, como um traço marcante da organização competição e a social; · atuam sem subordinação ao
(i) executivo: este regulamento complementa a lei ou administrativa centralizada do Estado, verifica-se que esta Executivo para viabilizar uma regulação mais impar-
contém normas para dar fiel execução a esta. Portan- ocorre dentro de uma mesma pessoa jurídica, inerente à cial, sem ingerências políticas, mas estão sujeitas à
to, não pode inovar na ordem jurídica. Seu objetivo é idéia de desconcentração. Já a tutela exige a existência tutela ou controle administrativo exercido pelo Minis-
estabelecer a forma pela qual a leis devem ser unifor- de duas pessoas jurídicas, uma das quais exerce contro- tério a que se acham vinculadas; · os dirigentes são
memente aplicadas pelos agentes públicos; (ii) autô- le sobre a outra, cingindo-se à idéia de descentralização; nomeados pelo Presidente da República, com prévia
nomo: este regulamento, também chamado de inde- d1) Faculdades inerentes ao hierarca: emanam algumas autorização do Senado e com mandato fixo, não po-
pendente, inova na ordem jurídica e não irá completar faculdades implícitas para o superior e não precisam estar dendo ser exonerados “ad nutum”; · os ex-dirigentes
a lei, mas criar normas que não estão nela previstas. expressas em nenhum texto legal. Dentre elas, destacam- estão sujeitos a “quarentena” (quatro meses, contados
2.6. Poder de Polícia: é a atuação administrativa para se: o comando, a fiscalização, a delegação, a avocação, a da exoneração ou do término do seu mandato), perí-
limitar o uso, gozo e disposição da propriedade e res- revisão, a punição, e dirimir as controvérsias. odo em que continuam vinculados à autarquia após o
tringir o exercício da liberdade dos indivíduos em be- 1.2. Administração Descentralizada: aquela em que a exercício do cargo, gerando impedimento de presta-
nefício do interesse público. Decorre de lei. Portanto, atividade administrativa é executada por pessoas jurídicas rem serviços às empresas sob sua regulamentação ou
não pode ser previsto em contrato ou em outro instru- criadas pelo Estado, com personalidade jurídica de Direito fiscalização; · são dirigidas em regime de colegiado,
mento especial. É regulamentado pelo Poder Executi- Privado, distintas das pessoas jurídicas de Direito Público e por um Conselho Diretor ou Diretoria; e · quanto ao
vo e executado, preventivamente, por meio de ordens, sem vínculo de hierarquia com a Administração Central. É regime jurídico de seus servidores, o art. 1º da Lei nº
notificações, licenças e autorizações, ou, repressiva- o fenômeno de distribuição de competência de uma pessoa 9.986/2000, que previa que as relações de trabalho
mente, mediante imposição de medidas coercitivas. jurídica para outra, criada para este fim. Difere, portanto, do seriam as de emprego público, foi revogado pela Lei
Suas características são: a discricionariedade, a coer- que se observa na Administração Centralizada, pois pres- nº 10.871, de 20-05-2004, por força da qual grandes
cibilidade, a auto-executoriedade e a exigibilidade. supõe a existência de, no mínimo, duas pessoas jurídicas. quantidades de antigos empregos em tais agências
LINK ACADÊMICO 2 Os pressupostos da descentralização são: reconhecimento passaram a ser previstos como cargos.
de personalidade jurídica ao ente descentralizado; · pa- 2.3. Consórcios Públicos: são associações funda-
trimônio próprio, necessário à consecução de seus fins; · das pela União, Estados, Distrito Federal ou Municí-
ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA sujeição ao princípio da especialização, que impede que pios, com personalidades jurídicas de direito público
o ente descentralizado desvie-se dos fins que justificaram ou privado, criadas mediante autorização legislativa,
1. Formas de Organização do Estado: sua criação; e · sujeição ao controle ou tutela, exercida nos visando à gestão associada de serviços públicos (art.
1.1. Administração Centralizada: a administração de- limites da lei pelo ente instituidor. 37, XX da CF e art. 6º da Lei nº 11.107/05). Se tiver
senvolve suas atividades através dos diversos órgãos personalidade de direito público, será uma associação
que a compõem, de maneira direta e sem nenhuma in- 2. Administração Indireta: é composta pelas seguintes pública com natureza autárquica, integrando a Admi-
termediação. Os entes da Federação (União, Estados, pessoas jurídicas: Autarquias, Fundações Públicas, Em- nistração Indireta de todos os entes da federação con-
Distrito Federal e Municípios) distribuem internamente, presas Públicas e Sociedades de Economia Mista. sorciada, conforme prescrição do § 1º do artigo 6º, c/c,
dentro de si próprios, as atribuições de suas compe- 2.1. Autarquias: são entidades autônomas, criadas por lei o art. 41, IV do Código Civil. E, se tiver personalidade
tências; organiza-se em hierarquicamente, formando específica (art.37, XIX, CF), que executam atividades típi- jurídica de direito privado, reger-se-á por normas de
relações coordenadas entre os diversos órgãos, ob- cas do ente criador, com autonomia administrativa e finan- direito civil, observando as normas de direito público
jetivando desconcentrar as atividades administrativas, ceira nos termos da lei que as criou. Apresentam as se- no tocante à realização de licitação, celebração de
retirando-as das mãos do Chefe do Poder Executivo e guintes características: · personalidade jurídica de Direito contratos, prestação de contas e admissão de pesso-
distribuindo-as entre os órgãos componentes de suas Público; · detém órgãos próprios, patrimônio próprio; · seus al, havendo, portanto, derrogação parcial das normas
hierarquias. bens são públicos, portanto, inalienáveis, imprescritíveis e da legislação civil pelas normas de direito público.
a) Definição de órgãos: representam a divisão inter- impenhoráveis; responsabilidade objetiva, respondendo o Neste caso, poderá o mesmo assumir a forma de uma
na de competências que compõe a chamada Admi- Estado, subsidiariamente, no caso de exaustão de seus re- associação civil ou de uma fundação.
nistração Direta e são criados e extintos nos termos cursos, em decorrência da prestação dos serviços públicos a) Criação: o procedimento de criação de um Con-
do art. 48, XI, da CF. A referida criação de órgãos é por elas prestados; subordinam-se ao regime de licitação sórcio de direito público é bastante complexo, abran-
necessária para que ocorra a desconcentração das e contratação, previsto na Lei nº 8.666/93, e ao concurso gendo atos unilaterais específicos de cada ente fede-
atividades administrativas e ocorre dentro da mesma público; quanto ao regime de pessoal dos servidores autár- rativo que pretende dele participar, bem como uma
pessoa jurídica titular da competência, em uma rela- quicos, é o mesmo dos servidores da Administração Direta; manifestação de consenso destes diversos entes.
ção de coordenação e subordinação, ligada à idéia têm imunidade tributária em relação aos impostos, confor- Nenhuma entidade da Federação pode ser constran-
de hierarquia. Os órgãos não possuem personalidade me prevê o art. 150, § 2°, da CF, quando vinculadas as gida a participar de um Consórcio de direito público, já
jurídica. Portanto, não são sujeitos de obrigações e suas finalidades essenciais ou dela decorrentes; seus atos que a sua autonomia exclui não só a compulsoriedade
direitos. são administrativos, logo, são revestidos da presunção de da associação, como também o dever de se manter
b) Classificação dos órgãos: b1) Quanto à posição legitimidade, exigibilidade e executoriedade;submetem-se consorciado. A formalização da vontade de participar
estatal: · Independentes são os originários da Cons- ao controle ou tutela da Administração Central, no sentido depende de autorização legislativa específica a ser
tituição e representativos dos Poderes de Estado, sem de que os seus propósitos devem estar de acordo com os produzida por cada ente interessado, ratificando o
qualquer subordinação hierárquica ou funcional, mas objetivos públicos previstos na lei instituidora, ao controle protocolo de intenção antes firmado. Este protocolo irá
sujeitos aos controles constitucionais de um Poder do Tribunal de Contas, ao controle jurisdicional e ao con- dispor sobre os seus encargos o modo de participação
pelo outro; · Autônomos são os localizados na cúpula trole popular, mediante Ação Popular; têm prazos privile- na gestão do novo ente, as eventuais delegações de
da administração, imediatamente abaixo dos órgãos giados, quádruplo para contestar e dobro para recorrer (art. competências, o prazo de participação, os recursos,
independentes e diretamente subordinados aos seus 188 do CPC), e sujeitam-se ao duplo grau de jurisdição; e dentre outros;
chefes, com autonomia administrativa, financeira e téc- · o foro dos litígios judiciais é aquele previsto no art. 109, b) Licitação: o Decreto nº 5.504/05 exige que os Con-
nica; · Superiores são os que detêm poder de direção, I, da CF. sórcios Públicos (relativamente aos recursos por eles
controle e decisão dos assuntos de sua competência 2.2. Autarquias sob regime especial: as diferenças entre administrados, oriundos de repasses da União) reali-
específica, mas sujeitos à subordinação e ao controle estas entidades e as acima descritas decorrem das leis que zem licitações para obras, compras, serviços e aliena-
hierárquico de uma chefia superior, sem autonomia as instituem. Duas modalidades serão abordadas: ções, observadas as regras que lhe são inerentes;
administrativa e financeira; e · Subalternos estão na a) Agências Executivas: disciplinadas pelos Decretos Fe- c) Quadro de pessoal: é possível a cessão de ser-
base da pirâmide administrativa, têm predominância derais de números 2.487/98 e 2.488/98, definem-se como a vidores dos entes consorciados para a prestação de
de atribuições de execução e pouco poder decisório; qualificação atribuída a uma fundação pública ou autarquia, serviços perante o Consórcio, que deverá ser feita de
b2) Quanto à estrutura: podem ser unitários, consti- por ato do Presidente da República (decreto), desde que acordo com a legislação de cada ente;
tuídos por um só centro de competência, sem nenhum preenchidos alguns requisitos previstos nos arts. 51 e 52 da d) Responsabilidade: a responsabilidade pelos da-
outro órgão em sua estrutura; e compostos, que são Lei 9.649/98. A entidade deve possuir um plano estratégico nos causados a terceiros é dos Consórcios e será
os que possuem em sua estrutura outros órgãos; b3) de reestruturação e de desenvolvimento institucional em apreciada objetivamente, já que esses são prestado-
Quanto à atuação funcional: podem ser singulares, andamento. O contrato de gestão – aquele firmado com o res de serviço público – artigo 37, § 6º, da CF;
quando atuam e decidem através de um único agente Ministério encarregado de exercer o controle administrativo e) Protocolo de Intenções: é o instrumento pelo qual
público; ou colegiados, quando há manifestação con- sobre as agências (vide § 8º, do artigo 37, da CF) também as partes definem cláusulas que constarão em um
junta e majoritária da vontade de seus membros. deverá ser celebrado, objetivando ampliar a autonomia ge- futuro contrato, sem assumir propriamente um com-
c) Competências públicas: os órgãos atuam por rencial, orçamentária e financeira da entidade, incentivando promisso de celebrar o acordo ou mesmo direitos e
meio dos agentes públicos, que representam o querer a eficiência e a redução dos custos. obrigações. O Protocolo de Intenções é o documento
e o agir do Estado e exercem as chamadas competên- b) Agências Reguladoras: são autarquias especiais, cria- inicial do Consórcio Público e seu conteúdo mínimo
cias públicas. Estas podem ser conceituadas como as das da mesma forma que as demais, que se submetem ao deve obedecer ao previsto na Lei de Consórcios Pú-
atribuições conferidas aos agentes públicos para re- chamado regime especial em razão de possuírem algumas blicos. Mesmo diante da subscrição deste protocolo, o
alizarem, satisfatoriamente, o interesse público. Suas peculiaridades. São criadas com a finalidade de disciplinar ente federativo poderá não participar do Consórcio, ou
principais características são: obrigatoriedade, imodi- e controlar certas atividades e visam a intervenção esta- participar parcialmente se a ratificação por lei for feita
ficabilidade, intransferibilidade, imprescritibilidade e tal no domínio econômico, com atribuição para regular um com reserva e aceita pelos demais subscritores do
irrenunciabilidade. setor específico. Possuem, inclusive, poder regulamentar protocolo. Após a sua publicação na imprensa oficial,
d) Hierarquia: o poder hierárquico tem como objetivo e sancionatório. Suas peculiaridades são: · amplo poder cada ente interessado promulgará lei ratificando-o, to-
ordenar, coordenar e corrigir as atividades adminis- normativo outorgado pela lei instituidora; · poder fiscaliza- tal ou parcialmente, antes da celebração do contrato;
trativas no âmbito interno da Administração Pública, tório e sancionatório; · poder de dirimir conflitos de interes- f) Contrato de Rateio: instrumento firmado anual-
o qual inexiste nas funções típicas dos Poderes Ju- ses entre agentes econômicos regulados, entre estes e a mente, mediante o qual os consorciados entregarão
diciário e Legislativo. Deve ser entendido que a idéia própria agência, ou mesmo entre tais agentes e usuários; · recursos públicos ao ente criado, previstos em sua lei
de hierarquia difere da idéia de tutela. Quando se fala desenvolvem uma tripla regulação: dos monopólios, para a orçamentária;

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g) Contrato de Programa: instrumento utilizado para nescente acionário de propriedade particular. normas semelhantes às da Administração Pública (por
a constituição e regulação das obrigações que um ente a) Características comuns às empresas estatais: · regi- exemplo: licitação, processo seletivo para seleção de
da federação constituir para com outro, ou para com o me jurídico de direito privado parcialmente derrogado pelas pessoal e prestação de contas, equiparação de seus
Consórcio Público, no âmbito da gestão associada em normas de direito público, portanto, um regime híbrido; a empregados aos servidores públicos para fins crimi-
que haja a prestação de serviços públicos ou a trans- criação e a extinção não ocorrem diretamente por lei e, sim, nais e de improbidade administrativa); e · a atuação
ferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal são autorizadas por lei específica; · sujeição ao princípio estatal é de fomento e não de prestação de serviço
ou de bens necessários à continuidade dos serviços da especialidade, pois são vinculadas aos fins definidos na público.
transferidos. Podem existir diversos Contratos de Pro- lei autorizadora; · seu objeto pode ser tanto a prestação b) Organizações Sociais: estão disciplinadas, no
grama dentro de um mesmo Consórcio, podendo ter de um serviço público ou a exploração de certa atividade âmbito federal, pela Lei nº 9.637/98 e pelo Decreto nº
como objeto a prestação de serviço público, a transfe- econômica; e · sujeição aos controles jurisdicional, parla- 5.396/05, que as regulamentam; b1) Conceito: são
rência de bens, os encargos e pessoal. Depreende-se mentar e social; pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrati-
que o Contrato de Programa pode ser celebrado: (i) no b) Diferenças entre as empresas estatais: b1) Empresas vos, qualificadas livremente pelo Ministro ou titular do
próprio âmbito do Consórcio Público, ou seja, entre o Públicas: · seu capital social é constituído por recursos in- órgão supervisor ou regulador da área de atividade
Consórcio e um de seus consorciados, quando este tegralmente provenientes de pessoas de Direito Público; e correspondente ao seu objeto social e pelo Ministro
assumir a obrigação de prestar serviços por meio de · podem adotar qualquer forma societária admitida em di- do Planejamento, Orçamento e Gestão, que executam
seus órgãos (Administração Direta) ou através de en- reito, inclusive a de Sociedade Anônima; b2) Sociedade de atividades dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao
tidade da Administração Indireta; ou (ii) fora do âmbito Economia Mista: · tem capital social formado pela conju- desenvolvimento tecnológico, à proteção e preserva-
do Consórcio, situação em que a gestão associada gação de recursos particulares com recursos provenientes ção do meio ambiente, à cultura e à saúde, desde que
será disciplinada por meio do Contrato de Programa, de pessoas jurídicas de direito público ou de entidades de a pessoa atenda a determinados requisitos formais,
não sendo exigida a constituição de Consórcio Públi- suas administrações indiretas, com prevalência acionária firmando, para tanto, contrato de gestão com o Poder
co. Quando não vinculado a Consórcio ou a convênio concentrada na esfera governamental; e · adotam, obriga- Público; b2) Características: · não integram a admi-
de cooperação, deverá observar os termos do art. 116 toriamente, a forma de Sociedade Anônima; nistração indireta, pois são organizações particulares
da Lei Federal nº 8.666/93); c) Regime Jurídico das Empresas Estatais: c1) Empre- alheias à estrutura governamental (não recebem dele-
h) Gestão Associada de Serviços Públicos: pode- sas Estatais prestadoras de serviços públicos: · gozam gação de prestação de serviço público); · não têm fins
rá ocorrer através: (i) de constituição de Consórcio de imunidade tributária a impostos, nos termos do art. 150, lucrativos; · têm como órgão superior um Conselho de
Público, com personalidade de direito público, sob a § 3º, da CF; · têm responsabilidade objetiva (artigo 37, § Administração, com atribuições normativas e de con-
forma de associação pública, integrando a Administra- 6º, CF); · a licitação e os contratos sujeitam-se ao regime trole, cuja composição deve possuir representantes do
ção Indireta; (ii) de constituição de Consórcio Público, da Lei nº 8.666/93; e · seus agentes são considerados em- Governo e representantes da comunidade, de notória
com personalidade de direito privado, sob a forma de pregados públicos, regidos pelo regime da CLT, e não pos- capacidade profissional e idoneidade moral; · formu-
associação civil; (iii) de convênio de cooperação; e (iv) suem estabilidade (logo, seus litígios, envolvendo matéria lam Contrato de Gestão com o Poder Público – que
de contrato de programa, que poderá estar vinculado a trabalhista, devem ser julgados pela Justiça do Trabalho pode ser definido como o vínculo jurídico firmado entre
um Consórcio Público, a um convênio de cooperação nos termos do art. 144, I, da CF); c2) Empresas Estatais o Poder Público e a entidade privada, no qual serão
ou, ainda, não depender de qualquer tipo de ajuste; exploradoras de atividades econômicas: em consonância discriminadas as respectivas atribuições, responsabili-
i) Distinção entre Consórcios Públicos e Convê- com o art. 173, estas possuem regimes jurídicos que se dades e obrigações a serem cumpridas pela entidade
nios: os Consórcios Públicos têm personalidade assemelham aos das empresas do setor privado. Assim, (em troca, o Poder Público pode auxiliar de diversas
jurídica, enquanto os Convênios são simples acordos não gozam de imunidade tributária e de nenhum benefício formas: cedendo bens públicos, mediante permissão
temporários de atuação conjunta, sem resultar na cria- fiscal, a não ser que tais benefícios sejam estendidos às de- de uso e sem licitação, transferindo recursos orçamen-
ção de pessoa jurídica; na forma da Lei nº 11.107/2005 mais empresas privadas exploradoras da mesma atividade tários ou cedendo servidores públicos a expensas do
(art. 1º), apenas entes federativos podem compor o econômica. Sua responsabilidade é subjetiva e o Estado Estado); · quando firmam contratos administrativos
Consórcio Público, os Convênios podem ser firmados não responde subsidiariamente por seus atos. Para a ela- de prestação de serviços públicos, com entidades da
entre referidas pessoas, entidades ou instituições pri- boração de seus contratos, só devem licitar os objetos que Administração Pública, há dispensa de licitação nos
vadas; os Consórcios Públicos são pessoas jurídicas estão compreendidos em suas atividades-meio. termos do art. 24, XXIV, da Lei nº 8.666/93; · relativa-
que integram a Administração Pública de todos os en- mente aos recursos por elas administrados, oriundos
tes consorciados; os Consórcios Públicos podem ser 3. Terceiro Setor/Entidades Paraestatais: são entidades de repasse da União, devem realizar licitação, nos
formados por entes federativos de níveis distintos (por que atuam ao lado do Estado, colaborando com este. Não termos do Decreto 5.504/05, para as obras, compras,
exemplo: União, Estados e Municípios); os Consórcios integram a administração indireta e possuem as seguintes serviços e alienações; · o ato de qualificação é dis-
Públicos, como os Convênios de Cooperação, podem características: · são entidades privadas, criadas por parti- cricionário, emitido pelo Poder Executivo, mediante
autorizar a gestão associada de serviços públicos. culares, na forma prevista na legislação civil; · desempe- Decreto, e a desqualificação dá-se por processo ad-
2.4. Fundações: são pessoas jurídicas de direito nham serviços não exclusivos do Estado, já que não são ministrativo com a garantia da ampla defesa e contra-
público que têm como substrato um patrimônio perso- categorizados, constitucionalmente, como serviços públi- ditório; · podem atuar nas áreas de ensino, pesquisa
nalizado. Adotam o regime jurídico similar ao das au- cos (porém atuam em colaboração com o Poder Público); científica, desenvolvimento tecnológico, proteção e
tarquias. Portanto, apresentam as mesmas caracterís- · recebem algum tipo de incentivo do Poder Público (por preservação do meio ambiente, cultura e saúde; e · o
ticas descritas no item 2.1, com a seguinte diferença: tais razões, sujeitam-se ao controle do Tribunal de Contas); Poder Público poderá destinar recursos orçamentários
não são criadas por lei específica, como as autarquias, · submetem-se ao regime jurídico predominantemente de e bens necessários ao cumprimento do contrato de
e sim autorizadas por lei. E, para suas perfeitas for- direito privado, porém há parcial derrogação de certas nor- gestão, mediante permissão de uso, com dispensa de
malizações, devem ser, posteriormente, registradas no mas pelo Direito Público; e · devem realizar licitação para licitação, assim como ceder servidores públicos com
órgão competente. suas contratações. Dentre elas, destacam: ônus para a origem.
2.5. Empresas Estatais: designativo genérico utiliza- a) Serviço Social Autônomo: é constituído pelo conheci- c) Organizações da Sociedade Civil de Interesse
do para fazer referência às empresas públicas e às do Sistema S, nome pelo qual ficou convencionado chamar Público – OSCIP: instituídas pela Lei nº 9.790/99 e
sociedades de economia mista que são coadjuvantes o conjunto de 11 contribuições de interesse de categorias regulamentadas pelo Decreto nº 3100/99; c1) Concei-
de misteres estatais. Podem explorar atividades eco- profissionais, estabelecidas pela Constituição Federal. As to: são pessoas jurídicas de direito privado, sem fins
nômicas que, em princípio, competem às empresas referidas contribuições incidem sobre a folha de salários lucrativos, criadas por iniciativa de particulares para o
privadas e, suplementarmente, pode o Estado prota- das empresas pertencentes à categoria correspondente e desempenho de serviços sociais, não exclusivos do
gonizá-las (art. 173 da CF); prestar serviços públicos; destinam-se a financiar atividades que visam o aperfeiço- Estado, mediante incentivo e fiscalização do Poder
e coordenar a execução de obras públicas. Em razão amento profissional e a melhoria do bem-estar social dos Público, com vínculo jurídico instituído por intermédio
destas atividades é que serão definidos os seus regi- trabalhadores. Dentre os Serviços Sociais Autônomos, do Termo de Parceria; c2) Características: · entidade
mes jurídicos. destacam-se: SESI, SENAC, SENAR, SENAI, SEBRAE, privada sem fins lucrativos: · firmam Termo de Parce-
2.5.1. Empresa Pública: pessoa jurídica, com perso- SESC, SEST, SENAT e SESCOOP; a1) Conceito: são ria, que é o instrumento de cooperação entre o Poder
nalidade de direito privado, criada, por força de au- entes paraestatais, de cooperação com o Poder Público, Público e as entidades qualificadas como OSCIP, para
torização legal, como instrumento de ação do Estado com administração e patrimônio próprios, revestindo-se da o fomento e a execução das atividades de interesse
para a prestação de serviços públicos ou a exploração forma de instituições particulares convencionais (funda- público, previstas em Lei; · se preenchidos os requi-
de atividade econômica. Submete-se a certas regras ções, sociedades civis ou associações) ou peculiares ao sitos legais, a atribuição não é ato discricionário, mas
especiais, por ser coadjuvante da ação governamen- desempenho de suas incumbências estatutárias; a2) Ca- vinculado, e a sua desqualificação se dá a pedido ou
tal, constituída sob quaisquer das formas societárias racterísticas: · não integram a administração indireta, atu- mediante decisão proferida em processo administrati-
admitidas em direito e com capital formado unicamen- am ao lado do Estado, recebem, por isso, oficialização do vo ou judicial (de iniciativa popular ou do Ministério Pú-
te por recursos de pessoas de direito público interno Poder Público e autorização legal para arrecadar e utilizar blico), no qual serão assegurados a ampla defesa e o
ou de pessoas de suas administrações indiretas, com em sua manutenção contribuições parafiscais, quando não contraditório; · a Lei estabelece uma relação exaustiva
predominância acionária residente na esfera federal. são subsidiadas diretamente por recursos orçamentários das atividades que podem desempenhar, todas com
2.5.2. Sociedade de Economia Mista: pessoa jurídi- da entidade que as criou; · as leis que deram origem a tais fins considerados de interesse público, dentre elas,
ca, com personalidade de direito privado, criada, por entidades não as criaram diretamente, nem autorizaram o salientam-se as promoções da assistência social, da
força de autorização legal, como instrumento de ação Poder Executivo a fazê-lo (como ocorrem com as entidades cultura, do desenvolvimento econômico e social e do
do Estado para a prestação de serviços públicos ou da administração indireta, tais leis atribuíram tais encargos combate à pobreza; · há possibilidade de se instituir
a exploração de atividade econômica. Submete-se a às respectivas Confederações Nacionais); · não prestam remuneração para os dirigentes da entidade, nos
certas regras especiais, por ser auxiliar da atuação serviço público delegado pelo Estado, mas, sim, atividade casos detalhados na Lei; · a Lei excluiu da possibi-
governamental. É constituída, exclusivamente, sob a privada de interesse público e, por isso, são incentivadas lidade de qualificarem-se como OSCIP alguns tipos
forma de Sociedade Anônima, cujas ações, com direi- pelo Poder Público; · por administrarem verbas decorren- de instituições, como, por exemplo, as sociedades co-
to a voto, pertencem, em sua maioria, à União ou à tes de contribuições parafiscais e gozarem de uma série merciais, os sindicatos, as associações de classe, as
entidade de sua administração indireta, sobre rema- de privilégios próprios de entes públicos, estão sujeitas às instituições religiosas, as organizações partidárias, as

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cooperativas, entre outras; · para a obtenção do título, talações e sua conservação, além da melhoria e expansão Para cada finalidade que a administração pretende
é necessário o requerimento ao Ministro de Estado de do serviço; alcançar, existe um ato definido em Lei;
Justiça; · o Decreto nº 3.100/99 estabelece, em ca- j) Impessoalidade: veda a discriminação entre os usuários e) Motivo: é o pressuposto de fato que autoriza ou
ráter facultativo, a realização de concurso de projetos do serviço prestado. exige a prática do ato e pode estar, ou não, descrito
como critério de escolha da OSCIP parceira (art. 23); antecipadamente em Lei. Quando previsto em Lei, o
· o artigo 14 dispõe que a organização parceira fará 3. Titularidade do serviço e da prestação: a titularidade agente só pode praticá-lo se ocorrer a situação pre-
regulamento próprio para a contratação de obras e não se confunde com a prestação do serviço. A primeira vista. Contrariamente, quando não houver previsão
serviços, bem como para compras com emprego de pertence ao ente político (União, Estado, DF e Municípios), legal, o agente público tem liberdade de escolha da
recursos provenientes do Poder Público, observados designado constitucionalmente. A segunda àquele que tem situação em vista da qual editará o ato. A validade do
os princípios da impessoalidade, legalidade, morali- a obrigação de executá-la, que pode estar concentrada na mesmo dependerá da existência do motivo enunciado.
dade, publicidade, economicidade e eficiência; · tais mesma pessoa que titulariza o serviço ou em entidade de Isto implica na vinculação do administrador ao motivo
entidades sujeitam-se ao controle realizado pelo Tri- sua administração indireta, assim como pode residir em que houver alegado para produzi-lo.
bunal de Contas; e · a Lei não especificou quais as empresa do setor privado (concessionária e permissioná-
formas de fomento repassadas pelo Poder Público, há ria). 5. Teoria dos motivos determinantes: no compas-
apenas certas referências a bens e recursos de origem so das diferenças firmadas entre motivo e motivação,
pública; c3) As OSCIPS se diferenciam das Orga- 4. Serviços Públicos e outras atividades estatais: nem surge a teoria dos motivos determinantes, significando
nizações Sociais, especialmente, nas seguintes todas as atividades prestadas pelo Estado são definidas que, uma vez enunciados os motivos pelo agente que
características: · a atribuição do qualificativo não é como Serviço Público, pois algumas se submetem a outro praticou o ato, mesmo que esta exigência não conste
discricionária, mas vinculada e aberta a qualquer su- regime jurídico. Dentre as atividades estatais, destacam-se: expressamente na Lei, a sua validade fica atrelada à
jeito que preencha os requisitos indicados na Lei; não a) Obra Pública: é a construção, a reparação, a edificação efetiva ocorrência dos mesmos. Os motivos invoca-
há previsão de trespasse de servidores públicos; não ou a ampliação de um bem imóvel pertencente ou incor- dos, de fato, não podem ser falsos, inexistentes ou
celebram contrato de gestão, mas termo de parceria; o porado ao domínio público, inconfundível com a noção de equivocadamente qualificados, sob pena de conduzir
Poder Público não participa de seus quadros diretivos; serviço; b) Poder de Polícia: visa restringir, limitar e condi- o ato à invalidação.
o objeto da atividade das OSCIPS é muito mais amplo; cionar as possibilidades de sua atuação livre para que seja
há possibilidade de se instituir remuneração para os possível um bom convívio social e; c) Exploração estatal 6. Atributos do ato administrativo: são as qualifica-
dirigentes da entidade, nos casos detalhados na Lei; e de atividade econômica: desempenhada sob o regime de ções próprias que cada ato tem. Entre tais atributos,
a entidade, para se qualificar, tem de ter existência le- Direito Privado, por se constituir em atividades próprias dos salientam-se:
gal, isso porque, dentre os documentos exigidos para particulares e não do Estado. a) Presunção de legitimidade: todo ato administra-
a obtenção da qualificação, estão o balanço patrimo- LINK ACADÊMICO 4 tivo tem presunção de legitimidade, até que se prove
nial, o demonstrativo de resultados do exercício e a o contrário, subsistindo até uma eventual decretação
declaração de isenção de imposto de renda. ATO ADMINISTRATIVO de invalidade. Significa afirmar que milita a favor deles
LINK ACADÊMICO 3 uma presunção “juris tantum” de legitimidade e traz
1. Distinção entre fato e ato administrativo: fato jurídico alguns efeitos como a inversão do ônus da prova e
SERVIÇO PÚBLICO pode ser um evento material ou uma conduta humana, vo- a obrigatoriedade de seu cumprimento até a prova de
luntária ou involuntária, preordenada ou não, a interferir na sua ilegitimidade ou falsidade;
1. Conceito: é toda atividade de oferecimento de uti- ordem jurídica. Ele será administrativo quando sofrer a in- b) Imperatividade: é a qualidade que possuem os
lidade ou comodidade material destinada à satisfação cidência das normas do Direito Administrativo reguladoras atos administrativos de se imporem aos particulares,
da coletividade em geral, mas fruível, singularmente, do procedimento e da competência do órgão produtor do independentemente de sua livre manifestação de von-
pelos administrados que o Estado assume como per- ato. Enquanto que ato administrativo nada mais é do que tade. Prerrogativa que permite ao Poder Público editar
tinente a seus deveres e presta por si mesmo ou por uma espécie de ato jurídico que apresenta caracteres pe- atos que vão além da esfera jurídica do sujeito emiten-
quem lhe faça as vezes, sob o regime de direito públi- culiares decorrentes de sua submissão ao regime jurídico- te e interferem na esfera jurídica de outras pessoas,
co – portanto, consagrador de prerrogativas de supre- administrativo que regula às condições de sua produção, constituindo-as, unilateralmente, em obrigações. Tal
macia e de restrições especiais –, instituído em favor validade e eficácia. Das diferenças entre as duas catego- prerrogativa inexiste nos atos concessivos de direitos,
dos interesses definidos como públicos no sistema rias, observa-se que o ato administrativo pode ser anulado assim como aqueles meramente enunciativos, como é
normativo. (Bandeira de Mello, Celso Antônio. Curso ou revogado, dentro dos limites permitidos pelo Direito, e o caso das certidões;
de Direito Administrativo. 19ª Ed. São Paulo: Malhei- goza da presunção de legitimidade, enquanto que o fato c) Exigibilidade: é a qualidade em virtude da qual o
ros, 2005, p. 634). jurídico não possui tais características, em razão de sua Estado, no exercício da função administrativa, se sub-
própria natureza. roga no direito de exigir dos particulares o cumprimen-
2. Princípios: to das obrigações por ele impostas, sem recurso ao
a) Dever inexorável do Estado de promover-lhe a 2. Conceito de ato administrativo: é uma declaração do Poder Judiciário. Não se confunde com a imperativi-
prestação: é obrigação do Estado prestá-lo, direta ou Estado ou de quem o represente, que produz efeitos jurídi- dade, pois, através desta, apenas se constitui o ad-
indiretamente, mediante autorização, concessão ou cos imediatos com observância de lei, sob regime jurídico ministrado em uma dada situação, enquanto que pela
permissão, sob pena de ser acionado judicialmente de direito público (DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito exigibilidade se impele ao atendimento da obrigação já
pela sua omissão; Administrativo. São Paulo: Atlas, 2006, p. 206). imposta, sem recurso ao Judiciário, para se induzir o
b) Supremacia do interesse público: deve haver administrado a observá-la;
predominância das conveniências dos interesses ge- 3. Distinção entre atos da Administração e atos admi- d) Executoriedade: é o atributo que reveste o ato
rais, proibindo-se que os interesses secundários do nistrativos: a Administração pratica inúmeros atos que administrativo, permitindo ao Poder Público compelir,
Estado possam sobre eles prevalecer; não são considerados atos administrativos puros, pois se materialmente, o administrado ao cumprimento da
c) Universalidade: visa garantir o acesso do serviço submetem a um regime jurídico diferente dos atos conside- obrigação que impôs e exigiu, sem necessidade de
público a todos os membros da coletividade; rados administrativos propriamente ditos. Dentre esses úl- buscar, previamente, as vias judiciais. Diferencia-se
d) Continuidade: impossibilita a interrupção da pres- timos, destacam-se: atos regidos pelo Direito Privado (nos da exigibilidade, pois esta não garante, por si só, a
tação do serviço público. Porém, não se caracteriza quais o Direito Administrativo só regula as condições de possibilidade de coação material para a execução do
como descontinuidade a sua interrupção em situação emanação, mas não disciplina o conteúdo e efeitos deste ato, apenas a indução ao cumprimento da execução.
de emergência ou após prévio aviso, quando motivada ato), os atos materiais e os atos políticos ou de Governo. Enquanto que na executoriedade a prerrogativa da
por razões de ordem técnica ou de segurança das ins- Administração Pública vai mais além, pois o particular
talações, assim como nas hipóteses de inadimplência 4. Requisitos do ato administrativo: pode ser compelido, inclusive, materialmente a aten-
do usuário, levando-se em consideração os interesses a) Sujeito/Competência: é o sujeito público que edita o ato der o que exige o Estado.
da coletividade (art. 6º, § 3º da Lei nº 8987/95); administrativo e que a lei atribui competência para tanto.
e) Transparência: garante ao público em geral o am- Deve-se considerar a sua capacidade, as atribuições do 7. Classificação dos atos administrativos:
plo conhecimento de todas as informações referentes órgão produtor, a existência, ou não, de impedimento e sua 7.1. Quanto à natureza da atividade:
ao serviço público e a sua prestação; atuação no caso concreto. Ressalte-se, aqui, a idéia de a) Atos de administração ativa: são aqueles que
f) Motivação: todas as tomadas de decisões devem agente de fato como aquele sujeito cuja investidura é tida objetivam criar uma utilidade pública constituindo si-
ser fundamentadas; por irregular, mas que pratica atos administrativos como se tuações jurídicas. Ex: licenças;
g) Modicidade das tarifas: decorrência do princípio preenchesse tal requisito; b) Atos de administração consultiva: objetivam in-
da universalidade, pois todos têm o direito ao desfrute b) Forma: é o revestimento externo do ato, previsto, ou formar, esclarecer e sugerir providências administrati-
do serviço, mediante pagamento que não lhe onere não, em Lei. Na primeira hipótese, se constitui em elemento vas a serem estabelecidas em atos de administração
excessivamente; vinculado do ato e seu desrespeito compromete sua valida- ativa. Ex: pareceres;
h) Controle: garante que o serviço seja prestado de de. Não se confunde com a sua formalização, pois esta é c) Atos de administração controladora ou de con-
maneira adequada ao pleno atendimento dos usuá- uma dada solenização requerida para a perfeita edição do trole: objetivam impedir ou permitir a produção ou a
rios, que se verifica diante da satisfação das condições ato. É um modo específico de apresentação da forma; eficácia dos atos de administração ativa, por intermé-
de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, c) Objeto: é o que o ato estabelece, renuncia, enuncia, re- dio de exame prévio ou posterior, da conveniência ou
atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e gula e deve ser lícito, possível e determinado legalmente. O da legalidade deles. Ex: homologações;
modicidade na cobrança das tarifas; ato que incida sobre objeto inexistente pode até ter existên- d) Atos de administração verificadora: visam apurar
i) Adaptabilidade: a prestação deve acompanhar a cia material, ser juridicamente relevante, mas não pode ser ou documentar a preexistência de uma situação fática
modernização tecnológica, segundo as possibilida- reputado como ato administrativo. Pode ser considerado ou jurídica. Ex: registro;
des econômicas do ente encarregado da prestação, mero fato administrativo; e) Atos de administração contenciosa: objetivam
e compreende não só a modernização das técnicas d) Finalidade: é o bem jurídico objetivado pelo ato, o resul- julgar certas situações em procedimentos contraditó-
utilizadas como, também, dos equipamentos e das ins- tado que a administração quer alcançar com a sua prática. rios, podendo ser revistos pelo Judiciário. Ex: proces-

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so administrativo. atos administrativos, ressalta-se que há certos elementos dor Geral do Estado) e Portaria (atos de dirigentes das
7.2. Quanto à estrutura do ato: vinculados (competência, forma e finalidade), onde não entidades descentralizadas); c) Circular: é o ato utili-
a) Atos concretos: são aqueles que se esgotam em se admite juízo subjetivo e, se ultrapassados tais limites, zado pelas autoridades administrativas para transmitir
uma única aplicação. Ex: nomeação de um servidor; a decisão passa a ser considerada arbitrária. A atuação, ordens internas uniformes a seus subordinados;
b) Atos abstratos: são aqueles que alcançam um portanto, é vinculada quando o legislador, antecipadamen- d) Despacho: ato administrativo cujo conteúdo con-
número indeterminado de destinatários e prevêem te, prevê o único comportamento possível a ser praticado tém decisão das autoridades administrativas, sobre
reiteradas aplicações sempre que aquela situação ti- pelo agente público. Por outro lado, é discricionária quan- assunto de interesse individual ou coletivo, submetido
pificada ocorra. Ex: regulamentos; do, diante do caso concreto, deixa ao mesmo, pelo menos, às suas apreciações;
7.3. Quanto aos destinatários: duas opções de escolhas, todas válidas juridicamente. A e) Alvará: forma utilizada para a administração con-
a) Atos individuais: são aqueles que possuem des- discricionariedade, comumente, reside no motivo (quando ceder licença ou autorização para a prática de ato ou
tinatários específicos. Ex: a nomeação e a demissão a Lei não o define ou, se o define, utiliza-se de conceitos exercício de atividade, sujeito ao poder de polícia.
de servidor; vagos ou indeterminados, impossíveis de se reduzir a sua
b) Atos gerais: alcançam todos os indivíduos em aplicação a uma única hipótese de cabimento), no conteú- 11. Atos administrativos nulos, anuláveis, inexis-
dada situação. Ex: regulamento. do ou no objeto (a Lei prevê vários objetos possíveis para tentes e irregulares: há divergência doutrinária quan-
7.4. Quanto aos efeitos: se atingir o mesmo fim) do ato administrativo. to à forma de classificação dos atos ilegais. A impor-
a) Atos constitutivos: são aqueles por meio dos tância desta discussão está na possibilidade, ou não,
quais a administração cria, modifica ou extingue um 9. Controle dos atos administrativos: o ato administrati- de convalidação dos atos administrativos, produzidos
direito ou uma situação do particular. Ex: permissão. vo, assim como todos os comportamentos da Administração com mácula, em algum de seus elementos. Comu-
b) Atos declaratórios: são aqueles em que a admi- Pública, está sujeito a amplos controles realizados pela pró- mente, são categorizáveis como inválidos os atos:
nistração apenas reconhece um direito pré-existente pria administração, no exercício da autotutela, espontane- a) Nulos: são aqueles que, pela natureza do vício
ao ato administrativo. Ex: licença para construir. amente ou mediante provocação de terceiros e pelo Poder (objeto, finalidade, motivo e causa), não admitem
c) Enunciativos: são aqueles em que a administração Judiciário, quando provocado, por força da determinação convalidação, assim como aqueles que a lei assim os
atesta ou reconhece uma dada situação de fato ou de constitucional de que nenhum ato pode escapar desta apre- declare. Têm maior prazo prescricional e sua fulmina-
direito. Ex: das certidões e atestados. ciação. A diferença que faz, quanto ao controle feito pelo ção pode se dar por provocação do Ministério Público,
7.5. Quanto à composição da vontade produtora Judiciário, leva em consideração os aspectos de vinculação quando for possível intervir no feito ou “ex officio” pelo
do ato: e discricionariedade deste tipo de ato jurídico. O controle ju- Judiciário, assim como, a qualquer tempo, pela própria
a) Ato simples: são aqueles decorrentes da mani- dicial do ato vinculado é feito pela análise de seus aspectos administração no exercício da autotutela;
festação de vontade de um único órgão, seja singular legais, podendo-se investigar a validade de todos os seus b) Anuláveis: são aqueles praticados com vício de
ou colegiado. Ex: a deliberação, pelo Prefeito, de um elementos, ou seja, competência, objeto, motivo, finalidade competência, vontade e de forma, assim como aque-
Conselho ou nomeação de um servidor para cargo em e forma. E, no controle dos atos discricionários, o Judiciário les que a lei assim declarar. Admitem convalidação
comissão; não pode violar o mérito do ato que se reporta à apreciação quando passíveis de serem reproduzidos sem vícios.
b) Ato composto: é aquele formado pela vontade de de sua oportunidade e conveniência, diante do interesse Seu prazo prescricional é menor e sua fulminação de-
dois ou mais órgãos, sendo a manifestação de um de- público a atingir. Pode apreciá-lo objetivamente em seus pende de argüição pelos interessados;
les instrumental em relação ao outro que edita o ato aspectos de legalidade (com referência aos elementos vin- c) Inexistentes: são aqueles que correspondem a
principal. Há um ato principal e outro acessório, po- culados no ato discricionário), mas deve respeitar os limites comportamentos criminosos vedados pelo Direito e
dendo este ser complementar ou pressuposto daque- discricionários conferidos à Administração Pública, pois a que não admitem convalidação;
le. Ex: a nomeação do Procurador Geral da República, opção por uma das escolhas legalmente possíveis insere- d) Irregulares: são atos que possuem todos os requi-
que depende de aprovação pelo Senado; se no campo de competência administrativa, não devendo sitos de existência e de validade, porém contém pe-
c) Ato complexo: é aquele produzido por um ou mais o Judiciário ultrapassar tais limites. quena irregularidade, sem o condão de maculá-la;
órgãos cujas vontades se unificam para a formação
de um único ato. As vontades são homogêneas e se 10. Atos administrativos em espécies: 12. Panorama de extinção dos atos administrati-
fundem em um só ato. Ex: decreto assinado pelo Pre- 10.1. Quanto ao conteúdo: vos:
sidente da República e referendado pelo Ministro de a) Autorização: ato administrativo unilateral, discricionário 12.1. Cumprimento de seus efeitos: o ato adminis-
Estado. e precário, por intermédio do qual a administração faculta trativo desaparece assim que seus efeitos se realizam
7.6. Quanto à posição jurídica da administração: ao particular o uso privativo de bem público (autorização e tal fenômeno pode se dar pelo esgotamento de seu
a) Atos de império: são os unilaterais, praticados pelo de uso), a prestação de um serviço público (autorização de conteúdo, pela execução material do ato, ou por ter
Estado, no exercício de prerrogativas e privilégios de serviço público), o desempenho de atividade material, ou a alcançado seu objetivo.
autoridade pública e impostos coercitivamente ao ad- prática de ato que, sem esse consentimento, seria conside- 12.2. Desaparecimento do sujeito ou de seu ob-
ministrado. Exemplo: cláusulas exorbitantes presentes rado legalmente proibido. É ato administrativo constitutivo jeto: extingue-se o ato assim que o seu destinatário
nos contratos administrativos. de direito; desaparece, ou o próprio objeto.
b) Atos de gestão: são aqueles produzidos pela ad- b) Licença: ato administrativo unilateral e vinculado, por 12.3. Retirada: o ato administrativo desaparece dada
ministração, em posição de igualdade com o particular, meio do qual a administração faculta àquele que preencha a ocorrência de um dos seguintes fenômenos:
na administração da coisa pública e na gestão de seus os requisitos legais o exercício de uma atividade. É ato de- a) Revogação: é a extinção de um ato administrativo
serviços. claratório de direito. Exemplo: licença para construir; por outro ato administrativo, efetuada, discricionaria-
7.7. Quanto à formação do ato: c) Admissão: ato administrativo unilateral e vinculado, por mente, por razões de conveniência e oportunidade,
a) Atos unilaterais: são aqueles formados pela decla- meio do qual a administração reconhece ao particular, que respeitando-se os efeitos precedentes. Nada mais
ração de um só agente. Ex: aplicação de multas; preencha os requisitos legais, o direito à prestação de um é do que a possibilidade de se reavaliar, no presen-
b) Atos bilaterais: são aqueles cuja formação depen- serviço público; te, o ato praticado no passado para se investigar se
de de um acordo de vontade das partes envolvidas. d) Permissão: ato administrativo unilateral, discricionário continua conveniente aos interesses públicos. Vale
Ex: contrato administrativo; e precário, gratuito ou oneroso, pelo qual a administração ressaltar que a revogação incide sempre sobre um o
c) Atos plurilaterais: São os convênios; faculta ao particular a utilização privativa de bem público ou ato administrativo válido. Não se admite a revogação
7.8. Quanto à liberdade: a execução de serviço público; diante das seguintes hipóteses: atos que a lei declare
a) Atos vinculados: são aqueles praticados sem a e) Aprovação: ato unilateral e discricionário, por meio do irrevogáveis, os exauridos, os vinculados, os mera-
interferência subjetiva do agente público, pois a Lei qual a administração exerce o controle “a priori” (equivale à mente administrativos, os de controle, os que integram
tipifica prévia e objetivamente o único comportamento autorização para a prática do ato) ou “a posteriori” (equivale procedimentos, os complexos e os que geram direitos
possível do agente competente para editá-lo. Ex: apo- ao referendo) do ato administrativo. Constitui condição de adquiridos. Essas situações representam barreiras ao
sentadoria compulsória; eficácia do ato; poder de revogar;
b) Atos discricionários: são aqueles praticados com f) Homologação: ato administrativo unilateral e vinculado, b) Invalidação: é a retirada do ato administrativo ou
certa margem de liberdade decisória do agente com- por meio do qual a administração reconhece a legalidade de seus efeitos, com efeito retroativo, por motivo de
petente. Ex: autorização de porte de arma. de um ato jurídico. Realiza-se sempre “a posterior” no que legalidade, podendo ser praticada pela Administração
se diferencia da aprovação; Pública, como decorrência de seu dever de obediência
8. Vinculação e discricionariedade: no desempenho g) Parecer: ato por meio do qual os órgãos consultivos da à legalidade, ou pelo Poder Judiciário, como dever de
das atividades públicas, o agente administrativo ma- administração emitem opinião sobre assuntos técnicos ou prestação jurisdicional. A invalidação incide sobre o
nuseia poderes que são condicionados pelo sistema jurídicos de suas competências. Pode ser facultativo, obri- ato administrativo ilegal;
normativo. Às vezes, esse atuar está completamente gatório (porém não vinculante, como na hipótese da con- c) Cassação: é a retirada do ato administrativo porque
descrito, antecipadamente, na regra de competência, sulta feita ao Conselho da República e da Defesa Nacional, o destinatário deixou de atender às condições que de-
não restando ao agente competente nenhuma interfe- antes da declaração do estado de defesa e de sítio) e vin- veriam permanecer preenchidas para a permanência
rência subjetiva. Neste caso, diz que o seu agir é vincu- culante (quando solicitado, deve-se acatar a conclusão); do ato;
lado, uma vez que não lhe resta nenhuma outra opção, h) Visto: ato administrativo unilateral, por meio do qual a d) Caducidade: é a retirada do ato administrativo,
só devendo agir segundo aquela maneira indicada em autoridade competente atesta a legitimidade formal de ou- pela perda de seus efeitos jurídicos, em decorrência
Lei. Quando o legislador deixa ao agente administrati- tro ato jurídico. de norma jurídica superveniente contrária àquela que
vo certa margem de liberdade decisória diante do ato 10.2. Quanto à forma: permitia a prática do ato retirado;
a ser produzido, diz-se que seu atuar é discricionário, a) Decreto: forma pela qual se revestem os atos individu- e) Contraposição: é a retirada de um ato administrati-
pois ele poderá optar por uma dentre várias soluções ais ou gerais, emanados pelo Chefe do Poder Executivo. vo, em decorrência da edição de outro ato administra-
possíveis e válidas para o direito, assim como ótimas Ex: desapropriação; b) Resolução e Portaria: formas pelas tivo, emitido com fundamento em competência diversa
para o atendimento do interesse público. A discricio- quais se revestem os atos individuais ou gerais, emanados daquela que gerou o ato anterior, porém com efeitos
nariedade significa liberdade de atuação nos limites de autoridades diferentes do Chefe do Poder Executivo. contrapostos aos daquele.
estipulados pela lei. No entanto, nesta categoria de Ex: Resolução (atos de Secretários de Estado e Procura- 12.4. Renúncia: extingue-se o ato administrativo

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quando o próprio destinatário abre mão dos benefícios elencar os seguintes princípios que são aplicáveis ao pro- sa, relatório e decisão. Se faltarem elementos para
que ele lhe proporciona. cesso administrativos: instaurar diretamente o processo deverá ser aberto
4.1. Princípio da audiência do interessado: consiste na previamente uma sindicância (utilizada para apurar
13. Convalidação: é o suprimento da invalidade de um oitiva do interessado, assegurando a ampla defesa e o con- as ocorrências, fornecendo elementos concretos para
ato administrativo com efeitos retroativos, podendo ser traditório; abertura do processo administrativo). Com a conclu-
praticada pela Administração Pública ou pelo próprio 4.2. Princípio da acessibilidade aos elementos do expe- são do processo caberá pedido de reconsideração e
destinatário do ato, quando o vício estiver na ausência diente: permite à parte o acesso ao exame da documenta- os recursos hierárquicos e de revisão admitidos na
de sua manifestação. É importante salientar que nem ção constante dos autos, implicando na transparência dos legislação estatutária.
todos os atos viciados se submetem à convalidação; atos do processo (que só pode ser restringido por razões de
só podem ser convalidáveis os atos potencialmente segurança da sociedade e do Estado ou quando a defesa 7. Sindicância: É a fase preliminar do processo ad-
corrigíveis e aqueles que não tenham sido impugna- da intimidade ou o interesse social o exigirem); ministrativo, na qual se apura a ocorrência de irregu-
dos. De outra feita, são inconvalidáveis os atos que 4.3. Princípio da ampla instrução probatória: figura-se laridade no serviço público (corresponde ao inquérito
não podem ser produzidos sem a repetição do vício ou como o direito de produzir e da fiscalizar as provas insertas policial). Possui um procedimento menos formal, não
aqueles já impugnados ou desatendidos pelo particu- nos autos; se exige a formação de comissão sindicante, podendo
lar. A convalidação pode ocorrer por: a) Ratificação: 4.4. Princípio da motivação: decorre da obrigatoriedade realizar-se por um ou mais funcionários designados
é o suprimento da invalidade pelo mesmo agente que de estarem expressas as razões, o fundamento normativo pela autoridade competente, precede o processo
praticou o ato; b) Confirmação: é o suprimento da e fático das decisões; significando o direito a uma decisão administrativo disciplinar. Com a sua conclusão, o
invalidade por outra autoridade diferente daquela que devidamente justificada; resultado será: a) arquivamento; b) aplicação de ad-
editou o ato viciado; e c) Saneamento: é o suprimento 4.5 Princípio da revisibilidade: refere-se ao direito do vertência ou suspensão de até 30 dias; c) instauração
da invalidade, pelo particular destinatário do mesmo, interessado em rever a decisão que lhe foi desfavorável, de processo administrativo.
que sofreu os efeitos do ato inválido. só não será possível essa revisão se a decisão for emitida LINK ACADÊMICO 6
pela autoridade de mais alto escalão administrativo (enseja,
14. Distinção entre conversão e convalidação: apenas, o cabimento de pedido de reconsideração);
ocorre a conversão quando o agente público trespas- 4.6 Princípio da representação: a parte poderá escolher
sa um ato de uma categoria na qual seria considerado alguém para auxiliá-la, inclusive, um perito, no caso de uma
inválido para outra categoria na qual seria válido, com avaliação técnica;
efeitos retroativos. É o caso da conversão de uma no- 4.7 Princípio da lealdade e da boa-fé: por este princípio
meação em caráter efetivo para cargo de provimento a Administração deve no transcurso do processo pautar-se
A coleção Guia Acadêmico é o ponto de partida dos
em comissão. na honestidade, na boa-fé; estudos das disciplinas dos cursos de graduação, de-
LINK ACADÊMICO 5 4.8 Princípio da verdade material: a Administração deve vendo ser complementada com o material disponível
buscar o que for realmente verdadeiro para atingir o inte- nos Links e com a leitura de livros didáticos.
resse público;
PROCESSO ADMINISTRATIVO 4.9 Princípio da oficialidade ou impulsão: visa assegurar Direito Administrativo I – 2ª edição - 2009
a possibilidade de instauração do processo por iniciativa da Coordenador:
1. Considerações Gerais: pode ser utilizado em di- Administração, independentemente de provocação do ad- Carlos Eduardo Brocanella Witter, Professor universi-
ferentes sentidos, desde a organização de papéis e ministrado e ainda a possibilidade de impulsionar o proces- tário e de cursos preparatórios há mais de 10 anos,
documentos numa pasta referentes a um dado assun- so, podendo agir “ex officio” Este princípio não é aplicável Especialista em Direito Educacional; Mestre em Edu-
cação e Semiótica Jurídica; Membro da Associação
to de interesse da administração até como sinônimo a todos os processos, pois naqueles em que se afiguram Brasileira para o Progresso da Ciência; Palestrante;
de processo disciplinar, no qual são apuradas as infra- exclusivo interesse do particular, a Administração não tem Advogado e Autor de obras jurídicas.
ções administrativas visando à punição dos infratores. o dever de prosseguir com o feito, podendo encerrar o pro- Autoras:
Necessário se faz distinguir processo de procedimen- cesso, caso o postulante permanece inerte; Daniela Haddad Franco. Advogada. Formada pela
Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo em
to, este último figura-se como a forma de proceder, ou 4.10 Princípio da gratuidade: o processo administrativo 1997.Especialista em Direito Processual Civil pela
melhor, um conjunto de formalidades que devem ser não pode causar ônus econômico ao administrado; a re- PUC/SP. Mestre em Direito Político e Econômico
observadas para a prática de certos atos administrati- gra é a da gratuidade dos atos processuais, porém, podem pela Universidade Mackenzie. Assessora de Controle
vos, representando uma seqüência ordenada de atos existir leis específicas cobrando determinados atos, o que Externo do Tribunal de Contas do Município de São
e fatos administrativos objetivando um resultado final, deve ser garantido é a modicidade das tarifas; Paulo.
Helane C. M. Cabral, graduada em Direito pela Uni-
enquanto que o processo administrativo é o instrumen- 4.11 Princípio do informalismo: aplicado a alguns pro- versidade Federal do Pará - UFPA, Mestre em Direito
to pelo qual a Administração Pública documenta suas cedimentos, consiste na aplicação menos rigorosa do for- Administrativo pela Pontifícia Universidade Católica
operações materiais ou os atos jurídicos. No âmbito malismo, bastam as formalidades estritamente necessárias de São Paulo - PUC/SP e doutora em Direito Urbanísitco
federal, o processo administrativo está disciplinado na à obtenção da certeza jurídica e à segurança do procedi- pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/
SP. Professora da Universidade Presbiteria Mackenzie,
Lei 9.784/99, sendo que os Estados e os Municípios mento. Não tem a forma rígida exigida nos processos ju- Advogada e Assessora Jurídica do Tribunal de Contas
podem promulgar suas próprias leis. diciais, mas deve ser feito por escrito e documentar tudo do Município de São Paulo.
o que ocorre no seu desenvolvimento; existindo algumas
2. Fases dos processos: os processos que irão re- situações que a lei impõe determinadas formalidades que A coleção Guia Acadêmico é uma publicação da Me-
mes Tecnologia Educacional Ltda. São Paulo-SP.
sultar em alguma decisão por parte da Administração devem ser seguidas sob pena de nulidade; Endereço eletrônico: www.memesjuridico.com.br
terão as seguintes fases: Destaque: A Lei nº 9.784/99, que regula o processo admi- Todos os direitos reservados. É terminantemente
2.1. Iniciativa ou propulsória: é a apresentação es- nistrativo na esfera federal, dispõe em seu art. 2º, “caput”, proibida a reprodução total ou parcial desta publica-
crita dos fatos e indicação do direito que ensejam o os seguintes princípios: legalidade, finalidade, motivação, ção, por qualquer meio ou processo, sem a expres-
processo. O processo administrativo pode iniciar-se de razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defe- sa autorização do autor e da editora. A violação dos
direitos autorais caracteriza crime, sem prejuízo das
ofício (ex: abertura de um concurso público) ou a pedi- sa, do contraditório, segurança jurídica, interesse público sanções civis cabíveis.
do do interessado (ex: requerimento de uma licença). e eficiência. Estes princípios já foram abordados anterior-
2.2. Instrutória: fase em que serão elucidados os mente neste guia.
pontos narrados na peça inicial; serão colhidos os
elementos; ouvidas as partes e produzidas as provas 5. Obrigatoriedade da adoção de procedimento admi-
(perícias, averiguações, exames, etc.) que servirão de nistrativo formalizado – A obrigatoriedade da adoção
subsídios para a decisão. Nesta fase são apresenta- do procedimento administrativo ocorrerá nas seguin-
das as defesas. tes situações: a) quando um interessado provocar a mani-
2.3. Dispositiva: fase do processo no qual a Admi- festação da Administração; b) quando o ato a ser emanado
nistração profere sua decisão, solucionando a contro- pela Administração envolver privação da liberdade ou de
vérsia objeto do processo.É essencial que a decisão bens do administrado; c) quando a providência administra-
seja motivada com base nos elementos constates dos tiva referir-se à matéria controversa, envolvendo litígio ou
autos. implicar imposição de sanções; d) quando a Constituição
2.4. Controladora (integrativa): nesta fase as auto- assim o exigir e, e) quando a lei ou ato administrativo o
ridades que participaram do processo analisam se a previrem.
decisão pode ser firmada ou infirmada, controlando
legalidade e mérito. 6. Processo Administrativo Disciplinar: o art. 41, II, da
2.5. Comunicação: fase onde ocorre a divulgação CF impõe a obrigatoriedade do processo administrativo
do resultado pelos meios previstos no ordenamento disciplinar para aplicação de penas que impliquem perda
jurídico. de cargo para o funcionário estável. Outras leis esparsas
também exigem este processo disciplinar para aplicação de www.memesjuridico.com.br
3. Objetivos: o processo administrativo atende a um certas sanções, como por exemplo, nos casos de suspen-
duplo objetivo: a) resguardar aos administrados o di- são por mais de 30 dias; demissão; cassação de aposen-
reito a ampla defesa e ao contraditório antes de ser tadoria e disponibilidade; destituição de cargo em comis-
tomada a decisão que irá afetá-lo e, b) demonstrar são; demissão ou dispensa de servidor estável ineficiente
uma atuação com clareza e transparência da Adminis- ou desidioso. Este processo é realizado por comissões
tração, objetivando escolher a melhor forma para se disciplinares, cujos componentes devem ser funcionários
resguardar o interesse público em causa. estáveis e não interinos ou exoneráveis “ad nutum” e deve
4. Princípios: no ordenamento jurídico podem-se possuir as seguintes fases: instauração, instrução, defe-

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