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Selwyn, N. (2011) ‘En defesa da diferença digital: uma abordagem crítica sobre os desafios curriculares da Web 2.0’ in Dias, P. and Osório, A. (eds) ‘Aprendizagem (in)formal na web social’ Braga, Centro de Competência da Universidade do Minho (pp.35-61)
Selwyn, N. (2011) ‘En defesa da diferença digital: uma abordagem crítica sobre os desafios curriculares da Web 2.0’ in Dias, P. and Osório, A. (eds) ‘Aprendizagem (in)formal na web social’ Braga, Centro de Competência da Universidade do Minho (pp.35-61)
Selwyn, N. (2011) ‘En defesa da diferença digital: uma abordagem crítica sobre os desafios curriculares da Web 2.0’ in Dias, P. and Osório, A. (eds) ‘Aprendizagem (in)formal na web social’ Braga, Centro de Competência da Universidade do Minho (pp.35-61)
Em defesa da diferenga digital:
uma abordagem critica
sobre os desafios curriculares da Web 2.0
Neil Selwyn
1. INTRODUCAO
Enquanto muitos especialistas em computadores defendem a necessidade de
reformulagao das terminologias técnicas, termos como a ‘Web social’, ‘software
social’ ¢ a ‘Web 2.0° proporcionam um atalho adequado para o cardcter diferente
que tem a utilizagéo contemporanea da internet — em particular reconhecendo o
que tem sido descrito como uma recente ‘socializag’o em massa’ da
conectividade online baseada em acces colectivas de comunidades de
utilizadores e nao de individuos (cf. O’Reilly 2005; Brusilovsky 2008). Neste
sentido, a nog&o de ‘Web 2.0’ é vista com mais rigor como “um hibrido de
ferramenta ¢ comunidade” (Shirky 2008, p.136), referindo-se a servigos online
baseados em contetidos digitais partilhados abertamente e cuja autoria, criticas e
reconfiguragdo pertencem a uma massa de utilizadores. Assim, contrariamente
aos modos de partilha de informagao transmissivos ‘de-um-para-muitos’ que
caracterizaram a utilizagdo da Internet nos anos 90, as aplicagdes da Web 2.0 tais
como a interacgdo em redes sociais, aplicagdes wiki e blogues, baseiam-se num
espirito interactivo e participativo, que se pode descrever como conectividade de
‘muitos-para-muitos’ entre e dentro de grupos de utilizadores da Internet.
35Esta énfase em actividades de grupo participativas e colaborativas com base
na criac¢aoe partilha de informagdo tem um claro com o que actualmente se
considera ser a aprendizagem e a educagdo. Deste modo, nao deveria constituir
grande surpresa que a Web 2.0 tenha provocado um enorme entusiasmo entre os
educadores atraidos pelo potencial das ferramentas da Web 2.0 para suportarem e
promoverem a aprendizagem numa diversidade de contextos tanto formais como
informais (cf. Davies ¢ Merchant, 2009). Em particular, tem-se defendido que as
praticas da Web 2.0 tém uma forte afinidade com relatos socioculturais de
aprendizagem ‘auténtica’ em que o conhecimento é visto como algo que ¢
construido de forma activa por parte dos aprendentes com o apoio de ambientes
sociais comuns. Os educadores tém, assim, dedicado recentemente imensa
atengdo as formas personalizadas e socialmente localizadas de aprendizagem
(intencionais ou nao) que podem encontrar-se no 4mbito das actividades da Web
2.0, especialmente nas vantagens da aprendizagem que se podem obter através
das experiéncias participativas dos utilizadores na co-construgio de
conhecimento online (i.e Lameras ef al. 2009). Assim, a Web 2.0 passou
materializar a longamente acalentada convicgao entre os especialistas em
tecnologia educativa de que a aprendizagem “eficaz” pode ser devidamente
estimulada e apoiada dentro de redes de aprendentes apoiadas por tecnologia
tanto na criac¢3o como no consumo de contetdos (cf. Leask & Younie 2001,
Crook 2002). E apenas por este motivo a Web 2.0 estd presentemente a ser
promovida como “o futuro da educagao” (Hargadon 2008).
Tal como ilustrado por estas ultimas concepgdes, um numero crescente de
professores e investigadores tem vindo a promover o potencial educativo das
tecnologias da Web 2.0 em termos desafiantemente transformadores. Além dos
36beneficios cognitivos e pedagégicos da utilizagao da Web 2.0, defende-se agora,
por exemplo, que as ferramentas da Web 2.0 oferecem uma oportunidade para
que os educadores se (re) conectem com os aprendentes que, de outra forma,
estariam desmotivados e afastados. Como afirmam Mason e Rennie (2007,
p.199), “os espagos comunitdrios partilhados e as comunicagées inter-grupo
constituem uma parcela massiva daquilo que faz vibrar os jovens e portanto
devera contribuir para a (sua] persisténcia e motivacado para aprenderem”. De
modo semelhante, muitos comentarios tanto populares como académicos tém
referido (pelo menos implicitamente) as capacidades das ferramentas da Web 2.0
para redefinirem a organizacdo e as relagdes sociais online através de linhas
abertas e democraticas. Tal como inferem Solomon e Schrum (2007, p.8), “todos
podem participar gragas as ferramentas colaborativas e ao trabalho em redes
sociais, e gragas 4 abundancia de sites Web 2.0 (...) A Web ja nado é uma estrada
de um s6 sentido onde alguém controla o contetido. Qualquer um pode controlar
contetidos no mundo da Web 2.0”.
2. A WEB 2.0 E O IMPERATIVO DA MUDANCA EDUCATIVA
Estas promessas de melhorias e de transformacao educativas tém-se
constituido como uma base poderosa e persuasiva para a mudanga educativa. A
légica deste imperativo de mudanga é apresentada por varios autores por esse
mundo fora em termos simples mas ao mesmo tempo decisivos: em primeiro
lugar, as ferramentas da Web 2.0 deram inicio a uma série de praticas entre
geracGes actuais de aprendentes que ja nao podem ser ignoradas ou abandonadas;
em segundo lugar, acresce que os sistemas educativos sao portanto colocados
perante o desafio de como melhor integrar as ferramentas e praticas da Web 2.0
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