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psicologia
conselho diretor:
anita de castilho e marcondes cabral
nelson rosamilha
oswaldo de barros santos
in memorian:
dante moreira leite
capa:
jairo porfírio
1982
índice
introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
7. a personalidade e a auto-afirmação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
o eu pessoal, o eu social e a emergência da auto-afirmação. a ocorrência
patológica. neurose e significado da vida. valores sociais e a auto-afirmação.
perspectivas humanísticas e filosóficas.
parte iii
aplicaÇÕes em situaÇÕes especiais
referências bibliográficas. . . . . ., . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..
english-abstract . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
introdução
quadro 1
exemplos de mÉtodos de orientaÇÃo, aconselhamento psicolÓgico e
psicoterapia
fundamentos
procedimentos comuns
como se verifica em vários autores (hahn & maclean, 1955; stefflre & grant,
1976; sundberg & tyler, 1963; wolberg, 1977), há grande variação nos
procedimentos adotados nesta categoria metodológica de tipo "orientador" ou
“diretivo" .
ainda que prevaleça o sentido sociocêntrico,. baseado em padrões
culturais, tenta-se, do ponto de vista psicológico, reduzir ao mínimo a diretividade
procurando-se reduzir tensões e preparar a pessoa para decisões socialmente
desejáveis. em geral, os procedimentos mais comuns são: 1) discussão com o
psicólogo dos prós e contras de cada situação; 2) informação, pelo psicólogo, com
base no diagnóstico, das possíveis causas e da possível evolução das reações
observadas; 3) opinião do psicólogo no sentido de estimular ou de impedir a
consecução de certos planos; 4) planejamento de situações, com o cliente,
envolvendo assuntos relacionados com os problemas tratados.
dificilmente se encontra, na literatura, a citação de pormenores técnicos do
método, isto é, sobre o tipo de diálogo e atuação pelo qual o psicólogo conduz o
relacionamento com o cliente. em geral" são citados métodos de interpretar
resultados de testes face a uma situação considerada e prognósticos que podem
ser levantados. limitam-se os autores a afirmar que "o cliente deve ser informado",
que" deve tomar conhecimento j' , que o psicólogo deve considerar isto ou aquilo e
que o cliente deve decidir.
em geral, qualquer dos procedimentos aqui citados, como outros, análogos,
,embora com nomenclatura diferente, compreendem três etapas:
fase catártica
fase de diagnóstico
fase de decisões
com o quadro do cliente diante de si, o psicólogo é levado à compreensão
do comportamento do cliente e à decisão sobre os procedimentos aplicáveis para
prevenção, ajustamento ou alteração de conduta. a característica básica reside na
maior dose de iniciativa e decisão atribuída ao psicólogo. este espera o cliente
colocar os problemas e as soluções, mas, se estas não surgirem, assume o
psicólogo o papel de proponente. o diálogo é uma troca de idéias. o psicólogo
informa, de modo impessoal, sobre os dados apurados, baseando-se em
interpretações clínicas e estatísticas (meehl, 1954; super, 1955; coule, 1960;
goldman, 1961). evita personalizar as situações e oferece panoramas gerais,
impedindo o aparecimento de nova ansiedade quando certos dados possam
contrariar os alvos do cliente. ao discutir com este, o psicólogo, ao mesmo tempo
que informa, tenta explorar em cada idéia ou fato novo os sentimentos manifestos.
essa atuação, informativa e exploratória, leva o cliente a conhecer suas
possibilidades e, desde que não gere tensões, produz condições favoráveis para
escolhas e decisões. É uma etapa difícil, principalmente quando existem dados
fortemente contrários às expectativas da pessoa. em geral, é mais cauteloso
esperar que esta, pouco a pouco, com a atmosfera de conforto criada pelo
psicólogo, possa ir, ela própria, inferindo conclusões. as interferências no sentido
de ordenar, proibir, persuadir não têm, em geral, mostrado eficácia. a informação e
a exploração subseqüentes e imediatas nos parecem ser o procedimento mais
adequado até agora encontrado. o psicólogo julga e avalia as possibilidades do
cliente, mas o faz atenuando qualquer grau de dependência ou de ansiedade, na
medida em que seja capaz de, concomitantemente com a informação, incluir
atitudes que conduzam o cliente a explorar-se a si mesmo e à tomada de
decisões.
variações no processo
persuasão
trata-se de imposição comportamental, no plano da ideação e da ação,
baseada em padrões de conduta previamente definidos como únicos possíveis e
válidos. de efeito sugestivo, atua sob a forma de dissuasão racional, geralmente
associada a recompensas e punições. É de valor ético discutível e somente
indicado em situações de emergência e de perigo para o cliente ou para outras
pessoas. inclui, muitas vezes, a doutrinação e a orientação das pessoas para
comportamentos sociais ou políticos emanados de um grupo dominante. um
exemplo extremado deste procedimento é a chamada "lavagem cerebral".
manipulação ambiental
fundamentos
técnicas diversas
fundamentos
procedimentos comuns
reflexologia
arteterapia
ludoterapia
semântica
modificação do comportamento
neste conjunto de recursos, condenado por muitos, aceito por outros, mas
aberto a conjecturas, haveria que distinguir algumas posições principais, a saber:
1) procedimentos que, embora sob denominações diversas, incluem-se no campo
da fisiologia e da psicologia convencional ou da ciência em geral; 2)
procedimentos relacionados com doutrinas ou práticas não ortodoxas, baseados
em “forças” ou agentes sobrenaturais; 3) procedimentos parapsicológicos que
incluem parte do primeiro grupo, parte do segundo e fenômenos ainda pouco
esclarecidos.
a primeira posição pouco acrescenta, do ponto de vista científico atual, aos
procedimentos que a ciência dispõe; apenas muda-se de nome e tenta-se criar
uma doutrina própria. o ritual que os acompanha é, geralmente, parte de um
revigorante influxo sugestivo ou um processo bem elaborado de condicionamento
operante e, desse modo, produz resultados. podem ser incluídos neste grupo: o
hinduísmo, para estados de tensão e que compreende, em geral, relaxamento
muscular, meditação e, depois, concentração em soluções objetivas para os
problemas; a yoga, uma variante do hinduísmo que visa ao autocontrole, em
vários estágios; o budismo, que busca o controle de todos os desejos e o domínio
de si mesmo como técnica para eliminar sofrimentos; o zen-budismo, baseado na
intuição e na iluminação, na procura de maneiras diferentes de solver problemas;
muitas técnicas orientais, influências astrais e de fenômenos da natureza (barter,
1967).
a meditação, outrora pertencente apenas ao campo do comportamento
esotérico, próprio de certos rituais orientais, é hoje um procedimento aplicado
como recurso terapêutico básico ou associado a outros métodos. maupin (1965) é
considerado um dos pioneiros nas investigações e aplicações experimentais do
método. deikman (1966), paralelamente, relata que a meditação pode induzir a
pessoa a libertar-se de estereótipos mentais e atingir formas mais agradáveis de
encarar as realidades existentes.
a meditação pode relacionar-se, no plano teórico ou operacional, a outros
procedimentos, tais como o treinamento autógeno, de schultz, à yoga, à auto-
regulação do processo cerebral e aos processos genéricos de tomada de
consciência (chang, 1978): estudos citados por hart e tomlinson (1970) indicam a
ocorrência de mudanças fisiológicas devidas à meditação e que a pessoa “pode
aprender a controlar suas ondas mentais” (p. 588). dizem os mesmos autores que
“se o homem puder aprender a controlar sua própria consciência, através da
combinação de antigas técnicas com a moderna tecnologia, estaremos entrando
em uma nova idade cultural” .
a meditação lembra, ainda, a terapia morita (chang, 1978) e implicações em
áreas correlatas tais como a percepção do próprio eu, um recurso para entender a
consciência e o uso de processos subjetivos para controle mental. infelizmente,
há poucas pesquisas significativas sobre tão fascinante campo e muitos
métodos e técnicas são, apenas, comercialmente explorados.
na segunda posição podem ser encontrados certos cultos e crendices com
grande variedade de atuações físicas, materiais e espirituais; pode incluir
superstições, magias e correlatos.
embora a dimensão do transcendente em terapia não seja ignorada pela
ciência psicológica, sua deturpação sob a forma de rituais exóticos é francamente
questionada pelos riscos que a obsessão e a compulsão podem acarretar.
sacrifícios pessoais e atos anti-sociais podem ter origem em posições místicas
inabaláveis. muitos líderes carismáticos, atuando sobre pessoas emocionalmente
imaturas ou em extremos graus de ansiedade ou sofrimento, podem converter-se
em “agentes” de cura ou de solução de problemas. o culto de imagens, de
pessoas vivas ou mortas, de gestos, de palavras e de hábitos, bem como as
expiações deliberadamente impostas e deliberadamente aceitas, inclusive
autotortura e flagelamento, em funções de certos “deuses” ou símbolos mágicos, é
atuação comum notadamente em povos primitivos e nos habitantes
marginalizados de grandes concentrações urbanas.
os sistemas com base na fé podem produzir curas, seja por efeitos
sugestivos, seja por modificação biopsíquica resultante de redução de tensão, seja
por outros fenômenos ainda não totalmente explicados. neste grupo encontram-se
toda sorte de ações, inclusive as que ocorrem em sessões espíritas.
em uma terceira posição encontra-se um conjunto de fatos e de atuações
na área da parapsicologia e, a julgar pelos dados existentes até o momento,
segundo a maioria dos autores, “os fenômenos parapsicológicos, na realidade,
não passam de fenômenos psicológicos” (ribas, in amadou, 1969). embora essa
afirmação tenha certo conteúdo de verdade, não se pode negar a existência de
outros fenômenos (as funções psi) que não se acham, ainda, suficientemente
explicados pela psicologia comum ou científica.
É pensamento do autor que o aconselhamento e a terapia psicológica por
procedimentos parapsicológicos enquadram-se, embora não nominalmente, na
vasta gama de métodos e técnicas já conhecidos, principalmente nos
procedimentos reflexolôgicos, comportamentais, persuasivos e sugestivos. há que
se admitir, todavia, a possível ocorrência de eventos que, embora possam se
enquadrar no campo científico que conhecemos, ainda assim constituem áreas
que precisam ser consideradas e investigadas.
segundo amadou, a utilidade da parapsicologia consiste em permitir melhor
conhecimento da natureza psicológica e fisiológica do homem. “se a psicologia
profunda dá às manifestações paranormais o seu sentido pessoal e as recoloca no
seu contexto individual, em compensação a parapsicologia enseja aos analistas
não vaguearem acerca da interpretação de determinada manifestação paranormal
e os habilita a compreender e a fazer compreender melhor ao paciente seu próprio
inconsciente, permitindo-lhe que atue sobre ele” (amadou, 1969). em suma, não
nos parece haver, até o momento, suficientes razões para se acreditar em
métodos e técnicas exclusivamente parapsicológicas, com causas, procedimentos
e resultados próprios de um novo sistema psicológico. contudo, um estudo de
procedimentos nessa área é indispensável.
da psicoterapia
síntese histórica
a) congruência e autenticidade
É a relação genuína e sem fachada. o terapeuta é o que é, plenamente
aberto aos sentimentos e atitudes que “naqueles momentos fluem nele próprio”. e
chamada de congruência e significa, também, que o terapeuta é capaz de dispor
dos sentimentos que nele próprio ocorrem, acessível à sua percepção e apto a
comunicá-los, se necessário. não se nega a si mesmo.
a congruência é maior na medida em que ele, terapeuta, seja capaz de
ouvir, com plena aceitação, o que ocorre em si mesmo e de vivenciar, sem medo,
a complexidade de seus sentimentos.
na vida diária sentimos essa situação. há pessoas que nunca são elas
mesmas; operam sob uma máscara ou fachada: dizem coisas que não sentem,
são incongruentes e dificilmente com elas nos abrimos. confiamos, porém,
naquelas que são o que são, sem a fachada de polimento ou de profissão.
diz rogers que tem sentido uma confirmação clínica e experimental dessa
hipótese. os terapeutas melhor sucedidos no lidar com clientes não-motivados,
resistentes, doentes crônicos, pobremente educados, são os que, antes de tudo,
são reais; que reagem de uma forma genuína, que exibem essa autenticidade e
que são assim percebidos pelo cliente. ser congruente pode significar, às vezes,
exprimir aborrecimento, preocupação ou frustração no relacionamento com o
cliente, mas de forma tal que este sinta que isso parte do próprio terapeuta e não
dele, cliente. eis por que técnicas psicoterápicas tão diversas podem ser efetivas
na medida que haja essa condição de congruência, ainda que atingida de maneira
diversa (rogers, 1965b ).
a dinâmica do processo
diz rogers (1961), “mas o que faz a pessoa mudar para melhor, quando
durante um certo período mantém contato com um terapeuta que aplica as
condições previstas?”
respondendo, diz que as reações do cliente são uma recíproca das atitudes
do terapeuta. primeiramente, como o cliente encontra alguém que ouve, em
atitude não-crítica a seus sentimentos torna-se, pouco a pouco, apto a ouvir a si
próprio. começa a receber comunicações de dentro de si mesmo; percebe que
está zangado; reconhece quando se acha amedrontado ou, apesar disso,
corajoso. À medida que se torna mais aberto ao que ocorre em si mesmo, passa a
ouvir os sentimentos que antes negava ou reprimia. passa a perceber os
sentimentos que lhe pareciam tão terríveis, desorganizadores, anormais ou
vergonhosos e que, anteriormente, não fora capaz de reconhecer. enquanto
aprende a ouvir a si mesmo, torna-se capaz de aceitar-se melhor. expressa, cada
vez mais, os aspectos desagradáveis e escondidos de si mesmo. lentamente, ao
verificar as atitudes de consistência e de consideração positiva e incondicional do
terapeuta, passa a tomar as mesmas atitudes para consigo, aceitando-se e
reconhecendo-se tal como é e, portanto, pronto a mover-se para frente, no
processo de amadurecimento. sente-se capaz de retirar as fachadas que tem
usado, eliminar certas defesas e abrir-se ao que realmente é.
o cliente, ao passar por esse processo, move-se em um continuum. vai do
estado no qual os sentimentos são irreconhecíveis, impessoais, inexpressos, para
um fluxo no qual cada sentimento é experienciado no momento, percebido, aceito
e adequadamente expresso. inicialmente, o cliente está distante de sua própria
experiência. um exemplo bem claro é o das pessoas que intelectualizando- falam
sobre si mesmas de forma abstrata, deixando quem as ouve sem saber o que se
passa nelas mesmas. dessa distância, move-se o cliente para uma experiência
imediata, na qual vive abertamente essa mesma experiência e começa a saber
que pode voltar a seus sentimentos e descobrir seu significado.
o processo envolve uma liberação dos mapas cognitivos da experiência.
partindo de experiências construídas de forma rígida, percebidas como fatos
externos, dirige-se o cliente para uma situação moldável que se constrói e se revê
a cada nova experiência. o processo, portanto, move-se da fixação, distância,
rigidez de autoconceito, alheamento a pessoas, impersonalismo de funcionamento
a um estado de maior fluidez, permeabilidade, imediatismo de sentimentos e de
experiência, aceitação destes e descoberta de um “eu” que muda como fruto das
experiências que se vêm modificando. surge maior realidade e estreitamento de
relações e uma unidade e integração de funcionamento.
t - creio que seu silêncio significa que ou você não queria ou não podia ter
vindo agora. está certo; não há problema. assim, eu não vou incomodar você, mas
apenas quero que você saiba que estou aqui.
(longo silêncio de 17 minutos.)
t - acho que daqui há pouco teremos de suspender nosso encontro.
(breve silêncio.)
t - É difícil para mim saber como você tem se sentido. parece-me que talvez
você prefira que eu não saiba como você se sente. de qualquer forma, parece
que, às vezes, é melhor a gente descansar... e relaxar os músculos. mas, como
lhe disse, eu realmente não sei como você se sente. É a única coisa que tenho
para lhe dizer. a vida tem sido dura ultimamente?
(breve silêncio.)
t - talvez esta manhã você preferisse que eu ficasse quieto. .. e, talvez
fosse melhor, não set; entrar em contato com você de algum jeito.
(silêncio de 2 minutos - o cliente boceja.)
t - você parece desanimado ou cansado.
(silêncio de 40 segundos.)
c - não, somente chateado.
t - tudo é chato, hein? você se sente chateado?
(silêncio de 40 segundos.) .
t - quer voltar sexta-feira, às 12 h, como sempre?
c - (boceja e diz qualquer coisa de forma ininteligível.)
(silêncio de 48 segundos.)
t - É uma espécie de chateação, na qual a gente se afunda. sentimentos
chatos, hein? É alguma coisa assim?
c - não.
t - não?
(silêncio de 20 segundos.)
c - não. nunca fui bom para ninguém, não sou e nunca serei.
t - sente isso agora, hein? que você não é bom para você, não é bom para
ninguém. nunca será bom para ninguém. completamente sem valor, hein? esses
são realmente sentimentos chatos. você se sente sem valor nenhum, não é?
c-É. É aquilo que o sujeito que foi comigo para a cidade me disse outro dia.
.
t - essa pessoa que foi com você à cidade realmente falou-lhe que você
não serve para nada? É isto que você está dizendo? será que ouvi direito?
c-É.
t - acho, se entendi direito, que aí há alguém que significa algo para você; o
que ele pensa de você, porque ele disse que você não serve para nada e tocou
num ponto sensível.
(o cliente chora, quieto.)
t - e isso faz você chorar.
c - eu não me incomodo.
t - você diz a você mesmo que não se incomoda; mas eu penso que parte
de você se incomoda, porque alguma parte de você chora...
parte ii
observaÇÕes pessoais
nosso contacto com as teorias e técnicas de rogers teve início com a leitura
de seu livro counseling & psychotherapy, editado em 1942 e do qual tivemos
conhecimento alguns anos depois. começamos a adotá-las nos casos de
orientação vocacional, procurando trabalhar com a resistência daqueles que
exigiam "conselhos", "indicações" e até decisões vitais sobre eventos de sua vida.
em 1956 e 1957, em curso regular de pós-graduação realizado na florida state
university e na columbia university, nos estados unidos, tomamos contacto mais
profundo com os conceitos e com a metodologia rogeriana e ao regressar ao brasil
passamos a aplicá-los em clínica psicológica. embora a observação indicasse
êxitos na condução de alguns casos, havia ainda um longo caminho a percorrer
para que sentíssemos, realmente, os efeitos profiláticos ou terapêuticos da
posição rogeriana. ao lecionar aconselhamento psicológico nas universidades
católicas de campinas e de são paulo e, posteriormente, na universidade de são
paulo, tivemos ocasião de aplicar e estudar o método rogeriano com alunos do
curso de psicologia e com clientes atendidos na universidade, no senai e em
nossa clínica particular.
as observações resultantes da aplicação do método, tanto quanto possível
na forma proposta por rogers, quando comparadas com a aplicação de outros
métodos (barros santos, 1970) parecem confirmar a suposição de que há algo de
comum em todos os métodos e que responde pelo sucesso terapêutica':
reexaminando-se os resultados por nós colhidos na relação terapeuta-cliente e
nos julga dores externos, seria possível inferir que as atitudes terapêuticas
propostas por rogers teriam, para o cliente, um sentido todo especial de auto-
afirmação, não suficientemente aceito ou explicado por rogers. e, a ser verdadeira
a hipótese que levantamos, ou seja a de ser a auto-afirmação um ingrediente
terapêutico essencial, seria esse sentimento um determinante básico do
comportamento humano? estaríamos, assim, diante de uma colocação teórica
que, partindo da genial concepção de rogers, poderia transformar-se em um neo-
rogerianismo como fruto natural do enriquecimento teórico e prático de suas
próprias teorias e técnicas.
a possibilidade de um neo-rogerianismo mais se acentua na medida em
que alguns aspectos da posição de rogers tornaram-se muito vulneráveis à crítica,
ou seja:
1. antes, como agora, opõe-se rogers ao diagnóstico formal, inquisitivo,
através do ritual de muitas clínicas psicológicas onde a pessoa se vê coisificada,
manipulada, a mercê de "especialistas" que vão orientá-la. nesse aspecto cremos
que rogers retrata com rara felicidade as preocupações dos psicólogos, não só
pelas falhas intrínsecas dos recursos de avaliação (adaptabilidade, precisão e
validade), como pelos agentes emocionais presentes na situação de exame,
dentre os quais estão a motivação e a disponibilidade para ser avaliado e, em
alguns casos, a tendência do cliente em refugiar-se em uma ajuda externa sem
dela participar.
a exclusão total do diagnóstico é, porém, outro fenômeno. parece-nos
ingênuo, quando não fantasioso, admitir que podemos nos abster de diagnosticar.
conhecer o cliente e avaliar nossas possibilidades de ajuda, seja isso chamado ou
não de diagnóstico, é uma atitude e uma operacionalização que, queiramos ou
não, é normalmente existente. o simples fato de se conhecer o cliente pelo sexo,
idade, escolaridade, ocupação e motivos de seu contacto com psicólogos são
exemplos de "diagnósticos", embora superficiais. o próprio rogers descreve seus
casos usando adjetivos qualificativos ou situações de vida que não deixam de ser
uma caracterização da pessoa em estudo. aliás, o próprio rogers diz que não
existe percepção sem significado. ao receber e nos relacionarmos com alguém
estamos percebendo uma relação e seu significado para nós e para o cliente o
que, evidentemente, está ligado a algum tipo de diagnóstico.
2. quanto à dinâmica do processo, descarta rogers a tendência
homeostática do organismo no plano psicológico e crê que o homem está sempre
procurando tensões, em um esforço a que se chamaria de curiosidade, na busca
de estímulos mais complicados e enriquecedores (evans, 1979). o que existe, diz
rogers, é que "todo organismo tem uma tendência a se manter, a se aperfeiçoar se
possível e, finalmente, a se reproduzir" (evans, 1979). os conceitos e os títulos
dessa motivação são menos importantes.
ao comentar as idéias de rogers, richard farson (in evans, 1979, p. 35) diz
que “rogers mostrou que coisas maravilhosas aconteciam quando se confiava e se
aceitava a pessoa, quando seus sentimentos eram respeitados e valorizados,
quando ela se sentia segura e compreendida”.
ao expressar suas idéias, rogers mostra o efeito mas não a causa das'
'coisas maravilhosas “; identifica o produto e o procedimento (as três condições
básicas, supõe-se...) mas não a etiologia do fenômeno. nesse ponto, iguala-se a
skinner e a outros psicólogos, por ele mesmo criticados, que se baseiam nos
efeitos observáveis mas se abstêm de se aprofundar nas origens do
comportamento como fez freud. ora, se quisermos aperfeiçoar os procedimentos,
torná-los mais amplos e mais acessíveis, temos que conhecer a gênese do
comportamento, a partir dos primeiros elos da corrente que o guia ou da fonte de
onde brotam os sentimentos e a ação racional. a abordagem puramente
fenomenológica e a comportamentalista embora sugestivas parecem insuficientes
na explicação do comportamento”.
a tentativa de análise dessa dinâmica comportamental nos conduz ao
problema da motivação humana. rogers pouco diz sobre algo que nos parece
fundamental na longa experiência com pessoas e situações: a auto-afirmação.
concentra-se ele, sobretudo, no "desenvolvimento do conceito do eu" (evans,
1979). durante a terapia torna-se mais consciente e mais claro o conceito que o
cliente faz de si. esse autoconceito muda e nisto consiste a terapia.
tentativamente, diríamos que justamente nesse ponto se focaliza o núcleo do
ingrediente terapêutico: o autoconceito e a imagem favorável ou desfavorável que
a pessoa tem de si; a afirmação de si mesma como ser-alguém, com percepção
não traumática de seus limites e com percepção não narcisista de suas
possibilidades. rogers mostrou-nos um caminho no qual não quis, ou não pôde,
prosseguir; abriu-nos, porém, as fronteiras e um novo território aflorou.
7 - a personalidade e a auto-afirmação
o eu pessoal, o eu social e a emergência da auto-afirmação
a ocorrência patológica
parece evidente ao autor que a maioria, senão a totalidade dos distúrbios
emocionais, dei origem não-biológica, provém do aniquilamento do eu pessoal e
da conseqüente necessidade de fazê-lo emergir. a percepção de ser
desvalorizado, desprezado, preferido, parece ser a mais contundente experiência
humana. e o homem assim percebido ingressa em defesas para compensar essa
desvalorização de algum modo e, enquanto isso não ocorre, permanece em
estado de real sofrimento. não importa se esse sentimento de desvalia seja real ou
imaginário. desde que a pessoa o sinta, atua como se fosse real.
as compensações psicológicas explicadas pelos mecanismos de defesa
(freud,ana freud e outros) são meios pelos quais o indivíduo recompõe seu
equilíbrio emocional, revendo-se como alguém, bom, útil e expressivo. Às vezes
essa defesa é socialmente inaceitável, não adaptativa, como no caso do indivíduo
que rouba, assalta ou mata para vingar-se, para aparecer, ou para mostrar que
existe e que é alguém. nesses casos, o indivíduo está psicologicamente
equilibrado mas socialmente condenado. noutras vezes, busca afirmação em
obras ou atividades que substituem suas deficiências ou pseudo deficiências e
que são aceitas e socialmente valorizadas. obtém-se, nesse caso, um equilíbrio
social e psicológico adequado. outras vezes, porém, permanece o indivíduo no
plano da nulidade ou da não-existência e esse sentimento, profundamente
traumático, gera angústias às vezes insuportáveis. aí estariam, pois, as nascentes
de todos os problemas psicológicos. manipulá-los, terapeuticamente, com
compensações ou com nova visão de si e dos referenciais externos, é todo o
trabalho da reeducação, da reabilitação ou da psicoterapia e os casos que
mencionamos em páginas anteriores são exemplos que podem ser significativos.
o problema psicológico, manifesto por tensões, angústias ou
comportamentos socialmente indesejáveis, parece brotar como conseqüência da
aniquilação individual, ou, em menor grau, do sentimento de incapacidade ou de
rejeição. isto porque a própria sociedade exige o conformismo a seus padrões e,
logo a seguir, a expressão individual, ou seja, uma capacidade individual de ser
alguém, de resolver problemas, de tomar iniciativas e de dar contribuições à
sociedade. diante dessas exigências antagônicas, conformismo versus expressão,
o indivíduo vê-se perplexo. precisa adaptar-se e precisa ser alguém, para não ser
tragado pelo niilismo. pode conformar-se totalmente e mergulhar no anonimato, no
nada ser, como defesa. É o seguidor sem restrições, para quem tudo está bom.
aceita o niilismo sem tensões. noutro oposto, está o contestador extremado, que
movido pelo seu eu pessoal tudo questiona e somente por maiores pressões
submete-se às imposições sociais. entre tais extremos situam-se, porém, grande
parcela de pessoas que lutam por um equilíbrio entre o não-ser e o ser. não o
atingindo ,ingressam em estados permanentes de tensão e de sofrimento. esses
casos são comuns e os vemos no dia-a-dia, sofrendo ou gerando sofrimento em
outros. muitas das personalidades neuróticas ou psicóticas, para usar a rançosa
nomenclatura tradicional, enquadram-se nessa situação: estão à procura de um
equilíbrio entre o ser e o dever-ser; entre o que são (eu pessoal) e o que acham
que exigem de si (eu social). essas pessoas, às vezes, imaginam que as
expectativas dos outros,sobre si mesmas, são de tal ordem que não podem a elas
corresponder: é o sentimento de incapacidade, real ou imaginário; outras
procuram vencer as “exigências” ou expectativas, impondo o seu eu pessoal,
como forma de se libertarem dessas exigências e temos os comportamentos de
prepotência, de dominância ou de culto de si mesmos. tanto num caso como
noutro, a pessoa sofre ou provoca sofrimentos e torna,se indesejável para si ou
para os outros. a auto-afirmação parece ser o móvel constante, o regulador da
conduta humana. conduzi-la a níveis pessoais e sociais adequados, sem ferir a
individualidade e a sociedade,seria o objetivo máximo do bem-estar individual e
social.
o determinánte básico, por nós chamado dé auto-afirmação, não é tão
simples como o nome indica; não se confunde com o comportamento de "chamar
à atenção sobre si", como é, às vezes, interpretado. É um produto intelectual e
emocional muito mais abrangente e profundo. intervêm nesse comportamento
muitos outros elementos, dos quais se destacam:
a) o nível mental, no sentido de ler a pessoa capaz de avaliar e comparar
diferenças dentre fatos e objetos e entre situações diversas;
b) o nível intelectual, no que se refere às cognições e à acumulação de
informações que permitam à pessoa emitir juízos de valor, sobre si e sobre os
outros, e extrair conclusões quantitativas e qualitativas;-
c) condições de percepção sensorial, através da qual possa a pessoa
receber os estímulos ambientais ou autogerados;
d) as imagens introjetadas de si e dos outros, do eu-real e do eu-ideal, ou
seja, todos os agentes derivados do autoconceito resultantes de frustrações
e conflitos, bem como de sentimentos positivos e negativos.
a auto-afirmação não significa, igualmente, o sentimento narcisista
estudado por kohut (1978) na sua posição antifreudiana, mas o equilíbrio entre o
amor por si e pelas pessoas e fenômenos que o rodeiam. as desordens psíquicas
ocorreriam quando a pessoa não é capaz de estimar-se a si própria, buscando nos
outros, a todo momento, extremamente vulnerável às críticas, a valorização que
lhe falta. o seu eu fragmentado é ambíguo, confuso, instável e não estruturado,
com origens que podem estar na sua relação com seus pais e sua família. quando
esta descarta os vínculos entre seus membros deixando a criança entregue a si
mesma, sem a troca de experiências afetivas constantes, ou quando excessivas
exigências subjugam a visão de si mesma, a criança sente-se privada da estima e
desenvolve auto.imagem depreciativa. como exemplo, basta lembrar os milhões
de menores desamparados ou abandonados que passam a sentir-se injustiçados
e rejeitados embora não possam identificar esse sentimento. tiveram eles o eu
destruído ou parcialmente anulado pela falta de progenitores ou pelas atitudes de
indiferença ou de não empatia que freqüentemente encontraram.
o comportamento de auto-afirmação pode ser entendido como resultante
dos juízos que a pessoa faz em relação a si mesma e de seu eu em relação ao
mundo. quando esses juízos indicam conceitos grandemente desfavoráveis, que
geram sentimentos de nulidade, de não ser ele próprio, de alienação, ou mesmo
de incapacidade face a necessidades imperiosas, a pessoa ingressa em estados
de depressão ou de angústia, que variam de acordo com o grau de insatisfação
percebido. É a conseqüência da reação do ego à ameaça de não-ser. todos nós,
em um momento ou outro da vida, sentimos ocorrer tais sentimentos. no indivíduo
dito “normal", ou normalmente ajustado, essas imagens de incapacidade ou de
nulidade são aceitas e incorporadas como algo não-destrutivo, que ocorrem como
fatos comuns da vida; não afetam a integridade e o conceito básico do eu e,
conseqüentemente, a pessoa continua a viver na busca de outros caminhos;
procura soluções menos frustradoras, aceita os fracassos como parte da
experiência normal de vida e não. se sente invalidado ou rejeitado. em certos
casos, porém, seja por um acúmulo constante de insucessos, seja pela ocorrência
de uma grande e profunda insatisfação, a pessoa começa a interiorizar conceitos
depreciativos sobre-si mesma; tudo lhe parece ameaçador, reforçando a imagem
negativa que está se gerando, ou já implantada. dois pólos extremos podem
caracterizar os efeitos da auto-afirmação:
parte iii
medidas preventivas
muita coisa já se conhece na ciência, por experimentos e pesquisas, a
respeito de certos problemas e a maneira mais eficiente de evitá-ios ou de
recuperar os indivíduos que deles sofrem. em psicologia, não se pode prescrever
regras de ajustamento de uso geral, igualmente efetivas. como cada caso tem
vivências e experiências próprias, as soluções devem ser individualizadas. há, tão
somente, alguns princípios gerais que podem ser considerados válidos pela a
grande maioria dassituações e que atuam como medidas preventivas, a saber:
1. a pessoa precisa sentir-se aceita, querida e considerada. isso não significa
aprovar ou reprovar sua conduta, mas apenas reconhed-ia como alguém, com
individualidade própria e com interesses, atitudes e problemas que existem em
sua vida.
2. a pessoa precisa estar informada e encontrar sentido no que faz. essa
informação consiste em colocar à sua disposição, sem pressões, todos os dados
de que precisa para enfrentar seus grandes ou pequenos problemas. não se pode
esperar que a criança ou o jovem resolva problemas de matemática, ou que saiba
aplicar seu dinheiro, quando não conhece certos cálculos ou não está informada
sobre o que comprar com sua mesada ou ordenado. a informação visa, também,
facilitar contacto com vários tipos de atividade, a fim de que, ela mesma, sinta
suas possibilidades e suas limitações.
3. É preciso conhecer e aceitar as necessidades próprias de cada idade e
cuja satisfação é essencial nessa respectiva fase da vida. privar um jovem de ir a
festas ou passeios com seus amigos ou interromper uma atividade sadia, apenas
por razões de somenos importância, é uma boa maneira para criar frustrações e
conflitos.
4. o aluno precisa mais ser assistido do que guiado. quando mamifesta
desatenção, displicência, falta de capricho ou de esforço no trabalho escolar, há
um fator emocional presente, quase sempre a falta de confiança em si ou nos
outros. É preciso demonstrar que se deposita confiança nele. discuta as
alternativas e as expectativas existentes.
5. para corrigir erros e desenvolver o comportamento desejável, valorize a
pessoa e procure reforçar, de imediato, o comportamento correto. reforço significa
algo que "recompense" o indivíduo. evite, por outro lado, qualquer recompensa ou
reforço dos atos errados.
6. não se pode esperar que todos os alunos tenham igual aproveitamento. um
aluno intelectualmente limitado, que consegue resultados médios com esforços
intensos, deve ser considerado por essas condições e não porque deixou de
conseguir resultados iguais aos de outros, melhor dotados.
7. aprende-se pela própria experiência. É preciso, em conseqüência, quando
não ocorre perigo grave, ter-se oportunidade de fazer por si mesmo seu trabalho,
intervindo o professor ou instrutor apenas a seu pedido. quando, por inibição ou
por medo (outro problema), o aluno evita à professor, essa inibição, ou medo,
deve ser tratada antes, ou concomitantemente, com os outros problemas.
8. tente analisar, com o próprio aluno, as indecisões que este manifesta em
certas situações. muitas vezes não sabe ele que curso deve seguir e custa decidir.
essa incerteza pede ser devida à falta de informações adequadas (não conhece
os cursos nem a si mesmo) mas pode, também, ser devida ao medo de nãco
corresponder às expectativas como fruto de experiências antigas. essa indecisão
exige que o aluno se expresse livremente e que, em atmosfera isenta de pressões
ou de medo, faça sua escolha. decidir por ele equivale a aumentar sua
incapacidade de decisão.
9. quando se identificam dificuldades específicas (de saúde, de: baixo nível
escolar, de socialização ou de outro tipo), é preciso um esquema especial de
recuperação, seja médico, escolar ou psicológico, a ser estudado individualmente.
pensam muitos leigos quando seu filho, ou seu aluno, apresenta problemas,
que basta mandá-io para o psicólogo, para o orientador, para o médico ou para
outro especialista. ignoram essas pessoas que a maioria dos problemas tem
origem ambiental e somente se obtém êxito quando são mobilizados todos os
agentes do meio. a cooperação dos pais, dos professores e de outros agentes,
inclusive às vezes dos próprios colegas, é essencial e não se pode esperar
melhora de desempenho, atitude ou ajustamento sem a contribuição dessas
pessoas.
há, geralmente, três atitudes que os pais, professores e outras
pessoastomam, face aos casos difíceis:
1. atitude “comodista", expressa pelo encaminhamento do caso à
autoridade, ao assistente pedagógico, ao orientador, ao psicólogo ou ao assistente
social, "lavando as mãos", como se a recuperação fosse obrigação apenas do
"especialista" e que o pai, ou o professor, nada tivesse com o problema;
2. atitude "coercitiva", segundo a qual tudo se resolve com advertências,
disciplina, punição e controle. o que falta, dizem alguns, "é autoridade". "nada de
especialistas: o que a pessoa precisa é aprender a andar na linha'". ignoram essas
pessoas que o indivíduo inadaptado nãose desadapta porque assim o quer. muitas
vezes ele sabe distinguir entre o certo e o errado, entre o que deve ou não ser
feito, mas não consegue mudar seus próprios hábitos;
3. atitude "cooperadora", que se expressa pela compreensão das
dificuldades dos problemas e pela predisposição a ajudar no que couber.
a) aluno que não consegue fazer os trabalhos escolares, não consegue fazer
cálculos ou operações necessárias a certas tarefas:
É possível que o aluno tenha dificuldades físicas ou mentais ou não tenha
aprendido o necessário e tenha nível potencial baixo.
se houver problemas físicos estes devem ser previamente tratados; se a
causa for falta de escolaridade, isto é, falta de conhecimentos, é óbvio que a
solução é levá-io a aprender o que lhe falta ou adaptar os programas a seu nível.
b) aluno que falta constantemente aos trabalhos escolares:
pode haver várias causas tais como: 1) medo de crítica do professor; 2) medo
de encontrar colegas ou situações que o ameaçam; 3) dificuldades econômicas e
sociais, inclusive vergonha por não ter o que os colegam têm; 4) atração por.
outras atividades que colidem com o horário da escola; 5) sentimento de revolta,
procurando não ir à escola para agredir o mundo que o perturba; 6) necessidades
familiares que impedem a freqüência à escola, etc. .
c) aluno indisciplinado, que transgride constantemente as recomendações
familiares ou escolares:
pode haver várias causas, como as citadas no exemplo anterior e outras, de
tipo emocional, que levam o aluno a buscar impor-se e a chamar a atenção sobre
si, ao inconformismo, a reações agressivas provenientes de outras frustrações,
etc.
atuação de professores
nota: a ordem em que aparecem os sintomas não tem nenhuma significação especial.
a educação e a família
a satisfação no trabalho
e) nas tarefas complexas, os jovens agem mais por tentativa e erro, enquanto o
idoso procura pensar e usar menos tentativas. nos problemas complexos e sem
pressão do tempo, o desempenho do idoso iguala o dos jovens. quando essa
pressão existe, o desempenho do idoso é menor, porque este é forçado a usar o
método de tentativa e erro. em síntese, se dermos ao idoso mais tempo (e menos
pressões) para realizar uma tarefa, seu desempenho iguala o do adulto (assinala a
autora que este conceito é fundamental).
f) no campo da inteligência e manutenção do nível mental potencial, há dados
extremamente importantes. baseado nos resultados de testes que medem a
inteligência, os dados indicam somente ligeiro declínio e mesmo assim devido,
provavelmente, a estados patológicos não identifi. cados. o nível mais alto atingido
parece estar em torno dos 55 anos e não aos 35. observou-se, também, que em
muitos casos o desempenho mental na idade dos 70 é mais alto do que na idade
de 25. muitas das diferenças devidas à idade derivam do fato de que os testes
usados enfatizam habilidades e conhecimentos correntes, dos quais o idoso está
afastado pelos seus hábitos de vida. isto significaria que não há declínio na
inteligência mas, tão somente obsolência, ou seja, falta de atualização do idoso à
vida ambiental. se a ele fosse dada estimulação ambiental, estas diferenças
tenderiam a desaparecer; se o quociente de inteligência não diminui em termos de
capacidade para aprender, mas por falta de estimulação, é possível concluir que o
idoso pode reaprender novas habilidades.
g) quanto à aprendizagem e à memória, envolvendo o registro e a retenção, o
idoso necessita mais tempo para processar seus dados e está mais sujeito a
menor desempenho, quando as tarefas não têm muito sentido (motivação). em
geral, o idoso faz mais tentativas para estabelecer um critério do que os jovens.
h) no que se refere ao pensamento e solução de problemas, o idoso prefere
operar com fatos concretos do que abstratos, tendo mais dificuldades para formar
conceitos e resolver problemas que envolvem muitas peças de informação a
serem manipuladas simultaneamente; tende a repetir soluções anteriores, o que é
desvantajoso quando há necessidades de soluções ao mesmo tempo rápidas e
inovadoras, mas que se torna favorável quando há situações que se mantêm
estáveis ou de lenta modificação, que não exigem grande e pronta criatividade.
i) o idoso pode aprender e ser empregável. muitos empregadores nos esta-dos
unidos e na europa relatam que após um período inicial de experiência, sentem-se
mais felizes com eles porque inspiram mais confiança sobretudo no que se refere
a assiduidade, pontualidade e rotatividade.
j) no que se refere à personalidade, em geral, o idoso pouco muda com o advento
da idade, embora ocorram mudanças biológicas e sociais. citando vários autores,
kasscchau declara que há considerável estabilidade no curso de vida no que se
refere à descrição de si mesmo, aos constructos pessoais e aos estilos cognitivos.
o idoso torna-se apenas mais rígido do que o jovem; há certo grau de dogmatismo
e menos tolerância à ambigüidade e às pressões sociais. torna-se o idoso,
também, menos impulsivo e mais cauteloso que os jovens. o comportamento do
idoso é mais consistente e melhor previsível do que o do jovem e sua estrutura de
personalidade é mais claramente perceptível. há mais introspecção e um sentido
mais claro de sua própria identidade.
ressocialização
remotivação
terapia de atitudes
É uma forma de modificação do comportamento que envolve certas atitudes
predeterminadas em todos os contactos com os clientes. visa-se reforçar o
comportamento desejável e eliminar o indesejável.
há, segundo os autores, cinco atitudes principais a serem usadas, as quais
podem ser escolhidas, sendo importante que qualquer pessoa que entre em
contacto com o cliente participe da terapia usando, sempre, a mesma atitude
atéobtenção do comportamento desejável.
as 5 atitudes são:
- firmeza: mais usada com clientes depressivos. criticam-se as tarefas feitas mas
não o cliente e não se dá atenção aos sentimentos e lamentações.
- amizade ausente: mais usada com clientes apáticos, pouco sociáveis, autistas.
consiste em dar atenção ao cliente antes que este a solicite ou demonstre desejá-
ia. despende-se tempo extra, especial com o caso atribuindo-se-ihe tarefas
significativas e que dificilmente errariam.
- amizade passiva: mais usada com clientes que não se adaptam a uma amizade
mais íntima. consiste em mostrar interesse e atenção para com a pessoa do
cliente sem procurar movê-io em qualquer direção. espera-se que o cliente dê o
primeiro passo.
- sem exigências: mais indicada para os clientes desconfiados, que se sentem
ameaçados ou encolerizados. nada se pede; mostra-se que se espera, apenas,
que ele não prejudique ninguém.
- objetividade: mais indicada para os clientes manipuladores que procuram
envolver ou conquistar o terapeuta. as respostas a esses clientes devem ser
consistentes, casuais e calmas, demonstrar afeto, restringindo-se aos fatos em si.
terapia de reforçamento
terapia ambiental
terapia rogeriana
É aplicável a grande variedade de situações e consiste, essencialmente, em
criar-se um clima de tal modo permissivo que o indivíduo expressa seus
sentimentos e problemas. esse fato reduz suas tensões, facilita uma revisão de
seu "self" e favorece o ajustamento do indivíduo aos problemas que enfrenta. É
um processo sobretudo emocional, mais indicado quando o indivíduo enfrenta
problemas de relacionamento humano, de juízos e valores, de compreensão e
aceitação de si e dos outros, de solução de problemas existenciais.
não há objetivos comportamentais específicos, a não ser o bem-estar e a
retomada da vivência e do crescimento do cliente. a atitude do terapeuta no seu
relacionamento com o cliente é a chave do processo e concentra-se em três
pontos: 1) congtuência e autenticidade, ou seja, uma relação genuína e sem
fachadas entre terapeuta e cliente; 2) respeito positivo incondicional ao cliente, o
que significa aceitá-io como ele é, sem julgamentos ou críticas; 3) empatia ou ter o
terapeuta senso do mundo interno do cliente, como se fosse ele próprio (vide
capítulo 5).
o procedimento pode ser desenvolvido em grupos nos quais os indivíduos
expõem seus problemas e se organizam livremente (grupos de encontro) ou em
sessões individuais.
terapia de apoio
vivência em comunidade
referências bibliográficas
english-abstract