Está en la página 1de 63

Agradecimentos:

Dino Santos, pela fonte Leitura


AIF · Consultoria e Formação, pela di�onibilização
Preto no Branco
da aplicação Laudaview O preto no branco, a realidade, os sonhos e a
Sílvia Bapti�a, pela revisão do texto ausência da cor, o contra�e, o cheiro a mofo
que nos faz percorrer as nossas memórias.
Colaboradores: Da magia do preto no branco, surgem a ima-
Ana Calhau gem e as sombras, o negativo, os opo�os,
Andreia Correia a diferença, a discordância… diferença, a
Catarina Leal
Cláudia Abrantes discordância...
Cri�ina Ataíde
Daniel Biléu É preto. Não! É branco.
Filipe Cartaxo
Isabel Santa Bárbara Não! É preto. Não!
Isa Silva
João Madeira É branco. Não! É preto.
João Tinoco
Johan Van Huys�een Não! É branco.
José Pedro Santa Bárbara
Marcelo Vieira
Maria Keil
Natalia Valle
Nuno Patrício
Paradoxon Produções
Rita Verdades
Sara Capitão
Sofia Macedo

Alexandra Bertrand
Isabel Cotrim
João Pedro Rato
Sandra Afonso
ll i
48
ng ton”
· “ Ja c k Ske
onso
texto Andreia Correia · “Unicidade” 8 afia San
d r a A f
proje�o Nuno Patrício · “Sputnik, meu amor” 56
fotogr

ilu�ração Sara Capitão 10 proje�o Cole�ivo · “Sentidos ao cubo” 60


fotografia Catarina Le
al 12 o i n verso”
14 ar a · “ 1/2” 64
un d S anta B ár b
in H o le, o m texto Isabel
r a n te s · “P
dia Ab caligrafia João Tinoco
á u
texto
e foto
grafia C l e fotografia Sofia Ma
cedo · “Keiko” 70
· “Varanasi” 18
texto e dese
nho s Cri�ina A t aíd e
fotografia Filipe Cart
a xo 78
12
fotografia NISA 26 curtas metragens Pa
ra doxon Produções · “D
esi �e”, “Insomnia” e “P
a usa” 84
ilu�ração Daniel Biléu · “O amor e seus desdobramentos externos e In memoriam” 30
afi a Jo sé Pedr o Sa nt a Bá rbara · ”Esc amas 2” 92
fotogr

lh au · “B ranc o [u m a co r sem cor]” 32


texto e fotografia Ana Ca

30 74
texto João Madeira · “Nada é preto no branco” 42 ilu�ração Johan van Huys�een · “17wet1” 108
ilu�ração Rita
Verdades 44 fotografia Nat
alia Valle 110
“Fagulha silenciosa” Há o preto
6 nos teus olhos mareados,
A luz
texto Andreia Correia trazendo aos teus seios
a boca branca
do sonho.

Há ainda os gritos suados


A saudade que de tão escura
É poema e já não arde.
As mãos que forjam o de�ino
E na mágoa
tanto batem,
devolvendo à penumbra
o sentido.

Há as pedras rugindo,
O montinho de dias
Moídos.
E eu,
avulso,
Negro, ve�ido
de fundo.

Risco a noite a giz…


Preto no branco, a mesma hesitação…
Onde a fagulha que acende a vida?
tica um peso de uma vida inteira e de um Outro que ficou para
trás, por recuperar.
Agora, naquele dia sem luz, em que as árvores pareciam suga-
das pelo peso da gravidade escura invernal, sentia-se perdido,
com olhos abertos para o céu, tentando descortinar a maré da
e�erança nos segundos que lhe pintavam a face de lágrimas e
lhe acentuavam as olheiras.
As mãos, agora negras, na escuridão do deserto, aquele que,
por vezes, todos os homens atravessam, pairavam como dúvi-
das que não conseguimos de modo algum afugentar. Abanava
a vida, porque abanava a fotografia, abanava a saudade, o pre-
to e branco da saudade e reclamava o direito a revisitar aquele
in�ante partilhado, aquele beijo fundido no tempo. Mas sentia-
-se de pernas partidas, porque o salto era impossível.

“UNICIDADE” I Trazia os dedos negros de raízes. O corpo III Horas passadas, pintou o quadro, um risco negro na noite
8 suado, na sua brancura disforme, levava-o a clara da tela. Pintou como se abrisse uma fenda na possibili-
trautear um choro cândido, que, para olhos dade da criação. Acordara naquele dia com a sensação de que
texto Andreia Correia mais atentos, vê-lo-íamos a empoleirar-se não pertencia ao corpo, que a pele branca que o envolvia e dizia
desenho Sandra Afonso nas árvores, sem fruto, quando a noite caía, esvaziara-o. Descobriu a fotografia, por acaso. Deixou-a igual-
como um guinda�e partido, trazendo à boca mente por acaso, a anoitecer debaixo da almofada chorada.
do céu a dor vermelha, magoada dos homens. Via-se em frente a um e�elho que não refle�ia, a noite che-
Trazia no seu sorriso amarrotado (rasura ou gada também àquele quarto, abrigo de muitos sóis e muitas
som de ave negra partida) a brancura de uma luas, vertigem meio apagada nas cores da sua alma, quando
fileira de dentes, todos eles carnívoros por na- escrita com o negro da tinta. Segurava nos olhos o mundo -
tureza, ansiando pela próxima dentada, por- - equilibri�a lúcido – que não sabia a que horas partiria para
que apetite não lhe faltava e porque a imensi- chegar lá, ao outro lado do tempo.
dão do seu corpo tentacular esganava a fome Era a ansiedade que sentia pousar-se nos lábios como uma ân-
com a ansiedade soberba de um comboio cora ferrugenta que deixa o peso da vida na boca fragmentada,
descarrilado. as palavras falidas de sentido, tudo e nada, dançando no mes-
mo silêncio.
A inércia batia no seu coração, deixava-o rígido, paralisia do-
II Ao longe as mãos de cinzento mortiço, sem ente que o empurrava para a cama horas a fio, horas sem re-
luz, se revelavam, segurando na mão a foto- torno, numa continuada dívida para com a vida. E quando se
grafia a preto e branco e na fotografia as re- digladiava com o pincel, contra um fantasma inventado, sen-
miniscências de uma vida ali paradas, a pre- tia-se rei e senhor da sua escuridão.
to e branco. Num segundo fixadas, as pernas E era. E era, naqueles segundos, grandioso, afa�ando o cons-
hirtas e o sorriso flagrado, os olhos abertos no tante ardor que a vida lhe deixara no coração – fogueira de
e�asmo da surpresa e o coração a mil à hora, Prometeu, no início de todos os tempos, antes de Deus dizer…
mesmo que a imagem isso ocultasse. Faça-se Luz!
Era o segredo plasmado, pedindo um olhar Era grandiosamente grandioso. Preto e branco grandioso.
com demoras que, afinal, se vertia, lânguido e E era todo um.
sereno, sobre a superfície, cobrando à semió-
10
ilu�ração Sara Capitão
12
fotografia Catarina Leal

“Luz. Branco no Preto.”

Proje�o expo�o nos Ren-

contres Photographiques

d’Été, em Niort, França


o mundo inverso
PinHole - buraco de alfinete, é a designação usada para referir a fotografia
e�enopeica – a fotografia sem máquina fotográfica. Com uma caixa vulgar de
cartão e um pequeno furo, consegue-se uma máquina fotográfica artesanal
com imagens que resultam em negativo e, conforme o tempo de exposição,
14 mais ou menos tremidas.

texto Cláudia Abrantes A Série PinHole, o mundo inverso, surge do efeito arrepiante que e�as ima-
fotografia Cláudia Abrantes gens podem ter. O mundo inverso – pelo regi�o do negativo, aborda o tema
Preto no Branco como o Desconhecido. Contrariamente a uma máquina digi-
tal ou analógica, numa pinhole é impossível saber ao certo o que vai sair dali.
O medo do desconhecido é aqui demon�rado através do negativo, das som-
bras. Uma outra conotação para Preto e Branco.
16

fotografia Cláudia Abrantes


se dentro de pequenas barracas de tijolo ou usam o próprio saio-
te. Vi algumas com os seios desnudos, sem ligarem a quem passa.
Go�ava de as fotografar, mas há um pudor que não o permite.
Vou andando ao longo dos Ghat, são mais de 5 Km de escadarias
que ligam a cidade ao rio.
Aqui, lavam a roupa, em pedras direitas, batendo ritmicamente.
Normalmente são homens. Sobre um pano põem a roupa a escor-
rer. Quando já não pinga e�endem-na onde calha. Sobre a terra
arenosa que cobre o chão, nos paredões, nas grades das escadas,

Varanasi: o preto e o branco ao longo da escadaria, por todo o lado.


Mais à frente, é o Ghat das vacas que bebem pachorrentamente a
água do rio e se deitam a apanhar o sol, ainda não muito quente.
E�ou no aeroporto de Varanasi. O avião e�á atrasado. Parece ser A seguir, um bando de peregrinos toma banho, mesmo junto a um
normal nas Indian Airlines. dos locais onde se cremam os corpos.
Apetece-me escrever. E�e caderno foi uma simpática oferta de Grandes pilhas de madeira, bem arrumada aguardam o fogo.
Shashah, dono de um hotel delicioso, Ganga View Hotel, onde fi- Os corpos vêm em padiolas de bambu, enfaixados em panos bran-
quei. cos e cobertos com tecido dourado e grinaldas de flores.
18 Vim finalmente a VARANASI, (Benares), India. É feita uma pira de madeira em função do peso do corpo. Depois
molham-no no rio, põem o corpo sobre a pira e cobrem com mais
texto Cri�ina Ataíde madeira. Normalmente os pés ficam de fora e por vezes também a
desenhos Cri�ina Ataíde É realmente uma cidade e�ecial. Uma cidade onde tudo é novo e cabeça. Vê-se que o corpo e�á muito hirto, como um bocado de
tudo é e�erado. Tudo é diferente e tudo é normal. madeira.
Vida e morte e�ão lado a lado com naturalidade. Fiquei com os pés Ateiam o fogo por baixo e deitam um punhado de sal e os tecidos
mais assentes, como se e�ar na terra fosse mais natural. Talvez dourados para ajudar a atear.
mais fácil? Tudo é tão relativo! Na realidade, é não fazer julgamen- O lume começa a crescer, aumenta, as labaredas envolvem todo o
tos. Ver, ver só, aceitar, tentar entender. corpo. Demora 2 a 3 horas até arder todo. Ninguém chora, para não
dificultar a entrada do corpo no Nirvana e por isso as mulheres fi-
O RIO. O rio de todas as coisas. O rio sagrado que limpa, purifica, cam em casa.
perdoa. Limpa os pecados de quem se banha. É como a confissão Os ossos da bacia não se desfazem, são deitados ao rio. As brasas
dos católicos. que ficam são levadas pelos habitantes, para se aquecerem.
Todos tomam banho. Os locais e os peregrinos. Tudo é público. O Quando as cinzas arrefecem são peneiradas, dentro do rio, com
corpo é público. Os homens de�em-se e cingem um pano bran- água pela cintura e em ce�os semi-esféricos, forrados com sera-
co à cintura. Banham-se, mergulham, nadam um pouco, rezam. pilheira, para reterem os ouros que ficam pertença do cremador. As
Lavam-se com sabão, fazem e�uma que escorre pelas co�as cinzas vão descendo o rio suavemente ao sabor da corrente.
abaixo, con�ruindo um novo corpo. Limpam-se, penteiam-se Mesmo ao lado, homens lavando no rio. A morte e a vida, lado a
cuidadosamente. Vão pedir a benção ao sacerdote que os unge lado.
com Bindi, pigmento vermelho ou amarelo mi�urado com óleo.
Alguns lavam a roupa, e�remem e e�icam-na com os braços,
deixando-a secar um pouco ao vento. Muitas vezes ve�em-na
molhada e secam-na no corpo. Enchem uma bilha de metal com Mais peregrinos a banharem-se, mais pobres a pedirem, mais ho-
a água do Ganges que levam para casa para continuarem a puri- mens santos a meditarem, mais crianças a jogarem algo parecido
ficação. com a bilharda que se jogava na minha infância (um pau afiado nas
As mulheres são mais recatadas, mas mergulham também e la- duas extremidades e que é batido por outro pau).
vam-se vagarosamente. Mergulham com o sari, depois mudam- Por todo o lado se lançam papagaios. São e�ruturas levíssimas de
cana e papel de seda. A grande excitação é porque O guia começou por dizer que era proibido ir lá. Depois que tínha-
quem apanha o papagaio do vizinho, fica com ele. mos que pagar aos homens do outro lado. Aco�ámos. E�ava tudo
Vêem-se autênticos duelos no ar. Não é quem voa cheio de lixo, tudo o que era deitado fora do outro lado. As flores dos
mais alto, mas quem apanha mais papagaios. templos, sacos de plá�ico e um cavalo morto.
Chego ao Ghat mais importante, Dashashvamedha. Mais à frente, um bando de cães e corvos comia a carcaça de uma
Há vários púlpitos para se fazer o Puja, lindíssimos vaca. Comecei a andar atrás do guia que se dirigiu para uma tenda.
rituais em honra do Rio. Começam às 6h, depois do Outra carcaça com corvos em cima. Homens com um ar horrível
pôr-do-sol. O e�rado principal tem 5 altares onde os começaram a aproximar-se. Uma criança no meio das flores qua-
sacerdotes fazem o ritual em simultâneo. se murchas, escolhia as que ainda podia aproveitar. Dei meia volta
Primeiro, rezam junto ao rio e deitam-lhe flores, de- quando começaram a chamar-me.
pois vêm para os altares e fazem movimentos sem-
pre idênticos com incenso, fogo, água, fumo, mais
fogo, água, flores… etc. Tudo acompanhado pelo som
de sinos e do tocar ininterrupto de um tambor.
Barcos no rio assi�em ao Puja e por vezes lançam lu-
zes que vão passando lentamente. As luzes são taças
feitas de folhas secas prensadas, cheias de flores e no
20 meio uma forminha em papel, com um bocado de
sebo e uma mecha. Arde muito bem e não se apaga
texto Cri�ina Ataíde facilmente. É lindo vê-las a passar na água negra do
desenhos Cri�ina Ataíde rio.

“durante o rio #D 04”, 2004 O Ghat seguinte é o das cremações em duro. Aí a


Pigmento e rio s/ papel “máfia” é notória. Fomos recebidos pelo “dono” do
42x90 cm Gath que nos encaminhou para um guia. Não se pode
tirar fotografias às cremações e o a�e�o de tudo é
tétrico. É tudo preto, desde a terra às pessoas.
Há montes de lenha por todos os lados O guia leva-
-nos a uma casa em que segundo diz, “e�ão as pes-
soas pobres à e�era de morrer”. Eles que são bonzi-
nhos, fazem-lhes o funeral...
Subimos para vermos as cremações. Não se vê muito
bem, e�amos na varanda, o guia e�á sempre a falar
e nós parecemos abutres a olhar para a presa. Vai-
-nos explicando que a lenha necessária cu�a uma
enormidade, 20 ou 200 dólares, já não me lembro.
Quando nos íamos embora, vem uma velhota, pedir
dinheiro para a lenha. Cada um deu 100 rupias que é

não!
imenso. No fim o guia pediu mais dinheiro para ele…
A morte explorada como e�e�áculo para turi�a.

Outro momento difícil foi a travessia para o outro


lado. Tinha uma imagem romântica da outra mar-
gem, pensava que seria a paz, o vazio, a serenidade, só cinzas.
À tarde aluguei um barco, o do co�ume, mas só com o barqueiro, sem o guia agoirento e fui para o
meio do rio. Queria trabalhar um pouco. Tinha pensado molhar as folhas na água do Ganges, colocar
Bindi em linhas longitudinais no meio da folha e colocá-las no meio das escadas a secarem, e�erando
que as pessoas as pisassem. Seriam os seus passos, a memória desses passos, o desenho.
Hesitei, talvez não fosse bem vinda. Talvez e�ivesse a profanar algo de sagrado para eles. Por que me-
xer de uma forma leviana nos seus símbolos, nas suas crenças? Sem os conhecer profundamente, não
os posso usar. Assim, resolvi desenhar com o Rio.
Quando pus as folhas na água elas foram-me devolvidas com milhares de minúsculas formas que fa-
ziam uma renda levíssima em todo o papel. Todo o amontoado de memórias que navegava nele ficou
retido na folha criando um pattern riquíssimo. Enquanto secava, deitei sobre o papel pigmento verme-
22 lho, Bindi, que a própria aragem do rio trabalhou, criando novos desenhos. Prensei o pó e, no fim, segu-
rei os desenho entre os dedos, deixando-os esvoaçar, secando-os como tinha visto fazer aos lavadeiros.
texto Cri�ina Ataíde

desenhos Cri�ina Ataíde

“durante o rio #D 08”, 2004


São o bocado do rio que
Pigmento e rio s/ papel

2x [42x30 cm] trouxe comigo. O Rio, aqui,


dentro dos meus desenhos.
24
texto Cri�ina Ataíde

desenhos Cri�ina Ataíde

“durante o rio #D 01”, 2004

Pigmento e rio s/ papel

[42x90 cm]
j FOTOGRAFIA

26
fotografia NISA
28
fotografia NISA
30
ilu�ração Daniel Biléu

“O amor e seus

desdobramentos externos”

Spray e marcador sobre tela

1x0,50 m

“In Memoriam”

Marcadores e nankim

sobre papel pergaminho

35,5x13 cm
“Não é raro que a passagem se faça, do branco
ao negro e inversamente.
Só os extremos são e�áveis,

Branco
como o sublinha a pulsação que se manife�a
aquando das pausas nos patamares intermédios,
qualquer que seja a sua duração e altura, na
cor que nunca o foi.”

[uma cor sem cor]


32 Samuel Beckett in “Imaginação Morta Imaginem”

texto Ana Calhau

fotografia Ana Calhau “O cego ergueu as mãos diante dos olhos, moveu-as,
Nada, é como se e�ivesse no meio de um nevoeiro, é
como se tivesse caído num mar de leite,
Mas a cegueira não é assim, disse o outro, a cegueira
dizem que é negra, Pois eu vejo tudo branco (...)”
José Saramago in “Ensaio sobre a Cegueira”
O branco é mais do que cor ou luz. É um valor ideal, positivo,
opo�o às “trevas” e à ignorância, valor limite entre conjuntos
de pontos extremos: a luz e a obscuridade, o dia e a noite, a ilu-
minação e as trevas, a sabedoria e a ignorância, o positivo e o
negativo.
Se e�a leitura, que durou séculos, nos parece óbvia, com facilidade podemos
con�atar que a luz branca ilumina tanto quanto pode cegar, possuindo as-
sim ambas as capacidades: a da visão e a da cegueira, um paradoxo em que
o branco funciona sempre como limite, charneira de passagem e opo�o de
si mesmo. Ou seja, todos nós já passámos pela experiência de ficar encan-
deados com o excesso de luz numa sala ou o excesso de sol numa praia, o
que nos deixa, momentaneamente, sem ver. Na realidade, não deixamos de
ver mas tornamo-nos cegos ao que antes víamos. O que vemos ne�es mo-
mentos é um excesso de branco que, como uma névoa intensa, nos inibe de
ver o re�ante. De�a forma, o branco torna-se, durante alguns in�antes, a
cor da cegueira e só aos poucos essa névoa branca de luz se vai dissipando e
retomamos a visão das coisas enquanto os nossos olhos se vão, gradualmen-
34 te, adaptando às condições de luminosidade. O que acontece, geralmente em
todos os e�udos e teorias sobre a luz e a cor branca, é que não se racioci-
texto Ana Calhau na tanto sobre a “luz” que nós vemos, quanto sobre aquela que, do exterior,
fotografia Ana Calhau entra nos nossos olhos e comanda a visão. Damos, como exemplo, o branco
“�e sky is blue [2]” como a cor da cegueira no livro de José Saramago, “Ensaio Sobre a Cegueira”,
onde a luz referida é a cor branca ou o “mar de leite” vi�a pelos cegos e não
a luz solar necessária ao processo da visão. Paradoxo que nega a possibilidade
da cegueira total pois, ainda que a visão do mundo exterior, de cores, formas
e obje�os lhes e�eja vedada, e�e cegos descrevem algo que, de fa�o, vêem.
Um outro tipo de luz ou de cor, um branco incessante e não o habitual negro
que co�umamos associar à cegueira: “Sim, senhor doutor, não como uma luz
que se apaga. Mais como uma luz que se acende.”[1], “o mal é sermos cegos.
A mulher do médico disse ao marido, o mundo e�á todo aqui dentro e é todo
branco.”[2] ou “chegara mesmo a ponto de pensar que a escuridão em que os
cegos viviam não era, afinal, senão simples ausência de luz, que o que cha-
mamos cegueira era algo que se limitava a cobrir a aparência dos seres e das
coisas, deixando-os inta�os, por trás do seu véu negro. Agora, pelo contrário,
ei-lo que se encontrava mergulhado numa brancura tão luminosa, tão total,
que devorava, mais do que absorvia, não só as cores, mas as próprias coisas e
seres, tornando-os, por essa maneira, duplamente invisíveis.”[3].

E�a “amaurose[4] branca” de que fala José Saramago é, obviamente, meta-


fórica e não e�ará com certeza na li�a de disfunções visuais exi�entes no ser
humano. Também não tem a ver com o branco que cega quando, de repente,
os nossos olhos são tran�ortados para e�aços de luminosidade intensa e
alucinatória. É um fa�o que a cor branca e�á no limiar entre a visão e a ce-
gueira. É esse outro branco que não é a luz do sol e que só é vi�o em momen-
tos de cegueira, a que Maurice Blanchot se refere em “A Loucura do Dia”[5] e
Albert Camus em “O E�rangeiro”[6]. Apresentadas de forma diferente, e�as
duas obras relatam casos de personagens que, tendo ficado temporariamente
cegos pela luz, se tornam incapacitados de narrar o que antes lhes sucedeu. O
branco da luz torna-se assim um impedimento à visão e à narração do antes
vi�o.

“Ho�italizado na sequência de uma agressão, o narrador, temporariamente


cego, descreve a luz. Não se trata da luz do dia que, essa, foi-lhe temporaria-
mente subtraída e que, no momento em que a recupera, no confronto com
essa outra luz da cegueira, é já menos que luz, embora não seja ausência de
36 luz: uma névoa permanentemente branca, uma luz crepuscular a qualquer
hora do dia. No ho�ital, com os olhos protegidos pela película e as mura-
texto Ana Calhau lhas de algodão, o narrador é assaltado pela luminosidade sobrepo�a de ‘sete
fotografia Ana Calhau dias’, um incêndio, o efeito da luz nas trevas, a luz daquela noite que se deve
“Sem título [2]” a circun�âncias que ele não vai saber ‘narrar’, porque não vai ser capaz de
re�onder ao inquérito dos médicos que procuram esclarecer as causas da
agressão [...] o narrador já foi condenado, por um a�o de extrema violência, a
‘ver’ a loucura do dia. Condenação também ela ambígua, já que confere a pos-
sibilidade de ver o mundo na intensidade de uma luz mais branca.”[7]. Ne�e
excerto de “A Loucura do Dia”, retirado do livro de Patrícia San-Payo, uma
outra luz surge como potenciadora da cegueira e é na cegueira que o branco é
vivido em angú�ia e sofrimento. Um branco que surge como efeito da luz nas
trevas, uma realidade mais crua e dolorosa que fere os olhos e a mente. Um
relativismo do branco que é aumentado pelo núcleo escuro que o produz. De
certa forma, podemos mesmo crer que o valor do branco é aqui apresentado
como dependendo de um determinado movimento opo�o ao branco-sabe-
doria de que já falámos. I�o é, o movimento do narrador já não é o de ir para o
branco nem o de sair dele, mas sim a permanência dentro do mesmo, o que o
torna calcinante, deva�ador e sufocante.
Uma pura violência que encontraremos também descrita em alguns excertos
de “O E�rangeiro” de Albert Camus , onde o branco é o ponto negativo — “o
efeito da luz nas trevas” — onde se permanece –
“Em volta de mim, era sempre a mesma
paisagem luminosa, inundada de sol. O bri-
lho do céu era insu�entável. Em dado mo-
mento, passámos por um troço de e�rada
que havia sido arranjado há pouco. O sol
derretia o alcatrão, descia o terrível branco
sobre o negro. Os pés enterravam-se, deixando aberta
a carne luzidia do alcatrão. Por cima do carro, o chapéu do
cocheiro, de couro escuro, parecia ter sido moldado na mes-
ma lama negra. Sentia-me um pouco perdido entre o céu azul
e branco e a monotonia de�as cores. Tudo i�o, o sol, o cheiro
de borracha e de óleo do automóvel, o do verniz e do incenso,
o cansaço de uma noite de insónia, me perturbava o olhar e
as ideias.”[8], “O calor era tão grande que me era igualmente
penoso ficar assim imóvel, sob a chuva de luz que caía do céu,
(...) a embriaguez opaca e branca que caía em mim. A cada
e�ada de luz surgida da areia, de uma concha esbranquiçada
38 ou de um vidro partido, os queixos cri�avam-se-me. Andei
assim durante muito tempo. Di�inguia, de longe, a pequena
texto Ana Calhau massa sombria do rochedo de uma auréola formada pela luz e
fotografia Ana Calhau pela poeira do mar. Pensava na nascente fresca que havia por
“�e sky is blue [1]” detrás do rochedo. Desejava, enfim, reencontrar a sombra e o
repouso.”[9].

Ne�es dois excertos do livro de Albert Camus, a personagem


descreve a luz do sol como uma “embriaguez opaca e branca
que caía em mim” e fala do branco como uma entidade lu-
minosa que e�onteia, um valor negativo que vai ao encontro
do seu valor positivo (negro): “descia o terrível branco sobre
o negro”. A personagem de�a hi�ória é condenada à morte
pelo homicídio ocorrido numa praia e a razão que apresenta
em sua defesa é a de que ficou cego com o excesso de luz. E�a
ligação entre a morte e a luz é, mais uma vez, muito diferente
da ideia de luz divina que o branco co�uma simbolizar. Já não
se trata de um branco como motor da criação, do nascimento
e da abertura ao conhecimento, mas sim de um outro branco
que cria situações limite, fronteiras negativas entre a vida e a
morte — o núcleo escuro do branco é o branco na sua violên-
cia mortífera. E�a ideia de limite, do branco quando e�amos
“dentro dele”, quando nos “tornamos nele” aparece então
como resultado de experiências limite onde, para além da vi-
são, também a mente é afe�ada de modo negativo até um
dese�ero máximo. Uma última e derradeira duplicidade do
branco: uma entidade que quando é dominada pelo ser hu-
mano produz valores positivos e que quando
o domina, inve�e sobre ele e nele como va-
lor negativo, símbolo da morte e da frontei-
Branco
um valor ideal, assimptótico, um valor limite como as duas extremidades da
ra entre a luz e as trevas. O conhecimento linha do horizonte: cor, vi�a de forma metafórica ou não, de passagem, ini-
é sub�ituído pela ignorância (impossibilidade ciadora ou de�ruidora, positiva ou negativa, mas sempre num ponto extremo
de narrar o que sucedeu) e por uma ceguei- e ambíguo. O branco como cor que serve para sentir, ver, descrever ocorrên-
ra que impede um límpido conhecimento do cias de uma paralisia parcial ou total da percepção, bem como o contrário: o
40 que o rodeia. que ilumina o olhar e lhe permite ver melhor e mais além, avançar na sabe-
doria e conhecimento das coisas do mundo. Tal como em tantas outras coisas
E�a entidade branca que usurpa as funções e cores, o branco é alvo da inevitável dimensão metafórica, mas essa dimen-
humanas, muito e�ecialmente a visão, e as são metafórica tem, obviamente, uma razão de ser. Se associamos o branco
direcciona no sentido da morte, será talvez a à morte (mais e�ecificamente na expressão “morte branca”) e à cegueira (o
razão pela qual se nomeia a chamada “morte que ilumina pode cegar nas atmosferas saturadas de luz) e�amos sem dúvida
clínica” de “morte branca”. E�e uso metafó- a associá-lo à ausência e ao vazio, tanto como às suas contrárias. Tratamos
rico do branco serve para denominar um es- aqui de um território desconhecido, que nos é vedado, de algo que escapa à
tado de inconsciência onde exi�e, de fa�o, o nossa percepção visual e aos nossos sentidos. É como dizer que o silêncio é
diagnó�ico médico de uma morte cerebral e vazio quando é ele que, muitas vezes, nos permite uma maior di�onibilidade
a palavra “branco” vem expressar esse mo- para a reflexão. Mais do que querer concluir se a cor da cegueira e da morte é
mento de ausência que tantas vezes usamos o branco, pretendemos apenas entendê-lo na sua neutralidade — conotamos
na música para definir os e�aços de silêncio com o branco aquilo que desconhecemos ou algo que nos foi retirado e a evi-
que a pontuam. dência desse pseudo-vazio torna-o um lugar de sentido.

[1] SARAMAGO, José — Ensaio sobre a Cegueira; Lisboa; Editorial Caminho; 1995; p. 22.

[2] SARAMAGO, José — Op. Cit., p. 102.

[3] SARAMAGO, José — Op. Cit., p. 16.

[4] Termo técnico utilizado na medicina para definir o enfraquecimento ou perda completa da vi�a por afecção

na retina, no nervo óptico, no cérebro ou nas meninges. Vulgarmente conhecida por, cegueira total.

[5] SAN-PAYO, Patrícia — Blanchot, a possibilidade da literatura; Lisboa; Edições Vendaval; 2003; p. 25.

[6] CAMUS, Albert — O E�rangeiro; Lisboa; Editora Livros de Brasil; 2001.

[7] SAN-PAYO, Patrícia — Op. Cit., p. 175.

texto Ana Calhau [8] CAMUS, Albert — Op. Cit., p. 41.

fotografia Ana Calhau [9] CAMUS, Albert — Op. Cit., p. 76.

“Sem título [3]”

“Sem título [2]” Ana Calhau l Excerto da Tese de Me�rado: “Branco — E�aço Limite”
42 Na As coisas nunca são como são
mas antes como deveriam ter sido.

texto João Madeira

fotografia Isabel Cotrim da Têm sombras e contornos


onde tu os encontras

é
e não onde a luz se fez sentir.

Têm brilhos ine�erados e matizes indomáveis

pre
em miserabilismos triviais.

Nada é como tu queres que seja.

to Porquê insi�ir na ju�iça da interpretação


quando o que tu debitas é uma cartilha resumida,

no
um vislumbre incompetente da realidade?

Preto no branco só refle�e a tua ausência de cor.

bran
A tua ausência de e�írito.

Para ti pode ser preciso.

co
Para mim é um esboço rebuscado da tua ignorância.
44

ilu�ração Rita Verdades


ilu�ração Marcelo Vieira

“Sereia”
48
fotografia Sandra Afonso

Jack Skellington

“O e�ranho mundo de

Jack”, Tim Burton


50
fotografia Sandra Afonso

Jack Skellington

“O e�ranho mundo de

Jack”, Tim Burton


52
fotografia Sandra Afonso

Jack Skellington

“O e�ranho mundo de

Jack”, Tim Burton


54
fotografia Sandra Afonso

Jack Skellington

“O e�ranho mundo de

Jack”, Tim Burton


“Por brincadeira, comprou um bi-
lhete e entrou no parque. O local es-
tava repleto das mais variadas lojinhas
e �ands – uma barraquinha de tiro ao
alvo, um e�e�áculo com serpentes,
a cabina da mulher que lia a sina. (…)
56
proje�o Nuno Patrício Comprou um gelado e sentou-se num
fotografia Sandra Afonso

Proje�o realizado banco a ver a multidão a passar.


a partir de um excerto de

Sentia-se a milhares de quilóme-


“Sputnik, meu amor”,

Haruki Murakami

tros do bulício que a rodeava.”


Papel, cartolina e cola 30x30 cm

Haruki Murakami. “Sputnik, Meu Amor”. Vozes do Mundo, Ed. Notícias E�torial.
58
proje�o Nuno Patrício

fotografia Sandra Afonso

Proje�o realizado

a partir de um excerto de

“Sputnik, meu amor”,

Haruki Murakami
60
fotografia Sandra Afonso

conceito Sandra Afonso

“Sentidos ao cubo”

Como expressar visualmen-

te e Preto no Branco

sensações não visuais.

participação e autoria

Ana Maria Moreira

Ana Sofia Cabrita

Diogo Santos

Diogo Salvador

Fernão Gonçalves

Isabel Ca�ro

José Miguel Pereira

Leandro Bittencourt

Mónica Simões

Nuno da Silva

Pedro Loureiro

Ricardo Almeida

Ricardo Pereira

Tatiana Passeiro

Tiago Godinho
Rasgar. Leve. Macio. Á�ero. Viciante. Doce.
Mágico. Oco. Pesado. Agudo. Agre�e. Calmo.
62 E�ranho. Forte. Quente.
fotografia Sandra Afonso

conceito Sandra Afonso

“Sentidos ao cubo”

Como expressar visualmen-

te e Preto no Branco

sensações não visuais.

participação e autoria

Ana Maria Moreira

Ana Sofia Cabrita

Diogo Santos

Diogo Salvador

Fernão Gonçalves

Isabel Ca�ro

José Miguel Pereira

Leandro Bittencourt

Mónica Simões

Nuno da Silva

Pedro Loureiro

Ricardo Almeida

Ricardo Pereira

Tatiana Passeiro

Tiago Godinho
1/2
Na época do cinzentismo em que vivemos e�á tudo a

meio-gás, meias tintas, meio cheio, com meias-me-

didas. Mas, devemos perceber que, de fa�o, há certas

64 verdades incontornáveis; há o sim e há o não; nasce-

texto Isabel Santa Bárbara mos, vivemos e morremos; há o preto e há o branco PRETO NO BRANCO
e há o
66
Não falamos alto Usamos saias pelo
texto Isabel Santa Bárbara porque dá nas vi�as, meio da perna.
nem baixo porque sugere timidez. Os cabelos não são curtos nem compridos.

Não damos uma boa gargalhada pois parece mal. Fazemos férias em duas vezes para não dar mau a�e�o no emprego, mas é com

Não comemos muito para não sermos chamados de alarves nem pouco não vão saudades que lembramos o mês inteiro de férias que tivemos na Ericeira.

pensar que somos anoré�icos. Não bebemos muito, não fumamos muito. Não telefonamos muitas vezes aos pais para não acharem que somos dependentes

Não nos aborrecemos muito no trabalho pois sempre é melhor e�e que nenhum. – e se, de repente, eles já não e�iverem lá?

Não nos zangamos com amigos pois é uma grande maçada e podemos acabar sozinhos. Não queremos casas muito grandes porque dão muito trabalho.

Não casamos: fazemos experiências para ver se resulta. E se não resultar, o que

pode acontecer, um divórcio? Pois se tiver que ser, será.

Não temos filhos muito cedo para não arruinar a carreira – que carreira?

Adiamos ad eternum aquela conversa que temos que ter com o irmão sobre o que

fazer ao monte do Alentejo.


68
texto Isabel Santa Bárbara Não vivemos com nitidez. life is hard and then you die.
“Life is hard and then you

die”, curta-metragem de

Maria Sødahl, 1989. Mas se tudo acontecer de forma nítida, aquele hífen que no fundo é a nossa vida

pode não ser tão enfadonho. Temos é que saber viver e pôr tudo preto no branco,

enquanto é tempo. Não é fácil, pois não, principalmente se pensarmos que


Keiko: prática, treino, ensino
A prática de uma arte marcial, o Aikido, mas também da caligrafia, Sho.

Num lugar e no outro a prática do ge�o, aqui a preto e branco.

De um lado a tinta, pura, no papel por preencher.

No outro, o regi�o de corpos que não vemos na sua totalidade

preenchendo o e�aço, um e�aço.

Sabemos deles por traços, arra�amentos, luzes e sombras.


70
caligrafia João Tinoco

fotografia Sofia Macedo

Keiko, aqui em três imagens

Ukemi a queda, mas também aquele que se entrega.


O corpo que aceita, a mão que se oferece à progressão do outro.

Koshi a anca, mas também o possível centro de um movi-


mento, um eixo de uma rotação Kaiten
72 A relatividade do tempo é-nos impo�a pelas
prioridades que definimos no dia-a-dia, di-
tando a pressa e o vagar, o longo e o curto, o
vazio de uma hora, o cheio de um segundo…

Quantas vezes quiseram ser pequeninos


e depender do tempo que a mãe ou o pai
demoram num aconchego, no colo, num
abraço, num afago pelos cabelos?

Quantas vezes olham lá do alto da vossa vida


e vêm uns olhos pequeninos a depender de
vós, dos vossos aconchegos, colos e afagos?
Quantas vezes quiseram ter mais tempo,
ou não ter mesmo tempo nenhum para i�o
ou aquilo? Porque se torna tão relativo, tão
subje�ivo, tão importante o tempo, do qual
dependemos?

Porque o queremos fazer parar, congelar, ou por


outro lado, passá-lo em fracções de segundo?

Era uma vez um bebé que fitava atentamente


a face da sua mãe e se aninhava no seu colo...

Dos bebés que nos contam a hi�ória do tem-


po, fica sempre a hi�ória de uma mãe – sal-
Ukemi
Koshi
Kaiten
78
fotografia Filipe Cartaxo

“o Ser encontra a co�a”

Ensaio expo�o em São

Paulo, Brasília, Portugal e

São Paulo
80
fotografia Filipe Cartaxo

“o Ser encontra a co�a”

Ensaio expo�o em São

Paulo, Brasília, Portugal e

São Paulo
82
fotografia Filipe Cartaxo

P&B01

P&B02
A Paradoxon Produções é a�ualmente cons-
tituída por Hernâni Duarte Maria (membro
fundador e realizador), Pedro Noel da Luz (di-
re�or de fotografia e realizador), e Joana Oli-
veira ( a�riz, cara�erizadora, guarda roupa e
assi�ente de produção).

Os filmes são o principal obje�ivo da Para-


doxon Produções, o de continuar a produzir e
a realizar curtas metragens, mas também os
fe�ivais de cinema, a divulgação do cinema
no Algarve, a concepção de mo�ras de cine-
ma independente e de extensões de fe�ivais
de cinema para o Algarve.

84
Paradoxon Produções A Paradoxon Produções continua o seu cami-
nho traçado, desde 1997. O cinema e, sobre-
tudo, a divulgação do cinema como cultura e
arte. Enfatizar e divulgar os jovens cinea�as
texto Hernâni Duarte Maria http://my�ace.com/paradoxonproducoes portugueses entre os quais e�e grupo se in-
Pedro Noel da Luz http://youtube.com/HernaniMaria clui, não ob�ante a dura tarefa de conseguir
Joana Oliveira www.camaradefilmar-paradoxon.blog�ot.com produzir e realizar os filmes, num país onde
as pequenas produtoras e�ão abandonadas.
É imperativo para a Paradoxon Produções
continuar os seus trabalhos quaisquer que
sejam os ob�áculos a tran�or. Já Charlie
Chaplin dizia,

“num filme o que importa não


é a rea�dade, mas o que dela
possa extrair a imaginação“
E é com e�e pensamento que a Paradoxon
Produções continua a sua caminhada no pre-
to e branco, no claro e no escuro do cinema
independente.
86
curta metragem “Desi�e”

Paradoxon Produções

Workshop “Quanto tempo dura um in�ante?” orientado por Carlos Carrilho e Dora Batalim
CAMJAP - Fundação Calou�e Gulbenkian • 15 de Dezembro de 2007
88

curta metragem “Insonia”

Paradoxon Produções

Melhor curta metragem nacional

Fe�ival internacional de cinema

Arouca 2008
90

curta metragem “Pausa” curta metragem “Pausa”

Paradoxon Produções Paradoxon Produções


92
texto Maria Keil · 1995 Os seres humanos são extraordinários. Incansáveis. Inesgo-
fotografia táveis.
José Pedro Santa Bárbara Desde que se conhece a hi�ória do pensamento que o ho-
mem* vem dando provas disso, descobrindo, inventando
coisas, necessárias e desnecessárias, continuamente, sem
tréguas, usando a sua prodigiosa faculdade de pensar.
E irá continuando assim até às últimas consequências.
Quais, não se imagina. Mas vai.
“Escamas 2” foi a propo�a de E não é só no campo dos grandes inventos. E�ou eu pensan-
exposição de fotografia de José do agora no que o homem* tem inventado para, dentro do
Pedro Santa-Bárbara que encer- possível, corrigir a Natureza que o criou tão indefeso.

Tão nu. Sem plumagem colorida, sem pelagem


rou o eixo temático para a cultu-

ra no ano de 2008 no concelho

de Alcochete, sobre o CORPO. prote�ora, sem escamas brilhantes, sem nada que o embe-
A exposição e�eve no Fórum leze como aos outros animais ricamente ve�idos.
Cultural de Alcochete de 15 No- O homem* tem-se defendido inventando coisas sem conta
vembro 2008 a 4 Janeiro 2009. para cobrir o corpo, para disfarçar a sua pobreza, a sua con-
É uma abordagem sobre as dição de animal nu.
modificações corporais, através (Temos de reconhecer que o homem* ao pé dos outros ani-
das tatuagens, num paralelismo mais de�e planeta é um animalzinho feio).
entre passado e futuro, uma vez Mas pensa. E sabe que é feio e nu. E faz o que pode para re-
que 12 anos antes surgia ‘Esca- mediar essa inju�iça da Natureza. Às vezes consegue.
mas 1’ (Valência “, Galeria Purga-

torio I; Ca�ellón, Galeria Centro Por isso fiquei tão encantada com as imagens que vi de cor-
Urbano). Alguns dos modelos pos tatuados.
de há 12 anos atrás deixaram Penso que o caminho e�á aberto para que a Humanidade vá
fotografar-se de novo, podendo mudando para melhor.
observar-se a evolução das suas

tatuagens em particular, e da

tatuagem em geral, o tipo de

desenho, o tamanho do desenho,

a cor, a colecção de diferentes [*onde se lê «o homem» leia-se o ser humano em todo o


autores num só corpo. texto]
94
fotografia

José Pedro Santa Bárbara


96

fotografia José Pedro Santa Bárbara fotografia José Pedro Santa Bárbara
98

fotografia José Pedro Santa Bárbara fotografia José Pedro Santa Bárbara
Workshop “Quanto tempo dura um in�ante?” orientado por Carlos Carrilho e Dora Batalim
CAMJAP - Fundação Calou�e Gulbenkian • 15 de Dezembro de 2007

fotografia José Pedro Santa Bárbara


102

fotografia José Pedro Santa Bárbara fotografia José Pedro Santa Bárbara
104
fotografia

José Pedro Santa Bárbara


fotografia

fotografias Cedidas por Lurdes Afonso José Pedro Santa Bárbara

composição gráfica Sandra Afonso


108
ilu�ração

Johan van Huys�een

“17 Wet 1”
110
fotografia Natalia Valle

“After the �orm”


112

fotografia Natalia Valle fotografia Natalia Valle

“Jewlery” “Sem título”


Cidade
é o tema da 4a e
A minha cidade dição da Mutante.
onde nascemos e a tua cidade. A cidade
mos, a cidade on, a cidade onde e�udá-
que visitámos d de vivemos, a cidade
ou a cidade real.e fugida, a cidade ideal
O burburinho, o As árvores e o betão.
Mas também os �ress e a poluição.
e o rio. sorrisos, os balo
Condições para
colaboração: iços
Cada número
tem um tema A data limite é 3
partida. A part como ponto de 1 de Março de 20
colaborações sã
ir daí, a forma
e o conteúdo da 09.
o completamen s Colabore com
te livres. a MUTANTE, so
e aberto a di mos um e�aç
A MUTANTE não ferentes per� o livre
e�á obrigada a propo�o. O te e�ivas sobre
os trabalhos re publicar todos ma do 4. o nú o tema
cebidos. Envie-nos os mero será a
seus textos, CIDADE.
ideias ou proj fotografias, de
As colaborações e�os, até ao senhos,
não são remun info@mutante dia 31 de Mar
114 eradas. .pt ço, para:
Os conteúdos
são da inteira
dos re�e�ivos re�onsabilidad
fotografia e montagem autores. e
Sandra Afonso Os colaborado
res, enquanto
clusivo dos dire titulares em ex
itos referentes -
intele�ual corr à propriedade
e�ondentes à
autor, autorizam sua condição de
a MUTANTE a di
car e a usar as vulgar, publi-
peças da sua au
online e numa toria, na versão
eventual versão
como nos vário impressa, bem
s meios e supo
nicação, ineren rtes de comu-
tes à divulgação
do proje�o. e publicidade

Créditos dos co
laboradores:
Todos os trab
alhos publicad
ficados. Para is os serão identi-
so, as colabora
devem ser ac ções enviadas
ompanhadas
dados: título da pelos seguinte
peça; nome do s
apresentação (m autor e breve
áximo 3 linhas)
website. E�es ; e-mail e/ou
dados devem se
ficheiro separa r enviados em
do e não deve
trabalhos, sobr m figurar nos
etudo, no caso
de imagens.
E�ecificações
técnicas:
As imagens de
vem ser enviad
formatos TIF ou as em CMYK no
JPG, em taman s
uma resolução ho real e com
de 300 dpi.
Os textos deve
m ter a dimensã
páginas, em Ar o máxima de 4
ial, tamanho 11
a 1,5 e�aço.
j COLABORADORES

Ana Calhau l anacalhau@netcabo.pt Daniel Biléu | danielbileu@hotmail.com


http://www.�orm-magazine.com/novodb/arqmais.php?id=418&sec=&secn= Daniel Biléu é um arti�a auto-didata que vive e trabalha no Rio de Janeiro.
http://www.lainsignia.org/2004/enero/cul_076.htm Em seu trabalho, cria aglomerados de formas, curvas, e�irais e linhas leves que formam um
Designer de Comunicação. Me�rado em Comunicação, Cultura e Tecnologias da Informação. delicado universo de símbolos com movimentos próprios. E�udou Hi�ória da Arte, Arte Con-
Trabalhou, entre outros, nos ateliers: Criativa, Proto Design e Quadrado Branco. Co-autora do temporânea e hoje, além das artes plá�icas, trabalha também com design e ilu�ração.
livro “Dia Por Ama”, com Eduiardo Prado Coelho [texto e imagem]. Proje�os/exposições indi- Influenciado pela Art Nouveau e arquitetura Art Deco e por alguns me�res da pintura moder-
viduais: “Font”, “Aurascape”, “Hífen” e “�e Source Flux”. A�ualmente trabalha como free- ni�a figurativa, como Modigliani, Gu�av Klimt e Egon Schiele.
lancer em design de comunicação, fotografia, ilu�ração e escrita poética. É possível encontrar em seu trabalho, muito de arte antiga indígena, como a dos Maori (Poliné-
sia) e dos Marajoara (Brasil). Toda essa mi�ura cria um e�ilo forte, elegante e único.
Andreia Correia | andreiacorreia2008@gmail.com
28 anos, Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas-Variante E�udos Portugueses; tem Filipe Cartaxo | filipecartaxo@gmail.com | http://www.flickr.com/photos/cartaxo/
uma pós-graduação em ensino de Português e um Me�rado em Literatura Portuguesa, cuja Poeta da luz, das formas simples e equilibradas, transforma a cena do cotidiano em belas ima-
tese foi defendida com o título “A Poética de Nuno Júdice - Da Viagem pela Terra de Ninguém gens contemporâneas. E�e jovem fotógrafo ‘coleta’, com seu olhar sensível, o lado humani�a
ou Da Geometria da Intimidade”. A�ualmente e�á a frequentar uma pós-graduação em Pro- representado por cada movimento e pelos ge�os congelados em suas imagens. Suas con�ru-
gramação e Ge�ão Cultural. Mal pode e�erar pelo que se segue, atendendo ao fa�o de go�ar ções parecem ter sido meticulosamente calculadas diante do rigor observável na composição
116 demasiado de e�ar sempre a aprender. A escrita sempre foi uma paixão; uma forma e�ecular de suas imagens. Filipe “descreve” vigorosamente com a luz o que poetas procuram expressar
de se re-conhecer. em versos. texto de Edgard Oliva
Já expôs em São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Salvador, Portugal.
Catarina Leal | cl@catarinaleal.com
Natural da Figueira da Foz, licenciou-se em design gráfico e ilu�ração pela ARCA-EUAC, Coim- Hernâni Duarte Maria
bra, em 2000. Em 2004 completa o Me�rado Photography and Urban Cultures pelo Goldsmi- Nasceu em Lagos no Algarve , 37 anos.
ths College, University of London, Reino Unido. Licenciado em património cultural pela Universidade do Algarve.
Desde 1997 que trabalha como designer, editora de fotografia e fotógrafa. Depois de viver mais Membro fundador da Paradoxon Produções.
de 5 anos em Londres, trabalha há 2 anos como dire�ora de arte para a Carré Noir, Grupo Pu- Realizador, argumenti�a.
blicis, em Sófia, Bulgária.
Isa Silva | isatatitati@live.com.pt
Cláudia Abrantes | claudiahabrantes@hotmail.com Isa Tatiana Jorge Pinto da Silva
Lisboa, 1984. Curso de Fotografia pelo Ar.Co e licenciada em Design gráfico pelo IADE. Exposi- Data de nascimento: 26-09-1987
ção de trabalhos fotográficos e menções honrosas no Concurso Nacional da Casa da Juventude Habilitações: finali�a do curso da licenciatura de Arte e Multimedia, Faculdade de Belas Artes da
de Póvoa de Varzim e no concurso CB Richard Ellis, Portugal. Ex-nadadora federada e campeã Universidade de Lisboa.
pela equipa do Benfica. Fã de serigrafias, colecciona livros e diários gráficos. A concluir o mes- Formação: formação na área de fotografia, ilu�ração, webdesign, videoarte.
trado em Produção Visual.
Isabel Cotrim
Cri�ina Ataíde | www.cri�inataide.com Sou antropóloga, embora me dedique, há muito tempo, a outras áreas.
Licenciada em Escultura pela ESBAL. Go�o da mudança e da diversidade, do verão... de comer 2 bolas de sorvete de limão, e juntar
Foi dire�ora de produção de Escultura e Design da Madein de 1987 a 1996. morangos com chocolate!
O seu trabalho e�á representado em colecções públicas e particulares.
Expõe individualmente e participa regularmente em exposições cole�ivas. Isabel Santa Bárbara | isabel.santabarbara@gmail.com
Tem várias esculturas públicas em Portugal e no e�rangeiro. Saí de Braga há 17 anos mas ainda digo a Avª João XXI (de Braga) é a minha rua. Adoptei Lisboa
sem ser adoptada mas, sou assim - vou sempre pelo caminho mais difícil.
Todos os dias tenho que sair, ver gente, ouvir a cidade – pode ser e�a ou outra qualquer – des-
de que mexa.
j COLABORADORES

Aos seis anos elegi a escrita como a minha forma favorita de comunicar. Marcelo Vieira | mvieiradg@gmail.com
Go�o do mar, de um bom vinho, de um bom livro, de uma boa conversa, de um beijo, de uma Marcelo Vieira, 27 anos, cidade de Araçatuba, SP, Brasil
árvore, do abraço dos amigos e das fe�as do meu gato. Formado em design grafico e ilu�rador, trabalho como free-lancer na área editorial, identidade
Às vezes também quero a Lua, mas ela vai aparecendo. visual e ilu�ração e trabalho em uma agência de publicidade.

Joana Oliveira Nuno Patrício/mnemonica | a.mnemonica@gmail.com


Nasceu em Lagos no Algarve , 27 anos. Go�o de observar o e�aço até mergulhar nele profundamente.
Licenciada em património cultural pela universidade do algarve.
Começou aos 15 anos no teatro oficina de lagos.
A�riz,cara�erizadora e re�onsável pelo guarda roupa. Pedro Noel da Luz
A�ualmente exerce funções de assi�ente de produção e a�riz na paradoxon produções. Nasceu em Portimão no Algarve , 32 anos.
Fotografo freelancer, editor de vídeo.
João Madeira | joao.madeira@ideal-line.pt Exerce funções de realização e direcção de fotografia na Paradoxon Produções.
Único membro de um núcleo familiar que não sabe desenhar, procura na escrita uma forma Frequentou o curso de formação profissional de tecnologias da informação e comunicação e
útil de exprimir a sua veia artí�ica. A�o inútil, pois o pendor para a dissensão aniquila a poesia multimédia de nível III no Centro de Formação Profissional de Alju�rel
118 e dá lugar à sátira. É nesse género que mais produz, embora por vezes se torne sentimental.
Não é feliz sem escrever, nem quando escreve, mas prefere ter as mãos ocupadas. Rita Verdades | ritaverdades@hotmail.com
“But i don´t want to go among mad people” said Alice.
João Tinoco | jbtinoco@yahoo.com | http://hamsalivros.wordpress.com “Oh, you can´t help that” said the cat. “we are all mad here.” by Lewis Carrol
Tem o curso de design do IADE. Trabalha “por conta própria” como designer e ilu�rador, no- O meu Mundo pessoal onde tudo é concerteza muito doido e ao mesmo tempo tudo muito
meadamente na área da literatura infantil onde tem vários livros publicados. “Naive”. Cores como o vermelho, o preto e o branco e�ão sempre presentes nas composições
Como editor freelancer criou o proje�o “Hamsa” que em breve lançará o 1º livro. desenhadas à mão com um traço meio primitivo.
No escuro encontra-se sempre e�erança em forma de coração e�e simboliza-me sendo
Johan van Huys�een | jvanhuys@hotmail.com como a minha assinatura/marca...
I was born in Pretoria on the 1� of December 1988 and matriculated at Hoërskool Waterkloof
in 2006. I am currently a second year BA Fine Arts �udent at the University of Pretoria. As of Sandra Afonso | sandraafonso@mac.com
yet I have obtained basic schooling in charcoal drawing, pa�el drawing, figure �udy, Adobe Designer de comunicação e ser mutante. Go�a de observar, analisar, partilhar e ma-
Photoshop® CS3, Adobe Premiere® Pro CS3, Adobe Indesign® CS3, oil painting, acrylic terializar as coisas que vou sentindo, por definição, sempre de forma diferente. Amanhã,
painting, sculpting in clay and bronze and wood work, printmaking (lino cuts and etching), e�as linhas seriam outras. O essencial continuará o mesmo.
photography (pinhole photography and manual SLR with film) and silkscreening.
I have been under tutorship of arti�s such as Dianne Vi�or, Guy du Toit, Berco Wilsenach, Sara Capitão | saraqcapitao@gmail.com
Prof. Margaret Gradwell (Slabbert), Rina Stutzer, Diek Grobler, Carla Crafford, Pieter Me�randa em “Reabilitação do E�aço Con�ruído”, Universidade de Coimbra. Licenciatura em
Swanepoel, André Naude and Angus Taylor. Arquite�ura pela ARCA-EUAC (2001). Pós-graduação em “Reabilitação e Re�auro em Arqui-
te�ura de Interiores” na Fundação Ricardo E�írito Santo Silva (2004). Trabalha a�ualmente
José Pedro Santa Bárbara | pi.santabarbara@gmail.com como freelancer. Ilu�rou o livro infantil “Uma Bola Sem Fronteiras” (2004), desenhou a ima-
Nasci nas Caldas da Rainha porque os meus pais viveram lá uns tempos mas sou lisboeta de gem dos equipamentos das equipas de giná�ica do Clube ACM de Coimbra e realizou uma ex-
alma (rockabilly) e coração (de leão). posição “Faeries” (2006) no Quebra-Club em Coimbra.
A casa é o meu porto seguro e go�o de conduzir a vida do meu sofá. Daí só go�o de sair para
uns copos com os amigos, um bom concerto, ir à praia ou viajar – de preferência juntar várias Sofia Macedo | macedosofia@gmail.com
de�as opções. E voltar a casa sabe sempre bem. É licenciada em Eng.Química e Pós Graduada em Enga Sanitária. Dedica-se também à fotogra-
Fiz foto reportagem anos a fio até finalmente ser freelancer. É muito arriscado mas quem não fia e realizou a primeira exposição individual em 2007 na Associação TenChi Internacional.
corre riscos?
Colofon
A revi�a Mutante
é uma criação de
Alexandra Bertrand,
Isabel Cotrim,
João Pedro Rato e
Sandra Afonso.
Compo�a com
a fonte Leitura
de Dino dos Santos.
Difundida através
de meio digital.
www.mutante.pt
Fevereiro de 2009

También podría gustarte