O grande perdedor Rodrigo Gomes da Paixo

O segundo turno das eleies brasileiras de 2010 revelou ao pblico um grande perdedor. Ledo engano quem pensa se tratar da oposio ao governo federal, capitaneada por PSDB e DEM, outrora maiores partidos do pas. O grande perdedor dessas eleies foi a grande mdia.

Em campanha velada a favor do candidato tucano Presidncia, as grandes empresas de comunicao do pas subestimaram o poder de discernimento do eleitor brasileiro. Se num passado no muito distante a mdia escolhia os candidatos e a funo do eleitor era apenas apertar "confirma" na urna, isso j no ocorre h algum tempo.

Na eleio desse ano, em particular, uma nova ferramenta de comunicao, a internet, colocou em xeque o -- antes inabalvel -- poder de influncia dos grandes veculos de comunicao. Se o poder de espalhar boatos contra a candidata governista mostrou-se rpido e eficaz na rede, o de desmenti-los se provou to ou mais eficaz. O poder de mobilizao em redes sociais como o Twitter tambm surpreende.

A influncia de um lder popular, que no precisa de intermedirios para se comunicar com o povo que representa, tambm foi um golpe duro para a grande mdia e seu candidato. O fato que, se continuar do jeito que esto, os grandes veculos de comunicao correm o risco de falarem a um pblico cada vez mais restrito. O pas guinou-se esquerda e a mdia, direita. O pblico no mais se v representado na mdia e comea a duvidar se algum dia sequer foi.

A mdia virou motivo de chacota na rede devido a seu grito desesperado contra a candidata de um governo aprovado por mais de 80% da populao e quase 90% dos prprios jornalistas. Que ameaas reais sua vitria representa liberdade de expresso? A verdade que o grito da grande mdia um lamento contra a descentralizao de verbas de publicidade do governo federal, que passaram a irrigar pequenos jornais de municpios igualmente pequenos.

Se por um lado a campanha eleitoral de 2010 foi caracterizada pelo desespero da grande mdia contra a candidata do PT, por outro lado esta campanha deve ser louvvel por iniciativas como as do jornal O Estado de S. Paulo e da revista CartaCapital, que declararam apoio a Jos Serra e Dilma Rousseff, respectivamente. Os veculos de comunicao no podem agir como partidos polticos por 3 meses e, no resto do ano, se apresentarem a seus leitores como guardies de uma suposta imparcialidade que seria inerente comunicao social. Fica a lio para aqueles que tentaram transformar bola de papel em pedra.