Está en la página 1de 262

/

E"$

CASOS DE TECNOLOGIA
DO AUTOR:
O T e a t r o o o Aotor
Eçb"o t l l o ~ h l i ~tlil
o arte i l ? rCPIcSCllli~r.
'.2 L:iliq;ia-E~yut.kili1.
Histórias Slrnples
~ . l s ~ < ide eoiitiis-Esgotaili>.
A Filha de T r i a t B o das D a m a e
-
N o w i a iriiiileirrilsc tsyu1;iils.
Oulornar T e i r e i r a (9
I>rqa hisl(ir1c:i -3: lidi:do.
* M L l r ~ I o ae o T e a t r o
E9bbço l i l ~ ~ ~ I i ~ ~ . - E s g ~ l ~ ~ d o .
A o l l s l l o a fislológioa
,'
iVoz e o Oiirido ,Wirirul
Porlugal- B r a s t l
Alacsiqao e i!ieiisagciii-.Esg~lti<l<~.
FBrQQ8 p e i q u l o a s
EI~SIIU f i l 0 $ 6 f i ~ o - - ~ 6 g o l ~ d i ~ ,
O Belo Natural e A r t l s t l a o
Doj?n!s+ dm 6bro Jz < $I,
h!citiuris alirestcit~di, h hcarieiliia das Cie~icias.
Flauras de T e a t r o
Colccldllc~~.
e IIBlla
Atrav88 da F r a n Q a , S u l ~ a
Di.ir10 de visgetii.
T r e s oapltals-de Ea anha
~uryor-coleda-&vilho
O Anel do Im~erador
N e t i i d r l a apreseritada d Acadciiiia das CI@,~citia.
Natale
Coiitos e liarrdlivus.
O V l n h o da M a d e i r a
hlonopcilfii~.
Caeae M a d s i r e n s o s
coni
:i ealu1ior;içiu srllslica CIO
Ar<luitcctn Ecllltttl~do l':tv;trcs
O Oavaleiro d e S a n t a G a t a r l n a
McntOriil aple3cllhtln :I Açililc!ltlia cios Oir'ri~Ias.
De Bom Humor
Culectat~cil.
.. ,
O a s o a de T e a n o l o ~ i a
Diviilguç;ln r l e ~ ~ i l l i c r .
CASOS
i3 E

TECNO
h riini~goiii dos pi70grniniis uooulni.us

J . REIS ~ O M E G
E~i!lniili~iroIiiiluul~inl (E. E..). Aiill~lo Vroisssui
ilii l i o i t i n a i i t l ~ i i Pruf. o Illrnnloi' da Lsnola

Iiiiloslrinl n Comornliil iIn hnlhiiio hiigvsto do hgiiiar


Composto o irnprosso
-....-nns
-.
ofihiiins
... ..
tio COMERCIO00 FUNCHAL -.-
Hun dns Hortas. n." 8.--Fiinohnl
RAZAO DO LIVRO

Grande riíimero de prod~itos;e até


dos iiiais comuii.s, são, esseiicialriiente,
esl:ranhos -quer, pelas niatérias prinias,
quer pela 'incompreens~ode suas fases
fabris--, à maior parte não sO daqueles
qrie os eiiij~regam,iiias, o que é inais, de
iiiititos dos qiie dirigeiii o seu labor
ii~tlustrial.
E, dado o iiosso espírito especula-
livo, niesnio ciitre a gente inciilta, é
corrente ouvir-se, a o ~ ~ e r á r i eo stécnicos
poiico esclarecidos, iiiterpretações erró-
neas e até riclículas sobre casos eril que
pcs!ioal c directaineiite intervêiii.
Nosdesejo de conliecereni a s calisas,
faltaii<lo-lhe3a iiistr~içãol~rerisa,deitarii-
-se a ndivii~liar oii a ~ierfilliarFantasias
esc~itatlasa oiitros, ein geral, aos riiais
velhos da sua ~ ~ r o f i s s ã o .
E é ;le vci. n sutiçf:i<ãc> coiii q u e
:;e deseriibara~niii <:lessas icléias falsas,,
yi~iiii.doa\gli6iii, ein ci,ijosatiei del~ositein
coiifiaiiça, Ilics dA a iiista razão cliis coi-
sas--- ui-ria vez cllie esta .e ministre ein
tcrnios liihcis e acessíveis i stia iriteli-
gência.
Neste modesto voluiiie, corn filis d e
vii1garizaçAo e setii pretciifao de novi-
dade, eiicaro certos tcinas leciiológicoç
--coritirlos, afg~lris, c111 prograrnns c
livros de eiisino securiclirio---., pi-efe-
rirido, iiqui, o s que se ine afigi.irarii exigir
maior soina d e inforiries para sua coiii-
preenszo, e deixarido outros, de iião
tiienos interêsse, iiias a qiie basta s expo-
siqfio dos boiis conrl~êridios escolares.
Ainda outros tcinas q u c apresento, são
especinlineiitc destiiraclos :I iiiera d i v u l -
gaqão ciitie pessoas poticos iifeitiis hs
inais siniples noçfies cieritíficas.
Nos ctiisos dos liceus e das escolas
ttkiiicas, certas yiiestiies cle carácter
indiistrixl sáo dadas t6o siiii~~~riaiiie~ite---
por iiiiposiqáo (10 tempo coiijugado coiii
a exteiis3o dos ~ ~ r o g r a i i ~ a s -qrre
- - - , qtiási
se red~izciiia simples relatos e a receitas
11r:iticas »LIeiripíi-icas. Alg~irisesttidaiites
resigiiririi-se a cIecorA-10s para satisfaze-
renr i iiiiperiosa obrigacão das liqóes e
tios exames; oiitros, porém, riiais ciiriosos
oii supei.ioinierite ciotados, ficain iiisa-
tisfeitos e seriteiii a precisão de esclare-
cimeiitos tiiais amplos. O sei1 esllírito
riso se pocle coiitentar corii o apoiita-
iiicnto, seco, cie .factos de q ~ i e i i 3 osabein
a cx[)lica<;Xo.
Duraiite o iiieu largo tenipo de
ençi no -niair; tle qriareiita anos----, tive
.freqiientes ensejos clc topar COITI insa-
ciiidos desta espécie: ein rcgrn, os alurios
d e iriais viva inteligciicia, q i x 'riem seiii-
pre o s riiais al~licndos.. .
E conio a explaiiação pedida de-
peiiciia, eiii geral, de preparação que eles
riáo tiiihaiii .-.-sobretiido, pelo qiie res-
peita a ciêiiciasfísico-quíniicas--.-, via-nie
na grata necessidndc de recorrer h divul-
g n ~ n ocictitíficii, isto é, de Icvfi-10s iio
coiilieciiiiciito da iiiatéria por ~ ~ r » c c s s o s
que, res~~eitaiido seiiipre a esçêiicia tiii
do~itiiriii,a toriiasseiri leve e nssiiiiilivcl
por cérebros eiii carêiicin rle iioçi>es, iiins
iviclos cle bein coiiil~rcetirfci.
Assiiii, ilo fabrico do açiicns, ~~oclcrii-
-se c x ~ ~ l i c í ide
i iiiaiieira iritcligívcl, a
Ilessoiis de iiieiliaiias luzes, as iaz6c:s pD1'
qiie sáo' indis~~cnsivcis, tlestlc logo, a
strlftiiiic:,io c ;I dcfcc~~~lic~
[>C/LI cal tl o s ~ i c otl;i
c;iiia tioce-. iazóes igii»rndas, gcríil-
riictitc, c c111qlic n iiitri. ~ ~ a i ' tdosc livros
sãu oiiiissos--, sciii recorrer-se a loiil;as
c prof~i~iclas coiisideiaç6cs cieiit:ilic~is;
cuiiseg~ic-,see:;clarccei., d c iiiodo cs;icl.o,
o iiiolivo ~ ~ » r ( ~ o ~sal)-
i cÍIO iiiesiiio i ]
qiie "30 conteiilia vestígios d e alc;ilis
livres.----, dcseiijiorcliira os ohjcctos, para
o efeito, siihiiictitlos a Invageiii, Fiictci
cllie, seiitlo siiiiplicissiiiio, i130 c11tri1,?ri1
r , tios coriip?iitlius, coin ji~stii e
siiiicieirt.c rxl)licnçSo ; coni iioç6eç rcilii-
tivsnicnte fáceis de íitiiigii., se :ilcaiiqn
coiiliecei, corii clareza, o fciii~iiiei-iotln
p,sr^sa d o ciiiieiif.o, e d n s pio(irícdadcs
caracterí~licas clêste iiiaterial d e LISO,
Iioje, t5o correiite, seiii ternios cle pelar
para con-iplexas eqiiações cl~iíiiiicas
ferióincno, êsse, que, feriiido a ateiicÃo
d e todos, t descoiihccido, eiii siia essêii-
cia, da grande inaioria clos que lidaiii,
dia a dia, coin a niassa argilo-calciírea.
E, d a niesiiia sorte, para iiiuitns outros
~ ~ r o c l u t oc'iijas
s razões fabris o ~ iile siia
aplicação escap:%rn i geiieralidade dtr
pi.íblico e CIOS esti.itlatites e opeiiírios,
deixando-llies, q~iaiiclosó por alto iiicli-
cadas,' o cspírito obsc~irn,O U c o n f ~ ~ se o
insatisfeito.
T facto, ~itilizando,por exciiiplo,
elenieritos de Quíiiiica R4iiiera1, pode-se,
coiii boa voiitnde, iri6todo e iiitiiiçSo
~ ~ d a g ó g i cfazer
a , eiitciider in~iitoscasos
clc Qrríriiica Inclustrial (ii~incraloii orgii-
iiicn), sei11 obrigar os alurios a reter e 3
jogar coiri TOiiiililas coiiiiplicadas que,
I?OLICO acliaiitniido ~Jaiao fiiiido d o fe116-
iiicno eiii vista, seriaiiii deiiiais, esqlie-
ciclas dciitro cin p c ~ ~ i c(Assiiii
o. cito rio
acaso.---, coiifroiitaiido as fórtiliilas dos
éteies saliiios com as dos sais iiiiiierais,
10 CASOS DE TECNO1.001A

e aproxiiiiaiido-as, se clicga, seiii iieces-


sidade de fixar as priiiiciras, a conhecer
iiiteiraniente a Formaçiio d o s sabões e
das velas csteáricas).
Basta que eles lenliaiii prcscritcs as
poucas c siriil~les fóriiiulns inclisl~eiisá-
veis, explicando-se-llias eni sua cstriitur:i
e, c1~1aiiclo f6r 0 caso, nassuas clerivaç«cs,
o que ficiliiiciite sc aicança.
O processo não 6 iiovo; inas l i i
clueiii o julgtie difícil e atC iinpraticá\,el
lias escolas técnicas ~profissioiiais,coii-
ceito que a iiiiiilia ext~erièriciarepticlia
conlo falso. Pelo coritririo, verifiqliei
constante;iiciite qiie o estudo c~iidadoso
do peqlieiio progratrin de (,jtiíiiiica hli-
neral, destas escokas-- incliiiiido a for-
maçáo e fórinulas dos coni iiiais
vulgares--, serve eficienleiiieiite L coiri-
~ ~ r e e n s dc
i o noc;ões c ~ ~ i í i i i i ~tlea sordeiii
iriais complexa - e seiiiclliaiitemeiite
para o prograiiia d e Física Eleiiieiitar- --,
urna vez que o professor nciicla i iiiteli-
gêiicia d o aluno, fazeiido coniparaçóes,
citaiiclo exeiiiplos vul,qares, geiierali-
zaiido princíl~ios, prociiraiido tirar a
possível niiclez d a niatkria com denio~is-
frar,óes ciitivanti;~ iio laborat6rio e lia
aula, e iriteressiiiido-o, finalmente --ate
pelo l,itoresco--, no ;issiriito da liçko.
Caiiiilo Flaniiriaiioii, o fanioso astró-
noiiio friiiici.~,aiitcir de iiotáveis obras
r i n i t e científicas tia riua especiali-
dade, 1130 desdenhoil, ~ i i n dia, p6i
cle p a r t u e"ác~110 trai~sceiidente da
Mec%iiicii C:elestc, \);ira escrever a sua
(!Astroiioiiiin Pol~liiar)~ pierniada peia
Acaderiiin Francesa (1880) ---, genial tra-
ballio d c cli\lulgaçao cliie tein clespertado
o nizixiriio interesse, eritrc doutos e iri-
ciiltoç ~,)eliifor~iiii----.po&tica,cllal~ioLI-lhe
algi161ii coiiii, revelo11 aos seus inúnie-
sos r: iividos leitores as inarnvilhas do
cCii, os segredos clo iiifiiiito firrriainento,
segredos d e qiie tiiihntii chaire, apeilas,
os selectos cultores clac~iielcrariio supe-
rior das altas in:itciii;iticas.
N o eiisiiio da 1~ccnologi:i.---com
grande difei.eii(:a cle grau, beiri entendido,
que o i:xeiiirilo de Flaiiiiiiiirioii veio,
aqui, s i i coiilo iiicisiito refdrço Bs nossas
açscrc6es ---,para o iiiestre explicar, satis-
I,! CASOS DE T E C N O I . ~ O I A

fatòriameiite, certas rases indiistriais que


j~edeiii iioçóes d e Física o ~ ide Quíiiiica,
d e iiiais elevada plaiia, tziri tle recorrer
a tais processos, se qiiiscr, coino (leve,
tirar dúvidas prol~ostasou iiiellior esciii-
i'eçer os seus ali.inos.
Certo, i150 se ~ ~ o d e r áiiiiiitas
, vezes,
ir ntí- a explariaç5o de tddas as causas
d o fendineiio; iiias alcaiiçareiiios êsse
terino do coiiheciiiiento, eni que o espí-
rito, iiicerto ou vago, totna apoio, sc
equilibra e s e dá por convencido.
Existein, aquéin das causas ~priiiib-
rias - que iierihuriin filosofiii atinge - ,
11articiilaridades e rigores que, iiecessá-
rios :\o estiido tehrico e cal~ald e certo
sector ciciitífico, ti50 constitiieiri, fora
dêstc caso, exigCiicia iiiiedinta e forçosn
clo iiosso raciocíiiio. I I;í seiiij)i.e, p o r é i ~ ,
LIIII niiiiiiiio d e razões fuiid;iirieiitiiis, q ~ i c
i i i i i n iiitelig$iicin clara i150 clispeiisa.
É a êste liinite, digniiios, d e estabili-
dade iiieiital, clue o ~ x o F e s o r(de cursos
rriédios e o siiiiples diviilgndor têiri cic
chegar, para qiie -iiiçisto ~- sua iiobre
niissáo seja profic~ia.
Êste labor sein 1)i.e 6 iiiais fficil ;i falar
d o qiie a escrever. Principaliiiciitc, se a
l i ~ a oé dada iios Int~oratiíriose niLiseus,
oii eni visita s fííliricas, ern face de mo-
delos ou de apai-ellios e de iiiiiqiiiiias eiii
LICÇ~O.
Escreveiiclo-se-e eiitxo seiii auxilio
d e figura:$--, teino-lios de níoiignr ciii
descri<óes e ciii rel~etiq13eç freqLieiites
11ua q u e a itt6i:i iiecessiria esteja beiri
presente, iio riioirieiito ol>ortuiio, ao es-
o qiie lê. É o que
pírito mal ~ ~ r o v i c lclo
nie acontece agor:i aqui.
Deliiais, para d a i a cada capilulo
relativa iiidepeiidêiiciii, iii~iitas cless~is
iiisist~iiciasse iiotarão iiêste traballiu.
Deixo-íis ficas - coiii fastio, ciiibora, d o
leitor iiiais prelmrndo .-.-, tio coiivctici-
iiieiito (te cliic, tais cli;iiiiatlas da ateriçáo
e da iiiciiiória, I I ~ Oserão iiiúleiti à
maioria dos curiosos, cst~idarilese ope-
idrios clue follic~ireiiio voluine.
O pilo coiiiiciii, coiiio se sabe, é fabricado
coiii fariiilia de trigo a qiie, ii:i aiiiassacleira, se
juiita a coiivenieiite ~ior$áode água, alguiii sal,
e iiiii poiico de mass:i fernieiitada --o fcrrnie~rfo
oii d c leveduras especialnieiile ~~reparadas.
De passagerii, direiiios que iia fasiiilia exis-
tem du:is subst8ncias distintas, correspoiideiitcs
:I dicas por$des do grão do cerrril: o arriido, a
parte braiica d o interior do gr50; e o glúteii,
a parte aciiarela ou ~-iardaceritaqiis & t i iio
exterior, sob a película que dá o fardo retirado
da kiririlia gelo peiieiro.
O aiiiido, Iiidrato de carbotio, iião se pii-
trefaz; o gliitei~,substâlicia azotada, iim albii-
inititíide (coino a cariie), êsse, 6 ~~iitrescfvcl e
Ferrnciita sob a ac$Bo de niicro-oiganisirios
existenles iio :li., seiido, coritrido, a parte riiais
iiutrilivil do cereal, cotnc~ re[~aratlordo iiosso
tecido org:iiiico.
16 CASOS D6 TECNOLOOiA

Usnnios, correiiteinc:ite, i150 O pão iiitegral


üii dc 10da n inriiili:~, rico e:ti t e iiias 0
pão branco, coiitaiidü l,irz:i pcrceiitn!:em d e
aiiiido, mais agradiívcl >.i~islne, i7ar;i iii!iitos,
;\ti inesinu ao 11aladar. E', i~iji.t.in, :~li!iieiito
incoinpleto, necessitando, por isso, de.ser iicoin-
panliado :is rríeil;ões por iiiri aib~iiiiiridide,co'iiici
a cariie, peixe, ovos, etc.

O cl~ie,iia aiiiassadura doinéstica ou das


pequeiias fibricas, se clianis fer,izeirto, E tinia
porçiío d e ninssa de fariiilia que se cleixii nzcdni',
isto i., sofrer ~ i i npriiicípio d e fertneiitação s o b
a accáo das leveduras, cí.lulas vegetais, iiiicros-
cópicas (V),existeiites iia atmosfera, e qiic, com
o calor úriiido, se activam e l>rolifcram extraor-
diniriatnciite;rcagiiido coni a substância ami-
Iácea e dando ein resultado gases, sobiet~ido,o
gás carbónico.
Quaiido se ainassa, pretende-se i150 só ligar
conipletameiite a água com a fsrinlia, mas ainda,
traballiar coin o todo por forriia qiie cliegiic
Lima ~)ariicnlade feririctito a cada partícula d:i
iiiassa. Só assiiii é que o p5o fic;lrá bem aiiias-
sado, coiiio já vamos ver.
Depois da ainassadura f,eiia, tende-se o p.'i»,
pela forma coriliecida, colocando-o, dcpois, iist
h.
-

(*) ~Víaisii~liniile,iio capitiilu iLe~~ediii.as.


,si?,larriu
;ilgiins iniormes sôbre a notiiiezn c aiçao destes seres
iiiicro!ic6:>icos.
[cndedeira, ai>:ii;iilo coiri cobertores de 18 para
qiie, coni este c:ilOr brando e e111 presençr. da
ciriiirlade díi iii;iss:i - coiidições fnvoriveis i
ili'(~~+igrIi.áotitis leveduras --, a ierriieiitac;;~ se
desenvol\r:i cri1 lodos os poiitos, coiii a prot\uç:io
(11)sf:.?SlfS I.~sllit3lites,conlo atris i.efei.iinur,.
O pXo sti esti cap;iz de eiit;.ar rio for110
quando ficar Iêvcci~,conio se diz iia ivlacleira, ou
qii:iiid« 3 niaSs3 estiver fl/lt(z, coiiio se diz rio
Coiitiiientc. Coiiliece-se que o p50 j i está lt.'ve(fo,
ci~rre.:aiido ria iii;iss:i coiii O dedo; se esta,
abariilriiiada a si iiirsiiia, se levanta coiri relativa
raliidcz :ité i siilicrfície que ocupava aiiterior-
riieiilc, cstk eiii coridiç6es cli ser cozitla. Isto
niosti'n que os gascs da ferineiitric;áo já se for-
iiiarani, p6is sXo eles qlie, 110s siia elasticidade
- coiiio iiriia iiiola pi.eniid;i e, depois, sôlla -,
crjiliciri :I iiinss:l aù:iisad:i pelo clctlo.
Meteiido tio fo~.iiocadíi pcqi de inassa leve-
dada, o çnlor hiz dilatar o g i s carb6riico
foririado ciii cada poiito do interior; e, auineii-
tniido-:L di: voluine, vai dela fazer uin pão,
crbcrl.o, e coiii a parte esierior, a côtlea, crestacla
1icl:l acç8o do próprio forri«. Diiraiite a dilatação,
o ás foi-se escapniid» atrav6s da inassa; e,
foiiiiada a ccidea, o 1150 coiiscrva o seu volcirne
e foriiin, serii poder j i abatcr - npcs:tr d a saída
tliis gases qiie dcixaiii rio iniolo, eiri seci lugar,
a cavidíide oiidc t : i V i arinazenados, cavi-
tiade por éles produzida na su:i e?cl>:ins50 pelo
c:1i0r.
Claro quc, sob a teiriperatura do forno,
iatnbi.m saiu da massa, e i i ~v a ~ i ~ar inaiur
, parte
dii água aí contida.
Cortado o I o i o o npresriitará IIITI
aspecto rspor~joso,coiii :IS c:ividades o11vrsiç~il:i:;
distribiiíd:~~de maneira uiiifoi'riie, se d e [«i
bem amassado: isto é, se foi laborado, iriairiial
ou niecinicariieiite, por iornia a cada paitícul:~
cla iii;issa receber uiiia p:iitíciiIa do fernieilto.
Quando virnios no pá0 lima p:irte do miolo
seiti vesíctilaç, coriclulreriios que iião cliegoii,
aqui, :i coiiveiiieiite levedura; cluaiido Ilic eticoii-
trai'nios uma extetisa cavidade- «a alitia do
padeiro>, -, podemos afirmar que ai esteve uni
boc~idorelativatneiitt grande de fermento, daririo
i c t á v e voluinc tle gases, e que, eni ambos os
casos, a massa nno,foi beni trabalhada.
Na grande iiidíislria da paiiificaçfio enil-ire-
garii-se Iioje leveduras ein 1x5,cotiveriieiiteiiieri(e
prel~arndase iiutridas eni fábricas especiais. No
pão de luxo ern11reg.a-se já, como fernieiito, a
levedura de cerveja, de que Falaremos no Itigdr
indicado em a nota iiiserta atrás.
O pão 6 , portanto, fermentacio, iiáo só para
tornar no iorno o voliiine e a fornia prtil~rios,
iiias, sobretudo, para se aprescriiar esporijoso.
i E qu:il a vantagem que deriva dêste estado?
6 qlie o páo, corno todos os tiidr:itos di:
carbotio, principia iin liôca, corii a iiiastil~a~30,
a çiia pririieira transforina~áo ein glicose -- a
sua primeira digestiío -, eni preseiir:a da ptitinlirta,
PORQUE SE FERMENTA O PÃO 19

diástase existente lia saliva. Quaiito inais espon-


joso f8r o pão, maior quantidade de saliva
absorvcréí e, conçeqiientenieiite, maior qiianti-
dade dêsse fermento cluiinico (a plinliizn) que,
coino 5e acaba de dizer, conieca j i na boca a
traiisforn16-lo eiii aqicar org21iico (glicose),qiie
i. o açiicar assiniilivrl.
E, assini, a sua digestão final dispei~snri
niais árduo traballio por parte de outros siicos
tligcstivos. C) páo bem impregiiado d e ptialina,
deiiiotar-se-á milito meiios iio est6rnago --pe.
sari mciios neste órgão, como se costuiiia dizer
-e s e i i digerido inuito iiiais fàcilinciite.
O pão iiáo feriiieiitadn-o páo ~ízirno.-,
por absorver inal n saliva, precisa de unia
rilastigaç8o bask~nteriais demorada, afiin de
inipregiiar-se d e siificictite ptiatina, seiido por
isso de longa e, por vezes, peiiosa digestão.
E ~ ~ u l g eiitre
ar o público e entre estudantes
de teciiologia dos cilrsos coriierciais, oiivir-se
esta preg~iiita:- i «o pão branco, como alimento,
em que difere d o páo de tdda a fariiilian 2
A pi'egunta i.evela iiiterêssc pelo assurito,
e é bem mei,ecedora d e esclarecirneiito. Piocu-
rnremos respoiider-llie coiii a suficiente clareza,
sem descernios, contudo, a certas niiriíicias que,
sein vantagem, complicariam a qtiestão.
O páo branco, pela siibstâiicia, difere d o
pZo integral eiii que, o primeiro, 'coino atr8s
esboçámos, 6 fabricado coiir alta perceiitagciii
de amido, e, o scg.tiiiclo, coin toda a farinha que
o griin dá: quere dizer, corii todo o aiiiido c
todo o glíiten do trigo. O braiico C, quíísi,
apenas tiin Iiidrato rle carbono; e o iiitegral,
u m produto no iiiesaio tciiipo aiiiiliceo e forle-
inente azotndo, isto é, coiitericlo boa porçfio dc
iiiattria proteica ou de tinia albutiiina aii8loga i
carne.
Berii que, para a paiiificação, seinpre deva
a farinha reter um poiico do seu gliiteil, abstrai.
reirios clêste rio que vaiiios dizer sobrc o pão
alvo - e ~ vista
i da sua diniiiiuta pcrcriitagein-,
coiisideraiido-o s<, pclo seu aiiiido, siibçtâiicia
que não se puti'efaz.
De facto, se libertarmos a faririha, nas
fibricas, de quási todo o glúteii, o prodiitn
resultaiite, o pão branco, será siisccptível de
coiiservar-se eiii boin estado longo teiiipo;
eiicluaiito o iiitcgral coiiieçará a azedar e a cor-
roinper-se, passados nlguiis dias depois d o seli
fabrico: o glúteii que con(éiii, seiido uiii albii.
iiiinóide, sofrerá alteração, coiiio já foi dito
e todos podeili verificar ou terão já notado ciii
SlIas casi1s.
Isto veiii, para inarcar a diferen~aentre os
dois l~rodtitosqnai~loà siia coinposiçXo qiiiniica,
c inellior coinpreeiiderinos a sua distinçãri
conio aliiiietitos.

O p%o de luxo, o pão de aniido -- cliaiiic-


niosvlhe sssiiii -, setido, f~indanientalmerit.e,iiiii
liidrato de carl>oiio,pclo iriecaiiisiiio ]A indicado
traiisforiiiar-se ciii glicose ou açiicar orgfinicci,
gcir certo uni dos principais fornccedore's de
carboiio para as nossas cornbustõcs internas.
Este carbono, coiiibiiianda-sc, no íiitinio dos
tecidos, coin o oxigénio do ar qiie respirainos,
vai prodtizir o calor ailirnnl, calor tracliiziclo
pela teinperatiira nor'inal do nosso corpo!
22 CASOS DE TEÇNOLO(I1A

Ora Sste calor é iiidispetisAvel à realizagxo


de todo o traballio orgd5riico,quer seja traballio
i~icotisclente,qiter trabalho voluntário.
Os piilitiões, o coraçjo, o estôiiiago, os
iritestinos, o fígado, os rins, etc., iiáo exesceriaiii
suas funções- todas ii~coiiscieiites---, se o osga-
iiisino iião estivesse sob n acçRo dêsse calor.
Doutra parte, rião poderíamos andar, escrever,
serrar, cavar, isto é, produzir qualqiier traballio
voluritário ou consciente, se i130 existisse eni
116s unia fonte térmica coiistit~iidapelas mcsnias
combustões iiiternas.
Uni esfaimado, coni siias reservas de car-
borio totalineiite esgotadas, esfria, eiitra rio
estado de algidcz; e, assim, nRo só não pode
traballiar, iiias vgo-se-lhe paralisaiido todas as
furições orgâiiicas e acaba por niorrer de iiiaiii-
çio. Coni a ausêiicin de calor, todo o moviinento
acaba e, coiiscquentetiiente, a vida ...
O pão de amido 6, portaiito, e, sobretudo,
exceleiite fornecedor d e carbono, (~conibustlvel»
indisperisAvel ao riosso funcionniiiento orginico.
Mas, o corpo liumatio, seiiclo uiiia «ináquina
térinicar - passe a velha coitil~araçáo.-, iião
podo, como iiiiquiiia, precisar só de calor. Ne-
cessita de iilaiiter a iiitegridade de thdas as suas
pecas, de todos os seus 6rgtos. E êstcs desriu-
treiii-se, desgastam-se coin o traballio. Corno se
não podem siibstitiiir, à niaiieira das rodas,
alavnncas e bielas que se estragam nos orga-
iiisaios iiicc,iiiicos, têni de ser reparados, coiis-
PAO INTEGRAL E FAO BRANCO 23

tanlcnieiitc, a par e passo que se gastnrii : e êsie


reparo, êste renovo! só 11oc1e ser tla~lo por
aliiiienlação adeqiiada.
Coino êsses órgãos - fiseiiios priiicipal-
iiieiite os iníisciilos, a carne-, são d e matéria
albuiniiióidc, êlcs Iião-de sei. reparados, princi-
palirierite iiulridoç, pela assimilação de substâ::-
cia idêiitica; e a substiiicia azotada que é o
gltíten, albiiiniiia dos cereais -de riatiireza
aproxiiiiada à da carne, rc[>etiiiios- , aprc-
sciita-se, fisiolbgicarricnte, entre outras, conio
matéria a[iropriada.
E, daqui, se pode concliiir j i a difereiiça
existetite, coino aliii~ento,'entre as cluas qiiali-
dades d e pão : « branco e o iiitegral.
O p8o braiico, pelo seu muito ainido, for-
iiece calor ao corpo ; mas, e falta seiisívcl
de glíiteii, é iiisuficieiite reparador dos tecidos.
O pão iiitegral, coiitendo :~midoc glúteii, ao
tetnpo qiie, pelo aniido, foriiece carbono e,
portaiito, o necessário calor orgiriico, pelo sei1
gliitetr toriia-se. adequado restaurador dos teci-
dos desgastados, sendo, sob este diiplo aspecto,
iiistainentc coiisideracio coriio berri triais iicitri-
iivo.
Por isso se diz que o pão iiitegral é aliniento
innis coinpleto do qiie o braiico,visto satisfazer,
milito tnellior do qiie êste, aos dois fiiis prin-
cipais da tiossa nliiiietitaçXo: prodiiçáo de calor
c reparação de tecidos.
Sein 110s atcrmos a unia. rigorosa classifica-
24 CASOS DE '~ECNO1.001A

çao científica de alinieritos, çiecnos que, de uma


rnaiieira esquemafica, luas suficie~iteinetifeaces-
sivel, Fiisitiios a tlifcreiiqa q u e separa o pão
integra! tio pão ~ S R I I C O .
ii.ccliicrite, tiri tlccurso dc ci:rt»s cnpil~ilos
di:slc o F ; I I ; I - tlc l~i'rcícrrns j tios
refr!riiiios ;i c:lns lozii tio priiiiciro cnliíliilo -. ,
coiivliitlo q ~ i co Icitor Leiilia siihrc êstcs etiigtii:í-
tico:; scrss (ciii~:iii;iIicos, ~ ~ r i ~ i c i p n l i i i cpcla ~~tr,
I ~ I I I I I : )I , I I csclnrcciiiiciilos
~ :i16111 (1%
i ~ i çCc:i,
: tia!; rencçfics qric ~ p r ~ ~ v ~ ~ c ~ ~ i i i ,
Irciii clirr: cslns coiistil~~;~iii tr iii:tis iiii[~oitniiterio
~ m i i i ctlc
~ vii;tn, pr;itico, d;i qiiiiiiic:~ iiirliislrial.
I'niliicti, i. certo, ~iiidcri:inos tlizer sdl)re o
nssiiiilo, iin :;cii R';I>CC~O I ~ r \ r i c n ; iiiai, GSSC
~iciiico,1120 tlcixn tlc Icr iiitiiicssc p;iiq csl)íi'iIo:;

li:\ LI^ r
..
c.iiriii!;os: iiiostr:~ii!lo-llicr;, ciii i'csiiiiiii, (i c[iic !i:
tlEsscii ni'g;liiisiiios; t I ; t i i ~ t o
-1lics cciln ~:i~i!L!itic:i~~iciilillII~L!; c ~ ~ i s i d c r r l ~ õ i ~ ! ~
X I S , c ajiid;iiidii-os, a t t pi:lnç coiijectiir:is
:icliii Icilns, a iiicllior lixar iilcins sOl)rc o sr.~:~'?~lci
dos Fciiiiciitos.
2G CASOS DE TECN01.0GIA

azotacios ciu figurados, são seres vivos vegetais,


ein geral, coguiiiclos niicroscól?icos, cuja acçáo
s3hi.c ns siiùst5ncias fcrnieiitescíveis, coiiio os
ng'icares e outras, ião está ailida Iioje, em todos
os puiiiienores, cabalmente esclarecida, seiido
várias as teorias e Iiiphteses tendentes a itiior-
ini-Ia.
A teoria que actualmeiitc vigora é a de
Cagiiiard-Latoiir, assim eiiiinciada: a a levedura
actua s6iii.e o nfiicar ~~roc~àvelinente por qual-
qiici efeito da siia vegetaçAo oii tia siia vida".
Liehig coiitraditou Estes dizeres ; inas, Pasteiir,
por oùservações e esperiêiicias directas, veio
confirniar, e de modo coiicludeiite, o coiiceito
de Latoiir.
Já não .resta díivida que a ferineiitacão
resulta de u.ni feiióiiieiio vital da levediiia; não
est5, poréni, bcni defiriida a iiatiireza dêste
icnómeno. i!? uin efeito de iiutriçio da célulk,
da sua propagação, dos dois efeitos conibinaclos
ou, airida, nalgùiis casos, de tinia luta pela vida,
ante o perigo de asfixia?
Causa d a fel-mentaçáa
alcoólica.
Fixenios, para o qiie vamos dizcr,a levedi/ra
n% cerileja, a iiiais conliecida e einpregada das
leveduras da fermentação alcoólica.
Verifica-se que, se a levedura se eiicoritra
h toiia de um líquido açucarado, eni directa
coiiiiiiiicaçáo com a atniosfera, ela cligefe o açu-
Car, propaga-se e111 abur!fldncia e fornece,apeilas,
leiies vestígios de dlcool. Actua, ailiri, como
aèróbia, isto 6, iititre-se e deseiivolve-se iio ar.
Se a levedura, por&rn,está ao abrigo da
atinosiera, iium arnbieiite em que o a r se náo
renove --como iias *cubas de fernienta~50.-,
ela resiste à asfixia, mas já núo digere o açiicar,
Jerrnerrfa-o, com ampla prodr~çúo (/c ri/cool, c
. / ~ 7 o l ~ a ~ n 1 1 r ~ oela,
- s edèbilmentc.
, Vive eiltão, coiilo
aniièr6bia. Masl riiiin meio mais carregado de
ilcool, a levedura iiiioxica-se, e pára a feriiirn-
laçRo.
i. Qiral, pois, o feiiórnetio vital tla leveiliir:~,
que, iiêste caso, o11ei-a « desdobranieiito do
zlqiicai' eiii x i s cai'bóiiico e ilcool?
Nos fins do sí-riilo passado, os iiin5os
Riicliiier clieyararii 3 coiiclus50 de qiiea levedura
segrcga fci-iiielitos soliiveis, cliisloses ou errzirrlns,
qtie sSo os verdadeiros agenies da frriiieritaçZo,
actuaiido coino c:ttalisadores, isto é, como des-
~ e r t a d o r e de
s unia r e a c ~ 5 oiiicapaz de efectuar-se
por si só, seiii clarein, para esta, nada d:i sua
subst.incia. Coniudo, pouco tainbkiri nos dizeni
da coriiposição e tlo inodo de agir deskas ertzi-
iiias que ficani, assirn, qiiisi i m;trgein do con-
ceito «vital» de Latoiir.
O qiie sabeinos, e j i foi dito, é qite iio seu
estado iiorinal, quaticlo a 1eveclur:i respira, se
iiiiti.e e es'ti activa, ela digere o açiic:ii' tla
s»licç5o eiii que vive, e repi.otlu:!-se' largaiiieiiic
sem rz.ac~íZoqcrílr!ica api'ecifivel. Aqui, ao qrfe
yflmce, 1150 intcrvCiii as eiiziinas rllie sh ctitriirn
a actuar quaiido a levediira falta ar reiioviido,
csti qqiiási ein nsfixia, pois j i tiXo digere o nquc:ir
de que i? tão ávida, c já se riiio prop:i&i seii.íio
niiiito fracniiienie.
Ocorre, pois, a idéia de que ela t. aèidbie
tio seii estado iioitrinl ; e qiie s6 siirse ~iix?r6bia
ii:i iiniiiêncja cln asfixiii, sentlo na Iiita pelil vida
qiie a levedura Iaiiça sobre o nclicar os feriiieii-
tos que segrega.
i Quai a fitialidadc do feriónieno?
I'elo iiistiiito d a cciiservapio, q ~ i e;~brzliig{:
thda n vicia orginica, iprociirari ela di?coiiipi~i,
pelas erizinias, o eçiicar da s o l u ~ i opar:i, :issiiii,
z~ssitiiili-lo- sein o coiiseguir, contudo; eiii
i.azno d o sert eslaclo -- , datido-sc o casi:] dos
corpos reç~iltanies da decoiiiposi~áo,Liinn vez
libertos e em estado nascente, se rciinirein por
siins afiiiiilndcs quíniicas, eiect~i:~ticlo-se, afinal,
a reacção qiie gera o aiiiclrido carbhriico e o
dlcool? (Ver riota d o capitulo seguinte).
Ou eiitáo, i. serão tais secreçóes, as ciiziinas,
nieros suores d e agoni:i - ~)ertiiitatn-nosa cx-
pressão -, scm fiiialidnde ligada :i vida e pro-
ci,iaq8o da célula, c que, cegaineiite, ao zicnso,
cipei.ain o desdoùi.aiiieiito clo açlicar ?. . .
Que n levedura iião teiii iieces~iclade tle
ilcool para viver ou reprodiizir-se, prova-o o
s i r n l ~ l ef;icto
~ dela iiifoxicar.se - paralisaiidu a
fer~iisiitaçHo-, c.uatido o iiieio se toriie Liastati-
teiiieiite alcoólico. E, clliniilo ao iiiiidrido cai.-
bóiiico, êste gis, incoriibiiiente, s6 poderá
coiitribliir Ipnra auineiitar a deficiência respi-
1.athrin erii qiie a ctlula se debate. A Eernicii-
taçAo iiáo corresponder,l, ~iortanto, a tiina
directa iieccssitlade vital da levedura. Pelo coii-
trbrio.
A Falta de soliição cabal, c dadas as coiidi..
çóes j i exliostas coiiio únicas conipatíveis coiii
:i vitalidade e ciiergia'do fcrtiieiito, alguiii:~coisa
teiidc i1 inclinlir o iiosso espírito parna priiiieira
das conjecttiins que acitiin viio foriiiiilntl;is.
'i'alvez o facto d e vcriiios qlie a iiatlireza opera
objeetivnineritc, teiido 3s secreções orgâiiicas
activas-a ptialiiia, os sucos gistrico e paiicreb-
tico, a bilis, etc, ntC. o inel das abellias, o ticctar
das flores, --os líquidos segregados lielas p1;ini.a~
cartiívoras -- , uma f~iiição,iiiiia fiiinlidnde certa
rio est:ido tiortn:il dos sci-es (iiecessaria ao iridi-
vícl~io ou à espicie), fiiialidade que só iião
s c i i :~titigitla, por iiiibição, ein certos estados
doeiitios. Assim, a levedura segrcg:tr,l seus fer-
nieritos pcla iiccessidade de digerir o açlicar,
de nutrir-sei iiins as cocidiçóes iiiórbidas eiii
qiic se eilcoritra, iião IIie [~erriiitciii,parece,
exerccr essa fiinçzo.

Coiicretizeiiios irielhot a nossa Iiipótcse:


afig~ira-se-iiosque as ciizii~irisatacaili, seiiipre,
o açiicar: iiáo, para o efcilo iiiicrliato da Fer-
ttieiitação nlco6lica, riias 11:ii.a que a levedura
absorva os eleiiieiitos rcsultiintes tla acção de.
50 CASOS DE 'recNo~o&in

coriiponeiite de seus feriiietitos. Isto é, para


iiutrir-se.
No priineiro caso (ar livre), a levedura, no
seu estado iiorrnal, pode assiinilai' os coinpo-
iieiites d o açucar, e digere-o ; no segiiiido (:ir
não re.novadoj, a levedura, ern estjhdo tiiórbido,
11x0 consegue digerir cssas st~bstâiiciaç cliic,
livres, reageni eiitre si por icirnia a operar-se
eiitão a firineritaç3o alcoólica, que a iiidústri:i
liuniaria aproveita, seiii que stja utiliz;ida, para
qualqiier fiiii, pelo incsino iiiicrorgaiiisrrio. Serd
assini ?
E' de notar ainda que, ri:i indfistria clo
álcool, as leveduras sXo ~~r&viaitieiite nutriilas
eiri meios açucarados, para depois, tias cubas,
lioderein resistir ao iiieio alcoólico e 9 fiilta de
:irejame~ito. Seni estii iiutriçáo preparatória,
verifica-se qiie as leved~rraseiifraqueceiii ripi-
tiaineiitc ria sua actividade, estagnando-se a fer-
inentaçáo dentro de pouco teiiipo, o que tnais
prov:i que elas itán digereiii, não se nuireiri, no
anibiente eiii que se eiicoiitrairi.
Isto tiicsino leva a crer que a iiutriç2o
aiiterior é coiidiç2o iiidispeiisável à ~irodu<;áo
das eiiziiiias scgregadas, agentes, i>zdircictos, da
ferriieiita~2oalcoólica.
Em todo caso, o fenóiiieno depeiiileri de
i i n i «efeito vital" da levediira, que, i i : ~lit'iineira
hipdtese, seria iiina digestáo friistrada, o que está
dentro, iiiteiraiiieiite, da teoria. de Ca.-iiiard-
-Lalolir, coiifirniada por Pasteiir.
hfiecarii~rna
da fermeiifaç&o a-rc&tica
]i coin outra Icvcdiira, o micudern~rzn d f i
algn iiiicrosccíl~ica("J,piopiilçora da prod~içSodo
\:inagre .-, os factos tomam riovo nspeclo. Esla
levrdiiia sí, é fcrineiito quarido actua d s11pcr-
fície dc iiin liqi~idoalcoólico, eni coritacto corir
a atrnosfer~.1: [precisa de ar em al>~iridâticiíi:é
fraticarneiite aL.i«bi;i.
Neste iiicio, seu ~~redilecto,iiao digere a
niatksia fertiieiitescivel, que 6, aqui, o álcaol:
traiisforinn-o, feriiieiita-o, coin forinnçXo de
dcidoncético e ágtia. E 6 iieste incio clue a leve-
dura abutidaiiteii~enteprolifera.
6 Qual seri, pois, o uefeito vital* desta alga,
q ~ i corigitia a feritieri(.açRo acéticn? LA qiie Fiiii
teiiderão os fer~rieiitospor ela scgi'cgiiclos, isto
6 , as siias enziinas 2
Ao contrário da leiwiurn rle cerveja que,
ern Iiresenqn do nr, digere o açucar para se
iiiitiir e propagar, sem fermeiitaç%o aprecibvcl,
0 ~nicorleumn aceti, eiii aiiiilogas condições de.
arejniiiento, r120 digere, como jB dissemos, o
álcool a q ~ i cse juiita, antes Ilie fi.un axi.~lt~iv,
liara despertar, :issiiri, a rencç50 (luc tlefirie a fer-
itieiitaçilo acética, como se vesi e111 a iiota do
cnpltlrlo «O Viciagte».

(9iJltiinaineiita tein sido closriflrada conio coguiiislo,


3
iSerá para a sua procria~ãoque esta fer-
iiiciiiação se opera? Assim parece.
Esta levedura s6 vive em presença do a r ;
nias a sua prol~nga~Eo recliiere outro adequado
m e i o : o virzngrc (niistura de :iciclo acético e
água). 'Aq~ii,sànieiite, 6 que si: criani as graiides
colótiias do //~icocler/nancefi - a *flor do viiin-
gre*. Êste produto está para as novas células
d a alga, coiiio o mel para as petlueiiiiias larvas
d a s abrllias. Uina e outras, pc'r diferentes liso-
Gessos, i'rinin o meio propício i propagaçiio da
sua espCcie.
Cotiio já teirios repetido, ela é aèr6bia; inas
precisa do ar, ar al-iuiidante, para dispor do
oxig6nio que lhe há-de dar, por seus meios dias-
tkticos, coni a fernientnção do áIcool,o ambi-
elite adequado li siia maior actividade : li sua
iiiitriçEo, talvez, mas, niais seguramente, ainda,
i sua ~.el)roduç<?o.
A fcrriicntaç5.0 acéticn resultari, liortaiito e
sobretudo, deste .<efeito vital» da levediii.:~
(Cngtiiard-Latoiir), desta função oigâtiica: - a
proliagaçEo tln espécie.
C) nqúcar coiniiin (srrcnrose) extrai-se, iir-
dustrialmente, da beterraba e dicaiia s;tcaritia,
seiiclo i10 :i~.íicarde cniia qlie varnos aqui espe-
cialriieiite tr:iiar. Mas, antes de I~rosscgiiir,
Inrernos. bre\fc referêiicia :i oiitros aqiicares que
coiii 6le t$iii iriais estreitas rel:içócs, qucr, ela
sua origem, qucr pelo seu carácter qtiiinicci.
Nesses dizeres, iiSo 1pass:ii'eiiios de nieias
geiier:ilidadcs s0bre os afúcares viilgares, seiri
a ~~rcleiis.'iode diferenciações iiiais ~profundas.

Ilèste modo,consideraren~os,de urna p;itte,


os ayíic~rcscla f<iriii~ilaC,; ll,.r O,; (seis iítoirios
dc.carl~oiioconibiii:idos corn seis iiiolí.c~ilnsde
i ~ u a ijtci
, 2 , coiii h X O t l r ), que têiii o noirie
dc hi!sosrs oii, riiais sii~:plesiiicnte,de glicoses.
A este grupo pcrtciicein : a .$cose ou açúcar
11:i uva, I-niiib&iri cliai~iado ~iiçíicarorg%iiico*,
esisieiitc ein o nosso or~nirisinor lia tiritia dos
5.1 CASOS DE TECNOLOOIA

diab6ticos; a lev~rlose,!~reseiite no tiiel e rios


frutos cloces c Bcidos, aconigaii~iaiicloa glicose ;
e o ( I ~ . ~ ~ c i/riwl.tido
(II. (clciivado do :iç\1~ai
corriuni), coiistit~iídopcl;i riiistiirn de dii:is gli-
coses : a ~rLicoseordiii5ria c a I~~vrrlo.sc.
De outra parte, tçiiios :li cliaiii:idas Dl~~.vo.i.rs
ou liexobioscs, da Fcirriiiila C11 I-Ir: 'OII, corrcs-
~>oiideiitesa dtias hexosts, coni rneiios iiiiia
ciiolfciila dc :ígita. Eiitrain rii-ste grtipo : :i sclctt-
rose oii acucai de cana ; a ~/~,nlia.sc, cxislcnie !i«
i~ialteo11 rnosto tia ccvada, e a Indose «LI:i(:íicai.
d o leite. Como nos niostra a ftjrniiil;~nciiiio, o
carboii« entra coiii 12 itt«inos (2 X 6) iia foi..
iiiaqiio das úicxos~sc, porialito, ria coriiposi<;no
moleciilar da sncniost..

. Coiiv6rn desde j;í notar que certas leve-


duras, corno a «levedura de cerveja8 e as qtio
existem na casca da cana doce, elri preseiifa
da sacnrose (ri80 directaiiiente ieririeiitesclvel),
segregani um feriiieiito azotado, nRo ~ t ~ g ~ ~ ~ ~ i z o i i t i
e solúvel (i~rvcrtinn), que dti a i11.11ers17ad é ç k
açficar, desdobi.andoh, coiiio apoiiiAiiios, ciii
duas glicoses (a glicose ordiniria e a lcviilosc!,
:içúcares que, ascu turno, sofreiri a ~~leriiictita(.~ti
nlco6lica», isto 6 , a decoinposição d e ciid;~iiiiia
das duas glicciscs erri aiiitlritlo cnrbóiiico c
dlcool. ~?LY levecliiins apoiitadas ou, iiiellior, suas
ciizitiias - iiote-se clcsde !tj toi.iiatii..:;e 1ii;ii:;
activas, [):ira a iriversSo, eiii iiieioç qiie coiite..
[iliaiii ri?nt~?insnllic~rtzDiciirles.
Mais sidiaiilc tcrcii~os ocasião cle lilltir
c iiisisteiitciiiciite rln i i l i ~ e ~ s ( i O(Ia s í i c a r ~ s e ,
iiAo $ 6 11cIas levcduias da casca, qiic passaiii
ai) suco lia ol>cia(;<io da iiioediiia, iii:is tainb6iii
]>or iícidos e siit>st?iici:~sde i c ; i c i ; ~ o ácida
(qonras), gcsiiics c coil~oscliie, por seus efci-
tos iiivcisciies, t f r i i tle ser c l i ~ i i i i i a d o stlo suco
tl:i c;iii:i tlocc - - iliic os coriteiii, b e i ~ icoino os
oLhtii~iii!ifi~ics---, lr>yn tio lpri~icíj~io <I:\ sim Iiibci-
ríiçfio 1inr;l ri I'nl)i'ico cl« aqiicnr. Oai.liri, ti ticccssi-
tladc tl:is cii~eiai;«c!; t l c ] ) ~ i r ; t t l o i a sdc
, cliic :ttliaiitc
tiat,?rciiit~s.
No stico da csiia doce --- ciu garnpn, ( I )
coiiio :;c diz i i n Madcii.:i .. - , coiit?iii-se tl»i:r
iiçiir:nres, :I snc:lrose e ;L ::licose, iia proporqiiri
i ( 1 1 1 ) de 12,0 do ~ i r i r i i c i r opara
0,70 d o scgiiiitlo, iiiktlin. v a i i # \ ~ c l ,11:ii'a n iiiesiiin
qunlitlacle dc caiia, cniii a iiatuiezn, altitiic.te c
cxliosiçXo ao sol dos tcirciios siicaiiiios, iiciido

( i ) Nii Miir111ir:i o iio 13rsi111,nlitiii~ii~.sc iijiur:iliii» n<i


I I : I~ I : ~ II I ! o I I I S toni aiiitlii o
iioiiit>tlo ~#i:nltlii1111 i:iiiititt, titliiivnloiitn ri« iiriaso C-iiioslo
110 t:niiriw. Ikiiii 11iio 1 ~ ~ ; ; 0 1 i i u i ~ 1 1 ~ i In.tidi~rn~~!~~i
iviii0~ iin
Mirdcirii Iiiirci o Hriisil, jiiir«t:o q::n «qi11!11i Icrmo r\ tio a-i,.
~ I J I I Il ~ r i ~ s l l o irlaiiiio-si!
r~, iii~iiiii,klli, R I~IOSIIIUtiosl~~iri~:ln
ri iiiiiilqiiar I~«liitlnd ~ i r ti: ~ioirlguriiiilo, fviln 1111 iiÍlri i:r~iii
i i siiao sriciirliiti. li' (li? iiiiliir..-- priva, si\ ntc! i:orlo ptiiiio,
- - cliih
jiisllli~rrrosiii trri~~uiii 110 Ilrasil. sa cliiiiiiii ti~iiiIiOiii
[~rnecos),ciijii
q:iiriipii,> :i iiiiiti B r v ~ i r i iiiiili[:oiiii (~ipi~lciri
ill~lrl~iiru
I? lllillzillirl t~lil l;tliis~rri~oes,
i:oll~i~i~llll!
nllullti 1)
rllalt~ridrlotla Cfitiilltln (Ia Pi[~iiuiroil«.
36 CASOS DE TECNOLOOIA

inais alta a pcrccnlagetn dn glicose. nos c61.


inos I T ~ C I I O Srnadiiros ou iriais fracos e doen-
tes. Por êstc motivo 6 tlc vantagem, para a
indíistria, iahorai caiia inaclura, sH e beiii tlcseri..
volvida, sempre mais rica eni sncnrose ; e, aiiida,
~iorquea glicosc, incristalizávcl eiii tbdaç as
fases d o fabrico d o açúcar, teni 0 iiiconvciiienle
de, pela siia preserica ein inaior oii ineiiorgraii,
n i i r correlativn~nente, a cristaliza$io de
parte do açiicar de, cana,diininiiindo-llie, por-
tanto, o rendiineiito fabril.

Para coiiipreeiider-se o prejuízo da iiivei'-


siio da sacasose, rio fnbrico do açiicar, basta
leriihras o q u e disseinos aciriia: náo só este
fençiiiieno implica, desde logo, iiiiia diriiitiui'çRo
da sncnrose que se liiverte, nias, ainda, iiova
perda de parte dêste açdcar toriiado iiicri~tali-
zável em presetiça das glicoses formadas pela
inversão.

Fabrico d o a ç ú c a r branco.
~ r l ~ t a l i z a d o
Varno-nos ocupar, agora, da lrab~~lliosa
extracção do açúcar d a caiia, scgtiiiido, Ipara o
efeito, a t6ciiica adoptada lia F;ibric:i do T'or-
reão (Illia da Macieira), estabelecimeiilo que, por
seli a]ietrccharneiito iiioderiio e alierfeiçoanieii-
tos fabris, é coi?sidcrndo, no gétiero, como dos
prin1eiro.s do iii~iiido.
Da fa bricac;ão do aqúcar, daremos, n segiiii',
as fases priiicipais c opera$dcs acessíiriíis, nias
scin doscerinos a anilises - iiiclilslrialinc~~te
iii(lispciis6vcis h iiiarclia elicieiite c segura da
piocliiçáo sacaiii!:i---, iieiii ;i Iioriiicriorcs ttciii-
cos, vaiiiivcis tlc fibricti parn iihrica. Coiltainos,
iio ciil;liili>, qric iintla fnlt:iri dc esscricinl IIara
ri iiitidn coinlireciisio el6sle assiiiilo, Ião iiite-
ressiitilc coiiio pouco explan;~do,geralirieiitc,na
poiito ilc visln ii:i siia tliviilg;iç5o r'ieiitifica.

Extracção do siico da caiia.--- A cairíi,


ciiic tlevc clieg~ir h c 1iiiip:i tlas ponta::
(sab~lpos),I! csiiiag:itl:i eiilic os ciliiitlros iotn-
iórios -- coiii r:iiiliiir;is iia sit;i sii~~criiçic, para
iiicllinr tritiiiui<á.o (~inleiitcI-liiiloii-Mairsdcii)
tle trts oii qiialio cii(~ciilios, tleln sniiitlo n
,

inaioi 1.ini'te tio siico oii iricislo ilc cailii, coriio


dis!icrii«s jií, cii:iiiindo Lniiibí!iii $arap:i.
I.'aril qiic o 1);ig:iço (caiia tiiliirntln) ~iI>:iii-
tlotic o siico iliic aiiidn eiici:ri;i, tciii de sofrer
por coiillriiia ~sulvcrizaçfiodc iigiin
:i (~~tib~!l,ip(io,
qriciile, sciido cx~iclitl:i aisçiiii, del~oistli: iiov:i
iii«ccliir:i, ciiiisi tOi1:r :i siic:irosc tln c:iiin csiiin-
i cii~ciilicis( C ) .
g a d ~ nos
3% C,\SOS DE TECNONOCIA

Eslasgarapas mais fracns,por iiiais aguadas,


váo reiiiiir-se à d a primeira extiacqáo. O [>a-
gayo, coiitendo agora fraca perceiiiageni d e
açiicar, é aproveitado na fábrica como cotii-
biistível ndjiivaiitc.

D e p i i r a ç õ e s da garapa. -As garapas,


bciii misturadas c111 taiiq~ies próprios, vâo ser
slibmetidas, a segiiii', à sulfrrrnffio e à defccaçEo
liela cal.
Êstcs tratanientos visani a deseiiibaraçar o
stico d a cana: das levediiras cla casca (cuja
acçáo jà refcrinlos); de pequenas percentagens
de ácidos provocadores, por igual, da itlversEo
do açúcar de cana, e de materias albuniirióides
(azotadas) que activam a acçXo das levcdiiras,
betn corno das gottzns (substâiicias atniláceas de-
rivadas da celulose dos ctiimos saca ri nos,^ qiie
náo cliegarain a traiisfoririar-sc ein açÚcar),,subs-
tiiicias fraiicamente Sciclas e, portaiito, de acção
Irrversora- todas prejudiciais à conservaçao
iiormal da g-aralia e ao seu reiidirneiito em sa-
carose.
A si~lfrnnção (ineiios i~ròpriariieiite, clia-
inrda tainbém sulfitrçAo) coitsiste em fazer atra-

portanto, 111nioirendimento fabril. Tal processo, com


patanlo de invençfto om Portiigai e Iiiglntsrrn, leiii o
riome de mHiiiton-Naiidetv.
Nas coiidir:Oes rrctrinl8,lielo elevado custo do carvao
iiiinerni, a <<circiilaçAoforçada. iiao 6 compeiisadora.
vessar a garaga por corretites d e anidrido
siiIfuroso, sob presszo, destiiiado a descorar e
a precipitar os albiiininóidcs, e a destriiir as
leverluras 1.4 acima ai~ontadas.
Coni a rfcfecn~üopelo leite de cal, tieiitra-
lizain-se os itcidos e piecipitaiii-se as goilias
(de reacção ácida) que se fixam á cal, corpos
existciites, na cana, priiicipalincnte, nas proxi-
iniclades d o sabilga onde a mat~iraçáo6 nula.
Deinais, as gontns, no seio do liqiiido,
iinpediriani, eiii. parte (como corl~osestrantios),
a cristalizaçiío do a ç ~ c a ie iriam dificiiltnr n
filtrafão da garapa, sendo indispensável, por
tôrlas as razscs, a sua precipitaçiío.
A' defecaçXo é frita, liojc, sein iitterrupção,
eni esqueiitadoi-es especiais, á temperntiiia
de llO."C.
Estas depiiraqõcs siío, pois, :i iiin passo,
defeiisoias e clarificadoras do suco.
Terriiinadas estas opera~ões,a garapn segue
para o «Apare1110 Doir»,de decaiita~áocoiitínua,
a fiiii cle fazer-se a separaçfio do suco claro c
das 6Ó'rr.n~de dcfecaçio.
Estes resíduos, forinados por pequenos
fragnientos das fibras tio bagaço, precipitados
de cal e gomas e azoto org8nic0, arrastam aiiida
alguiiia slicarose qiie se vai aproveitar, levan-
ilo-os a o «Filtro Oliver-Cainpbell» de rotaqilo
constante e que laùora cio \4cuo, seiido as
btjrras, aqui, largarneiite lavadas a kgun quente.
Pelo vácuo; faz-se-llics a sucgXo da igua, jA
40 CASOS DE TBCNOLOOIA

açiicar;ida, restaiido as *b6rras exaustas)) que,


coin o bagaciiilio (mocdiira de b n g a ~ o ,empre-
gada coino inatiria filtrarite), servein para a
adiihnção, gratiiitx, LIOS terrenos sacarinos. A
sucç30 pelo «Filtro Oliver-Campbell)) dá, prd-
ticamerife, o al~roveitameiitode toda a sacarose
das borras, o que estava longe de acoiitecer.coin
o anterior liso dos chaiiiados :<filtros prensas».
A iiitroduçiio dfste Filtro e do Aparelho
Dorr, iia PáIirica LIOTorreão, data de 1941, e
representa iim assinalado progresso na téctiica
dfste estabeleciniento.
i\ sol~ição
de aqúcar, obtida i10 Filtro Oliver,
vai, corii o suco clnro saido do ,Aparelho Dorr,
para os ebrrlldorcs ou e l o s contitii~o~,
onde fervem .e se desagregani algu~isúltiiiios
resíduos, passando depois todo o líqiiido para
a filtrnçno rnecrltiicn, a quente, através (li sacos
de loiia, sob a acç8o da gravidade.

Evaporação no v6ciio. Xarope. -- A


qarapa toriiada, assii~i,Iínipida e cor dc lol~íízio,
segiie para as ((baterias de qiiádriiplo efeito)) ou
([caldeiras de evaporação rio vicuoa.
Aqui, fcrve a garapa a utna teiiipcralura
baixa até formar-se o xarope. Para qiic a ebuli-
c30 decorra a fraca temperatura, a fim de não
carbonizar-se a sacarose do solitto que se vai,
ripidamente, conceiitraiido - causa de grave
prejuizo indiistrial-, a pressão sobre o líquido
é coiisiderhveltpenre diniiiipida pela a q ã o de
A Ç ~ C A RDE CANA 1' 1

~>otleros;isboiii1)as aspiratites qiie laiiqain p a r a


13 e x t e r i o r o \'nl>rir d e água fort~iaclo,13roduzincIo
R eiiortiie rnrefiicr;Go o u viciio q u e deu o n o m e
,i bateria. Por este váciio sc alcança a ititensa
\raporizaçáo d a igiia d a garapa (q),sem o I??-
r i g o d a queiina tlo açúcar.

Cozedura d o xarope. - O xarope Oh-


t i d o ( I ) , d e p o i s cie f i l t r a d o , p a s s a para as «cal-
t1eii:is de c o z e r tio v i c u o n , o n d e , pelo tiiesmo
processo, se alivia aiiida iiiais a ~ ~ r e s s ãe xo t e r n a ,
para q u e a ebulifSo (a rozcrltrra) se procluza a.
nictior teriiperatiira d o q u e lia o p e r a f ã o aiiterior;
visto o risco d a carbonízaçáo oti cstut.ro da

( 3 ) Coiiso sesabe, a ebiiliç8o de iiiii liqiiido faz-so a


niaior oii inoiinr teiiiperatiira. coriforiiie for iiiaior r ~ i i
iiieiior a [ircssao excrcide sdlire a siia siilierficie. tiotido,
portanlo, a valioriza@ío (coiiio a evaporaçao) amlila-
iiiente ftivoreci~lafielu abaixariieiito ria I I ~ ~ S S B Oexterior.
( ' I O -niol de caiia*, oii inel de engeiiiio. criiiio Ilie
cliariia o povo, O iini xarope iiitegral. isto E, qiic flcii
coin tòrliis as suùstancias da garaliii do qiie provdni. Ao
coatrtrio rio que se pratica iio Iaiirico do aciicar, esta
iino sofre iiein í, sulfiiroçno, n t ~ ri~ defecaçaa
i iielii cal.
É iieçcssiirio, na produç~aoilo inel. qiio as lovediiras de
I~rrnentufao,da cascn da çann, coiiio os Bci~losoxisteii-
tcs iiri siico, actiicni iia sacnrose, iiivorteiido-n. iinrcinl.
ineiii<!:e ainda 11orqoe as giicoses resultaiites (laiiiversno,
i:oni a glir:ose prbprla [Ia gerapa, vno irnlieriir r i cristoli-
za@o do tiiais rilgiim açiicar dc cnno, o qiie é, oqiii, d e
\~iiilttdgelll.
1)e vnniag6iu, porqiiC3 Pelii raaiio rle que este m e l . .
42 CASOS DE TECNOLOUIA

sacaros': sc tornar a g o r a iiiiinetitc pela in:ísiiria


coiiceiitraçáo da tianssa cozida oiide trni dc
cristalizar o açúcar.
Estes aparelhos são cliamados Iambéiii, por
êstc fiicto, ucaldeiras de cristalização iio vácuo)).

Arrefecinieiito da massa. Nutrição dos


cristais. - Aparecidos o s grãos ou cristais tle
sacarose, lias cliiiieiisões com q u e podern sair
destas caldeiras -- ::rãos braiicos, alvejando rio
seio d o iiqiiido x a r o p o s o e c ô r tle rcbucaclo,
c1 u e 6 o melnco - , vai toda a uznssn cozida [riara
o s ~ a r r e f e c c d o r e smecânicos». Nestes, é ela revol-
vida p o r plts Iielicoiclais d e ino\!iinento contíiiuo
a íiin d e arrefecer e poder aproveitar-se a
porçiio d e sacarose a i n d a dissolvida p o r efeito
.--
sendo !i111 xiiriijie fortenioiite co~iceiitrado,ii~o podc con-
ter dsdcarose, eiii perceiltageiii alta, sem correr-se o
risco rle ver siirgir, néle,os Eraos brancos deste açiicrir,
o qiie constitui serio cleleito de Inùrico. O ojiosto no qiie
se roqiiere iiii prodii<;Rosacarina.
O iiiel da cana podo ser feito ein wcaldeirn de cozer
i10 vRciiok,, liias coin tbcliica esiieciul, para qiie niio
perca a ciiracteristicn do scii saiior a qiioiniado -o con-
trario, ainda, do qiie y o j~reteiidena prodiiçao do açiicar.
A niriior parte das vezes, porhin, 6 obtido directainente
ern taclios de colira - in<llislria quiisi doinésticn- ,onda
a garapa lecve ao ar livre, nias precisando de ser coiis-
tantcilleiite mexida a fini de nrio carbonizar-se n flç0crir
alem do qrie 6 iiacessi~rioparn o ligeiro gdsto s estiirro,
tao apreciado pelos coiisiimidores (leste ~iroduto alta-
meiite ntihltivg.
açiicn~DE CAMA 43

do calor da cozedura. O arrefecinieiito faz,


pouco n poucc, por satiiração, solidificar éste
açucai. ijiie, engrossatido os cristais j i esistentrs
na nrassa, Ilies confere o iiiáxiiiio iiitliistrial da
sua riiitrição.

Jcpara<iío dos cristais pela reacçiío


centrífuga. - A rnnsscz coriria, neste estado, é
le'ind~lpara as «centrífugas)> onde v80 scliarar-se,
cio iiiela~o,os cristais (te sncarose.
Catia ceiitrifugn é coniposta de dois ciliri*
iIr»!; de : i ~ o .ocos
, f coiicêiitricos, de eixo vet'ii-
cal, e siificietitenietite separados uni tlo outro.
O cilindro ir~terior(centrifugador), em cliie
se laiiça a tnassa saída dos ~arrefececlores»,tein
movitnerito, iipido, de rotação eiii torno do seu
eixo fixo no centro do respectivo fundo, e 6
accionado, supei.ioriiientc, por utna tiirbiiia bi-
dráulica. A base iilferior, na proxiiiiidade do
centro, acha-se aberta eiit sectores por onde vai
dcscer o açúcar depois de ccntrifugado. Êsteç
vlios, durante o traballio, vedani-se com urna
taiii11# eni foriiia de siiieta, qiie sobe e desce ao
longo d o eixo (luando 12 iieccssiírio, sendo a
parede cilí~idricaconstituída por uni crivo qiie
náo l~erriiiten passagern dos cristais de sacnrose.
A boca dêste cilin~xro,tle ditiiictro iiienor que
ii base respectiva, oferece, dêste iiiodo, unia
aba Iioriz»iital bastante larga para não tieisar
escapar qualquer porr;ã« de niassa durante esta
opernçko.
O cilinn'Io exferior 6 fixo e de parede cheia.
O fuiido abre-se, no centro, riutii circulo cor-
i.espotideiite aos sectores vasados no fuiido d o
cilitidro ititeriio, a f i i i i dc dai livre passageiii ao
açúcar que vai descer dêste cilindro, fiiitla a
ceiitrificgação. Esta abertiira ai~reserita,na sua
orla livre, alto iebdido vertical- que 1150 toca
o Euiido d o centrifugador ---, ieb6rdo desiiiiado
a impedir a perda do iiielar;~ qiic cai iiestc
cilitidro cliiratite a operação, o qual só pode
seguir por uni tubo para o tniiq~ic próprio,
titravés tle largo orifício abtrto na parede rcs-
pectiva, junto ao fuiido.
A fôrqa ceiitrífriga desciivolvida pcla rotn-
qHo d o cilitidro iiiterno, afastando do
coiii violência, R rriassa cozida clnc coiitérii,
coiii[~riine-a foitetncnte coiitra a parede eiii
crivo qiie retéin os cristais, seiido expcliclo,
lielos orifícios, o /i?clnço qne- vai escorrenilo
para o ciliiidi'o externo, doiide Ilassa, coiiio
indichnios, para o tanque priv a t'I V ~ .
Foriria-sc, deiitro e eiii volta do ceiitiif~iga-
dor, nt6 a bdca, tinia iiinrallia tle açíicar que
cliiieis, pelx perda do xarope, à ii~edicla cluc
Iirossegiie a operação, ajudando-se êstc cfeito,
clliksi tio fim d o ti-aballio, coin iiiii jacto de
hgua pulverizada para rlilulçao dos vcstigios do
rriclac;~ q u e sai ciit2o itiais Ihciliiiciitc, coa1
coriseqiieritc la\~agciti dos griios d c sacarose.
hssirn se obtéiii o açlicar branco, cristali-
zaclo.
ACÚCAR DE CANA 45

Parnildo a cetitrifugação mais cedo, tería-


nios o npícnr mnscnvado, isto 6 , sacarose cris-
talizada, mas coiii certa dose de nielaço. Os
~içútares rnascavados, mais oii inenos esciiros,
sXo iiinis pesados, por iiiais úiiiidos, do que o
braiico; e são nierios adoqaiites ern razão da
perceiilng'em de glicosr: (do riielaço) que ainda
ciicerrÍiin, pois esta é três vezes menos doce do
q u c o açticar de caii:i.
A glicose - coino dissemos ji - , segue,
iiitacia e airiorfa, tBdas as fases do fabrico, iin-
pecliiicio a cristalização de certa porção de.
szicarose que, dissolvida, se tnaiit6ni no piinieiro
rrielaço saído das ceritríf~igas.
Esta parte da sacarose é iridustrialineiite
aproveitada, subnietendo èsse xaropc-cliainado
tntilrrço rico -, a sucessivas operciç«es (cozedu-
rnâ, arrefccimentos, centrifugii~óes)seiiielliantes
às que foraiii já descritas, até se olitrr o inelaço
priiticariieiite exaiisto de sacarose, tnas coiri t6cla
a glicose da cana que o gerou, melaqo destitiado
à destilaria, isto é, i produçáo do ilcool indus-
trial, iioulra secyão da mesiiia Kíbrica.

S e c a g e m do açúcar.--Mas vejanios aiiida,


\>ara oiicle vai o açúcar quc deix;iinos iins ccii-
trífiigas, teiinitiada a respcctivzi opcr:ição.
No centrifugados, a iniiralhzi de crist:iis cie
sacarosc é abatida çoin as pds de rasjxigciii,
clcpois ilc levantada a taiiirin do fliiicio, :i que
atris nos reieriirios, cafiido o açúcar, através
46 CASOS 013 'CBCNOl.OOlA

d o s vãos das bases dos dois ciliiidros, na grande


calhs oscilatória que o coiiduz, por coiisecliti-
vos sacões, para uin elevador qiie o laiiça de
alto, finaliiieiite, IIO artnazém de secageni. O
ncí~carperde aqui sun iitniclade, toniùnndo etii
cascata iifravessada e batida por cotititiuo jacto
d e ar quente.
E s 6 agora é q ~ i cestH lirorito o açiicpr
pala ser enlregue ao comércio.
Não IiA cliiein i190 jiilgiic s:il~cio q i i e c? o
viiilio, qiiairdo o vê iio copo ou 1i:i garrafa; qiie
1150 diga qiic Elc deriva de iivas esinagndns, isto
6 , do suco oii iiiosto saído das preiisns ciii
lagares. Mas estes coi1licciineiitos iiáo lios dizriii
iiiicla sobre o rri.istt:r'io da IraiisforiiiaçXo clo
riinsto erii viiilio.
Algiiiis riixis coiilieccdorcs, de eiitre a gciite
da 1:ivoiirn «ti I I I C S I I ~ Od a viiiiciiltiira, avntiqani
qiic o viiilio i- o riiosto depois tlc *ferver* iios
taiiqiic:; nii 113s c ; e, o~ifros,qiie ( I L I ~ I . C I I ~
ser iiiais rigorosos, afiriiini~iqiie o viiilio 6 n
iiiosto depois dc feriiieiitxdo. Mas, a iii:iior parte
jA ri20 saber6 dizer, iiiesiiio de iiiodo çiiiii6ric1,
coiiio sc {:eira essa feriiiciitaçáo.
E, assiiii, sRo iiliiiierosas as pessoas qitc
bebeiri viiili'o, qiie ciillivniii vililia, qiie fiibiicniii
viiilio - qiic o li'ataiii, coiidiiiieiitain, dosei:iiii c
esportani -,e que ig~ioraiiio segrSdo tla i'c:icçBo
48 CASOS DE TECNOL001A

qcie o produz. Ora, já eiii cnpítiilos anteriores,


relativiiineiite ao pá», disserrios que as feriiieii-
t a ~ ó c s sáo ir:iiisf»riiinc;íies elcctti:iilas sobre
certas siibstâiicias por uiii ageiite orl:5iiico, iiii-
c~~oscópico e vcgetal, cliie teiii o rionie geral de
levedura(").
É êste rnicrorgaiiisiiio, é csta céliila vcge-
tal que, <<atacando»o aqlicar da civa (glicosc!,
existeiite no inosto, o vai desdobrar cin anidrido
carbóiiico que sai do liqiiido oiide se niio dis-
solve 4' pressio atniosfGrica, e crn dlcool, protliito
ávido de água e que, por isso, se l~reiidei
água ciii ciijo seio se forniou. Esta traiisfor-
niação da glicose da uva, é que coiistitlii a
fer~írc~ltc~çüo alcoólic~(**I.
O viiilio «ferve», coiiio diz o 11ovo - beiii
que inil~ròpriainente-, porqiie coin o bosbullias
do gbs carbóiiico que sai d o niosto este torria
a aparência de estar em ebuliçiio.
Desde qiie a glicose se desdobro~icin aiii-
driclo carbóiiico, que se despreiide, e ein álcool
qiie se fixa iio Iíquitlo restaiite, o cltic fica iios
tanqices'ou nas dnriias í. já iii11.1~0.
-
("1 Ver 11 C~pitiiio, leveil li iras,^, ciniio esclareci.
~iienlodos ieiiúnienos apoiitaclos nhste texto.
("1 Para os qiie leiiliain iioçoes, aiiida (111~breves,
tlns f6rniiiliis qiilinicas. u reacçao qiie segiie, acoinlia
iiliatln 110s dizercs tlo texto, toriisrh o iiieciinisiii<ida
fcrineiitaçao itlcoúlicn si~ficieiiteineiitecI;iro.
Repelinios: a Ieve(1iira (do iiiosto) .ntocniidou n
COhlO DAS UVAS SAI 0 VINHO 49

Por essa ferineiiiaçiio, o niosto - sumo


açucarado du fruto-,transforiiiou-se rio produto
alcoólico que toiiia ti iionie de vinho, lia quíinicn
i t ~ c l ~ i s r i i Para
l. qiie eiilre no con~ércio,coi11o
;irtigo aprcseiitável, (raiispareiite e com parti-
culares qlinlid:ides gustntivns e aroriiiíticas, teiii
êss? lícliiitlo ile ser clniific;iclo e coii~reiiieiite~
ineiite tratado nas adegas o ~ ilias fábricas,
tliiraiite ninis ou iiieiios teiiipo, para que se
dcseiivo1v;iiii nele as proprieclades q ~ i co reco-
iiieiidairi ao 11alad:ir c ao olfato d e seus consu-
iiiiilores.
- Mas, coin isto, aiiid:i 11x0 dissenios doiide
veiii o riiicroryaiiisino, a levedura, qiic, actii-
;indo rio açucar da IIV:~, 110s traiisforriia o iiiosto
elii viiilio.
A feriiieiitação, todos o iiota~ii, opera-se
cslionlineat~ieiilc. Ninguéin laii<;n no mosto
qualq~ierleri~ieiitoou levediira; doiide se con-
clui q u e esta esi,í iio próprio iriosto. E corno
aparece aqui ?

riiol8ciilii de glicose (Cti Hlv Ou), procltiz o desdolirn~


iiiorito destii eiii diias iiiol6ciilas de aiiidrido uorllóiiico
( C Os) e diias iiiol8ciiliis de (ilcool (C8 HUO).
Assiiii, tereinos:
Co I-lia Ou --h 2COs .-f- 2 0 1 No O
p11ei>se a,, c*rI,, .iicool
O co~iicienlu2, qiie vni fliitos diis i6riiiiila;i inolacii-
liires dos Ulliiiios conii~oslos,iitilian qiie so foriiinrniii
de uma sO int>lCciiliiilo glicoso, driris rnoldciilas di! cnda
iiiii dtles.
50 CASOS DE TECNOLOOIA

A i,r6[~ri:ipelícula d;i tiva conténi eni si a


iiiisteriosa célula que 6 de tipo apareiitado coni
o da «leuei~irnde cci'vejii». Esni:igado o b a ~ o ,
passa ei:i ao iiiosio e acliia lia glicose, desdo-
braiido-a coiiio dissciiios já.
O 'iiiosto, ~pois,já ciicerra cm si o ele..
nieiito activo da prijlri'i;i a l c o o l i ~ a ~ ã oP:irci:e
.
que, lias iivas, a iialiireza tlispos tudo J!:
iiiodo a transformi-Ias directiiinente eni vi-
nho.
i Não será esta circuristâi~cia, aléni dai;
~ii'ovas da experiéucia, que teiii feito, desde
reinota aritig~iidade, coiisiderar-se o *viiilio
puro» como iiiiia bebida natrrt.nl, isto é, api'o-
piiada pela natureza ao estirnulo e tonific:içicr
do orgaiiisino ?
Iiouchaidat-ilustre qiiímico fraiicês, qiic
.deixou li;ibalhos iiotáveis desta especialidade,
rnkre êlcs: A ng~~ardcntc, sc~lsperigos (1863)-- ,
:ili.iiiiava: .o uso do viiilio deve ser acoiise-
lliado, porque esta bebida liaritcc sei. o veículo
iiiais iiatiir;il l.>ara utilizar a ciicrpia diiiiinica
c10 álcool, evitniido os scris efeitos destriiidores
shbrc a ecoiioiiiia orgiiiicaa.
Rei:enteiiieiitc, estabeleceu-se unia cbi'rciite
- ate ciiti'c distititos iriédicos poi'tiigiieses-,
iiiiiito favoi'ávcl ao viiilio, nX« cte alto ginii
alcoólico, asseveraiido alpuiis cieiitistas estr:iii-
geiros, qiie, para os ad~iltos,Ele. 6 superior ao
leit,e c aos ovos, coriside~~lcdus iipeiias Lteis iio
período tlc cresciiiieiito, pelo cálcio que coiitêiii.
CO~\IODAS UVAS SAI o VINHO 51

Na Madeira, dantes, o viiilio era designado e


recaiiiendado, pelo ineiios lia lingliagein popu-
lar, coiiio Único aleitc dos velhos)).
Não temos coinpetência para lios pronuii-
ciaiinos iio nssuiito, iieni êste foi o fini destas
iiotas sôbrr o scgr2d0, para alguns, da tratisfor-
niação do iirosto ein viiiiio. Apeiias, para des-
canso de coiisciêircia, nos cumpre acrescenlar
qiie o viiilio deve ser iiigericlo coiii iiiodcração
e 8s refeições, evitaiido-se quc o seu uso passe,
de Ú t i l tihbito higikiiico, no z~busoque o traiis-
foriiie em viciosa perversão.
O fabrico dkstc virilio n ã o cotislitui. certa-
niente, indústria exótica, coiiio niiiitos, irnprò-
priamente, têni cotisiderado a d o ayíicar ~iindei-
reiise, jB aqui tratada cbin relativa largueza: iiias,
pelas qualidades e fama d o ~>rotliito,pelo sei1
valor tiie~rcaiitil, e ainda, iiin poiico, pela siia
tccnica agrícola e industrial, iiierece iiesta obra
uin capitiilo privativo ( 0 .
O nlvladeirau é uni viiilio licoroso oii

( 1 ) 0 d~senvolviiiienloiicliado neste <:npitiilo, Iieiii


como no rlo ,,A~;iiciir(lo ciiiiii,,, oxlilica-se prlo facto de
escrevermos iiii Mnrloira, o os dois toinas reslioiturcrn As
<liias l~riiicipaisinrliistrias riestd Ilhri, iiinl>asligadas R
tnrra qiie Ilics Fornece u viiliosii innt6ria priiiia. i!aiac:iii-
-nos, pois, rle vanlagein, <lar delas coiilieçiinoiito iiiiiis
sniplo-ein vista do assunto niidar (lisi>orso,oii eiii livrus
d e iiienos f6cil consiilta-, ospeçisliiieiite aos osiiirliiiites
e 011er;irios iiiadeireiisos que teiiliani a ciiriosiiliiilo 116:
nos ler.
O VINHO DA MADEIRA $3

geiieroso, que, ,i inesa sc serve eiii segtiida i


sopa e, especialnieiite, B sobreme.,' rios S ~ I I S
tipos iiiais riobres : nialvasiii ou boal, e ccrceal
vcllio para os requiiitados ariiadores.
De gloriosa tradiçiio, &te viiilio, tios fi.iis
do século findo e, ainda, tios prinieiros alios
tlêsle séciilo, foi vitiiiia de fraiides e falsificn-
ções, deiitro e [ora da Illia, cliic niuiio prejudi-
carain seii rciioine. Hoje, ~ioréin,pelo re,~ r e s s o
agrícola ,is antigas castas e pela seried:ide de
seus processos faliris, siil>eriorineriie fiscali-
zaclos, o <(Madeira»voltouricoiisiderar-se conio
apreciadíssimo produto, clc alto valor coinercial,
coiitiniiniido a coiistituir unia das iiiais iiiipor-
t3iiies foiitcs tia ccoiioiiiia rnadcireiise.
As n s c s do seii preparo, ;i~iroxiiii:iiii-sedas
tlo viiilio do Piirlo - coin tipos inais doccs oii
iiiais secos coriforiiie os virios gostos (tos r11er-
caclos tlc iiiiportaç:io-, iiias predoii~in:iiido os
Lipos secos e iiieios-secos, o qiie o toi'iin, iie
riiodo geral, iiieiios adainado que o do Doiir»,
seiido de superior aroiiia para os eiitcii~lidos.
A siia coiidiinentaçáo alcn6lica difere, ao alirign
(Ia Ici e dcsde loiiga data, da iisada neste iíltinio
i , i ii o cotii asiiardeiiles, iiias
coiii álcool iiidiisirial i.ectificado, extraído da
caiia docc- {lcool puro coni cèrca dc 4 "1, dc
igtin destilada coino se verá eiii capítiilo
especial cltsie livro.

Daremos, com algiiiis túpicos inais caracle-


54 CASOS DE l'liCNOl.O~lA

rísticos d a siia produção agrícolri e fabril, breve


iioticia hist6ricn d o vitilio d a Madcirn: origem
das siias nielliores castas, doeiiças qlic atacaraiii
seus vinl~edosc razoes da sua Iania riiundial.
No q u e vamos dizer. rel~cirtarno-iios, de
perto, i riionografin [(O viiiho da kíatleirn.
(Ediçkio d a Dclega~Xo d c Tiirisiiio da Madeira
-1037), ( e ) d e iiossa autoria, cxpiirgaiido-a d c
certas iiotas pitorescas qiie, aqiii, j i não aclia-
i'iani lugar.
O toiii mais leve eiii que \,:li todo o capí-
tiilo, i180 tiairi, coiitiido, o fiiii da divulgaçkio
d e coiilicciiiieiitos, qiic é a. idéia inestra do
volume.
Traças h i s t ó r i c ~ s
Neilliu~ii viiilio, [ielas suas quali(lades t6iii-
c:is, pcln seu valor iiiilritivo, pelo seu sabor c
sobretiido r ~ c l o scii nroinn delicioso c raio,
pode igualar-se. a o geiiuíiio e beiii tratado vililio
cla Madeira, cspecialiiiente o dos tipos: cciceaf,
boal, verdellio e inalvasia.
Aléiii d e ti,das estas qiialidades, o vitilio
cia Madeirn apresenta aiiida propricdades,tera-
~ ~ ê i t l i c ncoin~~rov:idaç.
s,
Ji o dr. Wriglit (1795) o acoiisc1li:iva «para
;is ~ ~ e s s o ad sc idade, ii;i decadtiicin das respec-

(2) Esta tiioiiogriiiin, 6 a iiicsrnii qoe ~>uhlicli~iius


118 rosista nfieroes~ (Lisboa-.Taiieiro de 1910), çolil o
tiliilo ~(:otiiose pi'el~ariiiiiii nècliir*.
O VINHO DA MADEIRA 55

tivas Fuii~$es físicas». O l ~ o \ ~ tia


o , siia exl~erifii,
cia, como noutro luzar dissemos, ciiaina-llie o
*leite dos \~eliios*.
E muitos niétlicos iliistrcs o t8in recoiiieii-
dado no trataiiiecito adjuvante das pneumonias
ii ainda tias coiivalescen~as,
O sal-ior tlo boa1 aiiligo, clieio de corpo,
qiic apetece iiiastigar para bem dividí-10 e
sul~dividi-lociii partículas giistativas, carece de
tcriiio exceleiite para sua comliaracBo; c o
ai-oina do cerceal veliio, que o antigo aiiiador
ingl6s deitava :?s gotas iio lenço ou esfregava
deinoradaiiiente eiitrc as iiiKos, vai além das
requintadas essêiicias coin qiie os perfumistas
acaricinni as pitiii tirias elegantes : lisongeia
volii~.)tuosaiiieiiteo olfalo, estimiiiaiido etii acçzo
i-cflexa as papilas ávic1:is da Iíiig~ia.
As antigas faiiiilias madeireiises, usavani
liara coni o cerceal uiii yerdadeiro rito. No
priiiciliio do baiiqucte desrolhavarn a veilizi gar-
rafa eiiipoeirada, a ncabeleiraa, e metiam-tia
iiiiiii vaso, eiii geral, de prata, coiii água qiientc
para, pelo calor, deseiivolver-se-llie o 13erfiiiiic
clue se ia, pouco a poiico, espalliarido pela sala ;
i liora [ia soúreinesa, o despretitlimerito d o
aroina chegava ao niáxinio e o cerceal cra eiitSo
servicio, ainda tépido, aos coiivivas q u e o sor-
viani, cleliciados, aos pequeiiiiios goics.
Aiiicla viiiios - já sem êste cerinioiiial --
alguiis meiiihros da colónia inglesa da Madeira
toinareiii este vinlio dcpois de priiviaiiiente
56 CASOS DE I'ECNOLOGIA

ai]iiecercrn [i cilirc eiitre as iiiãoi;, Ipara rnellior


Ilie seiitireiii o boitqr~r!t,coiiio, à fraiicesa, ainda
se expriirieiii fabricaiitcs e prova.dorcs.

Os piiiiieiros bacelos plaiitados cin terra


iiiaileirerise, fora111eiiviados pelo Infaiite i). I-ieri-
riqiie, dizeiii iiris, i i i i seguida à descoberta, oo
Iraziclos à [Ilia pelos iiicrcadores italianos, conio
qiiererii oiitros, e hei11 boas razcíks persuadeiii.
Seja coiiio fcir, a tradiçáo iiidica no rriilvasia o
~)riiiieiroviiilio desta regino que gozou rerioiiie
oiiiversal. Outro liaveria antes, talvez na costa
,norte, nias polico e inferior.
Aqiielc vinho, coino o scii iioiiie iiiclica, 6
iiatiiral de Nal~oli-(li-Mnlvnsin,lia ilha de I\;lirioa,
jiiiito icosta oricntal da Amioreia. A sua adalitn-
çao no solo iiiadeireiise tnellioroii-o e deii-llic
uiii caracter especi:il, cxnctairieiitc conio a
ti'arisplnntar;áo tlc outras siiheslii.cics, boal,
ceiceal e bastardo, trazidas d e Portiigal, fez
dEstes viiilios iaiiiosas especialidades miidei-
rClISCs.
O ccrceal vellio, iio dizer dos aii~adores,0
iiiais iiobre e estoinacal virilio da Madeira, seco,
inas já sein travo, fiiio e iiitensa~iieiitearoriii-
tico, 6 derivado do aesgaiia-c8or, d o Conti-
Iieiite, assini clianiado por siia acridez iiisii-
portável. i? elevadíssimo o grau sacaririo da iiva
prodiizida iiesta Ilha, permitindo, pcla quanti-
dade de glicose que se deixa ou iiRo ferrnèiitar,
e ailida corii a adiqáo de álcool, ohterein-,se
O VINHO DA MADEIRA 57

virios tipos tle viiilio, desde o extra-seco, até


o doce abafado.
O período da ol~ulênciavinii,<L leiia " corres-
poiide., tia Illia, ao últinio quai.tcl do sCculo
XVIII e priiiieiro d o sécul» XIX, aiiida que as
graridcs exportaçóes coiriec;asseni por 1660, ao
tempo do casaiiieiito da iiifnrita D. Catariiia coin
Carlos I: dc* liiglateria. Os priviltgios coiice-
didos aos inercadores iiiglescs, atraíram-110s 6
Illia, e foi a sua actividade coniercial qiie dcci
à exportaçAo do flMadciran o niais ~?roficiioe
decidido irnl~lilso.
O inalvnsin, contudo, já era berii coiiliccido
etii F r a i i ~ n iios ~iriiicípios d o s6culo XVI, iin
c6rlc de Fraiicisco I, c, poiico 1ii:iis tarde, iia
Ilélgica e iioulros ~iaísesda I:3iiropa. Ncste iiics-
nio século era êle eiiviatlo p:wa as fiidias, vol-
taiido, o rluc iião era colocadn ali, beneficiado
por tal forina qcie, iiiais tartlc, o viiilio tla ((roda
cla íiidia:) coiistitiiía iiiiia fninosa lireciosiiiacie
veridida a preços fabiilosos. A viageiii, :i siiii
~iassageiii lerita sob as altas teiiipcratiiras (li)
equatlor, «ciivelliecia-on a tal poiito, que iieiiliiiin
outro o [podia excitler oii igiinlar.
Aléiil das castas iiidicarlas, Iiavia, até 1552,
bpoca ern qiie o oiclici iiivaijiii os vinlietlos
inadeireiiscs, ciiilras subespécies, tais coiiii~:
IisirXo, alicaiite, barrete de pailrc, tarrantés
e isabel, cspecie airiericaiia, esta, c~iieresistiu
iiin pouco ao oídio e, aiiida iiiais, ao filoxera, e
que algiiiis fnlsaiiie~ite siip0crn ser casta iiova
58 CASOS IIE TECNOL.oO1A

adaptada ao nosso solo clepois tlesta iíltiina


doença.
O oídio o11 r~~angrn-coirio se diz na Ma-
deira-, deu iiiii gollie terrível 110s viiiliedos
desta Illia, deteriiiiiiarido uma crise q ~ i clevoii
h eniigra~ão,par;i o Brasil c índias ocideiitais,
grande parte da ~po~iulaçáo clos cainpos.
Foi urn inteiigeiitc e grniidc ~ p r o l ~ r i e t á r i o
do Estreito-de-Câriiara-de-Lobos (n ~iriiicipnl
regiáo vinlintcira da Illia), que, c111 corrcspoii-
dênciacoin iim seu parente resideiite em França,
priineiro eiisaiou o enxofre já iiestc []ais crnpre-
gado cotno reiiiedio coiitra oterrívcl Flagclo.
Prinieiraiiieiite, foi feita uina papa, colll ~ixcili'e
e dgiia, juiitaiido-se-lhe por vezes ainda cal, e
iieln se embe1)iani os caclios; clel~ois,vendo que
este processo, scgiiro inas ~ ~ o t i cprático,
o era
iiis~ificieiitepara dcfeiider a flor da viiilia, expe-
riinciitoci eticher, coiii o enxofre eiii 116,iitn cliu-
vciro de legador, pulverisaiido assiin os ele-
ineiitos <Ia vidcira, cío que tiroii excelciitcs
resultados; a segiiir, apareciam, introduzidos
por êle, os piilverisadores franceses, já nbsolu-
tuinente prilicos c profícuos, que faziaiii re-
iiascer a farta e dourada alegria dos liaireirais
da Illia.
Ao aiitigo nialvasia- hoje qiiisi restriiigido
R Fajiiidos-Padres, dantes perteiiceiite aos
jesuitas- , aiida ligada urna bem curiosa alie-
dota Iiistdiica: o diicl~iede CI:irerice, irnião de
Eduardo 1V de Iiiglatcrra, malévolo, sarcistico,
O VINHO DA MADEIRA 59

inh Iíiig~iae boin bebedor, era aciisaJo de tra-


iiinr contra a preciosa vida de seu senhor e
mano. Prêso e julgado por um tribnnal de cava-
leiros yiie o condeiio~ii niorte por crinie de
alta traiçáo, foi secretaiiiente eiicarcerado lia
Tfirre dc Londres. A sua alta jerarquia c a
iriiiaiidatlc d o sangue, nioverain a real piedade
;L fncult~ir-lliea escollia do processo cle execução.
O rluqiie, para sc decidir, pediu umas 1ior:iç de
espera e ~ i i i i toiiel de riialvasin da Madeira.
Quaii~lo~i;iiii receber-llie a icspostri, eiicoiitra-
ratri-iio dentro d o toiiel, rcgal;idainentc iiiorto
110sabuioso e pertiiriiado líquido que o saciar:i,
lifinal, de Liiria vez para setnpre ...
A cultura
Eiri quhsi toda a Illin, o terreiio se presta
para :I cultiirn t l ; ~viiilia que, preieriiiilo o siil
e os cainyios baixos, iiiedr:c, contudo, ao i ~ o r t c ,
eiii vastas plaiita~5csdc f<jacqciez~, casta excíticn
qcie produz iiin 'vitili» rclativaiiieiitc rico eiii
giaii, pela feliz aclapta$%oa Sstc solo.
Ciiiiipariário, S. Ooiicalo, I'oiitn-do-Pargo,
e, iriais especinlineiitc, Câiiiara-de-Lobos e
Estreito-de-Nossa~SeiiI1ora-cIa-Grn$:1-sXo as rc-
gi«es, por exrelCiicia, dos vinl~os geiierosris,
oridc o verdellio aloira, a('iicarado, e a titita,
de suiiio doce e casca taiiiriosa, osteiit;~o belo
iieg.io azul, clinriiado ;is;i-dc-corvo.
A filoxcr;~,nparrcicla eiii 1872, deu o golpe
de inisericórdia. tias antiras ci!pas i6 abaladas
60 CASOS DE TECNOl.Oi;l,\

pelo oidio, seiido raras zis varas que d3o Iioje


o fruto «de seu pS)>.
A enxertin, sâbrc covnlos de ,<jacqiiezn,
ripiria, ~IierbeiiioiitD,e outras videiras resis-
Lentes, t qtie veio salvar o: viiiliedos da Ma-
deira.
11s terras inenos :ilag;rdas, coiiio ?r iiatui:il,
sÃo as que djo riicllioies viiitios. N:is pro-
pricdades iiiais beiri cuidadas, o solo é :rI)erto,
ali. ;r liroi~itididadede dois inctros; u L)acèl«,
plaiitaclo fuiido, alo!ig;a-sc pelo gavião a pro-
ciirar a riiiiidacle tio subsolo, Uiiica que, rio
estio, Ilie tlissolve os eletiieiitos necessários h
sua iiuLriçHo. Para qiie :I virilia se nZo.teiite coiii
a :ilii~ieiitaqão fAcil, d e in\~eriici,irias iiii~irofíc~ia,
iio verio, das iiiais altas cfiiiiatlas de terieiio, as
raizes superiores, as «~~ast:~deiias>, sXo cortatlas,
~)erinitiriclo-se-llieiiiiicatireiite êsse irtirio tra-
balho de iriirieiro qiie Iii-dc a i t i r - I por
loiigos anos, o s ~ i s t c i ~ teo a prodiição de seus
s;iborosos e abuiidaiites caclios de oiro.
S6 rio fiin de três alios é que a vitlc tlh
collicita apreciAvel. O seli tiataiiieiito iião í.
riiuito traballioso: dárse-llie tiriia cava, ciii Jaiieiro,
para arejar a terra, inetei~do-se-llieadubos entre
os cluais o tretnoceiro e a giesta que foriieceiii
:i 1)l;inta grandes quantidades de azoto, ajii-
dando :L acçXo do ar. Essas czvas, ou *iiiaiitaça,
~ieriiiiteirio eiiil~oçaiiieiitoda :íglia das clilivns
e o seli escoaiiieiiio profiiiido, iia clirecçfío d o pé.
Duas eiixofra~õcs,uiiin «eçlollia» depois d:i
flor «viiigada~,e ciiitra, tiiais tnrde, para iiiellior
arnadiii.ecer o bago, 6 tiido cluariio se coiicede
ele riiais privativo i vinlia. Ilidirectaineiite, re-
cebe cl:i outros bciieiicios que vis:itn ao deseii-
volviriieiito de certns culturas Iiorlícolas, que
iriedr;iiii sob :is Iatai.las eltiiaiite o teiiipo eiii q u e
a ausêilcia da fôlha ~ ~ e r n i i il e luz d o sol ctiegar
ao tcrreiio agricultndo.
As iiielliores cashs ciiltivndas na 1~iadcii.a
s5o: a ;~iali~asi(c, « hor~l,<I refccul, » i'drf/zl/~oe
a 1í/11(~(negra-iiiole).

O s l a g a r e s , a ''ir~7pesa"
e a repisa
As uvas, iia siia niaior parte, são espre-
iiiidas lios gi'niides lagares primitivos.
Fazer iriii ((116 de virilio~nuiii lagar, í! coisa
intercssaiite para ver-se. As iivas, laiicadas dos
«cestos de viildiiiia)>sobre 0 (<ILS~I.O" (flinclo do
lagar), sXo esiri:~gaclas seiii esiôrgo pelos 116s
descnl~os de quatro valeiites la~areiros qiie,
agarrados h avzra» d o lagar, vXo, por tini
moviiiiciit« de rilarcai. 11:1sso, fazeiido sair, al-iuii-
da~itcineiite, o pi'iiiiciro iiiosto. Depois de
espreinitios os caclios, 6 ricccssirio desl)oj;l-los
d o siiiiio qiie liics resta aiiicla, Ipor iiicio de
iiiais violeritos processos. Aqiii, écllie vai coiiie-
Cai a iriiervir :i C<vnra», fuiicioriniiilo de :(Ia.
vnric:l iiiicr-rcsisteiite.
O bagnqo E ;irruni;ido 3 0 cei~tro,*posto
eni pi.» e ciirolatlo Iiclicoidaliiieiite, por uriin
corda cliie lhe dá o aspecto de iiiii tioiico cle
cone de largas bases. SSbrc a siii~erior,coriio
diâmetro, e iia direcção da vara, assciita o
«jiiizu, decidinclo, pela jiista colocaçZo, da pro-
ficuidade clos esforços que u todo se [pieliara a
suportar. É eiii ciina d o «jiiiz» qiie se colocain,
succssiva:neiite, as tibo:is, os 'iiialliais>), a "por-
ca», os ((leitóesb e, por úlliiiio, o acaclin~or,
l~cdaçosde iiiadeira de grossiiia v;iiiRvel, sciido
este tíltiiiio qiie recebe directaiiiciitc a acçáo da
vaia. O extremo livrc dcsta grossa trave é atrsi-
vessnclo pelo *fiiso~rliie se preiide iiiferioi-
iiieiite ri pcsadsi «pedia d o I:lgar». Poiitlo-o cin
iiioviineiito de apErto, ntarracliaiiclo-o na vaia,
a ~ieclra,qiic tlescaiisava iio solo, 1ev:intn-se e
fica cxerceiido :i ricsejacla 11ress3o s8bi.e. o
bagaco. É :i cliainada i ~ ~ ~ , ~ r s a .
O inosto corre, dciiso, pela bica parsi cleiitio
da graiide tiiia, tleixiirido a supcilícic Iíqiiidn
i~ecairiad:ide grossas 11Sllias iriadas.
Cessoii de ssiir o iiiosto ; iiias iinqisela iiiassa
tliira de cnsc:is e ciigayos, aiiida I i i siiino...
Para exlraí-10, é qiie se toriia iiccessirio
itcorrcr a i ~ i i iiircio airicI:t mais violeiito, iiiisto
tle ti'ittiração e [.~ressZo.
V:ii, pois, coincçar a ~ r e p i s a ua, ~paitciiiiiis
iiiteiessante, ou iiiellior, riiais ciiriosa de tSda
;i extr;icç:io d o iiiosto.
fi iiessa ocasi20 cliie as trovas, niiiciiizsiido
esse labor exccssiveiiiciitc fatigaiite, v2-111,pclo
seii ritnio cs(~cci;ilq ~ i criiaira uiria claiiça bii.
h r a , Lrazzr ~iiiia'iriipressáo ori::'irial e iiitensa
:i clu:intos [)ela primeira vez :issistein a êste
eqvcctácillo.
rleseilroiada :i corda e esl,alliado o bagnc.o,
os calcniili~rcs batendo, oi':i sobre a 1:asta de
oiide tiram ~iirisorri bnr;o, ora Feriirdo o elas-
troa que ressoa i.iit~iisai~iriitr,~~,'io
acoiiipaiitiaiid~)
nesse ritiar bizarro, de dois io~is,o cnnlo cio;
lagareiros.
A repisa é o íiltiiiio e o iiinis fatigarite tra-
1)nllio do Iiigai.

Extraído todo o tiioslo, S Este condiizido


eiii rbcirraclios~para a adc::a do viiiicullor qcie
o ncl(liiiri~iao viiilia:eiro, n fiin de ai sofrer o
trataiiietito preciso pnra entrar iio coiis~iiiio
iirterrio ou ser exportado parki. o estrangeiro,
pi'iiicipaiinetile, para os inercndos de Inglaterra.
O «borracho* c,oiisiste I I I I I T I ~pele de cabra,
curtida e voltit~l;~ do nvêsso, coiistituiiido um
odre qiie o borraclictiro coiidiiz às costas, i
altiira das espácliias.

N a s c e c> vinha
Deniro das pipas e toneis, tias adegas ou
lios vastos arinazéiis dos graticles exportadores,
prossegue a fer~i~ctitnt;?iojR coincçada nas tinas:
a transformação do tiiosto ern virilio. A feririen-
taçlo dura, ern regra, ctois meses. Finda ela, B
o viiilio decantado e lançado, apús, noutros
cascos prèviamente lavados e desinfectados a
64 CASOS DE TECNOLOOIA

cal e gis s u l f ~ i r o s o prodnzido pela conibitsiáo


de aigiiiiiaç iiieclias tle ciixbfre, ser:uiiido-se as
clarificn~õcsde cllie j i \~aiiiosfalar.
Para qiie ele não Iiqiic i-str?ni:i!rieiite sêco
e. conserve alglirii acíiclir iiailiral, jtiiiia-sc-liie
Lima porçno d e Blcot>l, coino se disse, variivcl
c'oiii o s tipos a obter-.iiia.s ciijo iii:i~irno,p o r
pipa, cstá deterniiiiado 1101- ici --, sofreiido
depois várias t r ~ s í c g a sc colagcns 11cl:l clara
CIO a v o , leite, barro, sangue d e boi o u goiila
de peixe, coiifoinie as preferêiicias d o tra-
tador.
Aos viiilios mais fracos, junta-Se-lhes 10
a 110/, d e iilcool; aos viiilios niclliores, 6"/,; e
no.viiilio siirdo oii abafado, cêrca tle 30 "1,.
A percentagein d e aciicar iiatiiral cio \~iiilro
«h4adeira» é d e I 0 a 28"/,. E a sua graduayZo,
depois do tratariieiito, varia d e 17 a 21.°Cartier.
Para que u viiilio ueiivcllieçan, ripido, e se
neutralizem os iriicodernias detcriiiinantes dcoii-
tras fcrineiitaqões nocivas, siilfiiraiii-tio e siibine-
tem-iio iriciita vez à ac@o d a estufa (9 oii -

( 9 A aplicnçao rla ostiih derivoii dc iima tibservn-


çnn ciirioso. Verificoti-se iliio o viiilio etnbiirciirir~,iir>iitros
tsilii>o%para a ii>dia,e ilue n:io o1)tivcrii ali colocnr;ao,
regrcssuva ~ctiveihecido~, isto 6 , coin giialidades de
arotiia e de sabor iiiiiito siiperiores ao da verriadcirii
Id~dt?.Yuctodevidoaosoii<ioinoi.riiioriyot>ciiiieiilonn irlii e
tia volta (rodn),sob os cnluros do cqiiiirior.e dos Lrbpi-
cos. Era o vinlio da aroda da Iiidiap, ainda hoje muito
conio Iiojr - , a um regular aquecinieiito pelo
v:\por de iyiin eiri secipienlesprópi'ios drirante
00 dias c h Iliiilpei.atitrn d c 50.", t u d o ofici:iI-
iiieiitc fisc:iliziido. Assiin s e prepara a iiiaior
13:irte d o destinado :i enibarqiie, mciios apre-
ciado clo iiiie o u t r o q u e iidcluira a s cHs, natii-
r:iltiieiitc, s6hi.e (1s tlormei.ites d:i adega, e
cleiioiiiiiiarlo [(de canteiro*. t\ct~inliiieiite, s c o
virilir) Liver clr ser cozirlo, o i l c o o l é ntiicii~iiado
$6 d c p o i s d o aq~itciiiieiito.
Coiii « eiivelhcciiiieiito, 0 vinlio vai «atria-
diii'ccendo» c tleliositaiido a parte sólida
<(ire se fixa iis (iaredes da garrafa, f o r n i a i ~ d ope-,
licul;is fiaginciitatlas qiic têni o iioiiic d e rasa
de iiiosca» ; pcrtle, a p o u c o e poucci, o a ç ú c a r ,
q u e feriiiciita, Iieiii conio os i c i d o s q u e s e tiaiis-
Foriiiani ciri iiteres.
O perfuiiie tXo iiiteriso d o cerccal vellio-

uprecitiAo. iiins ciirln ve7, inais raro, eiitrc os mais fa-


mosris giiirafeiriis.
Daqui, n icióin tlu siiBinct«r.se os vinlios iiovos
:i estiifa dc sol, afiiii dc nrli~iiirireiii,em ~iiiucotempo, os
prer:iosos rloiis rlo viiilio vellio. Mas, coiiio n estiifii de
sol oin do nççno lentti, liela tiiisin dii viniciillor ciii obler
vinho ~ v e l l i r ir:i])irlniiioiiti?,
~ siiccdrraiii.llie as dc afogo",
acelerai:lorns tio fciiOiiit!iia, inns qiio esliirraviiin o tiro-
fliito. pcrilontl«-o. e se lirestaviim a falsiiicaç0es gros-
aeiriis, n qiie ncarretoii iit!ssiiiia fainn atd no Iiorn
vinlii, ~.RI~ilelrtii.C»~rlgio.ou o deleito, com li irilro-
diiç~o, Icgtil, i10 uqtcecimento L~rando,pelo rnpor d e
água, a qiie lios rckrlrnti~nciina.
66 CASOS DE TECNOLOCiIA

viiilio que, tios pritneiros anos, é acre-, pro-


véiii desta traiisforiiiaçZi~dos seus icidos em
abiiiidantrs &teres ai'oniáticos.
O calor dc ~iiuitosvci0es p>issad»s subrc
o vintio, iios *canteiros*, ou o calor que, :irti-
ficirl riias ciiida~losnriienlc,IIii: seja foriieci<lu
no slrataiiienlo, coiifcrc-lile, aiéiii do aroma,
o aninrgo <~estonincaluqiic car:icicriz:i 11 vitiliq
sPco e, riiidn, ccrt;i pni~ticiilaic suave iiiiprcssiio
cle aveliidado.
O viritici vcliio da Madeira, gracas i coiisli-
tujqao qiic lhe adv6rti de especiais coiidiçõcs
do solo e do clinix,bein cuiiio CIO seii ti:iclicional
pregari,, rpreseritn, iio iii:iis alto grau, tfidas
estas preciosas qilalidatles.
O suco da cana doce, ou a goropn, [ ~ o d c
coiisiderar-se, s6 nuni pritiieiro aspecto, conio
foririado de Bgua, sncnrose-que é o açúcar
coiiiuiri-e alguiiia glicose, 011 açiicar c\a iiva, d e
que falimos j:i.
A sacnrose 6 seiiipre iniiito triais abiiii-
datile tia cana do que a glicose. E quanto iiiais
forte e snudiível f6r a planta, mciior ser.? a
~~roporr;ãodc glicosc qiie al~rescrita, atiiileii-
tando iiela a. ~iroporçio de sacaiose, prodiilo
tairibciii cliatriado aqúcar de cana oci de beter-
raba.
O que acal):imos dc dizer foi já exposto
qiiniido trat;iiiios da fabricaçio do acúcar.;
iiias lenibraiiio-10, aqui, para iniedintn com-
preensAo do qiic viti seguir-se.' Tambéin dissc-
ioos quc a caiia coi~titili:i tia casca a levedura
necesshria i sua fertiientação ; inrlrrstrinlr~ie!itc,
poitm, iião se coiita cotn êsses fiingos qiie
darinin urna icriiietilaçiio leiitii c irregular - pelo
niciios, iio principio -, c procedc-se, eiii geral,
coiiio se êles n5o existisseiii.

Nas fábricas de Alcool saiariiio, ;r le\,edura


d c cerveja, oii oiitin dêste tipo, depois d e coii-
venieiitenieiite tiictricta, é lanfada tia garapa
contida nos taiiqucs de feriiient:ição.
A levedura cornportn-se difcreiitenieiitc
ante ns inoléculas de glicose c cle sacarose. Ao
encontrar, digatnos assim, as dc plicose, desclo-
bra-as eni gás carùóiiico, que se clespreticlc do
líqtiiclo, e cin dlcool que fica preso A 6gua da
g:irapa, como j A se viii cl~iatido tratáinos do
vinho. Se encoiitra unia iiiol6ctila de srlcauosc,
conio esta tião 6 directnnieiitc ferinciitescível,
prepara-a para eski ferniciita~9«, coiiverteiiclo
aiitcs, a sacarose em dnas glicoscs. De que
iiiodo ?
Ora, assiin cociio a plinlifrn da saliva traiis-
foriria o amido eiii glicose- o que j6 dissenios,
quaiiclo tiatinios do pão --, tainbhi certo priii-
cípio quíriiico (ferinciiio solúvel) d c funções
niiálogas As cla ptialiiia e cliainndo 1/11icutifza,
scgiegado pela levediira, vai traiisforiiiar pri-
riieirnmenie a sacarose e111 glicoses (glicose
cirtliiiária c leviilose), pitra depois a própria c&-
IiiIa actiiar sSbre estas dniido-llies a fcriiieiitação
íilcoólics pclo iriodo qiie já teiiios dito, isto é,
~~rodiiziiiclo, a seti ttiriio, gits carb6iiico qiie sai
do Ilqitido, e rílcool q u e fica nêle dissolviclo.
~ 1 . ~ 0 0SACARINO
1. T>S

A socizt'ose sofre, lpois, (luas fernietitaç6es


p a r a se traiisloi'tiiar ciii:ilcool : a ~)riiiiciraconio
s e disse, é desliiiada a coiivertê-li ein glicoses;
e a scguiicia, é a transforiiiação destas glicoses
ern ilcool, qiiere dizer, 6 a sua ferrnelitaçáo
alcoólica. Por oiiiroi terinos: a Ievediira tifio
ataca directaiiieiite a sncarosc ; irep para-a, pri-
iiieirameiite : «cozitilia-a», iiiiitaiido-llie água,
para fazcr, d e cacla iiioléciila cle sacarosc, duns
d e glicose, e depois é que exerce acç5o sobre
estas para clesdol)ri-lns eiii gás cnii~óriicoe
rílcooi. (i)
(,>ii:iiido acaba a efcrvesc~iicialios taiiqucs,
[lar j i 1130 Iiavcr iiiais bollias de ghs carb6nic0,
c s t i teriiiiiiaria a fcrinciitaçio alcoólica. O s dois
aqtícares - sac:irose c glictisc -estio ~ i r i t i c a -
iliciile Iraiisforiiindos ein ilcool, e o iiiosto da
cana, a caralia, estA tr:iiisf.orni:ido I i i i n i viiilio:
o «vitiho tle caiiar.

(*) A erliiaç:io qiiiiiiicri qiie represeiilii n ferriieiltiiç80


al~ciiilira<!?i . ~ l / r o s c O 11 qiic rlcinos oiii iiola iio rapi-
ti110 ~.Coiiiolias iivas sai o viiiliou.
Piir isso, eslioI'ei1ios ntliii, iii>eiiss.RS er{~iaçlies
I'efe-
roiitcs i iii\'el':iao iiiolL;ciila (le sacaroso em iliitrs da
glii:oscs.
Ora, a sacarose corrcsponíle, coiiio se salit?. u diins
1iiol6r:~ilasrle gliçosr, siilili'oidns ilo iima ihiilecula de
iigiia. Isto C :
Cii IIZPOi! -> %C<:III? Oa- O H?
Sil<:flrllSE ~lircisc dgilii
6' evidente, porliiiito, qiie a jiiiiçao de iima iriole-
'I0 CASOS DE TECNOLOGIA

Êste iíqiiiilo & levado pari1 os aliiiiibicliies


ou, ri;is griiiides fábricas, prira as cci.liinnç tlesti-
latórias, doiidc por ebiiliq;ío, i teiiij??rntura
pi.Opri;i, lhe 6 extraído o ilcool.
O q u e se clisçe para a garapa, i.iix.sc, ailhlo-
garilente, para a fcriiieiitnc;F.o do iiiclaco pohrc
-saido d a faIiricaç2o do 6~iíc:ir--, tlcStiiiado à
destilaria, pois êste iiielar;~coiiti:in, aléiii d a
glicose tla caiia, a perceiitagciil d c sncarnsc quc
1150 cristalizou pela presecica dessa glicose.

I-'ara qiie o ilcool saia coni n ${raduavao


~~i'tiprin d o iilc«oI iricli.istrial, terli d e sêr reciifi-
c n h a {i111 d e perder qliási tiida a igiia rliie,
pela sita avidez p o r éste I(quido,seiiiprc arrasta
consigo. O Itlcool iiicliislriai, clestiiiaclo ao con-
dirnciito dos vitihos e a iiços iiicdiciiiais, ctc.,
coritçm, ainda, &ICiii clo Rlcool r (cerca de
9Gu/o), tiinn ~icqtieníssiiii:~ ~ierc~titagein dr: Agtia
dcstiladn (cêrca de 4'/,).
ciiln do ágiia 11iiiirlLlciila da saçaruse d i h (liias !iii>l4cu-
Ias d e glicosus (plicose ~ ~ ' ( l i r r r i r ien lci~rrlo.se), riiiitins
corii R 111esii1a 16rrn1118e, flinlias; clirertuiiicrite briiioii.
t~sciouis.
A irrvcrlirro, scgrege<lii p d u icverliira, Li qon renl1o:i
t.sla opernçao expressa pola ei]iinçao sojiuiiite:
C12 Rn 011-1- O Flr -> 2Cn KI. 06,
rawro3s iglia ~,licorc
rapresenlaiido o segiiii(1oiiieiiiùro deslii eqiiiiCAli us (iiiiis
glicoses obtirliis ~iclaiiivcrsiio do sncnrosc. Sao olus
qiie, ncbmdns 11oln pr<i(lrinluvudiini, liarno. fineliiionli',
a feriiientn<;aoiilcoblica deste açiicar.
O álcool a. 100°/, --álcool r r b s o l ~ ~ ou
t~,
4lcool xiiidro -- t obticlo lios Inbornicíiios, fii-
zendo-se urna úItiiiia destiln1,3o erir pi'cseriCa. d c
siibstância aiiicia mais ávida dc iiriiidnde, do
q ~ i cele, coiiio a cal viva, por exeiitplo, que
defiiiitivai~icritcliie roiibn tòdn ;I íig-([a.
R c.aleoas8Azaq~odos viiaal~os

I-li pesshns qiic sripõeiil cliie o álcool vinico


e o Alcool sacariiio-reFeriiiio-lios aos 61coois
iridusti'iais, devidnrnente rectificados-, sHo (li-
fereiites uiii do oiitro ]por derivareiii d c duas
substâiicins tlivcrsas. N5o é assiiii : a 06." ciiii-
tesiitiais, o ilcool, ~~roveiilia ele da caiia ou da
UVR, tem pràticaineiite as niesinas ~>ropricdades.
O ilcool cxisteiitc em qiialq~icr désses lirodii-
tos industriais, eslR no seu estado ricutro: isto
i., esti liberto dns iinpiisczas, difereiites eritre
si, qiie existiam ern principio na a e rio
inosto da uva, coiiterido apciias, cotiioiriat6ria
estraiilia, iiiis 4'1, de Íígua destilada. E: só iiisto
difere do êlcool absoluto oii ariidro.
As :iguardeiites, sejain de viiilio ou de outro
~iroduto,por iiáo sereiii ilcoois rectificados, 6
que alireseiitain essas iiril)~irezas- distintas,
alguiiias, de titn liara oulro produto-, e afcc-
taiii, por isso, qualidades diversas, apreciáveis,
tiiesnio,ao olfacto e ao paladar. Por êste niotivo,
distiiigiiiiiios hein, e desde logo, a aguardente
de viiilio da clc cana.
Uni iiieçnio viiilici, portaiito, coiidirnentndo
corii álcool iectificaclo, scjn êste tle vitilio oii
de caiia, iicari ein idiiiticas coiidi~õesdesde
qiic as Iotciçóes sejam idêiiticas.
lá não será assirii, se esse viiilio fôr tratado
corii aguardentes (ilcoois 1120 rectificados) deri-
vadas de prodirtos diferentes.
Os viiilios da Madeira, trabnlliados coni
ilcool iiicl~istrial,a 96.' ceiitesiiiiais, oferecem
iiiclliores garantias Iiigiéiiicas do qiie oiitrus
viiilios tratados coin n.lrnrn'entcs, ainda que
estas sejnin de puro viiiho.
Entre as s~ibst8iici:1s tóxicas contidas, ein
geral, lias aguar<leiitcs-e que o ilcool beni
rectiiicado perde lias siias tlcstila~õcsfraccio-
in;idas-, existe o f ~ ~ r y í v o vetieiio
l, violeiito de
efeito variável clc aiiimal para niiiiiinl, e alk
de Iioiiieiii para Iionieiii, c qiie é causa de
el>ilcl)sias eiilre alguiis alccióliccis, esl>ecial-
hieiitc; entre os qlie toiiiaiii agiiardeiite de
cereais.
Ora o furfurol existe na prcipria agunr-
dciitc dc viiilio. O ciiiiiieiitc qiiíiiiico c ~irofes-
sor Dr. Ferreira da Silva, já falccitlo, glória da
ciência portiiguesa, deixoii-rios sôbre o assuiito
estas c»ricliidi:iites p:ilavras iio seu longo e
substaiicioso arligo s6bie o Alcool, iiiserto lia
«Enciclop&diaPortiigiiesii Iliistrada~,da dircc-
74 CASOS DE TECNOLOGIA

ção do Dr. hlaximiliailo dc Lenios, de bem ficil


coiisiil ta:
111-lotivctempo ciii qiie se ci~iisitlerava o
álcool obtido por tlestilacão do vinlru o mais
~xii'o de todos; e o estrníclo industrialiiicnte
dos cereais, batatas, etc., conio eivado d e cor-
pos estraiilios o11 itiipnrezas in~iitodifíccis de
eliniiiiar, e qiic Ilic altcravain a sabor e aroiiia
e, algunias como o farfurole o dlrool czniílico,
forteiiieiite tdxicas.
,,Estas noqi,es sXo err;idas : os álcoois intlus-
Iriais bein reclilic,ados, detioniiiiados de Bom
gâsto c ncrifrus, s:ío iticompnrRvelnierite ni:iis
puros que as a::iiardeiites iiaturais de vii~lzo,
bagaqo, cidra e oiitras; seria tairib6in iiin en-
gano siipor que iicstas não esislcni iicin ctlcoois
sul~eriorc.~, nein flír,fc~rol.»
E , dociiinentando a siia asscrção, oiliistre
Iioiiieiii de ciência traiiscreve, ciii tabela, o re-
siiltado das «Ari:iliscs de álcoois riaturais(ag~iar-
tlcntcs) c iiidiistriais)~,feitas em F r h i i ~ a por
Girarcl c Cuiiiasse, eiii 18(J(3.
Verifica-se por estas aiiálises iliir:, dos vio-
l e i ~tos tdxicos :i1ioiitatlos, o fiirfiirol rzZo cl./>arcl:e
c111 iiciili~iin dos cílcoois industriais exaniii i iiatlos,
apareceiido nas agitardentes sujeitas h análise,
entre as quais a nfuniile~ttc c/c ivlrilto, excep-
Liiando o conliaqiie riorrnal; e qiie os Úlcooi,~
s~iperiores,tarnbéni fortetiiente tóxicos, 01.1 iião
etitram, oii apareceni apenas como vestígios
nos blcoois iiidiislrinis, nprcseiitaiido+se eiii
graiide proporção tias ag~inrdcrites,coiii eii(ratin,
cin alta dosc, ria de vinlzo, classificada logo
aciiiia dn de cidrn (a iiiais tósica) lias aiibliscs
rcierid?,~.

Da~liiise rleve c«iicIiiir, repetirrios, qire os


viiilios da Miidcirn-releriiiio-110s aos :(cniiiii«s
---tiat:idi,s pelo lilcooi iiiclustr'ial, isto 6 , ~ ~ c l o
ilcool rcc:tificaiici, s5o iiicoiiipar~~veliiicrite iii:iir,
o s i ~ i i r srierigi~sos r saiiile d c seiis
coiisuriiidorcs, do qiic os tr;itados por clualqucr
r e i ,~ i 1 de s vil^ i qiie tlsta,
]pelas :~iiálise.s ii rlric iios iel)ortniiios e pelo
iisl)oiiliciito do ecniiiciile profi!!;sor e cliiiniico
perito »r. F:crrcir:i da Silva, 1130 s(i coiitC;in os
tdrricos ;I ijlie :itrBs iios ieleiiiiios, iiins a os
iioiita cin altas ~los(ts.
Por est:is rricsiiias i:izõcs poi-lerciiiiis [ifir-
rii:ir que o viiilio tln Madeira, iic liojc -- reljorta-
ii10-tios seiiiI)rc a iriii viiilio esci~ipiilos:iiiiciiie
f:ibric:ldo--, parte as c]ii:ilidacles giishiliviis e
de nroiria que o etivell~eciiiieiitiid;í ao ~>rodiitu,
6 iiiuito supciior, sob o potito tle visla Iiigi6-
nico, no iiossn iiinis :iiitii>:o c.M:idcira>>tratado
com agiinrdciiti:~cxtrnídas, prirlcipaliiieiitc, cle
virilios.
Aliriitns vczes se cila o caso de graritles
consiiiiiidoics d e v[illzo *Madeira* tcrciii iiior-
rido, relativaini:ritc riovns, corri ~loeiiqnç da
mesriia tiatureza [tas que atacam os grandes
bebedores d e aguardeiite. Tali~ez que isto sc
70 CASOS QE TECNOtOOlA

expliqiie eni facedas rioções que vimos aprc-


seiitaiido: pela razno CIO vinho da A4adeira, aii-
tigo, ser tratado iião corn dlcool rectificado,
coino Iioje se faz, iiins coiii aguarcleiitrs, isto 6 ,
coni produtos alcoiilicos, de baixo grau, con-
tendo cin clevatla coiit;i os vciieiios a que iios
teinos referido.
Se pregiiiiiarinos doiide provciii a cervc,/n,
tcidos, «li qiiisi loilos, reçp»iideriio qiic esta
bebida se obtkiii da cevoda. Mas grande iiiiinero
dos que assim respoiidciii, igiioratn conio dêste
cere;il poclc nascer aqiiêle líquido loiro, ainargo
e alcoólico quc ciiciiiitra, por tdtla aparte, iiu-
Iiitrosos nni;iclorcs.
Claro qiic iião daieiiios aqui as ~iarticlila-
ridades d o fabrico da cerveja, iiias apenas uiii
esqliciiia da rcç1~ectiva prodiiç50, inostrando,
siiinhrintrieiile, as ilifereiites [ases Iiorque passa
a cevada, até chegar-se a o produto que nos
scrve d e epigrafe.

Coiiieceriicis... pelo priiicípio: a 11rc~a-


inçio d o «irialten.
l'oniaticlo a rcvaila e ~poiido-a delitro d c
cul)as coiii Agiia, qiie sc vai seiiipre rciiovaiido,
o grão iiinedece e auiiieiita de voluinc. Le-
vando-o depois para uni lugar oiide, coni
calor adequario c sob a acçXo da iiiiridat.le, os
grdos gcriiiinetn, ou greleni, corno \,irlgarinciite
se diz, o fenóiiieiio da .qc.t.trrinnçcío ioinrii surgir
tia cevada uni fermento azotndo c solílvel, iiiiia
rlicfstczsc que, eni coridiçòes l ' : i o r e i s , traiis-
forriraia o seu .amido erri nciicar, como :irliniitc
vereliios.
O gr50, grclado, tltve si>iii:i. a;:nr:i iirii;i
secrigeiii ao calor, a fiiii d c ciiic I1ai.c ~llcla :I
geriiiirin~,io,visto j;i esi:ir fciiiiiadn a neccssiiiiii
rlidstffsr.Urna gcriiiiii:i~io pi'oliitig:itla reili~ii~
ilai,ia eiii prejiiíeo, pois seriii feita i (:itsi::i cli-I
airiitlo do ijri'lc~, CI~II!, COIIIO j i si: i i l d i c ~ ~vili
~i,
ser l~recisopara n foriria~i'lodo asficar.
Liriipo « ::r30 das i:idíciilas e gr6los stco!:,
6 uincdecitl<i e esiii;igo.do critre 'iliiidros, c
assiiii teiiios o rrrnlte.

Scgiie-se, agor:i, a prel);iraçdo do r~~los.~tu.


O inaltc \'si pnia deiitro diiiiia iiiin ciijo
fuiido é i1111 crivo. Iiitrotliiziiido, esta, i i o u t i ~
tiiin iiiais fuiida qiic coiit4iii Ug:-u;i a cErc;i ilc
65.", êste Iíqiiirlo, eiitiaiido pelo iiiiiilo d o reci-
pieriti: iiilcrioi', vai :itiiigir o r~ralk.qiir I;( cstii,
favorecerido a ncçAo tla ciidstc~scsi>bre o res-
pectivo aiiiido, acção (]i\+:. 13rccis:i d:i preseiira
da Agiia à tettiliei~atiirri ii~ilicada.i agi-
tniido o líquido pni'íi bvorecei' a rilscCáo se-
gundo a qual ii «diist3sc dx gcrriiineçiio:~ :\o
scttiar no ainido o transforma em açúcnrcs,
eiitre os qiinis, priiicil~alniente,a mnltosc ("),
protiuto atiilogo R asacarose>>,irias qiic, ao
coiitrário desta, 6 dirtctn///ente leriiiciitescivel
pela acção da levcdura de ctrveja.
Se, iio f i i i i da sacarific;içúo, retirarinos a
tina intcrii:~,usla lev;ii';i bagaço, deixando, na
d e furx, SI> o liqiiido ligeiraiiiciiic atiocado que
6 nrosfo tln ccvacla.
I? este ~irotiiiioqiie terenios tlc fermeriiai.
Mas, antes, Icva:rio-lo liara caldeiras cic cobre,
nticle vai ferver coii~flores, fGn~easc secas, d c
lriprrlo, que dar.30 tio inosto a côr, o cheiro r
o sabor aiiiaigii e agrndávcil que notiiinos na
ceivcja, qiinliilades devidas i siibstincia atiia-
re13, deiioniiiiada «Iicpiiliiin», quc nessas flores
s c ericoritra. O Itípiilo abaridona, ainda, tio
Iíqiiido cni qiie fcrveu, algiiiis ~>rodutosalitis-
s&liticos qiie Ilie evitaiii a iicctificaçio.

Que f;ilt:i egor:i? Fcr~~renti~r o rnosto jS


asqirii prepar.i(lo.
Filtrado, arrcfccido e repousado, o niosto 4
levatio para tiilas onde st: Ilie lança a ((levedura
d c cerveja*, rlctermiiiante da sua fernieritaçáo
alcoijlica, daiitlo-se, sAbre os açúcares oblidos,
reacçiio análoga i que iiidicámos na lerinentaqtio

(*) A dihslrise, ii seinclliiiiiça doa dclilos (lilulilou e


quentes, em acção [iroiongndri, h e l>assíir o rimido da
cevncla por varias IritiisfortnaqOes que t<?rrnlnanipela
produpiio da mnllosc.
80 CASOS DE 'I'BCNOLOUIA

da glicose (":":): cia ~/ln/fosee do outro a ~ ú c a r


foi.iaiado, (tracos tlc glicoçe), clesprciide-se o
afiidrido carù6nicc1, q!ie faz esliuina ,isiipcrficie
do líqiiicio, ficando o Blcool ~lrêsoh águ:i. Ter-
iiiiriada es'ta fei.iiieiitaçiio, tcinos o viiilio de
cevada, cliie é a ccrvejn.
Alas esta não esti ainda capar/ dr ser cntre-
giie ao co~iiércio.Passados algiiiis dias, o liqiiido
vai 11ai.a pcqueiios tonéis oiitle se passa, Icrita
e espontiiieai~iente,iiova feriiieiitnção. Depois
do conveiiiente repouso, ri cerveja clarifica, iio
qiie pode ser ajiidada por i i i i i ~ i c o l n g e ~ ~coiii
r :I
vulgar grinia d e 11eixe.
É con\~q~iierite arrnazeiiar-se a cervcja eni
sítios frescos, podendo ainda ser «pxstcuri-
zadan, a que se ciestiiia iexportat;ão, a fiin d e
que seiairi destruídos pelo calor os geriiies
que possarn vir a alterá-la.

Conio se vê, só preteiidenios dar aqiii-


repetimos - uin leve esbôqo do preparo desta
bebida, longe d e pormenores industriais, sem
rriiriiidêricias d e teinperaturns e de tenipos, albm
doutros, variáveis de tipo para tipo e de fAbrica
para fAbrica.

("*) Ver,' pBg. 19, a WaCCAo iiidicncla eni 11 iiotri do


liin da pkgina, pois ii riiciltose--beii~ coino ii glicose
qiii? a ~conilianhaein qiiantidade ininimii - B diroctn-
mente fziiiieiitescival,e a siiainoléciila(CiaHnz0ii fO 1-19)
cqi~ivalaa duas de glieosc.
O viiilio, a cerveja e outros Iíquiclos alcod-
licos, postos e111 coiitaciio coni o ai', sofrem,
poiico a poiico, a oxidayúo do seli álcool,
dando, coirio resiilt:~do,i~cido nc6tico e ,igu:i,
s11bçt:111ciasqiie fica111 ri~isluradas coiii o Ií-
quido restaiite. E assirii se obtém o nviiia-
gre>).-
Este ~,iov;ni, poriaiilo, de iim liquido cspi-
riluoso, pela traiisioriiia~ãodo seu álcool cri1
icidi) actlico. O vinagre para iisos dornt5slicos
devi: cotiter csi'ca dc 5 n 15 por cento dêste
.Icid» foi'niaclo pela reacçXo que aqui fica aliori-
titda.
h superfície dos liqiiidos qiie Iioinos a
avinngrai., ileseiivolvit-se iiilia céltila vegetal,
iiiicrosci>pica, o ~ t r í c o d e r r ~ ~rtceti,
rr alga q ~ i eteni
iinl~oi'tai~tissiino papel nesta acetificaç80, per-
82 CASOS DE TIICN016GIA

mitiiido que o iilcool fixe o r~xigénio do ar


para ;r S L I ~passagem a iciclo acético. (;';)
O ~~iicor/el.tt~a
accfi é Liiiin levctlurn qiie só
pode viver num incio osigeiiado, corno a atiiioç-
fera, e por isso se deserivolvc 1120 no seio nins
k tona dos líquidos, forii~aticlo«colOiiias* em
espêssa película chnt~iada«iii.?e do viiiagrc~ou
ufloi. d o vinagre*, e cliic, iia Mndeirn, se cletio-
mina «lira*.

Etilre nós, a gerite CIO povo co!;tiiin:L avi-


nagrar os virilios-em geral, prodiitos irifcrio-
i'rs-, cxl~oiido-osao ai. e no sol, sobre tellindos
ou iiiuros, ein garrafas com iiina f6lki:i de vi,iilia
o u d e outra planta, na boca, de nroclo a cvitar-
-1lies a entrada de iiisectos, mas pertnitirido-lhcs,
sempre, o livre acesso do ar. O calor do sol
favoi.ece a feriireiitação. A prhtica daria resul-
tado riiais ripido se o líquido nlcoólico fussc
lariçado em tabuleiros I:irgos e baixos, cobertos
corri rêdc e ao abrigo de poeiras, pois seiido,

(*) J B sabemos, rlo cupitiilo uComo das iivns siii o


v i n l i o ~ , que a fnrinulu molecular do iflcool 6: (!%llaO.
A reacq30,ii queiios releriinos rio texto, rlti ooai<ln~Ri>
do hlcool em Iiresença do rgrnicodeririti iicolir, sorti
expressa pela segiiirlle eqi~açaoquiinica:
C.HsO+Os -r CzfIiOa+OHg,
representando o segundo membro-eni rosiiltaclo dosuei
oxidação- áslrlo ock'fieo (Callr O?)e :Igiia ( O 1-19).
V e r , para complemento, o iiltirnn porte do capltiilo
aLevedurosu.
assim, mais crtensa a superficie eiii contacto
com a atmosfera, a acetificação total iar-se-ia
mais cedo.
Na iiidústria, a produção do vinagre pelo
«processo Pastciir~,fuiida-se nestas I~ases,jiiri-
taiido-se, para maior rapidez e regiilaridade
fabril, o micoder~nnnnceti ao vitilio coiitido ein
tii~as~aniplase baixas, bctn acessíveisao ar.
Este processo, de que da111os aqui Ieve
esI16ç0, apesar de lento, teiii a vaiitagein de
conservar ao viiiagre todo o seu aroriia e de náo
dar perdas sciisíveis, iierii do Blcool neiri do
Bcitlo acético produzido, perdas devidas à
rápida eval~oracfio, como acoiitcce ein outros
Iproccssos chaniailos aceleracl«s.

Déstcs iiltiiiios, destaca-se oprocesso nlemiio,


ou de ~ l i u t z c n b k l i de
, rlve vaiiioç Fazer rápida
mas coriiprceiisiva reseiilia.
Toriiaiido iiiii tonel de carvallio, 116sto ao
alto, dividamo-lo cm três partes, por cliscos
Iiorizoiitais, dc tiiadeira igiial à do casco, seiido
inaior o espaço niédio, corres[ioiiderite ao bojo
da vasillia. Êste espaço ciiclie-se coiri aparas d e
castanho ou de faia, pr&\~ianientccozidas em
vinagre. O disco que coiidtitui o Fundo da parte
superior, está crivado de orifícios onde se riie-
tem meclias oii torcidas d e algodZo que deixani
cair, sôbre as aparas, o viiiho-supoiido que
é êste o liquido que ilucrcinos avinagrar -dei-
tado 110 coml~artimeiitotiiais alto. A porção
84 CASOS DI! TBCN01.001A

mais baixa do toiiel é tlestiiiada a receber o


líquido l á aviiiagcado eiii contacto coni as apx-
rxs e coni o ar que cliega, abtind~tiiteitieiite,poi'
iiiimerosos orifícios praticados, 'para este fim,
i10 bojo da vnsillin.
O mecanisnio d a ieacçáo 6 Fácil de coiii-
preender. O vinho, gotejaiido sílbre as fitas
já avinagradas-loiigas e cin q i i e a sonia das
suas duas stiperfícies (li uina vasta irea d e
exposicáo ao ar-, entra em rápida acetificação
e p a s s a , tio estado d e vinagre, para o coinpar-
tiineiito iriferior, donde se retira por iiieio d e
torneira colocada tio fundo do toiicl. Êste casco
pode ter a forma cilíndrica, qiie é actualmente
a niais usada.
Como ainpla a sliperfíCie de arejaiiieiito,
torna-se rápida ,i forinnçáo do vinagre. Mas,
pelo rnestiio motivo, é larga a siiperfície d e
evaporaç,io e, daqui, as perdas de vapores
alco51icos e acéticos, a que atrds nos referimos.
O sisteiiia alemão tcin-se aperfeifoado,
sendo hoje regulada, aiitoni%ticamente, a e r i -
trada do viiilio, por forina a obter-se o viiiagre,
clesdc logo, com o grau de acetific,açto coiivc-
~iieiite,seni ser preciso, coiiio dantes, passar o
~ i r o d u t otrês vezes pelo casco viiiagreiro para
s e alcançar o mesriio resultado.
Niio descrevemos oiiiros processos de fa-
brico, pois que o tiosso propbsito consiste ape-
nas em dar a razão fuiidariieiital tia produç2o
d o vinagre, que é, senipre, periiiitir o ináxitno
corilacto d o ar coiii o Iíq~iido alcoólico qiie
se ~ ~ r c i e i i daviiiagrai,
c a fiin de que neste se
dcseiivolva e actiie o micodtrf~lnnceti.

De uin rriodo geral, a acetificar;Zo pode ser


escorvnda, coiii o fiiii de acelerá-la,laiiçaiido-se
tio viiilio iiina pequeiia p o r ~ ã ode vinagre.
Como o ácido acetico fica iiiisturado cotii
o Iíquitlo etn que se formou, é claro que o vi-
nagre resultante apreseiitará propriedades-
i t c , sabor e aronia - da sua
~ ~ ~ r t i c o l a r i t i c ~cor,
iiiatsria priiiia. Por isso, o viiiagi'c de viniio sc
distingue do dc cerveja ou de q~ialqlieroutra
bebida alcoólica.
Sendo, o ~ ~ r i i n c i r o , inais estitiiado para
~iicsa,segue-se que, para o fabrico dc u t i ~viiia-
gie escolliido, sc íieverá ittiliiar, eiiiboia fracos,
viillios que i180 cstejani ~Iociitcs, isto é, que
reveletii borri g6st0 e boili cl~eiro.
Coiiio já cxpiiseinos no capítulo ((Levedu-
ras", e seguiido a confiriiiada teoria de Pastcur,
o r ~ ~ i c o r l e rnceti~ ~ ~ nabsorve o oxigénio. do ar
para fixh-lo ao ilcool e ~iroduziro ácido acé-
tico, onde s e proliaga.
Mas se o micotlernia está c111 graiide acti-
vidade, o seu poder fixador do oxigéiiio pode
atingir o prríprio ácido acktico e decoin116-10,
iiiesnio antes de decoiiiposto todo o 6lcool.
Esta dii1iiiiuiç:io (te ácido acético, é clupla-
rnente incoiivcnieiite para a inclústt'ia do viiia-
gre, iiáo só por qiie baixa, imediatrinerite, a
86 CASOS DE TECNOLOGIA

produ<;áo dêsse Acido, mas niiida poryiie, com


tal diinitiuiçno, se siista, eni breve, ;L propa-
gação d o urnicoderiiin acetik, por falta do scii
nieio de cultur:i.
Corno o iiidicado excesso dc actividade
piovitni d a abundante iiiitriqiio da criptogAinica,
feita R custa das siibstâncias azotadas contidas
oii Iriiiqsdas no próprio liquido alco6lic0, C
regulaiitlo esta riiitrii;%oque se alcniiçará o iiisto
terriio para s coiiveiiiente funç5o do niicoderiiia.
For esta razZo, 6 de vantageiri tanibein, não
deixar faltar o álcool i10 liquido que se está
avinagratido, pois o ~inicodcrniaaceti», ante!,
de terminado, iiatiiralrneiite, L> sei] ciclo vital, e
embora enfraquecido, cxercerá a sua acqio
oxigeiiante sôbre o ácido acbtico fciriiiaclo, coiii
os inconvcriientes refericlos.

Muita vez se verifica nas pipas avinagradas


-chamadas mães ilit~n~rclras -, destiiiadns à
prodicçâo do vinagre (processo aiitigo, iii:is
ainda ein LISO,cspccialn~ente nas provfricias),
que a feriiieritac;ão se siispende, que as mtíc's
arnnn~i~, em coiiscqiiQncia de ser atacado, 1). ?Ias
*aiigiiíliilasr,o an~icoderiiiaacetin. As arigtiilulas
sào pequei-iiiios vermes qile aparecem qiia~itlo
o inicoderriia, por ter já percorrido yuisi toda
a siia curva vital, estii j;i próxitno da iiiorte.
ksses veriiies, precisando de respirar, e não o
podendo fazer eni coriscqiiei~cia da <flor tlo
vinagren, coostit~iircainada, i tona do líquido,
que os isola do ar, sujeitam-se a fixar-se As
paredes do casco, para resliirarein através dos
poros da vasillia. Siicedeiido-se, por6m, novas
e abuiidaiites gerações tle angiiil~ilas,as iiltiinas
cliegadas, iiiipediclns pelas primeiras, já nXo
têiii ai lugar para o exercício da sua funqüo
respiratória, e laiiçain-se, eni inipetriosa subida,
contra a «flor do viii,ire», rompciido essa ca-
riiada isoladora qiie cai aos bocados, destruitia,
no fundo da vasillia.
As coltjtiias de algas assiiii asfixiadas, sem
o ar de qiie l~recisain,detcriiiiiiniii a siispetisão
total tia ferinei1t:içio acéticn. E a vi/uzg~cirflpara
tjue se não inutilize, tem de ser linipa e reno-
vatla.
As, arigiiíliilas s?io as inimigas iiaturais do
«niicoderitia acetin, s~irgiiitlo iia hora do seii
enfrnclueciinriito ~jaradar-llie o golpe de inise-
ricórdia.
A iiidústriii do vinagre deve, pois, dis-
por tiido por inodo a qiie o aiiiicoderina :tcetin
rino clregiie, por esgoíoiaiiieiito org,inico, as pro-
xiiniilades da agonia, evitalido-lhe o ataque das
arigiiilulas. Isto, clarameiitc, c111 beiieficio da
regirlar e coiitíii~ia~~roduqXo acética.

Dada a faciildade do viiilio acetificar ripida-


rneritc ao contacto do ar, uln recipieritc-pipa,
tonel ou barril-, qiie já conteve ésse líquido e
se aclie, Iiá tempos, vasio, nio está, mesmo
depois d e lavagens, cin terinos de receber
88 CASOS DE TBCNOLOGIA

viiilio: teiii de ser conveiiieriteiiietite ~iieclindo.


O casco, ein tal caso, terá, eiii seus poros
c intersticios e iias juntas das aduelas, partí-
culas--secas embora-de «flor d o viiiagre»,
iniporido-se, para nova ~itilização,queo «i~iico-
deriiia acctiw, aí aiiicliado, seja destr~iído pelo
niiidrido sulfuroso formado, no iiiterior da va-
silha, pela combustiio do eiixofre da nieclia. O
cnicoderrna que, coino i6 temos dito, vive e se
deseiivolve iio oxigénio do ar, asfixia-se, inorre,
rio seio do gás sulfuroso.
Sem Este cuidado, corriti-se o risco de ver
avinagrar todo o vinlio que se lançasse eni
cascos lias condições apocitadas.
Eoniioser.8i.a~d e peixe

L)e inoclo correiite, o 11eixe é coiiservado


ern latas d e follia de Flatidres - follia d e ferro,
estanhada tias duas laces -, teiiclo sofrido uin
aqiiccitneiito prévio com o fim, iiXo só d e pre-
pai.A.10 jA para o corisiiino, iii:is ainda tle ina-
tar-lhe, pclo calor, os tiiicr0hios dn putrciiicqio,
existentes n;l atoiosfera e qiie se Ilie tivesseiii
fixado. E, para que se ao~cscrve,tciii o peixe d e
ficar, deiitro do recipietitc, iiiiin ineio aùsolutn-
trieiitc privado de ar.
A coriscrva da sardiiilia portiiguesn, faz-se,
cozeiido-a erii auto-clave e poiido.a, ein latas,
deiitro de ti111 banho d e azeite que, sendo coii-
diiiietito próprio dêste peixe, teni a vantagem
t i e sribstititir o ar, isolando o produto dos
ageiites d a fernieiitaçiio píitrida. Para que a
coiiscrva inerc<;acoiifiaiic'a, o azeite de\re encher
conil~letaiiieiitea lata, ficando esta, pela solda-
dura, Iieri~ièticatneiiteiccliada.
00 CASOS DE TECNOLOQIA

Para qliê, totlos estes cuidados? Para


que, pela total aitsêiicia de ai., repetimos,
iieriliiini rnicróbio da putrefacção possa atacar
o peixe.
Se tal não acotitccer, a sardinlta começará
a corrotnper-se r. ficari, tio ponto de vista
Iiigi61iic0, eiii coiidi~óesde iiâo poder scr con-
siiiiiida.
Qliaiido a 1at:iapresentc as faccs boiiibeadas,
6 sinal de que tiá ~~iitrefacção interior: os gases
deseiivolvidos neslii ferrnciitaçãa, dilatando as
paredes do reci:,iente, dar-llie-ão essa aparêticia
suspeita. Norinalineiite, as faces superior e iiife.
rior da lata, deveni estar ~ilaiias, ou tnesiiio
ligciranieri<e c311cavas.
O azeite qliaiido ti50 seja de [~riiiieira
qualidacle, isto i., qiiarido tetilia pronunciada
acitlez (ácido oleico, livre), vai lentaineiite ata-
caiido o estanho da folha e, conquanto se não
torne prbpriameiite venenoso, conferirá ao pro-
duto iiin gosto e ctteiro desagradiveis, e pode
torii4-10 iiicapaz de ser digerido por estfiitiagos
e iritestiiios delicntlos.
Por êstc riiotivo se teni procurado obviar
a tal inconveiiiente-para náo encarecer a coii-
serva com o eiilprêgo de azeite de oliveira,
iiiuito fino -, usando o óleo de rnendobl que,
iião tendo o aroma e o sabor particulares ao botn
azeite, apreserita a propriedade .de não conter
;icido oleico, livre, -quere dizer, de não ser
tini 61eo ácido.
CONSERVAS DE PEIXE 91

Últiiiianiente, teiii-se iiotacio qiie, afora êste


últiiiio ienóinerio, oiitro se d i coiiconiitarite-
inente lias coiiservas de peixe, nirsiiio com azei-
tes privados de acidez: o tecido orgiinico do
pcixe ataca directaniente o estanlio da lata,
adquirindo a conserva sabor iiietáiico e um
clieiro iepugiiaiite. As :iiiiiises demoiistrain que
tal facto se potlc dar, seiii qiic o azeite revele
a iiiiiiima parcela de estanlio. Esta acçao 6
acotiipniihatla do dcseiivolviiricnto de iiin gás, o
Iiidrogbnio, qiic, acumiilaiii!o-se, toiii:i coiivex:is
a s duas faces cla liila, seiiielhatiteri~erite no que
acoiitccc coiii os gases da piitrefacçao. Doiide
se coiicliii qlie, eiii qiialqiici' cios casos, esta
apar8ncia boiiibeada, das latas, deve deterniiiiar
a rejeição da respectiva conserva.
Supqr-ioridade
da
s a r d i n h a portuguesa
Ainda os quítriicos iiáo coiilieceni cientlfi-
caiiicnte a razão daquêle facto, sendo para notar
que n saidiiilia é, cle todos os ~>eixes,o que
rneiios iiiflui sobre o cstaniio, e, tiiais ainda,
ciue a saidiiitia cle coiiservti, portligiiesa, se
pode considerar, pràticaineiitc, seiii avidez para
esse nietal.
No trabalho clo ilustre quíiiiico analista
I'rof. Carlos Lcpierie e dn sua colaboradora,
sr." Dr." D. 1-ucilia de Brito, licenceada crn
FaimAcia, anresentado ao XVIII Congresso de
92 CASOS DR TECNOi.OOlA

Quíiiiica Iiidustrial (1938) reiíiiiclo eiii Naiicp,


chega-se a cstas e oiiti'as iritercssniitrs decluções
tiradas de ci~idadosase relietidas aiiilises sobre
coiiservas de peixe de vários paises ~,rocIiitores.
Neste irnportaiite estudo, seus aiitores
foram levados :I coricluir que, eiii ~aidiiili:is
pescadas tio niesriio inai. (Oceaiio t\iliiitico), se
iiotava- coiifoi.rne os vários pioccssos d c l1i.c-
paraçEio das coiiservas-, iiurnas, rtiaior lpro-
por~Aode estanho do que eiii outi'ns.
Verificai'arn, assim, que iios paiscs eni cliie
a sardiiiha (dn iriesriio in:ir) C. ,fuCtil no azeite, a
coriserva se toriia, corii o tciiipo, beiii,tii~'
c is car-

regada de estanlio niet:\lico do qiic outra siin-


plesinente cozida, [~areceiidoque a Fritui'n dá
urna niodificaç2o iios teciclos cirgâiiicos clo
peixe, por niodo a torriá-los inais agressivos ao
iiietal das latas.
Etn resultado desse estudo, a sai'dirilia por-
tuguesa - privada, como se sahe, dc caheqa e
d e intestinos, berii Iaifada e apenas cozirla iio
vapor de ágiia, eiii aiitoclave, a 105.0 -, foi cori-
sidernda, no seu gtiiei'o, coriio :t meiios est:inífera
de todas as conservas do iiiiitido. Sob êste
aspecto, o referido trabnllio iiidica, docrciiieir-
tando coin núriieros os iesiiltados da aiiilisc, a
situ;ição de inferioridade dos diversos paíscs
expoi'tatl»res, relativairiciite a F'ortuy[ai.
Esta ciicuiistiiicia que registniiios coiii a
niaior satisiaç50, iiioslra, eiii vista de darios
iiisuspeitos -Carlos Lepieri'e C fraiicês-, cx-
CONSERVAS DE I>EIXE 03

postos e ~mnderadosiiiiiri congresso realizado


ein país estrangeiro e exportador dêstes produ-
tos, que o Portligal industrial, de Iioje, ocupa
rio doiníiiio das conservas de peixe uin lugar
proeininente que, por ho~ll.i~ e interesse iiiicio-
iiais, coiivéiii coiisiderar, iiiariter esiiirirtlar e,
21 tocio o transe, defender.

Aliaplrri:iiu do nrrfor 1
É do coiilieciriie~itogerfil que o algodnci se
cxlrni do fruto do algodoeiro, plniita que vegeta
rios clirtias queiites e que se eiicoiitra, aiiida, eiri
regiões teiiipei.adas. É a felpa, niaciir c br;iiica,
apegsda hs scnietites oleagiiiosas ciCsse fiiito,
que, dcpois de coinpriinida cm prensas, conio
a prensa hidri~ilicn,eiilra iio coiii(!rcio coni o
iioine de «;ilgodão eiii pasta> oii, riiais viilgcii.
rnentc, dc «algodá0 eni ram:i».
Dessas senieriteç, separadas do algodRo por
tiieio de ináquinas c11ainad:is «escai.oçadeires»,
se extrai o produto qiie iio comércio te111o
iioiiie de *óleo de algod5o», cotistituído, esseii-
cialinente, por palrnitiiia e oleina, e (~ric~ o d e
ser einpiegado na sliiiieiita~~o, ernbora seja
tini pouco iiiódoro c insípido.
Sabe-se, aiiicia, que o algodno reduzido a
fios se iitiliza no fabrico de tecidos, sendo êsle
o seu niais largo eniprêgo industrial; e que,
lavado c desciigortliirado (essa felpn conléiii,
sciiipre, alyii~iicjleo das seiriciites a qiie este\:<:
aderente), 1) algodiio já i150 repele a áziin,
aiites a absorve coiii avidez, cotistit~iindo o
(aiiiigo tl:i Agiia), veticiido nas
rllgorkio Iri~tr~íJllo
far~ribcias e destiiiaclo à lavagetii de feridas c
a oiitros lisos iiiediciiiais, par:\ o qiic é tairib6:ii
rigorosaiiieiite desinfectncici.
Mas iiein todos sabem, talvez, de outros
destiiios clo algotl.'io, i i i i i dos quais, pelo iiieiios,
parccc oposto i siia apartiicia ncariciadoi.a e.
branda.
Antes tle tiido, coiiv6tii dizer-se que esse
produto é, eiii siin essência, coristituído por
celrrlosc - cotiiposto de carlioiio e dos gases
Iiitirogéiiio e oxig4iiio-, .substâric~ia qiie se
porle iriodificar profundarrieiitè sob a :icção de
certos agerites qiiíiiiicos, viiido a apreseritar as
propried;ides tnais diii:rsas.

Algodão-pólvora, - Assiiii, o algodão tra-


t:ido por unia inistiir;~ de ácido suliiirico e
rícido ~ ~ l t r i c (bcitlo
o azótico ou Agiia-forte),
trarisforiiia-.se, devido priiicipaliiieiite à iiiter-
vciiq.?o do icido iiítrico, i i u i i i violento explosivo
qiie totiia o tioiiie de (~alf:.od.?o-pÚl~~01.~* oii de
«iiit~roceliilose». Êstc explosivo, tiiestiio que
receba iigii:i, continiia coiri seu alto poder des-
truidor, logo q u e se iiiflairie eni recil~iciite
fecliatlo, prol~rieclaclc qiie acoiiseihoil o seu
cniprêgo 110s torpedos sirliinaririos, cotistititiiido
96 CASOS DE T E C N O L O ~ I A

a carga preferida dos torpedos iiiglcscs deno-


iniiiados ~Wliitc-liend)).O cliocl~ictlcsta granada
dirigível, contra a coiiraç:i de li111 iiavio,pro-
vaca a deflagraç8o d o fuliiiiii:iiitc que, n seu
turno, deterniiiia :i cxplos5o da cnrg;i dianteira
do torpedo, coni as siins foriiiidáveiç coiise-
qiiências.
No e n t a i o o algodZo-giilvora dissin~cila
os setis teriiveis efeitos a ollios iiiexl~ericntcs,
pois apresenta o aspecto iiiolerisivo tlo algodáo
ConlUlll. . .

Celul6ide.-Eastri, ~)oréin, Liiiia siinl~les


iiiaiiipiilaq:io tle fibricn ou dc I:iboratdrio, para
quebrar n violêiicia fracturatite d;i iiitrocelu-
lose e clar-llie até nova aparência.
Tratando o algodzo-pólvorti coiii álcool
c câiifora e coni[~riiiiindo-oforteiiieiite, êle ofe-
recer-se-á corno iiina iiiassa iiiexplosiva, ainda
que iiiuito iiiflniiiivel, a que a iiidústria deu o
norne dc c ~ f / z l Ó i ( l ~Esta
'. iiiassn, quando braiica,
itnita o osso ou o inarfini e' enil~rega-se para
cabos de garfos e de facas e até para teclas de
piano. Se colorida ein tiiversos toiis, vai dar-
-nos cabos de beiigalas c soiiibriiilias, boiiecos e
niiiitos outros brinqcictlos iiilaiitis,peiites,boLões,
aros de óciilus, scibstitiiiiido, aqui, a tartiiriiga.
Objcctos liiitlos, algiiiis deles, inofensivos
corno j i diçseiiios, inas que dcveiiios pôr lotige
das clianias para qtie riio desapareçaiii, ardeiido
coiii a. velocidade de rastillio.
Colódlo. - Se dissolvertiios o alp;od%o-
-pól\.orii iiliinLi niistlira tle ilcool e fter, tere-
nios uiii líqiiido xaroposo, o coldrlio, utilizado
;intigaiiiciite ii:is clialias foto~rdfic:is--e aiiida
Iioje qiiando se quciraiii clial)as clc grão bas-
taiite iiiio- e, na iricdicitia, n~liçaílo coiiio
,.
1s01:idi)r sl~lirr:[ ~ c q ~ i c i iferidas:
i~s evtil~oratln o
ilcool e o éiitr, o cliie se dii r:il~id:iinciite, ficard
Liina fiiia 11eliciila, iiii{iei'riietivel, dc algodso-
-116lvora, a evitar 8 iiifccr;ão do golpe pela
acq8o ile ngeiites riiijrbitlirs oxteriores.

Çêda artificial. - - - O colótlio, deriva~lo


directaiiieiile (Ia 11iti.o-celulose c leiido, ntris,
corrio iiiatbria pritiia, o s'iin1:ili.s algodfio, foi uti-
lizado pcla priiiieira vez por Chardoiiiiet, lia
pro<luçá» da sl:rla ~zt.tificiol.
Sob n ncçiio ilc urii $iiil)olo - irio\/ciido-$e
iiiiiii corpo tlt: boiiiba ciijo fuiido, espesso, coiis-
tituía ~ i i i icrivo dc oiilicios fi~iíssiiiios,corres-
poiideiites a ~>crfcit«s tiibos capil;ires--, o
colótlio, Iíqiiido, er;i iorlciiicnte coiiipriiiiido e
saia, eiii fios, coiiio os d:i scitla tlos casiilos.
Taiiilii.iii sc protliiz o fio, obrigaiirlo o colúdio
:i passar 11or iiriia fieira de ágntii. Ao :ir li\lrc
ou, riiellior, eiii preseiifa ria ncctoiia, êstcs fios,
logo solitlificndos [)ela evaliora~so do éter e
clo ilcool- vcrdntleiros fios dc algodio-pól-
vara -, erain diipois tecidos pelos processos
da sfcla verdadeirn, coiistit~iiiidoa sêda artifi-
cial o11 a seda vegetal, tlo coniércio.
98 CASOS DE TRCNOLOOIA

Coiiio erani einineiiteiiieiite iriflaniáveis -e


até explosivos, qliaiido aiiiiazenados -, alier-
feiçoou-se-llies o f;iùrico, tr:itando hoje a celu-
lose,para o efeito,por virios ~~rocessos q~iíii~icos,
entre os quais o da soliic;ão de óxido de cobre
ainoiiiacal, qiie Iliestirnin essa perigosa quali-
dade.
Pelas tintas, a indústria dá a êstes fios a
car que se deseje.
A sêda vegetal - bem deiioiniiiada assiin
por provir, afiiial, do algodão -, ainda que de
iiieiios d u r a ~ ã oque a iiatural, e ariiarrolaiido-se
inais fAciliiieiite, é de niaior brillio do que esta
e, como se sabe, inuitíssinio inais barata. Daí, o
grande desenvolvimeiito dado a sua produção.
Estas duas qualidades, brilho e barateza,
fazeni dela a sêda preferida para trajes d e
espectáculo, tanto no ~ ~ a l ccomo o, nos cortejos
liistóricos e nas represeiitações do cineiiia.

AlgodAo riiercerizado. -Fora dêste pro-


cesso-o do colódio-, ainda o fio d e algodáo
pode totiiar as aparências da sêda. Quereino-
-110s referir ao «algotl?io itiercerizado»,de in~iito
liso eni bordados e outros lavoses feinininos.
O fio de algodão, já torcido e proiito, é
banhado riunia lixívia de soda, corii a coiiceri-
tração de 30." I3.
Deixa-se secar, esticado, e lava-se depois
eiil água acidulada Bom ácido sulfúrico para
nbuti'alizar-llie o excesso de soda que contenlia.
Branco, é o algod:ío polé dos franceses-e da
liiigiiagein dos nossos caixeiros e modistas -,
devido ao tom de pérola que apresenta, adqui-
rindo, pela tinturaria, as innis variadas cores
seiii nunca perder o discreto brillio da bo:i
sêda natural.

Pelo iitil e variadíssiino eiiiprêgo da felpa


interna dc seus friitos, o algodoeiro é planta
de alto valor lia ecoiioniia de iiin pais, o que
justifica o desenvolviineiito que, iiltiitiariierite,
se está procurando dar i siia ciiltiira nas
nossas colónias africanas, como já abaixo
vereiiios.
Produção
e
do algodão
cr~lturn
E, a prol:ósito, aiites de terminaririos o
capítulo, daremos, erii resumo, noticia da cul-
tura do algodão, taiito no estrangeiro como no
Império Portiiguês.
O 11aís qiic prodiiz maior qiiaiitidade c
rnelhor qiialidade de algodZo, 6 os 1':stados
Unidos da Aiiiérica do Norte, desde Virgínia
ao Texas, 1150 deixando de ser taiiibéni iniiito
iriiportarite a pt'odiição do Brasil, a que se
segueni as do Egito, cia liidia 1:iglesa e da Cliiii8.
Nas colónias portuguesas, es~~ecialmerite
em Angola e Moçaiiibique, devido a particii-
lares condições cio solo e d o clima, o algo-
1m CASOS DE TECNOLOGIA

doeiro vegeta :ibiinilaiiteiiieiitc, apreseiitaiido,


nos iiltinios teiripos, ripidos Iirogressos iin siia
ciiltura. Poréiii, tia Ciuirié, na Íiiclia e eiii Tiriios,
apesar das boas coiitli~ões 11:itciraiç para a
vegeiaçáo desta planlii, o seu dcsciivolviiiiciito
agrícola teiii deixado iniiito a dcscj;ir.
De facto, a ~províiicia (te ~ l o ~ a t i i b i q i i6e
a iiossa principal regi30 algodoeira, de qiie as
~~lantaçõestnais notiveis s5o a!; clos distritos
de hIofaiiihiqiie, Loiireiiqo klvlarc~iies e Quili-
Illalle.
Em Angola, o algodão C. taiiib6in ciiltivndo
Iargaiiieiite, nos distritos rle Luniid:~, IIerigiieta
e Mossâiiiedeç, n3o se ~iocleiido csq~tccer as
graiides ~~laiitnçóes do planalto de Malaiige, as
quais têin recebido, recciiti:iii~iite, eslicci;lis
cuidatlos da agriciiltiira c do I-.statlo, coiii ti';i-
tanieiitos adeqiiacli~s e eiisaios de scnieiites
escolhidas.
Como êste prodiito .- qitc, por sucessivos
aperfeiçoameiitos téciiicos, teiii substituido o
liiilio e a IA, inais caros, tia indústria da finçáo
e tecelageiii- aiiidn é iiiipoi'tado ciitre 116s eiii
larga escala (bem que iiiuitos dos tiossos tlonii-
riios, como se disse, ofereçam excelciites coii-
diçcies para a respectiva ciiltiira), o Estado,
a fini de aliviar de pcsadíssirno eiicargo aiiossa
balança coinerciai, ~ ~ r o c u rcoiii
a , acertadas pro-
vidências, desenvolver a p r o d u ~ % «algodoeira
lias zonzis próprias do iiosso IinliCrio Ultraiiin-
riiio, o qiie é grato dever salieiitar-se.
Essas providêiicias têni ido, tlesde a pro-
tecção à respectiva culttisa, ati: as facilidades
parn o inoviiiicnto comercial do nosso algodão,
estaliielecenclo-se ~iri.iniosaos exportadores, rios
territ6rios do Est;td» e da C o m l ~ ~ i i l i idc
a hlo-
çanibique.

E aqui fiiializainos estas notas hcêrca do


algodão, siiIist??iicia cliie, por siins iiiiiiierosas e
importaiites aplicaçí,es, coiistitui, para os países
qiie o ~irodiizeiii,vcrdacleira riqiicz:t nacioiial.
Resinas d e Iabgera?t6aorio

A quíriiica industrial, espccialniciite nas


últiinas cl~caclas,tein a\ratic;ado prodigiosanie~ite,
realizaiido, por sicitese, 1120 s ó produtos orgâ-
iiicos e oiitros do reino iniiiieral, inas ainda
l~rodiitosnovos conio, por exeiiil~lo,os que
aparentam certas qtialidades das rcsinas e que
toiiiaram, por isso, a ciesignaç30 de «resiiias
sintéticas».
As resinas artificiais-tanibéin ctiaiiiadas
sinthticas-são produtos q i i e têiii, fisicaniente,
grande analogia coin as resinas ntturais, e m l ~ o r í ~
se não pareçam com eskas pcla sua coiistitiilçko
quíniica.
Uina das niais importantes resinas artifi-
ciais 6 a bnkélitc-do iioriie'do Dr. Bal<eland,
quíniico belga- produto q ~ i cte111 por btise a
coiiihinaçiio do «feno1 oidiiiário»coiii o«aldeido
f6rniicoa ou «forrnol».
A bnkélitc é insolílvel e resistente ao calor,
RESINAS DE LABORATÓRIO 103

beiii corno outros ~ ~ r o d u t oaiiilogos,


s da mesma
basc. A priiiieira experiência coin resinas dêste
tipo, devido a Trillat, data de 1896.
Existeiii Iioje variadíssiiiios artigos de
coiriércio fabricados, totaliliente, coin a bakdite;
iiias taiiibéin se pode aplicar êste produto eiir
estado Iíqiiido, por iileio de baiilio o u de piii-
cel, a superfície de objectos feitos de outra
iiiatbria, que ficaráo cotii a resistêiicia e a
tliircza dessa «resina sintélicaa.
I?, priiici~ialiiieiite,cle1910 :i esta parte, qiie
as rcsiiias fotirio-fciiólicas ISiii experiineiitado
os riiais iiokriveis c siirpieciidciites progressos.
Muitos objectos que se npreseiitaiii no
niercatlo coiii a aparência cle âiiihar - e que
rniiitos julgam ser de âiiil~arverdadeiro -, sXo
fnbricaclos apenas coiii resiiias fctiólicas, iiiara-
villiosariierite traballiadas e clc liiiia iiioldagciti
perfeita. O niesiiio, para as caiietas de tirita
~~eririaneiite, cabos de guarda-chcivas, aros de
óciilos, botões de faiitasia, feclios de aialas para
seiiliora, vidros e louças inqiiebrAvcis, etc.
Nos ap;irellios telefónicos e electricos, e
tios riiostradorcs de autoniúveis, estas tnassas
~,lislicas,scisceptivcis d e adqiiirirein adniirável
polido, substit~ieina ebaiiite, e até o ináririore
prêto dc que, ipriincira iiiiprcssXo, apenas se
distingiieii~pelo pi:.so, iii~iito nieiior qiio o do
iiiárniorc, o qiie ein muitos casos é de suprema
vatitageiii.
Irihnieros artigos qiie sç faziam com a
celulóide, extremaiiicrite iiiflarnável, são hoje
fabricados coin as resiiias siritéticas, qiie não
s9o coinbtistíveis.
A,las 1130'é só iiestes objectos de liso coiniiin
ou eiii placas de aiiôriio para Iiaùitaçóes, Iioteis,
casiiios, tcatros, salas de liaquctes, que estas
resinas têm larga aplicação. A siia iinportâiiCia
vai mais longe.
O vidro de seguranca, considerado iiitlis-
peiisável iios nittoiiiciveis, é nina resina siiité.
tica. O vidro arntado - com fiiia teia iiictálica
interior- cede lugar, nssirn, aos «vidros» itiqcie-
bráveis, leves c de [perfeita t~~ansparência, Já os
tenios ate nos relógios de pulso.
A resistêiicia tlas resinas forino-feiiólicas
é tão iiotivel, quc êstcs protlutos cst-ao a ser
eiiipregaclos, coiii graiidc êxito, rios carretes
das eiigretiagens, stibstittiiiido o ferro e o aço,
sobretudo, quaiiclo se preteiidc evitar o ruído.
Fazem-se coni elas cliuinaceiras de sim-
ples lubrificação a água. E, tias boiiibas rotntivas,
lá as teinos seiii a ajuda de qualquer peça
nietálica.
Calqos de travões para autonióveis, rnós de
esmeril -empregada, aqui, a resina sintética
coiiio aglonierante da iiiais alta resistência -,
tintas e vernizes, extreniameiite brilliaiites, resis-
tentes e cle secagem ripida, tiido isto teiii por
base modalidades diferentes destas inassas d e
laboratório.
Fecli~reinos,coni nova referência 80 avid1.0
org..iiiico,> cliie coiicorre corii o cristal, veii-
ceiido-o por riieiir!r derisidade c pela siia
rcsistèiici:iao clioqiic.. Dcscoiilieceiiios, coiitiido,
se èstcs vidros coiiser\~ar%o,coino o cristal,
seiiipre a siia trnnspnrència.
O s tlesenvi~lvinieiitos e pro~:ressos iiidus-
trinis iiiniiifcstatlos iiltiniaii?eiite tio doiníiiio
tlestns resiiias, sao de iiiolclc. a criar-iios a coii-
c i o de qiie tais protlutos, qiic siiùstitueiri
tlesdc. o vidro até o aqo-. coiti vaiitafieirs iiiaiii.
festas sGl>re cis iiiatcriais de qiic siirgcrii sucedâ-
11cos--, etii pouco tciii~io\~eiiliaiii ;i clifuirdir-se e
a apcrfeiqoar-se de tal iiiodo qiic iiifliiain seti-
sivcil c beiièficniiiciitc s6hreo custo da vida, lia
parte q u e sc rcfere às suis iníiltiplai aplicaçóes.
A S L I : ~tiaiispnrêiici;~, iiiiris c:nsos, R ' s1i:i
el:isticidade, R srin resisl6iicia i tracçzo c aos
clioqiics, :i siia plasticitl;icie, a sii;i Icveza e até
o scii brillio e bclcza npareiitc, iioiitros, levani
os yiiírriicos a crer qiic iiiiia nova era iiidiistrial
se al~roxiiria,eni coirscqiièiicia (Ia siirl)reei~cleiile
iiiveiiqiio destas resirias.
Sua origeni.-GeiieralldadesS-A planta
do chá é originária do AssXo superior, tendo-se
estendido a siia cultura i Cliiiia, ao Japão e i
índia.
Mas, por ser do seu Iznbitnt ioilgiiiquo que
nos chega a niaior e, por certo, a meltior parte
de tão generalizado produto, Iiá iiiuito quem
ignore como se obtêin e preparam essas f6lIias
s ê c s , verdes ou escuras, de que se faz a aro-
mática infusão que possui, em toda a parte,
especialmerite etitre as seiilioras, nuinerosos e
devotados amadores. Teiiios ouvido, eiitrc o
povo, explicaçcíes fantasiosas sobre a prepara-
çEo do cliá verde, que muitos julgam prejii-
dicial i saúde por ser fabricado eiii cima de
chapas de cobre, %tirandodo azêbre (carbonato
de cobre) a sua côr, o seti amargo e as suas
qualidades tiocivas ao orgai~isnion...
E' pois natural que se deseje saber conio
se cu!tiva o clii, q u a l o a s p e c t o e p o r t e d a res-
pectiva plaiita, e, sobretticlo, e m qiie se distin.
@e, afilia], o cliá pr0to d o cliá verde.
I i i , i i n v e r d a d e , a t é iio contine~ite portu-
g u ê s , isoladaineiite, a l g ~ i m a s dessas pl;intas
exdticas . Veiida, poréiii, os arbtistos e t n
crescinie~itcin a t u r a l , q i i i s i selvngeiii, n 8 o se faz

(*) Na Madeira@ taiiib6in se ~iliintoiio clih, "intro-


diizido rio primeiro qiiartel do sdciilo XIX, pelo cOiisii1
iiiglCs Iienriqiio Veitcli que. eiiqiioiilo foi vivo, o ciilti.
voii níi siin qoiiit~cio Siiiito-da-Serra. O caiisol Veitcli
s6 fabricava chA preto,. (Eliicidhrio Ma~leireiise).
No livro c10 Dr. I?. A, Borrcil. dn Acadeiiiia Real das
Ciências (1s Lisboa, iiititiilado «Noticia sCibrv o climii
do Fiinclial e sicn iiifliiSricia no trataiiieiito da tisicíi
piilinoiiar~(1854), encantrn.se n sogiiiiite nota sbbre a
ciiltiira do cliB na Madeirii: ,,C/IA da Iirrli~~.Te~ii-so ciil-
tivcido ciii algiiinns 1iories da Ilha, coriio siisaio, pririci-
~ ~ n l i n e n tno
e Jardiiii (Ia Serra (Estreito). Teni havido
graiide dificiiida<leem o socar e enrolar como se fad lia
Cliiiiii,t. Provhveliiieiite, pela dals rlOste livro o 11riiici-
pai sitio iiidicaclo ~>iirau cultiira do clih (Santo,da-
-Serra), n refer6iicin do cEliiairllirion coiijiiga-se coni a de
Bnrrnl. O livro deste iiiOdico O de 185-1, e Veitcli inorreii
nn Ma<loii;l. oin 1857.
Mais roceritoiiieote- einlir~rn ri30 nli:anç8ssoiiios
vC-l;i.-, hoiive iini ~il:iiitíiçíiodo ciiú tia Esja-ria-Oveilin
(Madeira), a titulo cle ciiriosi<la<lc,cronius, pois os ter..
reiios 16rleis dosta Ilha--<liio coiiviriain no clih -, du
proiiiições riciis ti;\ loiigii teiiillo experinieiitn~ius. n8o
crain de niolde a iicoiiselliur a tentntivs de uine iiidiig-
tria que teria de Iiitiir coin .j6 fiiinosos e Eortss coiicur-
rentes.
108 CASOS DE TECNOLOGIA

neiiliunia idéia da resliectiva ciiltura rltiarido


orieiitnda para trat:iiiietit« Fabril.
Entre iiós, tlc facto, serXo poitcas as pessoas
que tenharn observndo, tios Iiigares d c origetii,
esta ditpla produ@.o do clii.
No eiitaiito, lia I1li:i de ÇZo-Mi,.iici(Açores)
há graiides plaiitaçíics cln co~rtcllia sino/ic;is e
fibricas :ipeti.ccli:idns p;ua a iiiellioi. t6ciiica do
produto, tais coitio as das iii:irc;is: .Ciori-eaiiar,
-Barrosa», ([Cdrte Renls, <:Cai1 to)), «]icoine
Correia., «Llrnsaúde>>,*Faria e Maia., ctc. Vi-
riios o Iprep:,ro do clii, eiii thda a sua evolu$;to,
ria visita que fizeiiicis, liá aiio::, i j:r;itija niic:if:-
lensc oiidc csti iiis!al:itla a ~,i'itiicir:l destas
fábricas.

Das iiii~~ress,fies colliitlas iicsta prol.iriednclc,


qiier pelo lado ~>t:ciiirio,iliier pelo cliic toca :i
iticlústrias liciicns, qticr pelo clitc i.esi1ci ta, par-
ticiilariiieiite, i ~ii'«dti~Ao tlo c h i , eiiviiiiios cntXo
cróiiica para o jc~riiiil de q ~ i c6r;iiiios tlirector,
e dela rios njiid:ireiiios tio qiic vaiiios dizer
sObre o clib- tic SZo-Mi=ticl.
/\iitesl lporí.iii, de eiitr~irtiiosrili «iiorreaiitis,
~ a r e t i i o s :ilgiiiis itiforiiieç coiii rcl:i~Bo :i0 clii,
coiisiderado eni geral.

E r t t i a d a do eliá na Europa.-Afirina-se
qiie 0 vocibiilo portiiguêç p o r que se desigria
tal protlitto, 6 , eiiti'e ~ s . I í i i ~ t t aeiiropeias,
s o qtic
mais se aproxima do iioiiie origitiário, cliinês,
qiie soa, serisivelmente, tclzi. Provkiii isto, talvez,
de tereni sido oiivirios ~portiigiieses os quei
priiiieiro ou mais directiiiiieiite registaram êste
so til.
Diferem as opiiiiões sobre a tipoca da cri-
trada do clii na Eiiropa. Qiicrciii, uns, qiie fosse
tia sc!;uiid:i iiiet,ide do stciilo XVII; oiilros,
opta111pelo coiiiêço do século XV111, iiitrodu-
zido pclos liolaiideses; m:is parece a iiiuitos, e
com i1Zo ineiios razões, qiie êsse liso orieiital
sc cspnlhoir riclo iiiiindo, depois tlo iiosso Fcr-
iiBo Mciides Piiito ter d:i~lo iioticia ciêle. O
f;iiiioso aiitcir da «I1eregriii;i~5o»viveu, coiiio
se snbe, iio s6culo XVI; n5o snbciiios, coiitudo,
se seria aiiida nêste séciilo, oii depois, qiie o
Iiibito de tal bebida se divulgoii liela Eiirol~a.

A plaritn e sua ciiltura. -- I\ plaiita do


chb, de quc jb cscreveriios, ntrAs, o seu ii»iiie
bot2iiico (cn~~zclli(zsilieiisis), l>estcii~c B fainilin
dos teiceas, e é iiin arbusto qiic, tio cstndo
bravio, pode alc:iii~;ir o porte de Arvore, iiido
Ss vczes a iiiais tlc cliiiiize iiielros tle altura.
Os raitios apicserit;iiii fbllias ~lersistentesc
nlteriins, de ~pecíolociirto e laiiceciladas, coiiio
as das caiiitilias coiiiiiiiç, tciido, h seiiielliari~a
destas, o coiit6riio Icvciiieiitc serrrarlo. As flores,
pcqueii:is c isolnd:is, coiitarii, crri geral, ciiico a
sete pétalas, I>i.niicasoii c6r d c CJII:~, i1111 ({ti;isi
iiadn aroiriáticas.
O fruto é uiiin cái>sulacoiri liiiiitnclo iiúiiiero
110 CASOS DE TECNOLOQIA

de senientes mais o ~ ineiios


i globosas. i\l,qiitnas
variedades desta espécie afectarn difcreriyas tios
eleriieiitos bot8tiicos que vão indicados,- o que
iiio veni para aqui iiiitiiiciar.
Demais, da plaiita do clii s 6 as fbllias t6ni
iiiteresse ititlusti.ial, coiiiercial e agrícola.
A respecliva ciiltur;i ]prefere terrenos férteis,
Úiiiidos, e que possaiii ser irrigados, ?ti? planí-
cies e encostas. Da iriesnia platita -- iioie-se -
sai o clid prtto ou o clii verde, coiiforine o
p r e ~ a r odas follias, corno irinis al6iir se veci.
O chá, coiiio bebida - todos o s:ibciti -, é
iitiia iiifusio destas f611ias depois d e devidaiiieiite
tratadas, depeiiderido bastaiite do teiitpo dessa
irifusito-para a tiiesiiia Iiiarca oii tipo-., o seu
sabor e o seti aronia.

Coinposiçiío e propi'iedatles clo çh6.-


As propriedades do proditto, derivaiii d:~.sua
coriiposiçáo quíniica. As subst9iicias qiie nele
etitrani, são ~iriiicipaliiiente: goiii:~~,iiiatbrias
resinosas, uni óleo volátil privativo, o tatiitio c
:i bef~znque, 6 , afitial, a cafeína cxtraíd:i do
clii. Esse alcolóide, qiie ataca o sistcin:i nervoso
etn iiiaior oii t e t o r coiili~riiic os orga-
iiistiios, i. d:i fúriiiu1:i iiiolecular Cs I-I,, Az., O,,
coiii igua d e crisiriliz;i~Zo,qiic a iiioléciila perde
a 100.'.

Colheita, preparo e tipos de chB - As


fôllias do cltá, collietn-se eiii três épocas dife-
reritcs, Alnr~.»,Abril e Alaio, dando nierior reri-
di~iieiiro,iii;is siillerior cliirilidiidc, as da pi.iiiicira
coliieita.
Na China, colliidas as f611i;is, s?t« estas iogn
aquecidas :i 1ir11gr:iu qiic lhes [~eriiiittio enrola-
iiiciito 112 pr0pri:i palrna dn /~rcTo,s e ~ u i i i d oloxo
pnr;i as últiin:is scc;ll:eiis.
4çsiiii se fal~ricai7 cliá vcrd~!,yiic coiiservn
tòcias as propriec1:idcs i i a s E6lhas qiie sXn as
priiiieiras do aiio. E' (>.detCciiica iiinis siiiiplcs.
A sua irifiis3o teni ci>r piliiia, 6 qiiisi iii«tl«r;i
e de sabor ndstriiigeiii-c.
I'arn o clii preto -- coirio sc \jer;i coiri o
clii ~iiicaelc~ise -, :is iB11ias sofrciii fermeiitni;3.u
previa, a fiin de ~~crclcreiri o gdsio aiiiarcro d o
laiiiiio c ntlqiiiiireiri :1roiiia, sii[>rirtniidn depois
ligeir:is torrefac~ficssiilirc jrraiides clinpas iiie-
lá1ic:ts.
Ilos cliás verdes estiticos, coiitain-se, coiiii~
iiinrc:is preferitlas, o l~ckoluo ~ iml~e:i«l,
i ii clici-
/n:n c o liisso~rt. 110 c r distitig~ietn-se
os tipos: * / J c ~ ~ s:rcho~lr
o», e o in:iis corihecitlo
/JI~C/IO~I~.
Por cxteiisno, cii-se o tioirie d c clii, \'\i\-
gariiieiite, a ocilrns iiifiisões d e fi>llias tii:iis ou
iiieiios nr»tiiáticas, riiuit;is delas de valor riicdi-
ciiial. :I assiiii se diz: clii L ~ c avciica, c h i de
ùoirageiri, c1i.i de tíli;i, c h i clt: lini:io, etc.

Falsiíica-se « boiri ~?rodiiio oriciitnl, pel:i


juii~iío tlc s~iùst~iici:isiniiici.::is, I ~ l l i n ~dc
oiitras piniiliis e clc c h i e:<n~islo,artifir:ialmeiite
r:oi.ado.
Q ch& ynic:;;3e[cnLze
Conio pro!iictemos, v::rrios &ir :iil!ii :ilgiins
~)ei'iodos do riosso i'eFcri(lo iirtigu s6hi.e n
i:iiltura i: iiibrico rlo co!ilirriiio cii'i «Garre3iia»,
na lllia cle Siio-hii~iirl.Csti:~ii'eclios te130 o
valor, apenas, d e uiiia i!~iprcss?iodirecta e iiiie-
di:itameii:e ti'xciiizitla, desciil~~ando-se-liieso
ritmo e o conii,rno j»rti:ilísticos das reporta-
geiis escritas sob o aviso eiicrvaiil: tie qiie «a
iii:ila estd a fectiar».. .
. . . . . . . . . . . . . . . . . .
*Eiri tÔd;i pai'tc, se v8em pintiiras ou cstaiii-
1x1s qiic mostraili a ~)laiitncliiiia,uina c:iineliicea
aiiá, coiri as suas floririlias brancas ou leve-
nieiite ailiarelas; e, eni revistas e livros, se
eiicoiitian~ descritos os meios de 1produt;áo
do precioso ai'oiiiitico cuja qiieiile iiifus8o
pode beber-se n lôda liora, nias que, em socie-
dade, se iiigere coni mais elegâiicia pelas çiiico
lioras da tarcle.
«Por&tii, unia coisa é ler, e oictra, mellios,
6 v2r ...
. . . . . . . . . . . . . . . . . . .
« I i A dias, jiiios tiiihani dado coiiio «pla:its
rio cli;i», uin alto i: vigol.oso arbusto de fhlhas
dur;is, brilliantes, de coiii6rrio serreado-coa:
n que sorrimos, s u ~ o i i d ouina cilada aberta a
nossa triste igiioi.âiicia:---."Esta já deti carnb-
lias»:foi o que re.ipoiitlrinof,à so1ícil.a iiidicnç8ci.
Ctistr>ii-tios a :icreditar qlic! iiáci fossii, aqiiilo,
lima -<c.iitiélinjapdriicaa e das pujantes de vida,
i espera do teinpo pr6priu para reflorir ciii
coiolxs tiiinitlnr, rúseas, iiiveas oii verrnellins,
P o i j iiko era. [>e Facto, trata\ca-se [li. uiiia plantn
d« cIi6, iii;is nii estado selvageni. Das outras, n
primcira educaçso cotisiste ctn liies serrar o
caiiie a uns centiinelros da terra.
'~Realiiieiite,1 i i uiii abisiiio, h siinples vista
de tim leigo, ciiire essa teicca iriculta e as 'dc
fronde arredoiid:itla, Losqiiicitlas enl calotc, qiic
aqui venios e tocanios, bnixiiilias e aliriliadns,
coinb se fosseiii <(.lrvores» de iiiii jardiiii de
Lilipiite.
«As iôllias perderani o brillio e apreseniaiii
to111 lierbiceo; e, destas, iiiesrno :is tnaiores sRo
iiisigiiificatites d e asl~ecto,heili qite tenlistn,
rediizida, a su:t foriua basilar.
«Batidos de riiparigas catnrii, àgiliiierite,
estas cabeças csf&ricas,apai~lianrioiis folliintias
novas, de preferêtici:~as tei'ininais, que são as
agrovcitadns para o fabrico do chi. Etii tabii-
leiros aiiiplos, niini ;iriiiazétii arejado e :i0
abrigo do sol- beiii no coiitririo do que lira-
ticain os cliios-, perde111certo grau de iimidade
c iíiiirchain, ligeirariicnte, depnis do que sobein
Icve fertiientaçko para Ihes tirar ti acridez,
desen\rolvendo-llies o aroiri:l.
<Depois da ferriicntaçZo, suportam uiri calor
brando - ligeira torrciacçXo .--, seiido a seguir
114 CASOS ?E TECNOLOGIA

eiiroladas ein iiiaqiiiiiisinos próprios, que


si.ibstitiiern, coin vnntagriii clc asseio r . t'e iiiesino
dc tiigieiie, a ~~nliiia d:i in;io dos cliiiis: sobre
grosso clisco cUiicavo, onde se t1eit;ini a i f8111;1s,
iiriia espCcie tle punho fecliado, riiovido por
tini excentrico, rcaliz:l esla.fuiiçXo coiii acab;lda
perícia.
«Enroladas-i150 daretnris rniiiíicias, talvcz
niesino iiidiscrctas, nesta Ii'vc esposi$,íio-, têiii
secageiis, picadiiras e a selecçzo niecâiiic;? dos
dois tipos de c h i prèto q ~ i co estabelecimento
produz.
<<Nafibric:i ri20 se pertiiite fuiiiar, pois,
como toclos sabem, o chh, por seu poder absor-
vente, toniaria logo todo o cheiro do tabaco. I:
neste poder, justaiiieiite, qiie se fuiidarn os'clii-
IICSCS para perfiiiiiareiii seu ~>rocluto,gotido-o,
antes de eiiil~acotatlo,eiri. ci)iitacLo com plantas
aroinhticas: a ~g~rcl4iiia florida», a wamélia
scsângiiax e oiitras, corno já lenios algtircs. Na
«Gorreaiia)) o cliá súnieiite traz o seu aioina
natural.
«Todas ns operações se fxzeiii em oficitias
ainplas, coni aliarelhageiii riioderna, coiitngen~
certa dos teiiipos e regisi« de ~eiiiperatiiras,sob
iiiteligeiite direcqao do prol~rietirio tia
Fábrica.
< > . .. . . , . . . . , . . . . .
<<Eaprendeiiios ali iiiesiiio, ante a c1ialeir:i
d e barro, o riiellior niodo de prepar~tr-se a
infiisáo : i g ~ i a d aprimeira fcrviva, durante sete
tniiiutos, ~:açsada iniediatanieiitc ao bule de
porcelaria, donde sai, linipida e forteiiieiite
doirada, para a braiicura das cliícaras, - eii-
cliendo-se o ambieiite coiii o seli pcrf~imc
orieiital, s~iave,qiteiite, característico. Pelo
aroma, iiào inveja a n~ellior follia, íiidia oii
chinesa, que para a Europa tios tiinndam)).
. . . , . , . . . . . . . , . . . .
«Dainos, R margem, aiiida outro poriiienor
que $6 poderi ter iiiteresse para os verd:ideiros
ainadores desta bebida asiitica, coin que os
Açores galliardaiilente coiicorrcm.
((É-nos servida outra cliáveiia, agora, de
infiido intensa. Só lhe notninos a cor e o saboi-
mais viticados.
«h,ins, coitaclo o ctii coiii breve golpc <!e
leite, o aroiiia desciivolve-SI.., e o liq~iiiio,ave-
ludado, adquire sabor iiovo, Vitiios, depois,
que o processo era coiiliecido lia Illia, seiido
êste o modo seriipre reconieiidado para beber-
-se o boin e forte clii inicaelcrisc.»

E, coin estas leves iiotas, daiilos por termi-


nado o capítulo sobre 'o clii, cuja produçtio
fahril iiada contéii~d e segrêdo ou de ocultn-
iiieiite nocivo, coitio entre as massas indoiitas
inuita getrtc tern julgado.
Depois dc escrito o caIiíii!lo sôhre o cliá
ctlja cultura c prodiiç3o fabril oferccciii ccrto
intercssc- ate pelo facto cle quc, sendo plaiita
exótica, o seu preparo iridustrial e agrícola
prospera iiiinia clas 1.1osoas illias --, ocorreu-nos
dar esta resuiiiida nota rclnti\~anietiteao .café,
produto que teni, por seu uso e por siia acçiio
nerviiia, afiiiidades coiii o priineiro.
De betn inerior iiiteresse teciiol6~~ico que o
anterior, o presente capít~110 náo deixari de
prestar alguiis esclareciineritos ~íteisaos menos
lidos, sobretudo com relação 3s origetis, ciil-
tura e pioliriedades tio cnf?.

Clian1a.s~assim, no coinércio, a seinente do


cafeeiro, forte arbusto das zonas tropicais, bem
que esta plaiila (coffcn nrnbira) v i m iioutras
regióes, prcfcrindo, coiitudo, seriipre a5 iiiais
queiites e iniis íiniidas y). O vocábulo C n f i
deriva d a correspondente palavra isabe, que,
~ ~ i ' o n u i i c i a d a o modo turco, s o a aproxinia-
damentc cncvé.

A planta e n seme:ite do caf4.-O


cafeciro oii cafezeiro ainda q u e arbusto pode
apreseiitar aspecto d e pequeiia i r v o r e com
ifiliias opostas, Innceol:idas, duras e iiiteiras. O
seii friito vesniellio, quaiido iiiadiiro, parece-sc
coni a ccseia pela cor, forina e taiiiaiilio. Coiitém,
gcraiiiieiite, ditas sciiieiitcs plaiiiconvexas, em
coritacto pelas laces ~ ~ l a i i a so, qiie torii:i o con-
jiiiito mais ou iileiios esférico o u ovcíide,. A
parte aclial'adn d a serneiitc, apresitita, ao meio,
Liiria ieiic1;t l o r i ~ i ~ u d i i i a I .
Na variedade t l c s i ~ i i a d a por moca, ('")
encoiitra-sr. iiina s6 seiiieritc, arredondada, em

( ' 2 ) O gdilcro Co,,'l(!i~cririi~ireeiirlc


~ & r i aespdcies;
s
das qiiais a iniiis iiiiliortaiiie c a C q f f e n nrnbicn de
que iiqiii 110s or:iipairios.
Mesriio iio cliinn teiiil~cra~lo (ia Rli<dsira, vegeta
011 Iciii veget;irio Sste ctifeeiro.No EII~cMRNu A~aileir~~~~e
(1<371),encoiilra-se a tal respeito a soguinto breve iiotn:
~Cdfeeirw(Coffcrr nrabira). - Arbi~stoda faiirlliu das
Riibiacoas, exiiiito agora na hlridoira, intis qiio hh
r0rco de 25 aiios era ainda ÍreqUentr nn reui8o haisa
do si11 dn Ilho. O ciif6 iiiadeireiise ura rle axcolento
qiiaii(lnc1r e rivalisava coiii o <Ia Molca ,.
(**) Caf6 originário de &loca,cirlnde da Arhhia,
(loiiile lhe veio o no111e.
conse~qiiêitcinLI» ahortaiiierito da oi:tr;i sciiicnte
do fruto.
A car dos grãos, tlcpois dc sêcos, i: aiiia-
rclx. ciiizciita o11 esve!.ilentln.

Origetn n e x p a n ç ã í > do ca?eeiro. --O


cafeciro é origiiiirio da i\bissíiiia doiidc pnssoii
para a Aiiibia e, depois, para os virios países
próximos, :ifiriiiaiido-se qiie o c ~ i 6corno
, bebida,
eiitrou ria nioda;, eni Pnris, por iiitervciiç,i» do
ernbaixaclor cla l'urquin, iio tenipo de Luís
XIV.
Sua entrada ria Alciiiaiilia data do se-
guiido qiiartcl do siiciilo XVLI, doiiilii se espalhou
o uso desta iiifiisão pelas difereiites iixqiies até
cliegar a Portii!;al e Espaiilia, irr:idiaiitlb, daqui,
através das coláiiias espniiliolas, nti: os Estndos
Uiiidos dn Ainéricn do Nortc.
Coiit~ido,deve-se :ios Iiolaiidcses a diflisão
do cafeeiro que, de Java, seçuiii para outras
possessóes da I-lolancla até clie,qat' h Uhiaiia
holaiidesn.
Os fraiiceses troiixeranl-tio das iliias Mas-
carecilias (Mar das ftidiiis), p:ir:i a íiiiiaiin
ft.aiicesa, teildo as seineiites passado para o
Brasil, 'oiide etitrnrain pelo I'ai.6, trnzitlns ~ i o r
uiii oficial Ixiraense. Aqiii se pioduziraiii os
pririiciros cafeeiros da, eiitao, iiossn vasin colóiiia
da América tlo Sul. Do Pari, foi a plantalevaili
para o MarniiliSo e Aiiiasorins, c, ~ioiicodetmis,
p:irn o Rio-de-Jaiiciio, S20-pniilo e, iiiais tarde,
para Carnl~iiias,até se espalliar lielo interior
do coiitinente hrasilciro.
O Brasil, pelas suas especiiiis coiidiçóes de
solo e de clinia, 6 o país que ~nrodiiz iiiaior
quantidacie de café, sciido considerado exceleiite
o cio Rio, d e Saritos c Catiipinas.

O café eni gr50, vindo do Brasil (ao teiripo


colóiria portiigiiesa), elitioii na metról~ole iia
terceira tlécada do séciilo XVIII.
A respectiva planta foi, i~oricodepois, iiitro-
duzida por ii6s ein Sáo-Toiiié, Príncipe, Cabo-
-Verde c 'í'inior, oiide se fizerain as pririieiias
ciiltiiras de cafk rias nossas possessões. É de
iiotxr que os cafeeiros de Ailoçaiiibique e Aiigola
sào ali espoiitâiieos.
Todas as colónias ~portugii~saiisão l~rodti-
toras de caf6, R excelx$o da Ciuinil, de Macaii e
da fiidia.
O tle Cabo-Vcrtle, seiiielliaiite ao do
Brasil, gbza da iiiellior reputaçZo, beiri coino o
d e Súo-To~iii.e Príiicipe oiide ?c encoiitra o
tipo tiioca (50 apreciado, inns tle lprodiiç5o
liirii tada.
O de Tiiiior, que iiicliii tariibéiii o iiioca,
é repiit;itlo iiiii dos irielliores do riiuiido, seiitlo
cxport;ido, todo, parii o cstraiigeiro, priiicipai-
iiieiite para as coldriias Iiolaiides~s, Aiistrilia
e China.
O tle A,\oçainbiqiic, de giáo iniuito iriiúdo
e d e peyiieiia dciisidadc, coiilr4iii, i i i i geral,
120 CASOS DE TECNOI.OOIA

fraca prol~orçãod e cafeíiia. É exportado, cluási


totaltneiite, para Iiiglaterra.

Cultiira e colheita do café.-Nas g.raii-


des ~ilantações heiii cuidadas, os cafeeiros.
qiiási do mesriio porte, estão alinhados e sepa-
rados entre si por iritervalos iguais e calcu-
lados por tiiodo i s plailtas bem recebcrein o
calor, a luz e o ai. iiiiiido d e que precisain para.
aiiiadiireciiriento do fruto, daiido-sc assiin, niiida,
o preciso espaqo :io terrci~o liara a cabal
aliiiicota~ãode cada uma.
A collieita do café é feila iniXo, lia 6yoc:i
própria, sei~doos fi-utos coiiduiidos erii carros
para celeiros oii Iiigares alirigado:;, oiidc sno
lavados e postos no sol at6 coiiipletn sccn-
gcm. A seguir, vXo à dcscasca 1301. iiicio de
iiiáquinas próprias. O grão extraído, d c p o i s de
liiiipo ainda é passatloàjoeira, arirli de libertnr-
-se de todos os detritos, atites de ser cnsacado.
e muito rudimciitar, como se vê, a Liciiica q u e
iiiciiinbe aos cafezais.
Não é mais complexa a da lorrejk(cyão,
traballio, iriiiitas vezes, cloiri&stico.

Torrefacçiio das seilientes.-O grão d o


cafk, como se sabe, é inodoro, só atlqiiirindo
aronia tliiraiite a siia torragciri.
Esta operaç3o realiza-se, vulgaririci~te,iliim
tori'adoi d e ferro, rotatório e com clisposiçâo
que iiiipede o contacio dos gi%dscoin as pai-e-
tlcs do apniellio disposto sdbre o fogo. A tor-
rcfaccáo do cafí: faz-se n cêrca de 200.",
aumentaiido com ela o voluiiie do gráo, qiie
diniiiitii de pêso, especi~ilrnerite,pela saída da
hgun e das suas nial6rias ::ardas. SXo estas que
dáo biillio e uniuosidade ao cafe torrado, bem
que, algiiinas vezes, resultewi também da maii-
teiga que, iniiitos, lhe iuritam liesta. opera~ão.

Cotnposição e propriedades.- As priti-


cipais siibstâncias qiie entram no cafb, são:
rigna, matérias azotadns, cnfeírtn (princípio
activo do café, e de que a seguir falarciiios),
dcido tr2nic0, 111nf~fri'l.i~~
gordas, matérins a c ~ ~ c a -
r n h s , cel~~iose
e r~~atlriasnlinernis. Delas, pela
torrefacção, urnas auineiitarn tia siia lierceiita-
geni, coiiio : as nzotarlas, a cek~dosrr a cn,fiii~n;
outras, diiriiiiueni, como: as n~.acnr(zu'ns,as
~tziirernis,o dcin'a trtnico e a á,yltn (g~iásitôda
perdida tiuisnte a torraçZo).
Com o calor, as céliilas que eilcesrain as
gordiiriis, ns iiiatérias azotaclas, o ayúcar r. o
icido tâiiico, sXo clestruídas, coiti ncr6sci~noda
prol~orçãod e cafiir2a - que passa da iiitdia de
1,05 '1, (grzo sêco), para 1,16 ''I0 (grZo for-
rado)-, e surgiiiclo a c @ f e o ~-~ nsubstàiicia
aroiiiitica d o café-afora oiitras de interesse
sccuiidário.

O principio activo dêstc produto, conio


iiidic;'imos já, é n cafeína esliiniilsiite dos iler-
122 CASOS DE TECNOLOGIA

vos, ciija fórniula química, igual á da teíiia,


a11resentámos iio capítulo «O cliá». A cafeíria,
aléin d e excitante d o sistema irervoso geral,
tctn acçiío clectiva sobre as fibras cardíacas. O
café heùido scihrc as refeiçí>es, ou tiicsino fora
delas, moderadameiite, activa as Eiiiicóes diges-
tivas, d i certa vivacidade a todo o orgatiisino,
iiifluirido, particular e beiii.fic;iineiite, iias fuii-
q6cs iiitelectuais. É a bebida preferida dos
escritores e artistas.
recoineiidado pelos riiédicos, eriiscerios
casos, coino escitaiite cardinco, inatiiiestaiido
tninbéiii i~ropriedatlcsdiuréticas.
Uina cháveiia coiii urna iiifus2o de 15 Sr.
d e cafí., chnténi cêrc:! tle 0,17 gr. de caleíiia.
O a b ~ i s o coiistniite dcsta bchitia, xera
iiisóiiias, aiigústias c ~palpitn~áes do coraçao.
A cafeona forma-se, pelo calor. diiraiite a
torraçein, i custa, segiirido se julga, d o Acido
tânico CIO gr40. É, repetimos, a essêiicia aromá-
tica do café, p:::)

Ainda qiie a calciiia soja coiisi~lcra~lti coiiio


oxcitaiitc do sist8iiin I I C ~ V U S O C, ce~~imiie~ite,
excitalitq
do coraçào, elevan<lo,pi>r isso, ii (oiisão rirlerial. 6 ver.
~latieqiie ela leiii. por outro lailo, ac(;&ovnsii.dilatnrlora
- efeito qiic, ate corto poiito, conilioiisii o oiitro
iloii~le so concliii qiir o cal8 ~itnrai, sei11 abuso.
-.
~io~leriisor hebiilo. coiii vaiitagein, ate por iriiiilos Iiipcr.
teiisos.
keceiitemaiite, porém, o caso coinliiicoii-se: u~gti-
iiias autorirladcs na inathria vem afirmar que certos
N5o s e coiitani os ] ~ r o c e s s o siecoineiida-
dos -conforine as terras e a t é as fainilias -,
p a r a obter-se a mais forte e perfuniada iiifiisilo
d ê s t e produto. Os irielhorcs s$« os q u e o b i i -
gniri a Agiia, logo qiie ciitrc eni eliiiliçio, a
atravessar o p ó tio café, eni a l ~ a r e l h ode reci-
piciite fecliado, ~ l c v c i i d o 0 grBo t o r r a d o s e r
rnoído q,iniido sc vai fazer a bebida, visto :t
cafcona s e r bnstaiite volitil. O café, especial-
iiieiile qiiaiitlo rediizido :i 116, p o r s e l i podei.
;ibs6rvciite, fixa fhciliiieritc o c h e i r o (Ias subst%ii-
cias q u e Ilie firl~ieiiigióxiinns.

estados de que, a16 ngord, se (:iiliiiiva ii ciifainii- conio


fl treiiiura de. IIIL'III~IPOS dos grandes bebedores de
cnfe-. se duvcrii atriliiiii,, iião o este alcal6irIa. miis A
raleoiia, ess0iicia jiilga(lfl irioh?nsiva e, por scii [~t'r,
fiiiiie, solirenianeira agratiiível.
A ser assiiii, o I~rolibinii, ptirii os grandes ninii.
tlores ile ciife. iiiio fica siiniiliriciido, porqiie, se ~iodoinos
oiitcr a aroiii!ilica iiifiisRo oeiii ciifcinn. 1180 serii Mcil,
talvez, vi.la ii a1ciiii1:ar seiii çtileoiiii.
Coiiio asta E iiioito ool;ilil--1lir2lii iilgiiiis-, btis-
tnri Ea%er.se'ii Iicl>idticciiii (i oiifé iiioi~io. Iiii teinlios,
<liiniiilo (ielc j;i sc tcnliii evolotlo a C ~ E C O I I ~ I . .
'

Miis, n0sle ciisti.lier(le-s(? iiiii rlos iriniorss tiiractivos


dii iirSiisnu: u sei1 aroma.
E, ileinais,~sodi esse priiicipio si> porfiiiiie, clesti..
pnreceii<lo.corii este, tOdii ci siiu acçiio iiocivfl?. ..
Afiiial. o çasu, tifio scrh 1n« sdrio coino h pririieirn
vistii sc i,furaco: tiiilii se resiiiiiiri eiii cviiar os excessos,
pois. irir?:riiio citi iioiii iiõo, coii18dni1130.iibussr.
124 CASOS DE TBCNOI.OOIA

empregados na falsificaç50 tio cafb. A cevada,


a bolota, a castanha, o figo, o gr3o tle bi:o e,
~~riiicipalmentc,a raiz da chicória, depois de
torrados, foriieceri~ uma iiifusão que se asse-
iiielha ao café, pela 'côr e gosto amargo que
upresentatii. Laiiiaiido ,7giia no torrador, qurisi
no iiin da torriifacyáo, a hgiia vaporiza-se, ciii
contacto com ns paredes do al~arellio,e o grão
ernbebentlo-se de umidade, torna-se por isso
mnis pesado. Oiitra fraude consiste em 'dar cor
artificial no café alterado pela acção tla hgiia
doce ou salgada, ou por ter pcrriiatiecido eiii
lugar úniido.
Até s e tem fabricado, por nioltiagein, gràos
iiiuito parecidos, h simples vista, coiii os do
café torrado, aglutiiiaiido fariiihas pi'odiizidas
com seinentes e raizes dc virias plaiitas, e,
iiiuito especialtiieiite, corii o figo sCco, beiii tos-
tado e moído. É vulgar a falsificaçào ~ielaadiçáo,
ao gcnuino pó, de «p6s de café* (café exaiisto).
I<ecoiiliccciii-se corri facilidade as fraiides
em qiie o café iiioído esteja inisliirado coiii
outras substâiicias, iaiiçniici»-sc tia :ígua qual-
quer porção do pó suspeilo: o cafb verdadeiro,
sobreiiadai e as impurezas, 111nYs deiisns, vão
descendo para o fuiido.

ilctiialineiite, para os qiic liies iiXo cori-


venha h 'saúde o uso do cafí. iialiiral, prepara-se
d o , o alcolói(ie, extraído
o ~ a f i d ~ s u l f t i h a ~serido
ao grBo, utilizado para fins medicinais.
Tal procluto, qtie enlra rio con~brciocom
a clara inciicação do seu estado, não constitui
Ialsificaçáo, sendo, pelos delicados trabalhos da
extiiicção da cafeína, e apesar do aproveita-
irieiito desta, de irsrço tiiais elciwio iliie o bom
cnfk i1atiii:iI.
Cliaiiia-sc cnrr~ir,rio poiito dc vista agrícola,
Ii seiiieiite do ciccaueiro oci cacauzeiro -- sele-
rinio-110s aqiii A espécie priiicil~al do g1.iicro
Tl~eobro~rin cncczo, o c:lcaiiciro ordinArici--,6r\lore
origiiibria da Aiiiérica Central e clo Sul, e qcie
s6 vegeta lia zoiia iropiczil, l>icferiiido seciil,re
os tcrreiios íitiiidos, fiiiiclos e Iiiiiiiosos, bciii
abrigados, por arvoredo, d o ~pleiin sol e dos
veiitos, e sitiiados, eiii ger~il,abaixo ~ l eíi(lU
inetros cle nltitcidc. Esta irvorc, coiitcido, pode
~ i \ i e reiii ~>oiitosdc iiiais nlt:e cota, lias proxi-
riiitl:idcs do cclundor, coiiiii acoiitece iins iioss:is
ilh:is de S. Toiii6 c Pi'iiicipe, oiicle :i$ ~~lniiin~cíes
cliegairi à ziltiliide de 700 c iiicsiiio de 800
iiietros.
O s tcirerios, pela sua coiiiposi~.áo, inais
ndequ:cclos i ciilt~ii'nilestn ~ ~ l n i i tsão
a , os ni::iio-
..siliciosos. O!; ;lreiio!ios iic,c!:iiii..se ii ~?i.odiiçBo
do cacau.
Origeim e e x p a i ~ s ã o do cacaueiro. -.
Coiiio dissenios, as várias espécics do cacaiieiro
ordiiiirio s1o iiatiir:*is da Ainkrica tro1iic:tl e,
esliecialnieiite, do Mkxico. Os espaiilii>is que,
:L estas pnr'qeiis, prirneiro nportaram, logo Ilie
rccoiiliecerani o vnlor, levando-as li3ra as Fili-
pinas, eiii 1674, doiitle a planta irradiou, par:[
oiitras partes da inestna ziiiia geogrilica.
Fora da rcgiáo de origem, esta árvore
vegeta eiii África, sobretudu tia Costa do Oiro,
e ciii difcreiites Iiigarcs i i n Ocediiia e tia Ásia.
O cacaueiro, trazido do Brasil, foi iiitro-
rluziclo pelos portiigueses ria Illia do Priiicipc
(1822), passando daqui para a Ilha de S. Tomf
e, mais tarde, para Cabitida; iiias data de lRI8
a exparisfio da respectiva ciiltiira riessas duns
iilias oiide o cacau constitui a siia priricipal
foi~tedc riqueza.
Nas gossessões portuguesas deTitnor e Ati-
gola tatrib6in ieriios plai~tac;ões ou roças de
cacau, sendo de excelente qu;tlidade a prodii~Bo
de Timor.

A planta do cacaii.--0 cacaueiro, plailta


dc fòllias ~~ersistentes,conserva-se, por estd
razão, seiiipi c verde. É 6rvore de 7 a 10 metros
d e alilira e d e aspecto estranho, pois as suas
flores, vernielhas e fartaiiiente agrupadas, bro-
(:iin-lhe d o tioiico-por vezes, beiit próxirrio
da terra- c dos ranios inais grossos, provitido
de gornos anorniais, estagnados na siia evoluçáo.
128 CASOS DE TEÇNO!.OGiA

Floresce qiiisi totlo o a n o ; inas, eiii regra, s 6


unia das flores de cada grulio é que viiiga,
daiido frnto.
As fdllias, juras e ;~loiigadas, iriais o ~ i
nienos elípticas e de coiiiorrio inteiro, $50 cie
tom verde s%iiibrio.
O fi'uto, carniicio, con-iprido e de forrtia
ovular, coiii sulcos no sentido lorij{it~idinal,
lembra iiina iieciiieiiina nhí,bor;i, clicgaiido (I
seu pêso a atii~gii.,pai, vezes, ~ i i i iquil~gratna.
BotAiiicaniciitc, 6 iiiiin hagii, coiii cêrca de dez
ceiititiietroç d 2 eiso, coritciidi~ sciiietiies dis-
(iostaseiii ciiicn findas, rl~ictaiitos s8» os Ií>ciilos
iniciais do seu ov,íi.io, c~ijos septos desnpa-
recein com a iiiatiiração.
C:tda frnto podc encerrar, apiiiliadas, cêrca
de 20 a 40 seirientes. Estas, pela fornia e por
seus dois cotilécioiies, asseiiiclliaiii-se a vertla-
deitas favas, desi~iiando-srcorrentcriieiite por
este iioini as seineiites i311 .gr,:icis» do ca-
cau ei1.o.
Ein tiidas as estac«es se ciicoiilr:iiii iirsta
platila, ao inesttio tcnipo, flores c friltos eiii
diversos graus de desenvolviirierito. Por tal
inotivo, a collieita do cacau podc'fazcr-se
qualq~ieialtura do ano, bem que Iiiija iiiria
6poco ern que ela L- mais abundarite e de iiirllinr
qlialidade.
O cacaueiro floresce i10 seu seyniido ou
terceiro nrio d c vida, c frutifica iio fiin do
quarto, quinto oii sexto ano, sendo os desta
idade yiie dão colhciia iiiais rrii<losa.A duraçáo
da ái~vorei ~ n t ' i ncritie virite e çiirqiienla nrios.

Liinpezri das scrnentes - kiberlo o fruto


d o cacaiieiro' e tlestac~idasas seiiieiites, estas
sHo sep:iradas (ia polpa que as iiivolve, pelos
scguintes dois prtrcessfjs:
a) As favas tlo caciii solreiii, ao ar livre,
unia ligeira ieriiieiitaç5o que :iç liberla da polpa;
neste caso, o r o eiivtilucro
~ (:i csscii) da
senieiiie ndcrc fortcrrictiie h aiiiêiidoa.
b) As seineiites, iiiclitlns eiii caixas de areia,
suporlain aqiii uiii:i Ieriiiciiia~iio mais pio-
fuiida, iliie Ihcs desciivolve certos princípios
aoniiticos, tir:tiido.llies a aciitlcz e o gfisto
aiiiargo. Sêcns as favas, a casca, dcl~ois d t
1)ievt: torrefacc;5o, dcstaca-sc faciliriciite d:i res-
pectiva ninêiido:i.
e s t e proccss? 1)ciiefii'i:i coii:~i~ciRvelii~e~~te
o proc1utci.

Substâncias conticlas no cacali-- A


aiiiêridoa d o cacau, foinindn pelos dois cotilé-
ilones da setnente e resl~ectivo einbrifio, I!
coiiskituida por: 111.nt4ritrsgordas (inantciga d e
caciiii) ; frobrorninn ;ir/nL:uirrs rri~ril(íccas; tr~ntf-
ri«s rzzptnrlas (alb~iiniiiúidcs);pri~icí;,ios conr~ltts
(veiiiicllios), 'tni~it~o,
ügnn e ci~lzas,
A nianteih:~d e cacaii entra lia coiiil~osiçáo
da nni~iidoaconi a prciporç~oii16dia de 50
(o cacau d e S. l'oirií. coiiitiii 56 "1, dc tnnii-
130 CASOS DE TEC~OLIJOII\

coiii a ile I a 3 "i,,;e as'


teiga); a teobrorni~~n
matk~ifzsazota&s, tia dose d c 12 a 13 Iridi-O/".

carnos, apeiias, as perceiiiageiis dos roini?oiieii-


tes inais iitiporiarites do cacaii, quer pelo seu
ilalor iiidiistrial e tiiitriti\rci, qiier lpitln sii;i cspe-
cial acçáo schre o tiosso org;~iiijiiici:
A iiiatéria gorda tio cacaii, coiislit!iitl:i
1iiriiicipalniente por iiiiia mistlira de trst~:i;iii;i e
de olcíiia, pode ser extraída parcial~nentcd:i
respectiva ani2ndo:i (adiznte itidicnreirios «
~ ~ r o c e s sdesta
o extraccão), a iiiii de faciliiar a
redupio dos cotilb.doiies a 136,e ainda no pro-
1)úsiio de tornar o cacau, pela dimiiiui~.Xode
gordiira, inais solúvel tia ágtia cru no leite, a
quando da sua preparaqão conio lxbída. É o
cliaiilado «cacau solúvel», de niais fácil dipest8o
que o produto iiitegral.
I!rna cliáveiia prepar:ida coiii 10 gi'nriias de
c:tcaLi a qiie se tenlia extraído 25"/a da sua
riiaiiteiga, conterá I,gr.7 de inat6iias azotadas,
1,gr.2 de hidratos de carùotio e O,gr.l:l de
teoùroiiiina.

Extracção da manteiga de caem. --- A


r:xtracçsTo da ~~runtri,glz dr: cocuu. coiisegue-se
por éste ~ ~ i o c e s s opisaiii-se
: as seiiieiites de
cacau, degois de torr:idas e despojadas da
casca, dentro cle iun alniofariz de ierro,cliie se
iiquecc a cêrca d e SO.", converieiido-as eiii pasta
braiida corn a.adiç8o de dez vezes o seu .peso
de igun a prbxiir,anicil.e. A pasta 6,depois,
l~i'eiisallaeirtre chapas de estarilio prèviarnetite
atliiecidas.
A gordura que escorre, cleixa-se repousar
para precipitação de ini(iurezas, seiido etn
seguida passada, a qiieiite, através de tini filtro
d e papel.
Esfriada, a nisiiieiga. de cacau citdurece,
al~reseiitaiido-secor de cana e coiii o clieiro e
o sabor do cacau, bcin que nienos acenti~ados.
Recotiliece-se, prilicameiite, a boa qisili-
dade dêstr . produto, liela sua cOr, nroina c
g6sto;que deveiii ser os já indicados, e pelo
seu poiito d e fusão: 32,' 5 .
Esta ycirdura, rncsnio coin a toleriiicia de
i graiis de teiripcratura aciina ou abaixo dêslc
ponto, resiste coi~siderivelnieiiteao raiiqo
facto ciii:i razKo tino está coriipietaineiite averi-
guada. Assiiii, uiiin iriariteiga de cacaii raiiçnda,
tórna-se, logo, suspcil:~ tie fnlsificaç2o coiii
outras goi:duras.
i1 a~recilível cii'cuiistâricia qiie deixaiiioç
aporitacla, torna tal prodiito pi.efe~:iclo, conio
vefciilo de inatbiias iriediciiiais, iio preparo far-
riiacêutico d e diversos supositriiios e poniadas.

0 1 , r i n c i p i o esiitiiu1Bnte do cacair.-- A
teobronzi~ra(C, l i s Ai., 0;) --composto de car-
I~oiio,hicli'ogénio, azoto e oxigbiiio- é D priiv
cípio iierviiio do cacau. Extrai-se das favas do
cacaiieiro, triturarido-as coiri a cal e tratando
a iiiassa restiltnrite pelo álcool eiii ebiili~8o.
13'2 CASOS DE TECNOLOOIA

Devido à teobroiiiiiia,~cacai! é eslimulaate


do sistenia nervoso, iiins 1130 tein, corno o café,
acçlo excitaiite s6bre o corat;ão, serido considc-
rado, por algiiiis autores, coriio bom tbnico
cardíaco.
A tcobroiiiiiia ;tparecr, as vezes, acoiiipa-
iiliada tle cafeíiia, inas esta eiii qlianticladcs
iilínimas. Ê eiiipregada ria iiiedicina, sobretudo,
pelos seiis enérgicos efeitos di~iréticos.

CD chocolate. --Êste prodii to deriva tlo


cacau pela adiçxo de certa porção de açúcai,,
rnistiira a que se juiita ainda, liara aroiiiatizar,
uiii pouco de haunillia, caiii:la, etc.
Ê este o cliocolate coiriiiin, obtido pelo
esniagainento das ainêndoas do cacau, beiii
limlias e torradas, ligaiido-se-ltics, intiiiiaiiieilte,
o aqúcnr refiiiado (sacarose) e a si!hstâiicia
arornáticn. No ch«colate de pririieira qualidade,
o cacau e o açucar eiitraiii eiti partes pròxinin-
iiierite iguais.
Dá-se o iiome de clzocolafe si~n/>les,àpasta
de cacau Lorraclo, sem açúcar, conterido cerca
de 50 I'/, da sua gordura natural. Por êsle riio-
tivo é indigesto para certos orgaiiisinos, sendo,
pela falta do açúcar, nienos iiiitritivo que 0
cliocolate comum.

Fabricação do chocolate. -- C:onipreeiide


viriás olieraçóes, a téciiica da prodiiç9o do
cliocolate.
Escolliidas e liiiipas as sementes, sáo estas
subnietidas à torreíacçáo erii torradores dc
moviineiito contíiiuo, seguindo-se a respectiv:c
descasca por meio de iiioírilios que, partiiido-
-Ihes o envólucro, tornado friivet pela'acção do
calor, pfieni as amêiidoas çomplelainente a
descoberto. Depois de novanieiite escolliidas,
as ainêridoas são esinagadas até ficarem numa
pasta branda :I quc se vai juntando a águ:i
coiivenieiite.
Neste estado, adiciona-se-llie o aciicar, iiiis.
tiiraiido iiitiiiiainente as duas siibst9iicias cni
apirellios aróprios (rriis%rrrndoresou nznlaxa-
rlovr!s,oiide rodatn cones truncados de graiiito,
sobre fundo da mesma ~ ~ e d r a )Liga-se. eiitão
à massa resultante o aroiiiático, sii,binetendo-a
a nova trituraçxo.
A pasta de cliocolate jii assiiii preparada, 6
conipriiiiida em recipiente uieqi~ado,coiti uma
espécie de fieiia, por onde ela sai eni extenso e
delgado cilindro inecâiiicairie~itedividido c111
pequenas fracções (llaiis) do iiiesmo peso e coin-
piiiiieiito.
Çôbre unia cliapa trepidante e de niovi-
inerito coiiiíiiuo, estáo, cotivetiietiteiiiente aquc
cidos, os moldes qiie Iião-de dar forma às
peças ou artigos de cliocolate que irão cfe~~ois
para o coinércio. C) calor dos moldes funde os
pequenos paus que liies caem dentro, obri-
gaiido-os a toniar a configl~raçãoexacta de seus
i.ecipieiitcs.A trepidaç5o do s u ~ ~ o r tsacudindo
e,
os riioldes cheios, vai expulsarido o ar da iiiiissa
aiiida fluida e faz coiri que as pec;is de choco-
late, do iiiesiiio tipo e ptso, fiq~ieiii igualadas
em voliitiie.
Acabada esta operaçjo, os moldes. coiii
seu coiiteúdo, segiiein para refrigeratites a fitn
de os chocolales adqiiirirein a coiivenieiitc coii-
sistfincia, seiido depois ciivolvidos cin fiiias
Eoltias cle cstaiilio que os pci'servarn dos ii«ci\ros
efeitos da uinidade.

O chocolate,pelo ar;úcar e i~elagordura iia-


tural qiie coriléiti, e, aiiida, pelas ri~stériaiiaini.
1;íceas e aeotadas da aiiiêiidoa do cncílii, 6
substância altaineritc iilitritiva, coristituíndo ali.
ineiito cori~pleto- prodiitor de ciicigia e repa-
rador dos tecidos--, niuito iridic:ido para crian-
ças, velhos, convalesceiites, [pessoas fracas ou
esgotadas e para os que se ciili'egain a desportos
violentos. NBo está reconieiiclado, porim, para
os que sofraiii de gota, reuiiiatis~iio, gravcla,
enfiii~,para a mor parte dos nrtriticos.
Sjo principais prodiitoi'es de cliocolate, os
seguintes países: Estados Unidos da Aiiikrica
do Norte, Iiiglaterra, Franca, Aleinaiiiia, 1.10-
landa e Suíça.

Falsificações. -- O cacau, erii geral, pode


al)resctilsr-se falsificado, no conibrcio.
As fratides coiisisteiii ein juiitar-llie: rolo,.-
(litros cstrnnltns, iiiais barat:is, cni siibstitai'ç,lo
da n~ariteigade cacau, gordiiras que podem ser
vegetais (óleo de côco, de algodão, etc.) oii
ariiiiiais (sebo, iiiargariiia e oiitros
ariiílogos); firr'inlrns de cereais e fécécr~las; mutd-
rins rni~zernis,como ocres, gêsso, etc, e stróstci~i-
(virias goinas), para retensáo
C ~ L I CL<>-arleri~zcin
S
da águ:i, coin o fim propositado de auiiieritar o
piso do produto.
Algliiiias destas siibstâiicias poderii ser
rec.oiiliecidns, qiiaiido o cacau seja exaniiiiatlo
ao microscópio, priiicipalniente as lariiilias c
Iéciilas estraiilias e peqiienos ir:igmentos de
treinoços, castanlias, iiozes, etc, dolosaiiicnte
niisttirados à pasta.
As falsificações do cliocolate sSo idêiiticas
hs do cacau, devciido aiiida iiotar-se qiie, tio
piiirieiro, pode cstar o ;ifúcar coiiiuiii siibsti-
tiiido pela glicose.
Coiiv6ni apontar que o cacaii eiii ph, a
que s e extraiu parte da siia gordiira iiatiiral,
iião deve, ]por isto, coiisiderar-se falsificado,
iiiiia vez que traga a. c~iialificaçáo de cncn~r
saliivcl.
O ctiocnlatc cotii leitc, aniêtidoa, avelã,
noz, arroz, etc, iião constitiii, tanibém, prndiito
falsificado, logo clile seja exgoslo h vetida chm
iiidicafão das substâncias iiutritivas qiie Ilie
estão adiciotiadas.

O cacau é segurido bons autores ---,ali-


nicnto i~erviiiocie recoiiliecicio v.lor.
Exerce ac~Tio estimulaiite sobre o orga-
rtisnio, dispotido-o a niellior assimilar oiitrbs
aliineiitos e a iiiellinr ~ltiiizs~.a ciiergia qlie
êstes possaiii prodiizir. E' cliiaiiiado, corno o
chb e o café, aliinriito de reserva, anti-dissi-
pador, ciijo liso favorece, tle inodo geral, s
iiossa ecoiioitiia orgftiiica.
As xiitigas velas de scl~o,tlc cotisiiiiio geral
lia iliiiniiiaç~odoinéstica- que tiiilian~o defeito
dc serciii gordurosas ao tat«, dareiri luz aiiiare-
Inda c fraca, coiii fuinos irial clieirosos, aléin do
inorrão cliie, toirihando, as tlaiiificava e coii-
siiiiii:~aiitcs d e teiiipo -, sucederaiii as velas
de estenriiia coni iiotivel progresso s0bre as
prinieiras por iiXo apresetitarein os incoiivc-
iiietites yiie ficam apontados.
Como vcrcnios, estas velas não sáo, prb-
priaiiieiitc, de estearina, irias fabricadas coin
r i c i h esteárico (derivado da cstcuiii:~)e algiiiii
icido palniítico, cabendo-lhes, portanto, mc-
Ilior, o iioine de velns estcfiricns, por que s3o
iioje inais cotiliecidas.

A niatéria priina da sua produção é, geral-


mente, » sebo dc carneiro, sendo o processo de
trataiiiento q u e vainos nl)i'eseiitar o inais usado,
138 CASOS DE TLICNOI.OCilA

iiiais v;iiitajoso, e o ninis interessaiift para


estudo.
O sebo é, esseiicialineiite, coiistit~iídopelo
conjuiito de três coinpostos orgiiiicos, três
[/'teres sali~zos,a saber : a esterrrina, a p a l m i t i ~ i n
e a oLci'tza.
Ao tlesdobrarrierito dêstes &teressalinos oii
~ ~ r i i i c i l ~iiiietliatos
ios dos corpos gordos (iiiclu-
si\+ a mnrpari/rrr qcie existe iialguiiias gor-
diiias), pela :icç$o das bases fortcs (ern regra,
as alc:ilinas), dá-se o noiiie d e strpor~if'icn~<To.
Esta consiste, pois, na separac8o dos ácidos
gordos, da glicri'itln.

Salionificação ]>elacal. --Dentro de Icitia


caldeira auto-clave, cotitendo água iiq~icciclapor
uiii t ~ ~ beino espiral oride circula vapor de Rgiia,
deita-se o sebo, juntando-se-llir nns :3 "1, decal.
Os scguiiitcs esquetiias --que disl~ensaiii
f6rinulns da qiríinica orgâriica, seinpre coinpli-
cadas para os nieiios Versados nesta ciência--
dRo clara ideia clo Eeiiónietio que se v:~i passar:
a snponificnçiío r h s gorduras.
É a priineira fase do fabrico.
Arites, d:ireriros, i r ~ i i i i esquema ~ ~ r é v i oa,
composição química do sebo, niostrando a
constitiilção dos selis éteres s a 1'1110s:
(O siiial (.) estd, iiestes csqiieinas, a iriilicar
cotnbiriaciio.)
fí. d c riotar qiie o s (teres salirios (esteari~lu,
l ~ n l n z i t i n n eoleí~iu)ti.111 ;irruiijo sei~ieliiaiiteao
d o s sais rrietilicos, al)reseiitaiido-se, iiêles, n
glicerilin tio Iiigai. eiii qtie estes iêin o metal ( I ) .
E,coiiici o tiletal -- tio presente casu, o cálcio,
(Cn) coiitido iin c n i q u e dcitaiiios tia caldeira--
possui inaior aliriidade ~iíir;i aquêles ácidos
gordos, d o cliic a glicerirra, esta ser$ dcslocada
pelo ctilcio q u e Ihc vai ocltliar o liigar, daiido-,se
;Lseguilite reacçiio q u o constitui a sa/~orrific(iccryría
das g o r d u r a s .

( * ) I'nra Lieiri coiiilireeiidorinos a saii~oiiifirics,


iliie deixamos iiidicada, eiiti,e os Ctercs salinos e os
sais iiiineraia, coniliareintis estas diins uíilegorins do
<:ori1os.
Uiii sal iniiiieral 6 o resultado da acçilii de iiiii
iicido sobre iiiiia Iiaso meti\licu: caniùiiin-se o radicel
Acido com o iiieltil da biise, vindo Oste parn o iiigar do
hidrogdnio, sulislituivel. rio Acido.
Assiiri-eseiii~ilifiqi~e~~ios,iniiitu olenienlarrnente--
o ticido siilSiiricu (30.11-19) e111presença d a cal (Oco),
dar&sulfato rle i:&lcio iS0.1 Co), pela seguiitte reaccao:
SOr HI -+OCii --,SOi C,a -1- O H*.
o qiie, afinal, ó como se o radical (S0.i) se iinisse
(lirectainontc no cúicio (Ca), visto que. ilo icido sullu.
riuci, sh salii o hidrogr!nio, a. (Ia ctil. o oxigiinio para
Soriiinreni tigiin ( O H2),corpa' 21 CIIIC! níio iiii qiit? iiteiider-
-se iio fenbiiierio em viuta.
Padenius pois dizer. sini~ilificai~clo,qiie o sttl
140 CASOS DE TECNOL.OClIA

Adicionada a cal, eiii qiiaritidade, para for-


iiecer o Cn suficieiite i reacção, terenios:

cslerj~ico.Biioariiia'
Aoiio rlc Cdlcioj
I
* plc~llritico. , , - ; C R - ~Pnlrlrifolurlr 2
. ~ l e i c ~. \ l o i r o t o dr.

Poririain-se, pois, êstes ti'& sais de crílcio,


coristitiiinclo tr8s subücs irisolúveis, iiiistiirados
iiiiiria só ii1ass:i. A glicerina expiilsa, (este corpo
6 solúvei lia água) fica tia Agiia tla caldeira e é
:ipiovcitada, depois, por dec(aii1ação.
Retirada a água coiii a glicei.iiia, fica111êsçes
tr$s sais(es1earato de cálcio, ipaliiiitato de cilcio
e oleato de cilcio), que são laiiçados iiuiiia tiiia
Forrada de chiiiiibo -metal iião aLacaclo pelo
ácido sulfiirico diliiído---, pass5iiclo-se 3 segun-
da fase d o Iabrico.

-
..- -
iiiiiieral resiilta da çoiiiùiiiaçno do hcld« cinii is inotal
<!a bnse que coiii êie rengiii.
o que considorarenius riara (J ciisd do, 6tor
siiliiiu - ri esteariiiri, 1)or cxoiiiplo -, dizeiiclo qiie dle
resollti da çoniblnaçào do Acidíi gordo (aqiii, o tfcido
estetírico i çorii a giiceri~tu.
A gliceriiia estii no 6ter saliiio, coiiiri se ve. ilo
Iiigtir ein qiio o inotiil u s t i no snl riiiiiuriil, e desi?iii~ie.
iilianrlo iùsiiticii IiiiiçZLo.
Daqui resiiita poder a gliceriiia ser siibslitiiirla por
iiin iiiatiil, conio o ciilçio. pura da). iiin sril i~iie, eiii o
iiosso exeiiiplo. serii o estoarnti~de í:filciu. roino se
va iio texto.
Separação d o s á c i d o s gordos.- Trat:l-
-se, agora, de isolar os icidos gordos clue
êstáo, co:rio vinios, conibiiiados coiii o cdlcio.
Para êsie f i i i i recorre-sc ao ricidu . sulfiívico
(S«,l-L), icido coiri graiidc aiii~idnclepara &te
irietal, e que se coiiitiina coiii êle para dar
sulfato de cilcio. O icido slilfúrico vai tliluí~lo
ein igiia e tloseado tia q1iaiitid;ide iiecessiria
para iieutr:ilizar todo o cilcio dos sais cliie
estáo tia tiiia.
Para iiiaior clareza, exl~i'iriiil'eiiios:

-
Eateiirnlo clc Chlcio : - ~ c i d ocslezirico .Cri
-
I'aliiiiinlo de Chlcio I- Aciclo palmiticio Cn
Olunto [Ir Chlcia Acido oleico . Cn

~ o m n i i d o ,por riiais explicilo, o segtiiido


riietiibro dest:is igitaldadcs que represeii(airi os
trgs sais de ctílcio icsiiltaiiies tln saponificaqão,
e jiititniido-lhcs, cciiiio dissririos: o iciclo siilfú-
rico stificierite, Icrenios :

iiiido estaárico. Cci Arido i,sfucírico SorCa


= - ' / i ç i 4i 8l ru ii C a
Acido piilintlico. Cfr ~ r - ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ pnlriiítbcd
Acido oieico . Cn !.deíc/o oleico + - ~ o C r I~

soltaiiclo-se os liidrog&nios (I-I?) dos ácidos.


Litiertairi-se, assini, os ires íícidos gordos
(esieári;~, palrnítico e oleico) coiii R foi'inaçiio
de suifittos de' cálcio (Sol (21) qiie ~ 9 0iiisoiú-
veis e ficnrr~tio fuiido da titia. 0s ácidos gordos
sobretiada111 ic igiia, donde são retirados por
IJ2 CASOS DE TGCNOLOalA

decaiiiaqão oii coin pás eni cri\~o.e lavados


coiii ;íglia fervente.

E x p u l s ã o d o ácido olelco. -Nesta ter-


ceira fase d o fabrico, já não iiitervéril a qiiiinir::i.
Coino o ácido oleico é licluido i teiiil~eratiira
ordinária, e daria Rs velas tiaixo lioiito de fus,ío,
aiéin de as tornar ~ ~ n s t o s ae sde c6r aniarclada,
é necessário retirá-lo da niistura dos ácidos
obtidos. Para isto, os três icidos, forrnaritlo
pães, são titetidos em sacos de loiia e Ieviiclos
i~ireiisaliidráulica oiide são coiri~~riiiiicios a fini
de ex11urgá-10s do icido olcico, qiic liode sei
aproveitado, depois, tia indústria dos sabr3es.

Moldageni d a rtinssa.-É esta a illtirnn


operação fabril. Os ácidos, s6lidos e brancos,
qiie ficam nos s:icos (csteárico e p:ilniitico) --a
que liocle juntar-se pequeiia porção de cer:~para
izvitar-llies a crista1izac;áo -, são fuiididos c
lancados cni iiiolries cilíndricos, de estaiilio
(coireslioiideiites à forma e diineiisdes das
velas), seiiclo os rnoldes al~arelliados coiii o
cordão da torcida., colocad» ein seus eixos d e
figiira e preso pelos extreitios. Abaixo indica-
remos o ti.atnmeiito 'prévio da torcida.

Retirada5 dos moldes, depois (le solidifi-


cadas, as velas 5x0 branqueadas pela acqâo (Ia
Itiz solar e do ar hinido, e po1id:is coiii tini
pano antes de entregiies ao comércio.
VELAS IIS'iISARICAS I-L3

PrepaiaçBo da torcida. -. A torcida sii


é irictida 110s nioldes dcpois da respectiva
iiieclia de algod3o ter sido embebida ern soluto
de Bcido b6ric0, a fini de evitar-se o tiiorrHo,
como j i se vai \.er.
As ciiii:as, provriiieiites da queiiiia p:ii.cial
da torcida c foririadas pelos sais coiitidos iio
algodjo, acuriiularii-se ein t6rno do pavio e
si~btraem-rioao contacto do a r iiecessdrio R sua
total coinb~istXo. A nicclia incoiiipletameiite
q~ieiiiiada, com as ciiizas aderentes, t. que,
coriio sc sabe, coii.jtitiii o riiorrão. Ora, o icido
bói'ico coritido na torcida, ao calor da chama,
v;ti forriiaildo, com as cinzas, unia (<p6r»la»de
vidro ftisível, que sohe por capilaridade pari
o extreiiio do pavio, e que cai, ou se corisotile,
quatitlo cliega h igiiiçilo. A niecha, assiin libci.1-3
das cinzas e em ~~reseiiça do ar qtic jB directa-
mente a eiivolve, coiiibusta-se sem dcixar qria.1-
quer resíduo. E, assiin, desaparece o iiriperti-
aentc morráo.

Sapoiiificação pelo úcido sulf<'irico.--.


Como o dcido sulfúrico & conibiiiAvcl coiii a
g/;cerNln dos &teres saliiios qtie foroiaiii as
gorduras, a sa~oiiificaçiio destas pode ser
obtida, imediatanieiitc, por aquele bcido, h teni-
perattira ds 90.", lcvando-se a matbria gorda h
incsina temperatura e inisturaiido tiido em Bgua
ebuliente. A gliceriiia, coiiihinada coni o ácido
siilfúrico, vai para o liindo da tiitn, ficando os
I44 CASOS DE TEÇNOLOOIA

6cidos gordos n flutuar ria Sgiia, donde sfio


rctirados e tratatios, depois, corno no processo
aiiiei.ior.
Esta s~ponificaçiio só é eiiipre~adacoiii
inatésitis piiiiins esti'agadas, pois, coiiio se vt,
iiiio i,ciriiite o :iliroveitmiieiil« da gliccrin;~.

F:ibricani-se hoje velas coiii ~~crrafiiri~


(corpo gordo, brarico c s6liclo. residuo da des-
tilação do petr&lco), e briz~zcoIIC baleia (gordiira,
por igual, brginca e sólirla, extraíciii dn regiáo
tiasal dos c;icliaiotcs.j
'í'aiiib6iii sc produzrrn vclas dêste tip«,
j~itikindo-seaos dois Acidos gordos (estcisico
e paliiiíiico) pai-afiiia, ceresiiia (cera fóssil) e
ainda cera tle turfa e cle liiiliite.
As vclas podeiii toiiiar cor, jiintniido~sci
iiiassa, aiiidafiinclidn, diversas iiiatbrins corarites.

Creiiios ter dado iiiii resiiino bnstaiite coni-


prceiisívcl- ~ i i e s i i i nti:
~ ~ para os cluc tenham,
apeii:ls, breves noqõcs de qciíinica niiiier:il -
dos processos tn:tis gerais LI» f:~bricodas velas
csteAricas.
Genernlidadcs. - D;i-se, iia qiiíniica, o
iioiiie dcsfl6ãrs aos sais forniados por uiii ácido
gordo coin iinia base aicaliria (cal, potassa,
soda).
0 s sabões de sdrlio e de l~ol~íssio, solii\~eis
IIR Bgua, eo~~sliLuer~i OS sabijes coinerciais, i i t i -
lizados nas lavagens; os dc crílcio, por irisolii-
veis, não serveiii para Este fiiii. S30 sab5es
industriais.
Aqui, só 110s ociiparemos dos ~pritiieiros.
O s sabões solíiveis são rttoles ou dirros,
conforme :i sua base 6 a ~~otclssa ou asada, berii
que a iiatiireza dos cjleos aplicados eiii seu fa-
brico taiiib61n co~icorrapnra a sua iriaior ou
inetior dureza. Os d~iios,que s3o os mais
coiiiuiis, einpregani-se nos barilios e rins lavageiis
de roupas c oiilros corpos eiigordurndos. Os
riioles, cmprcgatlos erii pequenos srrbões dc
bnnllci c 11ai.s n barbn, iisaiii-se, i,iiiicipalrneiite,
ria iiitliístiia de laniiícios, p:ii'a limpar a lá da
siia gordura iialiiral oii da acirliiiiid:i diirante a
tccel;igeril. Para :is sêdas, servei11 t:iiiib(.in éstes
sabcics, seiido gcralincnte proiiliziclos cor11
azeite, e isentos cle alcali livre, por quc este
c1aiiific;iria o cst6fo fabiicaclo-
Na produy5o dos saliges «'cr;.os, as iiintirias
gordas einpregndas' podeni :;cr o sebo, as ba-
nlias, o azeite e, aiiiiia, os 61eos de coco, de
palrna e de puiguciin. Tatiib6ni se utiliza, para
os sabões duros, o icido oleico qiie se liberta,
]JOr C ~ I I ~ I ~ I . L ~ S ! :ria
~ ~ Oiiiiliistria
, das velas este$-
ricas. Serveiii, para os ~ r ~ o l eos s , óleos tlc ger-
geliiii, de algodZo, de milho, de cânliaiiio, de
linliaça, d e colza e de geixe.
A rcziria eiltra, por vezes, rio fabrico dos
sabões ii~oles.

Ji vimos, lia priin~ira Fase do fabrico


daqiiclas velas, que, em~~regantio-se a cal, par'a
a. sa[.ioiiificaq5o do sebo (iiiistiira d c esteaiina,
[>aliiiiliiia c i>leíiia), se obiéni iiiii coiijuiitcr de
saboes iiisolliveis: estenrato, ~.i:llmitatoe oleato
de c~ílcio.Se iiçaroios a nicsiii:~ ii1ai6iia got.cla
lia produi;Xc) dos sabücs s011í.~cis, conio as
bases que eiitraili lia sapoi~ificnçXos8o a soclu e
a l~otassn,alcati~nrcrrios,eiittio, uiria iiiistlira de
esie:ii'ato, palrnitato e oleato de sórlio (sabces
tltiros) vil uiria ii~istiirad e aiiilogos sais de po-
tdssio (snbfies iiioles), cotiforiiic a bnse ctiipre-
gada.
Coni utii 6lco (coiijiinto d e oleíiia e marga-
riria), o sabão obtido resiiltarii [Ia inistiiia do
oleato c do niargariii~tode sóilio ou de potás-
sio, forinatlos.
O esqiieiiin e a pi'iiiieira reacção que expu-
seiiios $10 tratar das <<velasesteiricas~~,cscla-
recern inteir;iiiicritc o que se pass:i tia iiidiistria
dos sabões, iima \ i r z que, aí, se subsiitiia a cal
pel;i s n ~ l f l[«LI [pela potnssn. Dar-se-á, coino se
s;ibe, c) dcsclobrarrieiiio dos 6tcrcs saliiios das
niattrias g o r t l a ~ , coin :L forinaq.Xo dos res-
pectivos sais de sórEio ou ile potrissio (snl)Kes),
e a expulsZo da gliccr'r:naquc fica dissolvida ria
água da lixívia eriiliregatla.

Fnbricaç50 dos sabões. - Dnrcinos aqui


apenas o bastatite Ipara a con~preeiis;io,deriiodo
geral, do fxbrico dos sabões.
. Nuiria caideii-a estaiicliie, que pode ser tnetá-
lica o11 1120, iiias coin Iiitido de cobre, deita-se
água coiii pofnssa oii soda, isto é, a lixívia al-
calina, a cêrca de 10.<'B. (lixivia fraca), queserá
aquecida por fogo directo ou lior ii~eio dc
serl~entiria oiide circula o vapor de igua.
Quando o liquido estií ein ebiiliqão, jiiiita-se-llie
a niatérin gorda, i~iexendo-sccoiislaiiteiiieiite e
inantendo-se a fervura durarite alguinas Iioras
ate a mistura ficar clara e bcrii ligada. Eiii
seguida, despeja-se a lixlvia, j i quási esgotada,
substit~iiiido-a,siiccssivaniente. por otitras rirais
coiiceiitradas para coiiipletar-se a saporiificac;ãn,
148 CASOS DE 'TEC>NOLOOlA

c juiita-sc à úliitna, a iiiciis forlc?, 1111s -10 a


50 01, d e sal c o ~ t i ~ ~ iiMatitéii1-se
iz. a ebiiliç30, e
rilese-se 0 liqiiiclo de niodo a obter-se iiiiia iiiis-
Lura iritirna.
f:) cloreto zlc s6clio.-coiiio se sabe, o sabfio
6 iiisolúvel nn igun salgad~l--- niio permite que o
sabâo form~idose conserve rlissol\~ido. Êste
sobreriadn ciii griiirios, eriqiiaiito o líquido,
coni a yliccsina l i b e r a ~iesc:iiisa r i i cal-
cicira. Depois de al~iirii rt:lJrl:i!io, extrai-se a
lixivin (niuito eniraquecida I ceclêiicia do
seii alcnli) coiri a gliccriiia, seiicio esta apiovei-
tada para diferentes Fins.
Os gruiiios de sabão siio deitados em mol-
des (caixas dc ferro desiiioiit:iviiis); c, depois
da rnassa arrefecida,' retii-aili.,sc ns forinns e
corta-se, o sab:ío obtido, por nieio dc li111 araiiic
esticado., ciii «l~ausrd e diinciisí>es ctiiivciiieiites.
A,luitas vezes os sabóes dc soda, por exem-
plo, npreseiitaiii ccrto pó brarico i super-
fície. Isth significa ter restado iiêles algiiiii
excesso de alcali que, conit~iiiado coin o aiii-
drido carb6iiico do nr, protliiziii carboiialo cle
s6dio: o 136 qiie se Ilic nota exterior-
iiieiite. Sáo ~ ~ r o d u t oiinpcrfcitos,
s iiicoiiveiiicii-
tes para barilios, por sereili cáusticos, c %ti: para
a lavageiii cle tecidos dclicr~cios.

Variedade d e s.ib6es. .--(I saORo ~iodc


afectar clilereiites cores, scr perf~iiiiado e iiiol-
dado, toiiiaiido o rioine de snbonctc.
I'ara êste fini, o sabfio, fabricado com tiia-
térias escolliidas, é amassado coni é cssêiicias
aromáticas e as sitl~stâriciascorarites, e moldado
depois, por coinpressão, nas diinensdes e forma
que o fabricarite pretende.
Os sabões que conttin iiialCria riiedica-
irieiitosa ligada :i respccliva massa, aplicatn-se,
eni geral, tia dcsitifecção e tralaniento de doen-
ças da gele. O sn6iZo nlcdirirtnl das iarmáciiis,
é fabricado coni 61co de ariiéiidoas doces c
potassa.
Pode-se ob:er iitn sabfio tra~zs/~nrenle, dis-
solvetitlo rio álcool, a quente, o sabão de soda,
com eniprêgo, [~rcferenteiii.ente,d a esteariria
para siia iiiatér'ia gorda. O snbnn de glicerirln
obténi-se,juntandoagliceriiia a uiii çnbáo ti'atis-
parente.

Acção fisico-química d o sabão.-Dire-


iiios, agora, qiial o coriiportaiiienlo físico-quí-
niico do sabão rio desengordurai~ieiitoda pele,
dos tecidos e d e todos os objectos.
E' claro cliie o ernl~rêgo,dirccto, c-Ia soda
ou da potassa adicionadas R igiin,pi'odiiziria o
resultacio necessário.Mns havia n incoiiveiiieiite
de R epiderme c os estofos se estragarcin pela
a c ~ ã ocorrosiva do alcali iitilizado Por outro
lado, sabe-se miiilo bem que ii áglia, sd por si,
não lava coinplctarneiile, isto 6, nfio tlissolve
as g~rdiiras, tendo de secorrer-se ao snbão.
IJorqitê ?
150 CASOS 118 'I'EÇNOI.(>UIA

Para se iaxer cc~iiipi'eciider ;I acc;%ndcsie


prndiilo, riao é siificieiite dizer-se, j~ois conio
talitas vezes s e ouve--, qiic êle desengordura
Ipor ser çolúvcl ria áxua; o u q u e prod~iz &se
efeito ern razáo do r.rcesso de alcali coiitido lia
sua inassa, o qual se clissol\re na ágiia.
Os sabães d e soda oii cli! 11otassa $30 rcal-
nictite solúveis, e C iiecessirio qiic o sejaiii,
nias 1150 bnst:i cstn coiitiiçXo 1)ni.a sabermos
coiiio oper;iiii. E teinos de niliiiilir, cloulra parte,
a cxistêiicia de uni siibSo ~pi?i.Vcitameiitefabri-
cado, seiii excesso de alcali, qiie rios deseiigor-
diire iiiteirnmeiitc R pele, os tecidos e tuclo
mais q u e se prcteiida lavar.
O fenóiiieno esserici:~lé êstr: o sabzo, ao
dissolver-se tia igua ctii ahuiicliiicia, rlrconl-
põe-se p n r c i n l ~ ~ ~ e r ~lifberlaiido,
e, ~ssiiii, una
pequena ~iorçàod e alcali qcic iiai saponiJicar
as gorduras existeiites iio objecto qite qiiere-
tiias lavar, iorniatido coni elas, a scii tiijiio,
outro sabào solúvel (da nicsiiia base daqu5le
cluc se estii aglic~ndo),que se inisliira coiii
a :igii:i da lavagctn. O sabão coiistilui, dêste
inodo, aiiiria Eoiitc cotitíniia d e alcali livre..
Qiiaiido a goidilra é inuita, tem de fazer-se,
como 6 sabido, novas aplicações, a f i i i i de qiie
as doses d e alcali que se vão libertando por
decomposiq30, dtein a sapoiiiliciiqào total, isto
6 , o desengordur~nieiito'coriiplclo.
Os sabões beiii fabricados tPin, pois, ~iiiia
accâo idêntica A dos alcalis livres; iiias, ope-
ratido em tiieiior grau, possueiii iiina acçBo
moderadora da c:ii.isiicidade alcalina, o que 6 ,
repetirnos, de grande vaiitagcni, sobretudo, nos
baiilios e nas lavagens d e est«fos finos.
N&o iiá inconveiiieiite, por6ri1-e Iiaverd
ate vaiitageni-, ein einpreear, por exeiiiplo,
iiuin sobrado grosseiro e eticardido, sabão coin
alguinn socla livre - qualquer sabiio ordiiidrio
-, por se obter c»ni êle um resultado mais
ripido e, iiiesmo, mais econóinico, visto que 11x0
é para ter ern conta, n5ste caso, o efeito corro-
sivo do alcali ein excesso.
Náo deixareiiios de coiisigiinr que, nos
sabiies viilgares, ihh setiiprê alguiii alcali livre
que coriçoire para o deserigordurainento, tias
lavageiis; o que não quere dizcr que ísço seja
condii;Xo indispcnsivel para o efeito. clevei~do
ter-se o cuidado de aplicar, senilire, sabijes
puros para a pele e para outros usos delicados,
i e rlccompo~~do-se
~ ~ o r q ieles, tia igua e111 cscesso,
sol(ai~ide si, coiiio fris:inios,as porcões de base
iiecessárias para o efeito de linipcza.
Cfiaina-se correritc~neiitecal, ao p 6 branco
estraído d a pedra calcárea ]]elo calor de forrios
especi:~is (Tornos rle cal), c que, iiiisturado coiri
areia 6 igiia, dá a arganiassa oidirihria dos pc-
tlreiros. Êste 116 aiiiasçado coiii silficieiite
quaiititlade de igua, constit~iia posta destiii~~da
no revestimeiito de tetos c paredcs, forniando,
clilando agitado eni ~iiaiorquantitlade de ágiia,
o leite de cnl, qiie C a cal dos caiadores.
Na liiigiiagein quiiiiica, a cal é o Ó.ti.do de
cdlcio (coinposto dc oxir:6nio e chlcio), deii-
vado da pcdra calcirea (cnsboiiato de cilcio),
por deconiposi~ãodêste-sob n ac~fiotlo calor,
como sc disse-, decoiiiposiçáo cxprcssa pcla
seguinte equação :
COaCa -, Coo -i- OCa
iarbonuto aiiidrldo dxlili,
<!C eillcio carb0iiiea d e cdlcin

O óxido d e cilcio, saido dos foriios, \em


o iioine de cal atiidra (sei11 Bgua), cal i~lvgett~
ou cal vivrr.

Propriedades da cal. - A c:il atiidra


( O c a ) é branca, ainorfa, cáustica, infusível e
rriuito Avida de igii:r, tciido, por êste niotivo,
de coiiser\~ar-sebein fechada, para se iiáo Iiiclra-
tar ein coiitacto coiri a umidade dn attnosfera.
(A cal viva, $1 alta teiiiperatcira, toriia-sc
iiicaiidcsceiite,daiido luz braiica coi~itatito maior
brillio quanto maior for o fii'aii de calor a que
estiver siil>iiietida. 1\13s diz-se iiifusível, por s6
fuiidii,, no foriio elbcl-rico, i teiiigera[iira de
3.000.").

Deitaiido a c;il a~ildrnrientro tle iiin reci-


pietite e jun!aiido-se-llie inetacle do seli pêso de
iígiia, ela coinbinx-se coin este Iíqiiido, prodii-
ziiido calor (co~ribiiiaçfio exot6riiiica) e c1:indo
a crrl hidrntalín, tariibéiii corihecida ]por cal npn-
gnda ou cal e s t i ~ t a .A cal, assi!n combinada
coiii a ágiia, aiirnenta de voliiiric; de.pois,fende-se
c rediiz-se a p6 branco, iriacio c leve. Este
pó (cal Iiitlratada), dcrioiiiiiia~sclia Qiiíinica:
hidrbxido de c5lcio.
O ieiiçiineno al~oiitado,correspoiicle :i esta
. rcacçáo :

OCn J- OH: -3 (O H),Cn


cal i1iiId~~ kigiin Ihidriiriiln
rlc ciilcl"

A cal Iiidratada cotnbiiia-se ~fLicilinenl.e


coin
o gás carbGnico ([:I :itiiiosiein e ctidiirccc, [?ara
voltar ;io estado de carbonato de cilcio, o qiie
cle(cri~iiiiao seu ciiipi.L.go nas caiai;õcs e arga-
iiiiissas.
O inecaiiisiiio tio feiiónieiio 6 este: o ani.
drido carbónico, existente no ar, em preseiiça
da água do 1ii&6xicio, passa :[o esti~iiode ácido
carbónico, que, atac,iiiclo a cal, se apodera do
cilcio para dai o caiboiiato de cilcio.
I'or tal r:wzo, 13:tra C O I I S C ~ Va ~ciil
~ extiiila
duraiite tciiil~os,coiivfiii r ~ i - aI ipasta c
x~iardá-Ia em barricns ou poços cobertos d e
barro, n fiin de iriil,cclir-llie a greeeiiça d o ar
atniosferico.

Se a igua se l a i i ~ aeni aú~irid2iicialia reci-


pietile. eiii qiie esta a cal n~zirkn-caso qiie
todos, desde criaiiças, iiiconiplctanieiite coiihe-
cern d o trabalho preparatdrio para a caiação 'de
pai.edes --, a czl Iiidrala-se ig~ialnieiite;mxs,
Eizeiido eritrar a água cm forte ebitlição, a
iiiistiira desta cor11 o fti~iud.Lido de cdlcio for-
iiiaclo, salta erii jactos ~ ~ i ~ o j c c t a dpor
« s grossas
bôllias de vapor d e ágiin, elevado h teiiipernlur;l
d e 300.".
Extirita a ebiilição - que o iiiesriio 6 dizer,
a liicirata~áo-, a mistura leitosa que obeinos
é o leite de cal.
No leite d e cal teinos a rnistuia da igua coiii
hidióxido de cilcio, - nias clissolveiido-se Este
s6 sin parte (1,3 por 1000). c 'coi~servaiiclri-seo
resto eiii suspens8o lia dgua, com lendêiicia a
precipitar-se. Par:i inaiiter csta suçpensão du-
rarite as caiaqóes, deve agitar-se, ele qiiriiirlo ciri
rluandc), todo o líquido.

Deixaiido o leite d e cal repousar coinple-


tnmcnLe, o Iiitlróxido d e ciílcio qiie se n9o
~tist;olveirpiccipita-se,for~iinridogrosso dep6sito
no fundo ela vasilha. O liquido transpa.reiite
qiie Ilie Ficn e i n ciiria, constituído 11ela igiia
c o i i ~o liidróxido yiie ela pode dissol\~er-- eiii
soliiç5o saturada --, é a cliainada água de
cai.
Obtida iioç laboratórios oii farniácias coiii
cal aiiidra e Bgua destilada, e deseiiibaraçadn ii
cal, por lavagens, das inipiirezns do cálcio
doiide proveio, a igira de cal é titilizada iia
riiedicina, princil~altrientc, iio Lratameiilo de
diarreias'(uso interno) e no d e feridas e qiiei-
inadiiras (uso exteriio).
Qiiando eiri contacto coin o ar, êste soluto
cobre-se de iiriia película I~ranca e sólida de
carbonato tle cálcio, resultante da acç8o do
aiiidricto carb61ilc0, da atiiiosfera, s0bre o Iiit:lr«..
>;ido de c6lcio rlissolvido lia Agua.

Argamassa ordinária. -- liesulta da iiiis-


\ u m de cal, areia e ágha, a oriiiiir pasta, e é
destinada a prender çi>lidairietile os materiais
lias coiistriiç6rs tie alveriaria.
A niistura deve ser feitn ciii 11roporq0es
I56 CASOS DE 'PECNOL001A

deteitiiintdas: se a cal eiitra ctn excesso, p o ~


deficiência da areia que é a tiiatCria iitilizsda
para coinpeiisar a retraccão da cal,(') esta fetide-
-se, desliga-se e esboroa-se, ficando o coiiju~ito
sciii a pretendida solidez. k o caso da argaiiinssa
cnler~tn.
Se a areia etitra a iiiais d o qtic (t devido, (I
falta da cal não perniilc a iiecessiria ader?rici:i
entre os grãos da areia e ns i~cdras,resiiltando a
obra fraca. A areia solta-se, e a aigaiiiassa, eiilno,
diz-se preentn.
A cal eiripregadx iias argainassas deve ser
hidratada, a fim de coinhiir:ir-se, coiiio se tein
dito, coiii o giís carbóiiico do ar, c regenerar-se,
pouco a pouco, eiii carhoiiato de ciílcio.
Evaporada a 6gua da argariiassa, esta ciidii-
iece já, scin díivida; tnas a solidez da coiistrii-
$30 é devida, esseiiciali~iciite,ao fciióiiierio qiie
acabaiiios d e indicar: a traiisfortnaçio, atrav6s
d o ternpo, da cal, etii pedia calciria, o qiie
cclliivale a admitir-se-llie uinal11.8~0~ttrlituIerrta.
6Noulro capitiilo, erii iioia i 1irt's:i e Iiidraiilici-
tiade dos «ciiiieiiios~,voltareinos a falar dêste
fenóiiieiio).

(,I) Cieralmeiite. nfirnia-se qiie a oieiii ainpret;iicln


nn urgaiiiiissri, lino reage coni a cal, 8 6 coiitribiiirido
Iiaríi coliiljensur n retrac:yRo dostu, no S C I : ~ ~ .A I ~ I I I I S
c~tiiinicos,porBrn, oliiiiaiii que astlica <lu iiceia, rc:if;i,rio
liicto, com a cal, pnrti dcir iiin (iilicaIo do ~iiiclo,qi~o
conl:~rro[liira o eiidiireciinaiito dn argiiiiiussu.
Daqui se conclui que, dados dois iniiros
construidos eiii diferentes él~ocas, mas, das
niesiiias dimeiisõeç, feitos coin iiialeriais idên-
ticas, coin argainass:is, de con1posiçXo igual e,
aiiibos, ig~ialmente defendidos de iiifiltraçóes
aquos;is--pois a igua dissolve a cal da arga-
inaçsa, aiitcs de forinada a prêsa, daiiificando a
coiistruçiio -, o niuro niais niitigo estará, nêste
momento; inuito niais resistetite que o iiioderno.
Isto se observa qiiaiido a iiiiia parede tiiitiga se
sohrepóe Liiiia rccerite, e sc'qucre, mais tarcle,
tia espessura das duns, praticar uina abestiira:
;i :~lvcnaria da inais nova desrnariclia-se coni
iiitiiio irieiios esforço d o qiie a da coiistruída
I i R iiiaiç aiios.

Se, na 1prcparaç5o d:i :irganiassa, q~iiseriiios


utilizar cal viva. esta terti de ser préviamente
Iiidratacia por riicio dc rc~;ltl«r corii cliiiveiro
(«u,o~itroprocesso aiiAlot:o), 0 cliie se faz dei-
taiiclo-a erri larga bacia o11 cova Eeita ii:i iliesiiia
areia a cliie cla sc vai juiitar. 0 s o ~ e r i r i o sclin-
mzni a csta opcr.ii:áo: tiei.rej:a~iio da cal.

Tipos tle c a l . - - 0 s diversos tipos desla


subst.iiicia, tlcpeiidciii (Ia I1iireza do calcáreo
de qiie é «l~ticl:i.
Êsses Lipos ~iocleiii rcdiizir-se a três: col
,oai'ri'(r, [:nl i/lngi'rr c col lcicll'iíuLicn.
A cal yorcla 6 de cor 1iraiic:i c, erii coii-
tactci coin a igiin, Iiitlrata-se coin graiitle 11r0-
licu ai+ificial :i q ~ i ciios referirrii~osiio capí-
tiilo desliiiado aos ~ c i i i i e i i t o s ~ ~ .
A prcsetic:i tla argila (silicalo de :~luiníiiio
liidratado) d i i [ ~ e d i artsultaritc: da presa da
cal Iiidráiiliça (artificial ou iiaiural) iiina coni..
posiqio dilcreiite d;i adqiiirida pcla cal comiim
- q i ~ cj i s;ibeiiicis t ~ ~ . i i a r - serri
c c~rboiia10 de
iiilcio --, pois a coiisistêiicia d~ cal Iiidrá~ilica
6 devitla i forin:ii;iío dos sais de cilcio derivn-,
cios d a r e a c ~ ã ud a silicn e da nlrziitiira (da ar-
;:ila) coin o cdlcio <Ia cal oii do calcbiio ciiipre-
gados.

A cal tiidrbulica pode ser Iiidratada c»iii«


as oiitras, iiias à ciista tle q~iaiitidacles tlc ágtin
sigorosaineiite estabclecid;is, levando a reslie-
ctivn extinção, por vezes, mais dc duas sciiiaiias.
~ e ~ o die i Iiidratada, é joeirada ciii crivos
cilíndricos, de tiictal, d e modo a separar-se a
cal eiri 136, dos torrdes niais oii iiieiios ciidi.i-
iecidos, reçultaiitrs do excesso ou d;i falta d e
cozedurn, qiie ser5o a ~ ~ r o v e i l a t iclcliois
~~s de
coiivenientemente iiir>idos ein iiioiiilios cspc-
ciais.

Coino se f a b r i c a a cal. A cal viv:i oii


ariic\ra C prodiizidii, coi~io j i esl~o~:iiiios,, eiii
forrios oiide se cn1ciii:i a pedra (::llcii.i:i: o .c:.ir-
boiiato d e cilcio, iiinis oii iriciios puro.
O s fornos I)arn ~ o d ~ i ~ e rdn
r i ocal ~ ~ o d e tser
ii
i~tternritcntesou co~~tinoos. ,
160 CASOS TJE T ~ C N O L O U I A

Os lortlos Jntet1miiontes, inais antigos


e mais riidii-iieiitares, são dc foriria aproxiins-
d;imeiltc oviiidc, revesiidoc, I dei~tio, de
tejolos ieirnctá~ios c tiiii a altiira de três a
cinco iiietros. Na base, cstXo as foriialtias e a
bbca para descarga da cal, serido a parte sulie-
rior, ;ibcrta, para saída do furiio e gases d o coiii-
I~uslfvelc d o aiiiclrido carb6iiico resultaitte cla
~ i e c ~ ~ r r i ~ ~ odo
s i çcalcirio.
áo
Para carregar o foriio, ioriua-se, com os
fr;iyinciitos iiiaiores desta. pedra, urna abóbada
i1estiii:ida'a siiporiar o pêso da restante carga'
coiistitiiIda por iiedaços de calcRrio sucessiva-
ineritc ritais peqilenos, deixando-se, enit'c estes,
intqrstícios para a tirageni do foriio.
Acctide-sc o cotiibustível, letiha oii inato;
sob a ahóbada ioriiinda, graduando-se « fogo
(h3 modo qiie o aqiieciiiiento seja leiito e gro-
grcssivo, a f i ~ l ide ii.50 estalarein as pedras c n i i
o calbr brusco -pois que, red~izidasa peqiie-
ninas es(illias, óbstruiriatii os espaços necessh-
rios i saida d o g5s cnrbónico c do futi~o.[Eiii
çonseq'Ü$~iciada toxicidade d o gás carbóiiico, %
j~erigosorespirar-se por cima dos fornos de cal).
Acabado o coziineiito, deixa-se esfriar o
foriio e desfaz-se a carga reduzida, agora, n
cal v2va que, para rnantcr-+se rieslc estado, Lerti
de conservar-se fecliada eni bai'ricas ao abrigo
da uinidade do ar.

O s tornos contínuos, nia.is modernos e.


iriais ecoiióinicos eni teiiil~oe combiistível, apre-
senta~:~ a foi:iiia de <doistroncos de cone, jiii~tos
pelas bases rnriiores, c alcançam cêrca de 10
~rictrosíle nltiira.
Podemos, iiest?s ioiiios, cozer a cal de
dois rnodos:
a) Se einl)rezat.iiiris coiribustivel qiie dê
pecliieiia 'haiiia, como o coqiie ou o caiv,?o de
iiiadeira, lisa-se altertiar, eiii cainadas, o com-
bustivel coiii 11 calcário. O coiijuntci vai des-
cetido rio foiiio ao passo que o cnrv5.o se
consome e se lil~ertao _ris carl16riicci. 11 cal
;issim obtida, é iiripui-a por vir rnist~irndaconi
cinzas :,C. a Ciiairiada cnlcorida a corviio. Corno
rios interrriiicritcs, lia. base do foriio existe iimn
porta para descarga da c;~l.
i)) Pelo outro processo, o aqiieciiiieiito pro.
duz-se por focos laterais, clicgaiido as clinnias,
ao iiilerior do forrio, através de aberturas eqiii-
distaiites, que o comunicain coiii a fornallia
cstabelecida cxicriornieiite,
A fiin de escosvai. o coziiiierito, proccde-se,
aqui, corno 110s infcr/nite~itcs: faz-se iin soleira
(10 forno tinia abbliada de calcário coiii :ts
pedras niais grossas, enchendo-o, del>ois, corn
as de rnenor volunic. Por baixo dcsta abóbada,
faz-se arder unia porçio d e combristívcl (lenlia
oii Iiulha) com o firn de aqiiecer, ati: o riibro, n
pedra que vai da soleira do forno até as aber-
turas de entrada das chanins. Cotiscgiiido isto,
acende-se eiit2o a fornallia para o cozimento
da restante carga d o calcilrio, isio 6 , das pe-
dras qiie iicarn ~:,a'raciiiiii ri:iqiic.ias aberlui.1~.
,A cal coze, co:iio si: dis:;i:, 1 ti~iri~~~cratiira
ilo r i ~ b r ocei-ela, circ:i d~ ;, :I .0Xl." (9, sci~tio
i.etirada, (i.: do%:: e::] iloze I r da
iialciiiac;:íc idc 'nda ca:ga), 1:xin r i:ifcriiir,
j i iiidicatiii, r carre;~;iiir!ci-sc n inriio, logo riii
segiiicla, pein siin aberlurs superior, ,L: assiiii,
çoritiniitiriicnte.
E' d e iioiar qlic a cal v obtida por
Pste processo (çli:iiiias : t r a i s é iiiuito i~iais
clara do qiie a cozida e111 canisd:is alternadas
com o conihustivel, ipor n5n trazer cirizas e
rcstus d e carváo- o q u e ;i t o r ~ i a preferida
para estuques, caiaçõrs e todos o s traballios
que exijniti cal ~ceiituadaineiiteLiraiira.
O resguardo d t s t e p r o d u t o exige os cui.
dados j;i refcridos para o q u e sai tios fornos
intertniteiites.
.-..
I )Os ciili:hricis. iliihsi piiros, qiie dao a cal gordii,
podein ser cnlciiiiidoo. eli?vundo.se-llies n Ienipornturil
iiti) O riihro vivo, pois qiit! rical res1iltfliite serh 'senlpro
cai virgoiii ou cal iiiiidra. .i;,liao ncoiiteco o inesnio
cor11 us ciilctirios argiliisos qiic possani protlii;:ir a cnl
liidrhiilica: iiesic caso, elnvada a perlm ti uiiin iuniliera-
tiira aciinii do ruliro cereja, liA i1 perigo dC rcsiillar i i i n
] p ~ ' i ~ i l i i tirierte
~i - I I ~ I I Ical critiiurn iidiii cal I~iitr~iiilii~a-,
iieln fiirii~a~?i~~ ilo siliciilo diiplo de ;iliiiniiiio c cCilciii.
~:oiiipriiiclpio da vitrificni:no.
A p c d r a de gêçso.---&te coinl>osto ininc-
ral, encoiitra-sc eiii clifereiites rezibes tlo iiosso
pais- c 15 bastante viilgar ]por t0da a partc --,
forniaiido iiiassas rcicl!os:iç rnafs oii ineiios ex-
tensas e profliiidas e, dissc~lvido, ilas iglias
siibterrâile:~~.
A pedra cir ~ & s s é,o q~iiinicaiiiei~te,o srrl-
f n f o de rúlcio l~irlrntado(so., Ca . 2 (11-I,), quere
.dizer: sulfato de cilcio ;riticlro (SOLCa) coiiibi-
tindo coni ~ l u a çiiioli.criil;is de água. (2 01-1%).
Esta pcdra (gêsso ti:t~iral ou :ilabastro gi-
Psoso), branca e dura, apresetita textiira crista-
lina.

Gêsso prBsn. Srias propriedades.-- O


gêsso do coi1i6rcii~,einprcgnclo ein certa.s artes
e coiistrufóe!;, é o sir1,falo (li! cúlcio nnirl,o. Dc-
riva da pedra de gesso Ipor rlrsio'mtilycio, a tcin-
peratura convciiieiitc -.o dernasiado calor
161 CASOS DE TECNOLOOM

~lecoiiiporiao próprio suliato i d iiiiitili-


raiido o produto-, dentro de foriios niiiilo
semelliantcs aos de cozer a cal.
Essa desidratai;8o exprime-se, clara e siiri-
plcsmente, drsti: iiiodo:

A igua, ern vapor, solts-se pelo calor do


foriio, restando o siilfato de cilcio aiiidro, que,
reditzicio a pó, deve guardar-sc ciii harricas ao
abrigo da iiitiidade do ar.
Priticaiiieiite, a pedra de gêsso s6 perde,
no forno, parte da siia água d c coiiil>iiinção,
pelo que o gésso do coiiitrcio iiio 15 cornpleta-
inente desidratado, facto seni iaiiportância nas
suas aplicações.
O gêsso eni pCi (gtsso cozirla ou gêsso ar&
dro) designa-se coinercialiiieiite, tanibérn, por
gêsso presa. porqice, inisl~rradocoiii água, n
formar pasta, hidratn-se coin produção de calor
e endurece, fazendo prêsa. Isto é, combina-se
com uma' quantidade de .Igtia igiral R qiic a
ipedra perdeu no foriio, regressando ao scir
estado anterior, Ai~meiita uni POUCO. d e vo-
luine, ao eiirijar da iiiass:i, e toma novanieiitc
textura cristalina, coiistitiiída por peqiieiiísçi-
mos cristais, e~igratizndos,cin forriia. de ferros
de lança. (Eni iiota ao çapítiilo «Cimciitos%,
trataremos rnais explicitaineiile dêsle caso).
Aplica~õesdo gêsso prêsn, --O gèsso
cozido e em 136, amassado com água, como se
disse, forma pasta- mais ou tne~iosdensa, coii..
forme o <lestiiio qiie lhe vai ser Gado --a qcial
se aplica em constrtrçães, ria forinaqão de niol-
des e, misturada coiii uiria dissolução de grude,
na preparacão dos estuques e da cscrrlolu que se
eniprega no revestirilento de paredes, para fingir
mármores.
Com :I escaiola, que pode sei. polida, iirii-
tam-se márniores venosos, ligando-se h inassa
pós corantes e trabalhando-:i por forrria a dei-
xar n c6r, 11x0 unida, iiias em vcios inais ou
itiericis esparsos e difusos.
Da piopi'iedaclc da pasla de gêsso, ao fazer
pr;sa, aiiineiitar iini pouco de voliiiiie, 1)eiie-
iicia a indústria da rrioldação de eststuas, bus-
tos e oiitr:is peças, pois qiic, por tal motivo, a
inassa gipsea ocupar8 coinplefitinente os dife-
reiitcs vãos c intersticios do :iiolde que a coii-
Ltm', dando, coin agitdeza, todos os poi'ttienores
do (lbjecl0 oi'igiiinl.
Ainda., pelas propriedades j& indicadas, 6
o gêsso eiiiprcgnd« parn irriir' riietais i loiiqx
e ao vidro; sobretiido, para ligar sòlidan~~iite
bocais inetilicos a gargalos, por excinpio, de
ca~ideeirose tiiiteiros, pois a pasta, no endu-
recer, dilalaiido-se ciitre o garg:tlo e o bocal,
vai fiiiicionar conio iiiiia curilin e coiisolitlsi' n
respectiva IigaçXo, reforcacido a adcsão do
gêsso.
166 CASOS DE TECNOLOOIA

Êste prodiito eriiprega-se, ligado à disso-


Iii~ãode cola tle pelica ou cle grude, e a pós
coraiites, no preparo d e tirita!; de toni mate,
mliito iisadns .ria piiitura de panos de teatro e
tle acessórios c6nicos.
O gêsso tntnbétn é usado na agricultiira,
como adubo oii carrectivi~diis terras com de-
ficiência dc cAlcio.
C) viclro, que todos coiiliccenios co,fno
corpo súlido, aitiorfo, traiisl~areiiteou tr;~iislú-
tido, sonoro e Frigil, resiilta da mistura, f t i ~ i -
dida, dc sílicn (ou de areia siliciosa), coni urn
comi~osto de súrfio o11 de t~otdssio,e, ainda,
coni ~ I I I Icorpo que coiilciilia cálcio.
Fixalido-se que a silicn é, nos vidrus, niatéria
constante e Iiiasilar, os ~irodutosa obter- con-
Eoriiie 6 iiiii oii outro nietal alcaliiio que iiêles
~11it.aconl o cilcio .---,distit~ptieni-seem: vidros
,súc/ico-c~ilcícose vitlros pntdssico..c~ilcicos.
(Depois de f~iiididasns substâncias da inis-
tiir;i :i que no!; ieieririios, o corpo restiltante
viclro-6 senilire iiiri. coiiiposto qiiiiiiico,
niais o11 iiieiios puro, qiie deiiiiiretiios adiante).
Mas, a f o k o vidro c o ~ n u ~ t tenios
i, aiiida
iiiitros produtos vítreos, os cristizis, em qile,
alem da sílicii, ctitrnm na siia coiiiposiçZo o
168 CASOS IIE 'CllCNOLORIA

potássio c o c t z ~ t ~ ~ teb oque


, por Isso se cliamairi
vidros pliinihco-pot(issicos.

Prop~iedades
físico-qufnilcas da vidro
hs prol>rieclndes já surnàriainenk ciiuii-
ciaclas, aci'esceiitaseinos, 11ara inelhor caracte-
rizas o vidrn, que. êste corpo é mau condiitor
do calor ( I ) e da elcctricid:ide (isolador), coiii
poiito de fiisáo a cêsca d c 1.200.°C., c se torna
[iastoso antes d e cliegar h liqtiefncqáo.
Deixa-se atravtissar pelo calor liiciiiiioso
(calor ncoinl?;liihado tlc luz), coiiio, por cxemplo,
(1 q u e vetii do sol, mas n%ii s e deixa ;itravessnr
pelo calor obsciiro (privado cle Iiiz), propsie-
dndes q i e Ilie teni de!eriiiiiiido largo emprego
nas est~ifas solares,para virilios e platitas. O
c,alor do sol (calor do dia) entra ria estufa,
pelos vidros quc Ilie formani a cobertiira e as
paredes, aqiiecctido-a iiiteriorinente, como ce
pretende ; c aqui se conserva qci:ísi iiitcir:i-
tneiite ariiiazcnatio duratite a rioite, irierc6 do
viclro sei. imperiiieável ao calor sornbrio e iiHo
perinitir, por tal iiiotivo, a siia sai& para o

( i ) Reconliace-se a 1116 condiitiùiiidarle cíilorifica


(10 vidro, toiníindo iiiiin peqiiena varcta dosta siibsttiiicia
R poi~do.lhe uni extromo em contacto com a clioina do
rnaqarioo. Pode segurar-se iioln, directnnicnte, coin a
mtio lielo outro extremo, iiiesiiio qiiundo o 1)riiiieiro
esleja aquecido no riibro.
ainbiciite. 6 o que lia Física se exprinie por
cstes terinos: o vidro é diaté~micopara o calor
luminoso, e alérmico para o calor obsciiro.

b semelhança do aço, o vidro adquire


r , eiidiircce e torna-se estaladiço (mas
nSo elástico) quando, levado ao ruùro, é mer-
gulhacto en; ágtía oit óleo, niesiiio iiiornos.
Se, 110 estado líquido, é rápida e iiitciisa-
merite resfriado, o vidro recebe fortíssiiiia
tkmpr'ra nas c:itnadas externas, ficarido as inte-
riores etn cstado pastoso.
Isto se reconliece, experitiiciitalmerite, coiii
as Idgrittzas Iifltdviças, ytic se oblêiii, fuiitlindo
ao maçarico o extremo de urna vareta de vidro
e deixaiiclo cair os piiigos ciii dgiia fria: êstes
solidificam, logo, eiii forina de peqcieniiias
Iigriiiias, muito rijas tia siiperfície, coiiser-
valido-se a iiiassa branda, interioiiiieiite. Que-
braiido-se coni alicate a ponta de tiina dessas
l&vitr~ns, toda cla sc traiisforiiia imecliataineiitc
eiii p6. A Iigr'iiiia batdvica 6 uin vidro excessi-
B
vanieiite i!ertl.f~i?l,pv~do.
O.facto explica-se pela razXo ilc o vidro ter
solidificado exterioriiicntc, de modo hriisco,
se!p diir teinlio a coiiiiiiiicar o resfriatiieiito B
iliassa interna, que resta seirii-fluida,-- para (1
qne coiitribtii a inií coiidutibilidade caloríficn
do corpo. O arranjo scilido, exterior, é de grande
dilataçEo e eqiiilibrio instável, coiriprii~iiiidoo
iiúcleo interno; ao ronil-icr-se uiii ~ ~ o i i tdesse
o
invólucro diiro, rrias exti.einaineiite irágil,gor
muito tlilatado e, portanto, de fraca coes30, da-se
eni todo o corpn iiiii desarraiijo niolecular que
o cstilliaça eiii [peqiieiiíssimos fra~iiiciitns.
/linda aiiilo~aiileiiteiio aço, o vidro leiii-
peratto ,pode perder a t6nil>eríi, tií~uccciido-oao
rtibro e deixando-o resfriar, poilco a pouco, ao
abrigo de correiitcs de ar. É o rccozimenfo.
Etn lugar próprio, vereinos a aplicaç3o
desta propriedncle iiuina das fases finais CIO
fabrico dos objectos de vidro.

Este prodiito, niespo eni coiidições tior-


niais, é, coino se disse e se sabc, bastante diiro;
tiias deixa-se riscar por arestas de :iço ùetii
temperado, pelas pctlras preciosas (aliitiliiias),
por lasca:: de cliiartzo (sílica o11 cixido de silí-
cio) ou por lascas dc pederneira (silex), seiido,
contcido, a ponta do diairiante o iiieio iiiais
~isado,por rnais eficaz, para cortá-lo.

Se o vidro E fabricado coni niatii.i:is pliras


e bem dosada:, resiste loiigniriente i acç,íio
qiiiriiica d a luz e i do anidl\ido cnrb6nico e
vapor de igiia da atiii«sfera. N%o se dando tais
condições, o produto podc conter forte dose de
coiiil~ostosalcalinos e é atacado, ~poiicoa pniico,
pela acção cotijuiita do gás carbónico e da bgiia,
acçRo que, roubando a êsses coinisoslios as res-
t~ectivasbases, dari eni resiiltado o eiribaci:~-
niento d o vidro, coin reflexos corados.
A potas?a e a soda, eiii soluçóes fracas,
ata6atii o vidro, diss»l\~eiido-oe determinatido,
entre ai; partes atacad:ls e eiii coiitncto, soldadu-
i,as i!iitog&iieas ( da ipriipria substâiicia), como
açotiti-ce, coiri frequèiicia, tios frascos d e vidro
~.«iii.rtllias de; igiial iiiatériz, que roriieiiliaiii
soliiçóes ciiluítlas (li-ssas bases, iios quais as rô-
ltia:; se syldaiii aos gnr@.los eni qiic se alúiaiii.

esccpç%o tio á:i:iilo iluorítlrico, iiciilili~ii


outro ácido ataca o vidro - senao iiiuito leci-
iaiiienic c :e este For inal Fabric:i<lo.-, o qiie
lperiiiiie iisai'eiii-se . frascos desta subst31icin
como recipieiites dos oiitros iciclos.
A : i c ~ i ocorrosiva ifo fiiioi~ídric~, ncoiise-
llioii o se11 eiiiprê!:u I I : ~ gravlira do vidi0, elo
rriiidri iqiie riinis loiige se ver;.

Coiiiiioçição
e classificnqão dos vidros
A sílica I?, coiiiii sc ~iissc,basiliir ein todos
os \'iilros, pois qiic êstcs são, ilitirriicniiieiite,
silicntos diiplos ( 9 ) dos inci:lis qiic nClcs eiitrniii,
c R qiie iizeiiios relcrPiici:i.
..
(s) A i i i i i ila iii.iir;ii 11ili:iii~s
e111 i:s~iiiiTu!iiiliistniioi,
j [ia Piiiiiiicii Eicniciiliir, viinios ilizai, iiiiiito siiiiiii-
riiiiiienlt.. a illir sc t ! i i t o i i l E ilor .s<,is rlirlil~ir,eiitre ;is
qmis astRo us silicatus ~ I L Lqiic 111:ste 1iigar triitaiuos:
172 CASOS DE WCNOLOG1A

E n t r e os vidros, sO cxiste Llrn silicato siin-


p l e s : o silicato cle s ó d i o solíivel, ou virl~o
liqr~irla-- q u e sai fúra do iiosso q u a d r o --,cor[>«
d e s t i n a d o :I tornar incoiribustíveis a s telas d e
teatro, a eiidurecer (silirnfizrrr) p e d r a s iabi9i.
~. .
noutra nol'i --, iiin sal B o res~iltiidodn iicçao de tini
bcido sobre iima base roetilira (a soda, a potassa, a
cal, o 6xido de chiimlio. eic.). So o Iiirlrogfiilo h(isicu
(hldrogéiiiii do ácido.q~ieiloile ser sul~stiiiiidopelo nietiil
da I~íise)ceder o seli Iiigar a iim iiiiic,~iiietal, teraiiioi;
iiin sal siinl>les, coiiio o silicntu de súii'in. vidrci soliivei
a qiie rios referimos iio texto.
Mas se O úcido, reagilido si3bre diiiis bases iiieiá.
liras- em oùetliêricia a afinidades u val6iicias-, per-
mltir que o seu hidrog8nio iJ6sico se siibstifoa, ]liirte.
pelo iiietal de uina dns ùnses. e, (iiirle. i~elometal da
oiitra. formri-se, e~itBo,ilinsnl I~!IIJJ[IJcolno, por ex011ip~o.
o silicato diiplo de sddio e chlcio (vitiro do gnrrtifqs e
vidraças), conse(litcnte ria reacçao do Acido silícico (da-
rivado da silica oii ~ I r i areiii siliciosa qlic !;e emprega)
com os inetais. sótlio e chlcio, coiltidos IIEIS bases sbbrc
qiio Este Yltlnio Acido aciuou.
Çonveii? iiotar qiie o ácitlo silicicode qiie lratiiiiios
(hú vtirios Ucidos deste nome, coiifornir o griiii de coii.
deiisação e de hldrataç~odo rosl~ectivi~ radical), iiRo sc
oiiconira isolado, como, aliiis, iiciihiim dos seus coo-
genercs; ele ti gerailo ritis rt?aci;óea iliio ~ii'i,diizeiiio
vidro, B teniperatiirn CIO forno. pelii conil~inuqnotla
silica (Si Os), qiie d iini aiiidrido. coiii ti <?girarosiiitaiito
i10 IiidrogGiiio i? CIO oxlg8nio dosciivulvl~los1x3s niesmas
reaiç0es. CHSO senielhfliite no qtic acontece c o q o
coiihecido anidrido cdrbbnico, eni prasen(;cl rla bgiiii,
para u produçao do Bcido curb0nic0, tarnbc~n iino iso-'
lado.
cadas coiii iriinerais i~ulverulcntos, a preparar
tiiitas para frescos, e inordeiitcs tia tiiituraria e,
ainda, para vidrar objcctos de grbs pelo einprêgo
tio sal rtiariiilio: este sal (cloreto de sódio)~
1;inçatlo sGùrc os referidos objectos, durante
a sua cozediira. decoinpõe-se pelo calor, liber-
kliido o cloro (gás) e tleixaiido o sódio coni-
biiiar-se coin a sílica, do grks, para dar iiiiia
inniada vítrea dc silicato de sódio.

Os vidros comerciais são todos, pois : o u


siiicatos cliil~losde scirr'io e cúlcio; oii silicatos
duplos de potdsslo e cálcio (an~bos,vidros co-
riiiiiis); ou, ainda, silicatos diiplos- de l~otdssio
e clz~lnrbo(cristais). -.
Vamos distiiiguir êstes ~,~rodutos por clas-
ses, atri11uiiid.o :L~ 8 d 3urna destas a respectiva
cntegoi'ia quíinica.

Vidros coniuris. Distiiigiictn-se em :

Vidro (le >!ilrt'llf~ silicittcts diililris


Vidro ,,illrol.,, / íIc..shfio e ciilc.io
Vidro dn RuEr~iin ! silicaios duplos
~Crowii-Gliissr I (Ir? pofdssio e citlclc!.

Coino se v?, tios siiicatos duplos que dc-


fiiiern os viclros criiiiliiis, eiitra seiripre o ~ i i l c i 0 ,
variaiiilo o oiitrci iiietal qiic, na p~firiciraclasse,
é o ç6dio c, iia segiiiida, o potássio.
' O vidro cie garrafas e garrafóes b fa.bii.
174 CASOS DE TI'ICNOI.OGIA

cado cotn materias irieiios pLirn5, a coineçai'


pela areia que, coiiteiido óxido tlc ferro, coti-
fere ao 1)rocluto a cor vcrde que vai até o verde
esctiro, qiidsi riejiro (garr;ifas 1.iret:is).
O de v i d r a ~ ajá é obtido c«rii :lri:ia braiica
e rnatérias iiiais cçcoliiidas, ciiid:idos que sobeiii
de poiito para o Vitlro da Do6irii:i c [ i i i r ; ~ o
~Crowvn-Glasss.Apesar d a iiiesiira c o i i i ~ i ~ s i ç ã n
qiialitativa, 0 (~Crowii-Cllars~ al~resetitaiiiaiores
percentagetis de pot$ssio e cilcio do q u e o
Vidro da Bo6rnia. Para este iíltiriio, foi c í.
aproveitado o silicato de ~ ~ o l i s s i n~iiilo
o, abliii-
daiite e ])~tro,da regi80 qiie Ilie deli o iiorrie.

Os cristais.-Distiiigueiri-sc erii : Cristal,


.Flirit-Cilass. r aStrass)~.
Vanios disliô-los l-ielti orclciii crc:ceiite da
sua riqueza eiii cl~l11t1.60,senti« :is I-ierceiitn~eiis
diierentes, c:kste tiietal, o qiie diçtiiigiic, entre
si, os trrs cristais :
Cristal /
..
Y I I I C R ~ ( ~ Stl~lplosde
~~Flir~t-Glass>
~ o t d s s !i>~ ec/://:Do.
~
~Strtissn
Devido :i« ctiiiinbo que coiitêiii, totlos os
crist:iis sXo iii:iis pesados, isto é, riiais dciisos e,
~>ortaiito,tiiílis refi'ingeiites do qiie os vidros
corriiins.

O csinalte. --este prodiilo pode coiisi-


derar-se coriio variedade dos cristnis, pois a
iiiassa vítrea que o foriiin - seja ele traiisg:i-
reiite ou opaco -. G coiistitulcla por iirn ogrr-
gado de silicatos qiie teiii para bases n soda, a
potassa e o iíxido de cliuiiibo.
O esmalte é aplicsdo s6hre suporte rrieti-
lico (eiii regra, de cobre oii de metais iiobres),
sendo as iiiatérias vitrificBveis laiiçadas já fiiri-
didas iio i.esl)ec[ivo siiporte, oii eni pó e leva-
das h iusáo no próprio lugar onde foraiii
depostas. A fiisAo é qiie determina a adertiicia
do esinalte ao rneial qiie o recebe.
Naci G para ~iqui,claraiiieiite, tratarnios da
têciiica clêste pi'odiito. De passagem dir-se-6,
alieiias, para fix:ii'iiios idéias, que os esmaltcs
de divisóes oii cuvetados, obedeceni a desenlios
policronios, corrcspo~ideiidocada cuvidade ou
divisáo do suporte a iiiiia massa de detet'irii-
nada cor obtida por iiieio d e certos dxidos /?te-
filicos iigaclos às tndtérias vi:riCicBveis e, coin
estas, levados a fusXo.
Êstes óxidos corniites, são próxiiiianicnte
os mesmos qite se iisani na coloração clo virlro,
e ser50 iiidicados ao falar-se desta operaçáo
fabril.

Aplicn$õeu do vidro
Além do cnilirêgo dèste produto no ftibrico
dc frascos, jarras, esi~ellios, copos, garrafas,
globos, Iinipadas eléctricas, claial)6ias, florei.
i o ~snla, de
i'as, objectos de iot~cadot',i i f e i ~ ~ l lde
176 CASOS DE TI!CNOLOOlA

iiiesa, de cozinha e,aiiida, d e gabirietes de Física


e de laboratcírio~,alguiii vidros $0, p o r seus
caracteres gartictilares, destiiiados ao fabrico
dos cliamados vidros Ópticos.
Dos vidros coniuns, 6 o «Crown-tilass* o
iiiais eiiil,regado cin óptica, por apreseirtar-sc
com graiide liinpidez, ser desprovido d c acro-
iiiatisnio (r120 irisar, 1150 colorir o cont6riio das
iniageiis Iprc~diizidas)e dar lentes aplaiiadas, de
afoco loiiyo", eiii conseqiiéncia da sua nlenoi.
refriiigêiicin que os cristais.
Dêstes Últinios, usa-se na cjgtica, prefereii-
teineiite, o <~f71iiit-Glass',por siia graiide tratis-
parêiicia e, sobretlido, porque a notável refriii-
gêiicia clSste cristal o indica para o fabrico de
lentes coiivrrgciiies, de «foco curto>.
O «Strass» (o iiwis rico eiii cliuniboj, de
toclos os cristais o inais duro, mais pesado e
refriiigetite, i. apenas ~itilizaclo,por esta Líltima
rlualidade, eiTi letites wpeciais, pequenas e dc
foc« riiuiio curto.

Lev:iiido ttihos dc vidro, pelo calor da


I,itn]]ada, do bico de g6s ou do iiiac;arico, ai6
próxiiiio CIO rubro, podeirios, à tiiâo, dobra-10s
e tinr-lhes curval.iir~s:6 assim que se Ilreparairi
os tiibos,iisados tias experii.iicias de Qtiiinicn.
Aqliecendo-os inais, a 1.iotil.o de o vidro
'tornar-se pastoso e extcnsível,obt~iii-se,puxaii-
do-os e esteiidciitlo-os até rediizi-10s a fi~iíssi-
tnos tiihos capilares, o vidro em fios coni quc
se imitam peiias de ave, sc fazeiii trancas ortia-
mentais e torcidas cle caiideeiro coni vantagem
sôbre as cle algod50, por siia perfeita capilari-
tiade e por diirarern loiigariiente, seni o moi'rZo
t8o iiicóttiodo destas Últiinas.
Se conipi~iinirinos vapor rle hgua dentro
dEstes tubos capilares, eles dilatam-se e reberi-
tsm, constitciiiido-se ciii flocos parecidos coin
ns do nlgodào, pelo que o produto obtido se
chaiiin algodão d e vidro,' ii~uitousado, como
isc~ladortérniico, nas inrlíistrias e tia Física.

O vidro trituisado aplica-se na fabricaçio


da lixa dos in:irceiieiros, esl>aliiando-o sobre
nina fôllia de papel reparada coin iirna ca-
niada, Úinida, de griide. A iriaior oii iiieiior.
aspereza da lixa, depetide do rneiior ou inaior
grau de pulverização a clne se levoii o vidro
para êste efcilo.

O vidro suhnietido n aqueciiiiento prolon-


gado e agloirierado por presszo, 6 aplicado ria
~ ~ r o d u ç ádc
o ladiillros duros e de fácil limpeza
- pedras de v i d r o - - , desticindos a revestir
~iaviriie~~toç e paredes.

Coirio se prodriz
e se trabaltin o vidro
Os iriateriais dcstiiindos i fabricaçáo do
vidro, são fundidos ein foiiios, h ierii1)eraturn
178 CASOS DE TECNOI.OOIA

de 1.200 a 1.?~00.~,dentro de cadiiilios d e barro


(potes), oii no interior de tanques ligados a iini
gnsogénio.

Processos cPe fusão.- I-'ara a f ~ i s á odo


vidro, em potes, podeiii utilizar-se siinl)ics for-
iios de Iiiilha oii os d e revérbei.~aqiiecidos a
gás ipobre.
O s cadiiilios, coni a carga coiivcriieiite das
substâiicias eniprrgadas, sáo riietidos no res-
pectivo foriio cuja temperatiira sc eleva a 1200.":
a mist~irafunde, poiico a poiico, e vai-se vitii-
iicanclo, sendo R massa então agitada para qiic
se dê ligaçáo íiitiiiia.
Em cert:i :~lturn, forina-se cspunia clilc
sobreii;idn com as itnpiirezas cliamadns fel do
idrlro. Estas sáo retiradas coin iimacolliei' de rnlo.
O desnparcciiiietito, cs1)oiitiineo, d n espii-
ma, indica aos operii.ios que L: iiiistura esti
toda vitrificadci, dizeiido-se, ciitão, q u e o vidro
está nfi~tarlo: 'derani-se as . i l e c o r i i ~ ~ o s i ~ «ec s
combiiia~õesiiocessirias, sniiido i o d o s os gascs
iriíiteis a estas reacçOes. .4 expuls5o d o s gases
I que origina a espiinia.
O vidro, a seguir, 6 levado ao Lr>lii cl:iro
que Ilie é pró~)rio,oii pelo efeito clescoi'arite
do dcido arseiiioso, ou pel:i a c ~ g od o bióxido
de tnatigaii6s, conhecido pelo soli#o cios virii'ri-
Tos.
O cliie acabamos de dizer, 6 de aplicnçáo
geral seja cliial for o processo d e fiisao (potes
oii taiiqlies), ~ ~ o ai smassa vítrea conil~orta-se
do iiiesiiio modo, em ambos os casos, levaiido
o mesino tratamento.

Os fornos d e tatique, que represeiitani


iiotivel progresso ria iiidústria vitlrcira, 630
coiistituídos por dois corpos, a dist2iicia tini do
outro: o gasogéiiio e o foriio de lusa0 (tanque)
oiide se dcitam as iiiatérias qiic váo ser vitriii-
cadas.
O coi~biistfvel l a n ~ a d o ria foriiallia (gc-
rnclor) do gasog6iii0, sofre aqui cotnbiistio
iiico~iipleta.por tieficiência de oxigénio, dando
por dcstilnç5o gascs conibiistíveis, coiiio o
óxido de carboiio e vá,rios Iii'drocarbonetos, que
se dcstiiiain ao foriio d e iiis.30 para aí serein
clueiniados. Antes, poréni, da sua entrada nas
galerias cond~~torns, atravessatn outras, cliama-
das rccul~craclorcs,recebendo iiestcs, juiita~iieiitc
com 'o ar que alimetita a conibustfio, fortíssitiio
aqueciiiiento ao coiitacto de tejolos Icuados a
alta tcniperatura pelas ~ ~ r ó p r i acliaiiias
s da for-
iiallia.
É eiii tais coiidições têrniicas que esta iiiis-
tura gasosa vai ser clueiiiiada no tanque de
fusão, oiide exercer#, coiii iiitensidade e evi-
dente ecoiiomia, a sua fitiiçao calorifica.
Êstes foriios, [pie dispcnsaiii o dispeiidioso
uso de potes -- q~ic1)rndosfreqiientetiieiitc-,
têi~i aiiitla a \ianl.ageiii cle permitir largo em-
pr2go de carga vitrificá\lel e de traballiarem
180 CASOS DE TECN01.0GIA

coii:iiiuarnente, recebciicio as iiiatkrias primas


na medida em ique vai saindo a iiiassa vítrea
produzida.

Matérias primas.--Qiialquer que seja o


processo de fusão, as niatérias são prkviamentc
calcinadns, para expulsão da água e do aiii-
drido carbóiiico qiie conteiiham, c, depois,
~tioidns,fazeiido-se finaliiieiite a respectiva //ris-
tuua, pela balaiiça, segundo as doses que, de
cada iiina, devein eiitrnr no misto.
Os materiais para a prodiiçiío do vidro sYo,
priricipalmeiite: sillca (coino já foi dito), qiicr
no estado cristalino, quer aproveitaiido a
que se cotitéin tia areia; soda do comércio
(carboriato d e s6dio) oii o stc[ffl.to de sddlo;
potassa do cott~ércio (carboiiato de j~otissio);
cal, no estado de cal liidratada (apagada) ou,
em seti lugar, llcdun de cal (carboi~atode cál-
cio), e znucno (óxido salino de chumbo) para
o fabrico dos cristais. A fiiii de ajudar e regu-
larizar a fusáo das inatérias primas, juiita-se-llies
cacos d e vidro de t0da espécie--garrafas par.
lidas, ijocados de v i d r a ~ n , restos iiiíitciç d::
fusóes niileriores -., a qiie lias fái~ricasse dA o
noine de casco.

Coloração do vidro.-Os vidros dc


cores obtêiii-se pela fuszo de certos Oxidos
inctilicos, e aiiida de alg~itissais, adicioiiados
às matérias vitrificáveis, visto êsses coiii!iostos
quíinicos se clissolverein iio vidro fundido, sem
liie tirar a transpnrSiicia. 0 s óxidos correiite-
nieiite usados, sXo: o de cobaltri, para a cor
azul ; o protóxido de ferro, para o vcrincltio;
O5 úsidos de cróinio ou o dc cobre, para o
vcrcle, e o óxido tle uriiiio para o aiiiarel«, cor
que tainbéiii pode ser obtida 1x10croiiiato dc
chunibo.

Fuiididas as matérias primas i teinperatiii'a


já iiirlicada, e observado o estado de ~ , f i ~ i n ç ã o
da niassa, coino atris re(erinios, b;iix;i-se a
teniperatiira do foriio (di-se ~ l c s c n ~ ao
~ s ovidro)
ate a iiiassa ficar iiienos fiiiida, com coiisistên-
cia liastosa, seiido esta, eiii geral, a saz9o
11rópria para ela ser laborada.

Processos de trabalho. -Com uni tiibo


rnetdlico apropriado ( c a n a ) , de nietro e ineio
ou [IOLICO inais de coinprinieiito, o operirio,
teiido deitado prèviainente, lia iiiassa pastosa,
aiiillias de barro (flnfi~adorcsou roclclas de
collzer), tira destas ai~ilhas,corii unia extrcirii-
dade do tubo,-a poic8o de vidro coriveriiente,
iliic fica adereiite i cana, c !sopra direcka-
ineiite pelo oiitro exlreiiio oii utiliza o ar, para
o efeito, mecâriicarrientc coiiipi.iniitlo; e, assini,
agitaiitlo a critia cnin adeqiiridos e clcst-ros itio-
\~inientos,\.ai dando A niarrga dc vidro ~ ) r o d i i
zida pelo sopro n iorina . d o objcctci qlic
pretetltlc fal)ric;ir.
As garrafas e os frascos obtEin-se, iiioder-
naiiienie, 56 por insuflação mecâiiica, deiitro
de inoldcs, pondo-sc de parte o 9611ro directo
pela cana que, passando de boca eni boca, inuiio
contribuía para a propagação de d o e t l ~ a scoii-
tagiosas, como n tilberculose e a sífilis.

O vidro dc vidrnçn 6 , geraltiieiite, obtido


por estenderia. Êste ~~roccsso coiisiste etn
obter inatigas (ciliii~lrosocos de vidro), por
meio do sôpro ou do Dzjecfor rfcar, cortarido-as,
enquanto brandas, segundo unia geratriz, e
planificando-as sobre iiina niesa de pedra, itiuito
lisa e convenientenie~ite aquecida, lias cha-
,

niadas gnlerins de estel~dbr.C) calor airiolece a


manga de vidro, que abre e se adapta k e s a ,
seiido então alisada coiri o liolidor, 'r610 nieti-
lico que iein a siipeiiície Útil perfeitaniertte
'

polida. Hoje, vai-se substititindo, liara a vi-


draca, o pia«cesso das inangas pelo estira-
mento mecanico do vidro ciii coiisistência
prúpria.

Certos objectos inaciços, como pesa-papéis,


estatuetas, etc., são traballiados por moldageni
e pressão : a massa de vidro, pastosa, é conr-
priinida deiitro de tiioldes correspondetites ao
objecto que se preteride fabricar.
A s Iâininas de v i d r o para ESIJE~IZOS, (r)
oblinliani-se, dantes, p o r meio di: s o p r o e cslen-
derin, processo q u e linda s e 'vai adoptaiido
para os cspellios mais viilgares. Os inaiores e
o s d c l i i x o s á o fabricados p o r moldageni livra,
einpregaiido-se o v i d r o i10 seu ponto de f~asão.
As matérias qiie ciitrain ria coniposição
dêstcs v i d r o s dèvein ser p u r a s e cscrlipulosa-
iiiente dosadas, adol~tando-sep o r coiiiodidade,
para n sii;i fusao, D processo dos potes
S o b r e uiiia grande niesa plana, d e ferrofuii-
dido - q u e s e polvillia coni areia fiiia -, fixam-se
réguas, kiii rectâiigulo, coin as diineiisões desc-

. ( a ) Antigainoiiie, os es~ielliiis eram de iiiotal:


gornlincnie, de viro, !>rapa, aqo e bronze.
O aqo, por lirestar-se ao mais perfeito ~iolirlo e
conseqileiite poder rellcctor. conservoii.sc lia faclurn dos
cspellios atB o s0ciilo XVI, bein qiie já se iisassein os de
vidrn estaiiliado. Coiitiido. a pratica corrorite destes
iiltinios só apnreceii 110 liriinciro oii segiindo s8ciilo da
Reiiasi:ençu, aperEeiç«andn.se a siia produção em Venezo.
Existiain, desde a Idaile Media, como csaelhos,
Irlininas de vidro, inaa montadas sobra cliapas de metal
polido, ospecialiiieiita de oco, que foriniivaiii a siia
siiperficie reflectora. Ilaqiii veio chamar-se, ainda liojo,
rryo do cs/>ellro B fina ciiinndíi de ainfilgama. de estanho
(liga de iiierciirlo o estaniio) que reveste, posterior-
iiiente, o vidro dos es~ielhoscoiiiuiis.
Modcriiiimeiite,toin-se sulistitiiido- liara o mesiiio
I.iin it coiii iiiclliores resiiltados de resisttiicia e de,refle-
xno liiininosii- a niniilgiinia de estaiilio, pelo iimalgama
clc priita.
jadas, correspondeiido a espcssiira das réguas h
grossLira da Iâiniiia de vidro que se quere
obter. Êste dispositivo coristititi o iiiolde oiide
se vasa um dos potes, saido do forno, com a
inassa nfiizndn e ;io niáximo de fluidez. Ein
segitida, faz-se rolar sobre a inassa i i n i cilindro
de ferro fundido coin o peso inbdio de quatro
tonelatlas para esteiidê-Ia e rasá-la.
A cliapa, arrefecida, vai a recozer, coin
especiais precauções, pelo processo rnais adiante
iiidicado para o rccazi~t~ctrto do vidro, sendo
dcpois polida pela ÍricçXo de sucessivas caina-
das de areia cacla vez mais fina e, finalmente,
pelo esineril. ( 4 )
Estas ol.ierações de polirtletzto, são execu-
tailas sobre plataforinas rotatórias, oiide se
coloca a chapa parL a fricç3.o pela areia, fricção
que lhe é dada com iiin disco.
As Iâmiiias de vidro assim procl~izidas,nciii

( i ) O csmeril naturnl é iimn pedra de grande dii-


coza, qiie, tritiirnda oni moinlios especiais oii sob o iiiar-
talo ~iiloo,se reduz a ]i6 destinar10 a polir i~ietais,
m8rrnorcs, vidros, clc. Espalhnnclo-o coiii regiiiiiridfldc
sdhre u i i ~licdaço do tela a que se ieiihíi ;iplicado ]ir$-
viaiiieiite iiijia caiiiada de cola forle, obt6m-se o ~ifliio
de esmeril, clo conibrcio.
A coiisiitulçilo dn rocha qiie dA o esineril 6 de
84 O/, de aluiiiiiia, 8 a 50o/, d e iixido de ferro e do 1 n
Y1'/, de sllica. A sua diirexa deriva, esliecialiuente, da
aluminn qiie coritéin.
Psssado'o 118 de esmeril por peneiras cada vez
scinpre se iitili7aiii nas diiiierisões qiie Ilies deu
o iiiolde. Sáo iiiuitas vezes cortadas erii [iorqões
maiores ou irieiiores, aproveitando-se, destas,
as qiic náo a[)reçcntetn defeitos. S j o excliiídás,
para bons esliellios, :is que coiilenliaiii bôllins
ou leve oiidulaçáo da supcrficie, por deforma-
rem as iniageiis.

É tanibi-in [,ela rnolddgein, eiiiliregando a


massa vilrca iio eskatlo fluido qiie sc fabricam
os vidros ó~iticos,como as Irntes.
Depois dc dcstiioldada e rccozida, a leiite
6 levada ao torno e dcsciigrossada i 1116.
Adqiiiriclas a fornia e diineiisóes conveiiientes,
a peça vai ser desbastada, ainda, até ficar defi-
nitivamerite nas condiçdes de curvatura e nia-
cieza de siiperlície que Ilic sao próprias.
Esta operação realiza-se n u m recipietile cle
cobre (ou de vidro), cuja forina interior cor-
responde, exactanieiite, à curvatura da leiite, e
onde esta I! colocada. S6bre êsse recipiente

mais Jiiias, alcança-se, eiii iilíiiiio ternio, o csiiieril eiii


~x::gad«iio pol1iiit:iilo dus vidros do c)liiica.
Coni o i)b ninis grosso. fazeiii-se as nrús ,I& f!.snrc.
r i / , qiitisi sb usadas, hoje, oiri ruùolos para iimoliir ferra-
incntas. Eiri operacoes delicadas de rettilir:ac$o e i i r i
Iapiclaçao cios vidros o <Iaripedras linns, estris inds, por
iiferecereiii desigiial ùiiread iios seiix div~rsospontos.
te111 sido siihstitiildas por desgastadores artificiais, de
compo.si~Úor.otistnrrtr, qiie oiiernin coin re~iiltiridarleI>
desbaste das psças qiie Ibes xno siiùiiietidas.
186 CASOS DE TECNOLOOIA

adapta-se-llie outro -- i maneira d e tainpa --,


coiii a niesiiia forma interna e, coino o primeiro,
liolvilhado de esmerii destinado a desgastar o
vidro qiie estií dentro.
Opera-se o desgaste, iinprlinirido aos dois
rece~~táculosnioviine~ito circular oscilatório,
até dcsaparecerein as iiiiperfeições deixadas na
lente pela mó, e ficsr o viclro óptico nas cori-
diçbes que Ihc Sii0 rigoroseinciite exigidas,
como ciirvatiiia, diniensões e continuidade de
siiperfícic.
Resta polir a lente, o quc s c faz nos mesmos
iecipientes,forraiido-osde papel fino, coni subs-
titiiição do esirieril pelo trípoli (terra siliciosa,
piilveruletita) reduzido a p6 fiiiíssimo, e daiido-
-Ihes o niesiiio iiiovinieiito rotatório d e vaivém.
Bem que rioutro lugar s e resumam, de
inodo geral, os trabalhos compleinentares dos
oi)jectos d e vidro, pareceu-nos conveniente,
para os espelhos e lentes, itidicar-ll~esj i , aqui,
as respectivas o~ieraçõesde acabamento, por
estarein tntiiiiameiite ligadas à sua fabricaçio.

Aléiii dos processos fabris j i iiidicados,


adopta-se ainda o da laminação, liara obter-se
cliapas de vidro, quer polidas, quer coiii dese-
nhos em relivo.
Neste caso, o vidro, em massa branda, passa
entre os rolos iiiethlicos de itm Iaini~iaclor,
saindo, dêste, em cliapas d e espessura iiiiiforme,
espessura que dependerá da sepai'açiio que se
der aos .dois cilindros. Se êstes sZo lisos, n
Iâiiiina sai igualmente lisa; se são gravados, a
chapa trar8 os deseiilios ou asperezas corres-
pondentes igravura dos rolos empregados. O
vitlro assim produzido (com desenhos impres-
sos por lainiiiaçáo), do cltial o mais viilgar,
talvez, é o evidl.0 catedral., impede que, atra-
vés dele, se observein objectos oii figuras, sem
roubar tanta 1137 como OS transliícidos oii foscos.

L? ainda pela lainiiiação que se obihin o vicluo


arnzado, constituído por diias cliapas de vidro,
soldadas entre si, coin a interposiç.'io de Lima
iiiia rede irietilic~l.Quaiido o vidro receba iini
clioqtie e se parta, a rede rcténi-llie os respec-
tivos irâgiiieritos, irnpedindo que êstes caiam
ou sejnin projectados a distância, com os incon-
venientes que daqui podeni clerivar.
Conio o vidro arnia.do, por efeito da rede
metbliça, perde iim 1,ouco [ia sua traiisl~ar&ncin,
tem sido scibstituído por outro dispositivo de
segurança, inuito mais peririebvel B luz, for-
1n;ido por diias Iliniiiins d e vidro coladas a
unia delgada f811ia de celulóide, qiie llies fica
interposta.

'i'aiiib6iii se alcança, pela têmpera, fabti-


car iiin'lo de segccrnf~çc~,ciestinado especial-
mente a autoinóveis.
O vidro - como virnos ao tratar-se das
siias propriedades flsicas -, qiiondo aquecido
188 CASOS I)E TECNOLOOIA

a alta temperatura e incrgulhado eiii igiia oii


óleo, fica teinperado, adquiritido grande resis-
tência aos clioques.
Se cliega a partir-se, por efeito de iiancada
mais violeiita, divide-se eni pequenlssiinas estie
Ilias seni poiitas nem bordos cortaiites.

Ainda coin fundametito ria t'liriipera, Tabri-


cani-se objectos d e vidro cndnrrcido (copos,
garrafas, etc.), que, tendo sido aqiiecidos, depois
d o seli fabrico iiorinal, a teinperatura pr6xirri:i
da do estado pastoso e, R seguir, inergiilliados
iium batiiio de óleo niorno, alcaricatn cotisiderá-
vel rijeza, podeiido cair d e alto no sobrado,
seiii se partirem; inas, logo se retluzeiii quisi a
116, se ericoiitrarn lia queda tima cabeca dc prego
saliente ou pedra quellies firaa sul>erficie.Estão
no caso das Iágrintns bativicas.
Este vidro 6 ecoiióiiiico para o consiiiiiidor,
riias ,icoiidic;ão de s6 cair sobre clião elástico,
coino o tle iiiadeira, liiiiileo, ou outro ;irir(logo,
varrido de areias grossas e seiii pregos cxte-
riores.

Recoziinerito do vidro. -- Os objectos


de vidro acabados de fabricar por sollro, es-
tenderia, iiioldageni, etc., sofi'eraiii i ê ~ t ~ ~ ~ e u a s
diversas duraiite estas ol~eraçõcs; e, por tal
razão e por sua i i i i coiidutibilidaírc calorific:~,
csti1:itn fàcilmeiite, iião rcsistiiido ao inciior
desvio tie temperaiiwa.
Compreende-se o que se passa com objec-
tos tão desigualmente tenipei-ados:
Êste vidro aquecido bruscanieiite em certo
lpontci, i120 podeiido, por sua mci condutibilidaclc,
difundir o calor p e l a porção restante, coii-
centra-o lia. parte atingida que, por tal riiotivo,
se dilata d e repente. Mas, ,como o vidro, nas
coiiclic;ões expostas, 6 extreriiamente IriáveI, a
rotura dá-se, logo, n n pcirte vivanientc disteii-
[lida.
Caso análogo se passa coiii um resfria-
iiieiito rbpido, quando o vidro esteja quente.
A parte resfriada, coiitraiiido-se briiscamente,
separe-se da restante e, o que é o riiesiiio, o
vidro estala.
Obvia-se :i êste iiiconveiiierite, gelo recozi.
inenfo dos objectos produzidos- d e qiic s8o
:xcluidos, claratnentc, os de vidro end~irecida,
por condiç%o priipria fortemente teniperados
-, operaçáo qiie consiste ein fazê-los circular,
erii pequenos carros, através de g n l c r i ~ sespe-
ciais (irnpròpriatnente chaniadas de fer~~pfi.o)
onde a teinperattira, elevada a 300.",desce, gra-
dual e lentainente, até a d o ainbiente. Assim se
equilibra a constituiç20 niolecular do vidro qiie
pode suportar, depois, serii rotura, acentuadas
diferetiças térmicas. Quaiido o recoziinetito 6
feito com iparticular cuidado, obtérn-sc vidro
- iiiliito usado etii tiibos, provetas e bal0es de
Iai~oratário-resisterite a bruscas iiiiidanças dc
calor.
190 CASOS DE TEGNOI.OQIA

As antigas cliainiiiés d e candeeiro, que,


acluecidas pela cliatna da torcida, se partia111i
inais subtil corrente de ar, erani de vidro iião
recozido ou niuito riial recozido.
(1s balões que, ciii. experiêricias da Física,
depois de aquecidos i trcnil~ecoiii água :it& a
ebulição, resistein, sem fractura, a uni banlio de
água Iria, são de vidro que foi siijcito a utii
bom recoziiiieiito.

T r a b a l h o s conípleriientnres.--Os objec-
tos, depois de recozidc~se separados dos que,
por qualqtier defeito, sejaiii i.mpróprios para a
vetide, vão para a roçayem, i in6, n fim d e
~ ~ e i d e r c os
i n borclos ásperos ou coi.tantes,selido,
a seguir, polidas a esmeril ou por outro iiieio,
para adq~iirireiiitodo o brillio.
Quando fiiláiiios dos espellios e d'ls Iciiles,
por coinodidade de exposição, já refcriiiios o
iiiodo de os acabar r polir.

O s frascos cujas rcillias de vidro c resl~ectivos


g.argalos n5o sejsni clespolitlos 2 coiiiplctaiiieiitc
ajustados, não fecliatn beiii, coiiio sc sabe.I-'ar:i
~ ~ c r f e i tajastainento
o das dii:is peças, deveiri
estas ser levadas ao torno, fixaiido-se o frasco
e ~~erii~itiiirio-se iiioviiiieiito d e rotacão à rolha
iiietida leveiiieiite rio gargalo onde vai servi;:
deixando correr, eiitre a rAltia e o gargalo,
igua coin areia hciii peiieirnd~, cni resultado
da fricção obtida ela rotação do tOi.no, operni-
OS<il~jjecctos
de vidro podem ser lapidados,
daiido-sc-llies facetas, que niuito coiicorreni
I?;ii'a o seu hrillio e seii einbelezanientci, por
incio de 1116s artificiais de coniposição cons-
(aiitc (a que iios referinios, jU, em nota ao
esnreril), potle~idoterininar-se a operacão coiii
discos rotatúrios de iriatleira branda.

A pii~tur;aque, corno decoração. se tcnlia


de aplicar ao vidro pode ser feita, a frio,
coiii tilitas tlc óleo -de precária duração-
ou, a alta temperatura, coin 6xidos e sais meti-
licos coraiites, que, pelo calor, vitrificaiii com
a sflica sul~crfícicdas peças onde suo de-
postos, daiido piiitcira iiialterável.

Algiciis dos objectos de vidraria - copos,


vidraqas cle escritórios, glohos de candeeiros,
etc.- sáo gravados, conseguiiido-se a gra-
vura por qualquer d&stes processos: jacto
(IE areia oii ac@o do ácido fluorldrico que,
como j i disseiiios, corrói o vidro.
rJelo priineiro processo, encosta-se, firme-
iiie~itc, ao objecto a gravar, uma cliapa me-
tilica, delgada, onde se abrem os deseiilios
qtie, ein fhsco, devem aparecer no vidro e,
sobre ela, faz-se cair irni jacto de areia sili-
ciosa. O choque da areia morder8 a superfície
192 CASOS DE TECNOLOQIA

queestá a descoberto, ficando o deserilio gra-


vado.
Pelo á~.icio .fluorf(lrico, pode-se operar de
três modos:' eriipregaiido o ácido em solução
coricentrada, ern soliicão tliluída ou utilizando-
-lhe os vapores.
Ern todos os três casos, a parte x decorar
tein de ser coberta por fina caiiiada de cera
dissolvida em cssência de terebentiiia, que se
deixa evaporar. Levantarido-se a cera, jd endu-
recida, nas litilias e espaços corresgondeiites
ao desenlio- o que se faz por tiiei; tle um
estilete ou oiitro iristr~irr~eiito
adequado-ficará
nestes lugares o vidro a nii e ~jroritoa sofrer a
acção do ácido, que não ataca a cera.
Se einpregarrnos o dcido concentrado, êste
morderá n região descoberta, despolindo-a,
e deixará o desenlio em tom leitoso, mercê da
dcposiçáo de fluoretos dos riietais quc entrarn
nacomposição do vitli'o.
Utilizando-se o iciclo etn soLu~ãociil~dd~,
os fluoretos forniados dissolvem-se na prijpria
solução, ficando o deserilio rebaixado, liso e
tiansparcnte.
Recorrencio aos vnporcs d o ácido fluori-
drico, o vidro, nas coiidicões jd iridicadas, é
exposto durante alguns niiiiutos sobre a ciiveta
de chuiiibo quc coiitéiii o ácido, e que 6 braii-
damente aqiiccida. Os vapores formados atacam
o vidro nas partes livres, deixando o tlesenlio
fosco e com ri siif~erfícielevenieiite graniilada.
Liinpam-se os vidros assim gravados, aque-
cendo-os e lavarido-os, em seguida, com essên-
cia d e tereùentiiia ou coiii siiiiples aguarrds
q u e é a terelieiitiiia do coinércio.
A gravura pelo fluorídrico, além de outros
usos, 6 miiito empregada nos laboratórios para
a graduaqão de tubos, provetas e cainpiiiiilas
d e vidro.

Traços Iiistóricos
Dui-aiile niiiito teinpo, atribuíli-se a origeiii
do vidro ao acaso, iiido-se atrAs da lenda tlei-
xada por Plínio-o-Vclho. Seg~iiitloêste, ;ilg~iiis
iiiercadores fenícios cliegados a certa praia,
c0111 0 Fiin d e cozi~iliareiiiseu aliiiiento [iusei'ani
a pniiela s6brc I>Iocos de stiliire (iiitrato de
s0dio ou de potissio) qlie, coiii o calor do
luiiie, se fuiidirain coiii a areia do solo, ge-
rando o priineiro vidro. tioje, o caso não é
accitivel, pois iii~iitobem se sabe que os matc-
riais que eritrain na coinposicZo dêste produto
precisaiii, para a coiiveiiienie flisZo, de uina
Iernperatitra bnstatitesiiperior a l.OOO.o, o que
se r130 podia obter, ao ar livre, eni iiiiprovi-
sada lareira.
Ueiii que o s fciiícios Iiouvesserii sido fa-
niosos fnbricaiites d e vidro - 1150 se provaiido,
contiido, que o iiiveiitnsçeiii -, estd bein docu-
irieiitado q u e o Egito conliececi larga c profun-
dameiite a arte do vidreiro, terido-se encontraclo
194 CASOS DE TOCNOLOGIA

i i i t r s o 1 1 i o e s de Ueni-I-[assam (3.500
iinos :iiltes" ~ l eCristo) onde se vê tirn opcrBrio
a sopixr iiuiri;~ rriaii,y;i d c vidro por iiieio de
C~ZllB do iiiodSlo qtic i., airiclii, actunliceiitc
usado.
Do Egito, passaria estn indiistria a Ronia
(pelo iiieiios desde Nero) e. d e lioiiia, a Bizliii-
cio, para depois conceiitr;lr~st:em Venezii, du-
iaiite thda a Edade A!Ií.din, coiistittiinclo vcrda-
deiro e bein vigiado ti~oiiopíilio. O Conselho
dos Doges proibin a todo o operArio tridreiro,
coni pena tle pris5o que Ilie atingia a família,
levar para fora tle Veiieza o ni;iis leve coiilieci-
rnento da sua arte.
12arece ter sido a Aleiii~rilia o pais qiie,
priineiro, destriiíu êste tiionol)ólio, coni a pro-
dução de excelentes vidros coloridos e esiiial-
tados, seguindo-se-lhe a Roériiin, ~ ~ o i i cdepois
o
(fins do séc~iloSVI), coni os seiis c6lebies pro-
dutos ainda ao presente t5o fainosos por siin
rara lirnpidez. Foi a Boktiiia que inventou, por
1609, os processos da gravura eiii vidro.
Em França, a vidraria deseiivolveu-se, sobre-
tudo; nos fins do s6ciilo XVII e ítltitno quartcl
do século XVIII, coiii a prodicçXo do cristal;
tnas Portugal já tinha fábricas de vidro rios
s4culos XVI e XVI1, datando dêstc iiltiino a ta+
brica do Covo. A da Marir~hsGrande, da ini*
ciativa do Marquês de Pombitl, foi fuiidada no
s6culo XVIII.
L Mas onde e cin q u e era se fixar6 a des-
coberta oii a iiiven$áo do vidro ? Sc ii,íio
tiodemos adniitir a ingbiiua Iiistciria de I'líiiio-
-O-Vellio, pelas razaes já expostas, einbaraça-
dos ficnnios, ainda, ao considcrar que Heródoto
nos cotita qcie o teml~lode liérciiles, cin 'Tiro
(Feriicia),. era decorado cotii col~itiasde vidro
coloriclo.; qne, segundo a Bíblia, êste ~~rodutci já
eia coiiliecido dos Iielireus; que no Egito, iiiitito
antes da era crista, sc produziaiii cotii êle está-
tiias colossais, entre ocitros objectos artísticos,
datantlo d e , i i i i l e qiintroceiitos atios atrás da
iiossa era, uin grso de vic!ro CIO colar dc certa
fainlia egípcia, qiie pdde ideiitiiicar-se, diz-se,
com tdda a scguraiiça.
De cluaiito ternos aqui dito e do iiiuitis-
siiiio niiiis clue se Iiá escrito sobre o assuiito,
iião avcilta, coiitudo, uin iiifori~iecxacto, qual-
quer luz qtte nos guie para o berco indiscutivel
do viclro. Tiido, sob êste â~igiilo,é iiisegliro c
nebuloso.
Cotiteiiterno~tios,pois, coiii o Egito dado
pela iiiaioria dos autores como o mais ai1tig.o
ceiitro vidreiro de que bb conlieciniento certo.

P*i0T.4.-An1piiai1clo o qiie ficou dito, a piigiiius


176 e 177, sbl~reo iiso do i'iilro cni fios, 8cresceiitareiiios
que, iiioderiiiiiiieiiLe, so esla iitilizantlo o fio oii fiiire de
vidro para tocidos isolndores destiiiados ao revesti-
iiiento dos fios ulectricos, a lim de qiie os driis araiiies,
qiiando unidos aii torcidos uni no outro, nau ciieguaili
00 coittacto motBlico.
196 CASOS DE TECNOLOOIA

A indústria aproveita, assiin. com excelentes resiil-


tarlos. as propriedades de Ilexibiiidnrle. iria conrliitibili.
dade aiectrica, resistencia ti umidade e ii acção dos 6100s
c dos hcidos (afora o f1iiorldrii:o) apresentadas pela
fibra de vidro, qiie tein. (ieiiiais, a vaiitagein de siipor-
tar temperaturas qiie destriiiriani os iiivúliicros de Ia,
seda ou algodão, 11ara. o efeito. viilgarnii?nte enipre-
garios.
As proi~rieriadesdo fio de vidro, aciina apoiitadas,
rediiairfio ao iiilniino o perigo dos ciirtos circuitos - tais
-
coino iiic&nclios resiiltantes da riiinn. tfio freqilciite, dos
isolatlores camiins, ein pontos do junçno porticiiiariiieiito
perigosos 1101 escapareiii !i vista. A grande resistGn<:ia
da fibri; de vidro ao desgaste por fricçaii- ciiiisa liririci-
pal dessa miiia-, vein iiiiineiitar, aiiidri, a coiisidcriível
eficitcia do iiovo tecido isolador.

E aqui ternti~ra esta c~crta ~ro/ro,nlq.fin


sôhre o iiidva. Coitcisa coi~iorí, parccc!-nos gtrc
cleilerd, co~lttcdo,satisfazer rrs prirneirtcs ctrriosi-
dndcs cios qrce srlrtent i~ztcrt~sse, cieiitíflco ou
tdc~rico,por estc prodrrto i~rn'llstrlalqtre-te~rzos
~iotndo- atrai. sempre, niais o11 nt.ertus, a nfenç80
das qtrc lidnrtl com t l c nos Iaborntúiios otr /~l%n-
ci/~inma estntlti-10.
U ~ r s desejam
, co/rlrecer-llzc n ori,uern, que-
renrlo li&-la h conlcecidn lcrrda dos nrercndo-
ies fenicios; oretros, estrnnhtzna qicc dn i>u/znrE
opnca areia srrrjn corpo f17o c/rlicaclo c trnnspir-
rente; ottb'os, 11lai.9, visanl sabcr por qttc os
cristais sfio ~ n a i spcsnttos, r?tni.s líttlpidos e nini.s
caros que os otdros vidros; olct~os,alridn, srcr;
preetzdeni-se ante as vúrias liroprferlncles E (Ires-
tigiosos aspectos rln srrbçtdtlcia: fornras, colo*
rações, ff~crtas,gravriras e outros, otifros trluitos
~orn~e'~zores de náôrf~oc rlr fabrico.
Et~,finl,o viu'ro 4, para al~q~itr ~spiritosno-
I ~ O Suma
, ttzntérin mrigicn, crrjos nsegrêdos~--os
princi/~ais, O ~ C I I O S- ,jt~!~âmos
Nfil 1131. a
claro tzrzmn obra d2ste gr'tiero, de mero rliirulgci-
ção, se111 linzites de I)roprurtta e srnr foros de
com/~èndio.
Sob a desigiia~ilode argilas, vattios tratar
das principais rnatbrias teirosas coiiliecidas por
êste iionie: nias, de iriodo particular, da argila
veiniellia »ti barro, eiiipregada nos ~~roclutos
cle olaria, entre os quais avultani materiais de
constr~içáo,conio: tellias, iriaiiilhas e tcjolos.
Da cerâinica qiie utiliza outras espbcies de
argila, daremos noções ii~aisbrevcs, bein qiie
slificieittes para o fiin que nos gropotnoç: à
uma, porque, fora de processos gerais, coiii siia
explicação físico-quiiiiica, e alg~itisdados nunié-
ricos, pouco se pode aci'esceritar aqui, eiii pro,
veito dos c~iriosos,visto o interesse maior da
siia técnica estar na observação do respectivo
labor iabril; i outra, por a ccriiiiica do barro
ser a mais viilglirizada, constitiiir a base da
indústria das l~orcelarias,dos grCs e das faiaii-
Fas e sei' airida a que, de pcito, ititeressa a
mestres-de-obras e ol~eriirios coristriitorcs, ii
quem alguns dêstcs filtii~ioscal,itulos são mais
particularnieiite dedicados.
Com fins de ccilturn geral, terminaremos
coin algumas notas sobre a evolução da cerâ-
mica iio dccorrer dos ternpos - notas respigadas
cni trabalhos recciites e de segura confiança-,
iiiellior. vincando o quc respeita à Iristória da
ceriinica portugiiesa.

Como se fornia a argila.- As argilas


restiltaiii da desagrcgaçZo de rochas feldspáticas
coiiio o ,granito, por cxeiiiplo; isto 6 , tle rochas
que coiit$ni, fi~iidniiieiitalniente,silicatos de alll-
rníriio, tiiiidoç, em geral, a alguinas substâncias
estranlias.
Essas rochas, sob a acç?io dos ag.eiites
atiiiosf(tricos, sofreli? erosões, rediizindo-se, em
parte, a 136 fino que, nri~staclo pelas águas,
fori.iia lentaiiieiite de~iósitossediirientares, sobre-
~jostos eiii cainadas terrosas mais ou tiiciios
loiigas e ,~roluiidas.Assim se coiistit~~iramas
bnrrcbccs doridc sc extrai a argila verinelha-
aliontaclas aqui, espccialiiieiite, por serem os
iiinis viilgutes dos tericrios argilosos.

Propriedades da argila. - As argilas


sXn, pois .-Lco~iiose coiicliii da sua origem -,
silicofo:; rle allr~~ilizio
lrhl'rntao'ns,contendo aces-
si~riniiiciil:ccertas iiiatérins estranhas: silica, car-
1)oirnto de cálcio, 6xidosde ferro e de inanga-
nts, sul)stiiicias orgâi~icas,etc., que dão a essas
200 CASOS DE TECNOLOGIA

massas terrosas propriedades diversas e im-


põem R sua divisão eni grlipos.
De iiiodo geral, ~iodemosdizer que as
argilas szo ávidas de água, coin a qual forniain
pasta branda, iinpcrrneável e riiais ou nienos
plástica, isto é, scisceptível tle se poder mocle-
lar. Sob a acção de calor forte, perdeni a água
-taiito a que se Ilies jiiiilou, como a conibinada
com os silicatos que as forriiaiii -, diminuem
de voluiiie e adquircin soiioridade, graiide du-
reza e resistêricia à tracqão. Algunias, tornam-se
pernieiveis com a cozedura.
As cores vá1,ias que as argilas apreseri-
tani, devem-se, priiicipalineiite, aos óxidos tiie-
lálicos que contêm, sendo a argila pura (cau-
lino) coinpletameilte branca.

V a r i e d a d e s d a argila. --Sendo as argilas,


químicamente, silicatos d e aluiiilnio Iiidrata-
dos, as diferenqas de uina para outra derivam,
como dissemos, das propriedades quelhes c o i ~
fere111 as substâncias estraiilias que encerram.
Isto conduz à sua divisXo em ci~icovariedades
principais, a saber :

l.n-Caulino. - Argila pura (I), de côr


braiica, pouco untuosa ao tato, iniiito pouco
plástica e infusível.
( i ) O silicato do aliiminio iiiclratado. que it R nrgiln
piira (caulino), teni a seguinte IOriiiiila iiialociilar:
2SiOz. OIAIP. 2OHz.
AROILAS. - CERAMICA 201

O cauliiio, pela siia fraca plasticidade, 6


classificaclo de argila ntog~a.Entra lia coiiipo-
sição das faian~asfiiias c, sobretiido, na das por-
celanas.
2." -Argilas plhsticns: - Esta variedade
divide-se em dois grupos: argilas refractárias e
argilas figulinas.
o) Argilas ref,.czclhi.ins. - Estas argilas dia-
niadas gordas, por serein as mais plásticas e
iriit~iosasao tato, resistcni ao iiiteiiso fogo das
forjas, doiide o iioiiie !por que silo conhecidas.
Eiril1rcgaiii-se tio fabrico de tejolos refrac-
tários, tle faiaiicaç e de outras ~icçasdestiiiiclas
a sul~ortaraltas teniperatiiras. São de cbr qiiási
brarica, aiiiarelada ou cinzciita.
As pequeiias percentagens de ferro, cálcio,
potássio e sódio qiie eritrain nestas argilas,
[ieriniteni-llies resistir a temperatiiras de 1.400
;i 1.000.U
i,) Ar,Pil(rs ,fi,q~rli~lns
o ~ barro
i dos oleiros.
--S%o d e iiiciios ~~lasticidade qiic as rcfractic-
rias (ainda cliie ba&niitc p16siicas) e menos
Iiiiras do qiie cçias, visto coiiterem algiini cal-
cirio, alcalis e óxidos dc ferro.
pstes cixidos dão.llies a cor veriiiellia, de-
pois de cozidas. Cruas, iipreseiitain-se aniare-
Ias, ciiií:ctiias oii esverdeadas e destinaiii-se i
pr«diigR:i d c billias, j~otes, alguidares, tellias,
iri:iriillias, tejolos coiiiiins -- objectos chan~acioç
dt: b«vro i~crr~iellto.
icn~razão das altas doses de snbstiiiçins
202 CASOS DE TECNOLOOIA

estraiilias que coiiteni, são fusíveis, aiiiolecciiclo


hs temperaturas de 1.200 a 1.300.'
3."-Gredas.-Esta variedade tem o nonie
vulgar de terra de l~isoeiro.As gredas são d e
c ô r cinzeiita ou cle um atiiai'clo esverdeado,
brandas e untuosas, inas esboroqm-se no calor,
o que as torna iinpr6[1rins para a cerâmica.
Por absorverein as g.ordi.iras, ~itilizam-se no
desengorduramento de panos grosseiros, coi-
ros e sobrados.
4.;'-Margas. - Argilas eiii que entram
grandes perceiitagetis de cale (le areia. Bciii que
possatii ser einpregadas na fabricnç2o d e certa
espkcie de faianças (estaiiíleras ), a sua princi-
pnl aplicação está lia agricultura coiiio adubo
o u , melhor, conio correctivo de terrenos..
53 - Ocres. -São argilas, diversamente
coradas, que se destinam ao preparo de tintas
grosseiras, sobretutlo, para caiaçóes, para dar
cor as pastas de cal ou de cimento e oiitras
aplicações aiiálogaç.
O ocre ainarelo (a oca dos caiadores) deve
a sua cor h presença CIO 6xido d e fei'ro Iiidra-
tado; o ocre verinell!~(alrnagre) 6 corado pelo
óxido de ferro anidro; o roxo-ferra, a terra de
sombra, a terra deSiene (crua ou torrada), etc.,
s3.o ainda ocres ou argilas ferr~iginosas~ rece-
bendo as cores privativas dos diferentes com-
postos de ferro que contêni. O bôlo arrr~itzio,
empregado por doaradores e eiicaderiiadores, é
também uma argila ferruginosa,
ARGILAS. - C I ? R ~ ~ ~ I C A 203

Das argilas, coiiio acabarnos d e iiidic:ir, só


szn, geralinente, eiiipreg~itlas na cerâiiiica: o
caiilino e :is :irgilas ~>liisl.icas(refrnctárias e
figulinas).

ClassiFicaçãa.-Os produtos ceriiiiiccis


podeiii classific:ir.se pela duresa da pasta, ou
seja, ciii relaç5o i resistêiicia que oferecctn a
ser riscnclos pelo ferro; e assiin se dividern ein :

Prodiitos de pasta branda. -- Coiri-


preeiitlc-se iieste grupo: os produtos de barro
cozido (vidrados ou n%o a óxido de chumbo),
sempre ol~:icos e fusíveis R temperatura cle
1.400." e, ainda, a iiiciios ;,c as fuiatiças c o f l ~ l ~ ~ ~ s ,
de 1pasl.n corada, opaca e fuslvel, coni vidrado
d e cslanho. SXo aiiibos risciidos pelo ferro.

II~rodiitos de pasta dura e opaca.--


Coiiilirreride esta classc: as ffliançns fifrns, de
pasta brftiica, coin vidrado de clitimbo, e os
gr.h,coiii vidrado sllico-sótlico ou seiii vidrado.
Sao itiliisíveis e não riscados pelo ferro.

I~rodiitosde pasta dura, transIEicida,--


IZsta categoria & foriiiada pela porcela~tncnrrlf-
,ti,:@, dura c de vidrado feldspático. este pro-
diito 6 iiifusível e náo risctido pelo ferro.
20d CASOS DE TECNoLOaiA

Cerfimica do barro v e r m e l h o
Nesta designacão coiitêin-se os produt6s
de olaria, c«iiio louqas e itiateriais de cons-
truçáo (tejolos, teliias e inaiiillias).
As fases de traballio nesta ceriniica, são:
ext~.acçiio'dobarro (argiia figiilina) ; pi.e{i«i.açcio
rla l)nsta; rnodelayiio ( loi.i(;:is) ou niolrkl,ocrit
(tellias, maiiillias e tejolos); e/zx[t&'oe cozerhm
(coni ou SeiTi vidrado).

A e x f i ~ a c ç ã odo bapro, é feita :I enxada


o u à picarets. O barro existe quisi por toda a
parte, eiriborn, iieri-i todo, ao ser retiraclo das
barreiras, apreseiite as qualidades precisas para
o traballio ci!rániico. Se êlc fòr cleinasiado plis-
tico (gordo),. conv6ni juiitar-se-lhe certa porção
deareia, a fim de qiic os objectos de que derivam
iiáo sofrani grande rctracç3o c estalerii iia coze-
dura oic iio eiixti;o. Caso o barro seja iiiagro,
cle plasticidade iiisuficieiite [>:irao fabrico, deve
jic~itar-se-lhecerta perceiitagetn de barro gordo.
O barro ftssiiii trat:ido, laiiqa-se etii taiiqiies
coiii igtia, onde fica a curtir, :~briiido-se-llic
fiiros e regos para coriipleta eiiibebiçiio.

P r e p a r a - s e a pasia, levando a argila


a unia iiiistiira íiirima, por iiieio d : ~enxada, e
aiiiassando-a, depois, ein aliarellio próprio. O
barro para 3 I o u ~ a6 priiiieiraiilente passado
por petieiros de vêrga, a firii de expiirgá-10 d c
ARGILAS. -CERAMICA 205

grãos iiiais diiros e detritos prejudiciais i fa-


ctura dos produtos.

Fabrico da louça de barro


IMode1nção.- As peças desta louça- ba-
silariiiente, de formas torneadas - sáo fritas na
iodo do oleiro, coiistitiiída por uni grande cír-
culo de madeira fixado inferiormente a tini
eixo vertical, que terinina eni ciina, h altura das
iiiáos do operdrio, por nrn disco de nieiior
difiiiietro, paralelo h roda e a fazer corpo com
o eixo. 12 uni torno vertical. ,
O oleiro, sentado em banca alta, põe 1i
roda em movitilento coiii um pé; e, coloaando
sobre o disco utii bocado ou bola de barro, d e
diineiisóes cc~iiveiiieiites,vai corn as mãos aiei-
taiido a pasta, fazendo-a subir oii descer,
alargando-a ou estreitando-a, em coiitínua rota-
çáo, :ité alcnnçar a forma que quere dar, exte-
i-i0r e iiiteriormente, ao objecto etn formaqlo.
Por vezes, ti111 iiin riiodêlo ein frente e toma,
coiii adequado corripasso, as iiecessárias medi-
das, qiiaiiclo o rigor da factura assim o exija.
130de servir-se, para obter alguin contôriio
iiinis deiiiiido ou capriclioso, d e um perfil,
recortado eiii fblha nietálica, que encosta à
superficie j i esboçada no torneariiento à nrfio,
terriiiriaiido sernpre por ?ste ineio o afeiçoa-
rneiito da peça, o11 fazciido-llie ainda qualquer
objectos eiifornados o resto d a água einpregada
para fazcr a pasta. A 700U, liberta-se a água d e
combinação cliie Iiiílratava o silicato tie alu-
mínio ( d a argila), q u e fica aiiidro, assini conlo
s e p e r d e o aiiidrido carbdnico d o s carbonatos
q u e a pasta possa coiiter.
Da deconiposiqão drsteç carbonatos, resta
a ckl qrie se coinbina com o s elenientos d a
argila. O oxigbiiio,actuando s o b r e os coiripostos
metálicos desta substâricia, modifica-llie a cor,
averinelharido o barro que, depois tle coiii-
pleta c o z e d u r a i80O0), enrija e torna-se soiioro.

Se a louça tetri d e ser vidrada ( C ) , já eritra

( 4 ) 0 vidrailo ou esirinlte B destinarlo, especial-


mente, a tornar imiioriiieiveis, aos liquidos, as louvas
a outros reciliierites feitos coiii argilas que, conio o
barro. ficani ~iorosas(parri1eiveis ) depois da cozedura.
-
Nas liorceianas qiie, por certa vitrificnç8u da
pasta, ao forlo calor do forno. se toriiaiii imperrnea-
veis-, o esltinlt~6 eiiipregudo, ai~eiias,para dar-llies
iiiiiis agrndAvel asliecto e facilitar-lhes escriiiiulosa
liilipoza.
ISli, coiitiitlo, vasos de barro \~ermeliio,coiiiu as
Mliins para Agiia, i]iio se iiao deveiii vidrar, alirovei-
taiido-30-lhes a prúprla porosidatle devida à coaediira,
~inraesfrinineiito do se11 conteiido. A Agiia, saintlo, em
parte, alravés dos poros da billia, vai formar-lhe, iio
exterior, iiiiiii taniie e coiistante cailiada liquida qiie,
evoporando.se-criino se sabe, a evaporaqko rio iiin
Iiqiiido, Iior qiie Iiie roiiùii calor, esfria-o-, refrescara
n ngiia coiitida iio iiiesmo vaso.
2% CASOS DE I'ECNOLOOIA

no forno com o devido banlio. Êste é coiisti-


tiiíclo por uliia iiiistiira de óxido de cliuriibo
(litargírio o11 zarcão) e Agiia, e aplica-se h
louca :ipeiias iia p;ii.te que tein d e ficar esrrial-
tada. Para efeito do vidrado, a tetriperatura de
cozecliir:i da argila eleva-se aciina dos 800°, a
fiin de ilecoiiipor-se o cíxido de cliiiinbo e po-
der êste nietal coiiibinar-se com R silicZ, do
barro, para dar o silicato de clicirnbo que, selido
transl,areiite, deixa ver a cor do barro cozido.
O vidrado pode torriardse opaco e de cor
verde, jiiiitarido-se ao banho o 6xido d e cobre.
Loriça preta
As louças de barro veitiiellio, podeni tomar
a cor preta, na siia cozedura, tapando-se a boca
do forno, próxinio do fiiii da operação: a defi-
ci+iicia de ar, dando abiiiiclâ~iciacle fumo, deter-
mina a f i x a ~ s odo carbono (do fuino) ria argila,
conferindo-lhe o toiii negro, sem brillio. Aléni
de loiiças, tanibéiii se produzein, dêste inodo,
estatuetas, biistos, jarras e oiitros objectos de
certo iiiteresse artístico.
Esta olaria, iiXo vidradw, trabalha-se, entre
iiOs, em Braga, Tondela, Molelos, Coirnbra,
Viseii, Viana-do-Castelo e P6rto.

Tejolos, nianilhes e telhas


As operações para obtenção e tratatilento
do barro dcstiiiado a estes produtos, são asqiie
iridicimos para a louça vermellia. Contiido, a
pasta destinada i prodiiq,?~da tellia í. iiiais
cuidada do que a cimpregada nos tejolos.
A argila para as telhas não deve conter
grâiiulos de cal, que, aumentando de volunic
com as cliuvas, daiiificariain o produto.
O fabrico déslcs trss inateriais 6 que ofe-
rece diferenças, como vatiios ver.

Fabrico dos tejolos. - Os tejolos sáo


moldados li fieira, depois do barro sofrer a coo-
veniente ailiassadura.
O amassador t coiriposto de iiin iurniliador
por oiitle passa o barro para prévio esinaga-
nietito. Daqui, sai directamente para o niainxrr-
dar que Ilie dá ~iiisturaiiitinia, descendo para
novo lainiiiador de rolos niais apertados que o
lirinieiro. A pasta, assim hornogetiizada, eiitra
tiuni largo cilindro Iiorizoiital qiie teiii, na direc-
çáo d o eixo, lima espécie de parafuso sem fiiii,
clcstlnado, tia rotacão de suas pás helicoidais, a
eiiipiirrar o barro para a fieira cle inoldacão dos
tejolos. A fieira, de secqáo rectangular, permite
a saída de tini ~~aralelipipedocontínuo, da
argila qiie recebeu, o qual vai sendo cortado,
sobre o estrado onde corre', por iim fio de
araine que Ilie d.l as climeiisões pr6prins.
Se os tejolos são iilaciços, ainda vão ser
coiiipriiiiidos e111 cuiilios que Ilies definem me-
lhor a forma e os tornam mais coinpactos.
Caso devam ser furados, a fieirn tem, i
210 CASOS »E 'i'ECNOI.OiiIA

freiite, «esperasL)dc secq,io ytiadrada, ern iiútne-


ro corresponrleiit~aos tilros dos tejolos, e des-
tiii:rdas a vnsi-los, h saída, tio sentido do corii-
pritiiento. 0: tejolos furados sZo recebidos
s6bre tini esii:ido dc li!rio coni dispositivo que,
ao corli-los, Ilies dcixa os tfilios ern perfeita
csqiiadria coin as :ire:;tiis.

Fabrico das manilhas. -Estas, são pro-


diizidas à fieira - conio os tejolos -, ada-
ptando-se-lhe aliropriado inolde qiie d a r i à
pasta de biiri.o, ao sair dèle, a foriria cilíiidrica,
rasada ao ceritio, oti seja: n foriiia de longo e
coiitítiuo t ~ i b oque vai sendo cortndo, perpen-
dicularmeiite ao eixo, cni troiicos iguais e dc
diin:iisões coiiveiiieiitcs, por dispositivo aná-
logo ao d o corte dos tejolos.
Para coiiipleiai a rnaiiilha, jiinta-se, a um
dos extreinos de cada tronco tiibiilar, Liin bocal
(túlipn) da inesina sub~tiiinia,feito separada-
meiite e soldado h peça eiiqitarito o barro está
úniido, tal como se pratica com as asas dos
potes e das billias.
A túlipa é, conio se sabe, destiiiada a re-
ceber e a fixar a extremidade livre de outra
iiiaiiillia. Enquatito a pasta está mole, tarito i10
interior da túlipa conio no exterior do ex-
trenio oposto a esta, são-llies . feitos, a iisca-
dor, gravados grosseiros (asperezas), para mais
s6lida ligacâo, deliois, ao serein as duas pecas
uiiiclas com cimento, quarido se estabeleçam
as c:iiializaçóes a qiic iistes tubos se clestiiiam.
As ~iiaiiillias o c ser~ i l r a s só por
dcritro, ou por tlcnlro c por lora p;ir;i tiiaios
diir:içXo, usniido-se, nqiii, a iiicsriia téciiica se-
g.«ida coiii a louca vci'irielli:i, cstnnlt:itla.

Fabilco das tellias. -.A moldação das


tclli:is icaliza-se ein poderosa prensa niecinica
coiii cii~ihosde aço oii de fcrro fiiiidiclo, dcsti-
tiados :i dar !i Iqjn dc barro q ~ i cIhes í.suliriietida
a foiiiiu ~ircíprin:a dc tell~cz dc M a w ~ l h aou a
tlc telha rnoirii~c<z,tainbi.rri cliariiada de cnrrc~do.
Esta Hltiina, f;ibrica-se, nclualirieiite, iscnielliaii~a
da priineira, coiii basc rcctanj?ular c com garras
que a prciitlcii~,i ripagciii exterior dos tctos. /\!i
rcb;irbns de barro,' lieixadns prla inoldagciii,
s5o sil,idniiiciite apar:i(tas, à faca, sobre a praii-
clictn qiie iccebe a tclha ~ l aprciisa.

Eiixugo. 'faiito os Icjolos corrio as tc-


s c i ~ i ~ i l l vXo
~isa i a o'eiixugci,
ao ar livre c por algiiiis dia!;, cni lugar atle-
~1~i:idn.

Cozedura. --A cozcdur:i cltstes artigos tlc


coiistrii~;:ío, cxcciita-sc, ii:i gr:iiide iirdiistria, ciii
JOI.IZIN. /i?(! tr'n6nll1.0 coiitít~r~o,di!;l,oirdo-sc os
~)rodiilos, de iiiodo id6iiticc1, irii iiiterior tln
Porrios
O s fornos enipregndos iia cozedura das
peças cerâitiicas, são de duas espbcies: fornos
de traballio intermitente e fornos de traballio
cantlntia, ambos coiistruidos dc tejolos.
Os primeiros são seiiielhantes aos da cal.
Enforiia-se, nêles, apenas unia carga q ~ i cdepois
,
de cozida, é desenfornada par% Ilie segirir outra.
Possueni urna só câmara.
A louça coinum, dc barro verii~elhtr,6 co-
zida nestes fornos.

Os de traballia coiitlnuo, dcstiiiados, cslic-


cialinente, i grande indiistria das tcllias e tcjolos,
çan erri geral de planta circular, tipo i-loffinaiiii
( 3 ) --podem tattibe5m ser oblniigos oii iiicsiiio

rectangulares-, deseiifornando-se e eiiloriiniid«-


-se eiri Ianços sucessivos. O foriio c»iit6rii, ao
niesino tempo, tantas cargas d e material qiiaii-
tos os lanços d e mesas em que se supõe divi-
dida a galeria de cozedura. Coni csta disposição,
11 forno pode traballiar, coirro vniiios ver,
iiiinterriiptanieiite. O cotiihiisiivel usado, eni
geral, é a lenha oic o carvão etii pi>, de qcie o
forno permite nothvel ecoiiornia.
-
( 3 ) Escolheinos para a nossa exposlçxo o nforiia
Hoflrnanii~ 1101 prestar-fieiiiellior que os ractungiiltiros i\
clescrição esqueiiiática do seli fiiiiaionoiiieiito; devo.
POrh, notar-88 qoe a expnsiçho tebrica do texto pode
gofrer, iin prhtica, algrinins iiiorllfiritçdes. O ~ireci~iiiamo
ùasilar, contudo, 6 saiiilire o iiiesmo.
O forno contíiiuo coin]>õe-se: da galericr cle
cozer e da cdmarn de Ji~moligada à chainini..
A galeria de cozer tem, para planta, iiiiia
coroa circular, coiitoriiaiido a câmara de funio,
e correspoiidciido esta ao circulo iiiterior da
mesnia coroa.
Essa galeria potlc supor-se dividida, como
disseinos j i , eni certo nfimero de lnnços ou
sector's trapezoidais (em regra, doze), cntla
iiin coiislitiiido por iiin grupo de tr&s oii quatro
titesas,.-fosniadas por tcjolos, postos dc cutelo
e separados titis dos o~itros-, sobre as cliiais se
arriiinam os objectos a cozer. Entre estas iiiesas
é que se deita o coinbustivel.
A cada sector correspoiidc, cxteriorineiile,
uinx 11orta para enforiia, descarga e eiitradn
cto a r ; e, ainda, iiina conduin tlestiiiada a
levar o as e mais produtos da coinbustâo para
a c2iiiarr d e funio, doticle saem pela clia.
initié.
Considereinos o momento de ti.aballio em
qiie sc telilia tle rarrc!:ar c descarregar o forno.
As ~i«rt:isestio tciilas Iccliadas, R exce[içáo de
rima, por onde o ar entra, e qire respeita
ao sector que se acaba d e enloriiar. ri este o
priiiieiro que o ar frio atravessa. Igualmente
estfio ohtiiradas todas as coiidiitas, à excepçio
d e circ~ln(por onde se escapam o ar e us pro-
dutos da c»inbiistâo ) [ierteiiceiite no sector
imediatamente atr5s do que se enforiiou. Com-
preeiide-sc qiie isto ilssini seja, Isnra qiie a cir-
214 CASOS DE TECNOLOQIA

culação dos gases e do ar se laça num circuito,


e , 360".
~ ~ r i t i c a m e n tde
Mas compreende-se taiiibéiii que a respec-
tiva tiragem se não far4, neoi regular nern
conipletaineiite, se entre a porta aberka (coinêço
d o circuito) c a coiiduta livre (fim do circuito)
não houver uina alztcpara ou divisória qiic
isole as duas bocas, n fiin de evitar que o ar
entrado se inisture coiii o futno e gases queii-
tes, o qiie paralisaria a coinbiistão. Datlo tste
dispositivo, a tiragern é coiitíniia e é perfeita,
fazeiido-se a circiilaç,io seniprc nurn sO sentido :
da porta de entrada para a conduta aberta,
quere dizer, no percurso circular de tôcla a
galeria.
A (livisória niaiiti.rii-se no iiiestno lugar
durante o ternpo que leva a cozer a carga de
cada sector. Esta antepara ocupa iiitcirarneiite
a altura e a largura da galeria d e cozer e é
introduzida, pelo lado de fora, eni correcliças
dispostas, adequadairieiitc, ao longo da tnesina
galeria ( 4 1,

( r ) Ha fornos contír~tios (iiiais i~iotiastos)sein


corrediças aliertas na alvoiinria para a passiigsni do
divisbria rigidn. A antepara é. iiSsle cam, Icita de papel,
apenas coiisif,toiite, que se iiiiitiliza G substitiii por oiitro.
fiicllnieiite, no Iiigar e ocíisi~ocoiiipetentes. O palie1
resiste ùeni à siia fiinçRo -- o qiio iiào liareco, taivea, ao
primeiro aspecto-, visto a divisiiria ooupnr, soiiipre, a
regiao fria do forno : juiito lia porta por onde entra o
ar exterior, o logo adiante do material, iimido e frio,
ARGIL AS.-CERAMICA 215

Deveinos desde já iiotar qiie a divisúria


vai sendo iriiidada, d o sector onde esti, para o
imediato--se,ouintlo seniprc o sentirlo d n cir-
ctrlnçrlo do ar-, i medida que se carrega e
descarrega o iiiaterial j i cozido e frio. A sua
colocação é sempre adiante d o sector qtie se
acaba d e eiiforiiar. A cotidut& do funio é fe-
chada atris dêste sector, c nbre-se a seguirite
( logo atris d a nova divisória), beni como a
[porta qiie fic;i, ag:ora, logo adiaiite da antepara.
O riialerinl acaba.do d e eiiioriiar fica, assiiii,
lia fini tlo cii'ciiito d:is gases e conieça apenas
$1 aquecer.
No sector seguinte a o descarregrido, o iiia-
teiial, j i cozitlo, vai arrefecendo, aquecciido o
a r e espcr:iiido :I ocasião cla siin descarga.
E, cl?ste niotlo, colocando-se a tlivisória,dc
cada vez, uni lanço adiante e fecliatido-se a
coiid~ila q u e j i iiáo é fini de circciito, para
abi'ir-se a segiiitite- coiii procedimento análogo
ein rcln~átr hs portas -, sc v i o cozendo as
cargas, dc niorlo siiccssivo c coi~tiiicio.

r~'cenier1ieti1eeiifornado. O papel B preso, coni barro


iiioie, As paiodch. solcini e al)bùadii da galezia de cozer,
Uni operilrio, [iclo iilais 11r0niinoagiill~oiro rla
al>óbn<i«,raeu, coiii oiii goiicho de Ierro, n divi~Oria
~ I I I :jA iliio serve; C, o~itro. ~10ntro<Itt galcria, coloca
novii :~iiteliiirii--iiovo [iapcil- rio ilevido sitio. isto 6.
entre ii riorla alierta ~1 0 li~aterinlncíi1)arlo de eiifornar
--corres~i~~odtiit<?dit h conduis livre --, coino 8e diz no
ioxto.
216 CASOS DE TECNOLOGIA

Conio a carga de cada sector leva, eiri média,


doze horas a cozer, a divisória sofrerá, portan-
to, deslocaç50 também de doze eni doze Iioras.
O coinbiistível é laiiçado oportiinariierite
por agiillieiros praticados na abbbadn da gale-
ria, caindo nos iiitervalos das mesas oiide o
material está disposto.
Os gases, eni circulação, aquecein poiico a
pouco o combiistível; e, do jÔg» das l~ortase
condutas- coiijugado com a 5itiiação da divi-
sória-, resiilta o fogo ir-sc cxtiiiguiiido nos
laiiços onde o rnaterial está cozitlo, para, pela
corrente de ar quente, propagar-se, automática-
mente, ao combustível dos seguiiites, etn que é
prccisn a directa cozed1ira. O forno, tinia vez
aceso, pode coiitiiiuar, iiiiriterriiptaiiiciite, í.) seti
iraballio, caso não lalte o coriil~usli\~cl iia ocasi,ío
P lugar prii~irios,e se rnaritciilia, regular, o jogo
das divisórias, portas e coiidutas.
O ceiitro da zona do fogo fica, mais oii
menos, diaiiietralinente oposto h bBca por onde
entra o ar. Eiitre esta (coiiiêço do circuito) e os
sectores eiivoltos pelas cliaiiias, eiicoiitríi-sc a
carga cozida e fria, para desetifortiar (pr(iximo
da porta aberta); e, a segiiir, a cargo acabatla
d e cozw (próximo da zoiia d o iogo) a qual,
arrefecendo, cede calor ao ar eiitrado, que pros.
segue a. auxiliar a coilibustão. .Para aléiii da
região das chaiiias, o combustivel próxinto, coiii
o calor dos gases, priricipia a inflamar-se e a
iiiiciar a cozedura tias iilesas qiie Ilie corres,
poiicleiii, eiiqciaiito, nos íiltimos laiiços do cir-
cuito, o material, recriitemeiite cnfornado, vai
princii~iaridoa aquecer.
A manobra das coiidutas é feita s6bi.e a ah6-
bada da galeria ]por ineio de rcgistos de torção.
Coinl~reeiitie-seque, al6in das raroes de
ecoiioniia de teiiipo c de calor, os foriios de
trahalho coritiiitin sejnin particularmeii te desti-
nados R cozediira cle tellias e tejolos, riiaterial
cujo corisuiiio, eni larga escala, exige ~?rodtif.?o
d a iiiais iiiteiisa actividade.

Faianças comuns
O seu fabrico é aii,ilogo ao da, louca de
barro. A argila, iiiais oii tnciios corada, (levc
coiiler cornpcistos de cálcio-coiiio a da loiica
vermelha -, para mcllior fixação do vidrado.
A Eiin dc diiniiiuir-lhe a coiitracção, na coze-
dura, sobretcido, deve-se juntari pastaareia fina.
A rnodelação executa-se ria roda d c oleiro,
e, a cozedui-n, eiii fornos iritcriiiiteiites.
O virlratlo potlc ser o dc 6xido de chuiii-
bo, conio fia louqa de Iiario; iiias, para evita?
iiitrrxicaçcies devidas a ~[ualqucrexcesso d6ste
óxido que 1190 póde 1orin:ir o respectivo sili-
cato, tem-se ciiipregado o 11irlrndo de estiznl~o,
eiii que entra tanihéni nl::iiiii cliiimbo. Êstcs
clerneiitos coiribiiiam-se ititcii'ati~erite,dando uni
esinalle iiio:cnsivo para a saúcte dos cl~rc'iiseiii
desta louça desticiada ao serviço d e iiiesa.
218 CASOS DE TECNOLOOIA

Com tais faianças se fabricaram entre nós


grantlt cijpia d e aztilejos ( sfciilo XVII C XVIII )
e se produzem também, alSm da louça, bacias,
caiiecns, jarras c outras pcças, modestas, d c
oinameiitaqão doiii.siica.

%aiariças f i n a s
A gasta branca e diira dêstcs produtos, C
corisiituída Ilor cnulirio ( q u e Ilie dá a alviira),
nr,qlla brnncn F gor~i(i( q u e Ilie c16 a plastici-
dade), felrls/~nto (silicato de al~iiiiíiiio e po-
tássio), para, pela siia fusibilidadc, gloiiierar
os oiitros eleiiicntos, e areia fina ou qt~nrtzo
(silica), coni o fitn cle diiiiiiiiiir a retracção da
pasta, na cozedura, e coiiferir-llie dureza.
A pasta para estas fai;i~iças,exige particri-
lares cuidados ria dosagem, selecção e trata-
~rieiitodos seus elementos, incluindo a pulve-
~ quartzo e d o feldsl~ato,por fornia a
r i z a ~ . ? do
dar-se ciitre êles niistura iritirna.
O s diversos compoiieiites são ligados c
fluitlificados coni kgua que i: exl~iilsa,depois,
por filtros prensas, deixaticio a massa na coiisis-
tência 1 ~ r 6 p r i para
a a laboraçtío da louça.
A modelação das faiaiiças finas 6 execii-
tacla, hoje, mecâtiicanieiite e coin o auxílio d e
inoldes onde é coinprimida c afeiçoada a pasta.
O enxligo faz-se ao ar livre ou eiii estiifas
com o calor regulado.
Deve haver, nn cozedura, a precaução de
ineter as peças ern caixas de barro refractário
(cnsetasj, coin o fiiii dc evitar-se a aderéiicia
entre elas, e as iiianclias de fumo. A operaqão
6 feita eiii foriios de tinia só cilnara (iiiter-
initerites). Eshi prirneira cozediil.a (após o
eiixiigo) realiza-se à teinperatiira de 1.200".
Ao iprodiito, ~içsiin cozido, dá-se r ) iioriie tie
cl~ncotn.
Na c o i r i l ~ o s i ~ ãdo
o vidrado eiitra óxido
de clittrnbo, sílica, greds, borato de sódio e
feldspato. Coin êstes cleinetitos inisturados colii
Agiia, se fornia o banlio em que se rnerg~illiam
as pesas, já cozidas, para adq~~ir'irern o vidrado
ctn s e g u n d a cozedura, a teinperstura ade-
quada.
A l o u ç a dêste típo é decorada por meio
dc co;nooçtos mitálicos ligados a fundeiites
(silicatos e boro-silicatos), afim de se obtereni
verdadeiros vidros de cor.
0 s compostos metálicos empregidos lia
dccoraçao das faiaiicas, são os seguiiites : para
verrles e azttis, coinpostos de cobre, cobalto e
cróinio; liara vrrtrrelhos, de cobre, ferro e cró-
iiiio cni coinbinação cotn estaniio; para nliln-
relos, d e aiiliiiiónio e urânio; para cnstnnhos e
roxos, d e niangaii6s e rle ferro; para branco, o
íixiclo estâiiico. Tarnbkm se einpregain inetais
livres, c o n t o o oito e a prata.
E s t a s faiaiiçns siio, geralinente, decoradas
pai. esfainpagem sobre a cliacota (ntites do vi-
tlr:ttlo). M a s taiilb6in se Ihes pode aplicar a de-
coração sôbre o esmnltc, o qiie exige, para
fixação das côres, t o r c e i ~ acozedura diis pe-
cas assiin trataclas.
Eiii Portugtil, fabrica-se a jnin~lçn ,flrtn ein
Sacavém e no Pôrto (Fábrica do Carvalhitiho),
serido usada tanto em louças, conio eiii nzulc-
jos, guarda-jóias, jarra>, figuras e oiitros olijec-
tos oriianientais.

Pastas vítreas, iniperriieáveis


A cerâmica destas past:!s compi'eeiide diias
espécies : as /~orcela~z~se os $rés, corn camcte-
rísticas e tlestinos diversos.

Porcelanas
Êstes ~ ~ r o d u t osAo
s dc pasta bratica, caulí-
nica, dura, irnp$rnieiivcl e traiislúcicla, seiii
vidr:ido ou coni vidiado feldspático. A trniislli-
cidez tlel.iva do cornêço cle vitrificação sofrida
pela substancia duraiite a cozedurn.
As ~)orcelaiinscoiistitueiii a categoria. i~iais
bela e mais perfeita da cerãriiica, pelas altas
qualidades da pasta, eiitre as qtiais se cotita a
sua grande resist&iicia,depois d e cnrida, o cliie
Ilie permite a ~ ~ r o d u ç ãdoe pecas extreoixiiiente
delicadas.

Porcelanas duras e brandas. - ?'ar110


umas cotno outras, são coristituídas pelo cnrrlillo
(elenieiito basilar), coni a junqáo de quartzo-
que funciona coino a areia tias oiitras pastas
iriferiores- para diniiiiuir a contracção tio
forno e 'no enxugo, e de fcldspato para a fusi-
bilidadc e corisequetite tra~islucitlez.
As doses destes elementos e o grau de
cozedura, deterrniiinrnm a clissificação das por-
celatias eiri: d u r a s (com a mais alta dose d e
cauliiio), cozidas eiitre1.400 e 1.5W0;e brandas,
cozidas etitrc 1.200 e 1.3000 de Leiriperatura.
A pasta para as porcelaiias é fabricada coni
riiat6rias seleccioiiadas, e os objectos, dcpois
d e iiin primeiro Iraballio d e toroo, vão para
moldes ond? s%o mecanicaniecite comgriinidos
e, a seguir, rectificados.
I-lá peças, coiitudo -as inais delicadas qiie
se ericoiitrarn iio coniércio-, ~iroduzidasintei-
raiiiciite por riioldageni, eiii fdrinas de gksso,
eiii1ireg;iiido-se a ~)ast;ifliiidilicada (barbotina).
fi o falirico por La~ttbr~geri~.
I.)epois do enxuoo--e111 parte, realizado
1)clo gêsso dos nioldes, que absorve água da
barbotiiia -, as peças suportatn a primeira
c a z e d u r a oii cltacotngeni ( h temperatura iiiá-
xiiii:~tlc 1.100") qiie 1lie.s ddá o estado, cliainado
ciii ccr~iiiica: de biscoito.
O vldrado, qiie se lirepara doscaiido con-
vcnientemeiite os iiiesinos materiais da pasta, é
aplicado sObre o biscoito.
Segiie,se ;i s e g u n d a cozedura que, coiiio
para a fainnçu firtn,'exige qite os objectos vão
222 CASOS DE TECNOI.OG1A

para o forno deiitro de casetas. As peças siio


cozidas, agora, j i corn o I.i;inho do vidrado, a
t.eniperalura eiitre 1.400 e 1.500'.
Os foriios cla porcelana esliio.dispostos eiii
dois coiiipartiiiientos : cirti, superior, para a
cliacotageiii, e, oiitro, iiiferior, para esta se~iinda
e tnnis forte cozedura, a do esiitalte.
Os objectos de ~porcelaiia são decotaridoa
por ineio dos coiiipostos inetiilicos jil iiidicatlos
para as faianças fiiias, vari;iiido, coiit~icio, os
processos de aplicaçiio dos desenhos.
Se as decoraçócs sc fazeni sobre o biscoito,
as peças sofrein al~eiiasas duas cozeduras: a da
cliacotagern e a do vidrado sobreposto aos
desenlios.
Se forein aplicadas sôbrc o csmultc ( vidra-
do), os objectos vão .3." vez ao forno, quer se
einpregue o <<fogobrando» (foriio de rnufla) -
processo iiocivo i saúde tios operirios, e111
raz.lo do funderite de cliunibo aqui enipregado,
e pouco recoirieiid~vel, doutra parte, pela
breve duraçiio tias cdrcs --, quer se adopte a
decoraqão :i «fogo forte*, processo qlie coiifere,
aos oriiatos, beleza e grande resistèiicia iacciio
tlo teriir~o.

Em Portugal fabricaiii-se porceliírias ira


Vista-Alegre-louça, cerimicas artis:icas e poi"
celanas para a indústri;i eléctrica - e, aiiida, crn
Coitiibra e ein Vila-Nova-de-fiaia, al~rovci-
tatido-se, as riossas fhbricas, dos boiis filócs dc
ARGILAS. -CERAhllCA 223

ca~iliiio dos coiicellios de Viana-do-Castelo,


O v a r , Matoziiilios, Viseu, Saiitaréiii, etc. (;).

Grés
O gr&s cerâniico é coriiposto de ai.gilt1
[plástica c areia ou feldspato, coiii a iiiistura,
p o r vczes, d c ccrtas bases (cal, Liarita, etc.)
destiiiadas 1 produqXo de silicatos dul~los d e
aluiriíiiio c d o riietai da base utilizada.
O s grés dividerii-se ei11: g l T s finos e g r é ~
cont~ll~s, i~~ercceiido, é claro, maiores ciiidados
R pasta e o fabrico dos grés fiiios.~
A pasta C, seiiiprc, dura e irnperineivel,
ficarido, pcln cozedura, coin a textura vítrea, o
q u e j i era de esperar das pro:iriedades dalglins
dos seus coi~ipoiieiites.
O s objectos de grCs-scgiiiido a sua forriia
- SKO m o d e l a d o s ria ((roda tlc oleiro)), pro-
d u z i d o s ciii m o l d a s ou traballiados h fieira (ma-
tiillias).

O grCs fiiio, tratado h setnelliaiiça da


faiaiic;~liiia, dcstiiia-se i produção de jarras,

(5) Na F:il)i.ica rln Visto-Alegre tkveiro), onde o


suii fiiiidiidor, diirunto nlgiiiis niios, teiitou sem Bxito,
por, fnlt,;i <!ti argiiti pr(ipria, i1 protiiiçao da porcclaiia.
osta sO C O I I I ~ O ~ I:II al)iireccr coiii as siiiis verdndei~tis
cnr~ct<!risiic:risilepois dti iloscoliorta-devida a UIII
iiprciidii tlc oleiro (1842) -do iirii boiii iilíio de caiiliiio
tio coiicallio de Vila-d;i.Peirti (Vale-Rico).
vasos, iarrucs c oiilras Iiccns de oriiaiiieiita~ão,
~ioticiidosei. oii ii3n politlo.
O "C, :. coiiii.iiii, i:iiiiirc!yn-ic tio fabrico de
1 1 1 : 1 i 1 i a1 1 t i : s I r i l ! i ~i;iviiiiciilosc
iiiaierinl s;iiiit;iri«. 11s Ipccas, di:pois do utiicugo
no ar livi<: c :i« :il.irigu 11:~ iiiiiidiiile, sofsciii
coeedur3a loii:::i - - :i i.iiii:i iciiil)erat~ira~ii.(,xiina
da quc se ti,: 1 o c - c sao, ;ilgiiiiias,
vidi*adas pelo sal iiiiisiiilio (clorcto de sótlio)
la'ticndo rio foi-fio tlircclaiiiriitc s6bi.c elas :
11éla acçso tlo cnloi., lil>erta-se o cloro ( g i s ) e
fixa-sc-llies o sciiiio ~ ~ l icoi~i c , a sílica cla pasta,
tl;i o silicato tle sí>ilio,pi.odiil» vítreo de que j i
faliitios tio c:il~it~ilo «O viclro~.
Coiiloriiic a qii:ilitIade e destiiio dos grés
coiiiiiiis, iiiis, sXo vidraclos c, o~itros,fica111ecn
biscoito, corno qiiisi todos os grks fiicos.
A l ~ ~ c ~ i vezes,
ins êstcs Ultiiiios SXO inetidos
eiii casel;iscoiii siiList9iici:is, coriio znrcão c óxido
de cobre, que, pelo calor d o for~io,sc volntili-
zaiii e vitrificaiii coni a past:i, deixaiido-llies a
siilierfície coberta de ~iiiia cainadn inetáIica e
bril tiatite.
E111 Portugal, traballia-se o gr6s cin Lisboa,
ria Abrigada c i10 Pdrlo.

A cerâniica rciiioiita a tciiil~i>s1x6-liistó-


ricos.
O s artefactos clc barro, e111geral, vasos c
outros recipieiites 11nr.i Iícliiidos e aliineiitos,
crani, iiêsses teiii~ios,inteiraiiieiite iiiodelados
ináo, o que sc recoiiliece pela irregiil:iritlatle
dos coiitoriios e das próprias superfícies e,
aiiitla, [pelas desigiialdatles iia espessura das pa-
redes de cada objecto.
I)n observaçXo clêles, verifica-se sereiii
coiiçtitiiítlos Ipor estreitns faixas niais ou iiieiios
cilíiidricas, arcliieatlas i vista, faixas qiie se iam
solclaiitlo iiiiias i ç oiitras eiiquanto a pasta estava
braiicla. O s uiâirictros siicessivos variava~ii,
~,oucoa poiico, eni obediêticia à foriiia que
deveria ter o vaso. Nota-se o diferente graii tle
cozedura sofrido por tais objectos. qiie é tanto
irieiior quanto lnais priiiiitiva é a ceriniica.
Alguiis dos recil~ieiites acliados, destiiia-
vatii-se a iiriias funeririas.

Nos teiiil~osIiistóricoç, é no Egito que se


eiicoiraiii peças ceriinicas de maior valor
artístico 11ela rcspectiva execliçáo, seiido certo
qiie os egípcios já empregavani prodiitos de
argila rias suas coristruções. 0 s caldeus, assirios
e persas segiiirain-llies os passos ; iiias os clii-
iieses precederain-rios, desde remotas eras, no
fabrico não s6 de tellias e tejolos, como lia pro-
diiçáo de vasos de birro vidrado e de porcelatia
iinl~erineiivel,sendo esta de sua iiiveiição ou
descoberta.
Na Europa, os gregos, empregando barro
cozido bem que de pouca dureza, criarain, cotn
226 CASOS DE TECNOLOGIA

req~iiiitado gosto artístico, as delicadas esta-


tuetas ilc Taiiagra, adliiiradas ainda hoje, aléin
dos preciosos vasos e iiriias tZo característicos
11ela foriiia e cIecoraç50 coiii figuras iiegras e
vermellias.
Os roiiiniios iriiitar:iiii os gregos, até certo
t o distiripiiiiido-se, depois, iio adorno d e
seus vasos traballiados eiii rel6vo e coni barros
mais diiros e iiiais fiiios, beiri c,oiiio na ceriinica
de ornatos arc~~iitectÓiiicos.-
Segue-se, com a qucda do iinpkrio roiliatio,
iiiiia época rle decadSiicia, até que nos fins da
Idade Media e, defiiiitivaiiieiite, no séciilo XV,
a arte cer%iiiica adquire em Florença e, depois,
rioutras cidades da Itália, pleno floresci-
nieiito.
Siio italiaiias, datando do século >;V, as
faiaiiças vidraclas a estaiilio, coiiliecidas pelo
iioiiic de rt~nicílicnsou mc(jdlicns, iioiiic devido,
seg~tndoa tradifiio, a tercin sido iiitrodiizidas
lia Itilia por ceramistas árabes oic esl~niilióis
das Baleares, priricipalriieiite, da ilha Maiorca.
Estas faiatiças estaiiífcras valorizani-se pelas
suas decorações, seiido as iiiais célebres d o
período que decorre eiitre 1530 e 1560.
Eiii França, vein do séciilo XI o iiiteiiso
fabrico d e objectos cle barro eçinaltado, nias o
apareciinento das faiaiiças fraiicesas deve fixai-
-se no século XVI. Esta indústria, eiri Iirogrc-
dinieiito coiistaiite, alcaiiçn o scic iiiáxiiiio de-
seiivolviriieiito lios fins do século XVII, coiii :is
faianças artísticas que, decadentes certo teriipo
ante a ititrod~içáo das porcelanas chinesas-
trazidas da Síria e da Pérsia pelos navegadores
~~ortiigiieses e Iiolatideses -, de novo se esti-
tnulatn com êstcs maravilliosos produtos ofieii-
tais; e, à fhrça de esttidos e pesquisas, cliegarain
h, hoje, famosa porcelaiia diira, de Sèvres, d e
coiitornos e esinaltes tRo belos conio caracterís-
ticos.
A prol>ósito, notaremos que a Cliiiia Foi,
ao qlie dizeiii os e~itciididos,o priineiro pais
eiii qiic se fabricou porcelaiix branca e translíi-
cicla. A cerAniica japoiiesa dcriva, aoqiie parece,
da iiiiitaçjo da cliinesa, seiielo as inclhores
obras da antiga louça da Cliiiia as orientatloras
ela iiioclcina cer,?iriiça d o Jap,io. Foi niiidn da
Cliiiia qiic a índia, dirccta oci iiiclirecta~~ieiitc,
reccbcii os coiiliecii~~eiitosiiecessirios ao fa-
brico das suas ~ireciosxslouças.
Na I-lolaiida, lia Aleiliaiiha e na Esl~aiilia
(aqui, especialnieiite, em Málaga, Talavera, Se-
villia, Paterna e Ainiiises, com a cerâi~iicad e
,

cuiilio árabe) cleseiivolveni-se as faiaiiças, iios


séciilos XVI, XVII e XVIII. ;<a Alcmanlia, coii-
vfiii notar ainda que a descoberta da porcelaiia
dura concliiz, iio coiiieqo do séciilo XVIII, :i
fuiidaçáo da fábrica i~rodutora das célebreç
figuras de Saxe.
Ao tenillo, produziaiii-se lia 1rij:laterra - e
coiitiiiuaiii a produzir-se-, n par das fliinncas
tenras, as faiaiiças fiiias (descobertas por
228 CASOS DE TECNOLOOIA

Wcdg~wood,ciii 1778) qlic s5o jiistificndo orgli-


Ilio da ceramica itiglesa.

NXo se pode fixar a época eiri que a arte


cio oleiro se ititrodiiziu eiitrc 116s; eiii todo
caso, sabe-se que, nicsino aiiles de PorLugal
ter vida indepeiideiite, j;í iin Peiiinstila se fabri-
cavain azulejos e oiitros artefactos dc barro,
com boiii acabaiiieiito, provhvcltneiite introdu-
zidos pelos iiioiros.
A indiístiia foi, depois, segliiiido e pros-
peraiido eni Portugal; iiias, corii o aparecimento
da louça da Cliiiia (~ilciioséculo XVII), sofreu
graiide decadêiicia, pois para esta se voltou a
atciição cios inais ricos consuiiiidores. Só tios
iiieados tlo século segiiiiite, por iiifliiéiicia d o
Marquês cle Poiiibal, 6 rllie a cei..iiiiica iiacioiial
sc erglicu, co~itiiiuaiido,cinbora coni alteriiati-
vas, a progredir e a afiriiiar-se.
Eiii Lisboa, que foi sein dúvida o primeiro
ceiitro desta indústria ein Portugal, entre ns
iiuinerosas fábricas estabelccidas, tornou-se no-
t8vel a do Rato ( f ~ i n d n ~ ãdo
o Estado), pela exce-
Iéiicia de seus produtos, taiito em louças,
boiões, potes e canudos -estes últirnos,'sobre-
tudo, para usos farrnacêutizos-, cotno em es-
tatuetas de inolde clássico, destitiadas h oriia-
meiltaçiio de pal8cios c jardiiis. A Fdbrica do
Rato foi iilstalada no largo do inestiio iiomc,
em vista do extenso fil%ode boa argila existciite
tio próprio local e arredores.
Cilaiiios, eni es[)ccial, esta fiíbrica, por se
terem toriiado faiiiosos os seus produtos; mas
são niliitas 8s iiiaiilifacluras cerâiiiicas que, desde
ei~tno,se fuiidarain na capital do país.
O Pôito foi, no géilcro, centro iinpor-
taiiiíssiino, pela q~ialidatlc da pasta argilosa
utilizada, pelo csmalte e pela graqli c colorirlo
dos inotivos oriiniiieiitais d e suas loiiças. Na
desigiiacão d e louça do Pôrto, coinpreeiide-;e
n d e Vila-Nova-de-Gaia, pela seinelliaiifa da
pasta c das clecoraçiies.
A cerâinica d e Coiinbia ,6 aiitiqiiíssitria e
das rnais faniosns d e Port~igal.No ~priricípiodo
s6culo XIII, já cla, dociiriiei~tadaiiiente, estava
c111 actividade. Eiiibora decadeiite tio s6culo
XVII, por iiiolivos ji apoiitados, esta iiidíistria
beiieficiou altariieiite d:i jprotecçAo do niiiiistro
de D.Iosii, coascrvaiido-se, aiiida Iiojc, activa c
pr6spera.
Outros ceiitros iiitltistriais da argiln existi-
raiii e cxistetii iio país, destacaiido-se: os do
distrito tlc Viaiia-do-Castelo; o de Aveiro
(taiiib6iii niliito antigo), cspccialiiieiite tio fa-
brico d c tellias, tejolos e az~ilejos,sciii esqtieccr
a louça vidrncla, iiiais recciite; c o d e Estrcinoz
pela siia louça vcrniellia, proveiiiciile de barros
da inais fiiia qiinlidade, lou<;a espalliada por
tôda a parte sob a foriiia, seinpre elegarite, d e
garrafas, copos,billias, talhas, iiiori~igiiese caiitis.
Ciiiiiprc Icriibrar quc, ticsta região, sc f~bricou,
tio século XVlll, louça esiiialtada,de ceitoaprêço.
230 CASOS DE TECNOLOOIA

Nesta ementa - já excedeiile dos limites


qiie lhe liavíamos atribuido -, nFio podemos
esquecer o fanioso centro cerâmico das Caldas-
-da-Raiiilia, que, segundo opiniões antorizadas,
datará, pelo nieiios, do século XV. A regi90 é
rica em matéria argilosa, vindo cio teiirpo da
rniiiha D. Leonor-qiie,conio todos sabetii, ali
fictidou uin hospitiil-o estabeleciiiiento de ola-
rias prodiitoras da coriliccicla louça das Cnl(hs.
No coiri~çodo séccilo XIX, a fainilça ei-i pe-
sada e rija, coin tons liiiiitados aos veniiellios,
castnnlios e azuis, tendo-se fabricado iiêste ceii-
tro, em fins d o riiesmo sbcuio, afora louças,
objectos figlisados d e alguin valor aitlstico.
Coni Rafael Bordalo Piiitrciro-ji célebre
conio uni dos [iriri~eiroscasicatnrisfas curopeus
---, a cerâmica das Cnldns encoiitroii siiigular
progredin~etitopela fatitasin, arte, grata e origi-
nalidade da sua produção, a[~rcsciitaiidonovas
c auclaciosas fosrnas e belos e iiiesperaclos co-
loridos. Surgem, ao lado dos seus pitorescos
tipos populares, as figuras da Via Sacra, para as
capelas do Buçaco, t2o cheias de verdade, alEin
de iiihnieras peças que iiiiitarn, na niáxiina per-
f e i ~ 2 0fig~irações
, zoológicas e botânicas.
A «Jarra Beetlioveii», Iioje, no Rio-de-Jariei-
ro, seria obra bastante para consagrar. Rafael
Boidalo como notável ceraiiiista. Obteve por
aturados estudos e avisadas experiências, es-
inaltes de côr, até eiitio, desconhecidos eiitre
nós. Foi, na cerâiiiica, n9o só grande modelados
e escultor, inas pela inveiitiva e ~ielogôsto,
original e reqiiintado colorista.

Não deixaicmos de dai, &da, uina


Ipcqlieiia nota sobre azulejos, coiiio clivulga~iio
dc iioçiics sobre peças ceiâinicas que foi-aiii
laigariieiite procluzidas entre nós.
O azctlcio-generalizatlo, este nome, a
todo o ladrillio esiiialtado e dc côres-é de
einprêgo aiitiqiiíssiiiio. Egípcios, caldeiis, assi-
rios, persas, fabricarnni e aplicarain o ladrillio
coiiio. cleirieiito decorativo. Tain1)étii se iisaiaiii
tia Íiidia, e siipóe-se que a Ciiiiia ig~ialrnenteos
conlieceu. O s peisas, sobretudo, ciii1)regaraiii
ablitidanten~eiite os aziilejos, geralincnte de
cor azul, o que talvez deii a desigiiaçfio
por qiic são conliecidos iodos os ladrilhos
esinaltados, de oriiaineiito, :,cjain ou iiXo desta
côi.
O s gregos c roinaiios 1120 os tisai'ain,setiáo
exccpciotialiiietite, pois ~~ossuíaiii i inXo fiiios
iiiirmorcs colot.idos, c1eriieii:os qiie rel~utariain
ou ritais bclos o11 niais nobres.
Nos teiiipos inedievais, o estilo pcrsa for-
neceu modGlos cle azulejos, à Iiiglattrra e R
Fiariça, para revestimeiito de edifícios.
Em Espaiilia e Portugal os azulejos foraiii
iiitrodi~zidos,110 sécitlo XII, pelos iirabes que os
receberiairi dn Pérsia.
Sein falarii2os dx profusAo d e preciosos
ladrilhos ~ ~ o l i c i o i ~deixados
ios pelos inoiros ou
232 CASOS DE TBCNOI.OCiIA

pela tradiçáo iiioirisca ( O ) etii Espaiilia, priiici-


palnieiite no Alcicer de Sevillia e lia Allintnbra
de Graiiada, diremos duas palavras sobre o
azulejo ~iortiigiiês,de faiaiiça coiiium, táo larga-
iiieiite eiiipregado etitre nós lia decoraqão civil
e religiosa dos séculos XVII c XVIII.
A priiicipal sede desta iiitlústria artística,
foi coiii certeza Lisboa que suplaiita, durante
êstes sCculos, a ceriniica espaiiliola do iiics-
rtlo género, coiii os granclcs e soberbos paiiibis
de temas iiiísticos e profaiios. filas ciáo deveiiios
esquecer que, taiito em Vila-Nova-de-Gaia,
corno tia Fábrica do Juiical, das Calclas-da-
-Rainha (aqiii só eiii azul e ùraiico), se faziatii
azulejos, bem que a Fábríca do Rato, ria capital,
fosse a sua iiiais activa prbd~itora.
Receiitemciite, Ralael Bordalo pititoii e tra-
balliou, tias Caltias, os ladrillios, a azul e ùratico,
com que decorou a ntitiga TabacariaMóiiaco, ao
Rossio;e,eiitreoutros,o notável piiitor azirlejista
Jorge Colaço produziu, tio géiiero, obras de
real valor-sobretudo, de valor decorativo -,

( o ) No Mosteiro dc Santa-Clara, ílo Fiiiiclinl, o liri-


viiiiento do caro siiperior cobriii.sa, toltiliiieiito, de
azolojos Iiispaiiu.:iralies rle argila braiica e ci~iiios de-
8eiil1os. geoi118lricos, eiii relevo.
O coiiveiito, coiicliiirio eiii 1407, sofreii vkrins tos-
taiiraçoes pelo lenipu fora. Coiitiiclo, licoii na triirliçao
serem rla priiiiitivii Ossos laílrillius ~iolicronios.íIe qiie
ainda restam nlgiiiis já gastos e, liara roiiictiílar o l ia vi-
iiiento, ligados a oiitros de estilos e ó~iocnsinsis recoii-
tes.
eiitre as quais citareiiios, ao acaso, os paiii6is
que oriia~iici~taiii, de alto a baixo, as ~pareiies
da etilradn da Estaç5o de S. Dciito, tia cidade
do Porto.
I-lojc, fabricam-se niriil;i aziilejos dc virios
tipos, ein (:oiinbra, ciii Lisboa c eiii Sacav6iii
otidc se ~)iodiizeiii,altiii de iiiiiitos outros, la-
ilrillios ~policroiiios esiiialtndos, CIO tiiais belo
desciilio irabc.
C t n s s i f i c a ç ã o e geiieralidades. -Clii-
ina-se cirflefrto ao prodtito resultaiite tla coze-
dura de calcário argiloso, eni qtte a argila eiitra
eiii detertiiiiiadas proporqócs.Estas pedras, cozi-
das, são reduzidas a pó, o qual, aiiiassaclo com
:@a, dá uma pasta que eiirija, forniatido prêsa
com tiiais ou metios rapidez, o que periiiite oseu
einprêgo cotiio argamassa Forte.eni obras aéreas
e Iiiclráulicas.
Se os ciineiitos são obtidos dc roclias cni
qite o calcário e a argila se eticoiitraiii já lia
perceiitagem devida, totnarn o nome de cinirn-
tss naírtrais; se clerivatn de calcários e argilas
dosendos artificialnieiite, denoiiiiiiain-se, por
isso, cif~tefztosnrtificinis.
Pela dificuldade de se eiicontraretn pcdrei-
sas etii que as duas subslâiicias entrem lias pro-
pOrções exigidas pela técnica, pode dizer-se
que os ciiiieiitos são Iioje,geralniente,artificiais.
A divisão acima deixou, portanto, dc ter iin-
portAiicia prática, ~~referiiido-se a classificação
baseada 110 ternpo que a pasta do ciineiito leva
a solidificar.
E, assim, esses produtos dividein-se,actual-
iiieiite, em ciineiitos de prêsa i36pida e ciriieti-
tos de prêsa lenta.
Cliaiiiaiii-sc do tipo romano, os cinieritos
iiaturais, de l~i?sflr i p i d z , pela aiialogia exis-
teiite eiitre a siia iesistêiicia e q das arganiassas
iisacins pelos roniaiios nas suas coiistr~ições
cuja solidez tern desafiado os séculos. O pri-
iiieiro cimciito dêste tipo, descoberto, ao que
se afirnia, []elo iiiglês Pailter (1796), foi obtido
coiii terra calcário-argilosa das niargeiis do rio
'raiiiisa.
Dizeni-se do tipo ~~Portland-, os ciiiientos
de pi.êsa lentfl. O primeiro prodiito clêste tipo,
foi alcaiiçado oln 1824, por Liin oleiro inglês,
da cidade de lorque, José Apsdin, que Ilie deu
aquêle iioiiie ~ x l aseiiielliaiiça de cor do seti
ciiiieiito coiii a da caiitarla de Portlaiid, iioine
porque ainda são designados os cimentos de
prêsa leiita.
Eni Portugal, o priineiro ciiiiento deste
tipo-iiiarca «Tejo»-foi produzido, Iiá pouco
mais de 50 anos, na fábrica de Alliaiidrn, com
terras proveiiieiiles das inargeiis do rio Tejo.
A fábrica de OuiBo produz o ciinento' «Secll»,
e, a de Martingaiiça, o' ciineiito «Liza, todos
236 CASOS DE TDCNOLOOIA

triis do tipo «Poril:iiid)). SZo, Iiojr., 11rodutos


;irtiiiciais d c npiii-ad« Eahrico e, i>ort:iiilo, de
coiiil)osiçZii fixa, ti qii,: llies fnclilta al~lie:içcícs
d c iiitcii.a cciiifi;liica, I.>ii!:c tlo que ncoiilecin
coii~os ciii~eiitosii:!tiii.nis, eiii regi.?, de' coiii-
po:;i~Ro\rnriiv<:I.

Nos ciiiieiiiiis, a ~ i r o p o r ~ Z da
o arfiila, iio
calcirio, \'nrin (iiiiinci.os aproxiiiiacl«s) dcstle
21 a do"/,, coiiioriiie o que çc prcieiide
obter. Coiii argila :ici;iia tle 4 o ~~riidiilo
vai-sc tortiaiido cn.in viiz iri:iis ~pl;ístico,titi. Iper-
dcr ;i proj>ricdatlc tl:i prtsa coiii a áglia, c coii-
verte-se cin p:ist;i apciias tle q~ialit1:ides cer9-
iiiicas.
O ciinenlo ropi?aito ou de ~ ~ ~ t rripidn, s r r
apreseiito. c o i n p o s i ~ ovari:ivel, podendo a Iper-
centagciii da argila tio calcisio ir de 27 a 40°/,.
Este ~ ~ r o d ~ icoiitéin,
to aléiii de alguiii gêsso
(siilfnto de cálcio), alta dose de aliiiniiia (cíxido
de aliiniínio) que coin outros corpos Ilies ace-
lerain o endureciiiiento. Beiii que a prêsa se
faca nêle qiiási iiisfaiitâiieaiiieiiie-tendo de
juiitar-se-llie areia para deinori-Ia l i ~ i ipoiico c
se poder traballiar coiii a liasta---, correspoiide-
4lie resistência i l ~ f e r b rh dos ciiiieiitos «Por-
tlaiidr.
Apesar disto, o ciiiieiito roriiaiio terii vaii-
tajosa aplicaçRo eiii certas obras Iiiclriulicns,
seiiipre que conveiilia aproveitar-liie a rnpidcz
d a presa, cotiio nas vedap7es para estaiicar
ágiia, e oiili'os LISOS, faciiltaiido a desinoldageiii
tleiitio de ciirLo teiiipo.
0 s Cirnontos -I'os-ilaiid~~possuern de 20
:i 27 "/, d e ai.r:ila tio cnlcirio c s2o coziclos :I
iiiais alta tcni(~ci.:itiiraqiie o roiiiaiio, cl'iegaiid~
csta at&ao coiiiêqo de fusZo (1.450 a 1.550'' ).
'1':iI circriiist.:iiici:l coiilribui p:ii'a a Iciitid30 tl;i
siin 11iEs:i ( <) a 10 lioras), daiido-llie, a pai., coii-
sistêiici:i ciioi-iiic; bnsttr~ltes t ~ / ~ c r i ocoiiio
r ~ , dissc-
iiioç, h d o citiieiit» roiiiano.
12cla cxtciisfio tlo seu ciiipr$go, o ciiiieiito
tle lii,êsn lciitn 6 (iiiiais iiii~~ortaiite e o úiiico
cliic sc fabrica eiii T1orLiigal. O calcário liara o
iiosso (~I'ortl:i.iid»,coiit&iii20 a 23 O/, de argila,
:~l«ia~uiidci~tes, coino a aluiniiia e o óxido d c
ferro, ein q~iniitidadesiificiciite liara qiie se di.
a coiiihinai:Zo de t6dn a cal do calcário coiii n
sílica e a aliiiiiiii:i, da kigil:i, pois uiii boili ci-
iiiciilo ti50 clevc coiitei- cal livre, o que lhe
ditriiiiiiYiia n resisLêiicia.

I~odciiios coiisiclcrar a cal hidriulica,


piiticniiieiilc, coiiio i i i i i cinieiito iraco, qiie se
pode obtci' por siiitesc, jiiiilaiido h cal purn a
silicn c a aliirnina -- corpos iiidispeiisiveis .?
Iiidi.:iiiIicidatlc do produto eiil prol~orcões
dclci.iiiiiiadas, Estn C a cal hiclráulic~i utificial.
Militas vczcs, cla 6 olllida de roclias calcário-
-:irp.ilosas ( cal Iiitlráulica riatiiral) oiidc a per-
ccilia::ciil cln argila C bastaiite triais baixa que
1)ai.a os ciineiitos, iiZo iiido o grau de cozedtira
236 CASOS DE TECNOLOOIA

aciiiia de 1.000 a l.lOOO.Por Este iiiotivo c por


a argila 1190 scr b:istaiitc para que seus cletneii-
tos satiireiii toda a cal do calcário, o [~roduto
apresentn c a l lii~vr,.Coiitudo, faz prêsa debaixo
d.e &#tia, o que Ilie permite ser usado eiii obras
Iiitlníiilicas de iiieiio:; respoiis:ibilidade, beiii
que, depois d:i viilgarizaç,lo do «Portlaiid», se
nclic rcsiriiigido o seii eniprêgo.

Coirio os ciineiitoi, res~iltaintia iiiisturn de


rcl;drio (cnilii)iiato dc cilcio) e argila (silicato
de aluiiiiiiioIiidrat:ido), o iiiteiiso calor da coze-
iliira a qiic 6 s~iliiiielido o iiiixto, deteriiiiiin,
iiêic, decoiiiposiçóes c reacçóes cotiseqiieiites
qiie origiiiam silicatos e a l u ~ r l i ~ i n t odc
s ccilcio
(cristaliiios), (I) sais que coiistitiiein a base

( I ) É [)ara o ieilor qiie liassiia apciliis 11reves 110-


~ O c sde qiiiiiiica, qiie cscreveinos esta iiola:
Conio gcraliiieiile s6 ssibe, os Bcidos oxigeiiatlos
derivniii dos óxidos r ~ ó orrreidlicos iniiidi.idos) ~iiiese
coiiibiiinin coin n Bgiia. E. deste iiiodo. se coiii[ireeiirle
imediatniiiente coino aparece iio ciiiieiita o silicnio de
crílciu: a sílicfl 11ii ergiia.-óxido iiao metaiico -, Iii<lr;i-
tsiido-se.d8 o dcnlo silícico que, eiii 1)rcssiiça do c<ílcio
do calcúrio, logo ~irorliiaesse sal. l? o caso correiite.
Mas, taiiiùéiii se ciicoiitrain Oxitlos mctrllicos, que,
conibinando-se coin a ágiia, adquireiii frinç0ss dcidns.
Assiiii, teiiios o úxido de aliiiiiinio (aliiiiiiiin) qiie, coiii-
biiiado coin a úgiiu, gaiiiin ~~ropriedadesile Bci<lo,ge-
rando sais. I'or isso, a nltr~nirrnhidrnfodo.l>rovonienteda
argila, vai acliiar sobre o cdlcio rio calchrio-coiiio sc
f0ra iiin verclatieiro =iicidn aliiiniiiicou -, <laiii:lonlrinl i-
irnto de crllcio, o oiitro snl referi110 iio texto.
dêsses proclutos, coriio deiiio:istroic o eiigcnliei-
ro francês, Vicat, qiir foi o primeiro (1818) a
est~tdaros cimeiitos sob o aspecto cieiitífico.
Adiante se tratará mais expressaineiite do
assunto ao explicar-se a prêsa dos cirneiitos.
Al6in d o romano c do uPortland8, airidn
Ir6 outros c.itnerttos, como o cilrzento Iirnrico
(que podc ser o «i-'ortlaiid» tratado por rea-
gentes químicos, para destruiyno de todo o
6xido de ferro qiie Ilie dá a côr pardacenta),
o silperci~~zcnto (feito coiii matérias priiiias esco-
Ilridas), o cinteiiio r i e j6ri.0, o ciil~cntofuirdido,
etc..
Só trataremos da produçáo do cimento
*Portlaiid», de todos,o de maior cocifiaiiça,como
já foi dito, e o mais geiieralizado por se gres-
tar ao uiaior número de aplicações.

F a b r i c o d o citneiita «Portlniidn
Das diversas fascs desta itidústria daremos
iiotícia rápida, suficiente couliido para a sua
coinpreeiisiio.
O cinieiito «Portlarid» (prPsa 1eiit:i) porle-
-5e obter por dois processos: viu sêcrr e via
iimidn.
Coineçareinos pelo priineiro proceSso.
vi;! sêcs. - A fibrica de ciiiieiito, seinprc
que seja possível, é cstabelecida, por ccoriomia
c coiuodidadc, ~?róximodas pedreiras de cal-
I6
240 CASOS DE TECNOLOOI.4

chrio que a deveni abastecer, sendo a5 pedras


arrancadas a tiros de iniiia e reduzidas a diini-
s uni t~,itrirario~
nlitos ~ ~ e d a ç opor de fortes ma-
xilas de aço, como o conliecido «Blalte».
Convém notar desde jA que o ciiriento arti-
ficial se fzbrics, em regra, coni argila e calcário
puros, coriveriieriteinerite dosados. Muita vez,
porém, se utiliza o cxlc,ii.io nr::iloso quando
êste-feita a análise prkvia -, pela siia pei'ceii-
tagein de argi~la,iiiostre condiçóes aproveit$-
veis.
A pedra esriiagada pelo triturador vai para
o dosenmet~2.0,pela bslaiifa, a fim de que os
pêsos dos dois corpos (calcirio e argila) fiqiiem
iia percentagem devida.
Depois d e inistut.ado o conjlinto, segue êste
para o secador rotativo, onde se liberta da sua
ág-ua d e 11eclreira,.
Sêca, a pedra Ci levada s o <moiiiho de bo-
las»--gratide ciliiidro rotativo, de aço-, para
ser ~noídnsob o choque de esferas de aço tem-
perado e d e diiros seixos de silex. O moiiilio
possui a clisposiçáo precisa para o p6 sair dêle
com a coiiveiiieiite finura, passando, para isso,
por iiiila série de peiieiros.
110 moiriho, o pá argilo-calcário dirige-se
para os cilindros de kornogelzização, a fini d e .
que se constitua eni iiiistura Intima. (Coriio
&te pú, espalliado iio ar, G nocivo à saúde dos
operários que o rcspirein, as ffibricas têm, ane-
xas aos inoiuhos, nráqiiitias aspiradoras de
poeiras, destinadas a beneficiar o airibiciite).
Ilepois cla Iioinogeiiizaçáo, o pú é arlias-
sado coni cêrca d e 1 0 ~ / o de tigua, seiido a
pasta resultaiitecoiiduzitla para o Forno onde se
procederá h sua coze7edirr.a.

(3 foivio t.otativo, inais perfeito que o


cliatnatlo vertical, é coiistituído por dois tron-
cos ciliridricos -de clial~a de aço, forrada a
tejolos refractários - ligados utn ao outro e
com o eixo comuir. uln pouco inclinado sôbre
o liorizonte. O seu coniliriineiito total de
cliegar a 100 irietros, ou iiin lioiico inais, sendo
o trorico irifcrioi (zoiia de cozedura) - mais
curto e mais largo do qiie o outro- d e 3 a 5
iiietros de cliâriietro. O forno funcioiia com a
velocidade de unia rotação por minuto e pos-
sui uma taiiipa inó\~el no extrerno niais baixo
(saída do ciiiieiito cozido); esta taniiia apre-
senta uma abert~cra central, onde se projecta
inteiiso e coiistaiite jacto de carvAo p~ilverizado
que 6 o conibustível privativo do foriio. Nesta
violenta projecc;Bo, produzida por potente in-
jector de ar coinpriiniclo, o carvão iiiflaiiia-se e
penetra, pela tiiesrna abertura, ein loiigas cliarnas
que chegain a 10 iiietros de exteiisáo, oiieraiido
a cozedum do ciinento.
A pasta que vai ser cozida entra pela parte
superior do forno, descendo lenta e regiil:cr-
rneiite ern trajecto helicoiclal, por efeiios conju-
gados da rotação e da iiicliiiação do eixo do
242 CASOS DO TECNOI.OGIA

ciliiictro. Daqui, resulta tini aquecimento pro-


gressivo da ilasta até i zona inferior; onde,
pela coiiseqiieiite deiiiora devida ao inaior
diâmetro dêste tronco, se ultirna a cozedura,
procluziiido-se o clinquer (gi'Eos pardacentos
do produto cozido).
Depois de frio, o '«cliriqi~er»6 moldo eni
«iiioinho de bolasD, reduziiido~se, afinal, ao
c i t ~ ~ c n te116
o 116, que é então eilsacado oii me-
tido rin barricas c entregue ao coin6rcio.
Por esta técnica (via sêca ), se l~roduz,
entre iiós, o (~Portlaiid))da niarca «Liz».

Via 6niida.-Essencialii~eiite, êste pio.


cesso s6 difere d o atiterior rio modo por que
se ligani as duas matérias priinas.
Moídos, depois de sêcos, os fraginentos de
calcário, a argila 6 diluída eiii Agua deatro dc
tanques cilíndricos, niuiiiclos de agitadoreo.
I%ssada esta *calda de argila» atravbs d e penei-
ros quc retêm as [~artfeulasduras, a barbotiiia
obtida é deitada cln tanques espcciais,juiiI:indo-
,-sellie o calcário em pó li;i p r o p o r ~ ã o deter-
iiiiiiada pela aiiálisr. Nestes tiiriqucs, laz-se a
niistum intinia das duas siibstâiicias por nieio
d e agitadores n~ecânicos. Esta, iiova <(calda»
segue para cubas decaiitadoras, a fiiii de libcr-
lar-se da q u k i totaliciade da sua dgiia, ficando,
por secageni :io ar, reduzida a u i n : ~[>;istniíi~iida,
quc se aniassa iriecâiiiciirnente coiii a adic;%ode
carv2o pulverizado, o qual, irillaniaiido~~se iiiris
tarde no acto da cozedura,a activará iiiteiisaineii-
te. A pasta é depois moldada eni grosseiros tcjo-
IScs que, unia vez sêcos tio eiixugadoiiro, ficniii
proiitos a entrar iio forno e a traiisforiiiar-se
ein c1inqrrer;- seguiiiclo-sc as opera~õesfinais,
já expostas, d o processo aiitecedeiite.
É por viiz rírl~in'n-- dos dois processos o
iiiais vulgarizado -- clue se labricain os nossos
ciincntos «Secil» e *l'ejo».
A preferência de uni oii oiilro processo, é
deterniiiiada pela coristitiil~Zodos calcários c ,
de uni inodo gertll, por circtinsli?iicias locais.

Razões d u «pr&su" e d a s o l i d e z
d o ciinerito

l)cp«is de expcista, sinliora suciiitanieiite,


a fahricac;,ío clo cimento, vanios dizer uin pouco
sdbre as causas fisico-qiiíriiicas da pi'êsn dêste
produto argila-c:rlcRrio e tias propriedades qiic
Ilie sXo coiiseiliieiifes, ~prolirierladcs jiistifica-
tivas do seu largo eriiprêgo nas iiiais diversas
c~~iisl.rtiç«es. NRo basta tlizcr-se qiic n. 1ia:ita rlc
cin~eiitoeiirija e rliie foriiia coiii :i areia nina
arg:tinassa innito innis forte c rcsisteiite i ágiia
do qiie n fo reparada coiii a cal coiiium. Coiiv6iii
saber Iiorqiie assiiri c'.
I?. coiiio essas razfics se rico encoiii:rani nos
iiiaiiunis c oiitroç livros tiiair, cori~ciitcsque se
ociipain cio assiiiito, vailios apresctilá~~ias, ripi-
2.14 CASOS DE TECAOLOOIA

dainerite, inas de modo a serein compreeticlidas


por estudantes de iim curso secundário, e, bein
que de «grosso-niodoo, por o~ieráriosniais curio-
sos e já coin algiimaç luzes.

Recordemos que o cimento- o nPortlaiid»,


por exetnplo- é forinado pela mistura, em
detertiiiiiadas Iiroporçi,es, de argila e calcário
(carbonato d e cálcio), sendo a argila constituí-
da por silifatos de alumínio lzinlvafndos, isto é,
coinbinados coin áglia.
Na cresceiite cozedura do misto para for-
riiar o ~ ~ c l i n q ~ i ear )acçzo
), d o calor deteriiiiiia,
eiii certa altura, a deconigosiçXo dos silicatos
d e aluniíriio, da argila, com expulsão da água
qiie coiiiSm, bem corno a deconiposi~áo cio
carbonato d e cilcio, que abalidona o seli atii-
drido carbónico para reduzir-se a cal ( óxido
d e crilcio). Com a elevaçáo da teiiiperatura até
1.400 ou 1.500u, os corpos resultantes destas
dec.omposiçóes, sílica (O?Si), aliimina (OsAla) e
cal (O Ca), reageiii quási totalniente eiitre si, d e
modo a darem, sem cal livre - como coiivém
R 11111 boi11 cimetito -, silicatos e nlir~irinafosde
cn'lcio nnirlros (ver nota anterior), no estado de
miiiiísciilos cristais sólidos (microcristais), que
s e encoiitrain - observados só depois d e pro-
fuiidos e miiiuciosos estudos - nas liinirias
[iolidas d e «clitiquer».
Pulverizado êstc, tia moedura final do fa-
brico, êsses sais nlzidi'os l i ficam, beni que dis-
farçados à vista desarinada. Quando se junta
água ao cimento em p6, os mesmos sais com-
binam-se com a água, formaiido, em breve
tempo, silicatos e alrcrninntos de cálcio hirirata-
dos, ~~equeninoscristais que se engratizanl
uns tios outros fortemente paradarem um toda
cotnpacto e d e enorme solidez, Diz+sc, entgo,
que o ciniento fez prêsa. ( 2 )

Propriedades características do ci-


mento.- É Este fenóineno que, jiinto à grande
aderência do cimenfo i pedia e outros niate-
riais d e construção, confere, às, respectivas
pasta e argamassa, extraordinária dureza e re-
sistência, sobretudo, às press0es de esmaga-
mento, às cofnpressões.

-
( o ) A presa do g%sso como já releiiinos iio capi-
tulo qiie traia deste prodiito,- resulta de fendnienos se.
melhantes.
Èste corpo, no seu ostado natural (pedra de gesso),
8, quimicameiite, o srilfniilo de crílcio ha'drdnrlo,decons-
titoirão cristalina. Pela acção do calor, perde a iiiaior
parto cla 6giia com que estA combinndo para dar o
gesso em p6, do comercio.
Ao juntar-se-lhe água para Fazer a iiasta, Olte gesso
quási aniàro volta oiii breve no estado de siilfato de
cálcio Iiidratado, eni n~icrocristais,Eazeiido p r h a e rid-
quirindo a consist&nciaanterior.

A prhpria argamassa de cal e areia, oferece, com


este caso, certos pontas do contacto -o qiic repetimos,
246 CASOS DE TECNOLOGIA

0 s cristais, ci,jos e assiin ligados, fazeiii


cotii que uin bloco clêçte produto resista i s
maiores conipressúes, corno tini bloco igual de
basalto ou de granito. O ciiiiento, poréin, teiii
já milito iiienor resistência aos esforc;os de
traeçiio: os cristais, pr6sos entre si pelo eiiiara-
iiliaiiieiito beni cltie apertadissiino d e seus di-.
minutos voluines, tenclein a destacar-se, aléiii
de curto limite, sob esta espécie de esforços
(tracções), podendo surgir fendas e fr.actiiras
lias inassas ein que tais esforços se exerçairi.
Assim, por uni lado, a extrenia rijeza e so-
lidez d o cimento perniitirá que H custa dSle
se levantem graiides murallias c altos pilares,
fortíssimos c de grande duração; iiias, de outra
i~arte,s e i i já tnuito arriscada, por exeinplo, a
coiistriicão d e vigas, s ó apoiadas nos cxtrenios,

( ~ factos
aqui, tira C O I I I ~ ) ~ I ~ Ide ~O e lixaçáo de iri8ius. A
p d r n de cal (carbouato de calcio, duro e tle coiistitiiYç~o
cristalina. quantlo piiro) perde lios fornos, pelo calor
(700" a DOOo), o seu aiiiclri<lo cnrbbiiico, transforinaiido
-se, coiiio so sabe. etn bxido de chlcln : s cal.
Feita a obro de aiveiiniia, vai-se dando, f8irinrrrcrrft>,
a ComÙiiiaçRo da cai da arguinassu caiii o aiiiclrido car-
b0niço da atniosfera, e lorinando-se iiela iiiicroori&tiiIs
de carbonato do ciiicio. Sao estes qiie, coiii o .tempo,
endurecem e eiirilarii R argaii~iissa, conca<londa, por
isso, inaior solidez à alvenaria. A cal V A regressantio
~ no
estndo de pedra de cal.
Este endureciineiito- taiiib6m i:j foi dito-podo
coiisiderer-se como iiina preua muito Icif.tn, inaproci8vel
durniib a leitura da obrn.
apenas com argamassas e alvenarias dêste
material, pelo perigo qcic correm - tanto maior
quanto tnais longo for o lanço (vão) d e ro- -
ttira e de ruína, como efeito exclusivo d o seu
pêso.
Observnção: vê-se, correiiteineiite, os pe-
dreiros regarem, a chuveiro, a obra riova de
cimento, para (dizem eles e hetil) que amassa IYXO
seque e enfraqiieça ou abra fendas, especial-
mente se estiver exposta ao sol. E' boa prática,
ainda que os operários não conlie~anltoda a
razão teórica dos inconveiiieiiteç apontados.
As regadiiras, nêste caso, compensani a
rápida evaporac;ão da água pelo calor ambiente,
contribuindo para qiie a prêsa se iiianteiilia e
coiitinire, isto é, para que os cristais, j i referi-
~ ~ nutrnr~i.,eiigraiizaiido-se
dos, se I ~ i r l v a t ee~se
coiivenieiitetnente lios iiiodo a darem it mnssa
a tnais completa solidez.

O cirnento, fazendo p r h a sob a acção da


ágiia--pois que esta iiotávcl prol~ricdade re-
siilta, iitstaiiieiite, da Iiidratação dos inicrocris-
tais que na essência o 'coiistitctein--, leni a
vaiilagern de poder ser enipregado tanto eni
coiistrii~ões abreas coino hidráulicas, sendo
nestas insubstitufvel.
Afora esta propriedade iinportaiitfssiiiia,
apreseata o cimento, depois da prêsa, as carac-
teristicns j i notadas c que conviin fixar-se para
inteligência do que vamos ainda expôr: coiisi-
246 CASOS UK TECNOI.OQIA

derável resistencia i s compressões; fraca resis-


tência aos esforços de tracçilo; e guandc a&-
rência aos materiais coni êlc usados. como a
pedra, o tcjolo e, noteiiios bem, o ferro ou o aço.

Betão armado

Esquema d o mecanisnio dêste pro-


duto nas construções. - Vantagens d o
seu emprêgo. -Designa-se por bctcio lima
espécie d e arganiassa constituida por cimento
«Portland», areia e britade pedra, com a água
conveniente, argamassa que, pela pv2.n do ci-
mento, dá um aglomerado consideràvelmeiite
duro e resistente. (;<a Madeira, ein construçùes
comuns, substitui-se mais econóniicameiite a
pedra britada por pequenos seixos dc basalto
colliidos com a areia negra, na praia, e que
ficam na ciranda depois de passar a areia. È o
cliainado «cascallio da praia. oii «areão».)
Se o betáo, para certas construções, con-
tém no interior da sua niassa uina ariiiadura for-
mada por barras ou delgados var6es de ferro ( 3 )
oil aço, tem o nome de betUo arrtznrla oii, menos

( 3 ) Correiitoinenio, tlesigrla-se por ,ferro o niute-


ria1 comiini empregado nestas armaduras, material que
devorin chamar-se, coin rigor, auço para consfruqOes~.E'
tlestemperado, macio e. portuiito, flexlvel.
Ein casos especiiiis, utilizam-se aços ílo umu v!!.
porior qualidade.
prbpriamente, de cimeiito arrnado que é a de-
signação mais vulgar.

Como geralmente se sabe, o ferro e o aqo


- sobretudo o aço, prefereritemente usado eni
obras d e maior respoiisabilidada -, oferecem
grande resistência aos esforços d e tracçáo; e o
betão, pelo cimento, resiste notàvelinente,coino
se disse atrás, aos esforços compressores. No
betão ariiiado corijugam-se estas propriedades
dos dois materiais, conforme a esgécie d e es-
forços que o sistema tetn de snportar: o betão
disgõe-se nos lugares onde se c1,êem compres-
sões, sendo a armadura reservada para as par-
tes que devem sofrer efeitos de tracção.
Notaremos cliie, para o conjunto manter-se
ern cquilibrio, se corita coin a fortissima ade-
rência d o cirnento para o ferrb e para o aço. A
esia propriedade se deve a circu~istânciaimpor-
tantissitna de os dois materiais (betão e metal)
se conservarem sempre unidos sob as fôrças a
que o todo está sujdto.Para i a i i t o , ~betão deve
envolver completa e intimamente a armadura
-coiii o fini, sobretudo, de levar ao máxiiilo a
exteiislo das superfícies de contacto entre o
bct8o e o metal, visto a adesio aumentar com a
exteiisáo das superfícies contactantes.
E 6 justnnieiite para aumentar a extensão
destas, q u e se iitiliza, em vez de um grupo d e
po~icosvaròis grossos, uni grupo de maior
número d e varõcs finos, B condição de igual-
2% CASOS I>B TECNOI.OUIA

dade entre as somas das seccães d e cada grupo,


visto o total das sup'erfícies cilíndricas dos
varões finos, quando bem calculados, ser maior
que a soiiia das corresporidentes superflcics
dos mais grossos. E' para considerar, também,
que os varões iiiais delgados sfio tnuito mais
fáceis de trabalhar que os mais espessos.
Demais, garante ainda essa perinaneritc
aderencia a particularidade de os dois mate-
riais terem coeficientes d e dilatação. seasível-
ineiite iguais; o qiie quere dizer que,iia prática,
para certo auineiito de temperatura, tanto se
dilata o ferro como o betão. Isto permite n
constante adesTio d a s dois materiais a qualquer
grau d e calor ambiente, condição iiidispdrisável
para que sejam, sempre, aproveitados os valio-
sos efeitos das suas características.

.A firii de. fixar-se idéias iiêste ligeiro e s -


b6ç0, tomemos o exemplo, já atrás citado, d e
urna viga qualquer, Iiorizontai c d e secçno rec-
tangular, s6 apoiada rios extrenios. E supotilia-
inos, por coinodidade de cstciclo, qiie ela 6
coristituídii por fiiins e nciiiierosas camadas pa-
ralelas i s suas faces horizontais, lia posição
indicada.
A i~eça,assim suspensa, tende a flectir,
pelo próprio pêso, com a concavidadc da curva.
voltada {)ara ciiiia e, portanto, com n convexi-
dade para baixo. As caiiiadas inferiores tencleni
a distender-se, a alongar-se, por efeitos d e
tracção ; e as superiores teiideni a contrair-se,
a encurtar-se, por efeitos de compressHo. (Se a
substância da viga for Iiomogénea, haverá unia
camada media- acamada neutra>- cpie não
sofrerá alongamento oii encurtamento, isto 6,
cujas particiilas iião estarão siijeitas nem a coin-
pressões netii a tracções).
PAsto isto, considereinos, agora, que a viga
é coiistit~iidaapetzas coin betão. Com atendên-
cia a enciirvar-se para baixo - teiidência que
aumentará corn o lanço -, as camadas superto-
res suportarão òptimaniente as compressões,
em razão desta particular propriedade do ci-
niento ; mas as inferiores, que terideni a aloii-
gar-se - propendendo ao afastamento das res-
pectivas partículas .-, pela fraca resistêiicia do
ciiiiento aos esforços de tracção, correm o pe-
rigo de feiidas e fracturas, donde o risco de
ruiria total da viga.

Se estn, portiii, fôr de betão armado,


dispondo-se a armadura (delgados varões de
ferro, por exemplo) lia siia parte inferior, o
ferro, por sua graiide resistência bs tracções e
Forte aderência.ao betão, não permitirá desa-
gregações nestas cainadas melindrosas Iinra o
cinieiito; e, como a parte superior (betjo) su-
porta excelciiteinente as compressões (demais,
cliiniiiuídas já pcla atitude reclilínea da parte
inferior da viga, como ef-ib da aririadura),
ti3da a peça se inaiiterá em eqiiilibrio, seni
252 CASOS OB TECNOL001A

ameaça de riiiria -. desde que aarmadiira esteja


rigorosamente disposta e calctilada,'o betão na!;
devidas proporções e n desmoldagem se faça
rio tempo que a técnica ordena.
Diremos aiiida,conio siniples coiiil~letnento,
qiie os varârs ( > L I barras da arniadusa, se1,ai.a-
LIOSuns dos o l i t r o (p;lra o bei8o os envolver),
são ligados entre si, fi~rniaiidogrupo, por iiicio
de araine de ferro inacio. Êste grupo pode sei.
contornado, ti:ii~s\~ersalnieiite, de espaço a es-
paqo, por mais fiiios var0es de ferro que, lia
tecnica, se deiioriiiiiaiii «estribos.,?.
Os estribos fnvori:cetn a aderência da ar-
tnaclura ao betXo e cotitribuem, ein niuito, para
aumentar a resistência daviga ao esforço trans-
verso ou cortante, devendo, para Êste efeito, ser
distribuídos de modo a ficare111 mais juntos nas
pt'oxitiiidades dos ~ioiitcis de apoio d a viga,
onde êsse esfôrço é maior.
(Talvez que esta disposição que dá, a cada
meia armadura, o aspecto d e iiiii braço de gcii-
tarra - com pontos inetálicos salientes, como
iiêste instrumerito, e, na ap;irêticia, seinelliaiite-
riieiite ordenados -, exlilique o rriotivo por
q u e os ol~erhriosiiiadeireiises cliniiiani guitnr-
ras aos estribos, passando o primitivo noiiie do
conjunto a designar Iioje, iniprhpriamente, cada
uni dos eleiiieiitoç.)

EsquernBticainetite einliorii, aqui fica,n&ste


exeinplo, o mecaiiismo essencial d e todo o be-
tão armado, processo constriitivo que, além
das siiperiores qualidades qiie deixamos indi-
cadas, tetn ainda a vantagem da comodidade e
rapidez na execução das obras, sobrelevando
ein facilidade, economia, resist&iiciae duraçzo
a5 prirprias construções de ferro-uma vez que
inteirairieiite se respeiie o estabelecido tios re-
gulameiitos s6bre o emprêgo do betão armado,
incluindo a observação dos prasos para o levan-
tameiito dos inoldes.
A aplicação dos priticipios expostos a t6da
L: variedade de coristruções, sai fora evideiite-
rneiite do quadro d h t e livro. Pertence A eiige-
nharia civil que, estudando a forma e volume
das massas a empregar e os esforços e pres-
sões a que estas terão d e sujeitar-se, calculará,
para cada caso, a quantidade necessária de
betão, a colocação das armaduras, disposiçZo,
iiúiiieio e secção das respectivas barras e,
ainda, o modo de as ligar, atendendo cieiitlfi-
camente isegurança da obra e A economia de
inateriel e tempo, na sua execução.
Como se ncaán de ~ler,«Cnsos rle Tecroln-
gim) é obra ele rnera dLvrrlgaçcio, escrita rl mnr-
&Tt/IL de prograrr~nse qrie 1180 vern sl~bstif~lir-se
a cor/rpêr~riiosescolares.
Denfro clos temas' versndos it2ste livro e
nus escolas, ornpliei, aqui e ali, certos co~rlzeci-
mentes, ~ ~ i a c r ~ r a ~anles
z d o de trrdo, poi nrcios
eleme/ttares e e111li~zgragemaccssíi~el,dc~re.rpli-
caçrTo (10s tenónrcnos ocorrcntcs, explicaçrSo q:re,
l ~ o rfoqnsn co~tclsiudc rrzrzitos lil~rosde I I ~ I S ~ I I O ,
iIs ilezes ~ h l f 011
a escnssein nos es/~íritoscrdriosos
na olturn mais rrecessdria.
A obrifatfi corrcisfio a q i e me refiro aqrti,
l~roiign~ apenas de entencler-se (por certo corrr.
born critgiio) que, er/z cr~rsosde inti~itoprático,
o estfrdo dus r~rntcínasf e ~ nde ,fazer-se em cxtei~-
scio ber~imais qne c/ri proficrrrlirlBde. Pelos /)io-
cessos qrze er~z/)rrgriei,parece-rrle ter nlcarzçad~r,
ao I I ! ~ I I O S em muitos pontos, precnclter essas
Incunas, po~rpc~nr/o,aos in$afisfeifos, l o r ~ ~ ue s
pcrtosiis buscrts ntraiu% de cierlsos tomas onde c1
cnrêrzcia clc prepnro cirornria, certarr/,rorte, com
barreira insirl>enivel.
EIIZ trrzballzos desta orrlL.rrr, não É de lzibito
n rneriçlio de .fontes bibliogrdficas. E, corn])re-
ende-se bcnz : trata-sir nrio de hufrirrns -riiai
o12 tnenos cliscrrfii~~~isneni (11:princil~iosnoiros,
nzns da expia~to~:Üo de foctos c cIB irzdicaç~iodas
razões elcci(1ativn~dêsssses factos.
Corrturlo, senr csqr~ivnr-//tea utri ou outra
corrzentário ur~ir~ter/~rttizpi~ pessoal e, airida, 11
rlijèrentcs nofns que, como oportnrzns, a e.rl~e-
riêrtcin rne ditou, sempre direi - senl citnr tItu-
tos para ncTo NÍfi'iilgir fl pra.te -- qlze, para
co~~zpor êske livro corrz relativa se$ccronça, 1r2e
nlio fiei sòme~zteern con/tccirt/entos próprios, in-
clrinda os nrkluiridos ent visitas a fibric:as
rrncionais e esfrarlgriras : socorri-rne de vdrias
obras de repntndo valor, muito reccrrtes algu~rzas,
a J%rr de actztalirnr nrinreros, coltter dndos Itis-
t ó ~ f c o se, de 111rr rrrodo geral, ,firntnr qcrarrfo
possível as noções a/~reserttadas.
E ,fico na cotzvicçüo de nr?o ter afraiçorcda
a pouco que prontefi ao dar a n«Rnzdo do livrn-.
~NDICE
. . .
Pág .
RAZAO no LIVRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Porque se fernieiita o 1150. . . . . . . . . . . . . . . 15
PZo integral e 1:1Zo braiico . . . . . . . . . . . . . . . :?O
Levliduras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Açiicar de c:iiia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Coii~odas uvas sai o viiilio . . . . . . . . . . . . 47
O vinlio (Ia Madeira . . . . . . . . . . . . . . . . . . FjL
Alcool snc;iriiio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
i\ aIcoolizn~5odos vii~licis. . . . . . . . . . . . . . . 7 2
A c e r v e j a . . . . ...,... . . . . . . . . . . . . . . . 77
O viiiagrc . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
Conservas tle peixe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
O algodão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
Resiiias de laboratório . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
O cliá . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
O caE4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .116
(:) c:icnu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .120
Velas estedricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137
Sabóes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
Cal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .152
Gesso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .163
O vidim . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .167 .
.
Argilas - Ceriniica . . . . . . . . . . . . . . . . . . 198
Cimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 234
T'ág.: Oiido se 16: Loja-se:
16 inicro-orgnnismu microrgaiiismo
94 iiió<Ioro inodoro
103 devido ùevid~
149 coin e essencios COIII as esse~lcias
155 impiirezas do chlcio impurezas do caii:firio

También podría gustarte