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Em defesa da diferenga digital: uma abordagem critica sobre os desafios curriculares da Web 2.0 Neil Selwyn 1. INTRODUCAO Enquanto muitos especialistas em computadores defendem a necessidade de reformulagao das terminologias técnicas, termos como a ‘Web social’, ‘software social’ ¢ a ‘Web 2.0° proporcionam um atalho adequado para o cardcter diferente que tem a utilizagéo contemporanea da internet — em particular reconhecendo o que tem sido descrito como uma recente ‘socializag’o em massa’ da conectividade online baseada em acces colectivas de comunidades de utilizadores e nao de individuos (cf. O’Reilly 2005; Brusilovsky 2008). Neste sentido, a nog&o de ‘Web 2.0’ é vista com mais rigor como “um hibrido de ferramenta ¢ comunidade” (Shirky 2008, p.136), referindo-se a servigos online baseados em contetidos digitais partilhados abertamente e cuja autoria, criticas e reconfiguragdo pertencem a uma massa de utilizadores. Assim, contrariamente aos modos de partilha de informagao transmissivos ‘de-um-para-muitos’ que caracterizaram a utilizagdo da Internet nos anos 90, as aplicagdes da Web 2.0 tais como a interacgdo em redes sociais, aplicagdes wiki e blogues, baseiam-se num espirito interactivo e participativo, que se pode descrever como conectividade de ‘muitos-para-muitos’ entre e dentro de grupos de utilizadores da Internet. 35 Esta énfase em actividades de grupo participativas e colaborativas com base na criac¢aoe partilha de informagdo tem um claro com o que actualmente se considera ser a aprendizagem e a educagdo. Deste modo, nao deveria constituir grande surpresa que a Web 2.0 tenha provocado um enorme entusiasmo entre os educadores atraidos pelo potencial das ferramentas da Web 2.0 para suportarem e promoverem a aprendizagem numa diversidade de contextos tanto formais como informais (cf. Davies ¢ Merchant, 2009). Em particular, tem-se defendido que as praticas da Web 2.0 tém uma forte afinidade com relatos socioculturais de aprendizagem ‘auténtica’ em que o conhecimento é visto como algo que ¢ construido de forma activa por parte dos aprendentes com o apoio de ambientes sociais comuns. Os educadores tém, assim, dedicado recentemente imensa atengdo as formas personalizadas e socialmente localizadas de aprendizagem (intencionais ou nao) que podem encontrar-se no 4mbito das actividades da Web 2.0, especialmente nas vantagens da aprendizagem que se podem obter através das experiéncias participativas dos utilizadores na co-construgio de conhecimento online (i.e Lameras ef al. 2009). Assim, a Web 2.0 passou materializar a longamente acalentada convicgao entre os especialistas em tecnologia educativa de que a aprendizagem “eficaz” pode ser devidamente estimulada e apoiada dentro de redes de aprendentes apoiadas por tecnologia tanto na criac¢3o como no consumo de contetdos (cf. Leask & Younie 2001, Crook 2002). E apenas por este motivo a Web 2.0 estd presentemente a ser promovida como “o futuro da educagao” (Hargadon 2008). Tal como ilustrado por estas ultimas concepgdes, um numero crescente de professores e investigadores tem vindo a promover o potencial educativo das tecnologias da Web 2.0 em termos desafiantemente transformadores. Além dos 36 beneficios cognitivos e pedagégicos da utilizagao da Web 2.0, defende-se agora, por exemplo, que as ferramentas da Web 2.0 oferecem uma oportunidade para que os educadores se (re) conectem com os aprendentes que, de outra forma, estariam desmotivados e afastados. Como afirmam Mason e Rennie (2007, p.199), “os espagos comunitdrios partilhados e as comunicagées inter-grupo constituem uma parcela massiva daquilo que faz vibrar os jovens e portanto devera contribuir para a (sua] persisténcia e motivacado para aprenderem”. De modo semelhante, muitos comentarios tanto populares como académicos tém referido (pelo menos implicitamente) as capacidades das ferramentas da Web 2.0 para redefinirem a organizacdo e as relagdes sociais online através de linhas abertas e democraticas. Tal como inferem Solomon e Schrum (2007, p.8), “todos podem participar gragas as ferramentas colaborativas e ao trabalho em redes sociais, e gragas 4 abundancia de sites Web 2.0 (...) A Web ja nado é uma estrada de um s6 sentido onde alguém controla o contetido. Qualquer um pode controlar contetidos no mundo da Web 2.0”. 2. A WEB 2.0 E O IMPERATIVO DA MUDANCA EDUCATIVA Estas promessas de melhorias e de transformacao educativas tém-se constituido como uma base poderosa e persuasiva para a mudanga educativa. A légica deste imperativo de mudanga é apresentada por varios autores por esse mundo fora em termos simples mas ao mesmo tempo decisivos: em primeiro lugar, as ferramentas da Web 2.0 deram inicio a uma série de praticas entre geracGes actuais de aprendentes que ja nao podem ser ignoradas ou abandonadas; em segundo lugar, acresce que os sistemas educativos sao portanto colocados perante o desafio de como melhor integrar as ferramentas e praticas da Web 2.0 37

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