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Primitivas

imediatas
por partes
por substituição
de funções racionais
1 Introdução
O problema central desta secção é o de, dada uma função f : I −→ R, definida num
intervalo I, determinar uma nova função F : I −→ R tal que

F 0 (x) = f (x), ∀x ∈ I. (44)

Trata-se do chamado problema da primitivação da função f no intervalo I. Existindo


solução do problema, dizemos que f é primitivável em I e cada função F verificando a
condição (44) é chamada uma primitiva ou uma antiderivadas de f em I. Escrevemos
  Z
F (x) = P f (x) ou F (x) = f (x)dx. (45)
R
Em particular, na segunda expressão de (45), o sı́mbolo representa um “S” alongado
e “dx” é uma partı́cula formal usada para denotar a variável independente em relação
à qual se está a primitivar. Da definição, é imediato que
 
F (x) = P f (x) , ∀x ∈ I sse F 0 (x) = f (x), ∀x ∈ I,

ou seja, que
F é uma primitiva de f sse f é a derivada de F.

Fica assim claro que a primitivação é o processo inverso da derivação.

Exemplo 1
(a) A função definida por F (x) = sen x, x ∈ R, é uma primitiva de f (x) = cos x, x ∈ R.
0
De facto, basta atender a que (sen x) = cos x, x ∈ R.
1
(b) A função definida por F (x) = , x ∈ R+ , é uma primitiva de f (x) = ln x, x ∈ R+ .
x
0 1
Basta recordar que (ln x) = , x ∈ R+ .
x

2 Consequências
Da definição de primitiva, extraem-se algumas consequências que passamos a enunciar.

Consequência 1
Se F é uma primitiva de f no intervalo I então toda a função

F (x) + C, x ∈ I, (46)

com C uma constante real arbitrária, é também uma primitiva de f .


0
Basta notar que [F (x) + C] = F 0 (x) = f (x), x ∈ I.

15
Consequência 2
Se F1 e F2 são duas primitivas de f em I então F2 (x) = F1 (x) + C, x ∈ I.
0
Basta atender a que F10 (x) = F20 (x) = f (x), x ∈ I, resultando [F1 (x) − F2 (x)] = 0, x ∈ I. Como
I é um intervalo, conclui-se que F1 (x) − F2 (x) = C, x ∈ I, ou seja que F1 (x) = F2 (x) + C, x ∈ I.

Observação 1

(a) Das Consequências 1 e 2 sai que, quando o problema da primitivação de uma função
num intervalo é possı́vel, ele admite uma infinidade de soluções, que se obtêm de
uma primitiva conhecida adicionando uma constante real arbitrária. Para além
destas, não há outras primitivas de f no intervalo I. Representamos a expressão
geral das primitivas de f por

F (x) + C, C constante,

onde F é uma primitiva conhecida, e escrevemos

P (f (x)) = F (x) + C. (47)

(b) A tı́tulo de curiosidade, note-se que o problema da primitivação de uma função


num intervalo pode também não possuir solução. É o que se passa, por exemplo,
com a função 
0 se x ∈ Q
f (x) =
1 se x ∈ R \ Q
em qualquer intervalo e com a função

1 se 0 ≤ x ≤ 2
g(x) =
2 se 0 < x ≤ 4

no intervalo [0, 4]. Estas funções não podem ser a derivada de função alguma
num intervalo, porque a derivada de uma função num intervalo, ainda que seja
descontı́nua, possui a propriedade do valor intermédio, não passando de um valor
a outro sem passar por todos os valores intermédios. Este resultado é conhecido
por Teorema de Darboux do valor intermédio para a derivada de uma função num
intervalo (cf. a bibliografia recomendada). As descontinuidades de uma derivada
num intervalo, se existirem, são bastante complexas, e nunca descontinuidades de
salto.

(c) Mais adiante vamos abordar algumas regras de primitivação muito úteis. Convém,
no entanto, registar que estas regras não permitem determinar as primitivas de
todas as funções primitiváveis. Um exemplo bem conhecido (cf. a bibliografia
2
recomendada) é o da função definida por e−x , x ∈ R, que, como ficará claro mais
adiante, é primitivável em qualquer intervalo I e, no entanto, as regras que iremos
abordar não permitem determinar as primitivas desta função.

16
Exemplo 2

P (cos x) = sen x + C;
 
1
P = ln x + C.
x

3 Primitivas imediatas
Chamamos primitivas imediatas àquelas primitivas que se obtêm por simples reversão
das regras de derivação, recorrendo, eventualmente, a alguns artifı́cios de cálculo. A
partir de um quadro de derivadas do tipo

Função Derivada
ex ex
sen x cos x
cos x − sen x
ax a
xk kxk−1

facilmente construimos um quadro de primitivas imediatas. Para tal, basta fazer uma
troca de colunas, adicionar uma constante arbitrária aos elementos da coluna da direita
e, eventualmente, ajustar constantes. Resulta

Função Primitiva
ex ex + C
cos x sen x + C
sen x − cos x + C
a ax + C
xk−1 xk /k + C

Mais em geral, sendo f : I −→ R derivável num intervalo I e a, α constantes reais, alguns


exemplos de primitivas imediatas são:
f α+1 (x)
(i) P (a) = ax + C (a ∈ R) (ii) P (f 0 (x)f α (x)) = + C (α 6= −1)
α+1

f 0 (x)  af (x)
  
(iii) P = ln |f (x)| + C (iv) P af (x) f 0 (x) = + C (a ∈ R+ \1)
f (x) log a

(v) P (cos f (x)f 0 (x)) = sen f (x) + C (vi) P (sh f (x)f 0 (x)) = ch f (x) + C

É assim possı́vel construir uma tabela de primitivas imediatas (Apêncice 1 deste capı́tulo)
que mais não é do que uma lista de regras obtidas por leitura revertida de regras de
derivação. Em cada caso, pôs-se dentro do sinal P ( · · · ) uma “expressão” na forma
de “derivada de alguma função”. A tabela diz-nos, no segundo membro, qual é essa
função. Por exemplo, a regra (vi) afirma que a primitiva de uma “expressão” do tipo

17
sh f (x) f 0 (x) é igual a ch f (x) + C; isto acontece porque a derivada de ch f (x) + C é
precisamente igual a sh f (x)f 0 (x). Para que a tabela seja útil, devemos ser capazes de
traduzir a “expressão” a primitivar numa das formas contempladas na tabela dentro do
sı́mbolo P ( · · · ). Este passo representa a única dificuldade do processo de primitivação
imediata. Ele requer um conhecimento razoável das regras de derivação.

Exemplo 3 [Primitivas imediatas]

 cos6 x
1. P − sen x cos5 x = + C. [Regra 4. da tabela]
6

ex ex
   
2. P =P = arctg ex + C. [Regra 15. da tabela]
1 + e2x 1 + (ex )2
 x 
e
3. P = ln(7 + ex ) + C. [Regra 3 da tabela]
7 + ex

ex (5 + ex )−3/4+1
   
x x −3/4
4. P p = P e (5 + e ) = +C
4
(5 + ex )3 −3/4 + 1

= 4 4 5 + ex + C. [Regra 4 da tabela]

4 Regras de primitivação
O cálculo das primitivas de uma função baseia-se num conjunto de regras, as chamadas
regras de primitivação, que se obtêm a partir das regras de derivação.

4.1 Regra de primitivação por decomposição


Resulta da regra da derivação da soma de funções e da regra de derivação do produto de
uma função por uma constante. Se u e v são funções deriváveis e α e β são constantes
reais, então
[αu(x) + βv(x)]0 = αu0 (x) + βv 0 (x). (48)

Em termos de primitivas, a regra (48) traduz-se por

P αu0 (x) + βv 0 (x) = αu(x) + βv(x) + C.


 

Pondo, mais em geral, u0 (x) = f (x), v 0 (x) = g(x) e u(x) = F (x), v(x) = G(x), com F
e G primitivas de f e de g, respectivamente, vem

P [αf (x) + βg(x)] = αF (x) + βG(x) + C.

Podemos então estabelecer o seguinte resultado.

18
Conclusão 1 [Primitivação por decomposição]
Sejam f e g funções primitiváveis num intervalo I e α, β duas constantes reais.. Então
αf + βg é primitivável em I, tendo-se
   
P αf (x) + βg(x) = α P f (x) + β P g(x) . (49)

Exemplo 4
   
2 x 3 sen x  2 x
 − sen x
P 5 cos x − e + = 5 P cos x − P e − 3 P
5 1 + cos2 x 5 1 + cos2 x
2
= 5 sen x − ex − 3 arctg(cos x) + C
5

4.2 Regra de primitivação por partes


Resulta da regra de derivação de um produto de funções. Se u e v são funções deriváveis,
então
[u(x)v(x)]0 = u0 (x)v(x) + u(x)v 0 (x). (50)
Em termos de primitivas, podemos traduzir a igualdade (50) por

P u0 (x)v(x) + u(x)v 0 (x) = u(x)v(x) + C.


 

Numa forma mais útil, e atendendo ao que se vimos na subsecção 4.1, podemos escrever

P u0 (x)v(x) = u(x)v(x) − P u(x)v 0 (x) + C.


   

Pondo agora u0 (x) = f (x), v(x) = g(x), u(x) = F (x), onde F é uma primitiva de f , sai

P f (x)g(x) = F (x)g(x) − P F (x)g 0 (x) ,


   

ou ainda,  
P f (x)g(x) = P [f (x)] g(x) − P P f (x) g 0 (x) .
  
(51)

Podemos então estabelecer a seguinte conclusão.

Conclusão 2 [Primitivação por partes]


Sejam f : I −→ R primitivável, F : I −→ R uma primitiva de f e g : I −→ R derivável,
tais que o produto F g 0 é primitivável em I. Então f g é primitivável em I, tendo-se

P f (x)g(x) = F (x)g(x) − P F (x)g 0 (x) .


   
(52)

Podemos ler a fórmula (52) da seguinte forma: a primitiva de um produto é igual à


primitiva do primeiro factor a multiplicar pelo segundo factor, menos a primitiva do
novo produto que resulta de multiplicar o factor que já está primitivado pela derivada
do segundo factor. A regra de primitivação expressa na fórmula (52) evidencia que a
primitiva de um produto pode ser calculada em duas partes: na primeira, primitiva-
se apenas o primeiro factor, que depois é multiplicado pelo segundo; na segunda parte,
primitiva-se o produto da função que já está primitivada pela derivada do segundo factor.

19
Observação 2

(a) Para que o método de primitivação por partes tenha sucesso, pelo menos um dos
factores deve ter primitiva imediata; o método resulta quando se sabe primitivar
o produto que aparece na segunda parte (cf. o exemplo 5 (a)).

(b) Em geral, conhecendo a primitiva de ambos os factores, escolhe-se para primeiro


aquele que menos se simplifica a derivar (cf. o exemplo 5 (b)).

(c) O método de primitivação por partes pode ser aplicado com suceso para primitivar
uma função que não tem primitiva imediata, digamos f (x), interpretando-a como
o produto 1f (x) e começando por primitivar o factor 1,

P f (x) = P 1f (x) = xf (x) − P xf 0 (x) = · · ·


     
(53)

Este é o processo habitualmente utilizado para primitivar, por exemplo, logarı́tmos,


arcos trigonométricos e argumentos hiperbólicos (cf. o exemplo 5 (c)).

(d) Ao aplicar o método de primitivação por partes duas ou mais vezes sucessivas,
é frequente reencontrarmos a primitiva inicial afectada de um certo coeficiente
(diferente de 1). A primitiva proposta pode ser obtida como solução de uma
equação cuja incógnita é precisamente essa primitiva (cf. o exemplo 5 (d)).

Exemplo 5

x2 x2 1 x2 x2
 
(a) P(x ln x) = ln x − P = ln x − + C.
2 2 x 2 4
Repare-se que o factor ln x não possui primitiva imediata. Devemos, portanto, primitivar
primeiro o factor x.

(b) P(xex ) = x ex − P(ex ) = x ex − ex + C.

Aqui conhecemos a primitiva de ambos os factores. Mas o polinómio “complica-se”


quando primitivado, porque aumenta de grau, e simplifica-se quando derivado. É então
conveniente guardá-lo para segundo factor.
 
 1
(c) P(arctg x) = P 1 arctg x = x arctg x − P x
1 + x2
 
1 2x 1
= x arctg x − P 2
= x arctg x − ln(1 + x2 ) + C.
2 1+x 2
O arco-tangente não tem primitiva imediata, mas foi muito simples usar o método de
primitivação por partes para o primitivar.

(d) P ex sen x = ex sen x − P ex cos x = ex sen x − ex cos x + P ex sen x


   

= ex sen x − ex cos x − P ex sen x .




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E para a primitiva proposta podemos escrever

P ex sen x = ex (sen x − cos x) − P ex sen x .


 

Resolvendo esta última equação a respeito da incógnita P ex sen x , resulta




 ex
P ex sen x = (sen x − cos x) + C.
2

4.3 Primitivação de potências de funções trigonométricas e hiperbólicas


Há um conjunto de regras práticas para a primitivação de potências com expoente
natural de funções trigonométricas e de funções hiperbólicas, que se baseiam em algumas
propriedades destas funções. Passemos à apresentação destas regras, apenas no caso das
funções seno e cosseno, bem como das funções seno hiperbólico e cosseno hiperbólico.

A - Potências pares de funções trigonométricas e hiperbólicas

No caso da primitivação de potências de expoente par de funções trigonométricas, é


conveniente passar para o arco duplo, recorrendo às fórmulas
1 − cos 2x 1 + cos 2x
sen2 x = , cos2 x = . (54)
2 2
De modo perfeitamente equivalente, no caso da primitivação de potências de expoente
par de funções hiperbólicas, é conveniente passar para o argumento duplo, tendo em
conta que
ch 2x − 1 ch 2x + 1
sh2 x = , ch2 x = . (55)
2 2
Exemplo 6
   
2 1 + cos 2x 1  1 1
(a) P(cos x) = P = P 1 + cos 2x = x + sen 2x + C
2 2 2 2

x 1
= + sen x cos x + C.
2 2

ch 2x + 1 2
  
4 1
= P ch2 2x + 2 ch 2x + 1

(b) P(ch x) = P
2 4
 
1 2
 1  x 1 ch 4x + 1 1 x
= P ch 2x + P ch 2x + = P + sh 2x +
4 2 4 4 2 4 4

1  x 1 x 1 x 1 x
= P ch 4x + + sh 2x + = sh 4x + + sh 2x + + C
8 8 4 4 32 8 4 4

1 3 1
= sh 2x ch 2x + x + sh x ch x + C
16 8 2

1 3 1
= sh x ch x(ch2 x + sh2 x) + x + sh x ch x + C
8 8 2

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B - Potências ı́mpares de funções trigonométricas e hiperbólicas

No caso da primitivação de potências de expoente ı́mpar de funções trigonométricas ou


hiperbólicas, é conveniente destacar uma unidade à potência ı́mpar e passar o outro
factor para a co-função, através das fórmulas

cos2 x + sen2 x = 1 , ch2 x − sh2 x = 1. (56)

Exemplo 7
 
3 2 2
 
(a) P(cos x) = P cos x cos x = P cos x 1 − sen x
1
= P cos x − P cos x sen2 x = sen x − sen3 x + C.
 
3

(b) P(ch5 x) = P ch x ch4 x = P ch x(1 + sh2 x)2


  

= P ch x + 2 ch x sh2 x + ch x sh4 x


2 1
= sh x + sh3 x + sh5 x + C.
3 5

4.4 Regra de primitivação por substituição


Resulta da regra de derivação de uma função composta. Se u e v são funções deriváveis
e a composta u ◦ v está bem definida, então

[u (v(t))]0 = u0 (v(t)) v 0 (t). (57)

Em termos de primitivas, podemos escrever


 
P u0 (v(t)) v 0 (t) = u (v(t)) + C.

Pondo u0 (x) = f (x), u(x) = F (x), v(x) = g(x) e v 0 (x) = g 0 (x), onde F é uma primitiva de
f , vem
P f (g(t)) g 0 (t) = F (g(t)) + C.
 
(58)

A expressão (58) pode adquirir uma forma mais útil, atendendo a que F (g(t)) + C indica
uma primitiva genérica de f (x) calculada em x = g(t). De facto, podemos escrever
 
  0   
P f g(t) g (t) = P f (x) , (59)
x=g(t)

mas a expressão (59) ainda não é bem o que nos interessa. No entanto, tendo em conta
 
que, em geral, o problema que nos é proposto é o de calcular P f (x) , basta então
desfazer a substituição x = g(t) na fórmula (59), através de t = g −1 (x). Legitimando as
“manobras” anteriores, a conclusão é a seguinte.

22
Conclusão 3 [Primitivação por substituição]
Sejam f : I −→ R uma função primitivável no intervalo I, F uma primitiva de f em I,
e g : J −→ I uma função bijectiva com derivada não nula em cada ponto de J. Então
F ◦ g é uma primitiva de (f ◦ g) g 0 em J, tendo-se
 
0
  
P f (x) = P f (g(t)) g (t)] . (60)
t=g −1 (x)

A expressão (60) exprime a regra de primitivação por substituição de variável. Mais


concretamente, ela indica que o cálculo da primitiva de f (x) pode ser efectuado da
seguinte forma:

• faz-se a substituição x = g(t);

• calcula-se depois a nova primitiva P f (g(t)) g 0 (t) ;


 

• desfaz-se a substituição, regressando à variável inicial x, através de t = g −1 (x).

Observação 3
Em geral, aplica-se o método de primitivação por substituição quando não se sabe pri-
mitivar a função dada por outro processo, ou ainda quando o cálculo da primitiva dada
se simplifica significativamente. O sucesso do método depende, obviamente, da subs-
tituição adoptada. A dificuldade está em intuir uma substituição adequada para a
primitiva que nos é proposta. Para a escolha da substituição, podemos recorrer a uma
tabela onde se listam substituições de sucesso para os casos mais importantes (Apêndice
2 deste capı́tulo).

Exemplo 8

x − 1 , faça-se a substituição definida por x − 1 = t2 , t ≥ 0.

(a) Para calcular P x
Vem x = 1 + t2 , t ≥ 0, e no âmbito da fórmula (60), tem-se g(t) = 1 + t2 . Então
g 0 (t) = 2t e somos conduzidos ao cálculo da nova primitiva,
 √ 
2 2
P (1 + t2 ) t2 |{z}
2t = 2P(t2 + t4 ) = t3 + t5 + C.
0
3 5
g (t)

Para regressar à variável x, desfaz-se a substituição, notando que t = x − 1 com
x ≥ 1, uma vez que t ≥ 0. Resulta finalmente

 
2p 2p
P x x−1 = (x − 1)3 + (x − 1)5 + C.
3 5
p 
(b) Para calcular P 1 − x2 , faça-se a substituição x = cos t, com t ∈ [0, π]. Neste
caso, tem-se g(t) = cos t e g 0 (t) = − sen t, para t ∈ [0, π]. Calculemos então
 
p
2
 2
 ∗ 1 − cos 2t
P 1 − cos t (− sen t) = −P sen t = −P
| {z } 2
g 0 (t)
1 1 1
= P (cos 2t − 1) = sen t cos t − t + C,
2 2 2

23

onde na igualdade = se usou o que vimos na subsecção 4.3, parte A. Para regressar
à variável x, atenda-se a que x = cos t, t ∈ [0, π] ⇔ t = arccos x, x ∈ [−1, 1] e a que,
p
para t ∈ [0, π], cos t = x ⇔ sen t = 1 − x2 , uma vez que sen2 t + cos2 t = 1, ∀t ∈ R.
Então p 
2
1 p 1
P 1−x = x 1 − x2 − arccos x + C.
2 2
 √ 
arcsen x
(c) Para calcular P √ , faça-se x = t2 , t > 0. Depois de introduzir a subs-
x
tituição, caimos numa primitiva que podemos determinar recorrendo ao método
de primitivação por partes. Vem
 
arcsen t  
P 2t = 2P arcsen t = 2P 1 arcsen t
t |{z}
derivada
  
1
= 2 t arcsen t − P t √
1 − t2
h i
= 2t arcsen t + P (−2t)(1 − t2 )−1/2
p
= 2t arcsen t + 2 1 − t2 + C,

donde, regressando à variável x, resulta


√ 
√ √ √

arcsen x
P √ = 2 x arcsen x + 2 1 − x + C.
x
 √ 
x− x
(d) Para calcular P √ , faça-se x = t6 , t ≥ 0. A solução é
1+ 3x
 √ 
x− x 3 3 6 6 3
P √3
= x5/3 − x4/3 − x7/6 + x + x5/6 − x2/3
1+ x 5 4 7 5 2
= −2 x1/2 + 6 x1/6 − 3 ln(1 + x1/3 ) − 6 arctg(x1/6 ) + C.

4
1 + x , faça-se 1 + x = t4 , t ≥ 0. Vem

(e) Para calcular P x

4
 4p 4p
P x 1 + x = 4 (1 + x)9 − 4 (1 + x)5 + C.
9 5

5 Primitivação de funções racionais


A primitivação de funções definidas como quociente de polinómios (funções racionais),
P (x)
f (x) = , x ∈ R\{x ∈ R : Q(x) = 0} , (61)
Q(x)
é feita com uma técnica muito própria que se baseia na decomposição da fracção P (x)/Q(x)
em fracções mais simples, ditas elementares. Para obter uma tal decomposição, é cru-
cial a determinação dos zeros do polinómio Q, bem como a especificação da natureza

24
e da multiplicidade de cada zero. Omitindo aqui alguns resultados sobre polinómios,
passemos à descrição desta técnica.

Passo 1 Divisão dos polinómios (nem sempre é necessário).


Se grau Q ≥ grau P então efectua-se a divisão dos dois polinómios. Resulta
P (x) R(x)
= S(x) + , (62)
Q(x) Q(x)
R(x)
onde S e R são polinómios e grau R < grau Q. A fracção deve agora ser
Q(x)
decomposta, como virá explicado nos passos seguintes.
R(x)
Passo 2 Decomposição de em fracções simples.
Q(x)
(a) Determinam-se os zeros de Q, atendendo a que:
• se Q é um polinómio de grau n então Q possui exactamente n zeros, que
podem ser reais ou complexos;
• os zeros complexos ocorrem sempre aos pares de conjugados, isto é, se
a + bi é um zero de Q então a − bi também é um zero de Q;
• cada zero de Q pode ser simples ou de multiplicidade um, quando anula Q
mas não anula a sua derivada Q0 , e pode ser múltiplo com multiplicidade
k > 1, quando anula Q e todas as suas derivadas até à ordem k − 1 mas
não anula a derivada de ordem k;
• o polinómio Q possui o zero real x = a com multiplicidade k ≥ 1 se, na
factorização de Q, o factor (x − a) ocorre exactamente k vezes;
• o polinómio Q possui o par de zeros complexos x = a ± bı com multipli-
cidade k ≥ 1 se, na factorização de Q, o factor [(x − a)2 + b2 ]k ocorre
exactamente k vezes.

R(x)
(b) Decompõe-se numa soma de fracções simples, com base nos zeros de Q
Q(x)
encontrados em (a), atendendo a que:
• cada zero real x = a, com multiplicidade k, contribui com k fracções
simples da forma
A1 A2 Ak
, , ··· , , (63)
(x − a)k (x − a)k−1 x−a
onde A1 , A2 , . . . , Ak são constantes reais a determinar;

• cada par de zeros complexos conjugados x = a ± bı, com multiplicidade


k, contribui com k fracções simples da forma
P1 x + Q1 P2 x + Q2 Pk x + Qk
2 2 k
, 2 2 k−1
, ··· , (64)
[(x − a) + b ] [(x − a) + b ] (x − a)2 + b2
onde P1 , Q1 , P2 , Q2 , . . . , Pk , Qk são constantes reais a determinar.

25
(c) Calculam-se as constantes Ai , Pi , Qi que figuram nos numeradores das fracções
simples (63) e (64), recorrendo ao chamado método dos coeficientes indeter-
minados, que virá exposto nos exemplos que se apresentam a seguir. Na
prática, recorre-se muitas vezes a outras regras bastante simples que, con-
jugadas com o método anterior, simpificam significativamente os cálculos a
efectuar.

Passo 3 Cálculo das primitivas.


O cálculo da primitiva inicial é efectuado a partir do que se viu nos passos anteri-
R(x)
ores, nomeadamente, a partir da expressão (62), onde se escreve como uma
Q(x)
soma de parcelas dos tipos (63) e (64). Então

   
P (x) R(x)
P = P [S(x)] + P
Q(x) Q(x)
onde a primeira primitiva no segundo membro é imediata, por se tratar de um
polinómio, e a segunda primitiva é a soma das primitivas das fracções simples en-
volvidas na decomposição. Todas as fracções da forma (63) têm primitiva imediata
(regra 4. da potância e regra 3. do logarı́tmo). As fracções da forma (64) podem
ser primitivadas através de uma substituição de variável. A última, em particu-
lar, pode ser tratada como primitiva imediata, depois de algumas manipulações
algébricas (regra 15. do arco-tangente).

Exemplo 9

2x5 − 4x4 + 4x3 − 4x2 + 3x


 
1. Calcular P .
(x2 + 1)(x − 1)2

Passo 1 Neste caso, grau P = 5 e grau Q = 4, pelo que é necessário efectuar a


divisão dos dois polinómios. Resulta

2x5 − 4x4 + 4x3 − 4x2 + 3x x


2 2
= 2x + 2 .
(x + 1)(x − 1) (x + 1)(x − 1)2

Passo 2 Vamos decompor a fracção no segundo membro da última equação em


fracções simples.

(a) Os zeros de Q(x) = (x2 + 1)(x − 1)2 são:


x=1, real com multiplicidade 2;
x = ±i , complexos conjugados com multiplicidade 1.

26
(b) A fracção decompõe-se numa soma de três fracções simples, duas delas associ-
adas ao zero real de multiplicidade 2 e a outra associada ao par de complexos
conjugados de multiplicidade 1,
x A1 A2 Px + Q
= + + 2 , (65)
(x2 + 1)(x − 1)2 (x − 1)2 x−1 x +1
onde A1 , A2 , P e Q são constantes a determinar.

(c) Da equação (65), reduzindo ao mesmo denominador, sai que

x = A1 (x2 + 1) + A2 (x − 1)(x2 + 1) + (P x + Q)(x − 1)2


= (A2 + P )x3 + (A1 − A2 − 2P + Q)x2 + (A2 + P − 2Q)x + (A1 − A2 + Q),

donde

A2 + P = 0 , A1 − A2 − 2P + Q = 0 , A2 + P − 2Q = 1 , A1 − A2 + Q = 0,

e, portanto
1 1
A1 = , A2 = 0 , P = 0, Q=− . (66)
2 2
A concluir este segundo passo, da equação (65) e das expressões (66), resulta
1 1
x −
= 2 + 2 2 .
(x2 + 1)(x − 1)2 (x − 1)2 x +1

Passo 3 Do que se viu anteriormente, sai


 5
2x − 4x4 + 4x3 − 4x2 + 3x
  
 x
= P 2x + P
(x2 + 1)(x − 1)2 (x2 + 1)(x − 1)2
   
 1 1 1 1
= P 2x + P − P 2
2 (x − 1)2 2 x +1

1 1
= x2 − − arctg x + C.
2(x − 1) 2

4x2 + x + 1
 
2. Calcular P .
x3 − x

Passo 1 Não é necessário dividir os polinómios.

4x2 + x + 1 −1 2 3
Passo 2 Obter 3
= + + .
x −x x x+1 x−1
 2
|x − 1|3 (x + 1)2

4x + x + 1
Passo 3 Resulta P = ln + C.
x3 − x |x|

27
 
x+1
3. Calcular P .
x(x2 + 1)2

Passo 1 Não é necessário dividir os polinómios.


x+1 1 −x + 1 −x
Passo 2 Obter 2 2
= + 2 2
+ 2 .
x(x + 1) x (x + 1) x +1
Passo 3 Resulta
r
x2
   
x+1 |x| 1 1
P = ln √ + + arctg x + + C.
x(x2 + 2)2 x2 + 1 2(x2 + 1) 2 1 + x2

28
Tabela de primitivas imediatas
DMCT, Universidade do Minho 2007/2008
Cálculo A e B / Análise Matemática I MIEEIC, MIECOM. MIEMAT, MIEPOL, MIEMEC / LEC

Primitivas Imediatas
Na lista de primitivas que se segue, f : I −→ R é uma função derivável no intervalo I e
c denota uma constante real arbitrária.

f α+1
1. P (a) = ax + c 2. P (f 0 f α ) = + c (α 6= −1)
α+1

f0 af
 
4. P af f 0 = + c (a ∈ R+ \1)

3. P = ln |f | + c
f log a

5. P (f 0 cos f ) = sen f + c 6. P (f 0 sen f ) = − cos f + c

f0 f0
   
7. P = tg f + c 8. P = − cotg f + c
cos2 f sen2 f

9. P (f 0 tg f ) = − log |cos f | + c 10. P (f 0 cotg f ) = log |sen f | + c

f0 f0
   
1 1
11. P = log
+ tg f + c 12. P = log
− cotg f + c
cos f cos f sen f sen f
! !
f0 −f 0
13. P p = arcsen f + c 14. P p = arccos f + c
1 − f2 1 − f2

f0 −f 0
   
15. P = arctg f + c 16. P = arccotg f + c
1 + f2 1 + f2

17. P (f 0 ch f ) = sh f + c 18. P (f 0 sh f ) = ch f + c

f0 f0
   
19. P = th f + c 20. P = − coth f + c
ch2 f sh2 f
! !
f0 f0
21. P p = argsh f + c 22. P p = argch f + c
f2 + 1 f2 − 1

f0 f0
   
23. P = argth f + c 24. P = argcoth f + c
1 − f2 1 − f2
Tabela de substituições
DMCT, Universidade do Minho 2007/2008
Cálculo A e B / Análise Matemática I MIEEIC, MIECOM. MIEMAT, MIEPOL, MIEMEC / LEC

Primitivas por Substituição


Na lista de substituições que se segue, a, b e c são constantes reais arbitrárias. A
notação R(· · · ) indica uma função racional dos monómios que se encontram dentro dos
parêntesis. Na coluna da esquerda, figuram diferentes tipos de funções primitiváveis Na
coluna da direita sugere-se, em cada caso, uma substituição adequada à função indicada
na coluna da esquerda.

Tipo de Função Substituição


1
1. , k ∈ N, k > 1 x = a tg t
(x2 + a2 )k

Q(x) b
2. , k ∈ N, k > 1, b2 − 4ac < 0 ax + =t
(ax2 + bx + c)k 2

onde Q(x) é um polinómio de grau inferior a 2k

Q(x)
3. , k ∈ N, k > 1 x = p + qt
[(x − p)2 + q 2 ]k

onde Q(x) é um polinómio de grau inferior a 2k

4. R(arx , asx , . . .) amx = t com m = m.d.c.(r, s, . . .)

5. R(loga x) t = loga x
 p/q  r/s !
ax + b ax + b ax + b
6. R x, , , ... = tm com m = m.m.c.(q, s, . . .)
cx + d cx + d cx + d
 
7. R x, (ax + b)p/q , (ax + b)r/s , . . . (ax + b) = tm com m = m.m.c.(q, s, . . .)
 
8. R x, xp/q , xr/s , . . . x = tm com m = m.m.c.(q, s, . . .)
 p  a a a
9. R x, a2 − b2 x2 x= sen t ou x = cos t ou x = th t
b b b
 p  a a
10. R x, a2 + b2 x2 x= tg t ou x = sh t
b b
 p  a a
11. R x, b2 x2 − a2 x= sec t ou x = ch t
b b
 √ √  a a
12. R x, x, a − bx x= sen2 t ou x = cos2 t
b b
 √ √  a 2
13. R x, x, a + bx x= tg t
b
Tipo de Função Substituição
 √ √  a
14. R x, x, bx − a x= sec2 t
b
 p  √ √
15. R x, ax2 + bx + c se a > 0 faz-se ax2 + bx + c = x a + t
√ √
se c > 0 faz-se ax2 + bx + c = c + tx
se ax2 √
+ bx + c = a(x − r1 )(x − r2 ) faz-se
2
√ax + bx + c = (x − r1 )t ou
ax2 + bx + c = (x − r2 )t

16. xm (a + bxn )p/q se m+1


n ∈ Z faz-se a + bxn = tq

m+1 p
se n + q ∈ Z faz-se a + bxn = xn tq

17. R (sen x, cos x) com

(a) R ı́mpar em sen x isto é


R (− sen x, cos x) = −R (sen x, cos x) cos x = t

(b) R ı́mpar em cos x isto é


R (sen x, − cos x) = −R (sen x, cos x) sen x = t

(c) R par em (sen x, cos x) isto é


R (− sen x, − cos x) = R (sen x, cos x) tg x = t , sendo então (supondo x ∈ ]0, π/2[ )
t 1
sen x = √ , cos x = √
1+t 2 1 + t2

x 2t 1 − t2
(d) nos restantes casos (e até nos anteriores) tg = t , sendo sen x = , cos x =
2 1 + t2 1 + t2

18. R (sen mx, cos mx) mx = t

19. R (ex sh x, ch x) x = log t

20. R (sh x, ch x) com

(a) R ı́mpar em sh x ch x = t

(b) R ı́mpar em ch x sh x = t

t 1
(c) R par em (sh x, ch x) th x = t , sendo sh x = √ , ch x = √
1−t2 1 − t2

x 2t 1 + t2
(d) nos restantes casos (e até nos anteriores) th = t , sendo sh x = , ch x =
2 1 − t2 1 − t2

21. R (sh mx, ch mx) mx = t

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