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Direito das Obrigações – 2º Semestre

Aula de revisões – docente Ana Isabel Neto

Caso Prático 1
António motorista da empresa X, em exercício de funções, foi colocar cartas a uma estação
dos CTT, pelo caminho e porque ia distraído, não reparou que Carla atravessava numa
passadeira, pelo que a atropelou causando-lhe ferimentos que lhe determinaram 15 dias de
internamento hospitalar, com incapacidade total para o trabalho. Carla pretende agora saber
que direitos lhe assistem e a quem os deverá reclamar?
No caso em apreço temos António, motorista da empresa X que estava no exercício das suas
funções. António é condutor por conta de outrem, e que, de acordo com o n.º 1, in fine, do
artigo 487º e a primeira parte do n.º 3 do artigo 503º, resulta culpado, a menos que consiga
ilídir a presunção de culpa. O que não vai conseguir fazer, pois estava distraído, não reparando
em Carla, quando se deu o acidente. Para que ele pudesse ilídir a presunção de culpa teria que
afastar os pressupostos do artigo 483º. E, para ilídir a presunção da primeira parte do n.º 3 do
artigo 503º, teria que dizer ao tribunal que um ou mais dos pressupostos do artigo 483º não
estão reunidos. Pelo contrário, parecem-nos reunidos, porque existe a prática de um facto
voluntário objectivamente controlável pela vontade humana, bastando para isso estar atento
à sua condução, e que é, também, um facto ilícito por violar o direito subjectivo alheio: direito
à integridade física de Carla.
Quanto ao nexo de imputação do facto ao agente por não se conhecer, com base no exposto,
nada que contrarie a sua imputabilidade prevista no artigo 488º, António é imputável e,
conforme o n.º 2 do artigo 487º, resulta culpado, até porque todos sabemos que um condutor
médio (bom pai de família) sabe que o facto de circular sem a devida, e exigível atenção, pode
originar uma situação conforme a descrita na hipótese (atropelamento de Carla). Classificando
o grau de culpa, pode considerar-se que o agente agiu com um grau de culpa de negligência
consciente, pois sabia que da sua conduta podia resultar algum perigo aos utentes daquela via.
Em relação aos danos, são verificáveis duas espécies: não patrimoniais, artigo 496º, (os
ferimentos que lhe determinaram 15 dias de internamento hospitalar, transtornando a sua
vida pessoal) e patrimoniais, artigo 493º, (15 dias de internamento geradores de uma
incapacidade total para o trabalho);
Atendendo ao nexo de causalidade entre o facto e o dano, em abstracto, podemos considerar
que a desatenção de um condutor será facto, por si só, suficiente para ser causa dos descritos
danos. O que, em concreto, constatamos que temos nexo de causalidade entre o facto e os
danos expressos na hipótese.
Conclui-se, então, que António, pelo supra exposto não conseguiria ilídir a presunção de culpa
que sobre ele recai nos termos do artigo 503º/3, e ficaria onerado com a obrigação de
indemnizar. Mas, porque ele é um comissário (condutor por conta de outrem), isto remete-nos
para o artigo 500º. Portanto, se entre o comitente (empresa X) e o comissário (António) existe
uma relação seja ela de que tipo for, o que importa é que tem que haver uma relação em que
o comitente encarrega o comissário de uma determinada tarefa. Por este facto, o comitente
poderá ter que indemnizar os danos que o comissário causou, mas, se se verificarem os 3
pressupostos do artigo 500º que se traduzem numa responsabilidade objectiva, independente
da culpa, isto porque o comitente usufruiu dos benefícios de ter ao seu dispor uma
determinada pessoa e por isso é obrigado a suportar os danos que ela provoque. Para que a
empresa X responda nos termos do artigo 500º têm que existir a relação entre o comitente e
o comissário, que o facto tenha ocorrido no exercício das funções de comissário e que sobre o
comissário recaia a obrigação de indemnizar. Conforme expõe o caso, António havia ido aos
CTT, em exercício de funções. E, conforme supra referido sobre ele recaia a culpa, logo,
conferindo-se preenchidos os pressupostos do artigo 483º, bem como aplicável o exposto na
primeira parte do n.º3 do artigo 503º, remetendo-nos então para o artigo 500º, em particular
nos nºs 1 e 2. Assim, entende-se o comitente como obrigado a indemnizar. No entanto,

António Albuquerque – 2400030 – Direito 1


3.º Ano – Lusófona – 2006/07
Direito das Obrigações – 2º Semestre
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embora o comitente adiante a indemnização, tem posteriormente o direito de regresso


integral por parte do motorista (cf. n.º 3 do artigo 500º).
Caso Prático 2 – parte 1
A vendeu a B um quadro por 40.000 Euros ficou acordado que o quadro seria entregue e o
preço pago no dia 20 de Maio pelas 15 horas. Qual o local da entrega do quadro e do
pagamento do preço?
As partes são livres de celebrar os contratos que quiserem de acordo com a sua vontade e de
fixar livremente o conteúdo dos mesmos e, em princípio, só contratam se quiserem. Mas, uma
vez celebrado o contrato deve ser pontualmente cumprido. Principio da pontualidade e
principio da integralidade (os contratos devem ser cumpridos ponto por ponto e
integralmente).
No caso em apreço as partes celebraram um contrato de compra e venda, que sendo bilateral
obriga ambas as partes, isto é, ambos são simultaneamente credores e devedores. O vendedor
é devedor da coisa vendida e credor do preço da mesma. Enquanto que o comprador é
devedor do preço e por sua vez credor da coisa comprada. No contrato celebrado pelas partes,
estas não disseram tudo, ou seja, não disseram qual é o lugar da prestação.
Temos, assim, que nos socorrer dos princípios gerais, lugar da prestação, que de acordo com o
estipulado no n.º 1 do Art.º 772º, seria o domicilio do devedor, ou do n.º2 do mesmo artigo se
houver alteração do domicilio após celebrado o contrato. Podendo, então, o local do
cumprimento da obrigação por força do artigo 772º e porque se trata de um contrato de
compra e venda aplicar-se-ia o regime especial para estes, ou seja, o artigo 885º, que refere,
no seu n.º 1, que “o preço deve ser pago no momento e no lugar da entrega da coisa vendida”.
Portanto, considerando o previsto nestes dois artigos e por não ter sido feita na celebração do
contrato a estipulação do local quer da entrega, quer do pagamento do preço, poderiam
ocorrer, em simultâneo, no local do domicilio do devedor. Mas, tratando-se de coisa móvel,
conforme o n.º 1 do artigo 773º, a obrigação deve ser cumprida no local onde a coisa se
encontrava quando se concluiu o negócio. Assim, ambas as obrigações terão lugar, com base
nesta ultima norma, no local onde a coisa se encontrava quando se concluiu o negócio.
Como complemento poderá dizer-se que a obrigação extingue-se quando o devedor realizar a
prestação a que se vinculou (n.º 1 do artigo 762º)
Caso Prático 2 – parte 2
Admitindo que A se esqueceu do compromisso e que e que não se deslocou ao local devido,
tendo o quadro vindo a perecer no dia seguinte por descuido seu. Quais as consequências
que dai resultariam?
No dia e hora acordados para o cumprimento da obrigação a peça existia e o cumprimento da
obrigação era possível, porque o credor lá estava para receber o quadro, só que o devedor se
esqueceu e não compareceu, mas sabia que a entrega do quadro era uma obrigação sua.
Portanto, A actuou com culpa (inconsciente) ao não comparecer, porque era possível a A
colocar um lembrete, nem que fosse no frigorifico, para não faltar ao cumprimento da
obrigação. Por força do previsto no n.º 1 do artigo 804º, A por se encontrar em simples fica
obrigado a reparar os danos causados a B.
Assim, A ao actuar com culpa entrou em mora, porque a prestação ainda era possível, o credor
ainda estava disponível para realizar a prestação, ou seja, ainda não tinha ocorrido
desinteresse por parte do credor na prestação, como tal não tinha ocorrido a perversão da
mora em incumprimento definitivo. Só que durante a mora do devedor o quadro pereceu.
E assim o devedor moroso suporta o risco de perda ou deterioração da coisa (Art.º 807º)

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3.º Ano – Lusófona – 2006/07
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Caso Prático 2 – parte 3


Admita agora que o quadro pereceu 2 dias após a celebração do contrato por facto não
imputável ao vendedor. Quais as consequências?
Verifica-se aqui uma Impossibilidade superveniente da prestação, não imputável ao devedor –
impossibilidade não culposa – e porque houve transferência de domínio do objecto da pessoa
do devedor para a pessoa do credor, aquando do contrato de compra e venda, então a
deterioração ou o perecimento da coisa correm por conta do adquirente (Art.º 796º/1),
portanto, B ficava obrigado a pagar o preço do quadro embora não lhe tivesse sido entregue
por A.
Por outro lado, se por algum motivo, entrou no património do devedor do quadro, algo que o
veio a substituir – que veio substituir o valor do quadro em virtude de ter accionado um seguro
– o credor continua obrigado a pagar o preço, mas pode reclamar o «Commodum» de
representação (Art.º 794º) ou seja, aquilo que no património do devedor substitui o objecto
da prestação.
No caso concreto, se por um lado o devedor recebesse da companhia de seguros e por outro
lado recebesse o preço do quadro, pago pelo credor do quadro, então configurar-se-ia um
enriquecimento sem causa do devedor, daí que o credor possa reclamar o «commodum» de
representação.
Conclui-se, ainda, que de acordo com o n.º 1 do Art.º 790º este facto gera a extinção da
obrigação, na impossibilidade por causa não imputável ao devedor.

António Albuquerque – 2400030 – Direito 3


3.º Ano – Lusófona – 2006/07

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